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Introdução

É um dispositivo com a função restabelecer as condições de isolação da extremidade de


um condutor isolado quando este é conectado a um condutor nu ou a um terminal para ligação de
equipamento.
O objetivo da mufla é fazer uma transição suave nos campos elétricos nestas transições,
já que a simples interrupção do isolamento cria um estresse (linhas de campo muito densas) que
danificam o isolamento naquela região (devido à brusca mudança de permissividade elétrica, que
é muito diferente do isolante sólido para o ar).

Figura 1 – Muflas Uso Interno/Externo


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Campo Elétrico nos Cabos
Um cabo de média e alta tensões é composto, entre outros elementos, de um
condutor, um isolamento e uma blindagem eletrostática metálica. Assim, fica estabelecido
neste meio um campo elétrico que, em circuitos contínuos, é radial e uniforme. Considerando
que o cabo seja dotado de uma camada semicondutora entre o isolamento e o material
condutor, são estabelecidas linhas equipotenciais, isto é, que tenham o mesmo potencial, no
meio dielétrico, cuja densidade é maior nas proximidades do condutor e menor na superfície
do isolamento.

Figura 2 – Vista Frontal de um condutor.


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Seccionamento do Condutor
Quando um cabo é seccionado, para se proceder uma emenda, por exemplo, as linhas
de campo radial convergem para a extremidade da blindagem eletrostática, provocando uma
elevada intensidade de campo elétrico em torno do corte da referida blindagem.

Figura 3 – Campo Elétrico de um condutor seccionado.


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Cone de Deflexão
Nestas condições é imperativa a necessidade de se reduzir este gradiente de tensão, no
processo de emenda do condutor. Assim, aumenta-se gradualmente a espessura da isolação, a partir
do corte da blindagem até um determinado ponto da extremidade do cabo, formando o que se
denomina cone de alívio de tensão, ou cone de deflexão.

Figura 4 – Distribuição do Campo Elétrico no Cone de Deflexão

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Arco Elétrico (Flash Over)
O meio ambiente, contendo partículas condutoras em suspensão, resultante da poluição
provocada pelos processos industriais e pela névoa salina oriunda da arrebentação das ondas
marítimas, favorece extremamente o surgimento de um arco entre o terminal energizado e a
blindagem do condutor, danificando, em consequência, a isolação.

Figura 5 – Formação do Arco por Ionização.

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Fenômeno Tracking
Um outro fenômeno nocivo à isolação dos cabos é a circulação de correntes através da sua
superfície, na região compreendida entre o material condutor e a blindagem. Este fenômeno é
favorecido pela natureza dos poluentes na atmosfera e resulta na queima da isolação, formando
inúmeros caminhos em forma arborescente. É conhecido como tracking e a sua gravidade está
relacionada também com o tipo de isolamento utilizado.

Figura 6 – Fenômeno Tracking no isolamento do Condutor.

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Mufla Terminal Singela
Vista Externa Vista Interna

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Terminação Termocontrátil (Raychem)
• Substitui as tradicionais, que são as de porcelanas;
• Boa elasticidade térmica;
• Resistentes ao calor (Temperatura de Fusão entre 50°C e 100°C);
• Contém aditivos como: antioxidantes, retardantes de chamas, estabilizantes contra raios UV etc.
Vista Externa Vista Interna

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Terminação Termocontrátil Tripolar
Terminal Tripolar Terminal na Caixa de Entrada do Equipamento

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Aplicação de Muflas Terminais
Inicialmente será explanada a confecção de mufla terminal

Aplicação de Muflas Terminais


a) Preparação da extremidade do cabo
al) seccionar e retirar a capa externa, a blindagem metálica
eletrostática, a camada semicondutora, obedecendo às medidas
indicadas pelo fabricante;
a2) retirar, na ponta do cabo, a isolação, afinando-a suavemente;
a3) instalar o conector terminal na extremidade do condutor;
a4) fazer à soldagem da blindagem metálica eletrostática com a
cordoalha de aterramento

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Aplicação de Muflas Terminais
b) Execução da terminação

b1) envolver a ponta do condutor com a fita


semicondutora;
b2) aplicar sobre a fita semicondutora a fita de autofusão;
b3) aplicar sobre a isolação do cabo, a uma distância
preestabelecida da ponta do condutor, uma determinada
quantidade de fita autofusão, de modo a obter a
geometria de um duplo cone de alturas diferentes;
b4) aplicar sobre a fita de auto fusão uma camada de fita
isolante na base do cone de deflexão;

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Aplicação de Muflas Terminais
b) Execução da terminação
b5) aplicar sobre o cone de deflexão uma camada de fita
semicondutora a partir de sua base até atingir a blindagem
do cabo;
b6) aplicar sobre a fita semicondutora a fita de blindagem, a
uma determinada distância da base do cone de deflexão e
conectando a sua outra extremidade à cordoalha de
aterramento;
b7) dobrar sobre a blindagem eletrostática parte da camada
semicondutora;
b8) aplicar sobre a parte enfaixada do cone de deflexão
uma camada de fita isolante;

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Aplicação de Muflas Terminais

b) Execução da terminação
b9) aplicar um número especificado de
camadas de fita de autofusão sobre toda a parte
enfaixada do cabo, desde a superfície da
isolação até a capa externa de proteção;
b10) envolver toda a superfície da terminação
com um determinado número de camadas de
fita isolante.

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Aplicação de Muflas Terminais
c) Montagem da mufla
c1) introduzir no interior do corpo de
porcelana vitrificada a terminação
anteriormente preparada;
c2) preencher com resina epóxi os espaços
vazios do interior do corpo de porcelana;
c3) ligar ao terminal terra do corpo de
porcelana a blindagem eletrostática.

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Aplicação de Terminais Termocontráteis
• As terminações termocontráteis não devem ser utilizadas em ambientes de
elevada poluição.

• Este tipo de mufla vem acompanhada de um kit de montagem constituído dos


seguintes componentes: tubos termocontráteis, adesivos, malha de cobre,
cordoalha de aterramento, conector de aterramento, material de limpeza e a
instrução de montagem.

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Aplicação de Terminais Termocontráteis
Aplicação de Terminais Termocontráteis
A execução de uma terminação termocontrátil envolve uma quantidade de passos bem
menor e uma simplicidade de trabalho característica deste material, ou seja:
• preparar o cabo da mesma maneira mencionada nos passos al-a2-a3-a4;
• aplicar o tubo de controle de campo elétrico que envolve parte da blindagem eletrostática;
• aplicar calor sobre o tubo de controle de campo elétrico, através de maçarico;
• envolver as extremidades da terminação de uma camada de fita adesiva;
• colocar sobre a terminação o tubo isolante e depois aplicar calor sobre o tubo isolante;
• aplicar a quantidade necessária de saias, contidas no kit. Que possuem a função de
aumentar a distância de escoamento da corrente de fuga.

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Aplicação de Terminais Termocontráteis

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Aplicação de Terminações a Frio
• O cabo deve ser preparado de forma
semelhante ao que já foi descrito.
• Para aplicar, por exemplo, o tubo defletor
sobre a isolação do cabo basta retirar a fita
plástica espiralada instalada no interior do
referido tubo. De forma natural, o tubo se
contrai sobre a isolação do cabo aderindo
uniformemente a esta.
• É de aplicação rápida e não utiliza nenhum
artifício externo.
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Aplicação de Muflas em Ambientes Poluídos
• Quando as muflas são utilizadas em atmosferas com alta poluição marítima ou
industrial, é necessário utilizar o corpo de porcelana com uma distância de
escoamento superior àquela normalmente empregada em ambientes comuns.
• Este procedimento dificulta a formação de centelhamento entre o ponto de
conexão da mufla com o sistema e o seu ponto de fixação ou o seu próprio
terminal de aterramento.
• Quanto maior a distância de escoamento, maior é o tempo necessário para se fazer
à limpeza da mufla.

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Ensaios
O fabricante deve ensaiar as terminações em suas instalações na
presença do inspetor do comprador. Os ensaios compreendem:
• aspectos construtivos e visuais;
• ensaios no isolador ;
• ensaios nos elementos componentes do kit.

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Ensaios
Tipos de ensaios
• Ensaios Térmicos
• Ensaios Físico-Químicos
• Ensaio de Névoa Salina: O ensaio de névoa salina tem como objetivo medir
a variação da corrente de fuga de terminações externas operando em ambientes
com névoa salina.
• Ensaio de Hidrofobicidade: hidrofobicidade é uma propriedade dos materiais
que refere à capacidade em repelir água evitando que ocorra formação de
zonas molhadas na sua superfície. Proporcionando a supressão da corrente de
fuga superficial e aumento da suportabilidade a descargas disruptivas.

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Ensaios
Tipos de ensaios
• Ensaios Elétricos
• Ensaio de Fator de Dissipação: O fator de dissipação fornece indicações de
perdas no dielétrico.

• Ensaios Mecânicos.

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Especificação Sumária
Para se especificar corretamente uma mufla ou terminação, é necessário
estabelecer os seguintes parâmetros:
• tensão nominal;
• tensão máxima de operação;
• tensão suportável de impulso;
• tensão suportável a seco durante 1 minuto;
• tensão suportável sob chuva, durante 10 segundos;
• características técnicas e dimensionais do cabo;
• nível de isolamento: 100% - para sistemas com neutro ligado à terra e 133% para
sistemas com neutro isolado;
• material do condutor: cobre ou alumínio;
• tipo do encordoamento.

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Bibliografia Consultada
• FILHO, João Mamede;Manual de Equipamentos Elétricos. 3a. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2005.

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