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Subestação

Aula 4: Principais equipamentos em subestações e sua


classificação por funções – parte 1

Apresentação
Nesta aula, conheceremos os principais equipamentos e acessórios utilizados em subestações. Começaremos pelo ramal
de entrada que é composto pelos condutores que saem da rede da concessionária e adentram nas instalações do
consumidor, sendo que esses cabos possuem características especiais pois são utilizados para redes de média tensão.

Abordaremos a proteção contra surtos de tensão, que pode entrar nas instalações pelos cabos de energia e causarem
mau funcionamento dos equipamentos instalados. Esses surtos podem ser por descargas atmosféricas diretas ou
indiretas ou chaveamentos na rede primária de energia.

Por fim abordaremos os dispositivos conhecidos como para raios poliméricos ou para raios de linha cuja função é
proteger as instalações desses surtos de energia. Conheceremos a técnica utilizada para confecção desses para raios.
Objetivos
Conhecer os vários tipos de equipamentos das subestações;

Diferenciar os modelos dos equipamentos e suas vantagens, desvantagens e aplicações.

Ramal de ligação
Iniciaremos pelo ramal de ligação, que é constituído normalmente por condutores, isoladores e outros materiais para sua
fixação. O trecho que compreende o ramal de ligação é o ponto de entrega da distribuidora e o ponto de entrada na subestação.
Dependendo do tipo de subestação e seu arranjo, o ramal de ligação pode ser:

 
Aéreo Subterrâneo
São condutores suspensos, fixados na estrutura de fixação Os condutores são isolados e instalados em eletrodutos
e ancoragem, normalmente compostos por cobre, alumínio, que, pela necessidade da resistência mecânica contra
ou alumínio com alma de aço, devidamente espaçados compressão e outros esforços, são do tipo corrugado, em
entre si. PVC, que suportam grandes tensões, sendo apropriados
para travessias de vias públicas e calçadas.

Alguns arranjos subterrâneos incluem o fornecimento de dois ramais de ligação, ambos energizados e em paralelo, para maior
confiabilidade do fornecimento. Assim, cada ramal suporta toda a demanda do sistema, ficando o outro como reserva. Este é o
caso do fornecimento de ramais de distribuição de algumas concessionárias em locais onde a falta de energia teria grande
impacto a muitos consumidores. Neste caso, os ramais partem de subestações diferentes, reduzindo, assim, a possibilidade de
falta de energia.

Como o sistema elétrico do Brasil é trifásico, o ramal de possui três condutores (média ou alta tensão) e, quando o neutro é
distribuído, possui quatro condutores (três fases e o neutro), sendo este caso comum para redes de distribuição em baixa
tensão.

Eventuais ramais de ligação em média tensão possuem quatro condutores,


sendo um deles reserva para um rápido reestabelecimento em caso de
defeito dos condutores de fase.

Atividade
1. Analise as afirmativas abaixo e classifique-as como verdadeiras ou falsas.

I. O ramal de ligação aéreo é constituído por condutores suspensos, fixados na estrutura de fixação e ancoragem, normalmente
compostos por cobre, alumínio, ou alumínio com alma de aço, devidamente espaçados entre si.

II. O ramal de ligação aéreo é constituído por condutores suspensos, fixados na estrutura de fixação e ancoragem,
normalmente compostos por cobre, alumínio, ou alumínio com alma de aço, devidamente espaçados entre si.

III. Eventuais ramais de ligação em média tensão possuem quatro condutores, sendo um deles reserva para um rápido
reestabelecimento em caso de defeito dos condutores de fase.

Atribuindo “V” para a sentença verdadeira e “F” para a sentença falsa, temos a seguinte sequência:

a) F, V, V.
b) V, V, V.
c) V, F, V.
d) F, F, V.
e) V, F, F.

Condutores de AT
Os condutores de alta tensão (AT) não são iguais aos de baixa tensão. Os cabos de AT normalmente possuem a parte
condutora central revestida de várias camadas de isolamento e, no meio deste isolamento, uma outra camada condutora como
blindagem desse cabo. O material de revestimento normalmente é o PVC (cloreto de polivinila), o EPR (etileno propileno) ou
XLPE (polietileno).
 Camadas do cabo de 8,7-15kV.

1 2

Condutor de cobre eletrolítico nu, têmpera mole, encordoado Blindagem do condutor: Composto de termofixo
circular compactado (classe 2). semicondutor.

Isolação; composto por XLPE.

4 5

Blindagem de Isolação: Camada de composto termofixo Blindagem metálica.


semicondutor.

6 7

Separador Fita não higroscópica de poliéster, aplicada em Cobertura: Composto de PVC.


hélice cobrindo 100% dos cabos.

Na imagem da camada dos cabos, verificamos a composição dos cabos e percebemos que possuem dois valores de isolação.
O primeiro refere-se à isolação do centro do condutor até sua periferia (neste caso, 8,7kV) e o segundo de 15kV, referindo-se ao
isolamento entre o centro de dois condutores distintos.

 Tensão suportável entre fase e terra e entre fase e fase. | Fonte: Cabine Primária.
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Muflas
Até aqui, verificamos a importância do isolamento e, pela classe de tensão, percebemos que a área de isolamento de um cabo
de média ou alta tensão é maior que a área do condutor metálico. Para garantir a rigidez dielétrica do cabo, ou seja, um
isolamento adequado, são necessárias essas camadas de isolamento.

Há, porém, algumas questões nesse caso:


Como fazer a conexão do cabo com o equipamento já que a

Ao remover o isolamento, como evitar que haja um
camada de isolamento deve ser removida? centelhamento ou um curto do cabo e sua blindagem?

Nesses casos, é necessário utilizar um mufla (cobertura na extremidade do cabo), onde pode ser fixada um conector na parte
condutora tipo olhal para fixação nos equipamentos. Essa cobertura possui as mesmas características de isolação da
cobertura original do cabo.

Veja a seguir, muflas de uso interno e externo.


 Muflas.

Para-raios e descargas
atmosféricas
Os estudos com descargas atmosféricas começaram no
século XVIII, com observações de William Hall, e o famoso
experimento de Benjamin Franklin ao empinar uma pipa
num dia de tempestade com uma chave presa à linha.

O relâmpago é um deslocamento de cargas que acontece


com a quebra da rigidez dielétrica da nuvem, quando o
campo elétrico da nuvem ioniza o ar e reduz a rigidez
dielétrica até ocorrer a movimentação dos elétrons numa
descarga. As medidas realizadas pelo ELAT (Grupo de
Eletricidade Atmosférica, vinculada ao INPE) mostraram
valores máximos entre 100 e 400kV/m de campo elétrico da
nuvem. Ao todo, cerca de 90% dos raios são do tipo nuvem-
solo de carga negativa.

Fonte: Por Mario Breda / Shutterstock.

Com o avanço dos satélites, foi possível determinar com mais precisão a densidade de descargas atmosféricas em
uma região. É comprovado que a densidade das descargas é maior em latitudes menores que 50º. Como o Brasil
situa-se dentro desta faixa, possui densidade de raios alta, inserindo nosso país entre aqueles com mais incidências de
descargas por ano.

Devido a essa moderna rede de monitoramento, estima-se que quase 78 milhões de raios por ano do tipo nuvem-solo
atinjam o solo do Brasil. Com essas informações podemos perceber a importância da proteção das subestações
contra esse fenômeno da natureza.

 Fonte: Por Artur Balytskyi / Shutterstock.

Atenção
Segundo as medições do ELAT, o raio possui potencial de 100 milhões de volts, com valores médios de corrente no solo de
30kA, com valores máximos registrados da ordem de 400kA, que atingem seu pico em poucos microssegundos e diminuem
para metade em 50µs.

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Nas subestações, existem equipamentos destinados à proteção contra descargas atmosféricas diretas e indiretas.

 Proteção contra descargas diretas

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TÍTULO
Consideramos uma descarga atmosférica direta aquela que atinge a rede de energia, provocando surtos de tensão
transitório e, consequentemente, situações de anomalias da rede normalmente em uma das fases (a que é atingida
pela descarga), mas também pode ser uma sobretensão bifásica ou trifásica.

Consideramos uma descarga atmosférica direta aquela que atinge a rede de energia, provocando surtos de tensão
transitório e, consequentemente, situações de anomalias da rede normalmente em uma das fases (a que é atingida
pela descarga), mas também pode ser uma sobretensão bifásica ou trifásica.

A tensão suportável de impulso para descaras atmosféricas de uma rede de 230kV é de pouco mais de 1.000kV. Para
uma rede de 69kV, a tensão suportável é de 355kV. Para uma rede de distribuição de 13,8kV, a tensão suportável de
impulso é de 95kV.

Se tomarmos a impedância das redes como base, teremos numa rede de distribuição de 13,8kV com valor de
impedância de 35Ω/km (valor comum para essas redes). Uma descarga atmosférica “pequena” de 5kA provocaria um
surto de tensão de 875kV, valor muito superior ao suportável de 95kV. Já na rede de alta tensão esse valor não é tão
relevante pela maior suportabilidade à tensão de impulsos.

Representamos uma onda de impulso (de origem atmosférica) no tempo pelo valor de crista e pelo tempo
subsequente para que a tensão de cauda da onda atinja o valor médio da crista. Os ensaios (próximos dos reais) são
realizados com ondas de 1,2/50µs, em que a crista ocorre em 1,2µs e a tensão média da cauda em 50µs.

A velocidade de propagação dessas ondas de impulso transiente atmosférico em cabos nus é de 300m/µs, e, para
cabos isolados, 150m/µs. Então, em uma rede com cabos isolados, uma descarga atmosférica que atingiu um cabo
possui uma onda de impulso com frente de onda de:

150𝑚 𝑥 1,2=180m
A proteção contra descargas diretas em subestações e redes elétricas é feita com a instalação de um sistema de
captação dessa descarga, que pode ser feita com:

Condutores suspensos (subestações e redes);

Hastes com captores tipo Franklin ou gaiola de Faraday (subestações);


Para-raios de linha (para-raios polimético) no cabo de fase.

Condutores suspensos
O item 5,2,1 da NBR 5419-2015 – 3 (Proteção de Estruturas contra Descargas Atmosféricas) comtempla esse método, formado
por um condutor suspenso numa catenária com condutores de descida da descarga na estrutura de fixação, chamado de cabo
guarda ou cabo para-raios. O volume protegido é obtido em função do nível de proteção do sistema.

Legenda
A Topo do captor

B Plano de referência

OC Raio da base do cone de proteção

h1 Altura de um mastro acima do plano de referência

𝛼 Ângulo de proteção

Volume de proteção provido por elemento condutor suspenso / Fonte: NBR


5419/2015-3.
 Volume de proteção provido por elemento condutor suspenso / Fonte: NBR 5419/2015-3

Veja na imagem a seguir, um cabo para-raios.


 Cabo para-raios / Fonte: sonataengenharia.

Hastes com captores


São instalados nas partes mais altas das edificações ou estruturas com o objetivo de ser o ponto de impacto da descarga
atmosférica e também possuem metodologia de instalação na NBR5419/2015 – 3, em que é dimensionado um volume de
proteção em função do nível de proteção e da altura do mastro.

Legenda
A Topo do captor

B Plano de referência

OC Raio da base do cone de proteção

h1 Altura de um mastro acima do plano de referência

𝛼 Ângulo de proteção

Volume de proteção provido por um mastro reto / Fonte: NBR 5419/2015-3


 Proteção contra descargas atmosféricas por mastro reto e captor em subestações.

Nas estruturas construídas em alvenaria para abrigar subestações, pode ser feita a proteção contra descargas atmosféricas
por gaiola de Faraday, com a instalação de condutores reticulados na cobertura e interligados à terra.

 Gaiola de Faraday / Fonte: caldeiraeletrica.

Para-raios de linha

Dispositivo semicondutor para proteção da rede contra


surtos de manobra e de descargas atmosféricas. Esse tipo
de para-raios é fabricado com óxidos metálicos
(normalmente o óxido de zinco), sendo monofásico e ligado
de um lado à fase e, do outro, ao aterramento.

Esse tipo de para-raios possui comportamento de uma


chave aberta (isolante) até o valor nominal de corrente e
tensão e se comporta como chave fechada para valores
acima dos nominais, fechando o condutor de fase com a
terra num “curto-circuito” com o objetivo de criar um
caminho de baixa impedância para que o surto de tensão
desvie para o aterramento e não entre na instalação. Ao
encerrar o surto, se o equipamento não for danificado, ele
volta ao seu estado de funcionamento normal (como uma
chave aberta entre a fase e a terra).
Para-raios de linha de 15kV.
Nas subestações de média tensão, na rede de distribuição, sua
instalação é feita na cruzeta, junto ao ponto de ancoragem da
subestação simplificada ou na alvenaria, também junto ao ponto de
ancoragem para as subestações abrigadas.

Assim ele é formado por uma proteção primária, sendo instalado normalmente antes da entrada da subestação.

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 Para-raios de linha.

Atividade
2. Analise as afirmativas abaixo e classifique-as como verdadeiras ou falsas.

I. O para-raios do tipo condutor suspenso é formado por uma catenária fixada na estrutura da linha, chamada de cabo-guarda
ou cabo para-raios.

II. O para-raios tipo haste metálica é instalado nas partes mais altas das edificações ou estruturas com o objetivo de ser o
ponto de impacto da descarga atmosférica.

III. O para-raios de linha é instalado na entrada da edificação com o objetivo de receber uma descarga atmosférica direta e
conduzi-la para a terra.

Atribuindo “V” para a sentença verdadeira e “F” para a sentença falsa, temos a seguinte sequência:

a) F, V, V.
b) V, V, V.
c) V, F, V.
d) F, F, V.
e) V, V, F.

Descargas atmosféricas indiretas


São causadas por tensões induzidas por descarga atmosférica em outro local, às vezes, próximos à rede. Estudos mostram
valores médios de tensão induzida de 10% do valor da tensão da descarga e assumem, praticamente, o mesmo valor em cada
fase, com polaridade negativa em cerca de 90% dos casos.

O único dispositivo de proteção é o para-raios de linha.

Chave fusível
Chave monofásica, instalada como proteção no lado de
média tensão das subestações simplificadas e de algumas
subestações abrigadas de pequeno porte, sendo bastante
utilizada pelo seu preço mais barato e pelo bom
desempenho na proteção contra curtos e sobretensões
(neste caso, são necessárias três chaves, uma para cada
fase).

Chave fusível.

A chave fusível também é conhecida como chave Matthews.

Na imagem a seguir podemos ver uma chave fusível para proteção de subestação simplificada.
 Chave fusível para proteção de subestação simplificada / Fonte: Cixcon.

No interior do cartucho, também chamado de porta-fusível (parte cilíndrica, lisa, parecendo um tubo de PVC) encontra-se o elo
fusível, de onde, efetivamente, vem a proteção através da queima e abertura do circuito. Não muito raro, na queima do elo
fusível, não há a interrupção total do circuito, pois, em tensões mais elevadas e na distribuição, ocorre a formação de um arco
elétrico entre os terminais, passando pelo interior do porta-fusível, pois é um local muito ionizado. Para evitar a formação desse
arco, os elos fusíveis são instalados em um tubinho como um canudo, que recobre o elo. Ao se fundir ao elo, o calor faz com
que esse tubinho libere gases anti-ionizantes, extinguindo o arco.

Os elos são fabricados e especificados pelo seu tempo de atuação e sua corrente, codificados nos seguintes tipos:

“H” “K”
Elo de alto surto, possui tempo de atuação mais lento, é Possui tempo de atuação menor (mais rápido), é utilizado
utilizado para transformadores de distribuição e para ramais de alimentadores de distribuição ou ao longo
subestações simplificadas com transformador de baixa dos ramais e em proteção geral de transformadores de
potência (75kVA). A atuação mais lenta é para evitar que o subestação simplificada. A relação de rapidez é de 6 a 8,1.
elo se funda à partida do transformador devido ao surto de
corrente (corrente inrush). Tem relação de rapidez de 11,4 a
36,4.

“T”
Destinado à proteção de alimentadores e ramais de
distribuição. O tempo de rapidez varia de 10 a 13.

A rapidez é dada pela razão entre a corrente de surto suportada num tempo de 0,1s a 300s para elos de até 100A e de 600s
para elos maiores e a corrente mínima de fusão do metal do elo fusível. Assim, a corrente de fusão de um elo com 3H é 4,5A e
ele suporta 80A em 0,1s. Assim, temos uma relação de:

80
= 17, 4
4,5

Os elos fusíveis são constituídos de estanho e projetados para operar a uma temperatura de 100ºC e se fundir a 230ºC.

Atividade
3. Analise as afirmativas abaixo e classifique-as como verdadeiras ou falsas.

I. Também conhecida por chave Matthews, é uma chave monofásica, instalada como proteção no lado de média tensão das
subestações simplificadas e de algumas subestações abrigadas de pequeno porte, subestações de grande porte e
subestações de extra alta tensão, sendo pouco utilizada pelo seu preço mais caro e pelo bom desempenho na proteção contra
curtos e sobretensões.

II. O elo fusível é o elemento de onde, efetivamente, vem a proteção, porém, na queima do elo fusível, ocorre a formação de um
arco elétrico entre os terminais, passando pelo interior do porta-fusível.

III. Os elos são fabricados e especificados pelo seu tempo de atuação e sua corrente, codificados como os seguintes tipos: K, H
e T, sendo o tipo T utilizado em subestações simplificadas.
Atribuindo “V” para a sentença verdadeira e “F” para a sentença falsa, temos a seguinte sequência:

a) F, V, V.
b) V, V, V.
c) V, F, V.
d) F, F, V.
e) V, V, F.

Notas
Referências

Barros, Benjamim Ferreira, Gedra, Ricardo Luís. Cabine Primária - Subestações de alta tensão de consumidor. São Paulo:
Érica, 2011.

MAMEDE, João Filho. Proteção de sistemas elétricos de potência. Rio de Janeiro: LTC, 2013.

Próxima aula

Equipamentos de subestações;

Sobretensões na rede;

Aterramento.

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