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TRANSMISSÃO

E DISTRIBUIÇÃO
DE ENERGIA
Rede de distribuição
Iberê Carneiro de Oliveira

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

> Explicar os elementos básicos e os tipos de redes de distribuição.


> Identificar arranjos típicos de redes de subtransmissão e distribuição.
> Caracterizar sistemas de distribuição primária e secundária.

Introdução
Os grandes blocos de energia gerados pelas grandes usinas são transportados
pelas linhas de transmissão e entregues às linhas de subtransmissão e dis-
tribuição. Nesse estágio, por se tratar de trechos bastante ramificados, com
níveis de tensão e potência próprios, eles merecem uma atenção diferenciada,
com foco no custo-benefício e na confiabilidade das redes. As configurações
variam bastante, indo de centros urbanos com distribuições subterrâneas
reticuladas até redes rurais monofásicas radiais atingindo longas distâncias.
Os sistemas de subtransmissão, distribuição primária e distribuição se-
cundária realizam uma descida gradual no nível de tensão com o objetivo de
minimizar as perdas e melhor aproveitar os equipamentos e as infraestruturas,
chegando, enfim, ao nível de tensão seguro para o consumo.
Neste capítulo, você vai ser introduzido aos sistemas de distribuição de
subtransmissão de energia elétrica, conhecendo os equipamentos e as confi-
gurações mais utilizadas nesses sistemas. Você saberá diferenciar os diversos
níveis de tensão aplicados a cada patamar de energia e identificar os objetivos
das diversas configurações que essas redes podem assumir.
2 Rede de distribuição

Definição e características
Redes e linhas de distribuição se referem a uma soma de elementos, como
estruturas, condutores, transformadores, proteções, podendo ser aéreos
ou subterrâneos, operando em tensão de distribuição baixa, média ou alta.
A diferenciação entre redes e linhas se dá no fato de serem malhadas ou
radiais, respectivamente (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2018).
O sistema elétrico costuma ser dividido em três fases — geração, transmissão
e distribuição —, sendo a fase da distribuição, geralmente, a responsável por
fazer a interface com o consumidor final (BARROS, 2019).
A Figura 1 apresenta um esquema de funcionamento do sistema elétrico
básico e suas três fases principais.

Subestação

Linhas de alta tensão


Linhas de distribuição Consumidor industrial

Estação
Usina

Consumidor comercial

Geração Transmissão

Consumidor residencial
Distribuição

Figura 1. Visão geral do sistema elétrico.


Fonte: Adapatada de Blume (2007).

Geração
São os produtores de grandes somas de energia, normalmente compostos
de geradores hidráulicos ou térmicos, porém existem diversas formas de
conversores de energia conectados a rede elétrica, como geradores eólicos,
nucleares e solares.
Rede de distribuição 3

Transmissão
São os responsáveis por transportar blocos de energia gerada dos centros
de geração aos centros de consumo. Em países com geração primariamente
hidráulica, como o Brasil, muitas vezes as linhas de transmissão podem assumir
grandes proporções por conta de os centros de cargas serem afastados das
grandes quedas d’água. Em países com dependência energética primariamente
térmica, essas distâncias podem ser menores, embora essa fonte sofra críticas
por conta de sua colaboração para o efeito estufa.

Distribuição
São as infraestruturas elétricas que ligam os sistemas de transmissão aos
consumidores finais, em tensões mais baixas em relação à transmissão e
transportando blocos menores de energia.
Existem diversas maneiras de classificar uma rede de distribuição, po-
dendo ser separadas por nível de tensão; rede primária ou secundária; rede
aérea ou subterrânea; rede malhada ou radial; rede trifásica ou monofásica.

Elementos das redes de distribuição


Dos elementos que compõem as redes de distribuição que emergem da subes-
tação de distribuição, os mais importantes são os transformadores, postes,
condutores, banco de capacitores, reguladores de tensão e chaves fusíveis.

Transformadores
Existem basicamente dois tipos principais de ligações de transformadores que
partem da rede primária para a secundária de distribuição. Podem ser por meio
de uma rede trifásica a três fios no primário, ligadas com um transformador
trifásico, ou de um banco de transformadores monofásicos em configuração
delta-estrela com a rede secundária a quatro fios, pois inclui o fio neutro.
Esse tipo de ligação e instalação em poste pode ser observado na Figura 2.
4 Rede de distribuição

Figura 2. Ligação à rede secundária com transformador trifásico.


Fonte: Silva (2016, p. 85).

Em redes monofásicas (Figura 3), o primário tem apenas um condutor,


e o secundário, três; o neutro é comum ao primário e ao secundário e serve
como nível de tensão intermediário para as fases 1 e 2. Nesse tipo de ligação,
não há defasagem entre fases, e um nível de tensão no secundário bastante
comum é 230/115 V, sendo que a tensão entre fases é sempre o dobro da
tensão entre fase e neutro. Nesse tipo de rede não é possível a conexão de
máquinas trifásicas.
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Figura 3. Ligação à rede secundária com transformador monofásico.


Fonte: Silva (2016, p. 84).

Os sistemas de distribuição trifásicos podem, ainda, ser conectados às


redes secundárias por meio de banco de capacitores monofásicos ligados entre
si. Nesse caso, permanecem a defasagem entre fases e as possibilidades de
conexão de máquinas trifásicas. Existem, também, as configurações em delta
aberto e delta fechado para aumentar a versatilidade de redes monofásicas.
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Postes
Os postes de distribuição são os responsáveis pela sustentação dos con-
dutores, transformadores, banco de capacitores, reguladores de tensão,
iluminação pública e todos os outros elementos agregados à rede. Muitas
vezes, são compartilhados com sistemas de telefonia, fibra óptica ou televisão
cabeada, e são feitos, normalmente, de madeira ou concreto, porém existem
postes de outros materiais. Sua altura, em geral, é em torno de 11 metros, e
são dimensionados para suportarem a tensão mecânica que lhes é aplicada,
calculada na unidade de força daN (decaNewton). Por exemplo, é bastante
comum encontrar postes com a resistência à tração de 600 daN. A Figura 4
demonstra um exemplo de poste com sistema de iluminação pública.

Figura 4. Poste de distribuição.


Fonte: G. Cortez/Pexels.com.

Condutores
Os materiais utilizados para condutores em sistemas de distribuição são o
cobre e o alumínio, sendo o segundo o mais comum. Condutores de alumínio,
além de serem mais leves para uma mesma capacidade de condução, ainda têm
um preço menor, porém ocupam maior volume. Condutores podem ser nus,
protegidos ou isolados. Condutores protegidos apresentam uma capa contra
contatos acidentais, porém ela não garante isolação. Cabos de alumínio são
designados CA (cabo de alumínio) ou CAA (cabo de alumínio com alma de aço);
o segundo é utilizado para fornecer reforço mecânico. A Figura 5 apresenta
um exemplo de cabo de alumínio trifásico multiplexado.
Rede de distribuição 7

Figura 5. Cabo de alumínio multiplexado.


Fonte: Silva (2016, p. 48).

As Figuras 6 e 7 apresentam cabos de alumínios nu e com alma de aço


galvanizado, respectivamente.

Figura 6. Cabo de alumínio nu multiplexado.


Fonte: Bolinha (2018, p. 31).

Figura 7. Cabo de alumínio com alma de aço galvanizado multiplexado.


Fonte: Bolinha (2018, p. 31).
8 Rede de distribuição

Banco de capacitores
Os bancos de capacitores na rede de distribuição têm as funções de:

„ correção do fator de potência;


„ manutenção do nível de tensão;
„ redução das perdas elétricas;
„ liberação da capacidade de potência de alimentadores e transformadores;
„ suporte de reativo;

Eles podem ser encontrados na subestação ou em postes ao longo do


sistema e podem ser fixos ou automáticos, o segundo fornecendo maior
versatilidade no atendimento de cargas com variáveis. A Figura 8 apresenta
um banco de capacitores fixo ligado em poste.

Figura 8. Banco de capacitores.


Fonte: Pontello e Santos (2016, p. 117).
Rede de distribuição 9

Reguladores de tensão
Esses equipamentos têm como objetivo manter a tensão em alimentadores
dentro dos limites específicos e são basicamente transformadores ou auto-
transformadores com diversos tapes (pontos de acesso), capazes de elevar
ou diminuir a tensão no seu secundário conforme a tensão da rede naquele
instante. A Figura 9 apresenta a vista superior de um regulador de tensão
instalado em um poste.

Figura 9. Reguladores de tensão.


Fonte: Pontello e Santos (2016, p. 115).
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Chave fusível
São equipamentos com a função de proteção e eles são capazes de retirar
parte da linha de operação para evitar que um curto-circuito, ou uma sobre-
carga, danifique condutores e equipamentos conectados a jusante, isso é,
ao lado da carga. A Figura 10 apresenta uma chave fusível de 300 A instalada
em poste de madeira.

Figura 10. Chave fusível.


Fonte: Pontello e Santos (2016, p. 95).

Outros elementos com função estrutural, isolação e proteção também


compõem o sistema de distribuição, como isoladores, conectores, cruzetas,
muflas, etc.

Tipos de rede de distribuição


Quanto à configuração do sistema de distribuição, ele pode ser dividido de
quatro formas principais (BARROS, 2019).
Rede de distribuição 11

Rede de distribuição aérea convencional


Podem ser construídos com condutores nus ou isolados e acoplado a postes
através de isoladores e cruzetas. Esse tipo de rede é bastante vulnerável a
danos ocorridos por queda de árvores, depredações e ventos fortes.

Rede de distribuição aérea compacta


São as redes aéreas que utilizam condutores isolados, dessa forma podem ocu-
par menos espaço e apresentam menor vulnerabilidade a danos e intempéries.

Rede de distribuição aérea isolada


São redes que possuem condutores com isolamento próprio para serem cons-
truídos multiplexados, necessitando apenas de um espaço para sustentação
dos cabos. No entanto, essas redes são bem mais caras, sendo construídas
apenas em algumas situações.

Rede de distribuição subterrânea


São redes de distribuição construídas completamente sob o nível do solo,
que apresentam alta confiabilidade e não produzem poluição estética, porém,
são bem mais caras por necessitarem de alto nível de isolação. Essas redes
são encontradas em grandes centros ou locais com restrições na legislação.

Arranjos típicos da subtransmissão e


distribuição
Os sistemas de distribuição e subtransmissão devem ser pensados em con-
junto de forma a atingir o melhor custo-benefício de ambos, considerando a
continuidade no fornecimento, o volume de carga e a localização geográfica.

Sistema de subtransmissão
O sistema de subtransmissão é um elo entre as subestações de subtransmis-
são e das subestações de distribuição e consumidores de subtransmissão.
A tensão de operação de subtransmissão costuma ser 138 kV ou 69 kV e,
em alguns casos, 34,5 kV e capacidade de transmissão entre 20 e 150 MW.
Ao se conectar ao sistema de distribuição, o sistema de subtransmissão pode
assumir alguns esquemas, que variam em custo, confiabilidade e segurança.
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A Figura 11 apresenta esses esquemas; a chave a jusante do transformador é


denominada chave de entrada, podendo ser um disjuntor, uma chave fusível
ou uma chave seccionadora (KAGAN; OLIVEIRA; ROBBA, 2010).

Figura 11. Arranjos de redes de subtransmissão.


Fonte: Kagan, Oliveira e Robba (2010, p. 9).

Rede 1
O esquema representado pela Figura 11a apresenta baixa confiabilidade,
pois o sistema de distribuição é totalmente dependente do sistema de sub-
transmissão a montante, porém apresenta menor custo, sendo normalmente
utilizado para transformadores não superiores a 15 MVA. Como a chave de
entrada não tem objetivo de manobra e apenas de proteção, usualmente
usa-se chave fusível para esse arranjo.
Rede de distribuição 13

Rede 2
O esquema representado pela Figura 11b apresenta maior continuidade de
serviço e flexibilidade de operação, uma vez que o sistema de distribuição
pode ser atendido por mais de um trecho de subtransmissão; dessa forma,
a falha em um dos trechos não impossibilita o suprimento de energia.

Rede 3
O esquema representado pela Figura 11c tem semelhança com o representado
pela Figura 11b, porém com o inconveniente de que o barramento de alta da
subestação de distribuição pode seccionar o sistema de distribuição. Para
evitar que isso aconteça, é instalada uma chave normalmente aberta (NA)
a montante das chaves seccionadoras. Para essas redes, usam-se disjuntores
como chave de entrada.

Rede 4
O esquema representado pela Figura 11d é chamado de “sangria” de linha,
apresenta confiabilidade e custo inferiores aos encontrados nas Redes 2 e 3
e é utilizado em locais onde os centros de cargas são esparsos.

Subestação de distribuição
As subestações de distribuição são subestações abaixadoras, utilizadas para
ligar a subtransmissão à distribuição primária. Essas subestações podem
assumir diversas configurações dependendo da potência atendida (KAGAN;
OLIVEIRA; ROBBA, 2010).

Barra simples
O esquema representado pela Figura 12 é o de menor custo, utilizado em
locais com baixa densidade de carga (abaixo de 10 MVA). Como apresenta
apenas um caminho para alimentar a carga, tem confiabilidade baixa, sendo
desconectado quando há algum problema no sistema de subtransmissão.
14 Rede de distribuição

Figura 12. Barra simples.


Fonte: Kagan, Oliveira e Robba (2010, p. 10).

Barra simples (dois circuitos de suprimento)


O esquema representado pela Figura 13 tem maior versatilidade na operação,
aumentando, assim, sua confiabilidade. A utilização de uma chave normal-
mente aberta permite que as cargas possam ser alimentadas por um caminho
alternativo, porém uma manutenção ou parada da subestação ocasiona a
parada do suprimento das cargas.

Figura 13. Barra simples com dois circuitos de suprimento.


Fonte: Kagan, Oliveira e Robba (2010, p. 10).
Rede de distribuição 15

Barra simples seccionada


Em locais com maior densidade de carga, utilizam-se maiores redundâncias
no sistema para aumento de confiabilidade. No esquema representado pela
Figura 14, o barramento de média tensão encontra-se seccionado, possibili-
tando a alimentação das cargas pelo outro transformador sem situação de
defeito ou manutenção do primeiro. Obviamente, os transformadores devem
ser superdimensionados para atender a toda a demanda da subestação.

Figura 14. Subestação com dois transformadores/saída dos alimentadores primários.


Fonte: Kagan, Oliveira e Robba (2010, p. 11).

Nesse tipo de subestação, é denominada potência instalada a potência


somada de todos os transformadores, e potência firme a potência que pode
ser suprida pela subestação quando há a retirada de operação do maior
transformador do sistema. Para o cálculo da potência firme, são considerados,
ainda, um fator de sobrecarga fsob dos transformadores — geralmente 1,4 pu
— e a possibilidade de transferência de potência de outras subestações.
A equação da potência firme fica:

Sfirme = fsob (1)

Em casos em que o cálculo da potência firme é superior ao da potência


instalada, utiliza-se a potência instalada como potência firme.
16 Rede de distribuição

Múltiplos barramentos
Ao dividir a carga em múltiplos barramentos, como visto na Figura 15, aumenta-
-se a flexibilidade na transferência de blocos de carga entre os transformado-
res, porém as condições de potência instalada e potência firme permanecem.

Figura 15. Múltiplos barramentos.


Fonte: Kagan, Oliveira e Robba (2010, p. 12).

Barra principal e de transferência


Para obter maior flexibilidade na manutenção, uma solução foi adicionar um
barramento de transferência normalmente desenergizado, como apresentado
na Figura 16. Os disjuntores dessa subestação devem ser extraíveis ou ter
chaves seccionadoras em ambas as extremidades. O procedimento para rea-
lizar a manutenção de qualquer disjuntor que alimenta as cargas é o seguinte:

„ fecha-se o disjuntor NA entre as barras, energizando-se dessa forma


o barramento de transferência;
„ fecha-se a chave NA que alimenta a carga do disjuntor em que se deseja
realizar a manutenção;
Rede de distribuição 17

„ abre-se o disjuntor NF em que se deseja realizar a manutenção, ex-


traindo-o, ou abrindo as chaves seccionadoras em suas extremidades;
„ transfere-se a proteção do alimentador para a o disjuntor de trans-
ferência.

Para se realizar a volta do disjuntor do sistema, realiza-se o seguinte


procedimento:

„ o disjuntor deve ser reinserido no sistema e sua chave deve ser fechada;
„ abre-se a chave de transferência do alimentador;
„ abre-se o disjuntor de transferência, desenergizando, assim, o barra-
mento de transferência e retornando a proteção para o disjuntor do
alimentador.

Figura 16. Barra principal e transferência.


Fonte: Kagan, Oliveira e Robba (2010, p. 12).

Em algumas subestações, adiciona-se um barramento reserva para manu-


tenção no próprio barramento da subestação, porém é uma solução bastante
cara e pouco encontrada.
18 Rede de distribuição

Sistema de distribuição primária e


secundária
Em relação à classificação de redes de distribuição, são bastante usados
os termos rede primária e rede secundária (KAGAN; OLIVEIRA; ROBBA, 2010).
Esses termos se referem ao nível de tensão. A rede primária utiliza uma média
tensão para minimizar as perdas nos alimentadores, e, por sua vez, a rede
secundária é caracterizada pela baixa tensão, compatível com a maior parte
dos equipamentos utilizados comercialmente.

Sistema de distribuição primária


Também chamadas de redes de média tensão, são as redes que saem das
subestações de distribuição normalmente aéreas e radiais, pela simplicidade
e pelo menor custo, porém também são encontradas redes subterrâneas e
malhadas. O condutor utilizado nessas redes para 13,8 kV é, normalmente,
o 336,4 MCM em alumínio com alma de aço. Esse condutor permite o transporte
de uma potência de 12 MVA, porém, por segurança, limita-se a potência a
8 MVA. Essas redes são destinadas aos consumidores de blocos maiores de
energia, como indústrias, centros comerciais ou prédios (KAGAN; OLIVEIRA;
ROBBA, 2010) (PRAZERES, 2010).
As redes primárias aéreas podem assumir as seguintes configurações:

„ rede primária radial simples;


„ rede primária radial com recurso;
„ rede primária seletiva.

As Figuras 17 e 18 apresentam um sistema radial simples e com recurso,


respectivamente.

Figura 17. Rede primária radial simples.


Fonte: Oshiro e Caram Junior (2015, p. 22).
Rede de distribuição 19

Figura 18. Rede primária radial com recurso.


Fonte: Oshiro e Caram Junior (2015, p. 22).

O recurso, ou socorro, trata-se de chaves normalmente abertas ao longo


do percurso de distribuição que possibilitam a alimentação das cargas por
caminhos alternativos em caso de faltas ou manutenções.
As redes primárias subterrâneas podem assumir as seguintes configurações.

„ Rede primária seletiva — São as redes primárias que possibilitam à


carga selecionar qual alimentador suprirá suas necessidades ener-
géticas, utilizando-se de chaves de transferência distribuída ao longo
dos alimentadores próximos.
„ Rede primária operando em malha aberta — São as redes primárias
que têm dois dispositivos de comando em ambas as extremidades e
utilizam-se de disjuntor normalmente aberto ao final do alimentador.
„ Spot network — Nessas redes primárias, cada transformador é alimen-
tado por dois ou três circuitos alimentadores. Essas redes possuem
chaves especiais (network protector) que têm a finalidade de impedir
o fluxo de potência no sentido inverso.

Sistema de distribuição secundária


As redes de distribuição primárias são conectadas às redes de distribuição
secundárias a partir de transformadores de distribuição que abaixam a tensão
a níveis próprios na maior parte dos equipamentos utilizados, normalmente
220/127 V ou 380/220 V, podendo ser radiais ou malhadas. No entanto, em
razão de seu alto custo, não são mais construídas redes secundárias malhadas.
As existentes atualmente no Brasil são localizadas em grandes metrópoles
20 Rede de distribuição

e foram construídas há mais de 30 anos (KAGAN; OLIVEIRA; ROBBA, 2010)


(PRAZERES, 2010). A Figura 19 apresenta um sistema de distribuição subterrânea
com o secundário reticulado ou malhado.

Figura 19. Rede secundária.


Fonte: Companhia Paranaense de Energia (2010, p. 18).

As redes de distribuição de energia elétrica são o ponto de contato mais


próximo dos consumidores de eletricidade e merecem uma atenção especial
em seu planejamento. Deve-se ter em mente a continuidade, a segurança e o
custo, uma vez que nem sempre é fácil financiar o investimento necessário
para levar energia em locais remotos. As redes que apresentam maiores
confiabilidades acabam sendo vantajosas apenas em grandes centros ou para
alimentar cargas prioritárias. Redes muito longas em locais com pouca densi-
dade de cargas costumam apresentar falhas constantes, embora a legislação
vigente tente beneficiar a melhora da qualidade no fornecimento de energia
elétrica. Existem dois grandes problemas na rede de distribuição que exigem
soluções complexas: (1) as falhas, que geram prejuízo na produção industrial,
na arrecadação das empresas, em investimento no setor por manutenções e
redução no benefício do uso da rede elétrica, e (2) os roubos, chamados de
perdas não técnicas, que são um problema grave em várias regiões do país e
acaba sendo revertido no valor da tarifa para os consumidores adimplentes.
E, embora existam estudos de novas tecnologias que prometem identificar
falhas e roubos de energia, em redes de distribuição de forma mais eficiente,
ainda existe muito a ser feito para isso ser viável.
Rede de distribuição 21

Referências
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Procedimentos de distribuição de energia
elétrica no sistema elétrico nacional – PRODIST. 2018. Disponível em: https://www.aneel.
gov.br/documents/656827/14866914/M%C3%B3dulo1_Revis%C3%A3o10/f6c63d9a-62e9-
af35-591e-5fb020b84c13. Acesso em: 27 set. 2021.
BARROS, B. F. Geração, transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica. São
Paulo: Editora Érica, 2019.
BLUME, S. W. Electric power system basics for the nonelectrical professional. Hoboken:
John Wiley & Sons, 2007.
BOLINHA, M. Distribuição de energia elétrica em média e baixa tensão: manual. 2. ed.
Porto: Quântica, 2018.
COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA. Utilização e aplicação de redes de distribuição
subterrâneas. Curitiba: Copel, 2010.
KAGAN, N.; OLIVEIRA, C. C. B.; ROBBA, E. J. Introdução aos sistemas de distribuição de
energia elétrica. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2010.
OSHIRO, C. I.; CARAM JUNIOR, J. C. P. Norma ND.22: projeto de redes aéreas urbana de
distribuição de energia elétrica. Campinas: Elektro, 2015.
PONTELLO, P. R.; SANTOS, R. A. Norma de distribuição 2.2: instalações básicas de redes
de distribuição aéreas rurais. Belo Horizonte: Cemig, 2016.
PRAZERES, R. A. Redes de distribuição de energia elétrica e subestação. São Paulo:
Ibep, 2010.
SILVA, F. A. N. Norma de distribuição 2.7: instalações básicas de redes de distribuição
aéreas isoladas. Belo Horizonte: Cemig, 2016.

Leitura recomendada
MAMEDE FILHO, J. Manual de equipamentos elétricos. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013.

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