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Resumo – O presente artigo tem como objetivo abordar tópicos Coordenação e seletividade da proteção é um fator
em proteção de sistemas elétricos de potência, trazendo à tona fundamental para a estabilidade do suprimento de energia
conceitos de coordenação e seletividade da proteção em curto elétrica de qualidade, e deve ser tratada como um assunto
circuito. O trabalho apresentará estudo de caso detalhado de prioritário para o planejamento da distribuição.
coordenação e seletividade da proteção de uma grande instalação,
O presente artigo tem como objetivo apresentar conceitos de
onde existem geradores operando na falta de fornecimento da
concessionária, o que resulta em um aumento de complexidade de curtos-circuitos, coordenação e seletividade da proteção em
maneira significativa nesse estudo. sistemas elétricos de potência.
A missão deste artigo é cunhar noções teóricas do tema em Apresentar-se-á um estudo de caso ao fim do trabalho,
questão, para informar de maneira precisa profissionais exemplificando um estudo de coordenação e seletividade, com
relacionados a essa área de estudo, e ao final do trabalho aplicar o todas as etapas exigidas para correta proteção de uma instalação
conteúdo em alguns casos práticos. elétrica complexa, contendo subestações e geradores que
Espera-se que ao fim da leitura o leitor tenha capacidade de operam em paralelismo momentâneo.
compreender como origina-se os curtos-circuitos nos sistemas Ao fim do trabalho, espera-se que o leitor possa conhecer os
elétricos de potência e quais são as ações necessárias para combatê-
los.
principais tipos de proteção, também se espera que o mesmo
possa identificar as etapas desse tipo de estudo.
Palavra-chave – proteção de sistemas elétricos de potência; Seguindo as orientações oriundas dos encontros com o
coordenação e seletividade; curto-circuito; orientador, apresentar-se-á um breve apanhado a respeito de
curtos-circuitos, parte necessária para o entendimento razoável
Abstract – The present article aims to address topics in power system de defeitos que ocorrem em sistemas elétricos de potência.
protection, bringing to the fore concepts of coordination and Dando continuidade ao trabalho, será apresentado ainda a
selectivity of short circuit protection. The work will present a filosofia dos ajustes dos relés de proteção. E por fim, algumas
detailed case study of coordination and selectivity of the protection conclusões a respeito do tema abordado e apresentar um
of a large facility, where there are generators operating in the
absence of supply from the concessionaire, which results in an
exemplo prático de coordenação e seletividade da proteção, que
increase of complexity in this study. estará nos anexos contidos nesse trabalho.
The mission of this article is to draw theoretical notions of the
theme in question, to inform in a precise way professionals related II. CONSIDERAÇÕES GERAIS
to this area of study, and at the end of the work to apply the content
in some practical cases. Perturbações nos sistemas de energia elétrica podem
It is expected that at the end of the reading the reader will be able ocasionar distúrbios nas redes elétricas, alterando parâmetros
to understand how the short circuits in the electric power systems como tensão, corrente, frequência e potência, podendo causar
originate and what are the actions necessary to combat them. danos irreversíveis em sua estrutura física, assim como danos
Key-words – protection of electrical power systems; coordination
aos consumidores. Ou seja, podem ocorrer falta de tensão
and selectivity; short circuit; elétrica no consumidor, além de sobretensões quando no
religamento, ocasionalmente. [1]
I. INTRODUÇÃO Os problemas mais comuns são os curtos-circuitos, que são
causados pelo contato entre as fases ou entre fase e terra. As
A coordenação e seletividade da proteção é um assunto correntes de curto-circuito são dependentes de vários fatores,
importante em sistemas de distribuição de energia. Com como por exemplo o tipo de curto-circuito, a tensão da rede
estudos na área, pode-se evitar grandes problemas de elétrica e etc. [4]
interrupção de fornecimento de energia. Os curtos-circuitos desequilibrados são os curtos mais
Os sistemas elétricos de potência estão sujeitos aos curtos- comuns nos sistemas elétricos, em que o tipo fase-terra é o que
circuitos e esses curtos-circuitos, podem causar grandes danos ocorre com maior frequência. Na Tabela 1, pode-se observar à
aos sistemas, caso não sejam combatidos. As extensões dos frequência dos tipos de curto-circuito nos sistemas elétricos. [1]
curtos-circuitos podem afetar um número elevado de
consumidores, caso as faltas não sejam combatidas
rapidamente. [1]
2
A. Sistema radial
C. Sobretensão
C. Dano no gerador
Fig. 4. Curva de sobrecarga do transformador de potência [1].
Em condições de operação normal, o torque mecânico da
B. Subfrequência ou sobrefrequência turbina é equilibrado pelo anti-torque produzido pela carga
elétrica do gerador síncrono, portanto, a velocidade de rotação
E causada pelo desequilíbrio significativo entre a de todos os geradores é constante e igual a velocidade síncrona.
geração e a carga, forçando a frequência do sistema a uma A queda abrupta de tensão provocará instabilidade na
redução, ou por ventura a um aumento na frequência do operação paralela de geradores, podendo causar a
sistema, ambos os efeitos são indesejados. [1] desagregação do sistema e interrupção do fornecimento para os
consumidores. [1]
4
Os relés possuem funções padronizadas para atuar em casos de Aplicando-se conhecimentos obtidos ao término desse
distúrbio de corrente, tensão, frequência e outros. [4] trabalho, apresenta se em anexo, um estudo de coordenação e
seletividade da proteção de uma planta com grande potência
A. Relé de sobrecorrente (50/50n/51/51n) instalada.
O sistema elétrico apresentado no estudo de caso possui
Os relés de sobrecorrente são os mais usados nos sistemas quatro subestações que alimenta todo o complexo com uma
elétricos em geral, pois em eventuais defeitos causados por carga instalada de 975 kVA (3x150 kVA + 1x225 kVA + 1x300
curtos-circuitos, há um aumento súbito na corrente nominal. kVA).
Dessa forma o relé de sobrecorrente identifica rapidamente a A SE01 é a subestação principal onde entra a alimentação
anomalia e atua extinguindo o defeito. [4] vinda da concessionária, onde localiza-se a medição de energia,
O relé é conectado em um transformador de corrente (TC) a proteção geral, um transformador de 150 kVA e uma saída
que rebaixa a corrente para níveis usuais de medição, desta para SE02. A SE02 tem um transformador de 300 kVA e outro
forma, o relé de proteção monitora em uma escala menor o de 225 kVA. A SE03 tem um transformador de 150 kVA e a
sistema no qual está conectado. Em um eventual defeito onde SE04 tem um transformador de 150 kVA.
há um aumento súbito de corrente, o relé de sobrecorrente Apesar do sistema elétrico estudado ter 975 kVA de
compara com os parâmetros ajustados e atua no sistema, transformadores instalados, a demanda contratada é de 200 KW
mandando um sinal (trip) para o disjuntor no qual está e não há ultrapassagem de demanda nos últimos meses.
vinculado. [4] Com o acréscimo de uma nova instalação, que possui uma
Os relés de sobrecorrente são divididos em Instantâneo, carga instalada de 4500 KVA (3x1500 kVA), se faz necessário
Temporizado e Neutro. Dentro do espectro dos relés de uma adequação no sistema interno.
sobrecorrente, pode-se destacar os principais, que são os Devido à forma como as quatro subestações existentes estão
direcionais, não direcionais, diferenciais e de distância. [4] distribuídas pelo Campus, a capacidade dos barramentos e dos
Os relés se baseiam em curvas de atuação para sua operação. cabos de interligação de umas às outras e da própria estrutura
Pode-se destacar as curvas Inversa Longa, Inversa Curta, Muito da RDU da concessionária que chega na estrutura de entrada,
Inversa e Extremamente Inversa. As curvas se diferenciam pela será criado duas novas subestações para a nova instalação, que
velocidade no tempo de atuação. As equações usadas para atenderá as cargas novas e servirá para alimentar as subestações
calcular o tempo de atuação de cada curva podem variar de existentes e terá uma nova medição para medir toda a energia
acordo com o tipo de relé utilizado e essas equações são recebida da concessionária para todo o complexo. Dessa forma
fornecidas pelos fabricantes. [3] a estrutura de entrada atual será desativada e criada uma nova
entrada.
A unidade terá uma nova subestação principal com a
medição, proteção geral, uma saída para alimentar as
instalações existentes (as quatro subestações existentes) e uma
saída que alimentará as cargas novas.
A nova instalação terá uma usina de geração própria para
atendê-la nos momentos de falta da concessionária e nos
momentos de carga maior que a demanda contratada.
Considera-se o caso mais crítico, quando somente um único
gerador estiver em paralelismo momentâneo. Será usado o
software PTW da SKM para executar a simulação. [6]
Como resultado da simulação, tem-se que para um curto
circuito na barra da SE CELG Circuito 01 (diagramas unifilares
Fig. 7. Curvas de atuação dos relés de sobrecorrente [2].
disponíveis no Anexo I), as correntes de contribuição do
sistema de geração da planta usada no estudo de caso que
Seletividade da proteção consiste em uma sequência de passará por DJ01 indo em direção à Barra SE CELG, será:
atuação dos relés, onde o mais próximo ao local do defeito deve 1ª Situação: somente um gerador em paralelismo
atuar primeiro, fazendo que o distúrbio não se alastre pelo momentâneo
sistema elétrico, afetando proteções mais distantes, que
• Icc.3f = 173,2 A (corrente para um curto circuito trifásico)
ocasionará o desligamento de um grande número de
• Icc.ft = 257,8 A (corrente de sequência positiva para um
consumidores do sistema, além dos danos financeiros devido a
curto circuito monofásico)
queima de equipamentos que a falta de seletividade pode
2ª Situação: os três geradores de um transformador em
ocasionar. [3]
paralelismo momentâneo
• Icc.3f = 476,9 A (corrente para um curto circuito trifásico)
• Icc.ft = 606,6 A (corrente de sequência positiva para um
curto circuito monofásico)
6
V. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Rele DJ01
LOCAL: SE Entrada
RELE: SEPAM S42
TC: 400/5 A, Classe 15KV, Classe exatidão 10B100, NBI 95KV, fator térmico 1,2
RTC: 80
RTP: 120
PARÂMETRO AJUSTE
51 – I 71,2 A
51 – DIAL 0,4
51 – CURVA EXT. INVERSA
50 – I 1600 A
51N – I 23,2 A
51N – DIAL 0,4
51N – CURVA EXT. INVERSA
50N – I 400 A
Rele DJ02
LOCAL: SE Entrada
RELE: SEPAM S42
TC: 400/5 A, Classe 15KV, Classe exatidão 10B100, NBI 95KV, fator térmico 1,2
Rele DJ03
LOCAL: SE Entrada
RELE: SEPAM S42
TC: 400/5 A, Classe 15KV, Classe exatidão 10B100, NBI 95KV, fator térmico 1,2
Rele DJ04
LOCAL: SE Centro Convenção
RELE: SEPAM S23
TC: 400/5 A, Classe 15KV, Classe exatidão 10B100, NBI 95KV, fator térmico 1,2
RTC: 80
PARÂMETRO AJUSTE
51 – I 150,0 A
51 – DIAL 0,4
51 – CURVA EXT. INVERSA
50 – I 1300 A
51N – I 48,0 A
51N – DIAL 0,4
51N – CURVA EXT. INVERSA
50N – I 325 A
51: t = (80 x 0,40)/[(I/150,0)2 – 1] ; {0 , 1300}
Rele DJ05
LOCAL: SE Centro Convenção
RELE: SEPAM S23
TC: 400/5 A, Classe 15KV, Classe exatidão 10B100, NBI 95KV, fator térmico 1,2
RTC: 80
PARÂMETRO AJUSTE
51 – I 100,0 A
51 – DIAL 0,5
51 – CURVA EXT. INVERSA
50 – I 1200 A
51N – I 40,0 A
51N – DIAL 0,4
51N – CURVA EXT. INVERSA
50N – I 300 A
Rele DJ06
LOCAL: QTA
RELE: PEXTRON URPE 6104
TC: 250/5 A, Classe 15KV, Classe exatidão 10B100, NBI 95KV, fator térmico 1,2
RTC: 50
PARÂMETRO AJUSTE
TC 250
51 – I 165,0 A
51 – CURVA EI
51 – DT 0,6
51 – I def 5000 A (valor máximo)
51 – T def 240 s
50 – I inst 1400 A
51N – I 55,0 A
51N – CURVA EI
51N – DT 0,6
51N – I def 2500 A (valor máximo)
51N – T def 240 s
50N – I inst 350 A
51: t = (80 x 0,60)/[(I/165,0)2 – 1] ; {0 , 1400}
Rele DJ07
LOCAL: QTA
RELE: PEXTRON URPE 6104
TC: 250/5 A, Classe 15KV, Classe exatidão 10B100, NBI 95KV, fator térmico 1,2
RTC: 50
PARÂMETRO AJUSTE
TC 250
51 – I 58,0 A
51 – CURVA EI
51 – DT 0,4
51 – I def 5000 A (valor máximo)
51 – T def 240 s
50 – I inst 1400 A
51N – I 19,0 A
51N – CURVA EI
51N – DT 0,1
51N – I def 2500 A (valor máximo)
51N – T def 240 s
50N – I inst 350 A