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Subestação

Aula 1: Introdução aos Sistemas Elétricos de Potência

Apresentação
Nesta aula, abordaremos a introdução aos Sistemas Elétricos de Potência (SEP), como se desenvolveram os estudos a
respeito da eletricidade e o surgimento dos SEP em escala comercial. Também estudaremos quais são as principais
características dos SEP, abordando as suas composições seus elementos básicos, sua demanda e carga para atender ao
consumidor e os níveis de tensão padronizados e não padronizados.

Objetivos
Discutir como surgiram os Sistemas Elétricos de Potência (SEP);

Identificar os componentes de Sistema Elétrico de Potência (SEP);

Esclarecer sua importância no contexto dos sistemas elétricos.

Introdução aos Sistemas Elétricos de Potência


Entre os séculos XVIII e XIX, houve avanços significativos na área da eletricidade, com a realização de vários experimentos em
que foi possível comprovar a eletricidade e o eletromagnetismo, como veremos a seguir:

Bateria elétrica
 As invenções começaram com o invento da bateria elétrica, que é a transformação da energia química
em elétrica, posteriormente, do gerador elétrico, com a conversão de energia mecânica em elétrica e
do motor elétrico, que realiza a conversão inversa.

Lâmpada elétrica
 Estudos seguintes consistiam em como distribuir essa eletricidade para aplicação comercial, o que foi
possível na segunda metade de século XIX, com a invenção da lâmpada elétrica que seria utilizada
para iluminação pública.
 Usina geradora de energia
Os sistemas de potência começaram a tomar forma na Inglaterra, onde foi montada a primeira usina
geradora de energia hidráulica por roda de água, que atendia à rede de iluminação pública com cerca
de 40 lâmpadas, todas de corrente alternada.

Distribuição de energia
 Pouco tempo depois nos Estados Unidos, Edison realizou projeto semelhante para suprir com
eletricidade quase sessenta clientes próximos de sua usina. Essa usina gerava energia em corrente
contínua (CC) e enfrentava uma limitação de distribuição de energia, pois o sistema à corrente
contínua apresentava muitas perdas elétricas.

Transformador de energia
 Quando o transformador foi inventado, uma nova possibilidade surgiu para os sistemas de distribuição
em corrente alternada.

A próxima invenção foi feita por Tesla, que gerou energia em corrente alternada (CA) num sistema
polifásico. A partir daí, surgiram as linhas de transmissão em CA com tensões da ordem das dezenas
de kV.

Guerra das correntes


 Assim, na década de 1890, se acirraram as disputas entre Westinghouse e Edison na famosa guerra
das correntes para decidir qual corrente - CC ou CA - seria a padronizada para a
distribuição/transmissão da energia elétrica.

A possibilidade da transmissão de energia elétrica em alta tensão por longas distâncias, a


transformação da tensão e o uso mais simples e econômico foram os fatores que tornaram a corrente
CA vencedora.

Transmissão em CC
 No início da década de 1950, no entanto, a transmissão em CC passou a ser viável devido ao
surgimento de equipamentos que reduziriam os custos (válvulas de mercúrio). Assim, sistemas de
transmissão CC em alta tensão (HVDC – high voltage direct current) surgiram.

Conexão HVDC
 Em 1954, a primeira conexão HVDC surgiu na Suécia, entre a ilha de Gotland e o continente, com um
cabo submarino de 96km de extensão, 100kV e 20MW. Desde então, o interesse por redes HVDC vem
crescendo, principalmente para emprego em longas distâncias.

No Brasil, por exemplo, existe um link HVDC partindo da usina hidrelétrica de Itaipu em 600kV e 810km
de extensão, de Foz do Iguaçu, no Paraná, à Ibiúna, em São Paulo. No mundo, de acordo com dados de
2008, foram desenvolvidas 57 linhas HVDC de até 600 kV.
Atividade
1. Sobre o histórico dos sistemas elétricos de potência, analise as afirmativas a seguir:

I. As redes de transmissão de energia em corrente contínua quando utilizados em longas distâncias apresentam perdas
elevadas, como demonstrou Thomas Edison.

II. Diversos cientistas, empresários e estudiosos tiveram seus nomes transformados em unidades de medidas elétricas,
como Volta, Ampère, Ohm, Faraday e Henry.

III. Os sistemas de transmissão de energia elétrica existem graças a Edison que inventou os sistemas polifásicos.

Assinale a alternativa que corretamente dispõe a ordem das afirmativas verdadeiras (V) e falsas (F).

a) V, F, V.
b) F, V, V.
c) V, V, F.
d) V, F, F.
e) V, V, V.

Características de um SEP
Os SEP são definidos como sistemas que têm o objetivo de fornecer energia elétrica com qualidade, no momento em que é
demandada (solicitada), tanto a grandes como a pequenos consumidores. Alguns requisitos básicos são importantes:

 
Continuidade do serviço Conformidade
Energia sempre disponível. Obedece a padrões.


Flexibilidade
Capacidade de se adaptar a novas topologias.

 
Segurança Manutenção
Sem risco aos consumidores. Restauração do sistema o mais rápido possível em caso de
falha.

Os SEP normalmente são trifásicos, mas também podem ser bifásicos e monofásicos. Muitos equipamentos fazem parte de
um SEP, como compensadores síncronos, bancos de capacitores, bancos de indutores, geradores, relés, transformadores,
linhas, para-raios etc.

Um SEP é formado pelas seguintes partes:

 
Geração de energia Transmissão e distribuição de energia
Conversão de alguma forma de energia, como a térmica e a Sistemas que transportam a energia para os consumidores.
cinética para produção de energia elétrica.


Consumidores
Fazem uso da energia elétrica para diversas aplicações, tais
como para o funcionamento de lâmpadas, motores,
computadores etc.

A figura a seguir apresenta um esquema típico de um SEP.

Legenda:
Vermelho: Geração
Azul: Transmissão
Verde: distribuição
Preto: Cliente
 Esquema de um SEP. (Fonte: Wikimedia)

Em um SEP, a geração costuma produzir energia com tensões entre 6,9kV e 30kV. As usinas geradoras estão longe dos centros
consumidores, como as hidrelétricas, por exemplo, que são a maior fonte de geração do SEP brasileiro, em que os níveis de
tensão são elevados por transformadores (trafo) elevadores. Com o nível de tensão aumentado, a energia é transportada com
menores perdas pelos sistemas de transmissão.

Esta energia é tarifada pelas regras da Agência Nacional de Energia


Elétrica (ANEEL) sob um custo de Tarifa de Uso da Transmissão
(TUST).

Quando chega aos grandes centros consumidores, o nível de tensão é reduzido por transformadores abaixadores e novamente
incide uma tarifa para transportar essa energia nos sistemas de distribuição e viabilizar o consumo da energia com segurança,
que é a TUSD.
Para relembrar:

Perda de potência elétrica


A perda de potência elétrica (P ) é dada pela multiplicação da tensão em volts (V ) pela corrente elétrica (I ).

P = I ⋅ V

Perdas elétricas nos condutores


As perdas elétricas nos condutores (P ) são dadas pela multiplicação da resistência elétrica do condutor pela corrente
elétrica (I ) elevada ao quadrado.

2
P = R ⋅ I

Desta forma, para atender a uma demanda de 138 megawatts, por exemplo, torna-se vantajoso elevar o nível de tensão de
13,8kV para 138 kV, pois a corrente elétrica seria reduzida de 10000A para 1000A. Assim, percebemos que um aumento em 10
vezes do valor da tensão reduziria na perda nos condutores de 100 vezes. Por isso, os sistemas de transmissão são projetados
para trabalhar com tensões elevadas reduzindo a corrente elétrica e as perdas por efeito de joule.
Observando a figura sobre o esquema do SEP, os consumidores podem ser cativos ou livres. Os consumidores cativos
possuem tarifa regulada, isonômica para uma mesma classe (A1 até A4), cuja contratação de energia é feita exclusivamente
com a concessionária de energia local. O consumidor está sujeito às tarifas praticadas pela concessionária local.

A energia é negociada entre a geração, transmissão e distribuição e o


consumidor contrata livremente sua energia e assume seus próprios riscos
e incertezas.

Tensões padronizadas no Brasil


As tensões padronizadas no Brasil para o Sistema Elétrico de Potência (SEP) e Sistema Elétrico de Consumo (SEC) segundo a
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) são:


Para transmissão e subtransmissão em corrente alternada:
750kV – 500kV – 230kV – 138kV – 69kV – 34,5kV – 13,8kV – 11,9kV


Para distribuição primária de corrente alternada em redes públicas:
34,5kV – 13,8kV – 11,9kV

Para distribuição secundária de corrente alternada em redes públicas:
380 volts – 220 volts e 220-127 volts em redes trifásicas.
440-220 volts e 254-127 volts em redes monofásicas.

Representação de um SEP
Os SEP são representados por diagramas unifilares, equivalentes por fase e multifilares. Nos diagramas unifilares, o sistema é
representado por meio de um único fio, omitindo o condutor neutro, comum para sistemas monofásicos ou trifásicos
balanceados (quando as três fases possuem o mesmo carregamento), mostrando apenas os principais componentes e suas
conexões.

 Exemplo de esquema unifilar de um SEP.


Nos diagramas equivalentes por fase, a representação também é unifilar em sistemas com duas ou mais fases. Assim, a
análise numérica do sistema pode ser simplificada, considerando que as fases possuem as mesmas características. Sua
principal aplicação é apresentar os valores de impedância de geradores, linhas de transmissão, transformadores, capacitores,
cabos, cargas etc.

Nos diagramas multifilares, o sistema é representado por meio de dois ou mais fios para ilustrar as interconexões de circuitos
elétricos, apresentando todas as fases do SEP, permitindo uma análise mais detalhada, sempre representando o neutro quando
ele existe.

Atividade
2. Os transformadores de potência são dispositivos comumente empregados em sistemas elétricos para transformar os níveis
de tensão entre os seus terminais primários e secundários, viabilizar o transporte da energia elétrica em longas distâncias
(baixas perdas) ou para possibilitar a utilização dessa energia dentro de níveis seguros de utilização dentro das unidades
consumidoras. Sendo assim, um transformador __________ com relação de transformação de __________, ____________ os níveis
de tensão em ___________ e as perdas ______________.

Sobre transformadores ideais em sistemas elétricos de potência, assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas.

a) elevador, 1 para 10, aumenta, 10 vezes, são reduzidas em 20 vezes.


b) abaixador, 10 para 1, reduz, 10 vezes, são reduzidas em 10 vezes.
c) elevador, 1 para 5, aumenta, 10 vezes, são reduzidas em 5 vezes.
d) elevador, 1 para 5, aumenta, 5 vezes, são reduzidas em 15 vezes.
e) abaixador, 5 para 1, reduz, 5 vezes, aumentam em 25 vezes.

Estudo da demanda e das cargas


Estudar a carga no sistema elétrico de potência consiste na determinação da tensão, da corrente, da potência e do fator
de potência nos pontos da rede elétrica em condições normais de operação. Os estudos de carga são fundamentais para
planejar a expansão do sistema elétrico e sua operação satisfatória.

O conhecimento dos efeitos de interligação de um sistema a outros, que possui outras cargas e outras centrais de
geração, é de fundamental importância para seu correto funcionamento.

 (Fonte: Oleg Elkov / Shutterstock)

Atenção
Os estudos de carga são realizados através de computadores que fornecem as soluções para estudos de fluxo de cargas em
sistemas complexos. Os programas computacionais atuais podem comportar mais de 1500 barras, 2500 linhas e 500
transformadores, com mudança de derivação, sobrecarga e transformadores defasadores. Os resultados completos são
impressos e documentados.

Transmissão CA e CC
O modelo de transmissão de energia elétrica que prevaleceu na maioria das aplicações é o que utiliza corrente alternada. As
razões para a escolha da CA ao invés da CC estão listadas a seguir:

Para grandes quantidades de energia, a geração em CA é mais econômica do que a geração em CC;

As cargas indutivas, normalmente motores, quando em CA, são de fabricação mais barata;

Quando utilizamos alimentação alternada, é possível empregar transformadores que permitem alterar níveis de tensão e
corrente para otimizar a transmissão de energia;

A transformação de CA para CC é mais barata e mais simples do que a conversão inversa, ou seja, de CC para CA.

 Elementos básicos em CA

 Clique no botão acima.

Elementos básicos em CA
Uma corrente elétrica encontra vários componentes em seu trajeto, saindo da geração e chegando ao ponto de
consumo. Esses componentes são os resistores, indutores e capacitores, que normalmente estão associadas entre si.

Tomando como base o caso mais simples, quando a corrente elétrica encontra somente o resistor puro, teremos a
tensão e a corrente em fase, ou seja, não há diferença angular entre elas.

Já no caso do indutor, quando não ocorre esse casamento da onda de tensão e corrente, verificamos que a corrente
está atrasada 90°em relação à tensão. No capacitor, ocorre o fenômeno inverso, ou seja, a tensão está atrasada 90°
em relação à corrente. Por causa dos indutores e capacitores que existem nos circuitos elétricos, é necessário que
haja um fornecimento de energia adicional (energia reativa) para a formação dos campos elétricos ou magnéticos
necessários para o funcionamento de cargas capacitivas e indutivas.

Como, na prática, as cargas capacitivas e indutivas não são ideais, ou seja, puramente capacitivas ou puramente
indutivas, teremos o desfasamento entre tensão e corrente entre valores que variam de 0 a 90°em atraso ou em
adianto respectivamente.

Normalmente encontramos mais cargas indutivas do que capacitivas. Exemplos de cargas de indutivas são:

Lâmpadas florescentes;
Motores de indução;
Transformadores em geral.
As cargas capacitivas são mais comuns em instalações industriais. Elas são usadas como corretores de fator de
potência, que representam o atraso da corrente elétrica em relação à tensão.

Atividade
3. Assinale a alternativa que não representa uma vantagem da transmissão de energia em CA sobre a transmissão em CC.

a) A geração CA em grandes potências é mais econômica do que a geração em CC.


b) Os motores em CA apresentam fabricação mais barata e, por isso, são largamente utilizados, sendo, então, necessário o fornecimento
de CA.
c) A CA é a única que pode ser transmitida por longas distâncias.
d) Com CA, é possível utilizar transformadores com a alteração de níveis de tensão e corrente para otimizar a transmissão de energia.
e) A transformação de CA para CC é mais barata e mais simples.

Referências

PINTO, Milton. Energia elétrica: geração, transmissão e sistemas interligados. Rio de Janeiro: LTC, 2013.

Belico, Lineu. Geração de energia elétrica. São Paulo: Manole, 2011.

MAMEDE, João Filho. Manual de equipamentos elétricos. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC.

Próxima aula

Tipos de subestações;

Formas de instalação de uma subestação.

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Associação Brasileira dos Consumidores de Energia Elétrica - Mercado livre.

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