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21 a 26 de Outubro de 2001
Campinas - São Paulo - Brasil
STE I
SESSÃO TÉCNICA ESPECIAL DE INTERFERÊNCIAS, COMPATIBILIDADE ELETROMAGNÉTICA E
QUALIDADE DE ENERGIA ( SCQ )
Todo equipamento elétrico energizado em alta tensão Um nível de RI gerado pode variar substancialmente
está submetido a um campo elétrico cuja intensidade com as condições climáticas locais e o estado
depende principalmente do tipo de tensão aplicada, da superficial do equipamento sob ensaio. A medição da
geometria e do material do mesmo. Se este tensão de radiointerferência ( TRI ) não deve, portanto,
equipamento opera em conjunto com outros ter como foco um resultado final em forma de um único
equipamentos, por exemplo isoladores e ferragens, a valor numérico absoluto. Considerando-se essas
distribuição de campo é modificada, podendo ser características e visando maior confiabilidade, é
aumentada ou atenuada. recomendável que as medições reais da RI, para fins
analíticos e comparativos, sejam realizadas em
Quando o valor do campo elétrico ultrapassa um valor quantidade suficiente para possibilitar um tratamento
crítico em local com disponibilidade de cargas elétricas, estatístico dos resultados. As normas internacionais de
inicia-se um processo de ionização. Se essas RI não levam em consideração esta necessidade e,
condições ocorrerem na superfície e/ou interfaces dos além de apresentarem inconsistências devido à
materiais componentes de um equipamento elétrico, utilização de métodos de medição diferentes, definem
podem gerar correntes de alta freqüência. Tais critérios de aprovação para ensaios em isoladores
correntes podem se propagar ao longo do sistema de individuais não representativos da condição real de
transmissão ou através dos equipamentos da linha de operação em cadeias ou mediante acordo entre as
transmissão (por exemplo: as cadeias de isoladores) partes interessadas.
para terra, e/ou gerar radiação eletromagnética ( efeito
corona ), vindo a provocar os seguintes eventos: Decidiu-se, então, determinar os valores a serem
utilizados como critério de aprovação com base no
• Perturbações radioelétricas: afetam os sistemas trabalho de C. Gari e M. Moreau (1), onde os valores
de comunicação locais das subestações e outros da TRI para ensaios em isoladores unitários são
como rádio e TV, podendo interferir, também, em obtidos com base em ensaios de distribuição de
equipamentos de uso médico, etc; potencial realizados em cadeias de isoladores e nos
• Criação de ozônio (agente oxidante); valores da TRI admitidos para as mesmas cadeias,
CEPEL - ALAB
Av. Olinda s/nº - Adrianópolis - 26053-121 – Nova Iguaçu - RJ
darcy@cepel.br
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sendo os resultados obtidos apresentados neste aproximadamente + 6 dB para as medidas efetuadas
trabalho, assim como uma avaliação dos modelos de conforme a orientação da IEC (5). Isso se deve aos
isoladores ensaiados. valores diferentes da banda passante e constante de
tempo de descarga adotados pelas normas.
2.0 – ATUAÇÃO DO EFEITO CORONA EM CADEIAS
DE ISOLADORES Contrariamente ao que se pode imaginar, a impedância
de medição não tem influência significativa no
Uma cadeia de isoladores, ao longo de sua vida útil, resultado final quando comparada as duas normas. Em
está submetida à diversas condições ambientais termos de freqüência de medição, a faixa em que
(poluição natural, umidificação natural, variações isoladores secos e limpos mais emitem ruído é aquela
bruscas de temperatura, etc) que afetam o efeito referente as recepções de AM ( 550 a 1600 kHz ).
corona e, conseqüentemente, o nível da RI. Cabe ressaltar que a freqüência de medição da
IEC/CISPR é especificada de 0,5 a 2,0 MHz e da
Um dos problemas criados pelo efeito corona é a ANSI/NEMA em 1,0 MHz.
geração de ozônio que, no caso de isoladores, pode
acelerar a corrosão atmosférica/galvânica, e a Os medidores da TRI registram valores de tensão
ocorrência de corrosão elétrica. correspondentes aos pulsos de corrente que
atravessam uma resistência R. No entanto, verifica-se
2.1 - Corrosão atmosférica/galvânica que o ruído provocado por estas interferências são
função da potência transportada pelos pulsos de
A corrosão atmosférica corresponde a oxidação direta corrente, o que levou a considerar a definição:
entre o metal e suas vizinhanças, e a galvânica ocorre
quando se coloca dois metais de eletronegatividades dB = 10 log (P1/P2)
diferentes em contato ( por exemplo: Fe + Zn ),
ocorrendo então a doação de elétrons do mais onde :
eletronegativo para o menos eletronegativo. O ozônio
oxida o Zn acelerando a corrosão branca, que P1 – potência transportada pelos pulsos;
gradualmente se desprende da superfície, expondo o P2 – potência de referência.
ferro. O ozônio combina-se com o nitrogênio, formando
dióxido de nitrogênio, que hidratrado, produz ácido Como potência e tensão têm uma relação quadrática,
nítrico. O ácido nítrico ataca o ferro, gerando hematita vem :
e magnetita, ou seja, a corrosão vermelha (ferrugem).
dB = 20 log (V1/V2)
2.2 Corrosão elétrica (2) onde :
Esse tipo de corrosão é mais severa em áreas poluídas V1 – queda de tensão sobre o circuito (resistor) de
de clima tropica e, apesar de induzir a formação de medição em µV;
ozônio, não está associada à RI. V2 – tensão de referência igual a 1 µV.
NP= 20 LOG V → TRI na cadeia; Devido aos problemas causados aos isoladores pelo
fenômeno corona e considerando a RI como sendo sua
NPO = 20 LOG v → TRI no isolador mais solicitado
representação, está sendo proposta uma redução nos
eletricamente;
valores atuais da TRI conforme abaixo:
δ = - 20 LOG 2λ → Atenuação da TRI pela cadeia.
• Sistema de 500 kV de 500 µV para 250 µV,
Portanto, a TRI máxima permitida para isoladores
individuais será: NPO = NP + δ
• Sistema de 440 kV de 400 µV para 100 µV,
Na Tabela 1, exemplificamos um ensaio de TRI
• Sistema de 345 kV de 250 µV para 100 µV,
realizado em cadeia V – 110°, no Laboratório de Alta
Tensão do CEPEL e, posteriormente, o resultado do
• para as demais tensões adotou-se os valores das
ensaio em isoladores individuais da cadeia, com o
especificações de FURNAS.
objetivo de mostrar a validade da teoria acima.
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TABELA 2 – Dados de cadeias com isoladores IEC 60437 e em cada lote foi determinado os valores
D 120 mínimo, médio e máximo da TRI em cada degrau de
tensão aplicada.
Tensão Número Tensão Distribuição
da linha de de ensaio de potencial Os resultados podem ser vistos nas Figuras 1 a 5 com
(kV) isoladores (kV) (%) a seguinte representação:
765 26 476 7,0
500 26 317 9,5 • a linha cheia indica os valores da TRI máxima no
440 24 280 7,8 isolador individual, apresentados na tabela 4,
345 18 219 11,5 relacionados com os respectivos valores de tensão
230 14 146 13,5 no isolador mais solicitado, para um determinado
138 9 88 16,0 tipo de isolador;
69 5 44 20,0
• a linha tracejada indica o valor médio das medições
TABELA 3 – Dados de cadeias com isoladores de TRI obtidas nos ensaios realizados, para cada
DL 160 degrau de tensão aplicada no lote com
determinado tipo de isolador;
Tensão Número Tensão Distribuição
da linha de de ensaio de potencial • as barras verticais indicam os valores máximo e
(kV) isoladores (kV) (%) mínimo das medições de TRI obtidas nos ensaios
765 30 476 7,4 realizados, para cada degrau de tensão aplicada
500 24 317 8,2 no lote com determinado tipo de isolador.
440 21 280 8,0
Os isoladores D 240-24 e os isoladores de porcelana
TABELA 4 – Proposta de valores máximos para TRI D 120-16 foram avaliados utilizando os valores
máximos da Tabela 4 referentes aos isoladores DL 160
Tensão Tensão no TRI TRI e D 120, respectivamente, devido a ausência de
da Tipo de isolador máxima máxima no resultados de ensaios de distribuição de potencial em
cadeias com estes isoladores.
linha isolador mais na isolador
solicitado cadeia individual
(kV) (kV) 8.0 - CONCLUSÃO
(dB/µV) (dB/µV)
D 120 33 69,1/2844
765 52/400 ! O ozônio gerado pelo efeito corona é um dos
DL 160 35 68,6/2690 responsáveis pela corrosão observada nos
D 120 30 62,4/1322 isoladores;
500 48/250
DL 160 26 63,7/1532
D 120 22 56,1/641 ! A consideração da RI como representação do efeito
440 40/100
DL 160 22 55,9/625 corona facilita a determinação de critérios de
345 D 120 25 40/100 52,8/435 aprovação de isoladores que minimizem os
230 D 120 20 46/200 57,4/739 eventos por ele provocados;
138 D 120 14 30/31,6 40,0/98,8
(1)
69 D 120 8,8 30/31,6 38,0/79,1 ! Os valores propostos para ensaio de TRI em
cadeias visam a reduzir os eventos provocados
(1) Para este nível de tensão, pode-se utilizar o valor pelo efeito corona. Em cadeias onde não se utiliza
da Norma ANSI C 29-2 igual a 34 dB com 10 kV. de anel de repartição de potencial, os primeiros
isoladores do lado fase são submetidos a uma
7.0 - AVALIAÇÃO DE ISOLADORES solicitação elétrica mais acentuada, sendo
aconselhável exigir-se níveis de TRI para cadeias
Para verificar o desempenho dos isoladores perante os e isoladores unitários mais rigorosos;
valores máximos propostos na Tabela 4 foram
avaliados um total de 648 isoladores novos de vidro ! É recomendável que as concessionárias realizem
temperado e 32 isoladores novos de porcelana, ensaios de distribuição de potencial nas suas
distribuídos nos seguintes lotes: cadeias mais comuns de modo a ter em mãos as
ferramentas para determinar os critérios de
• 104 isoladores D 240-24 – de vidro temperado, aprovação dos lotes de isoladores a serem
• 325 isoladores DL 160-20 – de vidro temperado, submetidos ao ensaio de TRI de recebimento;
• 179 isoladores D 120-16 – com pino grávido – de
vidro temperado, ! É recomendável a realização de ensaios de TRI
• 40 isoladores D 120-16 – com pino liso – de vidro unitário quando do recebimento dos isoladores,
temperado, devido à elevada dispersão observada
• 32 isoladores D 120-16 – com pino liso – de principalmente dentro de um mesmo lote;
porcelana.
! É recomendável que as concessionárias utilizem a
Os isoladores foram ensaiados, no CEPEL, de acordo metodologia apresentada nas normas técnicas
com a metodologia de ensaio citada na norma para a realização de ensaios de TRI.
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9.0 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (4) D. Riviere, R. Parraud, C. Gary, M. Moreau, D.
Kohoutova e J. Vokalek: The influence of ambient
(1) C. Gary e M Moreau: L’effet de coronne en tension conditions on the interference level of insulator strings,
alternative, EDF, 1976. CIGRÉ, Report 36-04, 1972.
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T ensão aplicada ( kV )