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O Setor Elétrico / Janeiro de 2010

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Capítulo I
e Transformadores de corrente,
o
ã potencial e bobinas de Rogowski para
ç
e
t
fins de proteção – Parte 1
o Por Cláudio Mardegan*
r
P

  A proteção de equipamentos, tanto para a segurança relés e medidores.


de pessoas como de patrimônio, é fator fundamental   As normas/guias utilizadas para a elaboração
para o funcionamento satisfatório das instalações. deste trabalho são a ABNT NBR 6856, IEEE Standart
Neste ano, trazemos este fascículo especial em que, C57.13-1993, IEC 60044-1, IEC 60044-6, IEEE Standart
a cada mês, um artigo tratará das necessidades de C37.110-2007.
proteção específicas de um equipamento, finalizando
com a importância e particularidades da seletividade Terminologia
elétrica. Conheça os assuntos que serão abordados nos - “Burden”  de um relé: É a carga que o relé impõe no

próximos capítulos. circuito onde é conectado.


• Transformadores de corrente, potencial e bobinas de - “Burden”   de TC:  Potência secundária que um TC
Rogowski pode entregar. O “burden” é normalmente expresso
• Dispositivos de proteção em VA ou em Ohms.
• Serviços auxiliares e proteção de terra - Característica de excitação secundária:  É a curva
• Proteção de motores e de transformadores característica que representa a tensão secundária que o
• Proteção de geradores TC entrega em função da corrente excitação. Esta curva
• Proteção de cabos e de banco de capacitores normalmente é apresentada em escala bilogarítmica
• Proteção de barramentos e de conversores a com a tensão secundária Vs plotada no eixo das
semicondutores ordenadas e a corrente de excitação secundária, no
• Interface com a concessionária eixo das abscissas. A Figura 1 mostra uma característica
• Seletividade de excitação secundária de um TC.
- Exatidão:  A exatidão expressa o erro máximo que
Transformadores de corrente o TC admite para uma condição especificada. Por
  O transformador de corrente (TC) é um equipamento exemplo, a exatidão ABNT 10B100 significa que o
monofásico que possui dois enrolamentos, um referido TC foi projetado para admitir um erro máximo
denominado primário e outro denominado secundário, de 10% para 20 In e consegue entregar até 100 V. É
sendo isolados eletricamente um do outro, porém, importante lembrar que a classe de exatidão do TC é
acoplados magneticamente e que são usados para dada na maior relação.
reduzir a corrente a valores baixos (normalmente 1 A - Fator de sobrecorrente nominal:  É o fator que,
ou 5 A) com o objetivo de promover a segurança do aplicado à corrente nominal secundária, irá dizer até
pessoal, isolar eletricamente o circuito de potência dos onde o TC mantém o erro (trabalha na região linear
instrumentos e padronizar os valores de corrente de da curva de saturação e suas proximidades) quando o

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nominal está conectado no secundário. resposta linear, seja por elevada corrente primária, elevado “burden”
- Fator térmico nominal: Traduz a sobrecarga de corrente que o TC secundário, elevada componente DC ou por fluxo remanescente.
suporta permanentemente. Os fatores térmicos nominais conforme - Saturação AC: A saturação é dita AC quando a tensão de
a ABNT NBR 6856 são 1, 1.2, 1.3, 1.5 e 2. componente alternada da corrente de curto-circuito, gerada
pelo produto da corrente curto-circuito simétrica AC referida ao
secundário pela impedância total do circuito secundário, ultrapassa
a tensão máxima que o TC pode gerar.
- Saturação DC: A saturação é dita DC quando provocada por uma
corrente de curto-circuito assimétrica, sendo a tensão secundária
diretamente proporcional à relação X/R do circuito. A componente
DC aumenta o fluxo na relação (1 + X/R) x o fluxo resultante da
componente senoidal.
- TC de bucha: É um TC do tipo janela que é montado na bucha de
Figura 1 – Curva característica de excitação secundária de TC  equipamentos, tais como transformadores, disjuntores, etc.
- TC Ground Sensor (TC GS):  Também é uma forma de TC janela,
- Fator de saturação [KS]:  É a relação da tensão de saturação Vx do porém, as três fases passam dentro da mesma janela e são utilizadas
TC e a tensão de excitação. Este fator expressa o quão próximo da para proteção de terra, pois em circuitos equilibrados a soma das
saturação o TC está para uma dada aplicação. Vide definição de três correntes dentro da janela se anula. Em condições de falta à
tensão de saturação Vx. terra, a soma das correntes não se anula, uma tensão secundária é
- Fluxo residual ou remanescente: É a densidade de fluxo na qual induzida e uma corrente irá circular.
mesmo a força magneto-motriz sendo zero, o material está em - TC janela:  É um TC cujo enrolamento secundário é isolado e
uma condição, simetricamente e ciclicamente, magnetizado. A montado sobre o núcleo, mas não apresenta nenhum enrolamento
remanescência ocorre quando a densidade de fluxo fica mantida primário como parte integrante do TC. O enrolamento primário
em um circuito mesmo após a remoção da força magneto-motriz. apresenta uma única espira que consiste do próprio condutor que
- Saturação: Estado que atinge um TC quando sai da região de passa dentro da janela do núcleo.

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e - TC RM: É um TC de relações múltiplas que podem ser obtidas pelo Solução:


d uso de tapes no enrolamento secundário.   O TC do exemplo apresenta exatidão dentro da norma ABNT
a
d - Tensão de ponto de joelho (knee point voltage): A norma ANSI e o fator de sobrecorrente (F) por norma é 20 e consegue entregar
i apresenta duas definições: 200V (VS), no secundário até 20 x In, com “burden”  nominal
v conectado no secundário. Isto significa:
i • Ponto sobre a curva de excitação secundária em que uma
t reta tangente a ela faz uma inclinação de 45° com o eixo das
e VS = ZB x IN-TC x F ZB = VS / (IN-TC x F) ZB = 200 / (20 x 5) = 200/100 = 2 Ω
l abscissas. A curva de excitação secundária deve ser plotada
e em escala bilogarítmica, cujas ordenadas e abscissas tenham   Assim, o TC possui um “burden” nominal de 2 Ω.
s o mesmo valor de década (década quadrada). Esta definição   A potência de VAN-TC é dada por: VAN-TC = Z x I2 = 2 x 52 = 2 x
e se aplica para TCs sem gap ou entreferro. Quando o TC possui 25 = 50 VA
entreferro, a definição é a mesma, substituindo-se a inclinação   A tensão de ponto de joelho é calculada da seguinte forma:
o
ã da reta tangente de 45° para 30°. Veja a Figura 2.
ç • Tensão senoidal de frequência nominal aplicada aos
e
t terminais secundários de um TC com os demais enrolamentos
o abertos que, incrementada em 10%, irá provocar um aumento   A tensão de ponto de joelho calculada é igual a 220 V.
r - Tensão de saturação VX: É a tensão simétrica no enrolamento
P na corrente de excitação de 50%. Esta definição também é a
mesma da norma IEC 60044-6. secundário a qual o pico de indução excede a densidade de fluxo de

saturação. A localização do ponto Vx é determinada graficamente pelo


prolongamento das partes retas da curva, característica de excitação
secundária (plotada em papel log x log de mesma década), conforme
mostrado na Figura 3.
- Tensão secundária nominal: É a tensão nominal que aparece nos
terminais de uma carga nominal conectada no secundário imposta
por uma corrente de 20 vezes a corrente nominal secundária, sem que
o erro de relação exceda o valor especificado (normalmente 10% para
TCs de proteção). As tensões nominais padronizadas no Brasil são 10
V, 20 V, 50 V, 90 V, 100 V, 180 V, 200 V, 360 V, 400 V e 800 V.

Figura 2 – Tensão de ponto de joe lho Vk

  Como nem sempre se dispõe da curva de saturação para se


efetuar um cálculo aproximado da tensão de ponto de joelho
(VKP), para um relé diferencial de alta impedância pode-se utilizar
a equação abaixo indicada:

Em que:
Figura 3 – Tensão de saturação Vx 

V KP  = Tensão de ponto de joelho expressa em Volts [V] Principais dados para especificação do TC 
Ri-TC  = Resistência interna secundária do TC em Ohms [ � ]   Para a especificação de um TC geralmente deve-se estar atento
VAN-TC   = Potência nominal secundária do TC, expressa em Volt- às seguintes informações:
 Ampère [VA] - Corrente nominal primária (I1n);
IN-TC  = Corrente nominal secundária do TC em Ampères [A] - Relação nominal do TC (RTC);
F = Fator de sobrecorrente (fator limite em que o TC mantém o erro - Tensão máxima e nível de isolamento;
com “burden” nominal) - Frequência;
- Carga nominal;
Exemplo - Exatidão;
  Dado um TC de 200-5A, 10B200, resistência interna (Ri-TC)de - Número de núcleos para medição e proteção;
0.2 Ω Ω. Calcular a tensão de ponto de joelho. - Fator térmico nominal – Ftn;

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- Corrente suportável nominal de curta-duração (curto-circuito


térmica – Iccth) para um segundo;
- Valor de crista da corrente suportável (corrente de curto-circuito
dinâmica – Iccdyn);
- Classe de isolamento;
- Nível básico de isolamento – NBI (BIL);
- Tipo de aterramento do sistema;
- Uso: interior (indoor) ou exterior (outdoor).

Forma de conectar no circuito Figura 4 – Principais partes componentes de um TC 


  O TC é conectado em série com o circuito de força e, assim,
deve provocar pouca queda de tensão no sistema. Por isso, o Circuito equivalente do TC 
circuito primário é composto normalmente de poucas espiras de   O TC pode ser representado pelo circuito equivalente da Figura
fio grosso e o circuito secundário de várias espiras de fio fino. 5. Os parâmetros de índice “1” na Figura 5 representam o circuito
  Segundo a ABNT NBR 6856, os TCs de proteção se dividem em primário; os de índice “2”, o circuito secundário; e os de índices
TCs de baixa impedância (enrolamento secundário uniformemente “m” e “e” representam o circuito do ramo magnetizante.
distribuído no núcleo) e TCs de alta impedância. 1:n R´1 X´1 R2 X2
 
  A corrente que circula no primário é independente das características I1
do TC e da impedância (carga) conectada ao seu secundário, ou seja, I´1= I1 / n I2
Ie

diferentemente do transformador de força, quem define a corrente do Xm Zc

secundário é a corrente primária (não é nem a carga e nem a corrente


secundária). A Figura 4 mostra as principais partes componentes do TC.
Outro aspecto importante é que os transformadores de força trabalham Figura 5 – Circuito equivalente de um TC 

próximos da condição de circuito aberto, ao passo que os TCs trabalham Em que:


próximos da condição de curto-circuito. I1 = Corrente no primário do TC

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e I1’ = Corrente do primário referida ao secundário Segurança


d I2 = Corrente no secundário do TC   Nunca se deve deixar o secundário do TC aberto. No circuito
a
d Ie = Corrente no ramo magnetizante do TC  equivalente do TC (apresentado na Figura 8) pode-se observar que,
i n = Número de espiras do TC ao abrir seu secundário, toda corrente, que normalmente vai para a
v
i Z c = Impedância da carga carga, só tem agora um caminho através do ramo magnetizante, o
t R2 = Resistência do enrolamento secundário qual se sabe que apresenta impedância muito elevada. Ao se passar
e
l X 2 = Reatância do enrolamento secundário esta corrente elevada nesta impedância também elevada, surge uma
e X m = Reatância do ramo magnetizante sobretensão que pode chegar a alguns kVs, colocando em risco a
s R1’ = Resistência do enrolamento primário referida ao enrolamento vida das pessoas que estão “trabalhando” em seu secundário, bem
e secundário como o risco de sua explosão por este não suportar sobretensões
X 1’ = Reatância do enrolamento primário referida ao enrolamento por tempo prolongado.
o
ã secundário
ç
e
t Polaridade
o   A polaridade de um TC indica a direção instantânea relativa das
r
P correntes primárias e secundárias. A polaridade representa a forma
de enrolar o TC. A polaridade pode ser subtrativa, que é a polaridade
“default” no Brasil, ou pode ser aditiva. Vide a representação dessas
polaridades em esquemas unifilares. Figura 8 – Circuito equivalente de um TC aberto

Exatidão de TCs para fins de proteção

 ABNT NBR 6856


  Na norma ABNT NBR 6856, a exatidão é expressa, por exemplo,
na forma 10B100. O número 10 representa o erro máximo em %,
a 20 xIn (100 A secundários, se In = 5 A), com “burden” (carga)
nominal. A letra “B” significa que o TC é de baixa impedância.
Poderia ser “A”, o que significaria que o TC seria de alta impedância.
O número 100 significa que o TC consegue entregar até 100 V para
Figura 6 – Representação esquemática do TC de polaridade polaridade
subtrativa em unifilar
carga, na condição de 20 xIn e “burden” nominal.
“Burden” – Impedância de carga imposta ao secundário do TC em
condições especificadas. Por exemplo, para a exatidão supracitada
o “burden” máximo que pode ser imposto ao TC será:

Norma IEEE Std C57.13-1993


  Na norma IEEE Std C57.13, a exatidão é expressa, por
exemplo, na forma: C100. Embora não apareça, é implícito que
o erro máximo é de 10%. A letra “C” significa que o erro pode ser
calculado (equivale ao TC de baixa impedância da ABNT). Poderia
Figura 7 – Representação esquemática do TC de aditiva em unifilar  ser “T”, o que significaria que para o cálculo do erro o TC deve
ser testado, ou seja, necessita da curva de saturação. O número
  Na Figura 6 observa-se que quando a corrente primária I1 entra
100 significa que o TC consegue entregar até 100 V para carga,
na polaridade P1, a corrente secundária I2 sai pela polaridade
na condição de 20 xIn e “burden” nominal. Por exemplo, para a
S1 (corrente entrando na polaridade primária – corrente saindo
exatidão supracitada o “burden” máximo que pode ser imposto ao
pela polaridade secundária). A forma de representar o TC de
TC será:
polaridade subtrativa nos esquemas unifilares é apresentada na
Figura 6.
Norma IEC 60044-1 2003
Na Figura 7 observa-se que quando a corrente primária I1 entra
  Na norma IEC 60044-1, a exatidão é expressa, por exemplo,
na polaridade P1, a corrente secundária I2 sai pela polaridade S2
na forma: 15 VA Class 10P20. O número 15 significa que o TC
(corrente entrando na polaridade primária – corrente entrando pela
consegue entregar até 15 VA na condição de 20 xIn e “burden”
polaridade secundária). A forma de representar o TC de polaridade
nominal. Note que o 20 xIn se deve ao 20 que aparece em 10P20.
aditiva nos esquemas unifilares é apresentada na Figura 7. Os VAs nominais padronizados são 2,5 VA, 5 VA, 10 VA, 15 VA

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e 30 VA. Acima de 30 VA pode-se especificar o valor desejado


(conforme item 4.4 da norma).
A palavra Class aponta a classe do TC e o número 10 indica
que o erro máximo é de 10%. Este número pode ser 5% ou 10%
(conforme item 12.2.2 da norma). A letra “P” significa que o TC
é para fins de proteção e o número 20 é o ALF (Accuracy Limit
Factor), que significa que o TC consegue entregar os VAs nominais
para “burden” nominal e corrente de até 20 xIn. Os valores
padronizados de ALF são: 5, 10, 20 ou 30 (item 12.1 da norma).
  A norma IEC 60044-6 prevê transformadores que podem
ser construídos para gerar baixo fluxo remanescente durante
transitórios. Estes baixos valores são conseguidos por meio de
pequenos gaps (ordem de 0.12 mm) que acabam por limitar o fluxo
remanescente mesmo para correntes assimétricas primárias.
  As classes previstas para estes TCs na norma IEC 60044-6 são:
P, TPS, TPX, TPY e TPZ.
P –  O limite de exatidão é definido pelo erro composto com a
corrente primária simétrica de regime permanente. Nenhuma
limitação para o fluxo remanescente.
TPS – Transformador de corrente com baixo fluxo de dispersão, cuja
performance é definida pela característica de excitação secundária
e os limites de erro da relação de espiras. Nenhuma limitação para
o fluxo remanescente.
TPX – O limite de exatidão é definido pelo erro instantâneo de pico
durante um ciclo transitório especificado. Nenhuma limitação para
o fluxo remanescente.
TPY – O limite de exatidão é definido pelo erro instantâneo de pico

durante um ciclo transitório especificado. O fluxo remanescente


não excede 10% do fluxo de saturação.
TPZ – O limite de exatidão é definido pelo erro da componente
AC instantânea de pico durante uma energização simples, com
máximo deslocamento DC para uma constante de tempo secundária
especificada. Nenhum requisito para limitação da componente
DC. O fluxo remanescente deve ser desprezível.
Nota: Ao especificar uma classe diferente de P (TPS, TPX,
TPY ou TPZ), é preciso fornecer ao fabricante as informações
 pertinentes para a classe especificada.
  Os TCs TPY e TPZ podem ser especificados para sistemas
que utilizam religamentos (função 79), em que o magnetismo
remanescente pode causar operações indevidas.

Saturação
  Idealmente, os TCs devem reproduzir, de maneira fiel, no
secundário a corrente do circuito primário. Uma vez que o núcleo
do TC é feito de material saturável, quando ele atinge a região de
saturação a corrente secundária não terá mais a forma senoidal e
não mais reproduzirá fielmente a corrente primária. Quando isto
ocorre, podemos afirmar que o TC saturou.
  Os seguintes fatores podem promover a saturação do TC:
- Elevado “burden” (carga conectada) secundário;

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T  ABELA 1 – IMPEDÂNCIA DE CABOS UTILIZADOS NO SECUNDÁRIO DE TC S
e - Elevada corrente primária;
d - Assimetria da corrente de falta; IMPEDÂNCIA  DOS CABOS APLICADOS AO SECUNDÁRIO  DOS TCS (70 °C)
a Seção cabo R [Ω / km] X [Ω / km] Z [Ω / km]
d - Fluxo remanescente no núcleo do TC.
2.5 8.87 0.16 8.87
i   Existem dois tipos fundamentais de TC, um para fim de medição
v 4 5.52 0.16 5.52
i e outro para fim de proteção. Ambos os tipos devem reproduzir
6 3.69 0.15 3.69
t fielmente a corrente primária de interesse, sem danificar os dispositivos
e 10 2.19 0.14 2.19
l instalados no secundário, que são expressas na sua exatidão. Um TC
e de proteção deve reproduzir fielmente as correntes de falta eu um TC Stanley Zocholl cita no livro “ Analyzing and applying current
s de medição deve reproduzir fielmente as correntes de carga. Assim, transformers” que a impedância da fiação para bitolas em AWG
e é interessante que o mesmo sature a partir de certo valor de corrente pode ser calculada a partir da equação seguinte:
para não danificar os medidores instalados em seu secundário. RFIAÇÃO = e 0.232G-2.32 [Ω/1000 ft]
o
ã   Atualmente, como muitos relés possuem unidades de medição
ç também incorporadas, os TCs devem ser de proteção, pois os relés já Em que:
e
t são projetados para suportarem as elevadas correntes de curto-circuito. G = Número da bitola AWG
o
r
P Saturação AC  Impedância dos dispositivos de proteção
  A saturação é dita AC quando o valor determinado pela   Quando é dada em VA, a impedância é calculada por:
equação abaixo exceder o valor da tensão máxima secundária.
  Vs = Zs x Is
Em que:   Quando existe relé de sobrecorrente de neutro em conexão
Vs = Tensão de saturação [V] residual ou outros relés (67,32, etc), a impedância total é dada por:
Zs = Z TC +Z C +Z R (Vide item “Particularidades das impedâncias ZPROT = ZRELÉ-1 + ZRELÉ-2 + .... + Z RELÉ-N
nas conexões em sistemas trifásicos – Tabela 2”). Caso o valor
da tensão Vs seja comparado com a tensão da curva excitação Relés de disco de indução
ensaiada do TC, o valor de Zs será Zs = Z C +Z R.   Normalmente os fabricantes fornecem a impedância no menor
Z TC  = Impedância do TC tape (menor valor da faixa de ajuste). Para determinar a impedância
Z R = Impedância dos relés correspondente do relé em outro tape, basta utilizar a equação de
Z C  = Impedância dos cabos secundários equivalência da potência aparente:
Is = Icc /RTC  
Icc = Corrente de curto-circuito Z NOVO TAPE . I 2  NOVO TAPE = Z TAPE MIN . I 2 TAPE MIN
RTC = Relação do TC = N2 / N1

  Assim, este tipo de saturação pode ocorrer por excesso de impedância


conectada no secundário ou por elevadas correntes de falta.   A impedância do relé de disco de indução varia com a corrente
que está passando nele também. Assim, devem-se consultar os
Impedância do TC (ZTC) respectivos fabricantes que mostram a variação da impedância com
  A impedância dos TCs deve ser obtida junto aos fabricantes. Na a corrente. Alguns fabricantes apresentam uma curva característica,
falta dessa informação, os seguintes valores podem ser utilizados: outros dão uma tabela da variação da impedância com a corrente para
ZTC = 0.00234 x RTC + 0.0262 alguns valores. A ordem de grandeza das impedâncias é de Ohms.
  O autor Stanley Zocholl sugere que:
- Para TCs de elevada relação (tais como 3000-5A) utilizar Z TC Relés estáticos, numéricos/digitais
=0.0025 Ω/espira   Para estes relés, usualmente o fabricante já fornece o valor da
- Para TCs de relações baixas (tais como 300-5A) utilizar Z TC  = impedância ou é calculada a partir do consumo (VA – Volt-Ampère
0.005 Ω/espira e da corrente nominal do relé, normalmente 1 A ou 5 A) do relé:

Impedância da fiação
  ZFIAÇÃO = ZC = FATOR x Z CABO [Ω/km] x L[km]
Para valor do fator, consultar item “Particularidades das Particularidades das impedâncias nas conexões em
impedâncias nas conexões em sistemas trifásicos – Tabela 2”. sistemas trifásicos
Apresenta-se a seguir a tabela da fiação mais comumente utilizada   Um guia do IEEE – originalmente, IEEE Guide for the application
no secundário dos TCs. of current transformers used for protective relaying purposes –

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T  ABELA 2 – F  ATORES  APLICADOS  ÀS IMPEDÂNCIAS EM FUNÇÃO DO TIPO DE FALTA , LOCAL DO FECHAMENTO  E DA CONEXÃO DO TC EM SISTEMAS TRIFÁSICOS


Conexão do Local do Tipo de falta
TC fechamento Trifásica e/ou bifásica Fase-terra
Estrela TC Z=ZTC + ZFIAÇÃO + ZPROT Z=ZTC + 2 ZFIAÇÃO + ZPROT
Estrela Painel Z=ZTC + 2 ZFIAÇÃO + ZPROT Z=ZTC + 2 ZFIAÇÃO + ZPROT
Delta Painel Z=ZTC + 2 ZFIAÇÃO + 3 ZPROT Z=ZTC + 2 ZFIAÇÃO + 2 ZPROT

Delta TC Z=ZTC + 3 ZFIAÇÃO + 3 ZPROT Z=ZTC + 2 ZFIAÇÃO + 2 ZPROT

indica a seguinte tabela para a determinação total da impedância Z TC  = Impedância do TC 
em sistemas trifásicos, em função do tipo de conexão secundária. Z R  = Impedância dos relés
Z C  = Impedância dos cabos secundários
Saturação DC Is = Icc /RTC 
A saturação é dita DC quando a componente DC da corrente Icc = Corrente de curto-circuito
de curto-circuito do sistema faz o valor da tensão de saturação, RTC = Relação do TC = N2 / N1
dada pela equação abaixo, exceder o valor da tensão máxima X/R = Relação X/R do sistema no ponto de falta
secundária do TC.
  Assim, este tipo de saturação pode ocorrer por excesso de
impedância conectada no secundário, por elevadas correntes de
falta, pela assimetria (X/R) ou pelo fluxo remanescente.
Em que:   Se a carga conectada no secundário do TC é indutiva, a equação
Vs = Tensão de saturação [V] anterior deve ser corrigida:
Zs = Z TC +Z C +Z R  (vide item Particularidades das impedâncias nas
conexões em sistemas trifásicos). Caso o valor da tensão Vs seja
comparado com a tensão da curva excitação ensaiada do TC, o   Para levar em conta possíveis pré-magnetizações (na pior
valor de Zs será Zs = Z C +Z R condição):

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e Efeitos da saturação do TC 


d   Os seguintes efeitos podem ser observados quando um TC
a
d satura:
i - Forma de onda secundária não é mais senoidal;
v Exemplos de simulações de saturação de TC  - Os relés temporizados a tempo inverso ficam mais lentos (vide
i   Os exemplos seguintes simulam um TC de 200-5A e exatidão
t Figura 12);
e 10B100, num sistema com X/R=8, sem magnetismo remanente,
l corrente de curto inicialmente de 12 kA. Cabo secundário do TC - Podem ocorrer desligamentos indevidos das proteções diferenciais;
e - Operação de relés de terra instantâneos;
s 2.5 mm2, 5 m e impedância de fase = terra = 8 mΩ para o relé. - Os relés de sobrecorrente podem não operar.
e
Medidas para reduzir ou evitar
o
ã os efeitos da saturação
ç   As principais medidas para a redução ou eliminação dos efeitos
e
t da saturação são:
o Figura 9 – Curva de resposta de um TC de 200-5A, 10B100 e corrente
- redução do “burden” imposto ao secundário;
r de falta de 12 kA
P - aumento da relação do TC;
  Idem ao exemplo anterior diminuindo a corrente de falta para 3 kA. - aumento da seção do núcleo;
- limitar o valor da corrente de curto-circuito;
- aumento da tensão secundária nominal do TC;
- utilização de TCs auxiliares;
- utilização de bobinas de Rogowski;
- utilização de relés que tenham um firmware que lineariza a curva
Figura 10 – Curva de resposta de um TC de 200-5A, 10B100 e corrente de saturação, corrigindo a corrente vista pelo relé;
de falta de 3 kA
- utilização de TCs especialmente projetados para os efeitos
Idem ao primeiro exemplo com carga indutiva. transitórios, tais como aqueles que diminuam o fluxo de dispersão
e os efeitos do magnetismo remanescente;
- utilizar relés digitais que possuem técnicas para identificar que o
TC saturou e atuam para melhorar o valor da corrente.

Figura 11 – Curva de resposta de um TC de 200-5A, 10B100 e corrente


de falta de 12 kA e carga indutiva

Tempo para saturar 


  O TC consegue manter a corrente primária com fidelidade por
até dois ciclos, antes de iniciar a saturação. A publicação IEEE 76
CH1130-4 PWR CT Transients apresenta a equação seguinte para
calcular este tempo.
  Este tempo depende do grau de assimetria da corrente de falta,
do valor da corrente de falta, do fluxo remanescente no núcleo do
TC, da impedância do circuito secundário, da tensão de saturação
do TC e da relação do TC.

Figura 12 – Efeito da saturação em relés de sobrecorrente de tempo


inverso

Em que: TCs auxiliares


Ts = Tempo para saturar; Em algumas situações se faz necessária a utilização de TCs
T1 = Constante de tempo do sistema primário; auxiliares, tais como:
Ks = Fator de saturação = Vx / Vs; - fazer a isolação dos circuitos;
X = Reatância do sistema no ponto de falta; - para a criação de um aterramento independente;
R = Resistência do sistema no ponto de falta. - alterar a relação vista pelos relés de modo a compatibilizar os

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O Setor Elétrico / Janeiro de 2010

valores de corrente;   Deve-se sempre consultar os fabricantes para se conhecer os


- produzir um deslocamento angular em um circuito trifásico; valores máximos suportáveis pelos equipamentos conectados no
- inverter a polaridade; secundário, bem como para os TCs. Caso não se disponha destes
- promover a saturação durante faltas para limitar o “burden” valores, para os equipamentos conectados no secundário do TC
de falta do TC principal; pode-se utilizar os valores normalmente suportados de 1500 V RMS 
- reduzir o “burden” (impedância secundária) do TC principal ou 2121 VPICO. Para os TCs os valores suportáveis são normalmente
pela redução da impedância aparente vista a partir do TC 2475 VRMS ou 3500 VPICO. Caso a tensão no secundário ultrapasse os
auxiliar, que decresce com o quadrado da relação do TC valores máximos suportáveis dos equipamentos, devem-se instalar
auxiliar; dispositivos de proteção de surto (no secundário do TC) para limitar
- promover meios de confinar componentes de sequência z ero. os valores àqueles suportáveis pelos equipamentos. Sempre que se
utilizar este procedimento, recomenda-se consultar o fabricante.
Coordenação com os relés   As características do protetor de surto devem ser escolhidas
  Deve-se fazer a escolha correta da relação dos TCs que para que a tensão secundária seja especificada para valores
suprem os relés. Via de regra, os relés digitais atuais possuem adequados, não interferir nos sistemas de proteção e medição e
uma característica térmica de curta duração de 100 xIn durante suportar a energia que irá ser drenada na condição transitória de
1 segundo. Assim, para 5 A suportam 500 A durante um chaveamento. Como os resultados da fórmula em geral apresentava
segundo. valores conservativos, valores mais reais podem ser obtidos fazendo
  Para que haja coordenação entre os TCs e o relé, a seguinte a simulação do transitório no ATP.
equação deve ser respeitada:
Exemplo
  Em um sistema de 69 kV existem dois bancos de 30 MVAr. Após
o primeiro estar energizado, o chaveamento do segundo promove
a circulação de uma corrente de 6.823 Â a uma freqüência 1.536
Hz. Calcule a tensão no secundário do TC de 400-5ª, sabendo que
a reatância no secundário do mesmo é de 0.7814 �.
TCs instalados junto a bancos de capacitores shunt 
  Sabe-se da análise de chaveamento de banco de capacitores
em derivação (shunt), que ocorre a circulação de correntes de
elevado valor e de elevada frequência. Isto também ocorre
quando os bancos descarregam sobre os pontos de falta durante
curtos-circuitos.
  Estas correntes elevadas de alta frequência induzem
tensões de alto valor (sobretensões) no secundário dos TCs e Como geralmente os equipamentos conectados no secundário
em todos os dispositivos a ele associados (relés, medidores, do TC suportam 1.500 V RMS ou 2.121 VPICO, neste caso não haverá
cabos). A publicação “Equipamentos elétricos – especificação dano aos equipamentos, nem pelos próprios TCs que normalmente
e aplicação em subestações de alta tensão”, de Ary D'Ajuz, suportam 2.475 VRMS ou 3.500 VPICO.
em seu capítulo VI, que por sua vez se baseia na norma ANSI
C37.0731-1973  App lic ation Gui de for Capac ita nce Cur rent *CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela
Switching for AC High Voltage Circuit Breaker Rated on a Escola Federal de Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei).
Symmetrical Current Basis, apresenta a seguinte fórmula para Trabalhou como engenheiro de estudos e desenvolveu softwares
o cálculo da tensão secundária no TC: de curto-circuito, load flow e seletividade na plataforma do
 AutoC ad®. Além disso, tem experiência na área de projetos,
engenharia de campo, montagem, manutenção, comissionamento
e start up. Em 1995 fundou a empresa EngePower® Engenharia e
Comércio Ltda, especializada em engenharia elétrica, benchmark
e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente é sócio
diretor. O material apresentado nestes fascículos colecionáveis é
uma síntese de parte de um livro que está para ser publicado pelo
V SEC  = Tensão Secundária do TC [V]
autor, resultado de 30 anos de trabalho.
ICHAVEAMENTO-BC  = Corrente de chaveamento do banco – Valor de pico [A]
f CHAVEAMENTO-BC  = Frequência de chaveamento banco [Hz] Continua na próxima edição
Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
RTC = Relação de Transformação Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
f N-SISTEMA = Frequência Nominal do Sistema [Hz] e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br

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e
d
a
d
i
v
Capítulo II
i
t
e
l Transformadores de corrente,
e
s potencial e bobinas de Rogowski
e para fins de proteção – Parte II
Por Cláudio Mardegan*
o
ã
ç
e
t Modelagem matemática de O efeito da saturação do TC em relés digitais
o transformadores de corrente (TCs) Efeitos da saturação do TC no secundário
r em transitórios   Como pode ser demonstrado nos itens anteriores,
P   A simulação de transitórios em TCs pode ser quando o TC satura a forma de onda no secundário,
feita por meio de modelos comumente utilizados em passa a ser não senoidal e com a tendência de diminuir
programas de transitórios eletromagnéticos, tais como o valor ecaz da corrente (área da curva), ou seja,
o  Alternative Transients Program (ATP), em particular, quanto mais acentuada a saturação menor o valor
enfocando os modelos apresentados na publicação ecaz da onda.
Experimental Evaluation of EMTP-Based Current   A Figura 2 mostra o efeito da diminuição da
Transformer Models For Protective Relay Transient corrente no secundário do TC devido ao efeito da
Sudy, de M. Kezunovic, C.W. Fromen e F. Phillips. saturação. A curva azul mostra o valor da corrente sem
Este artigo apresenta três modelos para representar a saturação e a curva preta mostra o valor ecaz da
os TCs no ATP, que podem ser visualizados na corrente com o efeito da saturação. É evidente que a
publicação citada: área da curva preta é inferior à da curva azul.
• Modelo 1 – Por meio de um transformador de núcleo
saturável;
• Modelo 2 – Por meio de um transformador de núcleo
saturável, desprezando-se seu ramo magnetizante (sem
modelar saturação) pela diminuição de sua indutância
primária (com valor de 1 x 10-6 mH) e inserindo-se
um indutor não linear (modelo tipo 98 do ATP) no
secundário para representar o ramo magnetizante;
• Modelo 3 – É idêntico ao modelo 2, substituindo-se
Figura 2 – Diminuição do valor ecaz (rms) devido à
o modelo de indutor não linear tipo 98 pelo 96, pois,
saturação do TC 
desta forma, consegue-se representar, adicionalmente,
o magnetismo remanescente (histerese).   Para que se possa falar dos efeitos da saturação
  A representação no ATP, para o modelo 2, é do TC nos relés digitais, é necessário entender alguns
apresentado na Figura 1. princípios dos relés digitais.

Os relés digitais
 Arquitetura básica
  De forma simplicada, os relés digitais podem
ser representados esquematicamente como na Figura
3. Apresenta-se a seguir um breve comentário sobre
Figura 1 – Modelagem do sistema de potência no ATP cada bloco da gura.

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digitais normalmente varia entre 240 Hz (quatro amostras por ciclo)


a 1920 Hz (32 amostras por ciclo).
  Para que não ocorra o fenômeno conhecido como sobreposição
de espectro (aliasing), utilizam-se os ltros anti-aliasing.
  Nos relés estes ltros são do tipo passa baixa, cuja característica
módulo versus frequência é apresentada na Figura 4.

Figura 3 – Arquitetura básica simplicada do relé digital

Entradas  analógicas  – Representam as entradas advindas de sinais


analógicos, tais como TCs, TPs e bobinas de Rogowski.
Entradas  digitais  – Também são conhecidas como Binary Inputs
(BIs) e representam entradas que, quando recebem um sinal de
tensão, vão indicar uma condição preestabelecida (por exemplo,
ao se jogar uma tensão em uma dessas entradas binárias pode-se

ativar uma lógica interna no relé que comute o grupo de ajuste).


Filtro  anti-aliasing  –  Tem a função de garantir que um sinal de Figura 4 – (a) Filtro passa baixa ideal (b) Filtro passa baixa real
entrada possa ser recomposto. Esta técnica faz com que duas
samplE and Hold (s/H)
amostras não se superponham. Tecnicamente falando, para
  A função do Sample/Hold é a de manter o sinal na sua saída
que uma determinada frequência f a  do sinal analógico possa
em um valor representativo do sinal de entrada no instante de
ser completamente reconstituída, a taxa de amostragem no
amostragem durante todo o tempo em que o conversor A/D
processo de digitalização deve ser igual ou maior a 2xf a, em que
(analógico/digital) gasta para realizar a conversão. A Figura 5
f a = frequência de Nyquist. A frequência de amostragem em relés
mostra seu princípio de funcionamento.

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e Filtros adaptativos
d   Os ltros de proteção adaptativa podem ser denidos como
a sendo dispositivos que possuem uma losoa em que se procura
d determinar ajustes ou meios para as várias funções de proteção, e/ 
i ou condições adversas de equipamentos com a intenção de adaptá-
v las às condições existentes no sistema elétrico de potência.
i
t
e Filtro adaptativo bipolar dE pico
l Figura 5 – Princípio de funcionamento do Sample / Hold   Este ltro pode ser utilizado para aumentar o valor da corrente
e   Como pode ser visto pela gura, quando a chave de controle que, como se viu, o valor ecaz (rms), no caso de saturação, cai no
s do Sample/Hold está fechada, o sinal de saída estará seguindo o secundário. Uma forma de aumentar o valor seria utilizar o valor
médio do módulo do valor de pico do semiciclo positivo (Imáx)
e sinal de entrada. Quando a chave de controle do Sample/Hold está
aberta, o sinal de saída está recebendo o sinal existente no instante e do semiciclo negativo (Imin). Analiticamente, o valor de I =
o do chaveamento (hold), que é mantido pelo capacitor. (|Imáx|+|Imin|)/2. Para este ltro entrar em ação é necessário:
ã • Ter os valores das amostras dos ciclos anteriores (por exemplo,
ç convErsor a/d (analógico/digital) para relés de 16 amostras por ciclo, devem-se ter as últimas 16
e   O conversor analógico/digital tem a função de transformar o amostras);
t
o sinal analógico em sinal digital, ou seja, o sinal é transformado • Detectar o valor máximo positivo da corrente da amostra
anterior (Imáx);
r em uma série de números binários que podem ser “entendidos”
P pelo processador. Este processo passa pelos seguintes processos: • Detectar o valor mínimo negativo da corrente da amostra
amostragem, quantização e codicação. anterior (Imin);
  Os principais parâmetros de um conversor A/D são a resolução • Calcular o valor médio de I = (|Imáx|+|Imin|)/2;
(nº de bits), o tempo de conversão e a tensão analógica de entrada, • Medir o valor da componente fundamental (ltro cosseno);
normalmente de 0 a 10 V ou 0 a 20 V para o conversor monopolar, • Detectar se há saturação;
e de +5V ou +10V para o conversor bipolar. • Caso não haja saturação, o valor a ser levado para comparar
  Idealmente um conversor de “n” bits disponibiliza 2n códigos com o valor ajustado no relé será o valor componente
ou valores. A tensão (V) total do sinal analógico dividido por 2n fundamental;
(V/2n) representa o tamanho de cada faixa de tensão de cada • Caso haja saturação, o valor a ser levado para comparar com
código. Este valor é conhecido como Less Signicative Bit (LSB), ou o valor ajustado no relé será o valor de I, obtido da média dos
seja, como o bit menos signicativo. valores do semiciclo positivo e negativo.

Filtros digitais amostragEm  dE sinais


  Cada fabricante tem uma técnica de ltragem digital. Assim,   A amostragem de sinais típica de um sistema pode ser
para saber qual a técnica, deve-se contatar o fabricante. Um tipo visualizada na Figura 7.
de ltragem, por exemplo, retira apenas o valor de frequência
fundamental (60 Hz, no caso do Brasil). Isto signica que,
independentemente dos harmônicos, pode-se obter uma forma de
onda “puramente” senoidal de frequência fundamental. A Figura 6
ilustra o exposto.

Figura 7 – Amostragem típica de sinais do sistema e do relé digital

  Como pode ser observado na Figura 7, o conversor analógico


digital também tem um limite a partir do qual ele ceifa a onda.
Assim, além da saturação, tem-se mais um ponto crítico que limita
o valor da corrente. Este valor deve ser obtido com cada fabricante,
mas é da ordem de centenas de ampères. A cada valor da onda
corresponderá um código binário. Os códigos binários para um
Figura 6 – Filtragem digital conversor A/D de 8 bits podem ser:

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00000000 Icc = Corrente de falta em pu, na base do TC.


00000001 Zb = O valor do burden imposto ao secundário do TC a partir dos
00000010 terminais, ou seja, ação mais proteção, também em pu na base
00000011 do TC (deve-se dividir pela impedância do burden nominal do TC).
.................   Alguns fabricantes estendem o número 20 para valores entre
................. 250 e 12000, dependendo do valor ajuste da função no relé.
11111111 (Neste valor, o conversor satura e ceifa a forma de onda).
Transformadores de potencial (TPs)
Comportamento dos relés digitais face à saturação   Para a elaboração deste item, foi utilizada a norma NBR 6855.
  Os relés digitais, mesmo sob saturação do TC, podem operar
de forma adequada, e isto deve ser vericado pelo engenheiro de Denição
proteção. O fato de o TC saturar não implica, necessariamente,   O TP é um equipamento monofásico que possui dois circuitos,
que a proteção não opere adequadamente. Nem sempre é possível um denominado primário e outro denominado secundário, isolados
garantir a operação adequada dos relés se os TCs saturarem, porém, eletricamente um do outro, porém, acoplados magneticamente.
com as características dos relés digitais atuais, a probabilidade de São usados para reduzir a tensão a valores baixos com a nalidade
atuação adequada aumentou muito. de promover a segurança do pessoal, isolar eletricamente o circuito
  A publicação Analyzing and Applying Current Transformers, de de potência dos instrumentos e reproduzir elmente a tensão do
Stanley E. Zocholl, mostra que, levando em conta a saturação DC, circuito primário no lado secundário.
deve-se vericar os TCs por meio da equação:
Dados principais para especicação de um TP indutivo
20 > [(X/R)+1] x Icc x Zb Para a especicação de um TP indutivo, os principais dados
a serem informados são: (a) tensão nominal primária (V1n) ou
Em que: secundária (V2n); (b) relação nominal do TP (RTP); (c) tensão
X/R = Valor de X/R do circuito em que o TC está instalado. máxima e classe de isolamento; (d) frequência; (e) carga nominal;

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e   (f) classe de exatidão; (g) potência térmica nominal; (h) grupo de   Apresenta-se na Figura 8 uma foto de um TP de grupo de ligação
d ligação ou fator(es) de sobretensão(ões) nominal (is); (i) nível básico 2, utilizado em local em que não se garante que o aterramento não
a de isolamento – NBI (BIL); (j) tipo de aterramento do sistema; (k) é ecazmente aterrado.
d para TP indutivos de dois ou mais secundários a carga máxima
i simultânea; (l) uso: interior (indoor) ou exterior (outdoor).
v  
i
t Classe de exatidão
e Segundo a norma NBR 6855, os TP indutivos normalmente se
l enquadram nas classes de exatidão: 0,3%, 0,6% e 1,2%. A exatidão
e normalmente é expressa por um valor percentual citado, seguida
s da letra P e do valor da potência da maior carga nominal com
que se verica essa classe de exatidão. Exemplos: 0.3P75, 0.3P200,
e
0.6P400, etc. Figura 8 – TP de grupo de ligação 2 utilizado em local em que não se
 garante que o aterramento não é ecazmente aterrado
o
ã Carga nominal (P) Suportabilidade ao curto-circuito
ç As cargas nominais padronizadas são 12,5 VA, 25 VA, 35 VA,   Não é incomum ocorrências de explosão de TPs sob curto-
e 75 VA, 200 VA e 400 VA. circuito. Segundo a norma brasileira NBR 6855, os TPs indutivos
t
o Potência térmica nominal (Pterm)
devem ser capazes de suportar os esforços térmicos e dinâmicos
decorrentes das correntes de curto-circuito nos terminais
r
P A potência térmica nominal é dada em VA e deve ser igual secundários durante um segundo, mantendo tensão nominal
ao produto do quadrado do fator de sobretensão contínuo (vide nos terminais primários. Este ensaio de curto-circuito pode ser
Tabela 1) pela maior carga especicada, ou carga simultânea para dispensado se for comprovado, por cálculos, que a densidade de
TPIs, dois ou mais enrolamentos nos quais a potência térmica é corrente nos enrolamentos do TP indutivo não exceda a 160 A/mm 2
distribuída pelos secundários proporcionalmente à maior carga para enrolamentos de cobre, e de 100 A/mm2 para enrolamentos de
nominal de cada um deles e expressa como: alumínio.

Formas de conectar no circuito


Grupo de ligação
  As formas mais comuns de se conectar um TPI podem ser estrela
  Existem três grupos de ligação:
• grupo 1 – TPIs projetados para ligações entre fases; – estrela; estrela – delta aberto; delta – delta e “V”. Apresenta-se a
seguir o esquema trilar das ligações em “V” (Figura 9) e estrela-
• grupo  2 – TPIs projetados para ligações entre fase e terra em
estrela (Figura 10).
sistemas ecazmente aterrados;
• grupo  3 – TPIs projetados para ligação entre fase e terra de
sistemas nos quais não se garante a ecácia do aterramento.

Fatores de sobretensão (Fst)


O fator de sobretensão é utilizado para denir condições
de sobretensão durante faltas à terra em sistemas trifásicos não
aterrados. A Tabela 1 apresenta esses fatores.


 abela 1 – F 
 aTores de sobreTensão

Fator de sobretensão Figura 9 – Conexão de TPIs em “V” 

Grupo de ligação Contínuo 30s


1 1.15 1.15
2 1.15 1.5
3 (vide nota) 1.9 1.9
Nota: Por não ser possível denir a duração das faltas nesses sistemas
não aterrados, esta condição deve ser denida como regime contínuo.
Embora esta especicação exija que os TPIs pertencentes ao grupo de
ligação 3 sejam capazes de suportar em regime contínuo tal condição,
isto não signica que eles possam ser instalados em circuitos em que a
tensão exceda a 115% da tensão nominal primária do TPI. Figura 10 – Conexão de TPIs em estrela-estrela

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Ferro-ressonância e perigosas para os equipamentos na condição não-linear. Segundo


O aumento da quantidade de geradores instalados tem a referência 12, as condições que podem deagrar a ferro-
levado a, também, um aumento de explosão de TPs, devido ao ressonância são incontáveis.
desconhecimento do fenômeno da ferroressonância. Neste tópico,
será abordado, de forma suscinta, o que é este fenômeno, quais as Quais as condições para que a ferro-ressonância ocorra
condições necessárias para que ele ocorra e quais as medidas para   Segundo a referência 12, três condições são necessárias (mas
atenuar/mitigar seus efeitos. podem não ser sucientes) para a ocorrência da ferro-ressonância:
• Presença simultânea de capacitâncias e indutores não lineares;
O que é a ferro-ressonância? • Existência de pelo menos um ponto em que o potencial de
  A ferro-ressonância é um fenômeno não-linear complexo, terra não ca xado (neutro não aterrado, abertura de fusível,
ocasionado por um circuito capacitivo ressonante, com indutores chaveamento monofásico, etc.)
não lineares presentes em transformadores e que provoca • Sistema com baixa carga (ou operando por geradores).
sobretensões, cuja forma de onda é irregular e possui elevado Sabe-se da teoria de circuitos que ao se chavear um circuito surgem
conteúdo harmônico. Essas sobretensões provocam danos sobretensões. Transformadores na presença de sobretensões terão suas
à isolação, podendo ocasionar a queima e explosão desses curvas de histerese na região de saturação (indutores não lineares).
equipamentos. Tem-se observado a explosão de muitos TPs devido
a este fenômeno.
  Diferentemente da ressonância paralela ou série conhecida,
que ocorre para um valor especíco de capacitância (C), a ferro-
ressonância pode ocorrer para uma ampla faixa de C. A frequência
das formas de onda de tensão e corrente na ferro-ressonância
podem ser diferentes da frequência da fonte de alimentação.
  A situação para a ocorrência varia muito, ou seja, muitas
Figura 11 – Curva de histerese na presença de sobretensão caindo na
situações que são normais na condição linear podem ser anormais região de saturação do transformador 

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e Quais as medidas para atenuar/mitigar os seus efeitos T 


 abela 2 – V 
 alor Ôhmico de resisTores de amorTecimenTo

d   Para mitigar este efeito, basta criar um ponto de aterramento Resistor de amortecimento
a no trecho de sistema que ca sujeito a este fenômeno. Quando isto Tensão do sistema Relação do TP Valor de Potência do resistor
d não é possível, ou não conveniente, a solução para atenuar este (kV) (Volts) R (Ohms) em 208 V (watts)
i fenômeno em TPs consiste em instalar resistores de amortecimento 2.4 2400:120 250 175
v no secundário de TPs (lembrando que os TPs, nesse caso, devem 4.16 4200:120 125 350
i
t ter grupo de ligação 3). Este procedimento tem por objetivo reduzir 7.2 7200:120 85 510
e o valor de trabalho da indução magnética para valores entre 0.4 T 13.8 14400:120 85 510
l a 0.7 T. A referência [12] apresenta as seguintes equações para o
e cálculo de resistência: Modelagem matemática de TPs em transitórios
s   TPs com um enrolamento secundário devem ser conectados   A simulação de transitórios em TPs pode ser feita por meio
conforme a Figura 12. de modelos comumente utilizados em programas de transitórios
e eletromagnéticos, tais como o ATP, a referência [08], apresenta a
modelagem indicada na Figura 14.
o Em que:
ã
ç R1 = Resistência do enrolamento primário
e   Em que: US = Tensão nominal secundária do TP em Volt. K = X1 = Reatância de dispersão do enrolamento primário
t (0.25 a 1), de modo que as condições de serviço e de erro quem Rfe= Resistência representativa das perdas no ferro
o dentro do prescrito pela norma IEC 186 (k.Pt é, por exemplo, 30 W Lm = Indutância de magnetização do núcleo
r para a potência nominal de saída de 50 VA). Pt = Potência nominal Zb = Impedância da carga secundária
P de saída em VA. Pm = Potência necessária para medição em VA.
RAmortecimento = valor da resistência em Ohms e P R = Potência nominal
do resistor em watts.
  TPs com dois enrolamentos, sendo um conectado em delta
aberto, devem ser conectados conforme a Figura 13.

Figura 14 – Modelagem do TP no sistema de potência no ATP


  Em que: US = Tensão nominal secundária do TP em Volt. Pe =
Potência térmica nominal em VA do enrolamento secundário onde Bobinas de Rogowski 
o resistor está conectado.   A bobina de Rogowski é um equipamento utilizado como
redutor de medida para corrente alternada, que possui núcleo de ar
(não possui núcleo de material ferromagnético) e transduz a corrente
primária em uma tensão secundária, que é proporcional à taxa
de variação dessa corrente no tempo. Desta forma, normalmente
apresenta menor custo e maior precisão devido a não saturação.
Fisicamente, consiste de uma bobina helicoidal de o, em que o
condutor de uma extremidade retorna pelo centro da bobina à outra
extremidade. A Figura 15 ilustra esquematicamente a explanação.

Figura 12 – Conexão das Figura 13 – Conexão das


resistências de TPs YY com resistências de amorte
um enrolamento amortecimento em cimento em
TPs com dois enrolamentos, sendo
um conectado em delta aberto

  A referência [13] apresenta a seguinte tabela para resistores


instalados em TPs conectados em estrela-estrela, aterrados dos dois
lados, com um enrolamento. Figura 15 – Bobina de Rogowski

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  Assim, para se transformar em corrente secundária, esta tensão


secundária necessita ser integrada. O problema de integrar o valor da
tensão secundária é facilmente resolvido empregando-se um capacitor
no secundário. Com esta simplicidade, o seu uso tem sido muito
difundido nos últimos anos, principalmente na Europa. Veja a Figura 16.

Figura 16 – Integrando o valor da tensão na bobina de Rogowski Figura 17 – Bobina de Rogowski – princípio de operação
  Por não possuir núcleo magnético, sua resposta em frequência é
muito melhor que a dos transformadores. Também por este motivo, C uriosidades históriCas
possui baixa indutância e, assim, podem responder rapidamente 1887 – Dispositivo similar foi descrito por A. P. Chattock
a elevadas mudanças no valor de corrente. Uma bobina de (Universidade de Bristol) Chattock usou este dispositivo para

Rogowski corretamente formada por espiras igualmente espaçadas medir campos magnéticos ao invés de correntes.
é altamente imune a interferências eletromagnéticas. 1912 – Descrição denitiva foi dada por Walter Rogowski e
W. Steinhaus em Die Messung der magnetischen Spannung –
Princípio de operação  Archiv fur Elektrotechni 
  O princípio de funcionamento da bobina de Rogowski pode Principais vantagens
ser explicado tomando-se como referência a Figura 1.3.3. Ao As principais vantagens das bobinas de Rogowski são:
circular uma corrente i(t) no núcleo da bobina, gera-se uma  Linearidade (entre 1 A e 100.000 A). Vide a Figura 18;

tensão u(t), a qual é expressa pelas equações:  Resposta em frequência (entre aproximadamente 40 Hz e 1000

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e   Hz). Veja a Figura 19;


d  Precisão da medição alcança 0,1%;

a  Ampla faixa de medição;

d  Suportabilidade térmica ao curto-circuito ilimitada para a


i construção do tipo janela;
  A Figura 20 mostra como o fator de calibração atua
v  Promove a isolação galvânica entre os condutores primários e
i
t secundários;
e  Pode ser encapsulada e colocada próxima a buchas e cabos,

l evitando a necessidade de isolações elevadas;


e  O tamanho pode ser customizado para as aplicações;
s  Pode ser construída com núcleo bipartido para instalação em

sistemas existentes;
e
 Permite a abertura do circuito secundário sem riscos;

o  Reduz risco às pessoas e à instalação;

ã  Livre de ferro-ressonância;
Figura 20 – Comparação dos tipos de solução (instalação) convencional
com TC e relé versus bobina de Rogwski e IED.
ç  Sem risco de explosão;

e  Não necessita de fusíveis;   Em que x é o erro que se deseja corrigir.


t
 Menor tempo de montagem e facilidade de instalação. Vide a
o Figura 20;
r
P  Flexibilidade de ajuste em IEDs com o fator de calibração.

Figura 21 – Modo como opera o fator de calibração

  A Figura 22 mostra um IED moderno que permite a calibração


do sensor (bobina de Rogowski

Figura 18 – Linearidade da bobina de Rogowski

Figura 22 – Como é alterado o fator de calibração nos IEDs mais


modernos

Exemplo
Um sistema no qual se deseja corrigir 2% de erro. Calcule o
Figura 19 – Resposta em frequência, segundo a referência [79] fator de correção.

Exatidão e fator de calibração


  Os IEDs mais modernos são preparados para proporcionar
melhor exatidão nas leituras, permitindo que, na etapa de
comissionamento, a medição real no secundário – quando possuir Correntes
eventuais erros – possa ser corrigida para car dentro dos erros   80 A, 300 A e 800 A
prescritos pela norma. É importante dizer que a correção do fator
de calibração (FC) é feita apenas para erros de amplitude e não de Classe de precisão
fase. O fator de calibração é dado pela equação a seguir. 0,1% a 1%

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 Aplicações
Divisor Resistivo

Figura 28 – Bobina de Rogowski planar

Figura 23 – Aplicação da Bobina de Rogowski como divisor resistivo


Divisor capacitivo
Figura 29 – Alicate exível (Bobina de Rogowski)

Bibliograa
[01] NBR 6856 – Transformador de Corrente – Especicação – Set. 1981.
[02] ANSI C57.13-1993 – Requirements for Instrument Transformer.
[03] IEC 60044-1 – “Instrument Transformer – Part 1”.
[04] IEC 60044-6 1992 “Requirements for protective current transformers for transient performance”.

[05] IEEE Std C37.110-1996 “IEEE Guide for the Application of Current Transformers Used for
Protective Relaying Purposes”.
[06] Publicação IEEE 76 CH1130-4 PWR CT Transients.
[07] Analyzing and Applying Current Transformers – Zocholl, Stanley E. – Schweitizer Engineering

Figura 24 – Aplicação da bobina de Rogowski como divisor capacitivo Laboratories, Inc – 1st. Edition – Aug. 2004.
[08] Equipamentos Elétricos – Especicação e Aplicação em Subestações de Alta Tensão. Ary D'Ajuz –
Sensores de corrente e de tensão Furnas – Universidade Federal Fluminense.
[09] Experimental Evaluation of EMTP-Based Current Transformer Models For Protective Relay Transient
Sudy – M. Kezunovic, C.W. Fromen, F. Phillips – IEEE Transactions on Power Delivery, v. 9, n.
1 – Jan. 1994 – p. 405-413.
[10] NBR 6855 – Transformador de Potencial – Especicação – Set. 1981.
[11] Apresentação ABB – MV Nov 2006 mostrando as vantagens dos Sensores.
[12] Cahier Techniques n. 190 – Ferroresonance – Philippe Ferraci Merlin Gerin – March 1998.
[13] Protective Relaying – Principles and Applications – Third Edition – ©2007 CRC Press, J. Lewis
Blackburn; Thomas J. Domin – Capítulo 7.
[14] Guide for Application of Rogowski Coils used for Protective Relaying Purposes – Ljubomir Kojovic
 – Jan. 2004 – Report Subcommittee – PSRC ITTF2 Apresentation.

*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola


Federal de Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como
engenheiro de estudos e desenvolveu softwares de curto-circuito,
Figura 25 – Formas de apresentação da bobina de Rogowski load ow e seletividade na plataforma do AutoCad®. Além disso, tem
experiência na área de projetos, engenharia de campo, montagem,
manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresa
EngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenharia
elétrica, benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente
é sócio diretor. O material apresentado nestes fascículos colecionáveis é
uma síntese de parte de um livro que está para ser publicado pelo autor,
resultado de 30 anos de trabalho.
CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO
Conra todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br
Figura 26 – Outras formas de apresentação da bobina de Rogowski
Errata

  Na edição anterior (nº 48 – janeiro) não foram publicadas duas


equações integrantes do fascículo “Proteção e s eletividade”, de autoria
do engenheiro eletricista Cláudio Mardegan. A primeira deveria estar
localizada na página 26, logo após o subtítulo “ABNT NBR 6856”:

A segunda também deveria estar na página 26, após o subtítulo


“IEEE Std C57.13-1993”:

Figura 27– Disposição interna típica de uma bobina de Rogowski

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v
Capítulo III
i
t
e
l Dispositivos de proteção – Parte 1
e Por Cláudio Mardegan*
s
e
o
ã
ç
e Terminologia drop-out  –   Valor de grandeza (tensão, corrente, etc.)
t
o   Alguns termos são utilizados no dia a dia dos para o qual o dispositivo volta ao estado de repouso
r prossionais de proteção. Apresenta-se a seguir alguns (inicial).
P dos mais usados: tApe –  Valor de ajuste de um relé (normalmente para a
unidade temporizada).
Autocheck  – Característica de um relé digital em que dt/td/tms/ k   –   Dial de tempo / Time Dial / Time
verica se todas as suas funções estão operativas multiplier setting  (ajuste multiplicador de tempo)/k. São
e corretas. Este fato dá ao relé digital extrema ajustes utilizados para temporizar um relé.
conabilidade, visto que os relés devem estar sempre di – dispositivo  i NstaNtâNeo  –   É o valor do ajuste da
prontos para operar. unidade instantânea.
BreAker  FAilure  – É uma característica que alguns idmt – iNverse  deFiNite  miNimum  time  (dispositivo a
relés digitais dispõem, cujo objetivo é, após o tempo tempo inverso).
denido nesta função, enviar um sinal a uma saída ied – iNtelligeNt  electroNic  device  –   São disposi-
para que possa ser enviada ao disjuntor à montante tivos eletrônicos inteligentes que, por serem
(porque supõe-se que após o tempo denido no relé o microprocessados e com elevada velocidade de
disjuntor que deveria interromper a falta falhou). processamento (> 600 MHz), englobam uma série
C  araCterístiCa  de   um   relé   – Curva característica tempo de funções, tais como medição, comando/controle,
versus corrente de um relé. monitoramento, religamento, comunicação e proteção,
C  araCterístiCa  Ni ( NormAl  iNverse ) ou   si ( stANdArd  permitem elevada quantidade de entrada analógica
iNverse ) ou  sit ( stANdArd iNverse time ) –  É a característica (sinais de tensão e corrente) e elevada quantidade
normal inversa de um relé. de entradas/saídas (I/O) digitais. Normalmente estes
C  araCterístiCa mi (m uito i Nversa ), vi ( very  iNverse ) ou   dispositivos são voltados para a automação e já foram
vit ( very iNverse time ) –  É a característica muito inversa projetados dentro dos padrões da norma IEC 61850.
de um relé. irig – iNter  rANge  iNstrumeNtAtioN   group t ime  codes 
C  araCterístiCa  ei (e xtremameNte   i Nversa ), ei ( extremelly  –  iniciou a padronização dos códigos de tempo em
iNverse ) ou   eit ( extremelly  iNverse  time ) –   É a 1956 e os originais da norma foram aceitos em 1960.
característica extremamente inversa de um relé. Os formatos originais foram descritos no documento
C  araCterístiCa  td (t empo  defiNido ) ou   dt ( deFiNite  104-60. O documento foi revisado em agosto de 1970
time ) –  É a característica de tempo denido como 104-70 e revisado novamente no mesmo ano
C oNtato  de   selo  – Contato destinado a garantir que o para 200-70. A última revisão da norma é a 200-04.
sinal enviado será mantido (selado). Para diferenciar os códigos, a norma utiliza as letras A,
C oordeNograma  ou   folha  de   seletividade   –   Gráco em B, D, E, G e H. Esses códigos digitais são tipicamente
escala bilogarítmica com o tempo em ordenada e a de amplitude modulada sobre um carrier em uma onda
corrente em abscissa (t x I) em que é feita a folha de senoidal de áudio ou sinais TTL (fast rise time). A maior
seletividade. diferença entre os códigos é a taxa, que varia de um

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pulso por minuto até 10.000 pulsos por segundo. reduNdâNCia – Este termo é utilizado para designar uma proteção
que “enxerga” e atua concomitantemente com a proteção
IRIG-A = 1000 PPS; IRIG-B = 100 PPS; IRIG-D = 1 PPM; IRIG-E = principal. É importante notar que este conceito sempre se refere a
10 PPS; IRIG-G = 10000 PPS; IRIG-H = 1 PPS. equipamentos distintos (em caixas diferentes).
reset –  Voltar ao estado anterior ao da falta.
irig B – É um formato de código de tempo serial. Possui um taxa retaguarda  –   Este termo é utilizado para designar uma proteção

de sinal de temporização de 100 pulsos por segundo. O IRIG-B que atua no caso da proteção principal falhar. É também conhecida
envia dados do dia, do ano, hora, minuto, segundo e fração em um como proteção de backup. É importante notar que este conceito
carrier de 1 kHz, com uma taxa de atualização de um segundo. sempre se refere a equipamentos distintos (em caixas diferentes).
O IRIG-B DCLS (deslocamento de nível DC) é o IRIG-B sem o t empo  de   reset  – Tempo necessário ao relé para voltar ao estado
carrier de 1 kHz. Normalmente, o GPS é utilizado com IRIG-B anterior à falta.
para sincronizar os dispositivos de proteção a uma mesma base trip –  Sinal de desligamento enviado por um relé.
de tempo. WAtchdog –  dispositivo que dispara um reset  ao sistema se ocorrer
gfp– grouNd FAult protectioN – Proteção de falta a terra. alguma condição de erro no programa principal.
grouNd  seNsor  (gs) – Sensor de terra. São TCs sensores de terra
que abraçam todas as fases simultaneamente. Tipos de dispositivos de proteção mais comuns
mta – mAximum torque ANgle – Ângulo de máximo torque de um   Os tipos de dispositivos de proteção mais comumente
relé direcional. utilizados, relés, fusíveis, elos, disjuntores de baixa tensão e IEDs
Ntp – Porta Ethernet  NTP (Network Time Protocol ). serão descritos neste capítulo.
overtrAvel/overshoot   –   É o tempo permitido ao relé de disco de
indução para continuar a girar por inércia após a falta ter sido Relés
eliminada (por um relé a montante ou por uma falta intermitente), Denição
antes de fechar os seus contatos.   São dispositivos destinados a operar quando uma grandeza de
pick-up – Valor de grandeza (tensão, corrente, etc.) para o qual o atuação atinge um determinado valor. Existem várias classicações
relé inicia a atuação. que se pode dar aos relés, quanto à grandeza de atuação (corrente,

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e   tensão, frequência, etc.), forma de conectar ao circuito (primário/ 


d secundário), forma construtiva (eletromecânicos, mecânicos,
a estáticos, etc.), temporização (temporizados e instantâneos), quanto
d à função (sobrecorrente, direcional, diferencial, etc.), característica
i de atuação (normal inverso, muito inverso, etc.).
v
i
t Principais requisitos de um relé
e   Antigamente os principais requisitos de um relé eram
l principalmente conabilidade, seletividade, suportabilidade
e térmica, suportabilidade dinâmica, sensibilidade, velocidade,
s baixo consumo e baixo custo.
  Atualmente, somado aos requisitos é desejável que eles
e
possuam ainda, breaker failure, autocheck,  seletividade lógica, Figura 2 – Relé de disco de indução para análise do
o oscilograa, quantidade de entradas e saídas digitais (E/S digitais)  prin cíp io d e fu ncio namen to
ã adequada, quantidade de entradas analógicas de corrente
ç adequada, quantidade de entradas analógicas de tensão adequada,   A bobina auxiliar (conhecida também com espira de sombra)
e quantidade de saídas à relé adequada, IRIGB, possibilidade de se indicada na Figura 2 tem por objetivo gerar um uxo φ2 defasado o
t
o conectar em rede, possibilidade de realizar funções de automação, uxo principal φ1. O sistema funciona de forma parecida com um
comando, controle, medição, supervisão, etc. motor de indução monofásico, em que não se consegue parti-lo se
r
P não houver um capacitor, que provoca o defasamento angular entre
Equação universal do conjugado dos relés os uxos para gerar o torque. Os uxos Φ1 = φ1 x sen (ωt) e Φ2 =
  A origem dos relés ocorreu com os modelos eletromecânicos e, φ2 x sen ( ωt+θ) são senoidais e defasados entre si.
assim, o advento dos relés digitais teve de incorporar as principais   A Lei de Faraday-Lenz diz que a tensão (corrente) induzida irá
características dos eletromecânicos para viabilizar a migração contrariar a causa (uxo) que a produziu. A regra da mão direita é
destes para os digitais. Dessa maneira, é importante entender utilizada para determinar o sentido da corrente, conforme Figura 3,
o princípio de funcionamento dos relés eletromecânicos. Este e é expressa pela equação a seguir.
entendimento será iniciado com o relé de disco de indução.

O relé de disco de indução


  Apresenta-se, na Figura 1, um relé de disco de indução
mostrando seus componentes. Na Figura 2, mostram-se as partes
de interesse para a análise do princípio de funcionamento.

Figura 3 – Lei de Faraday-Lenz – regra da mão di reita

Figura 1 – Relé de disco de indução com suas principais partes componentes  Figura 4 – Regra da mão esquerda

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Figura 5 – Mecanismo de formação das forças


motoras do disco de indução

  Visto que o disco possui uma resistência R nele irá circular uma
corrente dada por:

  As correntes I1  e I2  irão propiciar o aparecimento das forças


dadas, conforme Figura 5 pela regra da mão esquerda (vide Figura 4).
  Do eletromagnetismo sabe-se que F ≈ φ x I. A força resultante
será F = F2 – F1. Do que foi demonstrado:

  Logo, a força resultante pode ser calculada como:

  A força será máxima para sen θ  = 1, ou seja, θ  = 90°. Isso


signica que, para haver conjugado máximo, deve haver quadratura
dos uxos φ1 (I1) e φ2 (I2). Na prática, isso é difícil de obter, tanto
pela disposição física da espira de sombra como pelo fato de que
a bobina possui um valor de resistência. É desejável que o relé
opere com conjugado máximo independente do valor do ângulo θ,

que
tornaconstrutivamente varia deI 20º
considerar as correntes a 33°. Assim, a melhor opção se
1i e I2. Veja a Figura 6.

Figura 6 – Correntes I1 e I2 em um relé de disco de indução e respectivos ângulos

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e   O ângulo φ  é o de projeto do relé e o ângulo  τ  dene o Função ANSI 


d conjugado máximo. Como o ângulo  τ + φ = 90°, a linha de I1i passa 50, 51, 50/51, 50 N, 51 N, 50/51 N, 50 GS, 51 GS, 50/51 GS, 51G
a ser a referência. A equação do conjugado pode ser reescrita como
d segue: Direcionalidade
i   Operam em qualquer direção.
v   C = I 1i  x I 2 x sen ( θ + φ )
i
t Evolução
e   O conjugado máximo CMÁX ocorre para sen (θ + φ) =1. Como φ    Os primeiros relés instantâneos eram do tipo charneira. Entre os
l = 90 -  τ, a equação do conjugado ca: primeiros relés temporizados pode-se citar o de disco de indução.
e   A evolução dos relés passou pelas etapas de relé eletromecânico,
s   C = I 1i  x I 2 x sen ( θ + 90 -  τ ) = I 1i  x I 2 x sen ( θ -  τ + 90) relé estático, relé numérico digital e IED e pode ser visualizada na
Figura 7.
e
  C = I 1i  x I 2 x cos ( θ -  τ )
o
ã Relés de sobrecorrente (tipo charneira)
ç   Para relés do tipo charneira a equação do conjugado, pode ser
e escrita como segue: C = K 1 x I2
t
o Relés de tensão
r
P   Aplicando-se uma tensão em um resistor de valor 1/K, gera-se
uma corrente dada por I=U/(1/K), ou seja, I = KU. Dessa forma, a
equação de conjugado para um relé de tensão pode ser escrita da
forma seguinte: C = K 2 x U2

Relés que manipulam tensão em corrente


(direcional/impedância)
  Substituindo-se a corrente I1i por U na equação do relé de disco
de indução a equação do conjugado ca escrita como segue: C =
K3 x U x I x cos (θ -  τ)
  A partir das denições apresentadas pelas equações de
conjugado e lembrando que os relés possuem também uma
constante de mola K4, pode-se denir a equação universal do relé
pela equação abaixo:

Figura 7 – Evolução dos relés de sobrecorrente


  Para os relés de corrente existe apenas as parcelas 1 e 4 da
equação acima. Temporização dos relés de sobrecorrente
  Para os relés de tensão existe apenas as parcelas 2 e 4 da   Os relés de sobrecorrente podem ser temporizados ou
equação acima. instantâneos. Os relés eletromecânicos temporizados são
  Para os relés que necessitam de medição de ângulo ou direção normalmente os de disco de indução e podem ser visualizados
(relés direcionais, distância, etc.), existe apenas as parcelas 3 e 4 da nas Figuras 1 e 2.
equação acima.
  As grandezas de atuação apresentam parcela positiva e as de Conexão
restrição parcela negativa.   Vide esquemas unilares e trilares seguintes.

Relés de sobrecorrente
  São relés que operam quando o valor da corrente do circuito
ultrapassa um valor pré-xado ou ajustado. Os relés de sobrecorrente
podem ser instantâneos (função ANSI 50) ou temporizados (função
ANSI 51).
Figura 8 – Representação dos relés de sobrecorrente nos esquemas unilares

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Solução
  A corrente no relé é determinada como:

Características dos relés de sobrecorrente


  A característica dos relés de sobrecorrente é representada pelas
suas curvas tempo versus corrente. Estas curvas variam em função
do tipo do relé (disco de indução, estático, digital). Antigamente,
na época dos relés de disco de indução, a escolha da característica
do equipamento era feita no momento da compra e, assim, não
era possível alterá-la. Atualmente fabricam-se praticamente
Figura 9 – Representação da conexão residual de relés de somente os relés digitais e a maior parte deles permite escolher a
sobrecorrente nos esquemas trilares característica tempo corrente apenas alterando-se os parâmetros
Exemplo no próprio relé.
  Dado o esquema unilar apresentado na Figura 10. Sabendo   Os termos característica inversa, normal inversa, muito inversa
que a corrente de linha é de 100 A e a relação do TC é de 200-5 A, e extremamente inversa existe desde a época dos relés de disco
determine a corrente que o relé está “enxergando”. de indução. Dessa forma, até hoje se mantém essa terminologia,
sendo que as características mais utilizadas são:
  Normal Inverso (NI), Muito Inverso (MI ou VI = Very Inverse),
Extremamente Inverso (EI), Tempo Longo Inverso (TLI ou LT I= Long
Time Inverse) e Tempo Denido (TD ou DT = Denite Time).
  Nos relés digitais as características tempo versus corrente são
representados por equações, e essas equações mudam de acordo
Figura 10 - Esquema unilar  com a norma. Apresenta-se a seguir as mais usuais.

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e IEC/BS
d   As características mais utilizadas da norma IEC são apresentadas
a por meio das seguintes equações para os relés de sobrecorrente:
d
i Normal inversa Muito inversa Extremamente inversa
v
i
t
e
l   As Figuras 11, 12 e 13 apresentam, respectivamente, as
e características normal inversa, muito inversa e extremamente
s
inversa.
e
o
ã
ç
e
t
o
r Figura13 - Curva IEC extremamente inverva

Figura 11 – Curva IEC normal inversa

Figura 14 – Comparação das características das curvas IEC normal inversa,


muito inversa e extremamente inversa

  Como pode ser observada na Figura 14, a curva extremamente


inversa é muito rápida para altas correntes e lenta para baixas correntes.
A característica normal inversa é muito lenta para correntes elevadas e
rápida para baixas correntes ou de sobrecarga, e a característica muito
inversa é adequada tanto para baixas como para altas correntes.

Exemplo
  Um relé de sobrecorrente digital instalado no primário de um
transformador de 1500 kVA, com tensões de 13,8 kV (primária)
e 0,48 kV (secundária), com impedância interna de 5, deve
coordenar com outro situado a jusante (no secundário), também
digital, cujo tempo de atuação é de 0,3 segundos (vide Figura 15).
A corrente de curto-circuito secundária, referida ao primário, é de
1255 A. Sabendo-se que o ajuste de  pick-up deste relé é de 90 A
no primário, e que a curva que deve ser utilizada é IEC-MI (Muito
Figura 12 – Curva IEC muito inversa Inversa), calcular o dial de tempo.

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Em que:
Figura 15 - Exemplo de relé de sobrecorrente digital em primário de um t =Tempo de atuação do relé (segundos)
transformador  DT = Ajuste do multiplicador dos tempos
Solução I = Corrente circulante/Corrente Pick-up
  Cálculo do múltiplo da corrente de ajuste:  A, B, C, D, E = Constantes

 ANSI (C37.112-1996) (Erro=+15%)


O intervalo de coordenação entre relés digitais deve ser de 0,25 Os relés construídos conforme a norma ANSI C37.112
segundos, o que signica que o relé deve ser ajustado para operar obedecem às seguintes equações:
em 0,55 segundos (0.30s + 0.25s). Conforme pode ser observado
na Figura 15. Moderadamente Inversa

Muito Inversa
 ANSI (C37.90)
Os relés construídos segundo a Norma ANSI C37.90 [82] Extremamente Inversa
obedecem a seguinte equação:

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e Relé direcional de sobrecorrente   Ao utilizar relés direcionais deve-se atentar para o seguinte:
d   São relés que operam quando o valor da corrente do circuito • A presença de banco de capacitores no lado em que o relé não
a ultrapassa um valor pré-xado ou ajustado e na direção pré-estabelecida. “enxerga”. Este fato faz com que o relé opere quando o sistema estiver
d Função ANSI  com baixa carga, o que ocorre normalmente em ns de semana;
i   A função ANSI deste relé é a 67. • A existência de circuitos paralelos, onde possa haver a circulação de
v corrente em sentido reverso, como, por exemplo, quando um motor
i
t Direcionalidade está partindo;
e   Operam em apenas uma direção. • Contribuição de motores para as faltas, passando pelo relé direcional.
l
e Polarização  Aplicações particulares
s   Por tensão e corrente. Ao utilizar relés direcionais deve-se atentar para o seguinte:

e
Conexão • A presença de banco de capacitores no lado em que o relé não
o   As conexões utilizadas para os relés direcionais de sobrecorrente “enxerga”. Este fato faz com que o relé opere quando o sistema estiver
ã são: 30°, 60°, 90°. A conexão mais usual é a 90°. Vide Figura 16. com baixa carga, o que ocorre normalmente em ns de semana;
ç • A existência de circuitos paralelos, onde possa haver a circulação de
e corrente em sentido reverso, como, por exemplo, quando um motor
t
o está partindo;
• Contribuição de motores para faltas, passando pelo relé direcional.
r
P
 Aplicação particular 1
  A presença de banco de capacitores xo no lado em que o relé
não “enxerga”. Este fato faz com que o relé opere quando o sistema
Figura 16 – Conexões usuais dos relés direcionais de sobrecorrente estiver com baixa carga ou mesmo sem carga (o que pode ocorrer
normalmente em ns de semana ou em situações de manutenção).
Unilar 
  O relé 67 pode ser representado em um esquema unilar
conforme indicado na Figura 17.

Figura 17 – Representação típica do relé direcional de sobrecorrente no


esquema unilar 

Diagrama fasorial do relé 67 


  Apresenta-se na Figura 18 um diagrama fasorial típico de um relé
direcional de conexão 90º e ângulo de máximo torque igual a 45º. É
importante entender que o ângulo de máximo torque é sempre tomado
em relação à tensão de polarização (referência) e que a linha de conjugado
nulo ca a 90º desta linha. Recomenda-se sempre ler atentamente o
catálogo do relé para ver como as tensões devem entrar no equipamento.

Figura 19 – Operação indevida de relé direcional em sistema


Figura 18 – Diagrama fasorial dos relés direcionais de sobrecorrente com capacitor fixo

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e   Na Figura 19, na condição normal de operação, o


d gerador não está em operação. Toda potência ativa da carga
a é fornecida por ela. A potência reativa da carga é suprida
d em parte pelo capacitor e o restante pela concessionária. O
i sentido de corrente no relé 67 é contrário ao de sua operação.
v Logo ele não opera.
i
t   Na Figura 19, na condição de carga desligada, o
e gerador não está em operação. A concessionária não
l entrega potência ativa. A potência reativa da carga é nula
e e, assim, a potência reativa suprida pelo capacitor não é
s consumida pelas cargas da planta e é entregue ao sistema
da concessionária. O sentido de corrente no relé 67 passa
e
coincidir com o sentido de operação (trip). Assim, se o
o valor de corrente for superior ao valor de  pi ck -u p   do relé
ã direcional, ele irá operar.
ç   Como soluções para este caso, sugerem-se duas Figura 20 – Aplicação de relés 67 conjugados com motores
e possibilidades: aumento do valor de  pick-up   do relé 67  par tind o
t
o ou fazer dois grupos de ajustes, sendo que o relé 67 fica
desativado quando o gerador estiver fora de serviço no grupo
  Para o caso da Figura 20, deveria ser prevista esta condição de
r partida, quando o gerador opera em paralelo com a concessionária.
P ativo (sem gerador). Como solução para esta condição está o aumento do  pick-up do
relé 67 acima de Ip1.
 Aplicação particular 2
A existência de circuitos paralelos, em que possa haver  Aplicação particular 3
a circulação de corrente em sentido reverso, como, por Contribuição em sentido reverso para as faltas, passando pelo
exemplo, quando um motor está partindo. relé direcional.

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Figura 22 – Coordenação do relé 67 com o(s) relé(s) 50/51

*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola Federal de


Figura 21 – Coordenação dos relés 67 com os relés de Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro de estudos
sobrecorrente
e desenvolveu softwares de curto-circuito, load ow e seletividade na plataforma do

  Para o circuito da Figura 21, é necessário ajustar o relé 67  AutoCad®. Além disso, tem experiência na área de projetos, engenharia de campo,
montagem, manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresa
coordenado com o relé 50/51 do circuito sob curto-circuito.
EngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenharia elétrica,
benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente é sócio diretor. O
 Aplicação particular 4 material apresentado nestes fascículos colecionáveis é uma síntese de parte de um
  Contribuição de motores para as faltas, passando pelo relé livro que está para ser publicado pelo autor, resultado de 30 anos de trabalho.
direcional. Como solução para a condição apresentada na Figura CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO
Conra todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
22 está a coordenação do relé 67 com o(s) relé(s) 50/51 dos Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
alimentadores. e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br

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e
d
a
d
i
v
Capítulo IV
i
t
e
l Dispositivos de proteção – Parte II
e Por Cláudio Mardegan*
s
e
o
ã Relé direcional de potência   Quando instalado na interconexão com
ç   Em concepção, os relés direcionais de potência são concessionária, o ajuste deste relé é normalmente
e relés que operam quando o valor da potência ativa do
t dado em função de um percentual sobre o total da
o circuito ultrapassa um valor prexado ou ajustado e na geração o qual é calculado como abaixo:
r direção preestabelecida. Atualmente, com o advento
P dos relés digitais, já existem relés 32P, 32Q, 32S.

Função ANSI 
  O número para a função ANSI para o relé direcional
Figura 1 – Representação em unilar do relé 32 (direcional
de potência é 32. de potência).

Direcionalidade
  Os relés 32 operam em apenas uma direção.
Relé diferencial 
Polarização   São relés que operam quando a diferença da
  A polarização do relé 32 é por tensão e corrente. corrente de entrada em relação à corrente de saída
ultrapassa um valor preestabelecido ou ajustado.
Conexão
  As principais conexões para o relé 32 são: 30°, 60° Função ANSI 
e 90°. A conexão mais usual é a 30°.   O número que expressa a função ANSI do relé
diferencial é o 87. Pode receber uma letra adicional
Unilar  como 87T (diferencial de transformador), 87B
  O relé 32 pode ser representado em um esquema (diferencial de barra), 87G (diferencial de gerador),
unilar conforme indicado na Figura 1. 87M (diferencial de motor), etc.

Direcionalidade
  Operam dentro de sua zona de proteção (entre os
TCs de entrada e saída) em qualquer direção.

Polarização
  A polarização do relé diferencial ocorre por corrente.

  A potência nominal vista pelo relé é dada pela


Conexão/esquemas
equação abaixo.
  Para a representação em esquemas unilares, vide
Figura 2. Para a representação em esquemas trilares,
vide Figura 3.

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Em que:
Io = Corrente de operação
Ir = Corrente de restrição
Io = I1 – I2
Ir = (I1 + I2) / 2

A equação universal dos relés


ca:

Existem dois tipos básicos de relés diferenciais: o relé C = K1 (I1 – I2)2 –


diferencial amperimétrico, que se constitui apenas de um relé K2[(I1+I2)/2]2 – K3
de sobrecorrente instantâneo conectado, operando de forma
diferencial; o relé diferencial percentual constituído, além da Fazendo-se inicialmente K3
bobina de operação uma bobina de restrição dividida em duas = 0 e para C=0, tem-se a
metades. declividade da reta:

Figura 2 – Representação em unilar do relé 87 (diferencial).

Relé diferencial percentual 


  Como descrito no parágrafo anterior, existem duas metades de Levando-se em conta K3, tem-se:
bobina (N2) percorridas pela corrente média (I1+I2)/2 que exercem
a restrição e a diferença de corrente (I1 – I2) e exerce a operação
sobre a bobina (N1). O esquema trilar da Figura 3 mostra esquema
de ligação e funcionamento. Figura 3 – Esquema trilar do relé 87

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e  Quando Ir = (I1 + I2) / 2 tende a zero, atinge-se o valor de Conexão


d pick-up.   A conexão do relé de sobretensão é apresentada no esquema
a unilar da Figura 6.
d
i Relé de sobretensão de sequência zero
v   A Figura 4 mostra a característica do relé diferencial.   São relés que operam quando a tensão do sistema ultrapassa
i
t um valor preestabelecido ou ajustado na ocorrência de uma falta
e a terra. Na prática, este relé é utilizado no secundário de TPs
l conectados em estrela aterrada-delta aberto, ou utilizando-se
e de recursos de rmware, em que a tensão de sequência zero é
s calculada a partir das tensões de fase.
  A sua aplicação é mais frequente em sistemas não aterrados,
e para a detecção e eliminação de faltas a terra. Deve-se, preferen-
o cialmente, desligar as fontes.
ã
ç Figura 4 – Característica de operação do relé diferencial. Função ANSI 
e Relé de subtensão   O número que expressa a função ANSI do relé de sobretensão
t
o  um valor
São relés que operam quando a tensão do sistema cai abaixo de
preestabelecido ou ajustado.
de sequência zero é o 59N.
r
P Polarização
Função ANSI    A polarização do relé 59N é por tensão de sequência zero.
  O número que expressa a função ANSI do relé de subtensão é o 27.
Conexão
Polarização   A conexão do relé de 59N é apresentada no esquema unilar
  A polarização do relé de subtensão é por tensão. da Figura 7.

Conexão
  A conexão do relé de subtensão é apresentada no esquema 59N

unilar da Figura 5.

Figura 7 – Esquema unilar do relé 59N.

27
  Demonstra-se a seguir o valor que aparece no relé 59N em um
sistema não aterrado quando submetido a uma falta a terra.

Figura 5 – Esquema unilar do relé de subtensão.

59

(a) Sistema não aterrado (b) Sistema não aterrado depois


antes CC Fase Terra CC Fase Terra na fase “a” 
Figura 6 – Esquema unilar do relé de sobretensão.
Figura 8 – Sistema não aterrado (a) antes e (b) após uma falta a terra.
Relé de sobretensão
  A forma trilar de conectar o relé 59N é apresentada na Figura 9.
  São relés que operam quando a tensão do sistema ultrapassa
um valor preestabelecido ou ajustado.

Função ANSI 
  O número que expressa a função ANSI do relé de sobretensão
é o 59.

Polarização
  A polarização do relé de sobretensão é por tensão. Figura 9 – Esquema trilar para conectar o relé 59N.

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e   Assim, pode-se provar que a tensão que aparece entre os Relé de distância
d terminais X e Y é igual a três vezes a tensão fase-neutro do sistema. Um relé de distância pode ter esta função desempenhada por
a Veja a demonstração a seguir. um relé de impedância (ou ohm), admitância (ou mho – o contrário
d   Tese: VXY = 3 VFN de ohm), reatância ou relés poligonais.
i   Este relé utiliza este nome visto que, quando há uma falta em
v VXY = 3 Vao = 3 x (1/3) [Va + Vb + Vc] uma linha, a impedância da linha vista pelo relé muda e depende
i
t VXY = Va + Vb + Vc da distância onde foi a falta.
e Va = 0.0 |0.0° ; Vb = VFF |–60.0° ; Vc = VFF |–120.0°
l Função ANSI 
e VXY = Va + Vb + Vc = 0.0 |0.0° + VFF |–60.0° + VFF |–120.0°   O número da função ANSI que representa o relé de distância é o 21.
s VXY = VFF (1 |–60.0° + 1 |–120.0°)
VXY = VFN x √3 x √3 Polarização
e
VXY = 3 x VFN   A polarização é por corrente e tensão.
o
ã Relé de bloqueio Conexão
ç   São relés que recebem sinais de desligamento de outros relés Conforme esquema unilar apresentado na Figura 12.
e e atuam sobre o disjuntor. Sua função é bloquear o religamento
t
o do disjuntor no caso de falta, pois o disjuntor somente pode ser
religado após este relé ser resetado e, assim, somente será religado
r
P por pessoa especializada e autorizada. Normalmente, apenas os
relés de sobrecorrente são direcionados para este relé (50, 51,
50/51, 50/51N, 67, 87).
Figura 12 – Esquema unilar do relé 21.
Função ANSI 
  O número ANSI para esta função é o 86.

Polarização
  Não possui.

Conexão Figura 13 – Esquemático do princípio de funcionamento do relé 21.


  A representação do relé de bloqueio em esquemas unilares
pode ser visualizada na Figura 10. Relé de distância do tipo impedância ou OHM
Este tipo de dispositivo de proteção é um relé de sobrecorrente
com restrição de tensão, conforme pode ser observado na Figura
13, que mostra esquematicamente o princípio de funcionamento do
relé de distância do tipo impedância, cuja equação de conjugado é
dada por:

Figura 10 – Representação do relé de bloqueio em esquemas unilares.


  Os termos negativos K2  I2  e K3  representam as restrições de
tensão e de mola.
  No limiar de operação, ou seja, C = 0 a equação acima ca:

Figura 11 – Foto de um relé de bloqueio

  A Figura 11 mostra um relé de bloqueio típico. Os relés


de bloqueio possuem uma boa quantidade de contatos NA   Desprezando-se o efeito de mola, tem-se K3 = 0
(normalmente abertos) e NF (normalmente fechados) para poderem
realizar as lógicas de contato. Nos relés digitais e nos IEDs, a
função de bloqueio pode ser feita pelo próprio relé.

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  Em um plano cartesiano complexo Z = R + j X = Constante comprimentos l1, l2, l3, dentro de cada zona de proteção e os respectivos
signica módulo constante. Assim, o lugar geométrico cujo módulo tempos de atuação de t1, t2 e t3. A Figura 15 mostra estas temporizações.
é constante é um círculo. Veja Figura 14.   É importante notar que a região de conjugado positivo (atuação)
ca dentro dos círculos de cada zona de proteção. Assim, o relé
operará sempre que a impedância for menor que o valor ajustado e
pela foto t1 < t2 < t3.
  Levando-se em conta agora o efeito da mola, no início da falta
à tensão tende para zero e a corrente aumenta, logo a impedância
(V/I = Z) tende a zero.

Figura 14 – Relé de distância tipo impedância.

A Figura 16 mostra o valor do pick up do relé de impedância e


a sua respectiva declividade.

Figura 15 – Temporizações das zonas de proteção.

  A linha de transmissão mostrada na Figura 14 mostra um relé


de distância do tipo impedância, que possui três zonas de proteção,
correspondendo às respectivas impedâncias Z1, Z2 e Z 3 os respectivos Figura 16 – Valor de pick up e slope (declividade) do relé de distância.

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e   Vale a pena lembrar que um relé de distância normalmente   Existem relés que apresentam característica angular. Derivam
d apresenta três partes principais (a) unidade de partida; (b) três da mesma equação abaixo:
a unidades de impedância ajustáveis (Z e temporização) indepen-
d dentes (Zona 1, 2 e 3); e (c) unidades auxiliares (sinalização,   C = K1 I2 – K2 V I cos(θ –  τ) – K3
i bloqueio de contatos, etc.).
v   Fazendo-se C = 0 e K3 = 0
i
t Relé de distância do tipo reatância
e Este tipo de dispositivo de proteção é um relé de sobrecorrente   K1 I2 = K2 V I cos(θ –  τ)
l com restrição direcional, dessa forma, a equação do conjugado é
e expressa por:
s
  C = K1 I2 – K2 V I cos (θ -  τ) – K3   Esta equação é uma reta na forma de 2a = r cos(θ  –  τ).
e
Dependendo do valor da relação K1 /K2, tem-se uma família de retas
o   Utilizando-se  τ = 90°, a equação acima resulta em: inclinadas no plano R-X.
ã
ç   C = K1 I2 – K2 V I sen (θ) – K3
e
t
o  efeito
No limiar de operação C = 0 e desprezando-se inicialmente o
de mola (K3 = 0), tem-se:
r
P
  K1 I2 = K2 V I sen (θ)

Figura 19 – Relé de distância com característica inclinada.

  Pode-se mostrar que uma dada carga de potência S = P + jQ,


pode ser representada no plano R-X na forma:
  A curva característica deste relé, no plano R-X, é representada
por uma reta paralela ao eixo R, conforme indicado na Figura 17.
  A aplicação deste relé apresenta algumas restrições pelo   Assim, é importante avaliar o comportamento da carga, pois se
fato dele apresentar uma característica aberta, sendo sensível às
oscilações do sistema. Entretanto, devido à sua característica, este ocorre uma perturbação a variação da impedância da carga poderá
relé torna-se independente da resistência de arco. Vide Figura 18. penetrar na zona de atuação do relé de distância do tipo ohm,
podendo causar um desligamento indevido. Os relés de distância
com características angulares podem ser mais convenientes nessas
condições, porém, operarem em condições de curto-circuito.
Existem relés que combinam características para poder tirar as
vantagens de cada tipo de curva.

Relé de distância do tipo admitância


Este tipo de dispositivo de proteção é um relé direcional com
restrição por tensão. A equação de conjugado é dada por:
Figura 17 – Característica do relé de reatância.
  C = K1 V I cos(θ –  τ) – K2 V2 – K3

  No limiar de operação (C = 0) e desprezando-se o efeito de


mola (K3 = 0), tem-se:

  K1 V I cos(θ -  τ) = K2 V2

  Dividindo-se ambos os membros por K2VI, tem-se:

Figura 18 – Relé de reatância com falta por arco.

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  Em um plano R-X, a equação acima representa um círculo de   Devido à sua característica, o relé de admitância é mais propício
diâmetro K1 /K2 que passa pela origem, como mostrado na Figura que o relé de impedância para faltas por arco. Veja Figura 21.
20. O ângulo t é, por construção do relé, o ângulo de máximo   Pode-se demonstrar que o diâmetro do círculo é proporcional
torque do relé e, obviamente, a característica de conjugado nulo ao valor obtido de (K 1 /K2).V2. Isso signica que para faltas próximas
ca a 90° da linha de máximo torque. do relé (começo da linha) o valor de V é pequeno e pode ocorrer
mau funcionamento ou falha do relé devido a uma “zona morta”.
Assim, signica que há necessidade de um comprimento mínimo
de linha. Este fato faz ser interessante ajustar-se a relação K1 /K2 ou
haver uma tensão mínima para operação do relé. Mesmo no caso
de um curto-circuito franco (metálico), em que V = 0, na prática
terá um valor de resistência de arco, que corresponde a valores
da ordem de 4% da tensão nominal, o que normalmente será
suciente para operar o relé.
  Lista-se a seguir algumas características do relé mho:
Figura 20 – Característica do relé de admitância ou tipo mho.
  Constitui-se um relé inerentemente direcional;
  Ocupa uma menor área no plano R-X, o que o torna adequado
para linhas longas de alta tensão, sujeitas a severas oscilações de
potência;
 Acomoda adequadamente faltas por arco.

Principais pontos a serem considerados na aplicação de


relés de distância
Apresenta-se a seguir alguns dos principais pontos a serem
Figura 21 – Relé de distância tipo mho com falta e por arco. observados quando da aplicação de relés de distância:

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o
ã Figura 22 – Proteção de distância típica.
ç
e  Faltas muito próximas do relé (tensão muito baixa); Polarização
t 

o
  Elevada impedância de curto-circuito;   A polarização é por corrente e tensão.
r   Falta de transposição ou transposição inadequada;
P  Oscilação de potência; Conexão
 Efeito da saturação de TCs; Conforme esquema unilar apresentado na Figura 23.
 Impedância mútua;

 Resistência de arco;

 Derivações de linhas;

 Efeito infeed/outfeed;

 Variações de temperatura ambiente e condições de resfriamento

dos condutores (direção e velocidade do vento).


Figura 23 – Representação em esquema unilar do relé 51 V.

Proteção de distância típica   Em relés numéricos digitais e IEDs, a restrição normalmente é


  Apresenta-se a seguir, na Figura 22, uma proteção de distância feita por meio da aplicação de um fator sobre o valor do pick-up,
típica para proteção de 100% de uma linha de transmissão, como segue:
utilizando-se dois relés igualmente ajustados, “olhando” um para o   IPICK-UP RESTRIÇÃO = IPICK-UP 51 x Fator
outro. Existem outros critérios.
  A Figura 25 ilustra um relé que apresenta esta curva típica. Para
Relé de sobrecorrente com restrição (ou supervisão) o exemplo, vê-se que o valor do fator é 0,25 para valores de tensão
de tensão de 0% a 25% da tensão nominal. Entre 25% e 100% da tensão
  Anteriormente foi mostrado que quando ocorre um curto-circuito nominal obedece a curva da Figura 25 (ou seja, o valor pµ da tensão
em um gerador, a corrente de falta amortece rapidamente, podendo corresponde ao fator). Acima de 100% da tensão o fator é sempre 1.
mesmo acontecer que a corrente de curto-circuito permanente que
abaixo da corrente nominal do gerador. Como então proteger este
equipamento, tendo que permitir a circulação de corrente nominal
e ao mesmo tempo conseguir proteger na condição de curto-
circuito? Foi desta forma que surgiu a proteção de sobrecorrente com
supervisão ou restrição de tensão. Na prática, o que esta proteção faz
é deslocar a característica do relé de sobrecorrente para a esquerda
horizontalmente (no plano cartesiano t x I, em função do valor da
tensão. A Figura 24 ilustra o exposto.

Função ANSI 
  O número da função ANSI que representa o relé de
Figura 24 – Característica tempo x corrente do 51 V em função do valor
sobrecorrente com restrição de tensão é o 51 V. da tensão.

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O Setor Elétrico / Abril de 2010

Figura 26 – Esquema unilar do relé de frequência.

 Aplicação
  A aplicação deste relé é feita em sistemas em que existe a possibilidade
Figura 25 – Fator aplicado em função do valor da tensão para relés de haver a perda parcial de geração e ainda que estas perdas não possam
digitais e IEDs.
ser toleradas por certo tempo. Outra aplicação desta proteção é feita em
Relé de frequência sistemas em que há a necessidade de rejeição de cargas (load shadding), com
  São relés que operam quando a frequência do sistema cai (relé o objetivo de descartar cargas de forma a recuperar a frequência do sistema.
de subfrequência) abaixo ou ultrapassa (relé de sobrefrequência) *CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola Federal de
um valor preestabelecido ou ajustado. Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro de estudos
e desenvolveu softwares de curto-circuito, load ow e seletividade na plataforma do
 AutoCad®. Além disso, tem experiência na área de projetos, engenharia de campo,
  Função ANSI 
O número que expressa a função ANSI do relé de frequência é o 81. montagem, manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresa
EngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenharia elétrica,
benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente é sócio diretor. O
Polarização material apresentado nestes fascículos colecionáveis é uma síntese de parte de um
  A polarização do relé de frequência é por tensão. livro que está para ser publicado pelo autor, resultado de 30 anos de trabalho.
CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO
Conexão Conra todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
  A conexão do relé de frequência é apresentada no esquema Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br
unilar da Figura 26.

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e
d
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v
Capítulo V
i
t
e
l Dispositivos de proteção – Parte III
e Por Cláudio Mardegan*
s
e
o
ã
ç
e
t
o   Relé
Muitasdf/dt 
vezes, esperar alguns ciclos para operar um   Conexão
A conexão do relé de frequência+df/dt é apresen-
r relé de frequência pode não ser uma solução real de tada no esquema unilar da Figura 2.
P
proteção de um sistema elétrico, pois esta espera pode
pôr em risco a operação e/ou equipamentos do sistema.
Nestes casos, lança-se mão dos relés df/dt, que operam
quando a taxa de variação da frequência no tempo
do sistema cai abaixo de um valor preestabelecido ou
ajustado. A forma de se fazer esta proteção consiste em
monitorar a tangente (derivada) da tensão no tempo, Figura 2 – Esquema unilar do relé de frequência + df/dt.
cuja inclinação nos permitirá avaliar a variação da
 Aplicação
frequência no tempo. A Figura 1 ilustra o exposto.   A aplicação deste relé é feita em sistemas em que
Antes do distúrbio a inclinação da tensão é maior
existe a possibilidade de haver a perda parcial de geração
(Ponto A). Quando ocorre o distúrbio, a frequência cai
e ainda que estas perdas não possam ser toleradas por
e também a inclinação (derivada – Ponto B). Assim,
certo tempo, pois acabam impondo uma sobrecarga
antes mesmo de atingir o primeiro meio ciclo já se sabe
extrema à geração, que pode danicar a máquina, sendo
que a frequência irá cair.
assim muito usado no ponto comum de acoplamento
entre dois sistemas de geração. Outra aplicação desta
proteção é feita em sistemas em que há a necessidade
de rejeição de cargas (load shadding) de alta velocidade,
com o objetivo de descartar cargas de forma a recuperar
a frequência do sistema. É óbvio que os relés auxiliares
de multiplicação dos contatos também deverão ser muito
rápidos para não degradar o tempo de descarte.

Figura 1 – Monitoração da frequência pela derivada


Fusível 
(inclinação) da forma de onda de tensão.
Denição
Função ANSI    É um dispositivo utilizado para a proteção de
  Como normalmente esta função é utilizada em sobrecorrente em circuitos, fundamentalmente contra
conjunto com o relé de frequência, o número utilizado curto-circuito, e é constituído de um elemento condutor
para a função ANSI é 81 + df/dt. que se funde e interrompe o circuito quando a corrente
atinge valores acima da sua capacidade nominal.
Polarização   Podem ser retardados, rápidos, ultrarrápidos,
  A polarização do relé df/dt é por tensão. limitadores de corrente, etc.

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O Setor Elétrico / Maio de 2010

Curvas características
  Os fusíveis apresentam quatro curvas características tempo
versus corrente. A saber: (a) tempo mínimo de fusão; (b) tempo
máximo de fusão; (c) tempo total para extinção de arco; e (d)
característica de curta duração. Veja as curvas características na
Figura 3.

Curvas características do fusível 

Figura 4 – Efeito limitador do fusível – ¼ de ciclo para eliminar a falta.

Fusível limitador de corrente


  O fusível limitador de corrente é um dispositivo que pode
interromper a corrente de curto-circuito em tempos da ordem de
¼ de ciclo, não deixando a corrente de curto-circuito atingir o seu
valor de pico máximo. A Figura 5 ilustra o exposto.
Figura 3 – Curvas características do fusível.

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O Setor Elétrico / Maio de 2010

e   A Figura 6 ilustra o exposto


d
a
d
i
v
i
t
e
l
e
s
e
o
Figura 6 – Seletividade entre fusíveis.

ã
ç Tabelas de relação de calibre para seletividade
e   Deve-se sempre consultar as tabelas fornecidas pelos fabricantes.
t Na falta destas, ou em etapas de projeto em que ainda não se dispõe
o do fabricante, o IEEE Std 242 mostra também algumas relações.
r
P Elos
  Constituem uma forma barata de proteção e consistem basica-
mente de um elemento fusível colocado em um invólucro. Não
apresentam elevada capacidade de interrupção e são utilizados em
redes de distribuição, principalmente aéreas.
  A norma brasileira NBR-5359 (EB 123) da ABNT prescreve três
tipos de elos fusíveis de distribuição: elo tipo K, H e T. Os elos tipo K
  Na gura acima (conhecida também como “ peak let-through current
chart ) mostra-se que sem limitação o valor da corrente de curto- são do tipo “rápido”. São utilizados para a proteção de alimentadores
circuito pode atingir valores de 42 kA de pico (Ponto A) e ramais. Os elos tipo T são do tipo “lento”. Os elos do tipo H são do
  Utilizando-se um fusível limitador com calibre de 160A, o valor tipo “alto surto”. São utilizados na proteção de transformadores.
do corrente de pico irá car limitada a 12 kA de pico (Ponto B)
Figura 5 – Efeito limitador. Corrente de crista ( pico) ca limitada.
  Os elos tipo K e T suportam continuamente aproximadamente 150%
do valor de seus respectivos elos. Os elos tipo H suportam continuamente
Seletividade entre fusíveis aproximadamente 100%. Os elos tipo K e T começam a operar a partir de
  Para que possa haver seletividade entre dois fusíveis (1 e 2), é 2.0 x In. Os elos tipo H começam a operar a partir de 1.5 x In. Deve-se
necessário que o I2t para tempo total de eliminação do fusível 1 sempre consultar a curva tempo x corrente fornecida pelo fabricante.
esteja abaixo do I2t para tempo mínimo de fusão do fusível 2.   Apresenta-se a seguir as tabelas de coordenação entre elos
fusíveis de distribuição.
T  abela 1 – C oordenação  enTre elos fusíveis do Tipo K.
Elo a montante 10 K 12 K 15 K 20 K 25 K 30 K 40 K 50 K 65 K 80 K 100 K 140 K 200 K
Elo a jusante MáxiMa corrente de falta - aMpère

6 K  190 350 510 650 840 1060 1340 1700 2200 2800 3900 5800 9200
8 K  210 440 650 840 1060 1340 1700 2200 2800 3900 5800 9200
10 K  300 540 840 1060 1340 1700 2200 2800 3900 5800 9200
12 K  320 710 1050 1340 1700 2200 2800 3900 5800 9200
15 K  430 870 1340 1700 2200 2800 3900 5800 9200
20 K  500 1100 1700 2200 2800 3900 5800 9200
25 K  660 1350 2200 2800 3900 5800 9200
 30 K  850 1700 2800 3900 5800 9200
40 K  1100 2200 3900 5800 9200
50K  1450 3900 5800 9200
65 K  2400 5800 9200
80 K  4500 9200
100 K  2000 9100
140 K  4000

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T  abela 2 – C oordenação enTre elos fusíveis do T ipo T.
e Elo a montante 10 T 12 T 15 T 20 T 25 T 30 T 40 T 50 T 65 T 80 T 100 T 140 T 200 T
d Elo a jusante MáxiMa corrente de falta - aMpère
a 6 T  350 680 920 1200 1500 2000 2540 3200 4100 5000 6100 9700 15200
d 8 T  375 800 1200 1500 2000 2540 3200 4100 5000 6100 9700 15200
i 10 T  530 1100 1500 2000 2540 3200 4100 5000 6100 9700 15200
v 12 T  680 1280 2000 2540 3200 4100 5000 6100 9700 15200
i
15 T 
t 730 1700 2500 3200 4100 5000 6100 9700 15200
e 20 T  990 2100 3200 4100 5000 6100 9700 15200

l 25 T  1400 2600 4100 5000 6100 9700 15200


e  30 T  1500 3100 5000 6100 9700 15200
s 40 T  1700 3800 6100 9700 15200
50T  1750 4400 9700 15200
e 65 T  2200 9700 15200
80 T  7200 15200
o 100 T  4000 15200
ã 140 T  7500
ç
e T  abela 3 – C oordenação  enTre elos fusíveis do T ipo K e H
t Elo a montante 8K 10 K 12 K 15 K 20 K 25 K 30 K 40 K 50 K 65 K 80 K 100 K 140 K 200 K

Elo a jusante MáxiMa corrente de falta - aMpère


o
r 1 H  125 230 380 510 650 840 1060 1340 1700 2200 2800 3900 5800 9200
P 2 H  45 220 450 650 840 1060 1340 1700 2200 2800 3900 5800 9200
 3 H  45 220 450 650 840 1060 1340 1700 2200 2800 3900 5800 9200
5 H  45 220 450 650 840 1060 1340 1700 2200 2800 3900 5800 9200
8 H  45 220 450 650 840 1060 1340 1700 2200 2800 3900 5800 9200

T  abela 4 – C oordenação  enTre elos fusíveis do T ipo T e H


Elo a montante 8T 10 T 12 T 15 T 20 T 25 T 30 T 40 T 50 T 65 T 80 T 100 T 140 T
Elo a jusante MáxiMa corrente de falta - aMpère
1 H  400 520 710 920 1200 1500 2000 2540 3200 4100 5000 6100 9700
2 H  240 500 710 920 1200 1500 2000 2540 3200 4100 5000 6100 9700

 35 H 
H  240 500 710 920 1200 1500 2000 2540 3200 4100 5000 6100 9700
240 500 710 920 1200 1500 2000 2540 3200 4100 5000 6100 9700
8 H  240 500 710 920 1200 1500 2000 2540 3200 4100 5000 6100 9700

T  abela 5 – elos fusíveis do T ipo H para Transformadores monofásiCos em 13.2 K v 


Potência (kVA) Conectados
fase-neutro fase-fase
5 - -
10 1H -
15 2H 1H
25 5H 2H

T  abela 6 – elos fusíveis do T ipo H e K para Transformadores TrifásiCos em 13.2 K v 


Potência (kVA) Elo
10 -
15 -
30 1H
45 2H
75 5H
112.5 6K
150 6K
200 10 K
225 12 K
500 20 K
750 30 K

1000 40 K Figura 7 – Curva tempo x corrente para elos fusíveis tipo H.

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e   Na Figura 9, podem ser observadas as três regiões dessas funções.


d A função LTD possui dois ajustes, um de corrente e outro de
a temporização. A função STD possui também dois ajustes: um de
d corrente e outro de temporização. Alguns disjuntores possuem um
i recurso de ligar o I2t para o STD ou deixar desligada (a curva ca reta
v ou “at”), como mostrado na Figura 10. O objetivo do I2t, neste caso, é
i
t melhor acomodar/coordenar a curva disjuntor com dispositivos situados
e a jusante, tais como fusíveis e/ou correntes de partida de motores.
l   A função “instantânea” possui somente ajuste de corrente. Alguns
e disjuntores apresentam também uma quinta função que consiste do
s instantaneous override, ou seja, uma função que opera instantaneamente,
para um valor predeterminado de fábrica, independente de ajustes
e
externos, cuja função é proteger o próprio disjuntor.
o   É importante observar que o tempo mostrado no gráco tempo
ã x corrente para os disjuntores retratam não só o tempo de operação
ç disjuntor (como no caso dos relés), mas também o tempo de
e abertura e extinção de arco.
t
o
r
P

Figura 8 – Curvas tempo x corrente para elos fusíveis tipo K.

Disjuntores de baixa tensão


Tipos básicos dos disjuntores de baixa tensão
  Existem vários tipos de disjuntores de baixa tensão. A
classicação mais comumente encontrada divide estes disjuntores
em duas grandes classes: os disjuntores abertos (Power Breakers ou
LVPCB – Low Voltage Power Circuit Breakers) e disjuntores de caixa
moldada (MCCB – Molded Case Circuit Breakers).
  Os disjuntores de caixa moldada, como o próprio nome indica,
são compostos por uma caixa isolante como uma se fosse uma
unidade integral que aloja internamente todos os componentes Figura 9 – Principais funções de fase de um disjuntor de baixa tensão:
LTD, STD com I2t OFF e instantâneo.
do disjuntor. Sua desvantagem é que qualquer problema interno
no disjuntor é praticamente impossível de reparar, ou seja, tem
de substituí-lo por outro. Já os Power Breakers, como são abertos,
permitem o acesso às suas partes internas, sendo possível a
manutenção interna de seus componentes.
Antigamente praticamente todos os disjuntores em caixa moldada
eram termomagnéticos. Os elementos térmicos eram constituídos de
bimetálicos e as unidades magnéticas possuíam um eletroímã.
Com o avanço da tecnologia, passou-se a utilizar disparadores
(relés) eletrônicos, os quais permitiram uma melhor adequação da
sua curva de disparo. Esses disjuntores passaram a vir incorporados
com as seguintes funções:

• LTD – Long Time Delay (corrente e tempo)


• STD – Short Time Delay (corrente e tempo)
• Instantâneo – unidade instantânea
• Ground – unidade de terra Figura 10 – Principais funções de fase de um disjuntor de baixa
tensão: LTD, STD com I 2t ON e instantâneo.

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Dados para especicação dos disjuntores de baixa tensão IEDs


  Os principais dados necessários para a especicação dos Os IEDs, como mencionado na terminologia, são os Intelligent
disjuntores de baixa tensão são: Electronic Devices, ou seja, são dispositivos eletrônicos inteligentes
que, por serem microprocessados e com elevada velocidade de
• Tensão – É a máxima tensão na qual o disjuntor pode operar; processamento (> 600 MHz), englobam uma série de funções, tais
• Frequência nominal – Frequência para a qual foi projetado para operar; como medição, comando/controle, monitoramento, religamento,
• Corrente nominal – Os disjuntores de caixa moldada são comunicação e proteção, permitem elevada quantidade de entradas
projetados para operarem para 100% de sua corrente nominal para analógicas (sinais de tensão e corrente) e elevada quantidade de
uma temperatura especicada. O National Electrical Code (NEC) entradas/saídas (I/O) digitais. Normalmente, estes dispositivos
prescreve que não se deve permitir circular mais do que 80% de são voltados para a automação e já foram projetados dentro dos
sua capacidade, ou seja, deve-se calcular a corrente prevista e padrões da norma IEC 61850.
dividir por 0.8. É importante notar que os Power Breakers podem T  abela 7 – algumas funções de proTeção Conforme ieC 61850.
operar com 100% de sua capacidade nominal e também alguns IEC ANSI
disjuntores de caixa moldada são projetados para isso; PTOC 51
• Capacidade de interrupção – É o maior valor de corrente (rms – PTOC 51N
ecaz) que o disjuntor pode interromper; PTOC 67
• Corrente de curta duração (short time current) – É o valor de PTOV 59
PTOV 59N
corrente máxima para a qual o disjuntor é capaz de suportar os PDIS 21
efeitos da corrente de
PDIF 87
curto-circuito para um tempo especicado, normalmente 0.5 s ou PTR 49
menos. Para os Power Breakers, o valor da corrente de short time é
igual à da capacidade de interrupção do disjuntor;
• Número de polos – Se o disjuntor é unipolar, bipolar ou tripolar;   Na Figura 11, apresenta-se um esquema unilar com uma
• Tensão de comando/controle – Valor de tensão AC ou DC para as solução convencional para uma subestação de alta tensão a relés.
bobinas de abertura e fechamento do disjuntor. Neste unilar, existem 14 relés.

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e   Nesta situação:   As principais desvantagens da utilização de IEDs são:


d
a • Existem 12 relés desempenhando as funções 50/51 e 50/51N; • A concentração de ação nos cubículos onde estão instalados
d • Existem dois relés desempenhando a função 87T; os IEDs;
i • A implantação de seletividade lógica dependerá do tipo dos relés • Maior grau de diculdade para a programação de um mesmo
v instalados; dispositivo;
i
t • Caso seja possível, há a necessidade de se passar ação entre • A detenção da programação do software por alguns fabricantes.
e relés para que se possa implantar esta seletividade lógica;
Descrição das funções ANSI 
l • O custo de implantação devido à quantidade de relés é
e relativamente elevado. 1 – Elemento principal 
s 2 – Relé de partida ou fechamento temporizado
3 – Relé de vericação ou interbloqueio
  Na Figura 12, apresentam-se um esquema unilar com uma
e 4 – Contator
solução para uma subestação de alta tensão, os IEDs. Neste unilar, 5 – Dispositivo de parada
6 – Disjuntor de partida
o existem quatro relés.
7 – Disjuntor de anodo
ã As vantagens dos IEDs nesta situação: 8 – Dispositivo de desconexão da energia de controle
ç 9 – Dispositivo de reversão
e • Existem dois relés desempenhando as funções 50/51, 50/51N, 10 – Chave de sequência
t 11 – Reservada para futura aplicação

o 87T;
• Existem dois relés desempenhando as funções 50/51, 50/51N,
12 – Dispositivo de sobrevelocidade
r 13 – Dispositivo de rotação síncrona

P 87T fazendo a redundância; 14 – Dispositivo de subvelocidade


15 – Dispositivo de ajuste ou comparação de
• A implantação de seletividade lógica é fácil, boa parte pode ser
velocidade ou frequência
feita dentro do próprio relé; 16 – Reservada para futura aplicação
• Pouca ação entre relés para que se possa implantar esta 17 – Chave de derivação ou de descarga
seletividade lógica; 18 – Dispositivo de aceleração ou desaceleração
19 – Contator de transição partida-marcha
• O custo de implantação, devido à quantidade de relés, 20 – Válvula operada eletricamente
normalmente é menor que a solução convencional; 21 – Relé de distância
• Ganha-se quatro diferenciais de barra. 22 – Disjuntor equalizador 
23 – Dispositivo de controle de temperatura
24 – Reservado para futura aplicação
25 – Dispositivo de check de sincronismo
26 – Dispositivo térmico do equipamento
27 – Relé de subtensão
28 – Reservado para futura aplicação
29 – Contator de isolamento
30 – Relé anunciador de alarme
31 – Dispositivo de excitação em separado
32 – Relé direcional de potência
33 – Chave de posição
34 – Chave de sequência, operada por motor 
35 – Dispositivo para operação das escovas ou para
curto-circuitar os anéis coletores
36 – Dispositivo de polaridade
37 – Relé de subcorrente ou subpotência
38 – Dispositivo de proteção mancal 
Figura 11 – Esquema unilar com uma solução convencional.
39 – Reservado para futura aplicação
40 – Relé de perda de campo
41 – Disjuntor ou chave de campo
42 – Disjuntor ou chave de operação normal 
43 – Dispositivo ou seletor de transferência manual 
44 – Relé de sequência de partida das unidades
45 – Reservado para futura aplicação
46 – Relé de falta de fase ou desequilíbrio de corrente
47 – Relé de sequência de fase de tensão
48 – Relé de sequência incompleta
49 – Relé térmico para máquina ou transformador 
50 – Relé de sobrecorrente instantâneo
51 – Relé de sobrecorrente temporizado

Figura 12 – Esquema unilar com uma solução de IEDs. 52 – Disjuntor de corrente alternada

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e 53 – Relé de excitatriz ou gerador CC  83 – Relé de seleção de controle ou de transferência automática


d 54 – Disjuntor corrente contínua de alta velocidade 84 – Mecanismo de operação
a 55 – Relé de fator de potência 85 – Relé receptor de onda portadora ou o piloto
d 56 – Relé de aplicação de campo 86 – Relé de bloqueio

i 57 – Dispositivo para aterramento ou curto-circuito 87 – Relé de proteção diferencial 

v 58 – Relé de falha de reticação 88 – Motor auxiliar ou motor gerador 

i
59 – Relé de sobretensão 89 – Chave separadora (line switch)

t
60 – Relé de balanço de tensão 90 – Dispositivo de regulação
61 – Relé de balanço de corrente 91 – Relé direcional de tensão
e 62 – Relé de interrupção ou abertura temporizada 92 – Relé direcional de tensão e potência
l 63 – Relé de pressão ou nível de uxo líquido ou gás 93 – Contator de variação de campo
e 64 – Relé de proteção de terra 94 – Relé de desligamento ou de disparo livre
s 65 – Regulador (governor) de velocidade 95 – Reservado para futura aplicação
66 – Relé de intercalação ou escapamento de operação 96 – Reservado para futura aplicação

e 67 – Relé direcional de sobrecorrente 97 – Reservado para futura aplicação


68 – Relé de bloqueio 98 – Reservado para futura aplicação

o
69 – Dispositivo de controle permissivo 99 – Reservado para futura aplicação
70 – Reostato eletricamente operado
ã 71 – reservado para futura aplicação *CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola Federal de
ç 72 – Disjuntor de corrente contínua Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro de estudos
e 73 – Contator de resistência de carga e desenvolveu softwares de curto-circuito, load ow e seletividade na plataforma do
t 74 – Relé de alarme
 AutoCad®.
montagem,Além disso, temcomissionamento
experiência na área de up.
projetos, engenharia
fundou de campo,
o 75 – Mecanismo de mudança de posição manutenção, e start Em 1995 a empresa
r 76 – Relé de sobrecorrente DC  EngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenharia elétrica,
P 77 – Transmissor de impulsos benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente é sócio diretor. O
78 – Relé de medição de ângulo de fase ou de proteção material apresentado nestes fascículos colecionáveis é uma síntese de parte de um
de falta de sincronismo
livro que está para ser publicado pelo autor, resultado de 30 anos de trabalho.
79 – Relé de religamento AC 
CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO
80 – Reservado para futura aplicação
Conra todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
81 – Relé de frequência Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
82 – Relé de religamento DC  e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br

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e Capítulo VI
l
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Serviços auxiliares
e Por Cláudio Mardegan*

o
ã
ç
e
t
o   O objetivo deste capítulo é demonstrar a  Alimentação das cargas essenciais (relés,
r importância de utilizar um sistema de alimentação disjuntores, sinalizações, sinóticos, etc.)
P auxiliar conável, bem como descrever os mais   O circuito de comando dos disjuntores deve ser
utilizados. Também será mostrado um diagrama capaz de fazer o disjuntor mudar de estado de ligado
funcional típico de uma proteção atuando sobre um para desligado quando houver atuação de um relé
disjuntor. de proteção. Assim, se for utilizado um circuito em
corrente alternada derivado diretamente do barramento
Características das grandezas elétricas por meio de um TP, na ocorrência de um curto-circuito
durante um curto a tensão primária do TP cai e, consequentemente,
  Quando ocorre um curto-circuito, observam-se também a secundária, não havendo, desta forma,
variações signicativas em duas grandezas elétricas: tensão de comando suciente para fazer atuar a bobina
de abertura do disjuntor.
• Corrente: cujo valor tem um aumento abrupto;   Desse modo, é prática efetuar a alimentação do
• Tensão: cujo valor apresenta uma queda acentuada circuito de comando de disjuntores por um nobreak
(próximo de 0 V no ponto de curto). DC ou AC. Vide diagrama funcional típico na Figura 1.

Figura 1 – Diagrama funcional típico de um disjuntor.

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Nobreak DC (Carregador de baterias) retica a onda de entrada).


O carregador de baterias é composto de dois conjuntos   O reticador é projetado para manter uma tensão maior que
fundamentais: a de descarga das baterias, conhecida como tensão de utuação,
de forma que, em condições normais, a bateria não descarrega,
• Reticador; apenas mantém sua carga.
• Bateria de acumuladores.   Na ocorrência de um curto-circuito na linha, a tensão no
sistema cai próximo de zero e, consequentemente, cai a tensão AC
  Veja o esquema unilar do carregador de baterias na Figura 2. de entrada. A tensão na saída do reticador também cai e a tensão
da bateria passa a ser maior que na saída do reticador, passando a
assumir a carga desse sistema auxiliar e permitindo manter a tensão
para:

• Comando de disjuntores/chaves e telecomandos;


• Alimentação de sistemas de sinalização;
• Alimentação auxiliar de relés/sistemas de proteção;
• Alimentação de painéis sinóticos;
• Iluminação de emergência;
• Alimentação de sistemas de medição/telemetria.

  Ao retornar a tensão AC, o reticador reconhece e pode colocar


a bateria em recarga.
Figura 2 – Esquema unilar de um reticador (carregador de bateria).
  A bateria de acumuladores deve permitir a alimentação das
  A entrada do reticador vem normalmente de um transformador cargas essenciais durante o período de tempo suciente para
auxiliar ou de comando em corrente alternada. O reticador efetuar todas as atuações e as manobras necessárias. Este intervalo
transforma a tensão de entrada AC em tensão de saída DC (ou seja, de tempo em que a bateria mantém a tensão mínima por

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e   elemento (normalmente 90% da tensão nominal) necessária ao bom Tensão de equalização (Veq)
d funcionamento do sistema é conhecido como autonomia da bateria.   A carga de equalização é aplicada nas baterias de forma
a   Os principais tipos de bateria utilizados atualmente são: a restabelecer a capacidade máxima da bateria. A tensão de
d equalização por elemento de baterias chumbo-ácidas é da
i • Chumbo-ácido; ordem de 2.2 V a 2.5 V/elemento, sendo o valor mais comum
v • Alcalinas (níquel/cádmio). 2.33 V/elemento.
i
t   A tensão de equalização por elemento de baterias alcalinas é
e   A capacidade das baterias chumbo-ácidas é, geralmente, de 10 da ordem de 1.4 V a 1.7 V/elemento, sendo o valor mais comum de
l horas, ao passo que as alcalinas podem ser de 3, 5 ou 10 horas. 1.55 V/elemento.
e   Assim, a tensão total de equalizaç ão é o produto do
s Principais características elétricas das baterias número de acumuladores (n) vezes o valor da tensão de
Tensão nominal (Vn) equalização (Veq).
e
  As tensões DC normalmente utilizadas são 12 Vdc, 24 Vdc, 48
o Vdc, 60 Vdc, 110 Vdc, 125 Vdc, 220 Vdc e 250 Vdc. Faixas de tensão utilizadas para bateria de acumuladores
ã Constam na Tabela 1, as faixas de tensão comumente utilizadas no
ç Tensão máxima do equipamento (Vmáx) dimensionamento de bateria de acumuladores/carregadores.
e   Este valor de tensão depende dos equipamentos que serão
t T 
 abela 1 – F 
 aixas de Tensão para baTeria de  acumuladores

o ligados na saída da bateria e, normalmente, é de 10% acima da


tensão nominal (110% Vn). Entretanto, também são encontrados
Descrição Tipo Nomenclatura Faixa Valor
r de bateria aceita mais comum
P valores de 5% (105% Vn) e 20% (120% Vn). Tensão nominal - Vn 12 V – 24 V – 48 V – 125 V
do 60 V – 110 V –
equipamento 125 V – 220 V – 250 V
Tensão mínima do equipamento (Vmin) Tensão máxima do - Vmáx Vn + (5% ou Vn + 10%
  Este valor de tensão depende dos equipamentos que serão equipamento 10% ou 20%)
Tensão mínima do - Vmin Vn – (5% ou Vn – 10%
ligados na saída da bateria e é de 10% abaixo da tensão nominal
equipamento 10% ou 20%)
(90% Vn), porém, também são encontrados valores de 5% (95% Tensão de Chumbo- V 2.15 V a 2.20 V 2.2 V
Vn) e 20% (80% Vn). utuação/elemento ácido
Tensão de Alcalina V 1.38 V a 1.42 V 1.40 V
utuação/elemento
Tensão de utuação por elemento Tensão nal de Chumbo Vfd 1.6 V a 1.85 V 1.80 V

  A bateria trabalha na maior parte do tempo em utuação, descarga


Tensão nal de -ácido
Alcalina Vfd 0.95 V a 1.15 V 1.05 V
entrando em descarga apenas quando cessa a tensão na entrada do descarga
reticador. Assim, a tensão na saída do reticador deve car acima Tensão de Chumbo- Veq 2.20 V a 2.50 V 2.33 V
deste valor. equalização ácido
Tensão de Alcalina Veq 1.40 V a 1.70 V 1.55 V
  Para baterias chumbo-ácidas, este valor ca na faixa de 2.15 V equalização
a 2.2 V, mas o valor mais comum é de 2.2 V/elemento. Para baterias
alcalinas, este valor ca na faixa de 1.38 V a 1.42 V, sendo comum Determinação do número de elementos de uma bateria
o valor de 1.4 V/elemento.   Na determinação do número de acumuladores ou elementos
que compõem uma bateria, utilizam-se como critério as
Tensão nal de descarga do elemento (Vfd) variações máximas de tensão permitidas pelos equipamentos.
  Uma bateria de acumuladores após sair da utuação vai Dispõe-se de três critérios.
descarregando lentamente (e linearmente) e quando a tensão 1º critério
atinge um ponto de inexão denominado tensão nal que, após Visto que a tensão máxima deve ser n x Veq, temos:
ultrapassado, a tensão cai abruptamente e não consegue mais n ≥ Vmáx / Veq
suprir a carga com energia necessária. 2º critério
  Os valores de tensão nal por elemento para baterias chumbo- Visto que a tensão mínima deve ser n x Vfd, temos:
ácidas variam de 1.6 V a 1.85 V/elemento (valores usuais 1.6 n ≤ Vmin / Vfd
V/1.65 V/1.75 V/1.8 V/1.85V), sendo de 1.8V/elemento, um valor 3º critério
tipicamente adotado para os cálculos. Visto que a tensão nominal deve ser n x V, temos:
  Já as baterias alcalinas possuem um valor de tensão nal dentro n = Vn / V
da faixa de 0.95 a 1.15 V/elemento (valores usuais 1 V/1.05 V/1.10   Idealmente, o valor de n deveria ser o mesmo nos três
V/1.14 V), sendo o valor de 1.05 V/elemento, um valor tipicamente critérios. Como isso praticamente não ocorre, faz-se necessário
adotado para os cálculos. vericar qual

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e   o melhor valor de n que atenda aos três critérios, ou seja, situações • Calcular a capacidade da bateria.
d de utuação, carga e descarga.
a   É importante lembrar que o número de elementos que leve a
C TOTAL = K 1 x I 1 + K  2  x (I  2  – I 1 ) + K  3 x (I  3 – I  2  ) + ...... + K N  x (I N  – I N–1 )
 
d uma menor tensão nal conduz ao cálculo de uma bateria de Em que N é o número de trechos da curva. No caso da Figura 3,
i menor capacidade devido ao melhor aproveitamento (solução N = 12.
v mais econômica). O número de elementos que ultrapasse o valor
i
t da tensão máxima durante a carga impõe soluções mais onerosas e Correção do valor da capacidade
e menos conáveis, tais como chaves de transferência, Unidades de O valor calculado deve ser corrigido considerando os fatores a seguir:
l Diodos de Queda (UDQ), etc.
e Temperatura  Fator = 1.050
s Exemplo Envelhecimento (idade) Fator = 1.100

Um sistema de 125 Vdc deve trabalhar com uma bateria chumbo- Fator de carga Fator = 1.060
e
ácida. Sabendo que a tensão máxima do sistema não deve ultrapassar Fator de projeto Fator = 1.050

o 140 V e a mínima não deve ser inferior a 105 V, determinar o número Fator de correção total  Fator = 1.286

ã de elementos desta bateria para uma tensão de utuação (V) de


ç 2.16 V/elemento, tensão nal de descarga (Vfd) de 1.75 V/elemento Exemplo
e e para uma tensão de equalização de 2.33 V/elemento. Dimensionar um sistema de corrente contínua em 125 VCC de forma
t
o Solução
a atender o perl de mínima tensão de 90% (112.5 VCC) e máxima
tensão de 110% (137.5 VCC). As baterias devem ser alcalinas, com
r
P 1º critério  n = Vmáx / Veq  n = 140 / 2.33  n = 60 elementos uma tensão nal por elemento de 1.14V e a autonomia do sistema
2º critério  n = Vmin / Vfd  n = 105 / 1.75  n = 60 elementos deve ser dimensionada e atender a um ciclo de descarga para cinco
3º critério  n = Vn / V  n = 125 / 2.16  n = 58 elementos horas. As cargas a serem alimentadas por esse sistema são:

Vericação Disjuntores de MT 


Adotando n = 60 Consumo bobina de abertura: 250 W – 1 s
Tensão máxima Vmáx = 60 x 2.33 = 139.8 V Consumo motor de carregamento de mola: 140 W
Tensão mínima Vmin = 60 x 1.75 = 105.0 V Ciclo de operação: CO – 15 s – CO
Tensão utuação Vutação = 60 x 2.16 = 129.6 V Quantidade: 18

Cálculo da capacidade de uma bateria Disjuntores de BT 


A capacidade de um acumulador é a quantidade de eletricidade em Consumo bobina de abertura: 180 W – 1.6 A (V min = 112.5V)
ampère-hora, corrigida para a temperatura de referência fornecida Consumo bobina de fechamento: 180 W – 1.6 A (V min = 112.5V)
pelo acumulador em determinado regime de descarga até atingir a Consumo motor de carregamento de mola: 400 W – 3.5 A (V min =
tensão nal de descarga. A capacidade de uma bateria é a soma 112.5V)
das capacidades individuais de cada acumulador e é normalmente Ciclo de operação: CO – 15s – CO
expressa em Ah (Ampère-hora). Quantidades:
  Assim, para o correto dimensionamento da bateria, se faz - Disjuntor completo (motor, bobinas abertura e fechamento): 13
necessário atender a cada etapa a seguir: (50% dos motores de carregamento de mola operam simultaneamente
e 30% das bobinas de abertura)
• Denir a tensão nominal do sistema auxiliar; - Disjuntor somente com bobina de abertura: 23
• Determinar o tipo de bateria a ser utilizado (chumbo-ácido/  (30% das bobinas de abertura operam simultaneamente)
alcalina, tipo, fabricante, etc.);
• Determinar a tensão nal por elemento; Carga de sinalização
• Determinar o número de elementos; Consumo das lâmpadas: 6 W
• Denir as cargas a serem supridas pelo serviço auxiliar; Carga constante: 83 lâmpadas
• Determinar a característica de descarga (ciclo de descarga); Quantidade de lâmpadas: 157
• Obter do fabricante a curva do fator K (K=C/I), em função do tempo
para as tensões nais por elemento (Vfe) previstas para o tipo de Iluminação de emergência
bateria escolhido. A Figura 3 mostra uma curva típica; Locais: SE principal, casa de controle e sala do gerador de emergência
• A partir da Vfe e dos respectivos tempos, obter a constante da Potência das lâmpadas: 100 W
bateria para a curva de descarga dos elementos; Quantidade de lâmpadas: 50

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Relés
e Potência máxima de cada relé: 8 W
d
a Quantidade de relés: 20
d
i Determinação do consumo das cargas
v - Disjuntores de MT 
i
t Quantidade de motores a serem ligados simultaneamente: 9
Consumo dos motores:
e
l
e
s Consumo das bobinas de abertura:

e  
- Disjuntores de BT 
o Consumo dos motores:
ã
ç
e Figura 4 – Fator K para a determinação da capacidade de baterias alcalinas.

t
o Consumo das bobinas de abertura:   Ao dimensionar a bateria, é preciso levar em conta uma
r   correção por idade (~10%) e também uma reserva para expansões
P futuras (~15%).
Carga de sinalização:   Assim, o valor calculado deve ser corrigido para:
 
C5h = 281.0 x 1.10 x 1.15 = 355.5 Ah
Iluminação de emergência:   A bateria adotada será de 400 Ah / cinco horas.

  Dimensionamento da capacidade do reticador 


Relés:   A capacidade nominal de um carregador, em ampères, é
calculada, segundo a norma Nema, pela seguinte equação:
 
A curva de descarga adotada é a apresentada na Figura 3.
Em que:
IC = Capacidade do reticador
ICP= Corrente máxima de consumo permanente
IRB= Corrente de recarga máxima da bateria (0.25xC para chumbo-
ácido e 0.4xC para alcalinas).
  Segundo a norma IEC, a capacidade nominal de um carregador
Figura 3 – Característica de descarga da bateria de acumuladores.
de bateria (reticador), em ampères, é calculada, pela equação:
  A partir da característica de descarga apresentada na Figura 3
e da curva do fator K do fabricante apresentada na Figura 4 (que é  
uma curva típica; o correto é consultar sempre a curva do fabricante), Em que:
podemos construir a Tabela 2, que divide a curva acima em 12 trechos, A = Corrente nominal de saída do reticador.
lembrando que a capacidade da bateria é calculada como segue: L = Consumo de carga permanentemente conectada aos terminais
C TOTAL = K 1 x I 1 + K  2  x (I  2  – I 1 ) + K  3 x (I  3 – I  2  ) + ...... + K N  x (I N  – I N–1 ) da bateria.

 abela 2 – dimensionamenTo da capacidade da baTeria

Trecho 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Autonomia restante 05:00:00 04:59:45 04:59:30 04:59:29 04:59:14 00:01:00 00:00:59 00:00:44 04:59:29 00:00:28 00:00:13 00:00:01
Corrente (A) 84.3 50.3 87.9 84.3 50.3 87.9 84.3 50.3 84.3 84.3 50.3 87.9
K da bateria 5.2 5.18 5.18 5.18 5.18 0.5 0.5 0.5 5.18 0.46 0.46 0.46
Capacidade por trecho 438.4 -176.1 194.8 -18.6 -176.1 18.8 - 1.8 -17.0 -18.6 -1.7 -15.6 17.3
Capacidade da bateria (AH) 281.0

Nota: O valor do K da bateria deve ser retirado da curva do fabricante.

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O Setor Elétrico / Junho de 2010

C = Capacidade total da bateria em Ah (Ampères-hora). Unidade de Diodo de Queda (UDQ)


H = Tempo para recarregar a bateria.   Em sistemas em que os valores de tensão mínima não são
K = Constante que para baterias alcalinas vale 1.4 e para baterias atingidos, normalmente é necessário acrescentar um ou mais
chumbo-ácidos vale 1.25. elementos. Nessa nova situação o(s) valor(es) de tensão(ões)
máxima permissível(eis) nos equipamentos pode ser ultrapassada.
  As capacidades nominais padronizadas (correntes de saída Para contornar esta situação, é usual instalar unidades de diodo
do reticador) normalmente encontradas para os carregadores de queda em série com o reticador, de forma que a tensão que
são: 5 A, 10 A, 15 A, 25 A, 35 A, 50 A, 75 A, 100 A, 150 A, 200 A, dentro dos limites permissíveis pelo equipamento.
400 A, 600 A, 800 A, 1000 A e 1200 A.   Vale a pena lembrar que os diodos tem baixa suportabilidade
térmica quanto ao curto-circuito e, dessa maneira, especial
Ventilação da sala de baterias atenção deve ser dada se a capacidade das baterias (ou dos
  Quando a bateria não é selada se faz necessária a exaustão da conjuntos de baterias, caso hajam reticadores em paralelo)
sala de baterias, visto que há liberação de hidrogênio no processo é elevada. Como estimativa de primeira aproximação para
de eletrólise. ordem de grandeza da corrente de curto-circuito de um sistema
  de baterias, o valor da corrente de curto-circuito é de 10 x C.
A vazão do sistema de exaustão é calculada como segue: Assim, temos um conjunto de baterias de 2.000 Ah e a corrente
de curto-circuito da bateria será de 20.000 A. É preciso sempre
  efetuar o cálculo correto da corrente de curto-circuito.
Em que:   O valor de queda de tensão em cada UDQ é de 0.8 V por
diodo. É importante lembrar também que, como o diodo de
Q = Vazão do sistema de exaustão (em litros / hora = l/h) queda não possui boa suportabilidade quanto ao
N = Número de elementos da bateria de acumuladores curto-circuito, deve sempre ter junto dele um fusível ultra-
I = Corrente de recarga da bateria (os valores normalmente rápido.
considerados são I = 0.4 x C – para baterias alcalinas e I = 0.25 x C   A Figura 5 mostra uma aplicação de um sistema de 24 Vcc
para baterias chumbo-ácido) que utiliza UDQs.

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s Figura 8 – UPS singelo com dois reticadores.

e Figura 5 – Sistema de corrente contínua com aplicação de UDQ.

o Nobreak AC 
ã   O nobreak AC é semelhante ao carregador da bateria, porém possui
ç mais um conjunto e, dessa forma, é possível dividi-lo em três módulos:
e • Reticador;
t
o • Bateria de acumuladores;
• Inversor.
r
P
  Veja o esquema unilar do nobreak AC na Figura 6. Figura 9 – UPS Dual Redundante.

TENSAO DE ENTRADA
AC

RETIFICADOR

BATERIA DE ACUMULADORES

TENSAO DE SADA
AC
Figura 10 – UPS Paralelo Redundante.
NO-BREAK AC - DIAGRAMA UNIFILAR

Figura 6 – Esquema unilar de um nobreak AC. Conabilidade entre o nobreak DC e o nobreak AC 
  A diferença, em relação ao carregador de bateria, é que a   O nobreak AC, por ter o inversor de saída, apresenta por si
saída é transformada em corrente alternada para ser utilizada pelos só um componente a mais em série, e mesmo que tivesse um
equipamentos essenciais. MTTF igual ao do reticador, apresentaria menor disponibilidade.
  É apresentado nas Figuras 7, 8, 9 e 10 algumas congurações Entretanto, o MTTF do nobreak AC é muito menor que o MTTF do
dessas UPS (nobreaks AC). nobreak DC (reticador) e, assim, a disponibilidade diminui ainda
mais. Consequentemente, a conabilidade do nobreak AC é menor,
vindo daí a preferência pelos especialistas de proteção a utilização
do nobreak DC ou carregador de bateria.
*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola Federal de
Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro de estudos
e desenvolveu softwares de curto-circuito, load ow e seletividade na plataforma do
 AutoCad®. Além disso, tem experiência na área de projetos, engenharia de campo,
montagem, manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresa
EngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenharia elétrica,
benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente é sócio diretor. O
material apresentado nestes fascículos colecionáveis é uma síntese de parte de um
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Figura 7 – UPS singelo. e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br

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O Setor Elétrico / Julho de 2010

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e Capítulo VII
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s Proteção de falta à terra
Por Cláudio Mardegan*

e
o   Para a proteção de falta à terra, normalmente, são • Esforços decorrentes de sobretensões de regime ou
ã consideradas as seguintes normas: transitórias sobre a isolação;
ç
e - NEC® (National Electric Code - NFPA 70-1999 – Seção • Erros humanos (durante manutenções, comissiona-

t 230-95, alimentadores – Seção 215-10 e estruturas mentos ou instalações).


o remotas – Seção 240-13)
r - NEMA PB 2.2.1999 Características das faltas à terra
P   As faltas à terra possuem determinadas características
Origem das faltas à terra que valem a pena ser ressaltadas e são apresentadas a
  As faltas à terra são originadas por: seguir:

(a) Redução da isolação devido a: •A maior parte das faltas envolve a terra;
• Temperatura (mau contato, sobrecarga); • A corrente de ajuste da proteção de falta à terra é
• Umidade; relativamente independente da corrente normal de
• Contaminação (pó, sal, etc.); carga e os valores dos ajustes da proteção de falta à terra
• Animais; podem ser menores que os de fase;
• Objetos estranhos; • Devido ao fato de que as correntes de falta à terra não
• Deterioração da isolação por idade ou ataque químico. podem ser transferidas por transformadores
delta-estrela ou delta-delta (ou seja, toda vez que houver
(b) Danos físicos à isolação (devido a esforços, falhas um delta no sistema), a proteção de falta à terra para
mecânicas, perfurações da isolação) cada nível de tensão é independente da proteção em

Figura 1 – Sistemas de terra denidos pelas conexões delta dos transformadores.

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outros níveis. Isso permite um ajuste de temporização pequeno e, NEC – Seção 230-95
consequentemente, uma atuação mais rápida da proteção de falta   O NEC, em sua seção 230-95, prescreve que todo sistema
à terra. A Figura 1 ilustra esta particularidade, indicando cinco elétrico com mais de 150 V fase-terra e com correntes maiores que
diferentes sistemas de terra; 1000 A deve possuir proteção especíca de terra.
• Faltas por arco à terra, que não são prontamente detectadas e   Esta proteção deve ser ajustada de forma que o pickup não seja
eliminadas, podem ser extremamente destrutivas. superior a 1200 A e a temporização proteja o ponto 3000 A – 1 segundo.

Valor das correntes à terra


  Conforme demonstrado no capítulo anterior, o valor da corrente
de falta à terra é calculado por:

  Lembramos que as faltas por arco podem chegar a 20% do


valor da falta franca.
  No capítulo que abordamos o curto-circuito, foi mostrado que,
em sistemas solidamente aterrados, as correntes de curto-circuito
fase-terra são da mesma ordem de grandeza das correntes de curto-
circuito trifásico (principalmente no secundário do transformador).
  Pode-se constituir um erro gravíssimo deixar a proteção de falta
à terra por conta da proteção de fase, tomando-se como base esta
consideração, visto que, na prática, a maior parte das faltas ocorre
por arco (e o valor da corrente de falta irá variar de 20% a 100% da Figura 2 – Proteção de falta à terra de baixa tensão conforme NEC
falta franca). Seção 230-95.

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e Comparação da energia (I 2t) dissipada durante uma convencionais não se constituem um meio eciente de proteção
d falta à terra para vários tipos de aterramento contra arco, como:
a   Neste tópico serão comparados três tipos de sistemas de
d aterramento após a aplicação de uma falta à terra. Para tanto, • Centelhamento na mesma fase (muito comum em disjuntores/ 
i considere um sistema de 480 V, alimentado por um transformador contatores/gavetas extraíveis);
v de 2000 kVA e Z% = 6. Locais em que a energia incidente, durante um arco, é elevada e
i
t não se consegue uma proteção adequada às pessoas etc.
e (a) Sistema Solidamente Aterrado (SSA)
l   Como já demonstrado anteriormente, a ordem de grandeza da   Para atender a estas situações, foi desenvolvido por alguns
e corrente de curto-circuito fase-terra é da mesma ordem da trifásica. fabricantes um relé fotossensível, ou seja, sensível à luz. Com esta
s losoa, o relé passa a monitorar o primeiro efeito do arco, a luz.
ICC1φMÁX = 1/0.06 x Ins = 16.67 x 2405.6 Este conceito foi aperfeiçoado e pode-se atualmente integrar a
e
ICC1φMÁX = 40093 A ~ 40000 A monitoração da luz e da sobrecorrente (simultaneamente ou não).
o   Assim, a utilização de relés de proteção de arco proporciona:
ã Para t = 1 s, o valor do I 2t será: aumento na segurança das pessoas, na melhoria na proteção de
ç I2t = (40000)2 . 1 = 1 600 000 000 A2.s. equipamentos, diminuição do tempo de interrupção da falta,
e menor “stress” térmico e dinâmico devido às correntes de falta e
t
o (b) Sistema aterrado por resistor de 400 A (RBV)
  (Aterramento por resistência de baixo valor)
aumento da disponibilidade (menor MTTR).
r
P   Em um sistema aterrado por resistência de aterramento (b) Medidas para minimizar os problemas e danos por
limitando o valor da corrente a 400 A, teremos uma corrente de arcos
falta à terra dada por:   • Treinamento
  Visto que a estatística mostra que 65% dos acidentes com
ICC1φMÁX = 400 A arco ocorrem durante as manutenções, as primeiras e as mais
importantes atitudes a serem tomadas são:
Para t = 1 s, o valor do I 2t será:
I2t = (400)2 . 1 = 160 000 A2.s. • Elaboração de APR para as atividades a serem desenvolvidas na
manutenção;
(c) Sistema aterrado por resistor de 5 A (RAV) • Realização de DDS (Diálogo Diário de Segurança) focando os
  (Aterramento por resistência de alto valor) pontos de maior risco;
  Em um sistema aterrado por resistência de aterramento • Seguir os procedimentos de desenergização;
limitando o valor da corrente a 5 A, terá uma corrente de falta à • Elaboração de procedimentos detalhados, passo a passo;
terra dada por: • Utilização de pessoal qualicado/habilitado para as atividades/ 
empresas especializadas;
ICC1φMÁX = 5 A • Acompanhamento dos serviços com técnico de segurança;
Para t = 1 s, o valor do I 2t será: • Utilizar equipamentos de categoria/classe/isolação apropriadas;
I2t = (5)2 . 1 = 25 A2.s. • Executar todas as atividades com supervisão local.

(d) Comparação entre os três sistemas   • Operações remotas

  Comparando-se a energia dissipada na falta durante um   Durante os comissionamentos, assim como em reenergizações,
segundo nos três sistemas, tem-se: deve-se utilizar comando remoto, ou seja, a operação de ligar
deve car afastada, de forma a garantir a segurança do operador
• O sistema solidamente aterrado libera 10.000 vezes mais energia (botoeira ou sistema supervisório/sala de controle).
que o sistema aterrado por resistência de baixo valor (400 A).
• O sistema solidamente aterrado libera 64.000.000 (64 milhões)   • Intertravamentos
de vezes mais energia que um sistema aterrado por resistência de   Para as instalações novas, durante as fases de projeto, devem-se
baixo valor (5 A). prever os intertravamentos necessários para garantir a segurança
dos operadores e apenas permitir a abertura de uma seccionadora
Proteções especícas para arco se, e somente se, o disjuntor estiver aberto.
(a) Generalidades   Para instalações existentes, implementar intertravamentos. Veja
  Existem situações em que os dispositivos de sobrecorrente Figura 3.

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e responsável de proteção, inclusive prescrita pela norma NR 10. A


d Figura 5 ilustra uma etiqueta típica que um estudo de “Arc ash”
a gera. A Figura 6 indica uma vestimenta típica, categoria 2.
d
i
v
i
t
e
l
e
s
e Figura 3 – Intertravamentos.

o   • Painéis à prova de arco interno


ã   É necessária a utilização de painéis à prova de arco interno, Figura 6 – Camisa risco 2.

ç pois em painéis convencionais, em caso de arco interno, uma


e pessoa pode morrer mesmo estando a alguns metros de distância
  • Proteção física das partes vivas
t • Utilização de trincos/fechos que pessoas leigas não consigam
o do painel. Veja Figura 4. abrir;
r • Utilizar chapas de policarbonato para a proteção de barramentos
P de quadros;
• Utilizar barreiras;
• Encapsulamento de barramentos.

  • Inspeções termográcas
  As inspeções termográcas periódicas (bimensais, trimestrais,
quadrimestrais, semestrais ou anuais) identicam pontos de
aquecimento que podem culminar em arcos elétricos e, logo, é um
instrumento de manutenção preditiva. Veja Figuras 7 e 8.

Figura 4 – Painel à prova de arco interno.

  • Controle de acesso
  Criar uma forma de controle de acesso às subestações/salas
elétricas (chaves, cartões magnéticos, controle digital, etc.).

  •Vestimentas “ame retardantes” e EPIs adequados


  Utilizar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e
vestimentas adequadas, determinadas por um estudo minucioso
de “Arc ash evaluation”, constitui-se uma forma eciente e Figura 7 – Imagem real e térmica (termograma) gerada durante uma
inspeção termográca.

Figura 5 – Etiqueta gerada no estudo de “Arc ash evaluation”. Figura 8 – Câmera infra-red para inspeção termográca.

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  • Inspeções por ultrassom em outros, que, além de aumentar os danos, pode transformar
  O ultrassom pode e deve ser utilizado de forma a identicar a falta por arco em faltas múltiplas (bifásica, trifásica, etc).
falhas (descargas parciais) ainda em sua fase embrionária, evitando,   Por suas característic as, além do alto poder de destruição
assim, a formação futura de arcos. Veja Figura 9. dos equipamentos, as faltas são também extremamente danosas
às pessoas que se encontram em suas circunvizinhanças. O
risco de vida, muitas vezes, existe mesmo a vários metros do
ponto onde ocorreu o arco.
  Visando a reduzir tanto os danos aos equipamentos como
às pessoas, as pesquisas mostraram que a redução do tempo
de eliminação de falta é de vital importância. Foi então a
partir daí que surgiram os relés sensíveis à luz.
  As principais característ icas dos relés de proteção de arco
são apresentadas a seguir:

• Podem utilizar fibras óticas sensíveis para a detecção de


luz;
• Podem utilizar sensores pontuais;

• O tempo de atuação do relé muito baixo (ordem de 2.5 ms


Figura 9 – Equipamento para inspeção termográca. para saída de estado sólido e 15 ms para saída a relé);
• O “trip” (desligamento) pode ser programado para atuar
  • Relés sensíveis à luz/Relés de proteção de arco somente por luz;
  Conforme mostrado no capítulo anterior, as faltas por • O “trip” (desligamento) pode ser programado para atuar por
arco geram elevadas temperaturas, as quais retiram material luz + sobrecorrente;
das extremidades e os transforma em vapor metálico, que se • Monitoramento do estado físico das fibras sensoras;
espalha no compartimento em que ocorre a falta e também • Permitir seletividade lógica;

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• Proteção de “ break failure”;


e
• A extensão máxima da fibra sensora ( loop ) é da ordem de
d
a 60 m;
d • Monitoramento de falha interna do relé.
i
v   • Danos devido a faltas por arco
i
t   As faltas por arco geram elevadas temperaturas as quais
retiram material das extremidades e transforma-os em vapor
e
l metálico, que se espalha no compartimento onde ocorre a
e falta e também em outros, que além de aumentar os danos
s pode transformar a falta por arco em faltas múltiplas (bifásica,
Figura 11 – Queima de uma coluna devido a curto à terra por arco.
trifásica, etc.).
e
 A importância do tempo na eliminação do arco
o
ã   Um baixo tempo de eliminação do arco é um elemento
ç primordial na preservação de vidas e equipamentos/ 
e sistemas elétricos e na recolocação do sistema em operação
t
o rapidamente.
  Quando o arco é eliminado em até 35 ms, os danos às
r pessoas/equipamentos são irrelevantes. Se a eliminação
P
ocorre em até 100 ms os danos às pessoas não são sérios
(no que tange à queimaduras) e ocorrem pequenos reparos
no sistema e equipamentos. Até 500 ms, os ferimentos às
Figura 12 – Queima de várias colunas devido a falta à terra por arco.
pessoas quase sempre são sérios e os danos aos equipamentos
e sistema são graves, sendo o tempo de retomada/recolocação
em serviço e retomada de produção elevados.
  Apresentam-se nas páginas seguintes fotos típicas de faltas
por arco reais ocorridas em uma planta industrial, em que
um curto-circuito ocorreu em uma gaveta de 480 V (Figura
10). Houve a perda de toda a coluna (Figura 11) e também de
outras colunas (Figuras 12 e 13). Como passava um leito de
cabos (cabos de SDCD, cabos de instrumentação, cabos de
comando, cabos de sinais) sobre o painel, os cabos acabaram
também por queimar (Figura 14), paralisando a planta por
trinta dias e promovendo um prejuizo de mais de 50 milhões
de dólares. Figura 13 – Queima de várias colunas devido a falta à terra por arco e
queima de cabos no leito sobre o painel.

Figura 14 – Situação dos cabos do leito sobre o painel que sofreu curto à
Figura 10 – Curto à terra por arco em uma gaveta de 480 V. terra por arco.

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e  Alguns casos práticos Esta técnica para determinar o menor ajuste conável para os relés
d Procurou-se colocar, neste item, alguns casos da não atuação de terra é bem eciente e prática na determinação do ajuste de terra. É
a da proteção de falta à terra. possível chegar a valores da ordem de 2.5 A, ou mesmo menores, o que
d é um valor extremamente sensível.
i   • Arcos na mesma fase   Para que o sistema não que desprotegido (sem o sinal de trip),
v   Arco nas garras (tulipa) de uma mesma fase de disjuntores recomenda-se a instalação de outro relé em série, com o relé de terra
i
t extraíveis constituem-se casos em que já ocorreram em sistemas com um ajuste mais elevado (ajuste imediatamente anterior, já testado)
e elétricos. Neste tipo de ocorrência, os relés de sobrecorrente para garantir que, durante o processo de teste, caso ocorra uma falta
l normais não os identicam como falta. Assim, a forma mais eciente real, não coloque em risco o sistema elétrico.
e de se obter proteção consiste na utilização de relés protetores de • Faltas à terra de alta impedância em ramais/alimentadores de
s arco e também atuar preditivamente com termovisão e ultrassom. distribuição
  Quando os relés de sobrecorrente identicam a falta, os danos Quando ocorre uma falta à terra em um sistema de distribuição, seja
e
quase sempre já são sérios e os tempos para recolocação do painel pelo rompimento do condutor, seja por falha de isolação, muitas vezes
o em serviço são elevados. estas faltas são difíceis de serem detectadas por relés de sobrecorrente
ã   • Fechamento errado da malha das blindagens de cabos de convencionais, principalmente devido à sazonalidade do valor da
ç média tensão com a utilização de TCs “Ground Sensors”  impedância de falta. Este fato é extremamente grave, visto que, se a falta
e   Quando se tem TCs toroidais aplicados em cabos com não é eliminada, as pessoas estão expostas ao risco de choque elétrico
t
o blindagem, após o fechamento das blindagens das três fases,
deve-se voltar com a blindagem por dentro do toroide. A Figura 15
e queimaduras. Pode-se utilizar uma das técnicas ou todas, conforme o
grau de proteção desejado.
r
P ilustra as ligações corretas e incorretas. Deve-se observar a posição   A seguir, algumas técnicas possíveis:
da fonte (source) em relação à carga (load).
  O fechamento errado das malhas de aterramento pode fazer o relé de a. Em sistemas solidamente aterrados;
terra não operar. Veja as formas errada e correta de se fazer o fechamento. b. Em sistemas aterrados por impedância por meio de relé de sobretensão
(função 59);
c. Em sistemas aterrados por impedância por meio de relé de sobretensão
de terra (função 59N).

a. Faltas à terra em linhas radiais com fonte apenas


de um lado em sistemas solidamente aterrados
  Existem situações em que a linha aérea atravessa trechos em
que pode haver a presença de pessoas que não conhecem os riscos
da eletricidade e, adicionalmente, essas linhas podem ter seus cabos
Figura 15 – Como passar a blindagem dentro de TCs toroidais. rompidos em locais de impedância muito elevada de forma que
• Casos de curto-circuito à terra mínimos em sistemas concessionários a proteção de sobrecorrente terra dicilmente detecte esta falta. É
  É comum as concessionárias utilizarem uma impedância de ZG = apresentada na Figura 16 uma forma de se obter a proteção de falta à
40 Ohms no neutro para simular um terra independentemente do valor da impedância no ponto de falta que
curto-circuito mínimo à terra com o intuito de avaliar a eciência/  consiste em se instalar um relé de sequência de fase na barra da carga.
sensibilidade da proteção de falta à terra para estes baixos valores.
Lembramos que este valor deve ser multiplicado por três quando
inserido na equação apresentada no item “valor das correntes à terra”.

• Otimização de ajustes de unidades de sobrecorrente de falta à terra


em sistemas aterrados por resistência
  Nesses sistemas é fundamental que a proteção seja realizada sempre Figura 16 – Proteção de falta à terra pela utilização de relé de
por TCs “Ground Sensors”  ao invés de três TCs ligados na conexão sequência de fase.

residual. A técnica consiste em se “tirar” o sinal de trip e diminuir o valor   Esta técnica também pode ser utilizada em sistemas aterrados
do ajuste do relé de terra. Deixa-se este ajuste por certo tempo, durante por impedância.
o qual se faz energizações de equipamentos (transformadores e partida
de motores) e se verica se a proteção não atua nestas condições. Caso b. Em sistemas aterrados por impedância via relé de
não atue, deve-se diminuir um pouco mais o ajuste do relé de terra e sobretensão (59)
continuar o processo.   Esta técnica consiste em utilizar um relé de sobretensão no

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secundário de 3 TPs (de grupo de ligação 3) conectados em estrela a somatória das tensões de fase no delta aberto é zero. Quando uma
aterrada no primário e no secundário. Quando uma fase vai à terra, fase vai à terra, a tensão nos terminais aumenta normalmente entre
a tensão nas outras duas sobe, o relé de sobretensão identica e duas a três vezes a tensão do secundário do TP. Deve-se calcular
envia o sinal de trip via bra, como indicado na Figura 17. Deve-se o valor desta sobretensão para ajustar o relé. Temporiza-se esta
calcular o valor desta sobretensão para ajustar o relé. unidade para coordenar com os relés de sobrecorrente de falta à
terra. A Figura 18 ilustra o exposto.

Figura 18 – Proteção de falta à terra por meio da utilização de relé de


sequência de sobretensão de sequência zero.
Figura 17 – Proteção de falta à terra por meio da utilização de relé de
sequência de sobretensão.
*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola Federal de
Nota: O objetivo de temporizar esta função é o de coordenar com os Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro de estudos
relés de sobrecorrente de falta à terra. e desenvolveu softwares de curto-circuito, load ow e seletividade na plataforma do
 AutoCad®. Além disso, tem experiência na área de projetos, engenharia de campo,

c. Sistemas aterrados por impedância usando relé de montagem, manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresa
EngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenharia elétrica,
sobretensão de terra (59N) benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente é sócio diretor. O
Esta técnica consiste em empregar um relé de sobretensão no material apresentado nestes fascículos colecionáveis é uma síntese de parte de um
secundário de 3 TPs (de grupo de ligação 3) conectados em estrela livro que está para ser publicado pelo autor, resultado de 30 anos de trabalho.
CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO
aterrada no primário e no secundário, podendo-se utilizar a função Conra todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
59N calculada pelo relé ou o secundário ligado em delta aberto Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
utilizando a função 59N pela entrada física no relé. Sem falta à terra, e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br

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e
d
a
d
i
v
i
t
e Capítulo VIII
l
e
s Proteção de motores
e Por Cláudio Mardegan*

o
ã
ç
e
t
o   Na elaboração deste capítulo sobre proteção dos
motores, foram consultadas as seguintes normas/guias:
Em que:
r
P 49 – Sobrecarga
• ANSI C37.96-2000 48 – Sequência incompleta
• NEMA MG-1 46 – Desequilíbrio de corrente
• NFPA 20 – Standard for the Installation of Centrifugal 37 – Marcha a vazio
Fire Pumps 50 – Unidade instantânea
• NEC 51LR – Rotor bloqueado após a partida
66 – Número de partidas por hora
Proteções utilizadas 50 GS – Unidade instantânea “Ground Sensor”
  Os estudos do Institute of Electrical and 51 GS – Unidade temporizada “Ground Sensor”
Electronic Engineers (IEEE) e Electric Power 87 – Diferencial
Research Institute (EPRI) indicam que, em média, 38 – RTD (Proteção de Mancal)
33% das falhas em motores são elétricas, 31% 49S – Sobrecarga térmica do estator
são mecânicas e 35% são devidas ao ambiente,
manutenção e outras razões. Assim, a adequada Pontos a serem observados
seleção e ajuste do motor são fundamentais para a (a) Corrente (IP) e tempo (TP) de partida
boa perfomance do sistema.   É necessário conhecer a corrente e o tempo
  Apresenta-se na Figura 1 as proteções mais de partida do motor. O ideal é ter a oscilograa,
comumente utilizadas para a proteção de motores principalmente dos motores de média tensão.
de média tensão.
Duração

Depende da máquina acionada.

  Quando não se dispõe de dados típicos para o


tempo de partida, o ideal é fazer a simulação do
tempo de partida. Se não se dispuser de um software
para a realização da simulação dinâmica da partida
do motor, os seguintes valores podem ser utilizados
como referência:

• Bomba: 5 s
• Compressor: 10 s
Figura 1 – Proteções típicas para motores de média tensão. • Ventilador: não dá para estimar

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O Setor
O Setor Elétrico
Elétrico // Agosto
Agosto de
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2010

• Moinhos: não dá para estimar Porém, na prática, para garantir a proteção do motor, deve-se
passar abaixo de toda curva de capacidade térmica do motor,
  O valor da corrente de partida pode ser obtida do data sheet protegendo-a integralmente em toda a sua extensão. A curva
do motor. Algumas vezes é encontrado na placa. Quando não se do relé deve passar aproximadamente 10% abaixo da curva de
dispõe, pode-se adotar o seguinte: capacidade térmica nominal para a proteção do motor.

• Motor de média tensão: 6xIn


• Motor de baixa tensão: 8xIn

(b) Ponto do tempo de rotor bloqueado (TRB)


  Este dado deve ser obtido com o fabricante, visto ser um dado
de projeto do motor. Não consta na placa e deve ser solicitado ao
fabricante o TRB a frio (motor parado = em equilíbrio térmico com
o ambiente) e o TRB a quente (motor operando e na temperatura
ambiente de projeto).

Duração Figura 2 – Curva tempo  corrente típica para proteção de motores


versus

Depende do projeto da máquina. Os valores normalmente podem de média tensão.


variar de 5 s a 25 s, sendo mais comum da ordem de 15 s a 17 s.
(d) Comportamento do motor de indução

(c) Curva típica de proteção   Na partida


  Na partida, o motor de indução pode ser representado
  Apresenta-se na Figura 2 a curva tempo versus  corrente típica
como carga de impedância constante. Isso significa:
para a proteção de motores de média tensão.
  Como pode ser observado na Figura 2, a curva do dispositivo
(Z= k = CTE) P = V  / Z = k V  (Parábola)
2 2

de proteção passa abaixo do ponto de rotor bloqueado (a quente).

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e   A Figura 3 mostra a característica P x V (Potência versus Tensão).   Pela Figura 4(a) percebe-se que, se a tensão decresce para
d Quando a tensão cai, a potência e a corrente também caem. manter a potência (ativa = potência no eixo) constante, a corrente
a tem de aumentar (P = V x I). Já na Figura 4(b) nota-se que se a tensão
d cai, a potência reativa também cai.
i   Ainda analisando-se a Figura 4(a), pode-se entender a razão
v pela qual é prática comum utilizar-se de relés de subtensão
i
t (função 27) em CCM’s. Quando a tensão cai, a corrente aumenta
e e assim o relé 27 trabalha como backup para sobrecarga nos
l motores de indução.
e
s Motores de média tensão
  Antigamente eram necessários vários relés para desempenhar as
e
funções recomendadas para a proteção de um motor. Atualmente,
o os relés já possuem incorporadas as funções: desequilíbrio de
ã corrente, sequência incompleta, marcha a vazio, etc.
ç Figura 3 – Curva característica P x V (Potência versus Tensão) para   As funções mais usuais são: 49, 50, 46, 48, 51 LR, 50 GS, 66 e 38.
e motor de indução na partida.
t Em regime
o   Em regime, o motor de indução pode ser representado como 49 – Função sobrecarga térmica
50 – Função de sobrecorrente instantânea
r carga de potência constante (potência ativa). A potência reativa
P pode ser representada como carga de corrente constante. A Figura 46 – Função desequilíbrio de corrente
48 – Função sequência incompleta (proteção de rotor bloqueado
4 mostra as respectivas características. na partida)
51LR – Função rotor bloqueado (após o motor partir)
50GS – Função de sobrecorrente instantânea “ground sensor”
66 – Função do número de partidas
38 – Função de temperatura dos enrolamentos (RTD – Resistance
Temperature Detectors)

  A função de proteção de rotor bloqueado é muitas vezes


designada como mechnical jam.
  Apresentam-se a seguir os ajustes típicos normalmente praticados.

Função 49
Para se proteger adequadamente um motor termicamente
deve-se ajustar a proteção de forma que a curva característica t x I
do relé passe abaixo da curva térmica de dano completa do motor,
a qual traduz a suportabilidade térmica do motor na condição de
regime, partida ou aceleração e rotor bloqueado.
  O IEEE Std 620 padroniza a forma de apresentação da curva
de dano (limite térmico) dos motores para três condições: (a) rotor
bloqueado, (b) partida e (c) em regime. Essas curvas devem ser
solicitadas ao fabricante.
  A maior parte dos relés digitais atuais possui um algoritmo
interno que simula o limite térmico do estator, o qual é representado
pela equação:

Figura 4 – Curva característica P x V (Potência versus Tensão) para o


motor de indução:

(a) Comportamento da potência ativa e (b) Comportamento da potência


reativa.

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e   Em que: “enxerga”, em condições de regime, uma corrente menor que


d a nominal (Is). Dessa maneira, caso não se corrija a corrente
a T = Tempo de operação do relé [s] que o relé enxerga, na ocorrência de uma sobrecarga, o motor
d T = Constante de tempo de aquecimento do motor [s] não estará adequadamente protegido.
i IP = Corrente antes do pick up (previous load) [pu]   A Figura 5 apresenta o esquema unifilar mostrando a
v K = Constante situação sem e com o banco de capacitores e a Figura 6 mostra
i
t IB = Corrente base de referência [pu] o respectivo diagrama fasorial.
e I = Corrente no relé em múltiplos da corrente de ajuste
l Fenômeno quando capacitor é chaveado com o motor
e A função 49 deve ser ajustada em: Em regime, quando o capacitor é chaveado com o
s motor, o capacitor se carrega, e a força contra-eletromotriz
I49 = 1 a 1,05 x I N-MOTOR. (f.c.e.m.) do motor é suprida pelo sistema. Nestas condições,
e
este fasor (f.c.e.m) gira sincronizadamente com o fasor de
o   Curva térmica: Deve permitir o motor partir (> TP) e ficar tensão da rede. Quando o motor é desligado, o fasor da força
ã abaixo da curva I 2t de rotor bloqueado (definida pelo ponto IRB contra-eletromotriz do motor passa a se r suprido pela tensão
ç e t RB). Algumas vezes pode-se utilizar toda capacidade térmica do capacitor (que se encontrava carregado), mantendo o
e da máquina aplicando-se os fatores correspondentes devidos magnetismo remanente no ferro do motor. Porém, o fasor
t
o ao fator de serviço. começa a abrir o seu ângulo de fase em relação à tensão da
rede. Se o contator for fechado em uma s ituação tal que este
r
P Particularidade – Capacitor chaveado com o motor  fasor esteja em “contra-fase”, a tensão no motor pode chegar
  Quando capacitores são chaveados com motores, ou seja, a duas vezes a tensão nominal do motor, o que implica
os capacitores estão conectados entre o motor e o dispositivo um torque de partida de quatro vezes o torque de partida
de manobra (contator ou disjuntor) e a proteção está à nominal.
montante do ponto de conexão do capacitor, parte do reativo   Para que isso não ocorra, o tamanho do capacitor (kVAr
do que vinha da rede (sistema) para suprir a corrente nominal total do banco) a ser chaveado com o motor não deve ser maior
(In) passa a ser entregue agora pelo capacitor (Ic) e o relé que o capacitor máximo admissível que consta no “data sheet”
do motor, que é fornecido pelo fabricante.
  Quando não se dispõe deste valor, deve-se dimensionar os
kVAr totais do banco de capacitores de tal forma que o valor
selecionado seja no máximo igual ao dado na equação a seguir.

kVAr = 0.9 x √ 3 x kVN-MOTOR x Io


Io = Corrente à vazio nominal do motor [A]

Nota: A corrente a vazio do motor pode ser medida com o


motor sem carga.
Figura 5 – Esquema unilar de capacitores chaveados com o motor.

Função 50 (unidade instantânea)


  Se o dispositivo de manobra do motor é disjuntor, deve ser
ajustada em um valor tal que permita o motor partir.

I50 = 1.1 x 1.6 x I P-SIMÉTRICA = 1.76 x I P-SIMÉTRICA. 

Se o dispositivo de manobra do motor é contator, deve-se


preferencialmente bloquear esta função, deixando-a a cargo
dos fusíveis, pois se ocorrer um curto-circuito de elevada
magnitude os contatores não terão capacidade para interromper
a corrente de curto-circuito, podendo até mesmo explodir.
Quando se utiliza fusíveis, o calibre máximo a ser utilizado
deve ser de 300% de In.
Figura 6 – Diagrama fasorial para o esquema unilar apresentado na
Figura 5.

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Função 46 (Desequilíbrio de corrente). Função 48 (sequência incompleta/ 


I46 < 0.15 x IN-MOTOR (ou 25% de desequilíbrio) rotor bloqueado na partida)
t46 = 3.5 s   Esta função deve atuar se o motor não conseguir completar a
sequência de partida e, assim, deve ser ajustada de modo a permitir
  O valor máximo permitido para o ajuste da proteção de o motor partir, porém, o ajuste de temporização deve car abaixo
sequência negativa deve ser de 15%. do tempo de rotor bloqueado.
  O desequilíbrio máximo ocorre quando o motor perde
uma fase, conforme mostrado na Figura 7. Nessas condições, a I48 = (1.5 a 2) . In
corrente de sequência negativa é dada por: 1.1 x TP < t48 < TRB

Função 51LR (rotor bloqueado após a partida ou


mechanical jam)

I51LR = (1.5 a 2) . In
t51LR = 2 s

Função 50GS (proteção ground sensor do motor)

I50GS = 15 a 20 A – (ou 0.2 x I N-MOTOR)


t50GS = 0 (se o dispositivo de manobra é disjuntor)
t50GS = 400 ms (se o dispositivo de manobra é contator e o neutro do
transformador de força é aterrado por resistor)

Notas:
Figura 7 – Máxima corrente de sequência negativa no motor: perda de
fase. 1 - Observar que podem ocorrer desligamentos devido à má

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e distribuição dos cabos de média tensão dentro da janela do TC Função 66 (partidas por hora)
d toroidal, principalmente para motores de grande porte.   Para o correto ajuste desta proteção deve-se verificar o
a 2 - Quando o dispositivo de manobra do motor é contator deve-se “data sheet” do motor, o qual apresenta o número de partidas
d  preferencialmente bloquear esta função, se o sistema é solidamente permitido por hora, em função do regime de funcionamento
i aterrado, deixando-a a cargo dos fusíveis, pois se ocorrer um curto- para o qual o motor foi projetado.
v circuito de elevada magnitude os contatores não terão capacidade Função 27 (subtensão)
i
t de interrupção, podendo até mesmo explodir. Outra forma é ajustar   É antes uma proteção coletiva de motores e não
e uma temporização intencional para a função 50GS de maneira a individual, pois é instalada na entrada de um CCM. Assim,
l  garantir que os fusíveis operem primeiro quando a corrente de falta em instalações em que se tem motores de indução deve-se
e for superior à capacidade de interrupção do contator (sem fusíveis). prover um relé de subtensão, pois, conforme explicado
s 3 – Quando o sistema é aterrado por resistência, o valor deste ajuste anteriormente, se a tensão cai, a corrente de reg ime do motor
normalmente não deve ultrapassar a 10% do valor da corrente do aumenta (carga de potência constante), podendo danificar
e os motores.
resistor de aterramento.
o   Assim, utiliza-se um relé 27 ajustado, conforme segue:
ã Função 49S (RTD´s)
ç   A classe de isolamento dos motores é apresentada na Figura 8. • Pick up: 80% Vn
e Nesta gura, mostra-se o valor da temperatura ambiente (adotado • Temporização: 2 s
t
o como sendo 40 ºC) e, em função da classe de temperatura,
apresenta-se um limite de aumento de temperatura. Para cada classe   O número 80% na grande maioria das vezes atende
r
P é também mostrado o limite máximo permitido de temperatura. devido ao fato de que as quedas de tensão na partida
Como exemplo, a classe de isolamento F possui um limite de normalmente não excedem 12%. Como as concessionárias
aumento de temperatura de 100 ºC e a temperatura máxima podem ter até 7% de queda (Aneel: +5% e -7%), chega-se a
permissível para esta classe é de 155 ºC. 19%.

Motores de baixa tensão


  Normalmente são protegidos por relé térmico e fusível
retardado.
  A função 49 tem o ajuste do relé térmico normalmente
feito na corrente nominal (In) do motor (ou 1,05 x In), uma
vez que os relés térmicos já apresentam um valor de partida
superior à corrente ajustada. Caso o motor possua um fator
de serviço (FS) superior a 1, pode-se ajustar a unidade
térmica com o valor de In x FS.
Os fusíveis são escolhidos de modo que seja permitida a
partida do motor, mas não devem ser maiores a 300% de In.
  É importante observar que atualmente os relés digitais
aplicados a motores de baixa tensão já vem com praticamente
quase todas as funções de proteção dos motores de média
Figura 8 – Limites de temperaturas para as classes de isolamento. tensão e, assim, devem seguir as mesmas recomendações

descritas no item anterior.


Na Tabela 1, apresentam-se valores sugeridos para alarme e trip
em função do tamanho do motor, tensão e classe de isolamento. Observações:
• Os dispositivos de proteção devem proteger a curva
T  ABELA 1 – V  ALORES SUGERIDOS DE  ALARME E TRIP PARA  AJUSTE DE RTD’ S térmica do motor (Tempo de rotor bloqueado – TRB).
 
• Os dispositivos de proteção devem ser ajustados de modo
a permitir circular a corrente de partida [Curva da corrente
de partida ou no mínimo checar o ponto (IP;TP)].
• Os dispositivos de proteção instantâneos não devem atuar
para as correntes assimétricas de partida.

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e Resumo dos ajustes típicos:


d Função 49
(  A ) MOTOR DE MÉDIA TENSÃO COM CONTATOR –  AJUSTE DE FASE
a I49 = 1 a 1,05 x IN-MOTOR
Curva térmica: Acima de T P (> T P ) e abaixo de T RB.
d Função 46 
i I46 � 0.15 x IN-MOTOR (ou 25% de desequilíbrio)
v t46 = 3.5 s
i Função 48 

I1.1 =x(1.5
T P <at2) <x IT 
t
48 N-MOTOR
48 RB
e Função 51LR

l I51LR = (1.5 a 2) x IN-MOTOR


t51LR = 2 s
e Função 50
s I50 = ∞ (Bloqueado = Contator)
t50 = Máximo
e
Função 38
θ ALARME= θCL.ISOL-10 oC 
θTRIP = θCL.ISOL (kVN_MOTOR � 7)
o θTRIP = θCL.ISOL-5 oC (kVN_MOTOR > 7)

ã Função 37 (Só p/ Bomba Centrifuga)


I37 = 0.1 x IN-MOTOR
ç t37 = 3.5 s
e Função 66

t  Ajuste = 2 partidas/hora

o Figura 9 – Ajustes típicos de fase para motores de média tensão com contator e fusíveis.
r Função 49 
P ( B ) MOTOR DE MÉDIA TENSÃO COM DISJUNTOR –  AJUSTE DE FASE
I49 = 1 a 1,05 x IN-MOTOR
Curva térmica: Acima de T P (> T P ) e abaixo de T RB.
Função 46
I46 � 0.15 x IN-MOTOR (ou 25% de desequilíbrio)
t46 = 3.5 s
Função 48
I48 = (1.5 a 2) x IN-MOTOR
1.1 x T P < t48 < T RB
Função 51LR
I51LR = (1.5 a 2) x IN-MOTOR
t51LR = 2 s
Função 50
I50 = 1.76 x IP-SIMÉTRICA
t50 = Mínimo Ajuste Relé (< 50 ms)
Função 38
θ ALARME= θCL.ISOL-10 oC 
θTRIP = θCL.ISOL (kVN_MOTOR � 7)
θTRIP = θCL.ISOL-5 oC (kVN_MOTOR > 7)
Função 37 (Só p/ Bomba Centrifuga)
I37 = 0.1 x IN-MOTOR
t37 = 3.5 s
Função 66
 Ajuste = 2 partidas/hora

Figura 10 – Ajustes típicos de fase para motores de média tensão com disjuntor.
( C )  MOTOR DE MÉDIA TENSÃO COM CONTATOR –  AJUSTE DE TERRA
Função 51GS
I51GS = 15 a 20 A (0.2 x IN-MOTOR )
t51GS = 400 ms (se for aterrado por resistência)
(coordenar c/ fusível + contator se solidamente
aterrado)

Função 50GS
I50 = ∞ (Bloqueado)
t50 = Máximo

Figura 11 – Ajustes típicos de terra para motores de média tensão com contator e fusíveis.

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( D ) MOTOR DE MÉDIA TENSÃO COM DISJUNTOR  –  AJUSTE DE TERRA ( F )  MOTOR DE BAIXA TENSÃO COM CONTATOR –  AJUSTE DE TERRA

Função 51GS Função 51GS


I51GS = ∞ (Bloqueado) I51GS = 15 a 20 A (0.2 x IN-MOTOR )
t51GS = Máximo t51GS = 400 ms se aterrado por resistência.
(Coordenar com Fusível + Contator se solidamente aterrado)

Função
I  = 1550GS
a 20 A (0.2 x I N-MOTOR ) Função 50GS
I  = ∞ (Bloqueado)
50 50
t50 = Mínimo (� 50 ms) t50 = Máximo
Figura 12 – Ajustes típicos de terra para motores de média tensão com Figura 14 – Ajustes típicos de terra para motores de baixa tensão com
disjuntor. contator e fusíveis.

( E ) MOTOR DE BAIXA TENSÃO COM CONTATOR –  AJUSTE DE FASE • aquecimento = 30 a 120 minutos (1.800 a 7.200 segundos)

  Para o motor resfriar, na falta das informações do fabricante, a


seguinte faixa pode ser utilizada:
• Resfriamento = 3 a 5 vezes τAquecimento (3.600 a 7.500 segundos)
 
Bomba de incêndio com acionamento elétrico
  A norma NFPA 20 “Standard for the Installation of Centrifugal
Fire Pumps”, no item 7-4.3.3, subitem 2, prescreve que as bombas
de incêndio elétricas devem possuir elementos de proteção de
sobrecorrente sensíveis do tipo “Não Térmico”. Na seção 7-4.4, subitem
1, para um motor do tipo gaiola, o dispositivo de proteção deve:

(a) Proteger o motor contra travamento do rotor;


Nota: Fusível máximo admissível 300% x IN -MOTOR. (b) Ser calibrado para ter um pick up de 300% da corrente nominal do
Função 49
I49 = 1 a 1,05 x IN-MOTOR motor.
Curva térmica: Acima de T P (> T P ) e abaixo de T RB.   A norma americana NEC (NFPA 70), na Seção 695.6, subitem
Função 46
I46 < 0.15 x IN-MOTOR (ou 25% de desequilíbrio) D, prescreve que o circuito do motor não deverá ter proteção contra
t46 = 3.5 s sobrecargas. Deverá ter apenas proteção contra curto-circuito.
Função 48
I48 = (1.5 a 2) x IN-MOTOR
*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola Federal de
1.1 x T P < t48 < T RB
Função 50 Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro de estudos
I50 = ∞ (Bloqueado = Contator) e desenvolveu softwares de curto-circuito, load ow e seletividade na plataforma do
t50 = Máximo  AutoCad®. Além disso, tem experiência na área de projetos, engenharia de campo,
Figura 13 – Ajustes típicos de fase para motores de baixa tensão com montagem, manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresa
contator e fusíveis. EngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenharia elétrica,
benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente é sócio diretor. O
Constantes de tempo de aquecimento e resfriamento material apresentado nestes fascículos colecionáveis é uma síntese de parte de um
  Sempre se deve consultar o fabricante do motor. Porém, nem sempre se livro que está para ser publicado pelo autor, resultado de 30 anos de trabalho.
tem as constantes de tempo de aquecimento e resfriamento de um motor. CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO
Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br 
  Na falta dessas informações, há a indicação de uma faixa típica, Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o e-mail
apresentada a seguir: redacao@atitudeeditorial.com.br 

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e
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a
d
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v
i
t
e Capítulo IX
l
e
s Proteção dos transformadores –
e Parte I
Por Cláudio Mardegan*
o
ã
ç
e
t
o
r
P Normas e guias   A forma de onda, a duração e o valor da corrente
  Para o desenvolvimento deste capítulo, proteção inrush dependem de vários fatores:
dos transformadores, as seguintes normas/guias foram •  Tamanho do transformador: quanto menor o
consideradas: transformador, maior a corrente inrush em múltiplos
- ANSI C37.91-2000 da corrente nominal. Quanto à duração, quanto
- IEEE Std C57.109-1993 maior o transformador, mais tempo irá durar a
- ANSI C57.12.00-2000 corrente inrush.
- NEC 2005 • Impedância do sistema atrás do transformador:
- NBR-5356-1993 quanto maior a potência de curto-circuito do sistema
- NBR 10295-1988 que ca atrás do transformador maior poderá ser a
corrente inrush. A duração poderá aumentar se a
Pontos a serem observados potência de curto-circuito for baixa.
a) Ponto Inrush (CET) • Das propriedades magnéticas do material do núcleo:
  É a corrente de energização do transformador. A quanto pior a qualidade da chapa utilizada para a
corrente de magnetização de um transformador ocorre, confecção do núcleo, mais severa será a corrente de
entre outras, nas seguintes situações: magnetização do transformador. Os transformadores
atuais são projetados com chapas de aço silício
•  Energização do transformador; laminado com grão orientado cujas densidades
•  Ocorrência de falta externa; de uxo variam entre 1.5 a 1.75 Tesla. Quando os
•  Tensão de restabelecimento após a eliminação de transformadores são projetados com estas densidades
uma falta externa; de uxo a corrente inrush é menor.
• Mudança no tipo de falta durante uma contingência, • Do uxo remanescente no núcleo: ao desenergizar
como de falta fase-terra, para falta o transformador, um uxo remanescente permanece
fase-fase-terra; no núcleo. Ao reenergizar o transformador, se houver a
•   Ao paralelar um transformador já energizado combinação mais desfavorável da fase da tensão com
com outro. o uxo remanescente, as densidades de uxo podem
atingir valores de 2xBMáx+Br, em que BMáx é a densidade
  A corrente de magnetização circula apenas no de uxo máxima e Br é a densidade de uxo residual.
enrolamento primário. Assim, deve-se tomar certas As densidades de uxo residuais podem ser da ordem
precauções com as proteções diferenciais e proteção de 1.3 a 1.7 Tesla. Como referência, a densidade
de terra do primário, pois poderá haver desligamento de uxo (B) remanescente no núcleo apresenta os
indevido na energização. seguintes valores típicos:

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 Chapa de grão orientado BRemanescente = 0.9 B Máx T  ABELA 1 – V 


 ALORES DE INRUSH DE PICO NO INSTANTE T  = 0

 Chapa de grão não orientado BRemanescente = 0.7 BMáx Tipo do Transformador Corrente Inrush de Pico
% Múltiplos
• Valor instantâneo da tensão quando o transformador é energizado:
(no instante t= 0 s)
na energização, o transformador é quase que “puramente indutivo”.
 Abaixador
Num circuito “puramente” indutivo, a corrente está atrasada de Primário conectado em Delta  100 19-25 x In
90º da tensão. Isso signica que, quando a tensão está passando Primário conectado em Y aterrada  140 30-35 x In
por zero, a corrente está no seu valor máximo. Assim, chavear o Elevador
transformador com a tensão passando por zero é a condição mais Primário conectado em Delta  170 30-45 x In
adversa em termos de valor da corrente inrush.
Primário conectado em Y aterrada  250 50-60 x In
• Forma como o transformador é energizado: o valor da corrente
“inrush” depende da área de seção entre o núcleo e o enrolamento Cálculo da corrente inrush sem levar em conta a
que está sendo energizado, de forma que valores maiores são resistência do enrolamento
obtidos quando o enrolamento interno (de menor diâmetro) é Quando se fala em transformador, deve-se considerar que ele
energizado primeiro. Por questões de isolação, os enrolamentos é composto de material ferromagnético e, consequentemente, é
de menor tensão são normalmente projetados para serem internos saturável e sujeito à curva de histerese B x H, ou φ x i ou v x i, como
e os de maior tensão para serem externos. Com esta losoa, se apresentado na Figura 1.
os transformadores são abaixadores, a ordem de grandeza das
correntes de magnetização é entre cinco a dez vezes a corrente
nominal. Se os transformadores são elevadores, a ordem de
grandeza das correntes de magnetização varia entre dez a 25 vezes
a corrente nominal.

  Outras literaturas apontam para o indicado na tabela seguinte:


Figura 1 – Curva de histerese

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e Do eletromagnetismo, sabe-se que:


d (Equação 1) Isolando se dφ  (Equação 2)
a  

d Como a tensão é senoidal:


i (Equação 3)
v
i Levando-se a equação 3 em 2 e integrando-se obtém-se: Figura 4 – Circuito relativo à energização de um transformador em

t (Equação 4)
circuito puramente indutivo.
e
l Nesta condição já existe um fluxo remanescente Φ = ΦR. O valor
e   Toda vez que integramos, aparece uma parcela constante, que máximo do fluxo no próximo ½ ciclo (de t3 = 360° até t5 = 540°) será:
s representa a condição inicial, que no caso do transformador é o fluxo
remanescente. Sabe-se também que a integral de Sen(ωt) é –Cos(ωt) /
e ω. Assim, resolvendo-se a equação 4, chega-se a nas equações 5 e 6:

o (Equação 5)
ã ComoΦMáx  = VRMS / (4.44 x n x f ), t3 = Φt1 = 360°, t5 = ωt2 = 540°.
ç
e (Equação 6)
t
o   Imaginando-se que é a primeira vez que o transformador é  
(Equação 7)
r energizado e que a chapa ainda não possui magnetismo remanescente
P ou residual, ou seja, ΦR ~ 0. Para chapas de grão orientado ΦR = 0.9 ΦMáx   (Equação 8)
  Assim, quando se aplica a tensão v(t) tem-se um fluxo (t), 90° (Equação 9)
atrasado, como indicado na Figura 2.
Nesta condição, o fluxo irá modular sobre o valor de ΦR e não
mais no eixo Φv = 0, como indicado na Figura 5.

Figura 2 – Tensão e uxo.

  A partir da figura anterior, pode-se montar um ciclo de


histerese, imaginando-se que se energiza o transformador em 90°,
ou seja, em to. Os demais pontos são como mostrados na curva
da Figura 3.
Figura 5 – Fluxo remanescente após a desenergização e energização.

Levando-se em conta este novo fluxo na curva de histerese,


obtém-se a curva da Figura 6.

Figura 3 – Curva de histerese relativa aos pontos to a t5 da curva da


Figura 2.

  Imaginando-se agora que se desenergiza o transformador


em t1, ou seja, quando o fluxo é máximo (ângulo de 180°). Na Figura 6 – Relação entre uxo, curva de histerese e corrente inrush.
desenergização, a corrente cai para zero e, assim, H = N. i cai
para zero e o fluxo que existirá é o fluxo remanescente ΦR. Como pode ser observado na Figura 6, a corrente não tem forma
  Ao se reenergizar o transformador, estaria se ligando um de onda senoidal e sim, pulsante, sendo que o semiciclo negativo é
circuito como mostrado na figura seguinte: ceifado. Dependendo do valor do fluxo remanescente e do instante

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e em que o transformador é energizado, esta onda pode estar do lado


d positivo ou negativo. Esta forma de onda é típica de corrente inrush e
a é devido a esta forma de onda que o teor de 2ª harmônico é elevado.
d   Durante a energização de transformadores, a corrente de
i magnetização não apresenta forma senoidal.
v
i
t  A decomposição de meia onda senoidal ideal é dada por:
e
l i(t)=√2 . (IRMS / p) {1–(p /2). Sen ( ωt) – (2/3) Cos (2ωt) – (2/15) Cos
e (4ωt) – (2/35) Cos (6ωt) - ....}
s
Figura 9 – Corrente inrush típica de um transformador. O valor das
  Isso demonstra um teor de 2ª harmônica de 2/3, ou seja, de 66%.
e   Este fato é de suma importância para o ajuste das restrições correntes Ia (início) = 470 A e Ia (m) = 210 A; Ib (início) = 980 A e Ib
(m) = 260 A; Ic (início) = 650 A e Ic (m) = 77 A.

o harmônicas dos relés diferenciais. A Tabela 2 apresenta o teor  As Figuras 9a, 9b, 9c e 9d representam a Figura 9 com “zoom”.
ã harmônico típico. Como pode ser observado, o conteúdo de 2ª
ç e 3ª harmônicas são preponderantes. Deve-se tomar cuidado
e com as harmônicas de 3ª ordem, pois, como já demonstrado
t
o anteriormente, estas apresentam características de sequência zero e
podem causar a atuação indevida de relés de sobrecorrente de terra
r
P (direcionais ou não).
T  ABELA 2 – T EOR HARMÔNICO DA C ORRENTE INRUSH
Harmônicos em Transformadores de Força 
Ordem %
2o 63,0
3o 26,8
4o 5,1 Figura 9a – Inrush da Figura 9 com zoom.
5o 4,1
o

67o 3,7
2,4

Cálculo da corrente Inrush levando em conta a resistência


O chaveamento de um transformador que possui resistência de
enrolamento pode ser representado pelo circuito da Figura 7.

Figura 9b – Inrush da Figura 9 com zoom+.

Figura 7 – Circuito relativo à energização de um transformador real.

  A forma de onda para este caso continua pulsante, entretanto, vai


amortecendo ao longo do tempo.

Figura 8 – Corrente inrush de um transformador real. Figura 9c – Inrush da Figura 9 com zoom++.

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e
d (Equação 14)
a  

d
i
v   O exemplo a seguir ilustra o exposto.
i   Dado o diagrama unilar mostrado na Figura 10, calcule qual
t a corrente inrush vista pelo relé de entrada (R1), sabendo-se que
e a potência de curto-circuito trifásica (Pcc3 φ) da concessionária no
l ponto de entrega é de 80 MVA (corrente de 3347 A) e X/R = 8.
e
s
Figura 9d – Inrush da Figura 9 com zoom++.

e
  Como pode ser observado, a corrente inrush decresce com
o o tempo e, assim, os valores a seguir podem ser utilizados
ã como referência, para fins de proteção de sobrecorrente.
ç
e Duração
t
o
tinrush = 100 ms = 0.1 s (Equação 10)

r
P   Valor da corrente para transformadores abaixadores
(Delta no primário)
  Os valores a seguir têm sido utilizados nos estudos de
seletividade:

Transformadores a óleo < 1.0 MVA I Inrush = 10xIn (Equação 11)


Transformadores a óleo > 1.0 MVA I Inrush = 8xIn (Equação 12) Figura 10 – Esquema unilar do exemplo dado.
Transformadores a seco - Todos IInrush = 14xIn (Equação 13)
  Pelo critério do fabricante, tem-se:
Se o transformador é abaixador e a conexão do primário é Iinrush-5x2500kVA = 5 x 14In = 70 In = 70x104.5
estrela aterrada, deve-se multiplicar os valores das equações 11, 12   = 7321 A
e 13 pelo fator 1.4. Iinrush-1x2000kVA = 1 x 8In = 8 In = 8x83.7
  Se o transformador é elevador e a conexão do primário é delta,   = 670 A
multiplicar os valores das equações 11, 12 e 13 pelo fator 1.7. Iinrush-1x1000kVA = 1 x 8In = 8 In = 8x41.8
  Se o transformador é elevador e a conexão do primário é   = 334.7 A
estrela aterrada, multiplicar os valores das equações 11, 12 e 13 Iinrush-total fabric = 8325.6 A
pelo fator 2.5.
  Os valores apresentados na tabela anterior ou os fornecidos   A potência de curto-circuito da planta é de 80 MVA, o que
pelos fabricantes de transformadores são valores de projeto corresponde a uma corrente de 3347 A.
considerando-se barramento innito. A corrente inrush não pode ser maior que a corrente de
  Em certas plantas em que o número de transformadores é elevado curto-circuito, haja vista que a fonte (concessionária) irá limitar
e a potência de curto-circuito é baixa, o cálculo da corrente inrush a corrente. Então, qual o valor correto a ser considerado?
utilizando-se os valores supracitados, pode-se chegar a números   A impedância da fonte é dada por:
que não expressam a realidade, visto que a corrente máxima que
uma fonte pode fornecer é a corrente de curto-circuito.
  Neste caso, na falta de um critério, pode-se utilizar o critério
seguinte, que consiste em se somar as correntes inrush (de projeto),   O transformador na energização se comporta praticamente como
transformar estas correntes em uma impedância – Zin – (tanto o o motor de indução (praticamente o mesmo circuito equivalente). O
transformador como o motor, na partida, podem ser representados “Brown Book” do IEEE nos diz que o motor de indução se comporta como
como uma impedância constante – Vide IEEE Std 399, Brown Book) uma carga de impedância constante. Logo, o transformador também se
e soma-se com a impedância do sistema – Zs. comporta como uma carga de impedância constante e, dessa forma, o
A nova corrente inrush será: valor da impedância equivalente da corrente inrush é dada por:

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Norma ANSI C57.12.00-2000


Esta norma define quatro categorias de transformadores a saber:

Transformadores categoria I 
  Assim, a impedância total será: São transformadores trifásicos de 15 kVA a 500 kVA ou de 5
kVA a 500 kVA monofásicos.

Transformadores categoria II 


  A corrente inrush real será:
São transformadores trifásicos de 501 kVA a 5000 kVA ou de
501 kVA a 1667 kVA monofásicos.

Transformadores categoria III 


São transformadores trifásicos de 5001 kVA a 30000 kVA ou de
b) Suportabilidade Térmica (ST) 1668 kVA a 10000 k VA monofásicos.
Define o limite térmico do transformador e depende da norma
em que é fabricado. Transformadores categoria IV 
São transformadores trifásicos > 30000 kVA ou > 10000 kVA

Norma NBR 5356/1993 monofásicos.

Tempo Norma IEEE Std C57.109-1993 e ANSI C37.91-2000


tST = 2 s (Equação 15) Estas normas definem as capacidades térmicas dos
transformadores.
Corrente
IST = 100/Z% x In. Se I ST > 25xIn ==> I   = 25xInv As Figuras 11, 12 e 13 mostram estas curvas para as quatro
(Equação 16) categorias.

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l
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ç
e
t
o
r
P

Figura 11 – Curva da suportabilidade térmica de transformadores –  


categoria I.
Figura 13 – Curva da suportabilidade térmica de transformadores –
categoria III e IV.

c) Suportabilidade Térmica Deslocada (STD)


  Devido à conexão dos transformadores, a corrente de
falta à terra no secundário vista pelo primário, em pu, pode
ser menor. Assim, a suportabilidade térmica do transformador
deve ser deslocada para se garantir a sua proteção. A Figura 14
ilustra a descrição.

Figura 14 – Curto-circuito fase-terra no secundário de um


transformador triângulo-estrela.

Admitindo-se um curto-circuito fase-terra no secundário de um


transformador triângulo-estrela, como sendo igual a 1 pu, impõe
correntes de sequência zero neste secundário, quando o secundário
é aterrado. Entretanto, na linha, no primário não circula corrente de
Figura 12 – Curva da suportabilidade térmica de transformadores –
sequência zero. A corrente de 1 pu na estrela impõe 1 pu dentro do
categoria II. enrolamento primário correspondente.

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O Setor Elétrico / Setembro de 2010

  Dentro do delta a corrente é igual a 1 /   3 = 0.58 . Assim, na E = I”cc Assim. no primário


ocorrência de um curto-circuito fase-terra entre os terminais CET = Corrente de energização trafo (Inrush)
ST = Suportabilidade térmica do transformador
secundários e a primeira proteção de terra à jusante (quando não STD = Suportabilidade térmica deslocada do trafo
houver de relé de terra no neutro), a proteção primária tem de
garantir a proteção térmica do transformador.

d) Curva típica de proteção de fase


  Apresenta-se na Figura 15 a proteção típica de fase de um
transformador. Para um curto-circuito no secundário (Ponto B), o
dispositivo de proteção que opera primeiro é o 1, como primeiro
backup o 2 e o segundo backup o 3. A curva de suportabilidade
térmica do transformador está protegida. O ponto CET lançado na
folha de vericação gráca de seletividade (curva tempo x corrente
= TCC – time current curves) só circula no primário e, assim, apenas
a curva 1 irá enxergá-lo, porém, não opera o disposivito de proteção Figura 15 – Proteção de sobrecorrente de fase típica de um
3 e, dessa forma, permite a energização do transformador. Devido transformador triângulo-estrela.
à elevada impedância do transformador, consegue-se ajustar a
unidade instantânea. Assim, para um curto-circuito no secundário, PROTEÇÃO SECUNDÁRIA DE FASE 
este dispositivo ca seletivo com as proteções localizadas à jusante
e opera instantaneamente para curtos-circuitos no primário. (a) Pick-Up Unidade Temporizada
  Apresenta-se a seguir a nomenclatura utilizada na folha de   O ajuste típico de pick-up da unidade temporizada é de 1.2 a
vericação gráca de seletividade: 1.5 x In do transformador. Entretanto, existem casos em que não se
A = Corrente nominal do transformador consegue seletividade. Nestas situações, pode-se elevar os valores
B = I´cc Sec. referido ao primário tomando-se como valores máximos aqueles prescritos no NEC, e
C = I”cc Assim. sec. referido ao primário
D = I´cc no primário sintetizados na tabela a seguir.

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e (b) Temporização (da Unidade Temporizada)  Proteção primária: = Pick-up máximo = 6 x In (Se Z%<6) ou
d   Deve coordenar com a maior saída do circuito secundário. • = 4 x In (Se Z%>6)
a o Nota: deve existir proteção ajustada até 2.5 In no secundário
d (c) Unidade Instantânea  
i   Como normalmente o transformador alimenta um painel com É óbvio que quanto mais se aumenta o ajuste de um
v várias saídas, via de regra, esta unidade ca bloqueada, pois, de dispositivo de proteção, mais se diminui o seu grau de proteção.
i
t outra forma, para um curto-circuito em qualquer saída irá ocorrer o Deve-se procurar manter os ajustes os mais baixos possíveis, com
e desligamento de todas as outras saídas (pela atuação desta unidade seletividade e continuidade operacional.
l de entrada).
e PROTEÇÃO PRIMÁRIA DE FASE
s T  ABELA 3 – PRESCRIÇÕES DO NEC 
 Ajustes máximos dos relés de sobrecorrente segundo o nec em múltiplos de in
(a) Pick-Up Unidade Temporizada
e Z% PRIMÁRIO SECUNDÁRIO
Vn > 600 V  Vn > 600 V  Vn < 600 V    O ajuste típico de pick-up da unidade temporizada é de
o Disjuntor Fusível Disjuntor Fusível Disjuntor ou 1.2 a 1.5 x In do transformador. Entretanto, existem casos
ã Fusível em que não se consegue seletividade. Nestas situações,
ç Z% < 6 6,0 3,0 3,0 1,5 2,5 pode-se elevar os valores tomando-se como valores
e 6 < Z% < 10 4,0 2,0 2,5 1,25 2,5 máximos aqueles prescritos no NEC [23], e sintetizados na
t
o
Extraído do NEC 2005 - National Electric Code 2005
Tabela 6.2.
r
P  Proteção secundária: Pick-up máximo = 2.5 x In (se Z>6) ou (b) Temporização (da Unidade Temporizada)
• = 3 x In (Z<6)   Deve coordenar com a proteção secundária (relé secundário
 Proteção primária: = Pick-up máximo = 2.5 x In (se não houver ou maior saída quando não houver proteção secundária) e permitir
proteção ajustada até 2.5 circular sem operar o somatório das correntes de carga mais o
o In no secundário) maior motor partindo.

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e de seletividade. É uma boa prática em sistemas de baixa tensão


d (c) Pick-up da Unidade Instantânea ajustar I-STD abaixo do valor mínimo provável de arco (proteção
a   O pick-up da unidade instantânea do primário deve ser ajustada de backup de terra).
d para atuar 10% acima do curto-circuito subtransitório assimétrico
i no secundário, referido ao primário. Deve-se vericar também se o (c) Unidade Instantânea
v ajuste permite a corrente de energização do trafo (inrush).   Via de regra, deve ser bloqueada pelas mesmas razões expostas
i
t na proteção de fase.
e PROTEÇÃO DE TERRA DO SECUNDÁRIO
l (a) Pick-up da Unidade Temporizada PROTEÇÃO DE TERRA DO PRIMÁRIO
e   Depende do tipo de aterramento e da tensão secundária.
s   Sistemas aterrados por resistência são ajustados para 10% da (a) Pick-up da unidade temporizada
corrente do resistor.   Depende de vários fatores, tais como tipo de aterramento
e
  Sistemas solidamente aterrados de baixa tensão são ajustados do sistema a montante, tipo do transformador e de conexão do
o no máximo em 1200 A. transformador a jusante, etc.
ã   A faixa de ajuste utilizada ca entre 20 A e 120 A (20% a 50%
ç (b) Temporização da corrente nominal do circuito).
e   Devem coordenar com a maior saída da barra. Em sistemas
t
o de média tensão, aterrados por resistência, deve-se proteger o (b) Temporização
  Com os relés eletromecânicos, estes dispositivos normalmente
r limite térmico da resistência (por exemplo 10 s). Em sistemas de
P baixa tensão, devem proteger o NEC (3000 A; 1 s). Deve-se manter possuíam faixa de ajuste de 0.5 A a 2 A, eram ajustados no mínimo,
os tempos sempre os mais baixos possíveis, com seletividade e ou seja em 0.5 A, eram instantâneos e nestes ajustes não operavam na
proteção. Atualmente, além da proteção de sistemas, a proteção de energização de transformadores. Com o advento dos relés estáticos
pessoas também entrou em foco. Estudos de Arc Flash (riscos das e posteriormente os relés numéricos digitais, a utilização inicial
faltas por arco) complementam com muita propriedade os estudos destes valores de 0.5 A e temporização instantânea mostrou-se

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O Setor Elétrico / Setembro de 2010

ineciente, pois, em muitas vezes, atuava na energização dos


transformadores. Devido ao teor de 3ª harmônica, múltiplas na
corrente inrush (energização do trafo) e erros de TCs os relés podem
operar. A partir destes eventos, foram adotados os seguintes critérios
para o ajuste de transformadores com conexão delta no primário:
 
Transformadores a óleo
  Transformador < 1 MVA=> Pick-up> 1.0 InTR
  Transformador > 1 MVA=> Pick-up> 0.8 InTR

Transformadores a seco
  Pick-up > 1.4 InTR
A Figura 16 ilustra os ajustes praticados.

Figura 16 – Ajustes da unidade de terra em primário de transformadores


conectados em delta.

  Para outras conexões que permitam a passagem de correntes


de sequência zero para o primário, deve-se coordenar com a
proteção secundária.

(c) Unidade instantânea


  Quando o transformador está conectado em delta, no
primário, a unidade de terra poderia ser ajustada, teoricamente
no mínimo, pois um novo sistema de terra se inicia (delta é um
circuito aberto no diagrama de sequência zero), no entanto,
devido a erro dos TC´s deve-se ajustar esta unidade para 1.1
vezes os valores citados no item (b).
  Para outras conexões, que permitam a passagem de
correntes de sequência zero para o primário, deve-se bloquear
esta unidade.

*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola Federal de


Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro de estudos
e desenvolveu softwares de curto-circuito, load ow e seletividade na plataforma do
 AutoCad®. Além disso, tem experiência na área de projetos, engenharia de campo,
montagem, manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresa
EngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenharia elétrica,
benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente é sócio diretor. O
material apresentado nestes fascículos colecionáveis é uma síntese de parte de um
livro que está para ser publicado pelo autor, resultado de 30 anos de trabalho.
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e
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v
Capítulo X
i
t
e
l
Proteção de transformadores –
e
s Parte II
Por Cláudio Mardegan*

e
o
ã
ç
e   No capítulo anterior, iniciamos o estudo sobre proteção dos transformadores. Na primeira parte, falamos sobre
t
o normas, guias de consulta e outros importantes pontos a serem observados e abordamos o assunto “proteção
secundária de fase”. Neste capítulo damos continuidade ao tema, começando com um breve resumo sobre
r
P proteção de sobrecorrente, já discorrido na última edição. Em seguida, abordaremos a proteção diferencial, que
tem o objetivo de reduzir o valor da corrente que passa pela bobina de operação ao mínimo.

Resumo da proteção de sobrecorrente (a1) Proteção de terra em BT – Sistemas


  As Figuras 1, 2 e 3 a seguir ilustram a síntese dos solidamente aterrados
ajustes abordados no capítulo anterior.

(a) Proteção de fase

Figura 1 – Resumo de ajustes de proteção de fase de Figura 2 – Resumo de ajustes de proteção de terra de
transformadores. transformadores solidamente aterrados.

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O Setor Elétrico / Outubro de 2010

(a2) Proteção de terra em MT aterrados por


resistência de baixo valor 

Figura 3 – Resumo de ajustes de proteção de terra de transformadores


aterrados por resistência de baixo valor.

Proteção diferencial 
  Atualmente, os relés diferenciais numéricos microprocessados
a partir de dados de placa de entrada determinam praticamente
quase todos os parâmetros necessários. Abordaremos a sequência
de ajustes como se o relé fosse eletromecânico para que se possa
ter o pleno entendimento da metodologia. O objetivo dos ajustes
da proteção diferencial é o de reduzir o valor da corrente que
passa pela bobina de operação ao mínimo (preferencialmente
zerar), tanto em módulo quanto em ângulo, em condições
normais de operação.

(b) Conceitos básicos


  Antes de prosseguir na proteção diferencial é necessário
proporcionar alguns embasamentos técnicos abordados a seguir.

b1) Zona de proteção


  Para os relés diferenciais, a zona de proteção ca circunscrita
entre os TCs dos enrolamentos: primário, secundário e outros
(caso houver).

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e  b2) Deslocamento angular 


d   O deslocamento angular em transformadores trifásicos traduz
a o ângulo entre os fasores das tensões (e, consequentemente, das
d correntes) de fase do enrolamento de menor tensão em relação ao
i enrolamento de maior tensão.
v   Assim, para que se possa determinar o defasamento angular se faz
i
t necessário elaborar primeiro o diagrama fasorial correspondente, lembrando
e que o defasamento angular é medido do enrolamento de tensão inferior (X)
l para o enrolamento de tensão superior (H) no sentido anti-horário.
e
s Exemplo:
  Determinar o defasamento angular do transformador apresen-
e tado no esquema trilar a seguir:

o
ã
ç
e
t
o
r
P

Figura 5 – Deslocamento angular para transformadores triângulo-estrela.

Figura 4 – Exemplo de determinação do deslocamento angular de


transformador.

  Assim, para o exemplo anterior, o deslocamento angular é


representado da seguinte forma:
Dyn1
Em que:
- A primeira letra (maiúscula) representa o enrolamento de tensão
mais elevada, sendo utilizadas as seguintes letras D (Delta), Y
(estrela) e Z (Zig-Zag).
- A segunda letra (minúscula) representa o enrolamento de tensão
inferior, sendo utilizadas as seguintes letras d (delta), y (estrela) e z
(Zig-Zag).
- A letra n indica que o neutro é acessível.
- O número 1 indica as horas do ponteiro de um relógio, ou seja,
cada 30º representa uma hora (30o / 30o = 1 hora).

  Para saber o deslocamento angular em graus a partir da


nomenclatura acima, é preciso calcular:

Deslocamento angular = número (de horas) x 30 o

  Assim, para um transformador Dy11, o deslocamento angular é


de 11 x 30o = 330o.
  As Figuras 5, 6, 7 e 8 apresentam os deslocamentos angulares
mais comumente encontrados. Figura 6 – Deslocamento angular para transformadores estrela-triângulo.

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O Setor Elétrico / Outubro de 2010

  Para que o relé diferencial não opere indevidamente, o valor do


e
d ajuste de pick-up deve ficar acima dos possíveis erros que podem ocorrer.
a   O valor de pick-up dos relés diferenciais normalmente é ajustado
d para operar entre 0.1 pu e 0.3 pu.
i
v (d) Ajuste do slope ou declividade
i
t  ajuste
Para
do que
slopeoou
relédeclividade
diferencialdeve
nãoficar
opere indevidamente,
acima dos possíveisoerros
valorque
do
e
podem ocorrer, os quais são discriminados a seguir.
l
e
s (d1) Erro devido à exatidão aos TCs ( εTC)
  A exatidão dos TCs para proteção diferencial são normalmente
e 2,5%, 5% ou 10%, o que significa que o erro pode ser de + 2,5%, + 5%
ou + 10% até o valor do de 20 x In (se o fator de sobrecorrente for
o F20). Assim, se um dos TCs de uma mesma fase (primário e secundário)
ã for positivo e o outro negativo os erros que poderão ocorrer serão de
ç 5%, 10% ou 20%.
e
t   Quando houver TCs auxiliares, os erros desses TCs auxiliares
o devem ser computados.
r
P (d2) Erro devido à comutação de tapes ( εC)
  Tendo em vista que os tapes dos transformadores podem estar em
um valor diferente do nominal, podem ocorrer diferenças por conta
dessa corrente, localizada entre o primário e o secundário, mesmo em
condição de carga.

Figura 7 – Deslocamento angular para transformadores


triângulo-triângulo.

(d3) Erro de “Mismatch” ( εM)


É o erro de casamento dos TCs com a relação do transformador
de força. Como a relação de transformação do transformador de força
Figura 8 – Deslocamento angular para transformadores estrela-estrela.
pode não coincidir com a relação entre as ligações dos TCs do primário
e do secundário, pode haver uma diferença de corrente. O erro de
(c) Ajuste do valor de pick-up “mismatch” é calculado como segue:
  Os principais ajustes do relé diferencial são o pick-up e o slope
(declividade). Observe a Figura 9.

Exemplo:
  Seja um transformador de 7.5 MVA,138-13.8 kV, com TCs de 100-5A
Figura 9 – Característica de operação versus restrição de um relé diferencial. no primário e 400-5A no secundário. A relação de transformação do

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transformador de força é 10 e a relação entre as relações dos TCs será  Diferenças angulares devidas às conexões delta, estrela e zig-zag.
e (400/5)/(100/5) = 4.  Controle de tensão por tapes.
d Como a corrente nominal do transformador no primário é de 31.4  Diferenças de tensão entre o primário e secundário, bem como as
a
A, a corrente no secundário será de 1.57 A no relé. No secundário, a relações dos TCs entre o primário e o secundário.
d
i corrente nominal do transformador é de 313.8 A, a qual, no secundário  Saturação dos TCs de um dos lados.

v do TC, vale 3.92 A. Como pode ser observado, as correntes que chegam  Curtos à terra fora da zona da proteção diferencial quando não é

i
t no relé depor
corrente 1.57 A e 3.92
unidade A não “casam”, embora traduzam a mesma
do transformador. feita a compensação das correntes de sequência zero.
 Erro de polaridade.
e
l (d4) Erro devido a diferenças de ajuste de tape do relé ( εR ) Exemplo de ajuste do relé diferencial:
e   Isso porque pode não existir valores exatos de ajuste no relé (do lado   Veja o esquema unifilar apresentado na Figura 10. Recomenda-se
s
primário e secundário) relativos às correntes calculadas que irão passar pelo relé. determinar o slope do relé diferencial, sabendo-se que o relé apresenta
e corrente nominal de 5 A e ajuste de pick-up em 15% (0,75 A). O relé
(d5) Erro total ( εT  ) permite os seguintes ajustes de slope: 15%, 30% e 45%.
o   O erro total é então resumido pela expressão:
ã Cálculo dos erros
ç ε  = ε  + ε + εM + ε  + ε Erro de correntes (Mismatch)
e
T  TC  C  R Margem Seg 

t
o   Os valores típicos de T variam entre 0.2 pu e 0.3 pu (20% a 30%).  
r
P (d6) Utilização de TCs auxiliares
  Para minimizar os erros entre as correntes primárias e secundárias
que chegam no relé, pode-se utilizar TCs auxiliares, os quais muitas
vezes possuem múltiplos ajustes de tapes. Não se deve esquecer de Erro de precisão dos TCs
somar o erro dos TCs auxiliares no erro total.
 
(e) Principais fatores que afetam a proteção diferencial  (Erro máximo)

 Corrente inrush – Corrente normal que aparece na energização de Erro de comutação de tapes

um transformador. Somente aparece no enrolamento primário.


 

Erro total

Ajuste do slope
Dados do relé

In = 5 A
Pick-up: 15% (0,75 A = 0,15 x 5 A)
Exemplo de ajuste de relé de sobrecorrente
Slope: 15% - 30% - 45%
  A partir do esquema unifilar (Figura 11), determine os ajustes dos
Figura 10 – Esquema unilar para ajuste de slope de relé diferencial. relés de sobrecorrente de fase, sabendo que o transformador é seco.

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I-LTD (I1)
A corrente I-LTD (I1) deve ser ajustada em 1.25 x In, cujo valor é 2460 ~ 2500 A.

T-LTD (t1)
A temporização T-LTD (t1) deve ser o tempo para 6 x 2500 A, ou seja,
15000 A. Ajusta-se t1 em 5s.

I-STD (I2)
A corrente I-STD deve ser ajustada com base em dois critérios: (a) a
somatória da carga nominal demanda mais o maior motor partindo ou
(b) abaixo do valor mínimo provável de “arcing fault”. Pelo critério (a) I
= 5255 A e pelo critério (b) 26729 A x 0.2 = 5346 A. Como em 220 V o
arco se auto-extingue, fica-se com o critério (a) x 1.1 = 5780.0 A / 2500
= 2.3. Como os ajustes são discretos, escolhe-se o 3.

T-STD (t2)
Como a curva é entre dois disjuntores deve ficar acima curva do
dispositivo a jusante, ou seja, escolhe t2 = 0.4 s

Figura 11 – Esquema unilar para ajuste do relé. I-INS (I3)


Deve ser bloqueado, pois o dispositivo fica em entrada de painel.
 A JUSTE DO SECUNDÁRIO ( DISPOSITIVO 2)
  A corrente nominal do transformador no secundário é:  A JUSTE DO PRIMÁRIO ( DISPOSITIVO 3)
  A corrente nominal do transformador no primário é:

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ç
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P

Figura 12 – Folha de vericação gráca de seletividade de fase.

I>
A corrente I> deve ser ajustada em 1.5 x In, cujo valor é 49.2 ~ 50 A,
o que no relé significa 50 / RTC = 50 / 20 = 2.5 A, que em múltiplos da ( B ) 1.1  X  ICC  SUBTRANSITÓRIA  ASSIMÉTRICA MÁXIMA NO 
corrente nominal do relé é 2.5 / 5 A = 0.5 x In. SECUNDÁRIO
  A corrente subtransitória assimétrica no secundário é 34225 A que,
DT (t>) multiplicada por 1.1, dá 37648, a qual, referida ao primário, é 37648 / 60
A temporização t> deve ser o tempo do dispositivo à jusante mais 0.3 = 627.5 A que, por sua vez, no relé representa 627.5 /20 = 31.37 A que
s. O tempo do dispositivo à jusante é de 0.4 s somado ao intervalo de em múltiplos da corrente nominal do relé é 31.37 / 5 A = 6.3 x In. Esse
0.3 s chega-se a 0.7 s para a corrente de curto-circuito transitória no é o ajuste adotado (b) > (a).
secundário, cujo valor é de 26729 A, que referida ao primário é 26729 /
60 = 445.5 A. Esta corrente equivale a 450 / 50 = 8.91 vezes o ajuste de t>>
I>. Assim, para uma característica IEC muito inversa, temos: A temporização t>> deve ser ajustada no mínimo. A Figura 12 ilustra
o exemplo.
*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola Federal de
Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro de estudos
e desenvolveu softwares de curto-circuito, load ow e seletividade na plataforma do
 AutoCad®. Além disso, tem experiência na área de projetos, engenharia de campo,
  Em termos de TMS = 0.41 ou T = TMS x 1.5 = 0.6 s. montagem, manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresa
EngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenharia elétrica,
benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente é sócio diretor. O
I>> material apresentado nestes fascículos colecionáveis é uma síntese de parte de um
A corrente I>> é ajustada baseada em dois critérios: livro que está para ser publicado pelo autor, resultado de 30 anos de trabalho.
CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO
Confira todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br 
(  A ) C ORRENTE INRUSH Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o e-mail
  A corrente inrush de um transformador seco é dada por: redacao@atitudeeditorial.com.br 

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e Capítulo XI
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Proteção de geradores
e Por Cláudio Mardegan*

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o
r   Este capítulo abordará as funções 46, 51V, 40, 32, Proteções típicas
P 81, 24, 59GN, 49S e 60. São as funções típicas para   Apresenta-se na Figura 1 o esquema unilar do
a proteção de geradores. Apresentam-se a seguir as esquema de proteção para a conguração gerador-
principais normas utilizadas e, para cada função, são transformador. Abrangeremos neste capítulo apenas
dados exemplos e soluções. algumas funções, a saber:
• 46
Normas e guias • 51V
  São apresentadas a seguir as principais normas • 40
utilizadas neste capítulo: • 32
• 81
• ANSI C37.101-1993 • 24
• ANSI C37.102-1995 • 59GN
• ANSI C37.106-1987 • 49S
• 60

  Função 46
  Esta função se constitui na proteção para correntes
desequilibradas do estator/sequência negativa.
Inúmeras são as causas de desequilíbrio de corrente
em um gerador, sendo as mais comuns: as assimetrias
de sistema provocadas pela não transposição de
linhas, cargas desequilibradas, faltas desequilibradas
e falta de fase.
  Essas correntes de sequência negativa (I2) no
estator induzem correntes de frequência dobrada
no rotor, provocando um sobreaquecimento em um
curto intervalo de tempo.

(a) Corrente de sequência negativa


 permissível continuamente
  A corrente de sequência negativa I2  permissível
Figura 1 – Esquema unilar típico de proteção para a permanentemente pelo gerador é apresentada na
conguração do gerador-transformador. Tabela 1.

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T  ABELA 1 – C ORRENTE DE SEQUÊNCIA NEGATIVA  PERMISSÍVEL 


CONTINUAMENTE EM GERADORES

Corrente de Sequência Negativa Permissível - Continuamente


Tipo do Gerador I2 Permissível (%)

Polos Salientes
Com enrolamentos amortecedores conectados 10
Com enrolamentos amortecedores não conectados 5

Rotor Cilíndrico

Resfriamento Indireto 10
Resfriamento Direto até 960 MVA 8
  961 até 1200 MVA 6
  1201 até 1500 MVA 5

(b) Corrente de sequência negativa permissível de


curta-duração
  A Tabela 2 apresenta o I22t permissível de curta duração pelos geradores. Figura 2 – Valor de I22t (de sequência negativa) para geradores de rotor
cilíndrico com resfriamento direto.
T  ABELA 2 – I2T  DE SEQUÊNCIA NEGATIVA  PERMISSÍVEL DE CURTA DURAÇÃO EM GERADORES
Corrente de Sequência Negativa Permissível - Continuamente   Os valores apresentados nos itens (a) e (b) somente devem ser
Tipo do Gerador I22 t Permissível (%) utilizados quando todos os esforços em se obter a característica real
Polos Salientes 40 do fabricante fracassaram ou quando o sistema ainda está sendo
Compensador Síncrono 30
projetado, quando a característica real da máquina ainda não é
Gerador de Rotor Cilíndrico conhecida.
Resfriamento Indireto 30   Dois tipos de relés são normalmente utilizados para realizar
Resfriamento Direto até 800 MVA 10 esta proteção: o relé com característica extremamente inversa e o
  801 até 1600 MVA Equação da Figura 10.1
relé digital com característica que se compatibiliza com as curvas
  A Figura 2 mostra o valor de I22t (de sequência negativa) para de I2t de sequência negativa do gerador.
geradores de rotor cilíndrico com resfriamento direto.   O relé de característica extremamente inversa é utilizado para

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e a proteção de faltas desequilibradas e a corrente de pick-up da   Pick-up (para 100% de tensão) = 1.15 In gerador. A
d unidade de sequência negativa é ajustada para 0.6 pu da corrente temporização deve coordenar com a proteção à frente do gerador
a de plena carga. Assim, esta unidade pode não operar para o caso (suprida pelo gerador).
d de haver a falta de fase (abertura de uma fase) ou condições mais   A referência indica ajuste que varia de 1.5 a 2 In do gerador com
i severas de cargas desequilibradas. temporização de 0.5 s.
v   Os relés digitais, por serem bem sensíveis, também podem ser   Os relés 51V devem atuar sobre um relé de bloqueio,
i
t ajustados para condição de alarme quando a corrente de curta desligando-se o disjuntor principal do gerador, o campo e a máquina
e duração exceder a corrente de sequência negativa permanente. primária (turbina).
l   O relé de sequência negativa é normalmente projetado para Quando relés de distância são utilizados para a proteção de
e desligar o disjuntor principal do gerador. linhas, os relés 51V podem ser substituídos por relés de distância
s para realizar a proteção de backup, pois consegue-se melhor
Exemplo coordenação.
e
  Dado um gerador que suporta continuamente 8% de corrente  
o de sequência negativa e uma corrente de curta-duração de Exemplo 2
ã sequência negativa dada por I 2t = 10 pu 2.s. Pede-se determinar o   Pede-se determinar os ajustes do relé 51V de um turbo gerador
ç ajuste da proteção de sequência negativa, sabendo-se que o relé e apresentar o coordenograma, sabendo-se que o relé 51V de um
e disponibiliza a característica ANSI moderadamente inversa. gerador deve coordenar com outro, à jusante, cujos parâmetros são
t
o Solução
Ipickup = 1 x In; K = 0.24; Curva = Normal Inverse; TC 1200 – 5 A e
que os dados do turbo-gerador são:
r
P Visto que o I t = 10 pu .s. Para I = 1 pu, o gerador suporta esta
2 2
 
corrente durante 10 s e para 0.1 pu, o gerador suporta esta corrente In = 1004 A
por 1000 s.  τ_do = 0.0225 s
  Assim, deve-se passar a característica do relé abaixo desta  τ ´do = 4.76 s
curva. O dial de tempo k = 7 protege a referida característica. A Ra = 0.018495 Ohms
Figura 3 ilustra como deve ser feito o ajuste. X”d = 16% = 0.16pu x Zbase = 0.16 x 7.935 = 1.2696 Ohms
X´d = 24%
Xd = 191%

Solução
  O pick-up nal da função é ajustado para 1.15 x I.
In = 1004 A
Pick-up = 1154.6 A

  Tendo em vista a curva de decremento do gerador, foi escolhida


a característica de tempo denido para um tempo de operação de
0.3 s. Veja coordenograma seguinte.

Função 40 (Perda de campo)


  A perda de campo pode ocorrer por:

• Desligamento acidental disjuntor de campo;


Figura 3 – Exemplo de proteção de sequência negativa do gerador.
• Abertura do circuito de campo;
Função 51V  • Curto-circuito do campo;
  Quando ocorre um curto-circuito em um circuito de gerador, • Falha do sistema de controle;
como foi visto, ocorre um decremento na corrente do gerador, ou • Perda do sistema de excitação.
seja, ele não mantém o valor da corrente de curto-circuito como no
caso da Concessionária. No instante do curto-circuito ocorrem dois (a) Turbo-geradores
fenômenos simultâneos (sobrecorrente e subtensão).
  Existem dois modos de proteção: • Máquina irá disparar (Se I=IFL,RPM2-5%; para baixo carregamento
• Sobrecorrente com restrição de tensão RPM0.1-0.2%);

• Sobrecorrente com supervisão de tensão • Passa a operar como gerador de indução;

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e   • Carga passa a receber os VArs do sistema ao qual está conectado;


d • kW e escorregamento dependem do carregamento inicial (quanto
a maior s menos kW).
d
i   A condição mais severa é perder o sistema de excitação com o
v gerador operando a plena carga. Nestas condições:
i
t • As correntes no estator podem exceder 2 pu (gerador perdeu o
e
l sincronismo);
e • São induzidas correntes elevadas no rotor;
s • Sobreaquecimentos perigosos nos enrolamentos do estator e rotor
por um período de tempo curto;
e
• Sobreaquecimentos nas extremidades do núcleo do estator.
o
ã Não se pode predizer por quanto tempo o gerador pode operar
ç sem o campo, mas em velocidades diferentes da síncrona este tempo  
e é pequeno. Figura 4 – Proteção de perda de excitação em duas zonas.
t
o   Os efeitos sobre o sistema:
r Neste caso, o valor da impedância deve ser corrigido pela equação a
P • Aumento da potência reativa absorvida da rede causa quedas seguir:
de tensão que, por sua vez, degradam a performance de outros
geradores que eventualmente estejam conectados ao sistema;
• Podem ocorrer subtensões e/ou desligamentos de linha/ cabos que,
por sua vez, afeta a estabilidade do sistema; (d) O que se deve desligar:
• Hidrogeradores; • O disjuntor principal do gerador;
• Podem suportar de 20% a 25% de carga normal sem o campo, sem • O disjuntor do campo e o disjuntor do sistema auxiliar.
perder o sincronismo;
• Se a perda de campo ocorrer com o gerador próximo ou a   Esse esquema não se aplica a:
plena carga, as consequências serão as mesmas descritas para os • Caldeira “oncethroug”;
turbo-geradores e, assim, elevadas correntes circulam no estator e • Unidade “cross-compound”;
serão induzidas no campo as quais podem danicar os referidos • Unidade que não pode transferir cargas auxiliares sucientes para
enrolamentos e/ou os enrolamentos amortecedores, além de manter a caldeira e o sistema combustível.
absorver potência reativa do sistema.
Exemplo 3
(c) Proteção   Um gerador possui uma reatância transitória de eixo direto igual
O método mais utilizado para detectar a perda de campo de a X´d = 24% e uma reatância síncrona de eixo direto Xd = 191%.
um gerador consiste da aplicação de relés de distância para sentir a Sabendo-se que o relé utilizado pode ser parametrizado na base
variação da impedância vista dos terminais do gerador. deste gerador, determinar os ajustes das proteções da função 40.
  Existem dois tipos de esquema de releamento usados para
detectar as impedâncias vistas durante a perda de campo. Uma Solução
aproximação consiste de uma ou duas unidades mho utilizadas  Zona 1
para proteger a máquina. A outra aproximação consiste da Offset Z1
combinação de uma unidade de distância (impedância), uma Será colocado em R = 0.0 e X = -12%.
unidade direcional e uma unidade de subtensão instaladas nos Diâmetro da zona 1
terminais do gerador e ajustados para “olhar” para dentro da Deve ser ajustado para 100% (1 pu).
máquina. Temporização da zona 1
  A Figura 4 mostra o esquema utilizado. A temporização da zona 1 será instantânea.
 
Normalmente, o diâmetro do círculo interno é da ordem de  Zona 2
0.7 Xd. Offset Z2

  Alguns relés podem solicitar a impedância em Ohms secundários. Será o mesmo da Zona 1, colocado em R = 0.0 e X = -12%.

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O Setor Elétrico / Novembro de 2010

Diâmetro da Zona 2
Deve ser ajustado para 191%.
Temporização da Zona 2
A temporização da Zona 2 será de 0.6 s.

Função 32R – Anti-motorização


  No gerador, esta função tem por objetivo visualizar uma
motorização, ou seja, se há inversão do uxo de potência ativa, se
o gerador passa a absorver potência ativa ao invés de entregá-la,
passando então a operar como motor síncrono. Este relé deve ser
ajustado para “olhar” no sentido do gerador.
  A sensibilidade e o ajuste do relé dependem do tipo de
máquina primária envolvida, visto que a potência necessária
para motorizar é função da carga e das perdas nas engrenagens
da máquina primária. A proteção contra motorização da máquina
visa a turbina e não o gerador. O fabricante da turbina deve ser
consultado para a temporização, pois, os efeitos da motorização
são, entre outros: (a) aquecimento do rotor na turbina a vapor;
(b) cavitação na hidráulica; (c) incendiar o óleo não queimado
no motor diesel.
  Em turbinas a gás, a sensibilidade de relé 32 não é crítica, visto que
a carga de compressão requer uma potência substancial do sistema de
até 50% da potência nominal. Assim, o pick-up desta função pode
ser de 10% a 15% se o sistema é do tipo split-shaft. Se for single-shaft
utiliza-se 50%. Algumas literaturas prescrevem de 3% a 5%.
  Um sistema diesel com nenhum cilindro queimando representa
uma carga de até 25% da nominal e assim também não apresenta
problemas particulares de sensibilidade. Dessa forma, o pick-up
desta função pode ser de 5% a 25%.
  Em turbinas hidráulicas, quando as pás estão debaixo da lâmina
d’água, a potência ativa para motorização é elevada. Entretanto,
quando as pás estão acima da lâmina, a potência reserva para
motorizar pode ser extremamente baixa, entre 0.2% e 2% da
nominal e assim deve-se utilizar um relé direcional de potência
extremamente sensível. Normalmente os ajustes são feitos entre
0.2% e 2% se as lâminas podem car fora d’água e maior do que 2%
se carem dentro d’água.
  Turbinas a vapor operando sob pleno vácuo e entrada
de vapor zero precisa de aproximadamente de 0.5% a 3%

da potência nominal para motorizar. Desta forma, requer


também um relé direcional de potência sensível. Se a turbina
fosse operada com suas válvulas parcialmente fechadas, um
pouco abaixo do valor a vazio, a potência elétrica absorvida
do sistema deveria ser essencialmente zero e o relé direcional
de potência poderia não detectar esta condição. Visto que o
sobreaquecimento da turbina ainda poderia ocorrer, alguns
meios adicionais de proteção são necessários. Os ajustes ficam
normalmente entre 1% a 3%.
  Os relés direcionais de potência recebem sempre temporizações,
que dependem de cada caso.
  Alguns fabricantes fornecem o ajuste em função da potência

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d
i
v Equação 1

i
t nominal do secundário dos redutores de medida (TCs e TPs) e da
potência do gerador. Neste caso, o valor pu ajustado é dado pela
IN = Corrente nominal do gerador
e equação 1, acima. Relés de frequência – função 81
l
e   Os geradores estão sujeitos às condições anormais de sub/ 
s   Em que: sobrefrequência, fundamentalmente nas condições:
PAJ-SEC = Potência ativa ajustada no secundário = PAJ / (RTC x RTP) • Rejeição de cargas/desligamento de disjuntores por faltas no lado
e PAJ = Potência ativa ajustada = k.P N da carga (sobrefrequência)
k = Fator que depende do tipo de turbina (conforme explicado nos • Sobrecarga/abertura de disjuntor da subestação da concessionária
o parágrafos anteriores) com outros consumidores na linha/perda de unidades geradoras
ã
ç RTC = Relação do TC = I1N-TC / I2N-TC (subfrequência)
e RTP = Relação do TP = U1N-TP / U2N-TP   Na primeira condição, ocorre o disparo máquina, considerando

t
1N-TC
I  = Corrente nominal primária do TC o balanço de energia. Como o sistema entregava uma potência
o I2N-TC = Corrente nominal secundária do TC ativa à carga, quando do desligamento parcial ou total dela, esta
r U1N-TC = Tensão nominal primária do TP energia não tem para quem ser entregue e é transformada em
P √3 U  = Tensão nominal secundária do TP energia cinética.
2N-TC

SSEC = x I2N-TC x U2N-TP   Quando se diminui a frequência, reduz a ventilação da máquina


√3 PN = Potência ativa nominal do gerador e, consequentemente, os kVA que a máquina pode entregar. O
SN = Potência aparente nominal do gerador = x UN x IN fabricante deve ser consultado sobre esta condição.
UN = Tensão nominal do gerador   As pás das turbinas são projetadas de modo a operar, à

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frequência nominal, fora da faixa de ressonância para as frequências


harmônicas de ordem 2, 3, etc., conforme indicado na Figura 5.

Figura 6 – Regiões permitidas e não permitidas (de sobre e


subfrequência) em função da duração (minutos) de uma turbina a vapor
compondo-se a curva de pior caso de cinco fabricantes diferentes.

Sobre-excitação – Função 24 (Voltz / Hertz)


  A equação 2 seguinte calcula a tensão induzida em uma bobina.
Figura 5 – Como são projetadas as pás das turbinas para evitar a
ressonância para as frequências múltipas da natural.
[Equação 2]
  O fabricante da turbina deve sempre ser consultado de modo  
a se obter as faixas de frequência permissíveis e não permitidas. A Figura Em que:
6 apresenta as regiões permitidas e não permitidas de uma turbina a N = Número de espiras da bobina
vapor, compondo a curva de pior caso de cinco fabricantes diferentes. F = Frequência

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O Setor Elétrico / Novembro de 2010

e   φ = Fluxo magnético

d B = Densidade de uxo
a S = Seção do núcleo
d
i   Como todos os termos da equação 2 são constantes, exceto E e f,
v pode-se dizer que:
i
t   [Equação 3]
e
l A densidade de uxo é um bom indicador de aquecimento,
e mesmo a vazio, visto que as perdas por histerese e Foucault são
(B)

s proporcionais à Bx, em que x é uma potência de B. Assim, pode-se


Figura 7 – Exemplos de ajustes de relé de sobre-excitação: (a) com dois
medir esses aquecimentos, monitorando-se a relação V/Hz.
e estágios e (b) com relé de tempo inverso.
  A norma ANSI C37.102-1996 cita que a norma ANSI C50.13-1977
Exemplo 4
o e ANSI/IEEE Std 67-1972 prescreve que um gerador deve conseguir
  Sabendo-se que um gerador possui uma característica de sobre-
ã operar satisfatoriamente na potência nominal (kVA), frequência e fator excitação dada por uma curva de V/Hz, determinada pela reta denida
ç de potência nominal para qualquer tensão entre 95% e 105% da pelos dois pontos seguintes P1 = (105% V/Hz, 1000 s) e P2 = (140% V/ 
e tensão nominal. Fora desta faixa, podem ocorrer problemas térmicos
t Hz, 2 s), e que o relé utilizado disponibiliza a curva do IEEE, pede-se

o aexcitação
menos que seja especicado este detalhe na compra. A sobre-
é um dos desvios que devem ser monitorados e protegidos.
determinar os ajustes da função 24 (V/Hz).
r
P   A sobre-excitação do núcleo magnético do gerador e/ou Solução
transformador irá ocorrer sempre que:
  A característica do relé é dada pela equação seguinte:
t = 0.18 K / (M-1)2 
• A relação Volts/Hertz aplicada nos terminais do gerador exceder
Como a máquina suporta uma sobre-excitação de 140% durante 2
1.05 pu (na base do gerador);
s, para protegê-la devemos passar a curva do relé abaixo deste ponto.
• A relação Volts/Hertz aplicada nos terminais de um transformador à
No caso, será utilizada uma temporização de:
plena carga exceder a 1.05 pu (na base do transformador);
T = 0.9 x 2 = 1.8 s.
• A relação Volts/Hertz aplicada nos terminais de um transformador a
M = 140% = 1.4 pu
vazio exceder a 1.1 pu (na base do transformador).   Levando os valores e tirando-se o valor de K na equação do IEEE do
relé obtém-se:
  Os efeitos da sobre-excitação são o aumento da corrente de campo e o K = t . (M-1)2 / 0.18 = 1.8 . (0.4) 2 / 0.18
sobreaquecimento do gerador/transformador e causar a falha da isolação.
K = 1.6
  Estas situações podem ocorrer no start-up/shutdown do sistema (V/ 
Hz da ordem de 1.05 pu) e durante rejeições de carga (pode chegar a
Proteção de terra
V/Hz até maiores que 1.25 pu).
  O valor da falta fase-terra é intimamente dependente do tipo
  Em sistemas com apenas um relé (ou estágio) V/Hz, o ajuste é feito
de aterramento do gerador e consequentemente os dispositivos de
para 110% do valor normal que dá alarme e trip em 6 s.
proteção fase podem não ser sucientemente sensíveis para as faltas à
  Com dois relés (ou estágios) V/Hz, o primeiro relé (ou estágio)
terra. Assim, o valor da falta fase-terra pode variar desde zero (sistema
é ajustado entre 118% a 120% e temporização entre 2 s e 6 s e o
não aterrado) até o valor do curto-circuito trifásico (ou maior – para
segundo relé é ajustado para 110% e temporização entre 45 s e 60 s.
sistemas solidamente aterrados). Outro aspecto importante a salientar
  As Figuras 7 (a) e (b) mostram exemplos de ajustes desta proteção. é que, conforme o ponto de falta se move dos terminais para dentro da
máquina na direção do neutro do gerador, o valor da corrente de falta
no estator vai decaindo.
  Um esquema diferencial pode detectar uma falta fase-terra,
dependendo do valor da falta e do tipo de aterramento. Quanto mais o
valor da falta à terra é limitado em relação à corrente de carga nominal
do gerador, maior o percentual desprotegido do enrolamento do estator.
  Esquemas diferenciais não propiciarão proteção de terra em sistemas
aterrados por resistência de alto valor com correntes limitadas entre 3 A
a 25 A. A Figura 8 mostra a relação aproximada entre a corrente de falta
à terra no estator e a percentagem de enrolamento desprotegido.
(a)   A norma ANSI/IEEE C37.101-1993 provê alguns esquemas de

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O Setor Elétrico / Novembro de 2010

  Quando se utiliza aterramento do neutro do gerador por resistência


de baixo valor, a corrente do resistor é escolhida entre 200 A até
150% da corrente nominal do gerador. Aterramento por reatância
normalmente limita a corrente de falta entre 25% e 100% da corrente
de curto-circuito trifásico. Quando se utiliza um transformador zig-zag
de aterramento, o valor normalmente limitado é da ordem de 400 A.

Proteção de sobrecarga
  O guia “Guide for AC Generator Protection” ANSI C37.102-1996
cita que a norma ANSI C50.13-1977 prescreve que a capacidade
térmica de curta-duração do enrolamento da armadura é capaz de
suportar o seguinte:
Figura 8 – Porcentagem do enrolamento desprotegido em f unção do
valor da corrente de falta à terra. T  ABELA 3 – C 
 APACIDADE TÉRMICA DE CURTA-DURAÇÃO DA  ARMADURA CONFORME
 ANSI C50.13
proteção de terra sensíveis (sensitive ground). Corrente de Armadura (%): 226 154 130 116
  O esquema mais comumente utilizado para sistemas aterrados
por resistência de alto valor consiste da utilização da proteção 59GN, Tempo em segundos: 10 30 60 120

conforme mostrado na Figura 1. Este tipo de relé é projetado para ser


sensível à tensão de frequência fundamental e insensível para tensões   O valor de 100% se refere à corrente nominal da maquina à máxima
harmônicas de terceira ordem e outras harmônicas de sequência zero. pressão de hidrogênio.
  O ajuste típico deste relé é ajustado para um pick-up mínimo de   O esquema indicado para este tipo de proteção são os detectores de
aproximadamente 5V. Este tipo de proteção consegue abranger cerca de temperatura (RTDs) ou relés de sobrecorrente que promovam a proteção
2% a 5% do enrolamento do estator. Por questões de segurança deve-se da curva da Tabela 3.
aterrar o secundário do transformador de aterramento (lado do resistor).   A proteção de sobrecorrente deve ser de torque controlado e
Esta proteção deve desligar o disjuntor principal do gerador e a turbina. possuir duas unidades: uma instantânea ajustada para 115% da corrente

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O Setor Elétrico / Novembro de 2010

e nominal que é utilizada para controlar o torque da unidade temporizada Função 60 (Supervisão de queima de fusíveis de TPs)
d e outra temporizada com característica extremamente inversa ajustada   Esta função é conectada conforme a Figura 1. Utilizam-se dois
a com pick-up entre 75% e 100% da corrente nominal ajustado para 7s conjuntos de TPs (conectados em Y aterrada-Y aterrada), nos quais entre os
d na corrente de 226% da corrente nominal. Com estes ajustes, evita-se circuitos de uma mesma fase de TPs diferentes é conectado um relé que
i operação abaixo de 115% de sobrecarga. checa a variação da tensão. Em condições normais (sem queima de fusíveis),
v a tensão no relé 60 é zero. Quando da queima do fusível, a tensão que
i
t Exemplo 5  aparece no relé é a tensão fase-terra. É utilizado um relé 60 em cada fase.
e   Determinar o ajuste da constante de tempo da função 49 de um relé   Esta função normalmente retira de operação o regulador de
l de proteção de gerador, sabendo que ele suporta 150% durante 30 s. tensão (AVR) e bloqueia todas as funções de proteção que utilizam
e a tensão para operar de maneira a garantir a não falsa operação dos
s Solução: sistemas, tal como as funções 40, 32, 27, etc.
  O gerador suporta uma sobrecarga de 150% In por 30 s.
e
  Do manual do relé sabe-se que: Recomendações da ANSI C37.102
o [Equação 4]
  O guia “Guide for AC Generator Protection” ANSI C37.102-1996
ã traz prescrições e indicações para as funções aqui apresentadas e outras
ç t = 30 s I = 1.5 In Ip = 1/1.05 = 0.95 (aquecimento prévio) que devem também ser consultadas.
e  τ = ? Ib = 1.0 In *CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola Federal de
t Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro de estudos
o
e desenvolveu softwares de curto-circuito, load ow e seletividade na plataforma do
 AutoCad®. Além disso, tem experiência na área de projetos, engenharia de campo,
r montagem, manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresa
P  τ = 6.65 minutos
[Equação 5] EngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenharia elétrica,
  benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente é sócio diretor. O
material apresentado nestes fascículos colecionáveis é uma síntese de parte de um
Adota-se livro que está para ser publicado pelo autor, resultado de 30 anos de trabalho.
 τ = 6 minutos, para proteger o gerador. CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO
  Normalmente para o pick-up da função 49 ajusta-se a função para Conra todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o e-mail
um valor de 1.05 x In. redacao@atitudeeditorial.com.br

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a
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t
e Capítulo XII
l
e
s
Proteção de cabos
e Por Cláudio Mardegan*

o   Falando em proteção de cabos, este capítulo abordará de proteção deve car, no máximo, igual ao valor de
ã
alguns critérios e tipos de proteção contra sobrecargas corrente relativo ao local em que o cabo foi instalado.
ç
e e contra curtos-circuitos. Veremos ainda como se Esta corrente pode ser calculada, por exemplo, pelo
t constituem as curvas de curta duração dos cabos, que são software Cymcap (da Cyme do Canadá), o qual permite,
o aquelas que se encontram nos catálogos dos fabricantes. entre outras características, calcular a ampacidade do
r Os cabos fabricados de acordo com as normas brasileiras cabo para vários tipos de instalação e congurações,
P e respectivas normas IEC, apresentam como especicação fazendo, inclusive, otimizações de posicionamento.
o valor da relação Uo/U, que representa o quanto o cabo
suporta de sobretensão fase-terra (Uo) e entre fases (U). IPICKUP ≤ ISOBRECARGA-CABO
As seguintes normas foram utilizadas para a elaboração
deste capítulo: Proteção contra curto-circuito
No condutor 
• CEA P-32-382   Os cabos, segundo as normas, apresentam uma
• ICEA P-45-482 característica de curto-circuito dada pela equação de I2t a
• NBR-6251 seguir:

Os principais critérios para proteção de um cabo são:


• Corrente nominal.
Em que Icc = Corrente suportada pelo cabo [A]
• Queda de tensão.
• Proteção contra sobrecargas.
S = Seção de cabo em mm²
• Proteção contra curto-circuito.
t = tempo de exposição do cabo à corrente [s]
K= Constante que depende do tipo de isolamento –
  Neste capítulo, serão tratados os dois últimos: veja Tabela 1
proteção contra sobrecarga e curto-circuito. K= 142 (EPR/XLPE)
K= 114 (PVC)
Proteção contra sobrecarga
  Para que o cabo não tenha um envelhecimento K = 134 (EPR/XLPE 105 ºC)
precoce de sua isolação, ele não deve estar sujeito a
temperatura acima da qual é especicada para o tipo de   Os valores de K são obtidos a partir da norma ICEA-
isolação. Assim, a corrente para pick-up do dispositivo P32.382, como demonstrado nos exemplos a seguir.
T  ABELA 1 – F  ATOR K DOS CABOS EM FUNÇÃO DO TIPO DE ISOLAÇÃO
T EMPERATURAS  ( GRAUS )
Conexão prensada Conexão soldada
Cabo Condutor T1 T2 Fator K T1 T2 Fator K
EPR/XLPE 90° Cobre 90 250 142 90 160 99
Alumínio 90 250 93 90 160 65
EPR/XLPE 105° Cobre 105 250 134 105 160 87
Alumínio 105 250 88 105 160 57
PVC Cobre 70 160 114 70 160 114
Alumínio 70 160 74 70 160 74

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O Setor Elétrico / Dezembro de 2010

Exemplo 1 isolação EPR-90°/XLPE e PVC. Nas Figuras 5 e 6, estão as curvas


  Calcule o fator K para um cabo de cobre de isolação EPR (T2 = 250 de danos dos cabos de cobre e de alumínio, respectivamente.
°C e T1 = 90 °C), utilizando a equação da ICEA P-32-382.

Exemplo 2
  Calcule o fator K para um cabo de alumínio de isolação EPR (T2 =
250 °C e T1 = 90 °C), utilizando a equação da ICEA P-32-382.
Figura 1 – Característica de corrente suportada pelos cabos de cobre
EPR 90°/XLPE.

Curvas térmicas de curta duração do cabo (curvas de


dano do cabo)
  A partir das equações fornecidas no item “Proteção contra
curto-circuito”, podem-se construir as curvas de curta duração dos
cabos, que são aquelas encontradas nos catálogos dos fabricantes
dos cabos. As Figuras 1, 2, 3 e 4 apresentam as características de
Figura 2 – Característica de corrente suportada pelos cabos de cobre e
corrente de curta duração para cabos de cobre e de alumínio para isolação de PVC.

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e
d
a
d
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v
i
t
e
l
e
s
Figura 3 – Característica de corrente suportada pelos cabos de alumínio
e e EPR 90°/XLPE. C

o
ã
ç
e Figura 5 – Curva tempo versus corrente para cabos de cobre com
t isolação (a) EPR/XLPE 90 ºC, (b) EPR/XLPE 105 ºC e (c) PVC 70 ºC.

o
r
P

Figura 4 – Característica de corrente suportada pelos cabos de alumínio


e isolação de PVC.

B
B

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O Setor Elétrico / Dezembro de 2010

N  A BLINDAGEM 
  A blindagem dos cabos, segundo a norma ICEA P-45-482,
apresenta uma característica de curto-circuito dada pela fórmula:

C Em que Icc = Corrente suportada pela blindagem do cabo [A]


S = Seção da blindagem do cabo em mm 2
t = Tempo de exposição do cabo à corrente de curto-circuito [s]
K= Constante que depende do tipo de isolamento. Veja Tabela 2.

T  ABELA 2
T EMPERATURAS  ( GRAUS )

Figura 6 – Curva tempo versus corrente para cabos de alumínio com Cabo Condutor T1 T2 Fator K
isolação (a) EPR/XLPE 90 ºC, (b) PR/XLPE 105 ºC e (c) PVC 70 ºC. EPR / XLPE 90° Cobre 85 200 124,2
EPR / XLPE 105° Cobre 100 200 115
Exemplo 3 PVC Cobre 65 200 136,7
Determinar a seção mínima de um cabo de média tensão (8.7/15 kV),
EPR 90 °C, sabendo-se que ele deve suportar uma corrente de curto-   Lembramos que a blindagem não foi projetada para permitir a
circuito de 21.000 A e o tempo de eliminação da falta é de 1 segundo. circulação da corrente de falta e sim distribuir homogeneamente o
SOLUÇÃO: campo elétrico no cabo.

E XEMPLO 4
  Calcular a corrente de curto-circuito suportada pela blindagem
de um cabo de média tensão, sabendo-se que a isolação é de EPR
90° e a seção da blindagem é de 6,16 mm 2.

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e SOLUÇÃO até 8.7 kV e 15 kV entre fases, permanentemente.


d Quando da seleção desta relação U o /U, na especicação do
a cabo, o critério difere quando aplicamos um cabo em um sistema
d solidamente aterrado ou quando aplicamos a um sistema que não
i   Isso signica que o cabo deste exemplo suporta uma corrente é solidamente aterrado.
v de 765 A durante 1 s.   Em um sistema solidamente aterrado, a ocorrência de uma falta
i
t   à terra, as tensões fase-terra, nas fases sãs, não se alteram, ou seja,
e E XEMPLO 5  tanto antes como depois da falta, serão VFT = VFF /.
l   Admitindo que o cabo do exemplo 3 é instalado em um circuito   O caso extremamente oposto é o do sistema não aterrado
e de um motor em que o relé é instantâneo (0.05 s) e o dispositivo de (isolado). Quando ocorre uma falta à terra, a tensão fase-terra
s manobra é um disjuntor (tinterrupção = 3 ciclos = 0.05 s), calcule aumenta de nas outras duas fases sãs.
a corrente suportada pela blindagem. A Tabela 3 sintetiza o comportamento do sistema quando da
e
ocorrência de uma falta à terra em função do tipo de aterramento.
o SOLUÇÃO T  ABELA 3 – C OMPORTAMENTO DA TENSÃO SOB FALTA FASE-TERRA EM FUNÇÃO DO 
 ATERRAMENTO DO SISTEMA
ã
ç
Tensões Fase-Terra

e Aterramento do Sistema Sem falta à terra Com falta à terra

t
o Coordenação 
A Figura 7 mostra a característica de corrente de curta duração
Solidamente Aterrado
r Não aterrado
P do cabo e, para que o cabo não se danique até a proteção operar,
deve haver um intervalo de coordenação que compreenda o
  De modo geral, o valor da tensão fase-terra nas fases sãs
tempo de operação mais o tempo de interrupção do dispositivo de
(quando exposto à uma falta à terra) pode ser escrita:
proteção. Caso queira que o cabo suporte se esta proteção falhar,
deve-se utilizar 600 ms.

  Como pode ser observado na equação anterior, o valor do fator


de sobretensão (FS) varia de 1 (quando o sistema é solidamente
aterrado) até (quando o sistema é isolado).
Se o cabo é construído de acordo com a norma ABNT NBR 6251,
a escolha do valor da relação Uo/U irá depender da categoria em
que o cabo se encontra, ou seja, se existe proteção que identique a
falta à terra e a elimine ou não dentro de um tempo predeterminado.
  A norma ABNT NBR 6251 apresenta três categorias a seguir
Figura 7 – Coordenação entre a proteção de sobrecorrente e o cabo.
indicadas.
Categoria A – Curto-circuito fase-terra eliminado em 1 minuto.
  Ao se dimensionar cabos, deve-se levar em conta que a proteção
Categoria B  – Curto-circuito fase-terra eliminado em 1 hora. Se
principal pode falhar e o cabo deve suportar até a proteção de
fabricado como a ABNT NBR 6251, o tempo de eliminação pode
backup operar. Os tempos de eliminação utilizados normalmente
ser de até 8 horas e não deve exceder 120 horas em 12 meses.
variam entre 0.6 e 1.5 segundo. Categoria C – Todos os casos que não se enquadram nas categorias anteriores.
  Assim, para efeito de vericação, o intervalo de coordenação
  A Tabela 4 indica as diretrizes da norma ABNT NBR 6251.
utilizado é da ordem de 300 ms. Entretanto, para o dimensionamento
é mais conservativo utilizar 600 ms para dar tempo para que a T  ABELA 4 – ESCOLHA DO VALOR DE UO EM FUNÇÃO DA TENSÃO MÁXIMA  DO SISTEMA
operação de backup opere. E DA CATEGORIA.

Tensão máxima operativa em kV Tensão de isolamento em kV


CAT A/B (kV) CAT C (kV)
Uo/U de cabos
1.2 0.6 0.6
  Os cabos fabricados de acordo com as normas brasileiras 3.6 1.8 3.6
(NBRs) e as respectivas normas IEC apresentam como 7.2 3.6 6.0
12.0 6 8.7
especicação o valor da relação Uo/U, que representa o quanto 17.5 8.7 12.0
o cabo suporta de sobretensão fase-terra (Uo) e entre fases (U). 24.0 12 15.0
30.0 15 20.0
Portanto, um cabo de 8.7/15 kV suporta uma tensão fase-terra de 42.0 20 -

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O Setor Elétrico / Dezembro de 2010

  É importante notar que:


a) A norma estabelece o valor mínimo, o que não quer dizer que
não se pode colocar um valor superior. O correto é sempre calcular.
b) Como o parâmetro da norma é o tempo, se há um relé que
detecta esta falta à terra em um tempo inferior ao especicado pela
norma, podem-se utilizar os respectivos valores de Uo apresentados
na Tabela 4.

E XEMPLO 6
  Dado um sistema de 13.8 kV, em que a corrente de curto-
circuito é de 3922 A e o transformador à montante é aterrado por
resistência de 400 A – 10s, determine o valor do fator de sobretensão
e a tensão fase-terra sob falta à terra.

SOLUÇÃO:

O valor de K é dado por:

Figura 8 – Problema com cabos em sistemas que paralelam geradores


com a concessionária.

ou não contar com um sistema que desligue adequadamente, poderá


haver a queima do(s) cabo(s).

  Como ainda há em muitas literaturas e desenhos a notação do


O fator de sobretensão será:
circular mil (CM), apresentamos a sua denição: 1 CM (circular mil)
equivale a uma área igual à de um círculo com diâmetro de 1 milésimo
de polegada.

A tensão fase-terra do cabo deve ser maior que:

  Um caso típico de problemas com cabos é apresentado no


esquema da Figura 8.

Obtém-se que: *CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola


1 – Em condição normal, a concessionária trabalha em paralelo com Federal de Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como
engenheiro de estudos e desenvolveu softwares de curto-circuito,
o gerador G1. load flow e seletividade na plataforma do AutoCad®. Além disso, tem
2 – O aterramento do sistema é provido pelo neutro do TR-1 experiência na área de projetos, engenharia de campo, montagem,
manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresa
(aterramento sólido). EngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenharia
3 – Caso a concessionária que fora pela abertura do disjuntor 52-2, o elétrica, benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente
é sócio diretor. O material apresentado nestes fascículos colecionáveis é
nível de tensão da barra de paralelismo ca não aterrado. uma síntese de parte de um livro que está para ser publicado pelo autor,
4 – No caso de curto-circuito fase-terra no nível de tensão da barra de resultado de 30 anos de trabalho.
paralelismo, a tensão nas duas fases sãs do sistema irá subir de . CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO
5 – Na situação descrita no item 4, a tensão fase-terra será igual à tensão Conra todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
entre fases, ou seja, se o cabo não for corretamente dimensionado e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br

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e Capítulo XIII
l
e
s Proteção de Bancos
e
de Capacitores Shunt
o Por Cláudio Mardegan*
ã
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r
P   A utilização de bancos de capacitores em sistemas • IEC 831-1 1988 “Shunt Power Capacitors of the self
elétricos industriais tem crescido ultimamente devido healing type for a.c. systems having a rated voltage up
ao fato de se constituir uma forma simples, prática e to and including 660 V”
econômica de corrigir o fator de potência. Entretanto, a • ABNT NBR 5282 JUN 1998 – “Capacitores de
sua aplicação necessita de certos cuidados, pois podem potência em derivação para sistemas de tensão acima
ocorrer alguns “efeitos colaterais”. Alguns cuidados e de 1000 V – Especicação”
atenção devem ser tomados, entre outros, quando se
chaveia um banco. Um disjuntor pode interromper vários Tipos de conexões dos bancos de
kAs de corrente indutiva, mas suportará uma corrente capacitores Shunt 
capacitiva de apenas algumas centenas de ampères.   Os bancos de capacitores shunt trifásicos são
comumente conectados em uma das seguintes formas:
Normas e guias
  Existem várias normas e guias para a proteção de • Delta
capacitores, entre as quais podem ser citadas: • Estrela não aterrada
• Estrela aterrada
• IEEE Std C37.99-2002 “Guide for protection of shunt • Dupla estrela não aterrada
capacitors banks” • Dupla estrela aterrada
• IEEE Std 18-2002 “Shunt Power Capacitors”
  É necessário lembrar que quando os bancos de
capacitores cam com potência acima de 3.100 kVAr, é

prática utilizar as conexões em dupla estrela não aterrada


e com neutros interligados. Há também a possibilidade
de utilizar os bancos na conguração H.
Ultimamente, encontram-se no mercado fornecedores
de bancos em que os capacitores suportam mais do que
10% de sobretensão. Dessa forma recomenda-se sempre
consultar os respectivos fabricantes dos equipamentos.

Principais proteções de um banco de


capacitores
  As proteções mais usuais de um banco de
Figura 1 – Conexões mais usuais de banco de capacitores. capacitores podem ser resumidas em:

http://slidepdf.com/reader/full/o-setor-eletrico-protecao-e-seletividade 107/142
7/25/2019 O Setor Elétrico - Proteção e Seletividade
27

• De sobrecorrente para falta na barra e/ou circuito do banco;


• De sobrecorrente para faltas nas unidades do banco;
• De sobretensão permanentes nas unidades restantes devido à
falha de unidades individuais;
• De sobretensão na barra do banco de capacitores;
• De surto de tensão do sistema;
• Descarga de corrente de unidades paralelas;
• De corrente inrush devido ao chaveamento;
• De arcos sobre a estrutura do capacitor;

Corrente inrush
  Na energização de um banco de capacitores, ocorre um
transitório eletromagnético que se traduz pelo aumento dos valores
de corrente e de frequência. Os valores atingidos nesse transitório
e sua duração dependem do instante em que está passando a
tensão, da capacitância, da indutância do circuito, da carga inicial
do capacitor no instante da energização e dos amortecimentos
promovidos pelas resistências do circuito.

  Observações importantes sobre a corrente inrush de banco de


capacitores:

• Quando o banco de capacitores está descarregado, sua


impedância é praticamente nula e assim os valores de corrente
podem atingir valores expressivos.
• Quando existe um banco único na barra, a corrente inrush
deste banco é menor que a corrente de curto-circuito no ponto de
instalação do banco de capacitores.
• Quando um capacitor é chaveado, estando um outro já
energizado na mesma barra (conhecido como chaveamento “back
to back”), as correntes de energização tendem a ser ainda maiores,
considerando que a contribuição de corrente do banco já conectado
na barra é limitada apenas pela indutância dos capacitores e dos
barramentos.
• Quando um banco é chaveado “back to back”, a corrente inrush
poderá exceder o valor da corrente de curto-circuito no ponto onde
está o banco de capacitores.
• Normalmente a corrente inrush máxima suportada por um banco
de capacitores é de 100xIn. Deve-se consultar sempre o fabricante
e também vericar qual a norma de fabricação do capacitor para
certicar este valor.
• A forma de onda não é senoidal e aparece uma onda de alta
frequência sobreposta à senóide da onda de tensão.
• A duração do transitório normalmente varia da ordem de uma
fração de ciclo a alguns ciclos da frequência do sistema.

  A Figura 2 apresenta o gráco de uma simulação feita do


chaveamento de um banco de 30 MVAr em 69 kV, através de um
programa de transitórios eletromagnéticos.

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O Setor Elétrico - Proteção e Seletividade
28

e   Do circuito da Figura 4 pode-se dizer que, a partir do


d fechamento da chave, uma corrente i(t) irá circular e, pela Lei de
a Kirchoff, das tensões pode-se tirar:
d
i Equação 1
v
i   Como se pode observar, a solução no domínio do tempo acaba

t cando um pouco complexa e o que se faz é passar para o domínio


e da frequência através das transformadas de Laplace que transforma
l as equações diferenciais em equações algébricas como segue:
e
s Equação 2

e Figura 2 – Chaveamento de capacitor de 30 MVAr em 69 kV single na barra.


Corrente = 4074,5 Ap e frequência = 528,8 Hz.
Isolando-se o valor da corrente I(s) na Equação 2, tem-se:
o   A Figura 3 apresenta o gráco de uma simulação feita, por meio
ã
ç de um programa de transitórios eletromagnéticos, do chaveamento
e de um segundo banco de capacitores de 30 MVAr em 69 kV,
t estando já energizado na mesma barra um banco de 30 MVAr.
o Equação 3
r Aplicando-se a antitransformada de Laplace, ca:
P

Equação 4
Chamando-se de:

Equação 5

Aplicando a Equação 5 na 4, tem-se:

Figura 3 – Chaveamento de capacitor de 30 MVAr em 69 kV back to back, Equação 6


estando um banco de capacitores também de 30 MVAr já energizado na
barra. Corrente = 9431,8 Ap e frequência = 2341,9 Hz.

Aplicando-se a Equação 5 em 6 e, manipulando, ca:


  Como pode ser observado nas simulações, o valor da corrente
inicialmente é muito alto, porém o valor cai abruptamente e em
torno de 100 ms praticamente já atingiu o valor de regime.

Equação 7
(a) Valor da corrente inrush
(a1) Chaveamento único (banco singelo) Equação 8

  A Figura 4 mostra o modelo de circuito representativo de um


capacitor singelo sendo chaveado na barra.
Equação 9

Equação 10

Equação 11

  A frequência de chaveamento do banco simples é dada pela


Equação 5, a qual pode ser expressa em Hz e em µH e µF, conforme
Figura 4 – Circuito equivalente de um banco de capacitores sendo
chaveado. mostrado na Equação 9.

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30

e   A tabela a seguir apresenta a indutância típica dos bancos


d Equação 12 e dos barramentos.
a
d T 
 ABELA 1 – INDUTÂNCIA TÍPICA DE BARRAMENTOS E BANCOS

i (a2) Chaveamento de mais de um banco na barra (banco


Tensão Indutância da barra Indutância típica dos capacitores
v de múltiplos estágios) [kV] [mH/m] [mF]
i   Ao chavear um banco (ou um novo estágio de um mesmo
t banco), havendo outro já energizado na barra, praticamente, a
< 15.5 0,7021 5
38 0,7808 5
e única impedância que irá limitar o chaveamento será a impedância 48.3 10
l
0,8399

e dada pela indutância entre os bancos (visto que esta é muito


72.5 0,8399 10

s menor que a indutância da rede). Dessa maneira, a corrente de 121.0 0,8563 10


145.0 0,8563 10
chaveamento que aparece atinge valores elevados. A Figura 5 traz
e o circuito representativo desta situação. 169.0 0,8793 10
242.0 0,935 10

o
ã   Ao manipular a Equação 13, chega-se então à Equação 14.
ç
e Equação 14
t
o
r
P Em que:
kVFF = Tensão entre fases do banco em kV;
Leq = Indutância equivalente entre os bancos em micro-henries
[µH];
I1, I 2 = Corrente nominal dos bancos já energizado (banco 1) e do
banco chaveado (2) em [A].

A frequência de chaveamento deste banco múltiplo é dada pela


Equação 15.

Equação 15

A Equação 16 expressa a frequência em Hertz e L em µH.

Equação 16

  Os valores de corrente de chaveamento, frequência e os


respectivos tempos de duração do inrush podem ser utilizados
no programa ATP (Alternative Transient Program). As frequências

Figura 5 – Circuito equivalente do chaveamento de um banco múltiplo de chaveamento de banco são da ordem de kHz e a duração do
na barra. transitório de chaveamento é de alguns semiciclos da frequência
  A Figura 5(a) mostra o banco sendo chaveado. A Figura 5(b)
de chaveamento.
mostra a associação equivalente da indutância e a Figura 5(c) é
o equivalente final. Analisando ainda a Figura 5(c), vemos que
Pontos a serem protegidos
corresponde à Figura 4. Logo, a Equação 8 pode ser aplicada, a
  Os capacitores, assim como os motores elétricos, constituem
equipamentos muitos sensíveis, como pode ser visto pelas
qual, na condição de valor máximo, corresponde ao seno igual
prescrições normativas de projeto das normas IEEE Std 18 e C37.99.
a 1, cujo resultado é aplicado à Equação 13.
Os capacitores podem:

Equação 13 • Operar permanentemente com 110% de Vn (incluindo-se


sobretensões harmônicas);

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• Operar até 180% de In (incluindo a fundamental e as harmônicas);   Para proteção de um capacitor ou banco, deve-se prever a
• Operar no máximo a 115% kVAr nominal para a fundamental; limitação da:
• Operar permanentemente com 135% dos kVAr nominais (desde
que não exceda a 110% Vn). • Sobretensão em 10%;
• Sobrecorrente de 130% a 135% (Conforme norma de fabricação).
Nota: Deve-se sempre consultar o fabricante para vericar as

condições de suportabilidade do respectivo banco. Ajustes recomendados:


Pick up sobrecorrente: 1,2 x In
(a) Pick up da unidade temporizada Temporização da unidade temporizada: acima do ponto (0.1 s;
  Deve ser escolhido em função da norma em que o capacitor Inrush)
foi fabricado. Normalmente deve ser ajustado entre 1.2 e 1.35 x In. Instantâneo: > 1,1 x Inrush
Valor sugerido: 1.2. Embora a corrente permissível possa ser maior
(por exemplo 8 x In – ANSI), a limitação é imposta pela potência. Bancos em dupla estrela
  Bancos em média e alta tensões normalmente são conectados
(b) Temporização da unidade em dupla estrela, pois, dessa forma, podem ser utilizados
  Não deve atuar para a corrente de energização do banco. capacitores de menor isolação, implicando menor custo. A estrela
Assim, seu ajuste deve car acima do Ponto (Inrush [A]; 0.1 s), é normalmente isolada, porém, interligada e, nessa interligação,
embora, parte das vezes este transitório pode durar menos que 100 é instalado um relé que consegue identicar desequilíbrios de
ms para o valor da corrente inrush. corrente que surgem em função da queima de algum fusível de
alguma “lata” (unidade) de capacitor.
(c) Pick up da unidade instantânea
  Deve ser ajustada para 110% do valor da corrente de Assim, deve-se promover o ajuste deste relé, montando uma tabela,
energização. excluindo lata por lata (unidade por unidade), de modo que a
tensão que abaixo de 110%, limite máximo normalizado para a
(d) Resumo dos critérios de proteção fabricação dos capacitores.

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e   Apresenta-se a seguir as principais equações para banco dupla


d estrela. Equação 25
a
d Tensão remanescente nas unidades restantes do
i  grupo e corrente de desequilíbrio no neutro de
Equação 26
v bancos dupla-estrela
i (d) Corrente de falta com uma unidade curto-circuitada
t   Apresenta-se a seguir a Equação 34 para o cálculo corrente de
e (a) Tensão no restante do grupo falta na fase, para um banco em dupla estrela.
l A Equação 17 apresenta o cálculo da sobretensão das unidades
e restantes de um grupo.
s Equação 27

e Equação 17

Equação 28
o
ã (b) Corrente de desequilíbrio
ç A Equação 18 traz o cálculo da corrente de desequilíbrio no neutro
e da dupla estrela na saída (queima de fusíveis) de um grupo. Equação 29
t
o
r Equação 18
Equação 30
P
Equação 31
Em que:

Equação 32
P = Número de unidades em paralelo por grupo
S = Número de grupos série por perna
F = Número de fusíveis queimados Equação 33

(c) Tensão remanescente em cada grupo série com o


 grupo em falta Equação 34
  A Equação 26 apresenta o cálculo da tensão remanescente em
cada grupo série com o grupo em falta para um banco em dupla
estrela. Para se determinar a corrente de falta no grupo curto-circuitado,
utiliza-se a Equação 35.

Equação 19 Equação 35

Equação 20
Em que:
IN = Corrente nominal do capacitor.

(e) Número mínimo de unidades por grupo para uma


Equação 21 sobrentesão de 10%
Na equação seguinte, é determinado o número mínimo de unidades
por grupo para uma sobretensão de 10%.

Equação 22
Equação 36

Equação 37
Equação 23
Equação 38

Equação 24 Equação 39

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e Exemplo 1   O valor da corrente inrush é calculado como segue:


d   Dado um banco de capacitores de 3600 kVAr, instalado em
a 13.8 kV, em um local em que o nível de curto-circuito é de 8519
d A. A característica do banco é apresentada a seguir. Pede-se para
i ajustar as proteções do banco.   A duração é 0.1 s. Assim, a temporização do relé deve car
v acima deste tempo, ou seja, 0.15 s. Escolhendo uma característica
i
t Conexão: dupla estrela não aterrada muito inversa, ca:
e kVAr de 1 unidade = 200
l Número de grupos série por fase (S) = 1
e
s Número de unidades em paralelo por grupo (P) = 3
kVn 1 unidade = 7,967 A unidade instantânea tem que ser ajustada 10% acima do valor
e TC de fase = 400-5 A da corrente inrush:
TC do neutro da dupla estrela = 15-5 A
o
ã
ç Solução
e
t
o
....

  O cálculo a seguir mostra a sobretensão nas unidades restantes.


r   Do grupo, quando são retiradas unidades e a corrente de
P .... desequilíbrio no neutro, sabe-se que a sobretensão das unidades
restantes do grupo e a corrente de desequelíbrio no neutro da dupla
estrela são dadas por:

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  Com nenhuma unidade retirada (F=0), para P=3 e S=1, ca: 10% de sobretensão. Neste caso, com uma unidade retirada, dá-se
o alarme e, com duas, dá-se o trip.

Ajuste da unidade de alarme


  Com uma unidade retirada (F=1), para P=3 e S=1, ca:

....

Ajuste da unidade de trip


....

  Com duas unidades retiradas (F=2), para P=3 e S=1, ca:


Nota: O valor de 0.9 utilizado é para garantir que, mesmo com
.... subtensão na barra, a proteção irá operar adequadamente.

....

*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola


Federal de Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como
  A tabela a seguir resume o exposto: engenheiro de estudos e desenvolveu softwares de curto-circuito,
load flow e seletividade na plataforma do AutoCad®. Além disso, tem
experiência na área de projetos, engenharia de campo, montagem,
Nº de Tensão nas Tensão nas Tensão nas Corrente no manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresa
unidades unidades unidades restantes unidades restantes neutro da dupla
EngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenharia
retiradas restantes (pu) (kVsistema) (pu - kVBanco) estrela (A)
elétrica, benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente
0 1,000 7,967 1,000 0,00 é sócio diretor. O material apresentado nestes fascículos colecionáveis é
1 1,059 8,436 1,059 13,29 uma síntese de parte de um livro que está para ser publicado pelo autor,
2 1,125 8,963 1,125 28,24 resultado de 30 anos de trabalho.
3 1,200 9,561 1,200 45,18
CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO
Conra todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
  Como se sabe, o banco não deve car submetido mais do que e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br

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t
e Capítulo XIV
l
e
s Proteção de barramentos
e Por Cláudio Mardegan*

o
ã
ç
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o
r   A proteção eciente de barramentos é um objetivo permitir motores partir com a carga da planta em
P importante de ser alcançado, visto que, via de regra, operação). Em sistemas industriais, é muitas vezes
os barramentos cam na entrada de planta, na entrada utilizada a proteção diferencial parcial, a qual é
de painéis. Por isso, uma proteção ineciente pode descrita a seguir.
colocar em risco a integridade de todo o sistema e,
dependendo do tempo disponível para recolocar Relé diferencial parcial 
o sistema em operação, as consequências quase   Em algumas plantas, em que há “ties” (disjuntores
sempre têm alto impacto, quer na segurança, quer na de interligação) entre barras, pode ser usada a proteção
operacionalidade do sistema. diferencial parcial, que nada mais é que um relé de
  Apresenta-se a seguir uma introdução à proteção sobrecorrente utilizado para a função diferencial,
de barramentos. porém atua de forma temporizada. O esquema unilar
apresentado na Figura 1 ilustra a maneira de se
Função 50 interligar.
  Esta função tem por objetivo eliminar a falta   As principais vantagens de se utilizar o esquema de
instantaneamente. Como normalmente os barramentos proteção diferencial parcial são as seguintes:
estão nas entradas, esta função é raramente utilizada, • Utiliza-se um relé a menos, pois normalmente tem-se
pois para falta em uma das saídas, desligam-se todos os um relé de sobrecorrente no “tie” e outro na entrada.
circuitos. • Por utilizar um relé a menos, se ganha um intervalo
  Para diferenciar faltas na barra e nos alimentadores, de coordenação, ou seja, em torno de 300 ms no
lança-se mão da proteção 87B, diferencial de barra, tempo da seletividade cronológica.
que opera instantaneamente, desde que a falta esteja
dentro da zona de proteção denida entre os TCs de A principal desvantagem é:
entrada e de saída. • Utilizam-se 3 TCs a mais.

Relé de sobrecorrente temporizado


(Função 51)
  Esta função tem o objetivo de eliminar a falta de
forma temporizada. Este tipo de proteção é o mais
utilizado nas plantas industriais.
  O ajuste de pick-up deve permitir a circulação da
carga demandada da planta.
  A temporização deve ser ajustada de forma a car
seletiva com as proteções situadas a jusante (inclusive Figura 1 – Esquema unilar do relé diferencial parcial.

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e   É recomendado que o sinal de trip do relé diferencial parcial atue


d desligando os disjuntores de entrada e interligação e também, num
a relé de bloqueio, que em paralelo deve desligar também o disjuntor
d de entrada e a interligação. Algumas losoas desligam também
i todos os disjuntores de saída da referida barra, principalmente
v quando problemas de reaceleração de motores são iminentes.
i
t
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e
s
e
Figura 4 – Esquema unilar do relé diferencial de barra.

o pois os valores de corrente ajustados são comumente baixos.


ã
ç   O maior cuidado que se deve ter com esta proteção refere-se aos
e erros de TCs, os quais podem operar, devido ao não balanceamento
t de correntes, para faltas externas. Dessa forma, um resistor de
o estabilização é muitas vezes utilizado e, portanto, sempre devem ser
r consultados os respectivos manuais dos fabricantes do relé.
P
Relé para proteção de arco
Figura 2 – Solução convencional.
  Em painéis de média e baixa tensão, nos últimos anos, houve um
progresso razoável no nível de proteção, de forma a reduzir a energia
incidente e, consequentemente, acrescer a proteção ao elemento
humano, conjugado à proteção de equipamentos e sistema.
  As primeiras pesquisas foram iniciadas com Ralph Lee, na
questão da determinação da energia incidente e avaliação do tipo
de vestimenta aplicado aos trabalhadores que cavam expostos nas
salas elétricas. Entre outros, o NFPA70E e o IEEE Std 1584 atualmente
encerram os novos procedimentos para esses cálculos.
  A partir dessas pesquisas, surgiram os relé sensíveis à luz, cujas
captações luminosas podem normalmente ser feitas por bra sensora
ou por sensor pontual. Tais relés também podem ser programados para
operarem somente por luz ou luz e sobrecorrente.
  Estes relés se constituem excelente proteção para as pessoas,
equipamentos e sistema, diminuindo o tempo para recolocar o
sistema em marcha (MTTR), o que agrega grande valor operacional.
Figura 3 – Solução com proteção diferencial parcial Dessa forma, os catálogos/manuais dos fabricantes sempre devem ser
consultados para a correta aplicação e ajustes desta proteção.
Diferencial de barra (Função 87B)
  Esta função tem por objetivo eliminar a falta instantaneamente. *CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola
Para diferenciar faltas na barra e nos alimentadores, utilizam-se TCs Federal de Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como
engenheiro de estudos e desenvolveu softwares de curto-circuito,
na(s) entrada(s) e saída(s) de modo a denir a zona de proteção. load flow e seletividade na plataforma do AutoCad®. Além disso, tem
Em síntese, esta proteção utiliza o princípio da Lei de Kirchoff das experiência na área de projetos, engenharia de campo, montagem,
manutenção, comissionamento e start up. Em 1995 fundou a empresa
correntes, ou seja, a somatória das correntes que entram é igual à EngePower® Engenharia e Comércio Ltda, especializada em engenharia
somatória das correntes que saem conforme mostra a Figura 4. elétrica, benchmark e em estudos elétricos no Brasil, na qual atualmente
é sócio diretor. O material apresentado nestes fascículos colecionáveis é
  É importante lembrar que como esta proteção deve atuar uma síntese de parte de um livro que está para ser publicado pelo autor,
independentemente da seletividade, ela normalmente não faz parte resultado de 30 anos de trabalho.
do estudo de seletividade. Os valores de ajuste são denidos apenas CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO
Conra todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
na primeira vez, na implantação do sistema. O máximo que se faz é Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
vericar se os ajustes estão consistentes, o que normalmente acontece, e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br

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v
i Capítulo XV
t
e
l
e Proteção de conversores e
s
e
semicondutores
Por Cláudio Mardegan*

o
ã
ç
e   O objetivo deste capítulo é prover informação carga, apresentados na Tabela 1, obtida da norma
t
o para que se possa efetuar ajustes para a proteção de
conversores estáticos e semicondutores.
IEC 146 1973. Esta norma apresenta seis níveis de
suportabilidade térmica.
r   As normas empregadas para a elaboração deste
P
capítulo foram: IEEE Duty classes
   IEC 146 1973 – Semiconductor Convertors   A norma IEEE Std 444 provê estes ciclos
   IEEE Std 444 – 1973 “IEEE Standard Practices padronizados de carga na Tabela 1 da citada norma,
and Requirementes for Thyristor Converters for representado aqui pela Tabela 11.2. Esta norma
Motor Drives” apresenta 30 “duty classes”, ou seja, 30 ciclos de
suportabilidade térmica, tanto para longa como para
IEC Duty classes curta duração.
  Na prática, é difícil prever o perl diário da carga   A Figura 1 mostra um exemplo das curvas tempo

para denir o conversor e, mesmo conhecendo o versus corrente de um “duty cycle” típico do IEEE, com
perl, ele não pode ser tomado como base para testes os pontos característicos:
e garantias. Assim, o que se faz é prover valores de
corrente constantes de carga para uma dada duração. A – Ponto de operação nominal
A norma IEC prevê estes ciclos padronizados de B – Ponto de suportabilidade de longa duração
C – Ponto de suportabilidade de curta duração
T  ABELA 1 – IEC DUTY  CLASSES D – Ponto de ensaio (teste de curta duração)
Corrente nominal para conversores   Uma vez que a corrente é dada do lado DC, as
Duty class e condições de teste (valores em Tabelas 3 e 4 apresentam como calcular o valor do
 percentual da corrente nominal DC) lado AC, conforme a conguração.
I 100% continuamente
II 100% continuamente 10000
A B
150% 1 minuto
III 100% continuamente 1000
150% 2 minutos    )
   S
   D
200% 10 segundos    N
   O
   C
   E
   S
   ( 100
IV 100% continuamente    E
   M C
   I
   T
125% 2 horas D

200% 10 segundos 10

V 100% continuamente
150% 2 horas
1.0
200% 1 minuto 1.0 2.0 3.0
CURRENT (PER UNIT)
VI 100% continuamente REPETITIVE SERVICE  CURRENT RATING PROFILE , DUTY CLASS S-4
150% 2 horas
Figura 1 – Exemplo de curva tempo versus corrente,
300% 1 minuto conforme norma IEEE Std 444 – 1973.

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T  ABELA 2 – IEEE DUTY  CLASSES

Idc  Corrente especicada para Corrente especicada para Corrente Típica especicada
Duty class Nominal  Serviços de Longa Duração Serviços de Curta Duração  para Testes Curta-Duração
(Ponto A) (Ponto B) (Ponto C) (Não Repetitiva) (Ponto D)
[pu] [pu] [minutos] [pu] [segundos] [pu] [segundos] Carga Inicial 
S-1 1,00 1,00 150 2,25 10 2,25 60 FL
S-2 1,00 1,25 120 1,75 60 1,75 180 FL
S-3 1,00 1,25 120 1,75 18 1,75 30 FL
S-4 1,00 1,25 120 1,75 30 1,75 60 FL
S-5 1,00 1,00 60 1,75 30 1,75 60 FL
S-6 0,25 0,25 1 0,50 5 0,50 10 NL
S-7 0,25 0,25 1 1,00 5 1,00 10 NL
S-8 0,25 0,25 2 0,75 30 0,75 60 NL
S-9 0,50 0,25 2 0,75 30 0,75 60 NL
S-10 0,25 0,50 2 1,75 18 1,75 30 NL
S-20 1,00 0,25 150 2,00 60 2,00 60 FL
S-21 1,00 1,00 30 2,50 10 2,50 20 FL
S-22 1,00 1,00 60 3,00 5 3,00 10 NL

S-23 0,71 0,82 120 1,75 18 1,75 30 FL


S-24 0,71 0,82 120 1,75 5 1,75 10 FL
S-25 0,71 0,71 30 3,00 5 3,00 10 FL
S-26 0,33 0,33 30 1,50 5 1,50 10 NL
S-28 1,00 1,00 30 4,00 5 4,00 10 FL
S-29 1,00 1,00 150 4,00 5 4,00 10 FL
S-30 1,00 1,00 5 1,50 30 1,50 60 FL

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T  ABELA 3 – C ORRENTE DO LADO AC EM FUNÇÃO DA CONEXÃO DO TRANSFORMADOR  ( CONFORME  IEC).


e
d
a
d
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s
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ã
ç
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P

T  ABELA 4 – C ORRENTE  DO LADO AC EM FUNÇÃO DA CONEXÃO DO TRANSFORMADOR  ( CONFORME  IEEE).

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e Proteção dos conversores


d   Nos itens 3 e 4, foram apresentados os valores suportáveis
a pelos conversores, segundo as normas IEC e IEEE, respectivamente.
d   A proteção deve permitir a circulação da corrente nominal do
i sistema, porém, a curva característica do relé de proteção deve
v car abaixo da característica de suportabilidade térmica para o
i
t respectivo conversor, de modo a garantir a sua proteção.
e   Para determinar os valores das correntes do lado AC a partir do
l lado DC, as Tabelas 3 e 4 podem ser utilizadas.
e   Devido à característica necessária à proteção dos
s semicondutores, a curva mais adequada para a proteção de fase é
a extremamente inversa. Figura 3 – Coordenograma típico de proteção de um conjunto
e transformador + inversor.
  Deve-se sempre consultar as recomendações dos fabricantes,
o tanto para saber a real suportabilidade térmica de cada equipamento Proteção contra sobrecarga
ã quanto para os valores recomendados de proteção dos respectivos   Deve permitir o equipamento (inversor) operar à plena carga e
ç equipamentos. também permitir as sobrecargas previstas para as suas respectivas
e
t capacidades térmicas (duty cycle).

o  
Proteção do conjunto
Para a proteção do conversor,é preciso utilizar as suportabilidades
r Proteção para faltas no secundário
P térmicas fornecidas pelos fabricantes. Apresenta-se a seguir uma   Deve permitir que a proteção do inversor opere primeiro. Assim, a
explanação básica para a proteção do conjunto (transformador + proteção primária deve operar de forma temporizada (< 250 ms) para
cabos + inversor). A Figura 2 mostra duas congurações típicas. faltas no secundário.

Proteção para faltas no primário


  Deve proteger o conjunto para curtos-circuitos no enrolamento
primário do transformador/cabo alimentador do transformador e, assim,
entrar em operação instantaneamente, porém deve permitir a circulação
da corrente inrush, de forma a permitir a sua energização.

Particularidades:
(a) A corrente que circula quando há queima de um diodo/tiristor,
principalmente no caso de um sistema de 24 pulsos, é de difícil
determinação.
(b) Para sistemas de 24 pulsos, ca difícil proteger os quatro

Figura 2 – Topologia típica do conjunto de inversor de frequência e


enrolamentos secundários, cuja potência individual é ¼ da potência
transformador para (a) 12 pulsos e (b) 24 pulsos. total do enrolamento primário, dentro dos critérios do NEC (< 2.5 In).
(c) Para permitir a circulação da corrente inrush e baixar o instantâneo
Proteção do primário ao máximo possível, recomenda-se utilizar dois grupos
  Pelo menos os seguintes quesitos devem ser observados para a de ajustes: o primeiro, que deve ser utilizado na etapa da energização
proteção do conjunto: (ajuste instantâneo < corrente de inrush), e o segundo grupo, utilizando
um valor menor de corrente que garanta uma melhor proteção.
(a) Permitir a circulação da corrente nominal do inversor; *CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola Federal
(b) Proteger termicamente contra sobrecargas do inversor/  de Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro de
estudos e desenvolveu softwares de curto-circuito, load ow e seletividade
transformador/cabos, conforme suas características térmicas de na plataforma do AutoCad®. Além disso, tem experiência na área de projetos,
curta e longa duração; engenharia de campo, montagem, manutenção, comissionamento e start
up. Em 1995 fundou a empresa EngePower® Engenharia e Comércio Ltda,
(c) Permitir a corrente inrush do(s) transformador(es); especializada em engenharia elétrica, benchmark e em estudos elétricos no
(d) Atuar instantaneamente para curto-circuito no primário; Brasil, na qual atualmente é sócio diretor. O material apresentado nestes
fascículos colecionáveis é uma síntese de parte de um livro que está para ser
(e) Atuar temporizadamente para curto-circuito no secundário.  publicado pelo autor, resultado de 30 anos de trabalho.
CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO
Conra todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
  A Figura 3 mostra o gráco tempo versus corrente para a Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o
proteção de um sistema de 12 pulsos. e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br

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e
d
a
d
i
v
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e
l
Capítulo XVI
e
s
e
Interface com a concessionária
Por Cláudio Mardegan*

o
ã
ç
e   O objetivo desse capítulo é prover as informações (que corresponde a 31.4% acima do fator de potência
t
o básicas
proteçãopara que senapossa
adequado dispor
interface comdea concessionária,
um sistema de limite
opere atual
mesmo quecom
é 0.92),
algumo que permite
problema nosque a planta
bancos de
r em função do tipo de conexão que se irá estabelecer. capacitores.
P
  No Brasil, até 145 kV, as concessionárias   O pickup da unidade temporizada (I>) é ajustado
estabelecem os critérios para conexão. Acima dessa com base na potência demandada.
tensão, além das concessionárias, o Operador Nacional
do Sistema (ONS) é quem prescreve esses critérios. 1.2 x Demanda[kW] Demanda[kW]
I> = =  0.9897 x
  Apresenta-se a seguir algumas das normas/guias √3 x kV    x 0.7 
N kV N
mais utilizadas para o desenvolvimento deste capítulo.
  No que tange à temporização, o dial de tempo deve
   IEEE Std C37.95™-2002 ser escolhido de modo a coordenar com a proteção à
 jusante e também deve car abaixo e coordenar com o

   ANSI/IEEE
Ligação Std
de C37.106-1987
autoprodutores em paralelo com o relé da concessionária.
sistema de distribuição da CPFL   A unidade instantânea (I>>) deve ser ajustada com
  Procedimentos de rede do ONS – Módulo 11 – base (a) na corrente de curto-circuito subtransitória
Proteção e controle máxima assimétrica secundária referida ao primário
(maior valor da corrente de curto-circuito secundária
 Alimentação de entrada em média tensão referida ao primário escolhida entre todos os
  Para sistemas industriais supridos exclusivamente transformadores supridos na tensão de alimentação da
pela concessionária (sem gerador fazendo paralelismo concessionária) ou (b) na corrente inrush total
com a concessionária), a proteção de entrada é
normalmente constituída por um relé com as funções I = 1.1 x I”CC-ASSIMÉTRICA MAX 
ou 1.1 x I”Inrush-Max  a que for maior.
50/51 para faseainda
concessionárias e 50/51N
exigem para neutro. Algumas
uma proteção de terra
sensível.  Ajustes de terra
(a) Neutro sensível 
 Ajustes de fase   O valor de pickup da unidade de terra sensível
  Apresenta-se a seguir uma forma prescrita por normalmente varia de 3 A a 25 A. Deve car abaixo
algumas concessionárias, a qual tem um critério muito do valor de pickup do relé da concessionária.
coerente, pois, a partir da demanda, determina-se Recomenda-se tanto para consumidores como para
o valor de pickup de fase, permitindo o consumidor concessionárias não utilizarem valores muito baixos
ultrapassar 9% acima da demanda máxima permitida (<10 A), pois pode não se obter uma boa precisão dos
(que é igual a 110% da demanda contratada – que TCs nessas regiões de ajuste.

perfaz o ajuste de 1.2) e com fator de potência 0.7   A temporização normalmente é maior que 1

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segundo e deve car abaixo e coordenar com a proteção da  Ajustes de fase


concessionária.   O ajuste de pickup da unidade temporizada ( ) é determinado
na soma das potências de ventilação forçada dos transformadores
(b) 50/51N  conectados no nível de tensão de recebimento vezes 1.05 a 1.1.
  O pickup da unidade temporizada (Io ) é ajustado normalmente   O pickup da unidade temporizada ( ) na linha é ajustado com
entre 15 A e 120 A. Deve car abaixo do valor de pickup do relé da base na potência demandada.
concessionária.
(1.05.a.1.10)2 x ∑KVAVENTILAÇÃOFORÇADA-TRAFOS
I> =
A temporização deve: √3 x kV  N

  Permitir a energização do transformador;   No que tange à temporização, o dial de tempo deve ser
  Deve car abaixo e coordenar com a proteção da concessionária; escolhido de modo a coordenar com a proteção à jusante e também
  Coordenar com a proteção à jusante (caso a conexão seja deve car abaixo e coordenar com o relé da concessionária.
diferente de delta).   A unidade instantânea ( )deve ser ajustada com base (a) na
corrente de curto-circuito subtransitória máxima assimétrica
 Alimentação de entrada em alta/extra tensão secundária referida ao primário (maior valor da corrente de
  Para sistemas industriais supridos exclusivamente pela curto-circuito secundária referida ao primário escolhida entre
concessionária (sem gerador fazendo paralelismo com a todos os transformadores supridos na tensão de alimentação da
concessionária), a proteção de entrada é normalmente concessionária) ou (b) na corrente inrush total.
constituída por um relé com as funções 50/51 para fase e 50/51N
para neutro. Nos casos de linha dupla de entrada (que operem I>> = 1.1 x I” CC-ASSIMÉTRICA MAX 
permanentemente em paralelo, ou seja, sem transferência ou 1.1 x I”Inrush-Max a que for maior.
automática de linha), pode haver a proteção 67/67N enxergando
a linha, de forma que uma linha não retro-alimente o curto-  Ajustes de terra
circuito na outra linha.   O pickup da unidade temporizada (Io ) é ajustado normalmente

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e entre 15 A e 120 A. Deve car abaixo do valor de pickup do relé da  Alimentação de entrada em média tensão e
d concessionária.  paralelismo de gerador 
a A temporização deve:   Para esta condição existem três situações:
d
i    Coordenar com a proteção à jusante se a conexão do  Consumidor fazendo paralelismo momentâneo (conhecido tam-
v transformador permite passagem de corrente de sequência, na bém como transferência em rampa);
i
t linha, no primário;   Consumidor fazendo paralelismo permanente com a rede (PPR);
e  Permitir a energização do transformador;   Autoprodutor independente.
l  Deve car abaixo e coordenar com a proteção da concessionária.
e    Consumidor fazendo paralelismo momentâneo com a rede
s   As funções 67/67N (localizada no bay de linha), quando (transferência em rampa)
utilizada, deve ser ajustada em um valor relativamente baixo. A Deve-se sempre consultar as normas correspondentes a cada
e
temporização também pode ser sensível (da ordem de 120 ms). concessionária.
o Valores abaixo desta temporização não são recomendados devido   Consumidor fazendo paralelismo permanente com a rede (PPR)

ã às correntes inrush de transformadores e/ou banco de capacitores. Deve-se sempre consultar as normas correspondentes a cada
ç   Caso a linha possa operar tanto em paralelo como concessionária.
e individualmente, a função 67/67N pode ser habilitada (quando
t
o estiver em paralelo) em um grupo de ajuste e desabilitada (quando
estiver trabalhando individualmente) em outro.
  As Figuras 1 e 2 ilustram esquemas típicos de paralelismo de
gerador com a concessionária.
r
P

50 50N
51 51

50 50N
51 51
1

1
G

27

67 32

62 27 G
25
2 3 67 32
UC

62
25
2 3
UC

CARGA
CARGAS

Figura 1 – Esquema unilar típico para paralelismo com a rede em Figura 2 – Esquema unilar típico para paralelismo com a rede em baixa
média tensão. tensão.

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e  Autoprodutor independente uma boa proteção em caso de religamentos de linha. O ideal,


d   Deve-se sempre consultar as normas correspondentes de cada para se determinar o ajuste da função df/dt, é fazer uma simulação
a concessionária. Entretanto, apresenta-se a seguir um esquema de dinâmica do transitório eletromecânico.
d proteção típico. (c) A função 32 é ajustada muitas vezes para operar com 10% do
i total da potência de geração. A temporização irá depender, entre
v outros fatores, do tempo de religamento da linha; o 32 deve car
i
t abaixo desse valor, caso não se disponha de um relé df/dt, como
e descrito no item (b).
l (d) A função 67 deve ser ajustada em um valor relativamente baixo.
e (e) A função 81 deve ser ajustada de forma que não comprometa
s a máquina e abra primeiro o paralelismo com a concessionária. O
ideal, para se determinar o ajuste da função, é fazer uma simulação
e
dinâmica do transitório eletromecânico.
o (f) A função 59N deve ser ajustada normalmente entre 25% e 33%
ã da tensão secundária do TP (seundário conectado em delta aberto
ç ou é utilizada a função que calcula a componente de sequência
e zero via rmware). É importante vericar se curtos-circuitos fase-
t
o terra distantes (em ramais de derivação, por exemplo) não irão
causar o desligamento indevido dessa proteção. Caso isso ocorra,
r
P deve-se procurar um novo valor que atenda. Caso não se consiga, a
alternativa consiste em fazer uma coordenação cronológica dessa
proteção. Para se determinar os valores da tensão de sequência zero
no caso de faltas à terra, recomenda-se a simulação do módulo
Figura 3 – Esquema unilar típico para paralelismo como autoprodutor “Unbalanced” do PTW ou outro software similar que calcule faltas
independente. desequilibradas.

  É recomendável a instalação de três TPs (grupo de ligação 3) na   Apresenta-se a seguir os dados mais relevantes normalmente
barra de cargas prioritária conectados em estrela – aterrada/delta utilizados para se fazer um estudo de transitórios eletromecânicos
aberto, quando o gerador é não aterrado ou quando o gerador para se determinar o comportamento da máquina e do sistema
é conectado na barra prioritária através de transformador com diante das contingências (como perda de carga, degrau de carga,
conexão não aterrada no lado da rede e estrela no lado do gerador. perda de geração, desligamento de linha, partida de motor, curto-
Isso porque quando se abre o disjuntor de interligação de barras, na circuito, etc.).
ocorrência de uma falta à terra, pode-se perder a referência de terra
e poderão ocorrer sobretensões que daniquem os equipamentos. Dados do sistema
 Esquema unilar do sistema concessionário

Observações gerais para paralelismo de geradores   Circuito de sequência positiva, negativa e zero do sistema

  Apresenta-se a seguir algumas observações gerais, julgadas concessionário


importantes na colocação de gerador(es) em paralelo com a rede   Dados do(s) transformador(es): potência, Z%, conexão,

de concessionária(s). aterramento, tensões)


  Esquema unilar simplicado do sistema interno da planta
(a) Deve-se procurar sempre saber, junto à concessionária, o tempo
de religamento da(s) linha(s) que supre(m) a planta. Dados das cargas
(b)  É sempre interessante instalar um relé df/dt (ou habilitar a  Montante de cargas de impedância constante

função), fazendo desligamento no disjuntor de entrada da planta  Montante de cargas de corrente constante

(ponto de conexão com a concessionária), visto que em caso de  Variação da carga com a frequência

curto-circuito na linha, mesmo com o desligamento do curto-


circuito na subestação da concessionária, caso haja outros Dados dos geradores (data sheet)
consumidores na linha, o(s) gerador(es) irá(ao) tentar suprir toda  Potência aparente (kVA)

carga conectada na linha impondo uma sobrecarga que pode  Tensão nominal (kV)

danicar a(s) máquina(s). Outra razão que justica a instalação  Fator de potência

da proteção df/dt é a rapidez de desligamento, obtendo, assim,   Frequência (Hz)

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e   Rotação (RPM)   Para os reguladores de velocidade (governors): fornecer o


d   Classe de isolamento diagrama de blocos no domínio da frequência, que seja o modelo
a  Resistência do enrolamento de armadura – Ra matemático com as funções de transferência representativas das
d   Reatância das máquinas (subtransitória de eixo direto – X"d, malhas de controle do governor, com os respectivos ganhos,
i transitória de eixo direto – X’d, síncrona de eixo direto – Xd, constantes de tempo, limitadores e constante de inércia da turbina.
v dispersão da armadura – Xl, transitória de eixo em quadratura - X’q,  Para os PSS (Power Systems Stabilizer): fornecer o diagrama de
i
t síncrona de eixo em quadratura – Xq, sequência negativa – X2, blocos, no domínio da frequência, que seja o modelo matemático
e sequência zero – Xo) com as funções de transferência representativas das malhas de
l  Constantes de tempo das máquinas (subtransitória de eixo direto controle do PSS, com os respectivos ganhos, constantes de tempo
e em circuito aberto – T"do, transitória de eixo direto em circuito e limitadores.
s aberto – T'do, subtransitória de eixo em quadratura em circuito  Tipo de máquina primária (hidráulica, vapor, diesel, gás, eólica).

aberto – T"qo, transitória de eixo em quadratura em circuito aberto


e
– T'qo) Rejeição de cargas e sistema ERAC 
o  Constante de inércia do gerador – H

ã  Constante de inércia da turbina – Ht (a) Generalidades


ç  Constante de amortecimento D (pu)   Um sistema de Rejeição de Cargas (em inglês “Load Shedding”),
e  Tipo e característica do aterramento do gerador também conhecido como Descarte de Cargas, é utilizado sempre
t
o 

 Curva de capabilidade do gerador
 Característica de circuito aberto do gerador
em que há um décit de geração em relação à carga demandada
e tem por objetivo restabelecer o equilíbrio eletromecânico de
r
P  Característica de curto-circuito do gerador energia do sistema.
  Para os AVRs (reguladores automático de tensão)/excitação:   Assim, normalmente são denidos níveis de prioridades para se
fornecer o diagrama de blocos no domínio da frequência que fazer o descarte de cargas do sistema elétrico.
seja o modelo matemático com as funções de transferência   A escolha das cargas a serem descartadas depende de uma
representativas das malhas de controle do AVR, com os respectivos série de fatores:
ganhos, constantes de tempo e limitadores.  Importância da carga no processo

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e  Tempo para o processo retomar marcha após o desligamento   Como a velocidade do gerador é dada pela equação a seguir:
d  Montante de carga d δ + ω  = 2.π.f 
a o Equação 13
d (b) Equação de balanço eletromecânico
dt 
i   A denição de energia cinética é:   Em que:
v ωo = Velocidade síncrona
i
E C  = 1 I.ω
t
2
Equação 1 f = frequência instantânea
e 2

l   Derivando-se a equação anterior, no tempo, chega-se a:


e M = I.ω ⇒ (quantidade de movimento) Equação 2
s d 2δ  = 2.π. df 
Equação 14
1 dt 2 dt 
E C  = I .ω Equação 3
e 2
df   T a.f o
= Equação 15
o ω = 2.π.f  = 360.f ⇒ ( graus elétricos) Equação 4 dt  2H
ã
ç E C  = 180M.f ⇔ E C  = Mπ.f  Equação 5   A equação de balanço eletromecânico é dada pela equação 16.
e EQUAÇÃO DE BALANÇO
t
o   Por denição, a constante de inércia é dada por:
r 2H df 
= T m - T e = T a ⇒
df 
( T m - T e ) x
f o
P H = C 

Equação 6 f o dt  dt  2H Equação 16
S
  O torque acelerante/desacelerante em pu pode ser expresso por:
  A plicando-se a equação 5 na 6, tem-se:
Carga a - Geração - Restante
T a  = Equação 17
Geração - Restante

S.H. S.H.   Em que:


M= = Equação 7 df/dt = Taxa de variação da frequência em Hz/s
180.f  π.f 
Ta = Torque acelerante em pu
f o = Frequência nominal do sistema em Hz
  A potência acelerante (Pa) de um gerador é escrita como
H = Constante de inércia do sistema em s
apresentada na equação 8.

Pa = Pm – Pe = Ta. ω Equação 8   Apresenta-se nas Figuras 4 e 5 a taxa de decaimento da


frequência de geradores com H = 5 e H = 3, respectivamente,
  Em que: admitindo-se a taxa de decaimento constante, ou seja, potência
Pa = Potência acelerante acelerante constante e independente da frequência.
Pm = Potência mecânica
Pe = Potência elétrica
Ta = Torque acelerante

Ta = Tm – Te Equação 9

  Em que:
Ta = Torque acelerante
Tm = Torque mecânico da carga
Te = Torque elétrico do gerador

P a = T a.ω  = I.ω.a = M.a = M


d2 θ
Equação 10
dt2
θ = δ + ω.t  Equação 11

T a =
H d2δ = T   - T  Equação 12 Figura 4 – Taxa de variação da frequência de gerador com H = 5 e
m e
π.f o dt2  potência desacelerante constante.

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  Cabe aqui apresentar algumas considerações sobre constantes


de inércia de geradores.
1
E C  = mv 2 Equação 19
2

1
E C  = m.(ω.r)2 Equação 20
2
1
E C  = mr 2 .ω2 Equação 21
2

  Chamando o peso de W e a aceleração da gravidade de g, pode-se


dizer que m = W/g. Substituindo na equação anterior tem-se:
1
E C  = mr 2 . ω2 Equação 22
2

Figura 5 – Taxa de variação da frequência de gerador com H = 3 e 1


 potência desacelerante constante.
E C  = . I. ω2 Equação 23
2

  Cabe aqui apresentar algumas considerações sobre constantes   Comparando-se as duas últimas equações, podemos concluir que
de inércia de geradores. a inércia é dada por:
Wr 2
Considerações sobre a constante de inércia (H) I=
 g  Equação 24
  A constante de inércia H é denida como sendo a relação entre
a energia cinética e a potência aparente, ou seja:   Nas literaturas americanas costuma-se designar Wr2 como Wk2.
Wk 2
E C  I=
H= x 10 -3 Equação 18  g  Equação 25
kVA

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e   Assim, os valores de inércia são referidos ao raio da massa girante. Exemplo 1


d   Aplicando-se o mesmo conceito e tomando-se como referência o   Considere um sistema com três geradores, idênticos, cada um
a diâmetro da massa girante, chamando-se o peso de P e o diâmetro de fornecendo 1 pu de potência, a uma carga de 3pu, em regime,
d D e aplicando-se o conceito na equação 19, tem-se: conforme a Figura 6. Na ocorrência da contingência da perda de
i um gerador, avalie o comportamento da frequência, admitindo que
v E C  =
1 PD2
.ω2  nem o gerador, nem a carga variam seus torques com a frequência.
i 2
Equação 26

t 4g  A contante de inércia individual de cada máquina é de H = 5 e os


e   Fazendo-se analogia pode-se dizer que a inércia é dada por: amortecimentos do gerador DG = 1 e da carga DL = 1.5.
l
e I=
PD2
s 4g 
Equação 27

e   Na linguagem prática, chama-se PD2 de GD2. Assim, a equação


anterior ca:
o
ã GD2
ç I=
4g 
Equação 28
e
t
o  seguinte
Comparando-se as equações 25 com a 28, pode-se chegar à
conclusão:
r
P Wk 2 GD4 Figura 6 – Esquema unilar do exemplo 1.
= Equação 29
 g  4g 
Solução:
  Assim, pode-se dizer que:   Da equação 15, tem-se:

GD2 df  T a.f o


Wk 2 = Equação 30 =
4g  dt  2H

  A constante de inércia H tem como dimensão [s] (segundo), porém   Que pode ser reescrita, como segue:
na prática expressa-se em [kW . s / kVA] e pode ser calculada por uma
das equações seguintes. ∆f = T a.f o . ∆f ≈  T a.f o . t 
2H 2H
GD2   O valor da sobrecarga será:
Wk 2 = Equação 30
4g 
Carga a - Geração - Restante 3-2
T a  = =
H = 1.37077884 GD (kgm ) . RPM .10-6 [ kW.s ]
2 2 2
Equação 31 Geração - Restante 2
kVA kVA
  Como a carga é maior que a geração, o torque é desacelerante.
H = 5.4831136 Wk  (kgm ) . RPM .10-6 [ kW.s ]
2 2 2
Equação 32 T a.f o . 0.5.60
kVA kVA ∆f ≈ t =- t = - 3.0.t  
2H 2.5
H = 0.231 Wk  (Ib.ft  ) . RPM .10-6 [ kW.s ]
2 2 2

kVA kVA Equação 33   O valor da frequência no tempo será dado por:


f = 60 – 3 t
  Quando existem várias unidades geradoras, pode-se calcular a
constante de inércia equivalente pela equação 34 a seguir.

H = H 1.
S1 +H2 .
S2 +.......H . SN
N Equação 34
SB SB SB

SB = S1 + S2+......+SN Equação 35

  Em que:
H1, H2, ...HN = Constante de inércia de cada unidade geradora.

S1, S2, ...SN = Potência nominal de cada unidade geradora. Figura 7 – Taxa de decaimento do exemplo 1.

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e (c) Característica da variação de torque da carga e geração com


TG = k.f-1 Equação 46
 
d a frequência
a   Esta metodologia é relativamente simples e permite se   Utilizando-se o mesmo procedimento realizado para se obter a
d fazer uma avaliação preliminar de boa aproximação, dando um variação de torque com a frequência de carga, obtém-se:
i sentimento físico muito bom, o que é de extrema importância para
v o engenheiro de sistema. TG = TGO.(1-F') Equação 47
i
t   Em que:
e Modelagem do torque da carga f’ = ∆f/f = mudança pu da frequência
l   Para considerar que a carga irá variar, em certo grau, com a TGo = Torque inicial do gerador em pu
e frequência, a equação 36 expressa o fato.
s Variação da frequência no tempo
PL  = k.f DL Equação 36
e   Tomando-se como base a equação 16 pode-se escrever:
  Em que:
o PL = Potência da carga em pu df'
TA = TG - TL = 2H Equação 48
ã K = Constante df 
ç
e F = Frequência
Substituindo-se as equações 45 e 47 na 48, obtém-se:
t DL = Fator de amortecimento da carga que é função de como a
o carga é composta  
r   O torque em pu é dado por: 2H
df'
= TGo . (1 - f ') - TLo [  1 + (DL - 1) . f '] Equação 49
P DL
df 
f
T L = k. Equação 37

df'
2H = TGo  - TLo - [  TGo + TLo (DL - 1) ] . f ' Equação 50
df 
T L = k.f DL-1 Equação 38

  Fazendo-se:
  Para pequenas variações na frequência, pode-se escrever:

dT L DT = TGo  + TLo (DL - 1) Equação 51


= (DL - 1).k.f DL-2 Equação 39
df 
df'
2H + DT  . f ' = TGo - TLo = Ta Equação 52
∆T L = (DL - 1).k.f DL-2 . ∆f  Equação 40 df 

T L + ∆T L = k.f DL-1 + (DL - 1).k.f DL-2. ∆f  Equação 41   Resolvendo a equação diferencial 52, obtemos:

DT 
T L + ∆T L = k.f DL-2 [  f + (DL - 1). ∆f ] Equação 42 T a  – t 
f ' = . 1- e 2H
Equação 53
DT 
 k.f DL-1
T L + ∆T L = [  f + (DL - 1). ∆f ] Equação 43
f    Em que:
f’ = ∆f/f = mudança pu da frequência
T Lo = k.f DL-1 Equação 44 D  = Fator de amortecimento total
T
Ta = Torque acelerante em pu na base da geração restante
T L + ∆T L = T Lo [1+ (DL - 1)f'] Equação 45 H = Constante de inércia do sistema

  Em que:   Lembrando que f’ é a taxa de variação da frequência em pu.


f’ = ∆f/f = mudança pu da frequência Para se obter o valor da frequência em Hz, devemos multiplicar pela
DL = Fator de amortecimento da carga que é função de como a frequência base (no Brasil 60 Hz). Para se determinar a frequência
carga é composta atual, o valor será dado por:
TLo = Torque inicial da carga em pu

Modelagem do torque do gerador   ƒATUAL = ƒBASE + ∆ ƒ = ƒBASE + ƒ'. ƒBASE


Equação 54
  O torque no gerador varia inversamente com a frequência. A
equação 46 expressa o fato.  ƒATUAL = (1+ ƒ') . ƒBASE
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35

Notas importantes Ta =-0.2 p u

 Consultar sempre o limite de frequência suportado pela turbina.   O fator de amortecimento global é de:
 O ideal é sempre simular a rejeição de cargas com um software

de estabilidade transitória. DT = (TGo + (DL – 1) TLo) = (1.0 + (1.5 – 1) 1.2)


 Atualmente, além da rejeição de cargas convencional (a relés), DT = 1.6
existem os sistemas de rejeição de cargas inteligentes, os quais
denem e mudam os montantes de carga a serem rejeitados e   A equação que resume a taxa de decaimento com a frequência é:
as prioridades de rejeição em função dos parâmetros reais
medidos no sistema e as respectivas condições operacionais. É T a  –
DT 
t  -0.2  –
1.6

f ' = . 1- e 2H
= . 1- e 2.8 = -0.125.e -0.2t
importante lembrar que nessas situações os softwares utilizados DT  1.6
não devem ter um tempo muito elevado de processamento para
não degradarem a frequência do sistema.   A equação da frequência será dada por:

Exemplo 2  ƒ = (1+ ƒ′) . ƒBASE = (1- 0.125.e -0.2t) . 60


  Determine a curva característica de decaimento da
frequência com o tempo para um sistema em que o torque  ƒ= (60 - 7.5.e-0.2t )
inicial do gerador seja 1 pu, da carga 1.2 pu, H = 4 s, constante
de amortecimento do gerador DG = 1.0, amortecimento da   A partir da equação anterior, é possível descobrir o valor para o
carga DL = 1.5. qual a frequência deverá tender. Para t = ∞, obtém-se:

Solução f = 60 – 7.5 = 52.5 Hz


  O torque acelerante é dado por:
  Ainda a partir da equação de f = f(t), pode-se montar uma tabela
Ta = TG – TL = 1.0-1.2 = t x f e a partir desta tabela construir a curva mostrada na Figura 8.

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e Região SUL
d Estágio Ajuste (Hz) Carga Rejeitada (%)
a 1º 58,5 7.5
d 2º 58,2 7.5
i 3º 57,9 10
v 4º 57,6 15
i
t 5º 57,3 15
e
l
e Área OESTE da Região NORDESTE
s Estágio Ajuste (Hz) Carga Rejeitada (%)

e 1º 57,8 5.5
2º 57,1 7.5
o
Figura 8 – Taxa de variação da frequência com o tempo do exemplo 2.
3º 56,5 11
ã 4º 55,5 8
ç 5º 55,2 8
e   A partir das equações apresentadas também podem ser
t simulados descartes de carga (rejeição de cargas).
o
r (d) Relé de frequência E df/dt  Região NORDESTE exceto Área Oeste
P   Como já estudado neste fascículo, os relés de frequência podem Estágio Taxa de Freq Ajuste Temporização Ajuste Carga
ser utilizados em sistemas que possuem geração em paralelo com a (Hz/s) (Hz) (s) (Hz) Rejeitada (%)
concessionária, entre outras, com as principais nalidades: 1º 0,7 58,3 10 56,5 5,5
2º 1 58 12 56 7,5
 Comandar rejeições de carga convencionais; 1,1
 Proteção do sistema de paralelismo no caso de religamentos; 3º 1,6 58 20 55,8 11
 Proteção de geradores contra sobrecarga. 1,7
4º 2,2 - - 55,5 8
(e) ERAC  2,3
  O ERAC é a sigla que designa o Esquema Regional de Alívio 5º 3,2 - - 55,2 8
de Carga prescrito pelo Operador Nacional do Sistema (ONS).
  Visto que o ONS pode alterar os valores das tabelas
apresentadas a seguir, recomenda-se consultar o site do
Região NORTE
Operador antes de iniciar qualquer ajuste.
Carga Eletronorte (ALBRÁS E ALUMAR CELPA e CEMAR
  Os valores a serem implementados em cada região são
Estágio Taxa de Freq Freq Abs. Carga Rejeitada Freq Abs. Carga Rejeitada
evidenciados a seguir. Nas tabelas 1 (a) a 1 (e) são apresentadas (Hz/s) (Hz) (%) (Hz) (%)
as tabelas que indicam as contribuições de descarte de carga 1º 1.5 57 33-LC1 57.4 21
que cada consumidor da rede básica deve dar no caso de 2º 2.5 56.5 33-LC2 - -
subfrequência no sistema.
3º 3.5 56 33-LC3 - -

T  ABEL A 1 – PERCENTUAL  DAS   CARGAS  A SEREM REJEITADAS   EM   FUNÇÃO  


DA  FREQUÊNCIA PARA   AS  REGIÕES ( 
 A )
S UDESTE , ( B ) S UL , ( C )  N ORTE , ( D ) *CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola Federal
NORDESTE  E ( E ) N ORTE . de Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro de
estudos e desenvolveu softwares de curto-circuito, load ow e seletividade
na plataforma do AutoCad®. Além disso, tem experiência na área de projetos,
Região SUDESTE / CO engenharia de campo, montagem, manutenção, comissionamento e start
Estágio Ajuste (Hz) Carga Rejeitada (%) up. Em 1995 fundou a empresa EngePower® Engenharia e Comércio Ltda,
especializada em engenharia elétrica, benchmark e em estudos elétricos no
1º 58,5 7 Brasil, na qual atualmente é sócio diretor. O material apresentado nestes
2º 58,2 7 fascículos colecionáveis é uma síntese de parte de um livro que está para ser
 publicado pelo autor, resultado de 30 anos de trabalho.
3º 57,9 7
CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO
4º 57,7 7 Conra todos os artigos deste fascículo em www.osetoreletrico.com.br
Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para o

57,5 7 e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br

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e
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Capítulo XVII
e
s
e
 A seletividade
Por Cláudio Mardegan*

o
ã
ç
e
t
o
r
P
  O objetivo maior de um estudo de seletividade é vericação gráca. A escala de tempo vai usualmente
determinar os ajustes dos dispositivos de proteção, de de 0.1 s a 1000 s.
forma que, na ocorrência de um curto-circuito, opere   A escala de corrente vai normalmente de 0.5 A a
apenas o dispositivo mais próximo da falta, isolando 10000 A, podendo ainda ser multiplicada por 10 ou por
a menor porção do sistema elétrico, no menor tempo 100. Assim, nas folhas, os espaçamentos (1 a 10, 10 a
possível e ainda protegendo os equipamentos e o 100, 100 a 1000 e 1000 a 10000) se repetem na forma
sistema. Historicamente, a seletividade apareceu no de décadas. O espaçamento de cada década é xo,
começo da década de 1950. ou seja, a distância entre 1 e 10 é a mesma daquela
entre 10 e 100, 15 e 150, 200 e 2000, etc.). A Figura
 A folha de seletividade 1 apresenta um “pedaço” da folha de seletividade
  Para que se possa fazer um estudo de seletividade, mostrando os espaçamentos normalmente anotados.
é importante primeiro conhecer a folha de vericação   Mesmo dispondo-se de um software para a
gráca de seletividade (em inglês conhecida como elaboração das folhas de seletividade, saber trabalhar
TCC – Time Current Curves). com a escala bilogarítmica é imprescindível, pois,
A seletividade é feita em um papel em escala muitas vezes, é necessário levantar as curvas fornecidas
bilogaritmica, em que são plotadas as curvas para a pelos fabricantes.
  Para manipular a escala logarítmica, necessitamos
conhecer duas equações: a primeira nos informa a
distância d(mm) de um determinado ponto a partir
do início de sua década correspondente e a segunda
fornece o valor que corresponde àquela distância na
escala. Veja as equações:
log 10 10 → D (mm)
log 10 10 → d (mm)

d (mm) = D. log 10 N, ou Equação 1



N = 10 D
Equação 2

Exemplo 1
Figura 1 – Escala bilogarítmica utilizada em folhas de seletividade.   Ao receber uma curva de um fabricante, mediu-se

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a década de corrente e obteve-se 56 mm (D). Identicado um ponto Seletividade lógica


na escala de corrente que está à 10 mm (d) de distância do início da   A seletividade lógica é aplicada por meio de relés digitais que
década 100, qual é o valor da corrente? permitem que as unidades situadas mais próximas da falta possam
eliminá-la em um tempo muito pequeno, normalmente entre 50 ms
  N = 10(10/56)= 1.5086 A. e 100 ms como mostra a Figura 2.
  Em alguns casos não é possível utilizar temporizações entre
  Como a medição inicia-se na década de 100, o valor real da 50 ms e 100 ms, uma vez que podem existir fusíveis à jusante
corrente será: e, assim, deve-se permitir que eles operem antes e o tempo total
para extinção do arco pode chegar até a ordem de 200 ms. Assim,
I = N x 100 = 150.86 A quando ocorre este fato, o ajuste da unidade de sobrecorrente do
relé deve ser de 250 ms. Neste caso, a temporização dos relés à
Seletividade amperimétrica montante será de 100 ms.
  A seletividade amperimétrica é aquela que é utilizada quando
existe uma impedância muito grande entre os pontos em que se
está fazendo a seletividade. Neste caso, a corrente de falta vista
pelo dispositivo de proteção à montante é muito maior que aquela
vista pelo dispositivo de proteção instalado à jusante. Enquadram-se
aqui os dispositivos instantâneos instalados no primário de
transformadores.

Seletividade cronológica
  A seletividade cronológica é aquela realizada aplicando
intervalos de tempo entre os dispositivos de proteção situados à
jusante e à montante, de forma que se garanta que eles irão operar
de forma seletiva e coordenada. Figura 2 – Escala bilogarítmica utilizada em folhas de seletividade.

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e A explicação da losoa da Figura 2 é a seguinte: bem como I>>>, quando disponível.


d (a) As funções I>> são denidas para não dar trip por pick up.   Quando se faz seletividade entre primário e secundário de

a (b) Para um curto-circuito no ponto A, todos os relés 1, 2 e 3 transformador e os níveis de curto-circuito cam muito próximos,
d enxergam a falta. utilizar um tempo de seletividade lógica menor (50 ms, por
i (c) A unidade I>> é então ativada e envia o bloqueio (função ANSI exemplo), pois, neste caso, a corrente de falta ainda conterá
v 68) para a unidade t>> do dispositivo imediatamente à montante. assimetria e, normalmente, o X/R do primário é maior que o do
i
t (d) Todos os relés 1, 2 e 3 iniciam a contagem do tempo, porém, secundário e, assim, as correntes que cada dispositivo enxergará no
e apenas o relé 1 opera, visto que os demais estão bloqueados, instante de falta será diferente.
l embora já estejam operados.
e (e) A função t>> do relé deve operar o disjuntor correspondente, Seletividade convencional 
s no caso, o 52-1.   A seletividade convencional consiste da aplicação dos recursos
(f) Após contado o tempo ajustado em CBF (Circuit Breaker Failure da seletividade cronológica e/ou da amperimétrica.
e
– normalmente em torno de 200 ms), se o disjuntor 52-1 não abriu,
o o bloqueio de t>> do relé 1 é retirado, habilitando a função t>> a Escolha da característica do relé de sobrecorrente
ã atuar e enviar o sinal de trip sem retardo ao disjuntor 52-2, visto   A escolha da característica de um relé de sobrecorrente envolve
ç que o relé já estava operado. uma análise, na qual se deve observar, no mínimo, o seguinte:
e (g) Caso o disjuntor 52-2 falhe, a situação descrita em (f) se repete,  
t
o agora para o disjuntor 52-3.  Se a proteção é de fase;
 Se a proteção é de terra;
r 

P  Algumas práticas para um bom projeto de  Quando envolve transformador, a sua conexão;

seletividade lógica   A característica dos dispositivos de proteção (fusíveis, relés,

  As seguintes práticas são fundamentais para um bom projeto de disjuntores de BT) que estão à jusante;
seletividade lógica:  Os equipamentos que estão sendo protegidos (I2t).

  Ajustar o pick-up dos relés da seletividade lógica acima da Característica de tempo denido
somatória de corrente de carga mais a corrente de partida do maior (a) Proteção de fase - Os relés de tempo denidos preferencialmente
motor da barra. não devem ser utilizados para proteção temporizada de fase em
  Ajustar o pick-up dos relés da seletividade lógica acima da todos os níveis, uma vez que, em um sistema elétrico, a proteção
corrente de contribuição para o curto-circuito dos motores que se inicia na carga e, como envolve muitas outras proteções até
cam à jusante do relé, no nível de tensão do motor e vericar chegar à entrada (vários níveis), é preciso existir certo intervalo de
também o valor no primário do transformador. coordenação entre elas. Se houver mais de três níveis, chega-se
  Ajustar o pick-up dos relés da seletividade lógica acima da com tempos superiores a 1 segundo na entrada, o que não é um
corrente inrush dos transformadores. bom procedimento.
 Habilitar as funções de sobrecorrente utilizadas na seletividade

lógica com característica de tempo denido. (b) Proteção de terra - Para proteção de terra, em sistemas industriais,
 Utilizar o pick-up da unidade temporizada (I>>) para bloquear a a característica de tempo denido é excelente, considerando que:
função t>> da proteção à montante.
  Utilizar a temporização (t>>) para desligar o disjuntor mais  A maior parte dos transformadores em sistemas industriais tem
próximo da falta. conexão triângulo-estrela.
  Utilizar o “breaker failure” para retirar o bloqueio do relé  Normalmente, a cada delta de transformador, um novo sistema de
correspondente. proteção de terra se inicia e o problema relatado para a proteção de
  Utilizar todos os contatos dos relés de saída vinculados à fase (item (a)) não se aplica.
seletividade lógica com selamento ajustado para “unlatched”.   Tendo em vista que faltas por arco, que são extremamente

 Quando os relés não permitem a programação do desligamento destrutivas, podem atingir valores que normalmente variam entre
pelo pick-up e pela temporização, constitui-se um bom 20% e 100% da falta franca, com a utilização do relé de tempo
procedimento para que se possa fazer seletividade lógica, utilizar denido obtém-se um tempo xo e praticamente independente da
relés com três unidades de sobrecorrente de fase e três de terra, pois corrente dentro desta faixa.
assim utiliza-se uma unidade para a seletividade convencional,
uma unidade para bloqueio e outra para trip. Quando não for Característica de tempo inverso
possível, é interessante que o relé possua “break failure”. (a) Proteção de fase - Os relés com característica extremamente
  Utilizar as funções I> e t> para fazer a seletividade convencional, inversa são muito rápidos para faltas elevadas e muito lentos para

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e faltas de baixo valor ou sobrecargas. Coordenam muito bem com equipamentos são dimensionados para a corrente de curto-circuito
d fusíveis e com o I2t dos equipamentos. durante 1 segundo.
a   Os relés com característica normal inversa são muito lentos para
d faltas elevadas e rápidos para faltas de baixo valor ou sobrecargas. Seletividade lógica
i Não coordenam adequadamente com fusíveis/elos e com o I2t dos   - Entre dispositivos que se comunicam na seletividade lógica -
v equipamentos. 0.050 s
i
t   Os relés com característica muito inversa apresentam atuação   - Entre dispositivos que não se comunicam na seletividade
e adequada para faltas elevadas e razoável para faltas de baixo valor lógica - tdj + ∆tc
l ou sobrecargas. Coordenam bem com fusíveis e com o I2t dos Em que: tdj - Tempo do dispositivo à jusante
e equipamentos.   ∆tc - Intervalo de coordenação (0.050 s)
s   Assim, a característica muito inversa se constitui uma alternativa
atrativa para a proteção de sistemas elétricos industriais. Conceito de maior saída
e
  Este conceito é importante para entender como coordenar um
o (b) Proteção de terra - Para a proteção de terra, entre os relés de dispositivo à montante com outro à jusante.
ã tempo inverso o que apresenta mais vantagens é o normal inverso,
ç porém o de tempo denido é ainda melhor. (a) Elementos em série
e   O exemplo a seguir ilustra o conceito:
t
o   Intervalos de coordenação
Chama-se intervalo de coordenação o intervalo de tempo que
Dado o sistema apresentado na Figura 3, com qual dispositivo o
relé 3 tem de ser seletivo, com o 1 ou com o 2?
r
P garante que a proteção mais próxima da falta irá operar primeiro e
que a proteção situada imediatamente à montante não irá operar, a
menos que a proteção mais próxima falhe.
  Com o advento das caixas de calibração de relés, que garantiam
o tempo de operação dos relés, pode-se baixar o valor do intervalo
de coordenação, como segue:

Coordenação entre relés de sobrecorrente em série


Tempo de interrupção do disjuntor (8 ciclos) ................ 133 ms
Tolerância do fabricante/erro/overtravel........................100 ms
Fator de segurança...........................................................67 ms
Intervalo de coordenação 300 ms
  Para relés estáticos, o overtravel é substituído pelo overshoot
e este tempo é reduzido para 50 ms. Assim, pode-se obter um
Figura 3 – Conceito de maior saída para dispositivos de proteção em série.
intervalo de coordenação de 0.25 s.
  A Tabela 1 traz os valores praticados de intervalos de Solução:
coordenação.   Para a análise, deve-se “olhar” o gráfico tempo versus
T  ABELA 1 – V 
 ALORES DE INTERVALO  DE COORDENAÇÃO PRATICADOS   corrente.
INTERVALOS DE COORDENAÇÃO
Dispositivo à Jusante Falta no ponto A:
Dispositivo à Montante Relé Estático Relé Eletromecânico Disjuntor BT Fusível   Pelo gráfico t x I, uma falta no ponto A, o relé 2 tira primeiro.
Relé Estático 0.25 s 0.30 s 0.20 s 0.20 s
Relé Eletromecânico 0.30 s 0.30 s 0.20 s 0.20 s Falta no ponto B:
Disjuntor BT 0.20 s 0.30 s Nota 1 Nota 2   Pelo gráfico t x I, uma falta no ponto B, só o relé 2 “enxerga”
Fusível 0.20 s 0.30 s Nota 3 Nota 4 e tira primeiro.
Notas:
1 - Basta a parte inferior da curva do disjuntor a montante car acima do à jusante.
2 - Basta a parte inferior da curva do disjuntor car acima da curva de tempo máximo de fusão. Conclusão:
3 - Basta a curva tempo mínimo de fusão car acima da parte superior da curva do disjuntor.
4 - É necessário que o I2t do fusível a jusante seja menor que o do situado a montante.
  O relé 3 deve ser seletivo com o relé 2. Mesmo havendo
um erro de ajuste do relé 1, para falta em qualquer ponto,
Importante: o relé 2 tira primeiro. É óbvio que o erro de ajuste foi feito
  Os relés de entrada de painéis devem ser ajustados no máximo propositalmente. Caso o relé 1 estivesse abaixo do 2, para uma
em 1 segundo, procurando não passar este valor, pois todos os falta no ponto A, o relé 1 tiraria primeiro. Para uma falta no

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ponto B, o relé 2 é que tiraria e, assim, o relé 3, da mesma forma


que, no caso errado, deve ser seletivo com o relé 2.

Ou seja:
  Quando dois dispositivos de proteção estão em série,
deve-se fazer a seletividade com aquele imediatamente à
jusante, independentemente dos ajustes.

Dispositivo geral versus dispositivos paralelos à jusante


Regra:
  O dispositivo de entrada deve fazer seletividade com a
envoltória composta pelas curvas de cada saída. As Figuras 4 e
5 ilustram a situação.

Figura 5 – Curva tempo versus corrente (a) dos dispositivos de saída e


Figura 4 – Esquema unilar para um dispositivo de entrada e várias saídas. (b) da envoltória da maior saída.

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e Onde aplicar o intervalo de coordenação? Curto-circuito bifásico no secundário de transformador triângulo-


d (a) Regra estrela
a   Deve-se aplicar o intervalo de coordenação no valor da   Deve-se aplicar o intervalo de coordenação entre o valor de
d corrente de curto-circuito vista pelo dispositivo analisado, ou seja, Icc2φ (dispositivo do secundário) e o valor de Icc3φ (dispositivo do
i curto trifásico (transitório para dispositivos temporizados) para a primário).
v seletividade de fase e curto-circuito fase-terra para a seletividade
i
t de terra. A Figura 6 ilustra esta regra.
e
l
e
s
e
o
ã
ç
e
t
o
r
P Figura 6 – Aplicação do intervalo de coordenação na corrente de
curto-circuito: (a) esquema unilar e (b) curva tempo versus corrente
correspondente.

(b) Particularidades
  Circuitos operando em paralelo + saídas
Deve-se aplicar o intervalo de coordenação ao valor da corrente de Figura 8 – Aplicação do intervalo de coordenação entre a proteção
curto-circuito vista por cada dispositivo.  primária e secundária de um transformador triângulo (primário) –
estrela (secundário) sob curto-circuito bifásico.

Problemas de seletividade em função de tempos de


reset 
  Quando se tem um relé de disco de indução à montante de um
relé digital à jusante, pode-se perder a seletividade se o tempo de
reset do relé digital for instantâneo, e a falta for intermitente e/ou
houver religamento enquanto ocorre o reset. Veja a Figura 9.

Figura 9 – Ilustração da perda de seletividade em função do tempo de


reset entre relés digitais e eletromecânicos.

  O tempo de reset do relé de disco de indução é linear (devido à


constante de mola). Como o relé digital tem reset instantâneo, se a
falta for intermitente ou houver religamento, o relé digital à jusante
reseta e inicia a contagem dos tempos ao passo que o relé de disco
de indução ainda está com o disco no meio do caminho e recomeça
Figura 7 – Aplicação do intervalo de coordenação na situação de duas
entradas e uma saída. a contagem de tempo a partir daquela posição intermediária, o

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e que, obviamente, atuará num tempo inferior ao previsto, podendo transformador (corrente inrush) no Grupo A.
d implicar perda de seletividade.   Após a energização do transformador, comuta-se a proteção
a para o Grupo B, de forma que a unidade instantânea que ajustada
d Onde assumir compromissos de seletividade para um valor bem inferior ao da corrente inrush e que proteja o
i   Após fazer um estudo de seletividade, algumas vezes, acaba-se inversor conforme prescrição do fabricante.
v chegando com tempos superiores a 1 segundo no secundário dos
i
t transformadores e/ou nas entradas. Nestas situações, devem ser (c) Sistemas que possuem condições operacionais que
e tomadas ações no sentido de reduzir estes tempos. Uma técnica mudem bastante o valor da corrente de curto-circuito e/ 
l utilizada consiste em assumir compromissos de seletividade que ou de carga
e podem e, neste caso, devem ser assumidos, pois a maior parte dos   Existem situações em que o nível de curto-circuito e/ou de carga
s equipamentos do sistema (TCs, painéis, etc.), é dimensionada para muda substancialmente, dependendo da condição operacional.
a corrente de curto-circuito durante 1 segundo. Assim, podem-se fazer dois grupos de ajustes, um para a condição
e
  Os melhores locais para se assumir os compromissos são os de valor inferior de corrente de falta e/ou de carga e outro grupo
o alimentadores e os transformadores, pois se for a proteção à jusante para o valor superior.
ã ou à montante que operar primeiro desliga-se o mesmo circuito.   Locais de baixa corrente de regime e elevado nível
ç   Entretanto, é preciso pensar também no pessoal de operação de curto
e e manutenção da planta, vericando qual o melhor local para se Conseguir denir TCs + relés para sistemas em que a corrente de
t
o adotar este compromisso (em função da distância, do tempo de
reenergização, etc.
regime é baixa e o nível de curto-circuito é alto, muitas vezes,
torna-se uma tarefa árdua. Tem-se que conciliar:
r
P
Onde utilizar outros grupos de ajustes  Faixa de ajuste do relé
  Muito se tem falado a respeito dos relés digitais e dos IEDs,  Corrente de curta-duração do relé

entretanto, pouco se fala da aplicação de certos recursos que eles  Ajuste da unidade instantânea

possuem, tal como os grupos de ajustes.  Saturação do TC

  A maior parte dos relés digitais possui mais de um grupo


de ajustes. O grupo de ajuste é um conjunto de parâmetros de   Locais que tipicamente apresentam estas características são
todas as funções. Ter outro ou outros grupos de ajustes implica os sistemas de 23 kV, como um sistema de 23 kV que supre um
disponibilizar outro conjunto ou conjuntos de ajustes que sejam transformador de 300 kVA e nível de curto-circuto de 500 MVA.
réplica do primeiro, para todas as funções que o relé dispõe. A corrente nominal do transformador é 7,5 A. A corrente de curto-
  Existem casos em que é interessante utilizar outros grupos circuito é de 12.551 A. A faixa inferior de ajuste dos relés de
de ajustes. sobrecorrente normalmente é de 0.1 In, ou seja, 0,5 A. Para car
dentro da faixa de ajuste, a relação deveria ser de 7,5/0,5 = 15
(a) Paralelismo de gerador com a concessionária è 75-5 A. O ajuste seria de 0.12 In = 0,6 A. A de curto-circuito
  Um desses casos ocorre quando se tem geradores que podem no secundário seria 12.551/15 = 836, ou seja, o relé digital que
operar em paralelo com a rede, por exemplo, em horário de ponta. apresenta uma suportabilidade térmica de 500 A – 1 s não suporta
  As concessionárias normalmente exigem que a função 67 a corrente. Outro problema seria a saturação do relé.
esteja ativada quando houver paralelismo. Assim, para evitar   As seguintes alternativas que se apresentam nessa situação são:
atuações indevidas da função 67 (quando se tem, por exemplo,
capacitores xos), são feitos dois grupos de ajustes (Grupo A e   Utilizar IEDs com seis entradas de corrente (três para a unidade
Grupo B). Quando a geração está fora, trabalha-se com as funções temporizada conectada a TCs de baixa relação e três para a unidade
do Grupo A (que não tem a função 67 ativada). Quando entra o instantânea conectada a TCs de alta relação).
gerador, ativa-se o segundo grupo de ajustes (Grupo B) que contém  Utilizar fusíveis.

os ajustes da função 67.


Otimização dos estudos de seletividade para a
(b) Transformadores que suprem inversores com mais  proteção de pessoas
de 24 pulsos   Nos primórdios dos sistemas elétricos em corrente
  Muitas vezes se faz necessário dispor de mais de um grupo alternada, o foco foi a proteção do sistema. Na década de 1950,
de ajustes, visto que é necessário permitir a energização do iniciou-se uma nova linha filosófica que, além da proteção,
transformador e, ao mesmo tempo, proteger as correntes indicadas devia haver seletividade. Com o advento das faltas por arco
pelos fabricantes dos inversores. Na energização, o ajuste da iniciaram-se os “papers”, o que culminou, em 1978, com a
unidade instantânea permite circular a corrente de energização do inclusão da seção 230-95 no NEC, entretanto, hoje somente

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isso não é mais suficiente, pois o foco de proteção de sistemas


e equipamentos foi expandido e deve-se também proteger as
pessoas.

O que é mais importante na eliminação da falta: o tempo


ou a corrente?
  Para a proteção das pessoas, o importante é diminuir a energia
incidente. Sabe-se da eletrotécnica que:

  Energia = Potência . Tempo Potência ∝ I2  Energia ∝ I 2 . t

O que é mais importante: a redução do tempo ou da


corrente?
  A corrente de arco possui um valor menor do que as
faltas francas, entretanto, são mais destrutivas. E o tempo atua
proporcionalmente na energia. Veja a Figura 10.
  Assim, ambos são importantes. A própria evolução do
tipo de sistema de aterramento demonstra que é importante
a redução do valor da corrente de falta à terra. O sistema de
aterramento, por meio de resistor de baixo valor, surgiu para
diminuir os danos em caso de faltas à terra no estator de
máquinas girantes para preservar a chaparia das máquinas.
  Como o tempo e a corrente são importantes, a integração
do estudo de curto-circuito, de seletividade e de proteção para
que se possa diminuir a energia incidente é fundamental. Figura 10 – Importância do tempo de eliminação da falta.

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e Técnicas para melhorar a proteção de pessoas contra arco


d   São apresentadas a seguir algumas técnicas para melhorar
a um sistema no que tange à proteção das pessoas quanto aos
d riscos do arco elétrico:
i
v (a)  Ajuste adequado do disjuntor de baixa tensão (ISTD < IArco);
i
t (b)  Utilização de disjuntor de baixa tensão com ISTD de faixa mais
e baixa;
l (c)  Substituição de relés eletromecânicos por digitais;
e (d)  Utilização de relés digitais com ajustes otimizados;
s (e)  Utilização de seletividade lógica com relés digitais;
(f)  Utilização de transformadores de força de no máximo 2000 Figura 12 – Utilização de disjuntor de baixa tensão com ISTD de faixa
e kVA na baixa tensão;
mais baixa.

(c) Substituição de relés eletromecânicos por digitais


o (g)  Utilização de relés de arco;
  A Figura 13 ilustra a aplicação. A utilização de relés digitais,
ã (h) Utilização de “bottoms” sensores de arco acoplado a relés de
ç arco para operadores durante as manobras; além de permitir um menor intervalo de coordenação entre relés,
e (i)  Utilização de um segundo grupo de ajuste mais baixo quando leva a vantagem dos diais de tempo poderem ser ajustados em
t
o a(j)planta está “parada” para manutenção;
  Utilização de disjuntores com menor tempo de interrupção;
“steps” da são
de ajustes ordem de 0.01.
da ordem deJá0.5.
nos relés eletromecânicos, os “steps”
r
P (k)  Utilização da característica de tempo denido para a proteção
de terra;
(l)  Limitação da corrente de falta à terra.

(a) Ajuste adequado do disjuntor de baixa tensão (ISTD < IArco)


  A Figura 11 ilustra a situação. Antes da utilização do ajuste da
corrente de STD (Short Time Delay) abaixo da corrente arco, o tempo
de atuação da proteção é Ta (tempo antes) e, com a implantação
do ajuste abaixo da corrente de arco, o tempo reduz a Td (tempo
depois). Como o Td < Ta, a energia incidente ca mais baixa e,
consequentemente, aumenta o nível de proteção das pessoas.
Figura 13 – Ganho no tempo com a substituição de relés eletromecânicos
 por digitais.

(d) Utilização de relés digitais com ajustes otimizados


  A Figura 14 mostra a aplicação. Sem a utilização desta técnica (por
exemplo, uma empresa sem especialização), para o valor da corrente
de arco, os tempos de atuação dos dispositivos de proteção seriam T3
e T3 para os relés 2 e 3, respectivamente. Com a utilização da técnica
de ajuste dos três estágios, os ajustes passam a ser T2 e T3 e o ganho é
muito grande, obviamente, diminuindo o tempo, a energia incidente e
os danos aos equipamentos e às pessoas.

Figura 11 – Ajuste da corrente de Short Time Delay abaixo da corrente


de arco.

(b) Utilização de disjuntor de baixa tensão com ISTD de faixa


mais baixa
  A Figura 12 ilustra a situação. Os disjuntores de baixa tensão
mais antigos possuem faixa de corrente de STD da ordem de
(4 a 10) x In, (4 a 12) x In. A utilização de disjuntores com
disparadores eletrônicos/digitais abaixa a faixa inferior para
correntes da ordem de 4 x In para 1 a 2 x In. Figura 14 – Ajustes com relés digitais utilizando-se três estágios.

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e (e) Utilização de seletividade lógica com relés digitais caso de curto-circuito, o tempo de eliminação será bem mais rápido
 
d   A Figura 15 ilustra a aplicação. Como pode ser observado nesta e, consequentemente, o nível de proteção de pessoas irá aumentar.
a gura, os tempos da seletividade lógica são extremamente menores
d que os da seletividade convencional (cronológica). (j) Utilização de disjuntores com menor tempo de interrupção
i   A utilização de disjuntores com menor tempo de interrupção
v diminui o tempo de eliminação e, consequentemente, a energia
i
t incidente, o dano aos equipamentos, ao sistema e às pessoas.
e
l (k) Utilização da característica de tempo defnido para a proteção
e de terra
s   Como mais de 90% das faltas em sistemas industriais iniciam-se
com faltas à terra, a utilização de relés de tempo denido para a
e
proteção de faltas à terra é uma forma eciente de se proteger o
o sistema, visto que a corrente de arco é sempre menor que a da
ã falta franca e, assim, a utilização de relés de tempo inverso apenas
ç Figura 15 – Utilização de seletividade lógica com relés digitais. aumentaria o tempo e a energia incidente.
e (f) Utilização de transformadores de força de, no máximo, 2.000
t
o kVA na baixa tensão (l) Limitação da corrente de falta à terra
  Utilização de resistores de aterramento de alto valor na baixa
r   A utilização de transformadores maiores que 2.000 kVA para
P suprir cargas/painéis de baixa tensão implica elevadas correntes de tensão e de baixo valor em média tensão reduzem drasticamente
falta e, consequentemente, elevadas correntes de arco, o que se a intensidade da corrente de falta e também a energia incidente.
traduz em danos em caso de falta por arco, tanto para o equipamento, Assim, essas técnicas estão sendo cada vez mais aplicadas.
como para o sistema e para as pessoas. Adicionalmente, potências Adicionalmente, no caso de aterramento por resistor de alto valor,
de 2.000 kVA vão implicar disjuntores/painéis de custo bem mais a falta não precisa ser eliminada imediatamente, visto que o valor
elevado devido à capacidade de interrupção/correntes térmicas e da corrente de falta é muito baixo.
dinâmicas dos equipamentos.
Conclusões
(g) Utilização de relés de arco a) Apenas ter software de renome internacional de curto-circuito
  A utilização de relés de arco irá auxiliar na diminuição do e seletividade e possuir um estudo de curto-circuito e seletividade
tempo de eliminação da falta e, consequentemente, irá auxiliar não garante um estudo que protege os equipamentos, o sistema e
também na diminuição dos danos aos equipamentos, ao sistema as pessoas. Assim, é importante contratar empresas especializadas
e às pessoas e ainda no “time to repair”, que signica menor com prossionais experientes.
tempo para restabelecer a energia na planta e a recolocação do b) Com o emprego de relés digitais (que possuem pelo menos três
sistema em marcha. Os tempos envolvidos nas saídas digitais estágios de sobrecorrente) pode-se otimizar (diminuir) os ajustes
dos relés de arco são da ordem de 3 ms a 5 ms e as saídas a relés de forma que se obtenha um tempo menor de atuação para a
são da ordem de 15 ms. corrente de arco.
c) A implementação de seletividade lógica por meio da utilização
(h) Utilização de “bottoms” sensores de arco acoplado a relés de de relés digitais/IEDs apresenta resultados mais satisfatórios do que
arco para operadores durante as manobras a seletividade convencional no que tange à energia incidente.
  Com a utilização de relés de arco, é possível equipar os d)  É preciso buscar sempre técnicas para melhorar os ajustes/ 
operadores com “bottoms” que são colocados em seus uniformes e grupos de ajustes, quando em manutenção, para diminuir a
ligados aos relés de arco. Quando o operador vai fazer a manobra energia incidente.
no painel, no caso de arco, o sensor fotoelétrico do “bottom” é e) Embora não se consiga visualizar por intermédio dos softwares
sensibilizado e comanda o desligamento do relé de arco. que calculam as energias incidentes segundo o IEEE Std 1584,
medidas que atenuam as correntes de falta à terra, como a
(i) Utilização de um segundo grupo de ajuste mais baixo quando a utilização de resistores de aterramento de alto valor em sistemas
planta está “parada” para manutenção de baixa tensão e de baixo valor em sistemas de média tensão,
  Durante as paradas para manutenção, o risco de acidente devem ser buscadas e incentivadas, visto que mais de 90% das
normalmente acaba aumentando devido à elevada quantidade de faltas iniciam-se com faltas à terra em sistemas industriais. Dessa
pessoas externas à planta. A programação do relé com outro grupo maneira, são reduzidos os danos aos equipamentos, ao sistema
de ajustes mais baixo constitui-se uma técnica eciente, pois, em e às pessoas. Esta técnica, associada à redução dos tempos das

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proteções e dos dispositivos de interrupção, irá atingir um grau de  j)  A utilização de painéis à prova de arco está hoje muito mais
proteção excelente, além de muitas vezes evitar que a falta evolua acessível e assim deve-se conscientizar os projetistas, os EPCistas
para uma falta trifásica. e os investidores do custo-benefício desta escolha.
f)   As normas atuais utilizam o curto-circuito trifásico tomando k)  A utilização de “bottoms” sensores de arco no uniforme dos
como premissa que as faltas à terra evoluem rapidamente para as operadores em atividades de manobra ou inserção de disjuntores
trifásicas. No entanto, as normas deveriam também ser revistas extraíveis irá minimizar o tempo de exposição do operador em
de maneira a inserir as faltas à terra, assim, seria possível caso de falta por arco.
visualizar os benefícios que se obtém do fato de se reduzir o l)   Deve haver maior conscientização das empresas,
valor da falta à terra, bem como os respectivos tempos dos relés especialmente da alta direção, de forma que as manutenções
de terra. possam ser realizadas com zero kV (desenergizadas). A vida
g)  Tem-se observado que muitos painéis acabam não suportando deve estar acima dos valores econômicos.
as pressões desenvolvidas dentro dos painéis. As normas atuais
devem também implementar requisitos mínimos para que as
pressões desenvolvidas internamente aos painéis quem em
*CLÁUDIO MARDEGAN é engenheiro eletricista formado pela Escola Federal
limites que não causem danos aos trabalhadores. de Engenharia de Itajubá (atualmente Unifei). Trabalhou como engenheiro de
h)  Sugere-se aos fabricantes de disjuntores de baixa tensão para estudos e desenvolveu softwares de curto-circuito, load ow e seletividade
na plataforma do AutoCad®. Além disso, tem experiência na área de projetos,
que implementem mais de um grupo de ajustes nos relés dos engenharia de campo, montagem, manutenção, comissionamento e start

disparadores eletrônicos, para que em caso de manutenção up. Em 1995 fundou


especializada a empresa
em engenharia EngePower®
elétrica, Engenharia
benchmark e Comércio
e em estudos Ltda,no
elétricos
permita a alternância de forma automática e independente das Brasil, na qual atualmente é sócio diretor. O material apresentado nestes
pessoas, o que evita erros e melhora a performance do sistema fascículos colecionáveis é uma síntese de parte de um livro que está para ser
 publicado pelo autor, resultado de 30 anos de trabalho.
como um todo.
FIM
i)  As normas brasileiras deveriam ser mais enfáticas e explícitas Encerramos nesta edição o fascículo sobre “Proteção e
seletividade”. Confira todos os artigos desta série em www.
quanto à obrigatoriedade de utilização de placa de advertência osetoreletrico.com.br 
nos painéis, contendo o nível de energia incidente e os Dúvidas, sugestões e comentários podem ser encaminhados para
o e-mail redacao@atitudeeditorial.com.br 
Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) recomendados.

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