Você está na página 1de 6

ESTUDO DO CURTO-CIRCUITO NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA

Diego Faenello, difaenello@gmail.com; Natan Henrique Cechinel, natancechinel@hotmail.com


FADEP - FACULDADE DE PATO BRANCO
Rua Benjamin Borges dos Santos, 1100
CEP 85503-350 - Pato Branco - PR

Resumo: O estudo de curto circuito é de fundamental 2 REPRESENTAÇÃO DO SISTEMA


importância para analisar e prever o comportamento do sistema ELÉTRICO DE POTÊNCIA
elétrico de potência na ocorrência de uma falta. Este artigo
apresenta uma síntese do estudo de curto-circuito no sistema O sistema elétrico brasileiro opera interligado quase em sua
elétrico de potência, abordado na disciplina de Análise do totalidade, com exceção do estado de Roraima que é suprido por
Sistema de Potência do curso de Engenharia Elétrica, nono energia elétrica fornecida pela Venezuela.
período da Faculdade de Pato Branco. O intuito do artigo é
proporcionar ao acadêmico uma melhor compreensão acerca dos A interligação do sistema visa garantir a continuidade do
conteúdos da disciplina, abordando os pontos de maior suprimento de energia ao mercado, formando uma rede
dificuldade de compreensão. complexa que deve ser monitorado de forma sistemática a fim
de garantir o funcionamento adequado (KINDERMANN, 1997).
Palavras Chaves: Sistema elétrico de potência. Curto-circuito.
Sistemas de sequência. De forma global, o sistema pode ser subdividido em geração,
transmissão e distribuição, interligados por transformadores,
Abstract: The short circuit study is of fundamental importance como apresentado na Figura 1 (SATO, 2015).
to analyze and predict the behavior of the electric power system
in the occurrence of a fault. This paper presents a synthesis of
the short-circuit study in the power system, addressed in the
Power System Analysis of the Electrical Engineering course,
ninth period of the Pato Branco College. The aim of the article
is to provide the academic with a better understanding of the
contents of the subject, addressing the most difficult points of
understanding.
Keywords: Electrical power system. Short circuit. Sequence
systems.

1 INTRODUÇÃO
Apesar do seu tamanho, o Sistema Elétrico de Potência do Brasil Figura 1: Exemplo de um sistema elétrico de potência.
é estável e confiável, isso graças ao planejamento adequado, Fonte: SATO (2015).
aliado à operação que segue critérios técnicos rigorosos e a Para efeitos de análise, operação, planejamento de alterações ou
disponibilidade de recursos financeiros e humanos compatíveis ampliações e manter histórico atualizado permanentemente, o
(SATO, 2015). sistema elétrico deve ser representado de forma criteriosa por
Não obstante, o Sistema é composto por uma variedade imensa meio de modelagem, de acordo com o tipo de estudo realizado
de equipamentos distribuídos em uma vasta área geográfica, (KINDERMANN, 1997).
estando sujeito a perturbações de origens diversas, como No estudo de proteções, por exemplo, os componentes do
fenômenos naturais, condições ambientais, falhas de sistema elétrico devem ser representados segundo o seu
equipamentos ou ações humanas inapropriadas. Tais comportamento frente às correntes de curto-circuito. Para tanto,
perturbações podem vir a provocar curto-circuitos, impondo uma simplificação deve ser feita por meio de circuitos
alterações bruscas e violentas nos níveis de tensão e corrente do equivalentes utilizando componentes simétricos, o que leva a
sistema, resultando em impactos negativos na operação (SATO, obtenção dos modelos de sistema de sequências positiva,
2015). negativa e zero (KINDERMANN, 1997).
É necessário, portanto, realizar o dimensionamento correto dos
equipamentos que compõem o sistema elétrico, além de 2.1 Diagrama unifilar
conhecer previamente os valores das correntes de curto-circuito.
Partindo do pressuposto que o sistema deve operar de forma
Isso pode ser feito por meio de estudos de curto-circuito, método
equilibrada, pode-se substituir a representação trifásica por uma
que exige muitos cálculos atualmente feitos por meio de
representação na forma de diagrama unifilar, cujos elementos do
métodos computacionais, mas que durante muito tempo foram
sistema são representados por símbolos (KINDERMANN,
realizados de forma manual.
1997). A Figura 2 apresenta um exemplo de diagrama unifilar
O presente artigo traz uma síntese dos estudos de curto-circuito, de um sistema elétrico de potência.
abordando conceitos e metodologias de cálculo analítico.
1
2.4 Linha de transmissão
As linhas de transmissão são responsáveis por fazer o transporte
de energia desde a fonte até os pontos de distribuição, e devido
aos comprimentos variados, apresentam modelos distintos.
Porém, para critérios de estudos de proteção, sua representação
pode ser observada no diagrama unifilar da Figura 2
Figura 2: Exemplo de um sistema elétrico de potência. (KINDERMANN, 1997).
Fonte: SATO (2015). Já o circuito equivalente por fase é representado por uma
Os diagramas unifilares devem contemplar as informações resistência em série com a indutância equivalente, conforme
fundamentais do sistema de potência, e podem conter diferentes ilustra a Figura 5.
dados de acordo com o tipo de estudo desejado, curto-circuito,
estabilidade ou proteção.

2.2 Gerador
É o principal elemento do sistema elétrico, responsável pela
geração da energia elétrica. A representação por fase do gerador
síncrono para critérios de estudo de proteção pode ser observado
no diagrama unifilar da Figura 2, representando uma fonte de
tensão (KINDERMANN, 1997). Figura 5: Circuito equivalente de uma linha de transmissão.
Fonte: Adaptado KINDERMANN (1997).
Já seu circuito equivalente é representando por uma reatância
sub-transitória de eixo direto em série com a fonte de tensão, 2.5 Diagrama de impedâncias
conforme Figura 3, mesma representação para um motor
síncrono. O diagrama de impedâncias é a representação equivalente por
fase do sistema elétrico de potências, cujos circuitos individuais
são ligados em cascata de acordo com a topologia de cada
diagrama (KINDERMANN, 1997). Um exemplo de diagrama
de impedâncias é apresentado na Figura 6.

Figura 3: Circuito equivalente do gerador síncrono.


Fonte: Adaptado KINDERMANN (1997). Figura 6: Exemplo de diagrama de impedâncias.
Fonte: Adaptado SATO (2015).
2.3 Transformador A representação das impedâncias do circuito pode ser feita com
seus valores originais em Ohms e transferidos a um mesmo nível
O transformador é responsável por elevar ou rebaixar os níveis de tensão ou podem ser transformados em uma relação de base
de tensão no sistema de potência. Pode ser ligado em estrela ou conveniente e adequada (KINDERMANN, 1997).
triângulo, monofásicos ou trifásicos.
No caso da Figura 6, a representação das impedâncias é feita em
A representação equivalente por fase para um transformador porcentagem, para que a representação seja feita em unidade
para efeito de estudos de proteção pode ser observada no comum (pu), basta dividir cada impedância por 100.
diagrama unifilar da Figura 2, já o seu circuito equivalente é
representado por uma resistência em série com a reatância 3 VALORES POR UNIDADE
equivalente do enrolamento, conforme observado na Figura 4
(KINDERMANN, 1997). Mesmo para os mais simples, a análise dos sistemas elétricos
seria muito trabalhosa se fosse feita com os valores reais de
potência, tensão e impedância fornecidos pelo fabricante. Os
valores percentuais e os valores por unidade, chamados de
valores pu, correspondem a uma mudança de escala das
grandezas elétricas, que facilita o cálculo das redes
especialmente quando há transformadores no estudo (ROBBA,
2000. SATO,2015).
O valor por unidade é determinado por:
Figura 4: Circuito equivalente de um transformador 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑟𝑒𝑎𝑙
monofásico. 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟(𝑝𝑢) = Eq. 01
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑏𝑎𝑠𝑒
Fonte: Adaptado KINDERMANN (1997).
Algumas vantagens da utilização deste método são:

2
• A impedância em pu de um transformador é a mesma, Em que os valores com subscrito “sis” se referem ao sistema e
independente do lado; com subscrito “eq” se referem ao equipamento. (SATO, 2015)
• A impedância em pu de um transformador trifásico, Importante ressaltar que a impedância pu dos transformadores é
independe do tipo de conexão; a mesma independente do lado de alta ou de baixa tensão, e que
essa igualdade é válida tanto para transformadores monofásicos
• O método pu independe dos níveis de tensão e quanto para transformadores trifásicos (SATO, 2015)
deslocamento angular;
Para um banco de transformadores monofásicos a impedância
• Os fabricantes especificam a impedância em pu pu é a mesma do transformador monofásico individual e
considerando como valores de base os dados nominais; independe do lado (SATO, 2015).
• O método pu é usado para simulação dos
comportamentos em regime permanente e transitório 4 COMPONENTES SIMÉTRICAS
em computadores;
A ocorrência de um curto-circuito no sistema elétrico gera um
• Nas análises de curto-circuito, a tensão da fonte pode desbalanço, o que dificulta o cálculo e análise do ocorrido. Os
ser considerada 1 pu (SATO, 2015). primeiros estudos eram realizados baseados em modelos
Para relacionar o módulo das grandezas elétricas, faz-se uso de reduzidos do sistema, o que demandava de esforço demasiado e
duas relações independentes: muito estudo (KINDERMANN, 1997).
Somente em 1915 o Dr. C. L. Fortescue formulou uma
𝑉 = 𝑍∗𝐼 Eq. 02
ferramenta analítica com potencial para decompor sistemas de
𝑆 =𝑉∗𝐼 Eq. 03 “n” fases em desequilíbrio em componentes simétricos. Essa
ferramenta foi adaptada para o sistema elétrico de potência,
Em que: aliado às demais técnicas de análise já conhecidas, sendo
possível então, o desenvolvimento de simulações
V: Tensão (V)
computacionais do sistema elétrico (KINDERMANN, 1997).
Z: Impedância (Ω)
I: Corrente Elétrica (A) 4.1 Teorema de Fortescue
S: Potência Elétrica (MVA) Também conhecido como “Método de componentes simétricas
Assim, para que o método pu seja utilizado duas grandezas aplicado à solução de circuitos polifásicos”, o teorema de
devem ser definidas, atribuindo à elas valores chamados de Fortescue estabelece que um sistema com “n” fases
valores de base (ROBBA, 2000). desequilibradas pode ser decomposta em um sistema com “n”
fases equilibradas, chamadas de componentes simétricas das
fases originais (KINDERMANN, 1997).
3.1 Valores de base e conversão
Os sistemas decompostos são chamados de sequências positiva,
Os valores de base são grandezas escalares, usualmente negativa e Zero.
convencionadas:
Sb: potência de base (MVA);
4.2 Sistema trifásico de sequência positiva
Vb: tensão de base (kV); A constituição desse sistema é de três fasores de módulos iguais
Ib: corrente de base (A); defasados entre si com ângulo de 120°, sendo que a sequência
de fases é a mesma do sistema original.
Zb: Impedância de base (Ω).
Os fasores do sistema trifásico obedecem uma sequência, que
Comumente os valores de potência e tensão de base são ⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗ , com seus vetores
por conveniência será denominada como 𝐴𝐵𝐶
conhecidos e a partir deles são encontrados os demais valores de girando à velocidade síncrona, a mesma situação deve ser
base do sistema em análise: observada na sequência positiva (SATO, 2015), cujo vetor é
apresentado na Figura 7
𝑆𝑏
𝐼𝑏 = Eq. 04
√3 ∗ 𝑉𝑏
𝑉𝑏 2
𝑍𝑏 = Eq. 05
𝑆𝑏
A impedância em pu dos equipamentos é determinada por seus
valores nominais, que são geralmentes diferentes dos valores de
base do sistema. Por isso, a análise do sistema requer que todas
as impedâncias em pu sejam convertidas para uma base comum
(SATO, 2015).
Para isso, usa-se a equação abaixo que expressa a impedância Figura 7: Vetor de sequência positiva.
em valor real da grandeza nos dois valores de base. Fonte: Adaptado SATO (2015).
𝑆𝑠𝑖𝑠 𝑉𝑒𝑞 2 Para o caso de tensão, os três fasores podem ser representados
𝑍𝑠𝑖𝑠 = 𝑍𝑒𝑞 ∗ ∗( ) Eq. 06 de acordo com a Equação 7, com módulos iguais.
𝑆𝑒𝑞 𝑉𝑠𝑖𝑠

3
̇
𝑉𝛼1 4.5 Representação da expressão do
Teorema de Fortescue
̇ = 1|_ − 120°
𝑉𝑏1 Eq. 07
𝑉𝑐1̇ = 1|_ − 240° Um sistema desequilibrado pode ser representado
analiticamente pelo teorema de Fortescue sobrepondo os três
Como o sistema é equilibrado, as tensões podem ser sistemas equilibrados de sequência zero, positiva e negativa na
representadas em função de 𝑉𝑎1 ̇ . O termo 1|_120° pode ser forma matricial:
substituído pelo operador rotacional 𝛼̇ = 1|_120°.
𝑉𝛼̇ 1 1 1 ̇
𝑉𝛼0
Substituindo o operador 𝛼̇ na Equação 8, tem-se: [𝑉𝑏̇ ] = [1 𝑎̇ ² 𝑎̇ ] ∗ [𝑉𝑏1 ̇ ] Eq. 11
𝑉𝑐̇ 1 𝑎̇ ̇
𝑎² 𝑉𝑐2̇
̇
𝑉𝛼1
̇ = 𝑎̇ 2 ∗ 𝑉̇𝛼1
𝑉𝑏1 Eq. 08 Pode-se representar ainda, a matriz de transformação na forma
de uma variável T:
𝑉𝑐1̇ = 𝑎̇ ∗ 𝑉𝛼1
̇
1 1 1
𝑇 = [1 𝑎̇ ² 𝑎̇ ] Eq. 12
4.3 Sistema trifásico de sequência
1 𝑎̇ 𝑎²̇
negativa
Para a obtenção das componentes de sequência dos sistemas
A constituição desse sistema é de três fasores de módulos iguais desbalanceados, basta determinar o inverso da matriz T,
defasados entre si com ângulo de 120°, sendo que a sequência portanto:
de fases é inversa a sequência original do sistema (SATO, 2015),
̇
𝑉𝛼0 𝑉𝛼̇
como observado na Figura 8. 1 1 1 1
[𝑉𝑏1 ̇ ] = [1 𝑎̇ ² 𝑎̇ ] ∗ [𝑉𝑏̇ ] Eq. 13
3
𝑉𝑐2̇ 1 𝑎̇ 𝑎²̇ 𝑉𝑐̇

Em que:

1 1 1 1
𝑇 −1 = [1 𝑎̇ ² 𝑎̇ ] Eq. 14
3
1 𝑎̇ 𝑎²̇
Portanto, 𝑇 −1 é a matriz de transformação dos fasores originais
Figura 8: Vetor de sequência negativa. das fases para os fasores de componentes de sequência.
Fonte: Adaptado SATO (2015).
⃗ pelo fasor 𝐶 .
Nota-se a inversão do fasor 𝐵 5 CURTO-CIRCUITO
Usando os fasores de tensão em função de 𝑉𝑎̇ tem-se:
5.1 Definição
̇
𝑉𝛼2
Os sistemas elétricos de potência estão sujeitos às situações que
̇ = 𝑎̇ ∗ 𝑉𝛼2
𝑉𝑏2 ̇ Eq. 09 causam perturbações no seu estado normal. Essas perturbações
acarretam na alteração das grandezas elétricas, e provocam
𝑉𝑐2̇ = 𝑎̇ 2 ∗ 𝑉̇𝛼2
graves violações nas restrições operativas além de colocar em
risco a integridade das instalações (SATO, 2015).
4.4 Sistema trifásico de sequência zero
As perturbações que são mais recorrentes e as mais graves são
os curtos-circuitos, que ocorrem devido a ruptura do isolamento
O sistema é constituído por três fasores de módulos iguais e em
entre as fases ou entre fase e terra. Os curto-circuitos que
fase (SATO, 2015). O fasor de sequência negativa é apresentado
ocorrem mais comumente são os desequilibrados,
na Figura 9.
predominantemente fase-terra. Embora o curto-circuito trifásico
seja o menos frequente, este é o mais estudado por ser
considerado o mais severo (SATO, 2015). A Figura 10 apresenta
os diagramas fasoriais dos curto-circuitos.
O cálculo da corrente de curto-circuito se faz necessário para
Figura 9: Vetor de sequência zero. especificar os equipamentos do sistema elétrico de potência. No
Fonte: Adaptado SATO (2015). momento do curto, correntes com elevada amplitude são
estabelecidas, requerendo esforços mecânicos e deformação dos
Em temos da tensão, os fasores de sequência zero ficam:
materiais, além de altas temperaturas (ZANETTA JR., 2005).
̇ = 𝑉𝑏0 = 𝑉𝑐0
𝑉𝛼0 Eq. 10 Os sistemas de proteção são ajustados para operar o mais rápido
possível, porém, devido à complexidade do mesmo, a corrente
As considerações a respeito dos fasores de corrente são as de curto-circuito pode durar alguns ciclos. Dessa forma, se faz
mesmas feitas para as tensões do sistema trifásico. necessário o dimensionamento dos equipamentos para
suportarem altas correntes até que o disjuntor seja acionado. Os
equipamentos que compõem o sistema de proteção devem ser
especificados os níveis e durações correspondentes. A fim de
4
assegurar a proteção de forma adequada, é imprescindível o compensação, as correntes de curto-circuito são limitadas pelos
conhecimento do comportamento das tensões e correntes no parâmetros do sistema, que são valores pequenos e indutivos,
momento do curto-circuito (SATO, 2015. ZANETTA JR, 2005). consequentemente, essas correntes são grandes e com bastante
defasagem (KINDERMANN, 1997).

Figura 11: Diagrama fasorial da superposição.


Fonte: KINDERMANN (1997).
A diferença no módulo da corrente verdadeira do sistema e da
corrente de curto-circuito do sistema sem carga não é tão
Figura 10: Fasores de tensões e correntes em um curto-circuito. representativa, ou seja, a contribuição que a corrente de carga
Fonte: Adaptado SATO (2015). emprega no sistema é muito pequena e pode ser desconsiderada
no cálculo do curto-circuito. Ademais, a corrente de curto-
5.2 Curto-circuito no sistema de energia circuito não necessariamente precisa ser calculada com precisão
elétrica absoluta, mas sim para se ter uma ideia da sua grandeza em
módulo, que se torna fundamental na análise da proteção
Os curto-cirtuitos ocorridos em sistemas trifásicos são (KINDERMANN, 1997).
considerados equilibrados, neste caso, considera-se apenas o
circuito equivalente de sequência positiva. Curto-circuitos 5.4 Curto-circuito desequilibrado
bifásicos, bifásicos à terra e monofásicos à terra são
desequilibrados, devem ser utilizados os circuitos equivalentes No estudo de curtos-circuitos desequilibrados as simplificações
de sequência positiva, negativa e zero (KINDERMANN, 1997). feitas anteriormente para os sistemas equilibrados não são
válidas, portanto, é necessário avaliar cada fase individualmente
Para o cálculo da corrente de curto-circuito no ponto da falta, o que acaba complicando significativamente os cálculos. Para
deve-se obter o circuito equivalente de Thévenin, tais simplificar consideravelmente a resolução desses sistemas,
impedâncias são obtidas dos diagramas de impedâncias das utiliza-se do Método das Componentes Simétricas desenvolvido
respectivas sequências (KINDERMANN, 1997). por Fortescue. (SATO, 2015).

5.3 Curto-circuito com carga 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS


Como os sistemas elétricos de potência estão sempre operando Um sistema elétrico bem dimensionado e equilibrado garante a
com carga, a análise das condições iniciais das correntes de distribuição adequada de energia, dimensionamento correto dos
curto-circuito é obtida através da superposição do sistema dispositivos de proteção e a atuação rápida, evitando maiores
operando normalmente com carga e também do sistema problemas ao sistema. Isso só é possível graças ao estudo
operando com defeito e sem carga. Ressaltando que, a adequado de curto-circuitos.
superposição é válida se os dois sistemas forem iguais quando
com carga e sob curto-circuito (KINDERMANN, 1997). Este artigo apresentou de forma breve e sucinta, metodologias
para a compreensão e análise de curto-circuitos, não trazendo de
Para calcular as correntes que passam por diversos pontos do forma específicas metodologias de cálculo para as correntes de
sistema é usado o fluxo de carga. O fluxo de carga é feito com curto, pois o intuito foi apenas instrutivo.
as reatâncias internas dos geradores e motores no período sub-
transitório Xd”. Juntamente com o fluxo de carga, também é Uma análise detalhada sobre metodologias de cálculo de curto-
calculado o valor da tensão em relação à terra no local da falta circuito demandaria de um estudo muito mais aprofundado, com
(Ea1). Essa tensão será a tensão de Thévenin, que será a tensão uma gama extensa de equações e modelos matemáticos para
da fonte do circuito equivalente de sequência positiva do sistema exemplos.
(KINDERMANN, 1997). Os tópicos abordados neste trabalho contemplam os conteúdos
Os valores das correntes de carga são geralmente muito de maior dificuldade de compreensão, vistos em sala de aula na
pequenos, pois são limitadas pelas impedâncias das cargas. Por disciplina de Análise do Sistema de Potência.
possuírem fator de potência superiores a 0,85 a defasagem entre O estudo serviu para contribuir de forma positiva e somar
a tensão fase-terra e a corrente de carga é mínima. Em conhecimentos para os acadêmicos.
5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Kindermann, Geraldo. Curto-Circuito. 2ª ed. Sagra Luzzatto.
Porto Alegre: 1997.
Robba, João E. Introdução a Sistemas Elétricos de Potência –
Componente Simétricas. Blucher, São Paulo: 2000.
Sato, Fujio. Análise de Curto-Circuito e Princípios de
Proteção em Sistemas de Energia Elétrica. Elsevier,
Rio de Janeiro: 2015.
Zanetta, Luiz C. J. Fundamentos de Sistemas Elétricos de
Potência. Livraria da Física, São Paulo: 2005.

Você também pode gostar