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Proteção de Sistemas Elétricos

Distúrbios de Tensão

1. Cite as causas e características das sobretensões atmosféricas.

R/As sobretensões atmosféricas são causadas por raios que incidem diretamente
sobre linhas de transmissão ou subestações, ou em regiões próximas à rede elétrica.
Possuem caráter impulsivo, com valores de pico máximos de 6 pu. e duração de
alguns microsegundos a até 1 milisegundo.

2. Em caso de surto atmosférico, explique o que poderá ocorrer nos isolamentos


auto-regenerativos caso a máxima tensão de suportabilidade dos mesmos seja
excedida.

R/ Em caso de surto atmosférico, se o nível de suportabilidade de tensão da linha


for excedido, há a formação de arco através do ar ou de uma cadeia de isoladores,
o que normalmente não produz dano ao sistema por causa da atuação dos relés de
proteção e da abertura do disjuntor. Neste caso, o isolamento é auto-regenerativo,
podendo o religamento ser feito alguns ciclos após, de forma automática e rápida.
Nos transformadores, máquinas elétricas e outros equipamentos, a ruptura do
isolamento é um dano permanente, pois não há regeneração.

3. Diga o que significa índice ceráunico, curvas isoceráunicas e mapa isoceráunico.

R/ Índice ceráunico refere-se ao número de dias de trovoada de um determinado


lugar por ano. Curvas isocerúnicas são linhas que ligam pontos (localidades) que
têm o mesmo nível ceráunico. O conjunto de curvas isoceráunicas de cada região
geográfica denomina-se mapa ceráunico.

4. Descreva de modo sucinto os sistemas de aterramento usados em prédios,


usinas, subestações e linhas de transmissão.

R/ ▪ hastes captoras ou para-raios tipo Franklin (prédios);


O princípio de operação das hastes captoras é baseado no poder das pontas. Por
interação eletrostática entre a nuvem e o captor (conjunto de pontas metálicas)
existente na extremidade superior de uma haste instalada no alto do prédio, há
concentração de cargas no captor, de modo a ocasionar uma descarga elétrica que
é escoada para a terra mediante um cabo de descida e uma haste de aterramento
ou malha.

▪gaiola de Faraday (prédios, galpões);


Esse sistema consiste em uma malha de condutores envolvendo a edificação, ligada
a hastes de aterramento, (o campo elétrico no interior de uma gaiola condutora é
nulo). Apresenta custo relativamente elevado. Regulamentação também é feita
pela norma ABNT NBR 5419 (2001) - Proteção de Estruturas contra Descargas
Atmosféricas.
▪cabos-guarda ou cabos para-raios (linhas de transmissão);
Cabos-guarda são condutores de aço instalados acima dos condutores de fase das
linhas de transmissão, os quais proporcionam uma blindagem contra a queda de
raios. O desempenho desse sistema é descrito pelo modelo eletrogeométrico. Este
modelo é baseado no conceito de raio de atração, o qual corresponde à maior
distância rs abaixo da qual, considerando uma descarga piloto com corrente I, esta
atingirá diretamente os cabos para-raios, os condutores de fase ou o solo.

▪descarregadores de surtos ou para-raios (linhas de transmissão, subestações).


São dispositivos ligados em paralelo ao equipamento protegido, entre fase e terra.
É desejável que eles apresentam as seguintes características:
▪ apresentar impedância muito alta durante as condições normais de serviço, com
correntes de fuga praticamente nulas;
▪ apresentar baixa impedância durante a ocorrência de surtos de tensão, limitando
as sobretensões a valores admissíveis;
▪ dissipar a energia associada ao surto de tensão sem sofrer dano;
▪ retornar às condições de circuito aberto após a passagem do surto,
interrompendo a corrente subsequente de 60 Hz na sua primeira passagem por
zero.

5. Cite os principais cuidados que se deve ter em reação ao cabo de descida dos
para-raios.

R\O cabo de descida é geralmente de cobre (seção ≥ 35 mm2) com o mínimo de


curvas com raio de curvatura mínimo de 20 cm, sem emendas, exceto para o
conector próximo ao solo.A regulamentação do uso das hastes captoras é feita pela
norma ABN - NBR 5419 (2001) - Proteção de Estruturas contra Descargas
Atmosféricas.

6. Diga o que são e para que servem os cabos OPGW.

R/ São cabos para-raios que apresentam estrutura composta por camadas de fios
de aço e tubo de alumínio no interior do qual há uma ou mais fibras óticas. As
partes metálicas funcionam como blindagem dos condutores de fase contra as
descargas atmosféricas. A parte ótica é usada para transmissão de sinais de voz,
teleproteção, telemedição e telecomando.

7. Cite as vantagens e desvantagens dos para-raios tipo haste, de SiC e de ZnO.

R/ Tipo Haste: apresentam um gap formado por duas hastes entre fase e terra, com
distância definida e com valor de tensão de disrupção inferior ao valor mínimo
capaz de causar dano ao sistema. Esses dispositivos são simples e baratos, mas têm
os seguintes inconvenientes:
▪ Ao atuarem, forma-se um arco que se mantém enquanto o sistema fornecer
corrente, o qual só se extingue quando o fusível ou o disjuntor abre, havendo
interrupção de serviço.
▪ Fatores ambientais como poluição, umidade causam variações na tensão de
disrupção.
▪ Em cada disrupção o arco causa erosão e aumento do gap; assim, ocorre aumento
da tensão de disrupção.
Tipo SiC: são compostos por um resistor não linear (varistor) em série com vários
gaps de material isolante com determinada tensão de ignição (múltiplos gaps
facilitam a extinção da corrente). Tais elementos são colocados em invólucro de
porcelana bem vedado e contendo gás inerte. O funcionamento dos mesmos é
descrito a seguir.
▪ Em condição normal, o sistema é isolado da terra pelo gap. A resistência é
elevada.
▪ Ocorrendo a sobretensão, há ignição e o contato se estabelece através do resistor,
descarregando o surto para a terra (resistência baixa).
▪ Quando a sobretensão cessa, a resistência volta a ser elevada, passando a circular
apenas uma corrente subsequente de 60 Hz (≤ 250 A), interrompida na primeira
passagem por zero, sem reacendimento do arco. Assim, a normalidade é
restabelecida.

Tipo ZnO: Não possuem gaps, como é mostrado na Fig. 2.16 (tipo usado em média
tensão). São compostos por elemento cerâmico (pastilhas de óxido de zinco com
adição de pequenas porções de outros óxidos metálicos). Usados em sistemas de
baixa até extra-alta tensão. As propriedades dos para-raios de ZnO são as
seguintes:
▪ Simplicidade de construção, o que aumenta a confiabilidade.
▪ Nível de proteção bem definido (redução da margem de segurança para o
isolamento).
▪ Valores de corrente subsequente em 60 Hz desprezíveis.
▪ Maior capacidade de absorção de energia e dissipação de calor.
▪ Em condições normais, apresenta resistência extremamente alta, com correntes
de fuga da ordem de µA e perdas de poucos watts.

8. Explique de modo sucinto o que é coordenação de isolamento.

R/ Coordenação de isolamento refere-se ao processo de correlação entre as possíveis


solicitações causadas por sobretensões nos isolamentos dos componentes de um
sistema elétrico e as características dos dispositivos de proteção utilizados (cabos-
guarda, descarregadores de surto, etc.). Os procedimentos devem ser tomados de
modo a preservar ao máximo a integridade do sistema e a continuidade de serviço,
observando-se as limitações de custo. Até 345 kV, o nível de isolação dos elementos
do sistema elétrico é determinado pelas sobretensões atmosféricas. Além desse
valor, as sobretensões de manobra passam a ser determinantes.

9. O que é nível básico de isolamento (NBI).

R/ NBI é o máximo valor de crista da onda padronizada de impulso atmosférico


(1,2 x 50 µs ) que pode ser suportado sem que haja falha na isolação.

10. Cite as causas e características das sobretensões de manobra.

R/ As sobretensões de manobra ocorrem quando são inseridos ou removidos


elementos da rede de energia, de modo a provocar mudanças súbitas no estado
elétrico e magnético do circuito. Isso ocasiona transferência de energia
armazenada nos campos elétricos e magnéticos associados aos diversos elementos
capacitivos e indutivos que compõem a rede (linhas de transmissão,
transformadores, bancos de capacitores e de reatores, etc.). A consequência é o
surgimento de surtos de tensão em forma de oscilação amortecida de alguns kHz,
com duração de vários milisegundos a até vários ciclos e valores de pico máximos
de 4 pu. Para tensões superiores a 400 kV, são as sobretensões de manobra que
determinam os níveis de isolamento.

11. Explique o que é tensão de restabelecimento transitória e descreva de modo


sucinto suas formas de solicitação sobre o meio de extinção do arco de um
disjuntor.

R/ TRT: É uma tensão transitória amortecida de alta frequência entre os contatos


do disjuntor, a qual impõe severa solicitação ao meio extintor.

12. Explique o que é corrente subsequente, a qual surge durante o processo de


interrupção de corrente por um disjuntor.

R/ Constitui-se de uma corrente de longa duração no secundário após a extinção


do defeito, quando a energia armazenada no circuito magnético é dissipada.

13. Explique o que é corrente subsequente.

R/ Impõe solicitações térmicas e dinâmicas menos intensas que um defeito


próximo, uma vez que a corrente é menor. Entretanto, o mesmo não ocorre em
relação às solicitações dielétricas provenientes da TRT que surge entre os contatos
do disjuntor, após a interrupção da corrente de defeito. Através de medições feitas
em testes de campo, foi constatado que um defeito ocorrido a alguns quilômetros
de um disjuntor pode causar maiores solicitações no seu meio extintor que um
defeito mais próximo aos seus terminais.

14. Explique as consequências da abertura não simultânea das fases em um disjuntor


num circuito trifásico.

15. Explique o que é TCTRT e cite as quatro formas de definição dessa grandeza.

R/ passa a determinar o sucesso ou o fracasso do processo de interrupção da


corrente de defeito. Taxa média de crescimento de zero ao pico máximo da TRT.
Taxa média de crescimento de zero ao primeiro pico da TRT.
Máxima taxa média de crescimento, correspondente à tangente à curva da TRT
que passa pela origem.
Máximo valor da TCTRT.

16. Explique o que chopping currents e diga por que elas podem causar grandes
estresses no meio dielétrico de um disjuntor.

R/ Pequenas correntes indutivas são interrompidas antes de sua passagem natural


pelo zero. Isto é ocasionado por disjuntores com mecanismos de extinção de arco
muito eficiente.

17. Descreva as principais formas de atenuação das sobretensões de manobra.


R/ Para esta finalidade, são utilizados descarregadores de surtos (para-raios de
ZnO), estudadosno capitulo anterior. Porém, outras técnicas são empregadas, as
quais fazem uso dos seguintes procedimentos ou dispositivos: seccionamento da
linha, chaveamento controlado, resistores de pré-inserção, circuitos ressonantes e
outras.
Seccionamento da linha
Consiste na instalação de disjuntores intermediários. Assim, a sobretensão
produzida no trecho de linha de menor comprimento é reduzida.
Chaveamento controlado
A técnica de chaveamento controlado consiste em promover o comando para
fechamento do disjuntor em um instante tal que a tensão entre seus contatos seja
nula (CARDOSO, 2009).Essa sincronização é feita por meio de um controlador
que toma como sinal de referência a referida tensão. Na energização de uma linha
de transmissão inicialmente descarregada, o instante ótimo para fechamento dos
disjuntores é a passagem pelo zero do sinal de tensão da fonte. Como a tensão da
linha é zero, considera-se que a tensão entre os contatos do disjuntor é a própria
tensão da fonte, sendo esta o sinal de referência para o dispositivo de controle.
Resistores de pré-inserção
O resistor de pré-inserção é instalado na câmara do disjuntor para reduzir a
sobretensão durante o fechamento. Durante o deslocamento do contato móvel, ele é
inserido durante 6 a 10 ms, sendo posteriormente posto em curto-circuito quando
os contatos se fecham. Em geral, esses resistores possuem resistências da ordem do
valor da impedância característica da linha (250 a
450 Ω).
Circuitos Ressonantes
Este método consiste na utilização de circuitos, no qual a frequência de ressonância
da associação LC é sintonizada em 60 Hz, de modo que o resistor R não seja
percorrido por corrente em condições normais de funcionamento. Entretanto,
durante a ocorrência de uma falta, as oscilações transitórias decorrentes são
amortecidas pelo resistor.

18. Como as Sobretensoes de manobras ocorrem nas substações isoladas a SF6?

As sobretensões de manobra em subestações aéreas é de alguns kHz. Em


subestações abrigadas e isoladas a SF6, a frequência situa-se na faixa de 0,2 a 2
MHz (solicitações mais severas). Isso se deve ao fato de que os parâmetros L e C da
subestação a SF6 são bastante diferentes, pois eles dependem da geometria dos
elementos e do meio isolante. À pressão atmosférica normal, o SF6 tem rigidez
dielétrica 2,5 vezes maior que a do ar. De 3 a 5 vezes a pressão atmosférica
(condição usual), a rigidez dielétrica é 10 vezes a do ar. Isto permite a construção
de componentes muito mais compactos (barramentos, disjuntores, TCs, TPs,
chaves seccionadoras, etc).

19. Cite as causas e as características das sobretensoes sustentadas:

As sobretensões sustentadas ou temporárias apresentam fraco amortecimento,


duração de
vários ciclos, vários segundos ou mais e valores de pico máximos de 1,5 pu.
Ocorrem à frequência industrial e harmônica; em alguns casos raros, podem estar
presentes componentes sub-harmônicas. Os para-raios não devem operar, pois a
capacidade térmica será excedida em períodos longos de condução.
As causas mais frequentes dessas sobretensões são as seguintes:
▪ curtos-circuitos fase-terra em sistemas trifásicos;
▪ perda súbita de carga em geradores;
▪ efeito Ferranti;
▪ ressonância linear;
▪ ferroressonância.

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