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INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
PREDIAIS
AULA 1
CONVERSA INICIAL
elétrica chega até nossas residências. Por isso, esta aula fará uma breve viagem – desde as fontes
geradoras até sua casa –, mostrando como se fornece energia elétrica.
Além disso, veremos os principais componentes que figuram nas instalações prediais, e
mergulharemos no mundo da luminotécnica, aprendendo os conceitos fundamentais e estudando como
se faz um projeto luminotécnico. Para finalizar, apresentaremos os principais símbolos e métodos para a
representação gráfica de projetos elétricos.
A energia elétrica que chega em nossas casas percorre um longo caminho desde sua fonte
geradora. No Brasil, as duas principais fontes de energia elétrica são as hidrelétricas e as termelétricas. A
energia gerada nessas usinas é transmitida pelas linhas de transmissão até chegar aos centros
consumidores, que a distribuem até o consumidor final. Assim, o sistema elétrico brasileiro é dividido
Créditos: MSSA/Shutterstock.
veremos que a potência gerada é em média 737 mil kVA, e a tensão de saída do gerador é 18 kV.
Utilizando a lei de Ohm para a potência, podemos calcular a corrente nominal desse sistema por:
(1)
Sendo:
Logo mais abordaremos os tipos de potência e o motivo de usarmos o termo “aparente” para a
potência. Além disso, a raiz de três que aparece no denominador da equação se deve ao sistema
trifásico. Aplicando os valores citados, temos:
Note que a corrente é de um valor muito elevado para ser transmitida em condutores comuns,
como os que vemos nas ruas. Por isso é necessária a subestação elevadora que, por meio de
Em grandes usinas, como a Itaipu, a potência gerada é tão grande que apenas elevar a tensão não é
suficiente para reduzir a corrente a níveis aceitáveis pelos condutores; nesses casos precisamos de mais
de um condutor por fase, normalmente quatro. Como algumas linhas têm centenas de quilômetros de
extensão, o diâmetro do condutor é muito importante, pois o peso de um condutor mais espesso exige
torres de fixação mais próximas, elevando muito os custos das instalações, podendo até mesmo
inviabilizar a obra.
As linhas de transmissão que chegam aos centros consumidores, como as cidades, precisam ter a
tensão adequada aos níveis que os consumidores irão utilizar. As subestações abaixadoras fazem esse
trabalho, e as redes de distribuição serão divididas em dois tipos, devido ao nível de tensão.
A rede de distribuição primária opera em média tensão, com valores típicos de 34,5 kV ou 13,8 kV
para tensão de linha, que é a diferença de potencial entre duas fases. Em casos de polos industriais, a
tensão entregue ao cliente é a rede primária, e a adequação é feita internamente. Já a rede secundária de
distribuição alimenta os consumidores com potência de até 75 kVA. Essa é a que estamos mais
acostumados a ver, pois é a rede que alimenta as residências de pequenas empresas.
Figura 2 – Exemplo de níveis de tensão de uma rede primária e secundária de distribuição de energia
elétrica
Em resumo, o sistema elétrico brasileiro é dividido de acordo com os níveis de tensão de cada
segmento e, com base na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), podemos relacionar as tensões
como:
Como a janela de valores de alta tensão é grande, alguns setores preferem dividi-la em três grupos:
alta tensão (69 a 230 kV), extra-alta tensão (230 a 800 kV) e ultra-alta tensão (acima de 800 kV).
As demais partes que compõem o sistema elétrico de potência serão abordadas em outras
disciplinas do curso; aqui nosso interesse é a rede secundária de distribuição, pois é o nível de tensão
que atende os projetos de instalações prediais – tema desta disciplina.
Como vimos, a rede secundária de distribuição é formada por um transformador abaixador, que
pode ter como tensão de saída os valores de 127, 220 e 380 V. É muito comum ouvir pessoas dizendo
que a tensão de determinado eletrodoméstico é 110 V ou 220 V. Você sabe por que não é 110 V?
Alguns anos atrás, o Brasil baseava seus níveis de tensão em países da Europa e tinha um sistema
bastante desorganizado. Organizadas as concessionárias para interligar o sistema elétrico nacional,
padronizou-se os valores dessa forma.
Por definição, “tensão” é a diferença de potencial entre dois pontos de um circuito. Como estamos
analisando um sistema de corrente alternada, não podemos usar os termos “positivo” ou “negativo”,
pois seus valores variam o tempo todo. Assim, temos duas formas de medir a tensão: a primeira é a
tensão de uma fase em relação à terra, que chamamos de tensão fase-terra, ou somente tensão de fase;
a segunda é quando medimos a tensão entre duas fases – esta é chamada de tensão fase-fase ou tensão
de linha.
Usamos a terra como referência por apresentar um potencial nulo, mas muitas vezes o condutor de
neutro é conectado à terra, por isso também representa um nível de zero volt. Aliás, você sabe de onde
vem o condutor de neutro? Transformadores trifásicos podem ter o arranjo das suas bobinas em Y ou
– também chamados, respectivamente, de estrela e triângulo –, e a origem do neutro está no ponto
comum da ligação em estrela, como mostra a Figura 4.
Por questões econômicas, devido ao número de fios, as redes primárias não utilizam o condutor de
neutro; já na rede secundária de distribuição, o sistema é trifásico com neutro.
As concessionárias de energia elétrica do Brasil utilizam diferentes níveis de tensão, conforme sua
padronização. Algumas regiões utilizam as tensões em 127/220 V, ou seja, 127 V para tensão de fase e
220 V para tensão de linha. Já em outras localidades, o sistema é 220/380 V.
Ao contrário do que muitos pensam, o valor de 220 V não é dado pelo dobro de 110 V. Como existe
uma defasagem de 120° entre as fases de um sistema trifásico, a tensão de linha é vezes maior que a
tensão de fase, portanto, numa região cuja tensão de fase é 127 V, a tensão de linha será:
(2)
De forma análoga, se considerarmos uma localidade onde a tensão de fase seja 220 V, a tensão de
linha será:
(3)
Nesse diagrama, corresponde à potência aparente, que é a potência total consumida pela carga,
ao passo que é a parcela da potência realmente utilizada para realizar trabalho, chamada de potência
útil ou ativa; por último temos , chamada de potência reativa. A potência aparente ( ) é dada em VA
(volt-ampère); a potência ativa ( ) é dada em W (watt); e a potência reativa é dada em VAR (volt-ampère
reativo), que pode ser indutiva ou capacitiva.
A potência reativa equivale a injetar potência na rede, da qual deveria apenas consumir. Esse efeito
pode trazer muitos malefícios às concessionárias e, por isso, costuma-se definir um valor máximo
admissível sob pena de multas e alteração na tributação. A relação entre a quantidade de potência total
ou aparente e a potência ativa consumida nos traz o conceito de fator de potência, termo muito
conhecido e utilizado no setor industrial.
(4)
potências, e é a hipotenusa. Desse modo, também podemos representar o fator de potência como:
(5)
A energia elétrica pela qual pagamos é medida pelas concessionárias do país em quilowatt-hora
(kWh), ou seja, é a potência consumida com relação ao tempo; mas a potência reativa também é medida
a fim de verificar se o cliente está de acordo com os limites aceitáveis.
Uma instalação predial se liga à rede elétrica com um padrão definido pela concessionária, mas
costuma ser o mesmo na maioria do país. Esse padrão é constituído de um poste particular, utilizado
para fixar o ramal de distribuição, o conjunto de medição e proteção e o ramal de entrada, conforme a
Figura 5.
Figura 6 – Exemplo dos conjuntos de medição e proteção de um sistema monofásico (a), bifásico (b) e
trifásico (c)
Saiba mais
Se quiser saber mais a respeito das exigências e padronização para fornecer energia em baixa
tensão, leia o capítulo 11 do livro Instalações elétricas, de Hélio Creder (16ª edição).
Uma instalação elétrica pode ser composta de dezenas de equipamentos e acessórios. Vamos
estudar aqui alguns dos principais componentes utilizados numa instalação predial. Vale ressaltar que
os protagonistas de uma instalação, como os condutores, disjuntores e eletrodutos, terão uma
abordagem mais detalhada mais adiante, por isso não serão citados na seleção a seguir.
Figura 7 – Exemplo de instalação de uma ou mais caixas de medição de acordo com o padrão da
Companhia Paranaense de Energia (Copel)
Além deste, as instalações em baixa tensão podem ter outros quadros elétricos distribuídos em
diferentes níveis, dependendo das necessidades de divisão dos circuitos, como mostra a Figura 8.
O quadro elétrico instalado no nível 1 recebe o ramal de entrada, que sai da rede elétrica de baixa
tensão. Esse quadro abriga o medidor de energia da concessionária, por isso é chamado de quadro de
medição (QM). O quadro do nível 2 abriga o disjuntor geral de uma ou mais unidades, por isso é
chamado de quadro de distribuição geral (QDG).
Muitas vezes o QDG e o QM são instalados juntos, como é comum ver em instalações de
condomínios comerciais e residenciais, onde há um barramento principal que alimenta várias unidades
consumidoras e cada uma tem um medidor individual. Sistemas com geração própria costumam ter
apenas o QDG mas, se forem interligados à rede elétrica, precisam de um medidor para informar a
concessionária.
Antes de iniciar um projeto elétrico, é importante conhecer a estrutura física do local das
instalações. Geralmente, o estado da construção civil irá guiar as escolhas do sistema de suporte para as
instalações elétricas.
Para uma obra civil em construção ou finalizada, talvez seja inviável usar, por exemplo, eletrodutos
no piso, ou ainda fazer alguma modificação de ambiente. Para a maioria das instalações que utilizam
condutores de bitolas menores, as soluções comuns são os eletrodutos (plásticos ou metálicos).
Fonte: RachenStocker/Shutterstock.
Num segmento industrial ou comercial de grande porte, é comum usar muitos condutores,
geralmente de bitolas maiores e mais pesados. Para esse tipo de instalação, as eletrocalhas podem ser
mais interessantes, pela resistência mecânica e ventilação, facilitando a troca de calor com o ambiente.
Em ambientes internos, como salas comerciais e escritórios, é muito comum adaptar a estrutura
elétrica para o mobiliário e leiaute do local. Nesses casos, é necessário usar canaletas, que são
eletrodutos com um acabamento mais elegante e com possibilidade de separação dos circuitos nas
divisórias internas. Sua grande vantagem é a facilidade na instalação e o fato de não precisar alterar as
paredes de alvenaria.
Figura 12 – Exemplo de aplicação de canaletas num ambiente interno (a) e o processo de instalação (b)
Existe uma grande variedade de caixas em instalações elétricas e diversos tipos de aplicação. Já
apresentamos os quadros elétricos, que são instalados num tipo específico de caixa; agora veremos
mais alguns exemplos de caixas utilizadas para facilitar o acesso às instalações.
Dentre os acessórios mais utilizados numa instalação elétrica estão as caixas para laje. Esse tipo de
caixa é fundamental para interligar eletrodutos e produzir um ponto de acesso onde se instalará a
iluminação dos ambientes. A caixa pode ser metálica ou plástica, e é instalada durante a obra, recebendo
a camada de concreto da laje como cobertura; daí a importância em adotar diferentes materiais de
acordo com a proteção mecânica necessária.
Outro tipo muito utilizado é a caixa de passagem, também chamada de caixa de derivação, ou caixa
de inspeção. Essas caixas também são instaladas para interligar os pontos de iluminação, tomadas e
interruptores, mas podem ser instaladas em paredes (embutidas ou sobrepostas) ou enterradas.
Essas caixas podem ser plásticas, metálicas ou de concreto. Além disso, a NBR 5410 prevê a
instalação de caixas intermediárias quando a distância entre os pontos excede os limites determinados.
Veremos mais detalhes sobre isso quando dimensionarmos os eletrodutos.
Quando pensamos em instalações prediais, não podemos nos esquecer dos principais elementos
que farão a interface com usuários, tomadas e interruptores. No Brasil, desde julho de 2011, um novo
padrão de tomadas foi adotado, que tem por objetivo tornar seu uso mais seguro tanto para evitar o
contato com a parte energizada da instalação como adicionar o condutor de terra. O padrão segue as
recomendações da NBR 14136, que contempla as medidas e os critérios para fabricar plugues e
tomadas.
As tomadas são classificadas de acordo com a corrente de operação. Uma tomada para uso geral
(TUG) é projetada para suportar correntes de até 10 A, já uma tomada de uso específico (TUE) admite
valores maiores. Fisicamente, as tomadas também diferem em medidas e formatos, devido às diferentes
intensidades de corrente e seção dos condutores, como mostra a Figura 15. Uma tomada no padrão
residencial pode ser de 10 ou 20 A; já no padrão industrial as tomadas comportam correntes de 16 a
125 A, e podem ter cores diferentes de acordo com a tensão de operação: azul para tensão nominal de
220 V; vermelho para tensão nominal de 380 V.
Figura 15 – Exemplo de tomada de uso residencial para correntes de até 10 A (a) e tomada industrial
para corrente de até 16 A e tensão nominal de 220 V (b)
Os interruptores são usados como comando de um ponto de iluminação, podendo ser do tipo
simples, paralelo ou intermediário. Um interruptor simples opera como uma chave liga/desliga, que
precisa ser acionada sempre no mesmo ponto. Um interruptor paralelo – também chamado de três vias
(three-way) – é muito utilizado quando desejamos que o comando da iluminação seja feito de dois
pontos distintos no cômodo. Imagine uma casa com dois pavimentos interligados por uma escada, na
qual pretendemos comandar a iluminação instalada. Essa é a aplicação típica de um interruptor paralelo,
pois desejamos acender a luz numa extremidade da escada e poder apagá-la quando chegarmos à outra
extremidade.
Além destes, ainda são utilizadas fotocélulas ou sensores de presença com fotocélulas, que
funcionam de forma autônoma para comandar um ponto de iluminação. Esses dispositivos funcionam
como interruptores simples, porém são acionados automaticamente quando um objeto é percebido
pelo sensor de presença ou pela ausência de luz (ao anoitecer).
Os tipos de interruptor e seus modos de ligação serão retomados futuramente, quando estudarmos
algumas técnicas de execução das instalações elétricas.
Podemos dizer que essa preocupação se originou na história da invenção da lâmpada, incluindo
grandes nomes da ciência. Por isso, antes mesmo de pensarmos no projeto elétrico, vamos entender
alguns conceitos fundamentais sobre a luz que interferem diretamente na escolha dos equipamentos.
redes de wi-fi.
A luz é a faixa de espectro visível dessas ondas, pois são capazes de sensibilizar o olho humano.
Nossa retina contém células especiais fotorreceptoras, que funcionam como sensores. A luz que incide
em nossos olhos e chega à retina sensibiliza o nervo óptico, convertendo o sinal luminoso em impulsos
elétricos. Estes são enviados ao cérebro, que interpreta a imagem.
A luz é uma composição de ondas eletromagnéticas com frequências distintas, e cada uma
corresponde a uma cor, com seu comprimento de onda ou frequência. A Tabela 1 apresenta as principais
cores do espectro visível da luz, com seus respectivos valores.
Você já deve ter notado que a luz de algumas lâmpadas tem uma cor mais amarelada ou
avermelhada, e outras são mais brancas ou azuladas. Também já deve ter ouvido os termos “quente” e
“fria” quando nos referimos à iluminação. Isso acontece porque, além do comprimento de onda e
frequência, a cor da fonte luminosa pode receber uma classificação em razão de uma temperatura na
escala Kelvin (K).
Imaginamos que você tenha visto alguma imagem ou vídeo em que um ferreiro aquece um metal
até próximo do seu ponto de fusão. O metal quente fica incandescente, emite luz e, quanto mais quente,
mais intensa é a cor, e mais clara ela fica. Quando aquecemos um corpo padronizado, também
conhecido como corpo negro radiador, a emissão de energia luminosa é medida em função da
temperatura. Dessa forma é possível produzir uma escala, como mostra a Figura 17.
3.2 LÂMPADAS
Além do aspecto estético, as cores de iluminação têm uma finalidade diferente de acordo com o
ambiente em que ela será instalada. Existem normas específicas para iluminar ambientes como
hospitais, escolas e laboratórios, por isso a escolha correta das lâmpadas e luminárias é fundamental.
Mas as lâmpadas vão além da função de iluminar, e atualmente existem muitos tipos de lâmpada
com finalidades específicas, como:
As lâmpadas comuns podem ser divididas em três grupos, em razão do seu funcionamento e
aplicações. São elas: incandescentes; descargas e light-emitting diode (LED).
3.2.1 INCANDESCENTES
A palavra da vez agora é “eficiência”, e na iluminação isso significa a maior luminosidade com o
menor gasto de energia. Nesse sentido, a lâmpada incandescente é ineficaz, pois boa parte da energia
elétrica consumida é convertida em calor, e não em energia luminosa – que é o objetivo da aplicação.
Por isso, desde o surgimento de novas tecnologias – como as lâmpadas fluorescentes e de LED –, as
incandescentes perderam o destaque e se tornaram uma opção mais barata apenas no valor de
prateleira.
De consumo elevado e curta vida útil, as lâmpadas incandescentes tiveram sua venda proibida no
Brasil. As restrições se iniciaram com a publicação da Portaria Interministerial n. 1.007/2010 e
culminaram, em junho de 2016, na proibição total das lâmpadas de 25, 40, 60, 100 e 150 W.
Apesar de ter os principais modelos proibidos, algumas versões ainda podem ser comercializadas
[1]:
As lâmpadas-vela são como as incandescentes comuns, mas com um bulbo mais afinado ou em
forma de chama de vela, que se enquadra no primeiro item das exceções mencionadas. Com uma cor
mais amarelada, é muito utilizada em lustres para ambientes de conforto e descanso, como salas de
estar.
Uma lâmpada incandescente comum funciona com um filamento de tungstênio que, ao ser
percorrido por uma corrente elétrica, aquece até emitir luz. Esse filamento fica dentro de um bulbo de
vidro, do qual se retira todo o oxigênio e se insere um gás inerte (nitrogênio e argônio), pois o oxigênio
iria alimentar uma combustão no interior da lâmpada.
As lâmpadas halógenas são muito semelhantes às incandescentes comuns, porém o bulbo que
isola o filamento costuma ser feito de quartzo, e é muito menor. Nestes, além do gás inerte, adiciona-se
uma pequena quantidade de material halógeno (iodo, flúor e bromo) e, como consequência, a vida útil
do filamento aumenta.
3. Utilizando as dicroicas, que são muito semelhantes às lâmpadas PAR, mas sua grande
característica é a capacidade de reduzir o calor irradiado. Seu espelho refletor é feito de uma
superfície multifacetada recoberta por um filtro químico capaz de reduzir a radiação infravermelha
em mais de 50%.
3.2.2 DESCARGA
A estrutura mais antiga de uma lâmpada fluorescente é composta de um circuito de partida (ou
starter), filamentos de tungstênio e um reator. O starter é formado por um capacitor de filtro (para evitar
interferências de alta frequência) e por uma lâmina bimetálica, que opera como uma chave. Associado a
ele estão os filamentos de tungstênio, que servem de caminho para a corrente elétrica que acionará o
starter. Esses filamentos também servirão de contato interno ao bulbo de vidro.
Os elétrons que trafegam pelo vapor metálico se chocam com a parede interna do bulbo, excitando
os átomos de fósforo que emitem luz visível, conforme a Figura 20.
Diferentemente de uma lâmpada incandescente, a fonte de luz desse tipo de lâmpada não provém
do aquecimento de um filamento. Isso faz com que a energia elétrica seja mais aproveitada na
conversão da energia luminosa, tornando essa opção mais eficiente e com menos consumo. Para
melhorar ainda mais a eficiência, atualmente o starter e o reator formam um único circuito eletrônico,
mas os fundamentos para acender a lâmpada permanecem.
Além do formato tubular, as lâmpadas fluorescentes são fabricadas em versões menores e mais
compactas, com os dispositivos de acendimento inseridos na sua base.
Créditos: Ekkachai/Shutterstock.
Em sistemas de iluminação pública, ginásios e estádios, é muito comum usar outros tipos de
lâmpada de descarga. As mudanças básicas estão na construção física da lâmpada e no tipo de metal
vaporizado, trazendo uma gama de possibilidades de cor e potência.
3.2.3 LED
O LED é feito por materiais semicondutores capazes de emitir luz quando percorridos por uma
corrente elétrica. O grande destaque dessa tecnologia é sua eficiência, que permite substituir uma
lâmpada incandescente de 60 W por uma de LED de apenas 3 W, sem prejuízo no fluxo luminoso.
Com relação aos aspectos construtivos, essas lâmpadas diferem das anteriores por operarem com
corrente contínua. Desse modo, é necessário usar um conversor CA-CC – também chamado de
retificador –, capaz de converter a tensão alternada da rede elétrica numa tensão contínua, geralmente
de 5 volts.
Outra grande vantagem do LED é o aquecimento. O feixe luminoso é frio e, apesar de os LEDs não
terem um sistema de dissipação de calor, alguns fabricantes utilizam uma base de alumínio aletada para
auxiliar na troca de calor com o ambiente externo.
A vida útil é mais um destaque do LED. Enquanto uma lâmpada incandescente dura de mil a 6 mil
horas, uma lâmpada fluorescente dura de 7,5 mil a 12 mil horas, e o LED chega a durar 100 mil horas.
Por ser uma tecnologia recente, muitos modelos comercializados seguem as características de
formatos e cores das lâmpadas já apresentadas. Devido à sua versatilidade, atualmente o LED é utilizado
em praticamente todos os segmentos de iluminação, desde vias públicas a aplicações hospitalares.
Créditos: Ashwin/Shutterstock.
O esferorradiano (ou esterradiano – sr) é a unidade-padrão usada para medir ângulos sólidos. Se
considerarmos uma esfera com 1 m de raio, um sr equivale a um ângulo sólido, na forma de um cone,
que demarca na superfície dessa esfera uma área de 1 m2, como mostra a Figura 23.
Figura 23 – Representação de um sr
Chamamos de fluxo luminoso ( ) toda a radiação emitida por uma fonte luminosa capaz de
estimular o olho humano (luz visível). Esse fluxo parte da fonte luminosa de forma radial para todas as
direções, atravessando a superfície da esfera que acabamos de ver.
Dessa forma, se colocarmos uma fonte com intensidade de uma candela no centro da esfera, o
fluxo luminoso será de 1 lúmen para cada sr; ou seja, para cada 1 m2 de área da superfície da esfera,
temos o fluxo de 1 lúmen.
(5)
Portanto, como o raio da esfera mede 1 m, podemos dizer que o fluxo total que atravessa a esfera é
de 12,57 lumens.
A palavra “candela” deriva do latim e significa “vela”, porque anteriormente a vela já foi referência
para a medida de intensidade luminosa ( ). Uma candela é a intensidade luminosa irradiada por um sr a
partir do centro de uma esfera de raio unitário.
Podemos definir a candela como o fluxo luminoso de 1 lúmen que ocupa um ângulo sólido de 1 sr.
Assim:
(6)
(7)
A unidade de medida da iluminância é o lux (lx), que varia em função da distância entre fonte
luminosa e a superfície iluminada.
A Figura 24 mostra uma representação gráfica do que essas grandezas podem significar no uso
prático de um sistema de iluminação.
Créditos: Jemastock/Shutterstock.
Agora que já conhecemos alguns fundamentos básicos, podemos adotar uma metodologia de
projeto para definir a iluminação. Apesar de existirem outras técnicas, dois métodos são bastante
consagrados para criar um projeto de iluminação: o método dos lumens e o método do ponto a
ponto.
Como o nome sugere, esse método determina o fluxo luminoso necessário para a atividade que
será desenvolvida num determinado ambiente. O projeto começa pelo estudo do tipo de atividade e do
ambiente no qual pretendemos projetar a iluminação, como uma sala de aula.
Definido o tipo de luminária e lâmpadas, dois parâmetros podem influenciar sua utilização. O
primeiro é o fator ou coeficiente de utilização ( ), dado pela relação entre o fluxo luminoso emitido pela
luminária e o fluxo que incide no plano de trabalho. Esse indicador é geralmente fornecido pelo
fabricante da luminária e demonstra que a iluminação depende das características do local, como área,
cor do teto e das paredes, e também do acabamento das luminárias.
O fator ou coeficiente de depreciação ( ) é outro parâmetro importante, pois indica uma redução
no fluxo luminoso emitido pelas lâmpadas, devido à redução da vida útil, ao acúmulo de poeira, ao
escurecimento do bulbo, entre outros fatores que possam ofuscar a fonte luminosa. Assim como os
parâmetros de ambientes e superfícies, o coeficiente de depreciação tem valores de referência em
tabelas apresentadas na NBR ISO/CIE 8995-1:2013.
(8)
Sendo:
Para finalizar, basta definir o número de luminárias necessárias para o ambiente definido. Como na
Equação 8 encontramos o fluxo total do ambiente, basta dividi-lo pelo fluxo individual das luminárias:
(9)
Sendo:
Esse método é adequado quando os pontos luminosos (luminárias ou lâmpadas) forem muito
menores, se comparados à área que se pretende iluminar, como é o caso da iluminação pública. Os
cálculos necessários para o projeto com esse método baseiam-se na lei de Lambert, a qual diz que a
iluminância numa certa superfície é inversamente proporcional ao quadrado da distância entre a fonte
luminosa e a superfície.
Diferentemente do método dos lumens, essa técnica determina a iluminância para um ponto
específico da superfície, em função do feixe de luz que atinge a área. O iluminamento total será dado
pela soma das iluminâncias calculadas individualmente.
Saiba mais
Como a NBR ISO/CIE 8995-1:2013 apresenta muitas tabelas com valores de referência, é
inviável inserir todas elas aqui. Por isso, se quiser saber mais detalhes sobre esses métodos e ver
um exemplo, leia o capítulo 13 do livro Instalações elétricas, de Hélio Creder (16ª edição).
Todos os elementos que estudamos nesta aula (e muitos outros) podem ser representados num
diagrama elétrico. A representação gráfica de circuitos elétricos é padronizada e regulamentada. Um
projeto deve conter todas as informações necessárias para nortear o trabalho da equipe de instalações,
assim como cotas, tipos e valores dos materiais e equipamentos elétricos que serão utilizados.
No Brasil, desde 1989 a norma utilizada era a NBR 5444 – símbolos gráficos para instalações
elétricas prediais. Essa norma foi substituída pela IEC 60417 – símbolos gráficos para uso em
equipamentos em 2002. No total, são 89 símbolos descritos na NBR 5444, e as tabelas a seguir
apresentam os símbolos principais e mais comuns para aplicação em instalações prediais.
Apesar de cancelada, a NBR 5444 contém símbolos ainda muito utilizados em projetos elétricos,
mas vale ressaltar que, independente da simbologia adotada, um projeto elétrico deve acompanhar uma
legenda que auxilie a equipe de instalações a compreender o diagrama.
0 Dimensões em mm
Tomada de luz na parede, baixo (300 mm do piso A potência deverá ser indicada ao
acabado) lado em VA (exceto se for de 100 VA),
polaridade
Motor
Indicar as características nominais
Gerador
Com base na simbologia estudada, é possível fazer dois diferentes tipos de diagramas para
representar um projeto elétrico. Como um projeto tem muitos condutores, seria inviável representar
cada um deles nos circuitos do projeto, por isso fazemos um “diagrama unifilar”. Nesse diagrama,
traçamos uma linha que interliga os pontos de iluminação, tomadas e quadros elétricos, representando
o eletroduto a ser utilizado.
Outra representação importante é o “diagrama trifilar”, que discrimina cada condutor que compõe
as instalações, mas sem detalhes, como a seção deles. A principal utilidade desse diagrama é detalhar
como deverá ser feita a ligação de alguns dos componentes do projeto, como disjuntores, dispositivo
diferencial residual (DR), dispositivo de proteção contra surtos (DPS), interruptores, tomadas, entre
outros.
FINALIZANDO
Chegamos ao fim desta aula, e já foi possível ver quantas informações importantes existem nos
bastidores de uma instalação elétrica. Vimos juntos o que é a rede primária e a secundária de
distribuição e como se fornece energia elétrica para consumidores de baixa tensão. Estudamos o
triângulo das potências e a origem do famoso fator de potência.
Futuramente iniciaremos de fato um projeto elétrico, começando pela previsão de cargas. Nos
basearemos nos critérios da NBR 5410 para definir os circuitos de iluminação e de tomadas.
REFERÊNCIAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5410: instalações elétricas de baixa tensão.
Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
CREDER, H. Instalações elétricas. Atualização e revisão de Luiz Sebastião Costa. 16. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2016.
GEBRAN, A. P.; RIZZATO, F. A. P. Instalações elétricas prediais. Porto Alegre: Bookman, 2017.
[1] Essas exceções fazem parte do “Anexo I – regulamentação específica que define os níveis