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Avaliação da Suportabilidade do Isolamento de


Transformadores de Distribuição Através da
Aplicação de Impulsos Atmosféricos com
Tensão Reduzida
G. P. Lopes, R. Salustiano, G. M. F. Ferraz, M. L. B. Martinez, G. J. G. dos Santos, D. R. Fagundes

observado ao longo dos últimos anos que os transformadores


Resumo—A suportabilidade dielétrica de transformadores de distribuição não suportam seu IA de projeto, apresentando
frente à sobretensões de origem atmosférica é avaliada através da frequentemente sinais de descargas no isolamento. Sabe-se
aplicação de tensões impulsivas com forma de onda 1,2/50 μs. O que os sinais de descargas ou curtos-circuitos entre espiras,
ensaio de tensão suportável de impulso atmosférico possui
camadas ou enrolamentos podem ser detectados através de
caráter destrutivo e a suportabilidade do isolamento interno é
verificada através de comparações entre impulsos reduzidos e inspeção visual dos oscilogramas quando a frequência de
especificados com formas plenas e cortadas. Este artigo propõe oscilação da onda de corrente sofre uma alteração brusca. Esta
um método de avaliação do isolamento capaz de estimar o nível alteração indica a uma possível ocorrência de falha no
de tensão na qual surgem evidências de falhas. As modificações isolamento. Neste cenário desfavorável, deseja-se estimar o
na frequência de oscilação das formas da corrente podem ser nível de isolamento real para impulsos atmosféricos, a fim de
indicativos de descargas ou curtos-circuitos entre espiras,
prever a proteção do transformador contra sobretensões
camadas ou entre enrolamentos e a terra. Através de
comparações entre sucessivos oscilogramas de corrente é possível atmosféricas através de pára-raios e centelhadores.
estimar o desempenho do isolamento do transformador, sem a Para a detecção de descargas no isolamento, curtos-
necessidade de submetê-lo a toda a sequência exigida no ensaio circuitos ou até mesmo o nível de isolamento real para
de tensão suportável de impulso atmosférico. impulsos atmosféricos, é proposto um método diferente de
avaliação ao invés da sequência padronizada de impulsos. A
Palavras-Chave—Ensaio de Tensão Suportável de Impulso partir da realização dos ensaios IA com base na norma ABNT
Atmosférico, Falhas no Isolamento, Sinais de Descargas,
NBR 5356-3 [1] não é possível estimar o nível de tensão na
Transformadores de Distribuição.
qual o isolamento inicia o processo de ruptura, uma vez que a
I. INTRODUÇÃO sequência completa de ensaio faz uso de apenas quatro níveis
de tensão, isto é: tensões reduzidas e especificadas para os
O ENSAIO de tensão suportável de impulso atmosférico
(IA) é realizado em transformadores com o objetivo de
submeter o isolamento à sobretensões impulsivas
impulsos plenos e cortados. O método é chamado de “Impulso
Atmosférico Escalonado” (IAE). O IAE foi aplicado em 30
transformadores de distribuição imersos em óleo, dentre os
representativas de descargas atmosféricas. Dado que o quais existiam transformadores novos e reparados, trifásicos e
isolamento interno de transformadores é do tipo não- monofásicos, com classes de tensão de 15 kV e 25 kV.
regenerativo, a suportabilidade frente a impulsos atmosféricos Considerações sobre o nível de isolamento real, bem como sua
deve ser verificada pelos fabricantes após o processo de suportabilidade são feitas após o IAE. Em seguida o IA é
manufatura e por compradores durante o processo de realizado de acordo com a norma ABNT NBR 5356-3 [1].
aceitação em pelo menos uma unidade do lote. Comparações entre os resultados dos dois ensaios são
As empresas distribuidoras de energia elétrica buscam realizadas para comprovar a validade do método proposto.
reduzir os custos envolvidos na compra e reparo dos
equipamentos instalados em suas redes, o que não é diferente II. DETECÇÃO DE FALHAS NO ISOLAMENTO DURANTE ENSAIOS
quando se trata dos transformadores de distribuição. Porém DE IMPULSO ATMOSFÉRICO
esta economia pode acarretar em uma redução no desempenho
dielétrico e na vida útil destes equipamentos. Tem sido Como métodos de detecção de falhas no isolamento
durante os ensaios de impulso atmosférico, têm-se as análises
dos oscilogramas de tensão e corrente, verificação da
Este trabalho foi desenvolvido em parceria com a AES Sul – Distribuidora formação de bolhas e gás no óleo isolante, e a detecção de
Gaúcha de Energia Elétrica. G. P Lopes, R. Salustiano, G. M. F. Ferraz e
M. L. B. Martinez do Laboratório de Alta Tensão, Universidade Federal de
ondas sonoras através de transdutores [2], [3]. Devido sua
Itajubá. G. J. G. dos Santos e D. R. Fagundes da AES Sul. E-mail: praticidade na detecção de falhas e confiabilidade dos
gustavo@lat-efei.org.br, martinez@lat-efei.org.br. resultados, a análise dos oscilogramas de tensão e corrente é
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amplamente utilizada e sua prática é recomendada também por ASCII e no formato de imagem para três escalas horizontais –
normas nacionais e internacionais [1], [4]-[7]. Através de uma tempo/div (10 µs, 1 µs e 0,2 µs). Com o formato imagem é
inspeção nestes oscilogramas é possível prever a possível realizar avaliações durante o ensaio. Primeiramente
suportabilidade de um isolamento, bem como a severidade de os oscilogramas de tensão e corrente são obtidos com escala
uma falha. horizontal de 10 µs com o objetivo de detectar falhas na
região de cauda do impulso. O segundo e terceiro
A. Análise dos Oscilogramas de Tensão e Corrente
oscilogramas são obtidos com escalas horizontais de 1 µs e
A análise dos oscilogramas de tensão é uma maneira pouco 0,2 µs, respectivamente. Nestes casos é possível detectar
sensível para a detecção de falhas. Apenas curtos-circuitos falhas na frente do impulso e após seu valor máximo com
severos entre enrolamentos, camadas ou entre um enrolamento maiores detalhes. O objetivo é detectar possíveis falhas no
e um ponto de terra são detectados [3]. Os oscilogramas de início do enrolamento, que constituí na região mais afetada
tensão são obtidos através de um divisor resistivo conectado devido à distribuição não linear da tensão. Através deste
ao terminal do transformador a ser ensaiado. Um colapso total procedimento de ensaio é possível prever também o nível de
de tensão é observado caso um curto-circuito ocorra no início tensão na qual o isolamento inicia o processo de falha.
do enrolamento, próximo ao terminal de linha. Este tipo de Nos ensaios IA os oscilogramas de tensão e corrente são
falha é frequentemente acompanhado por um som anormal, comparados entre os impulsos com tensão reduzida e
originado no interior do tanque do transformador quando o especificada para os impulsos plenos e cortados, a fim de
impulso é aplicado. detectar variações na frequência de oscilação da corrente.
Os oscilogramas de corrente consistem na maneira mais Neste caso o isolamento deve apresentar o mesmo
sensível de detecção de falhas. Este método foi proposto desempenho em tensões reduzidas e especificadas. No IAE os
primeiramente em 1944 por J. H. Hagenguth. Notou-se a oscilogramas são comparados entre cada impulso de modo a
existência de uma relação entre a tensão aplicada e a corrente detectar o início de uma falha e sua evolução ao longo das
que flui pelo enrolamento até o instante em que uma descarga aplicações. A integridade do isolamento é garantida no ensaio
ocorre no isolamento [3], [8]. O oscilograma de corrente é IAE, uma vez que há a limitação de tensão no valor de 80%
obtido através da inserção de um resistor shunt não indutivo do NBI. Após o IAE, o ensaio IA é realizado com base nas
entre o terminal de aterramento do enrolamento sob ensaio ou normas NBR 5356-3 [1] e NBR 5356-4 [4], na qual uma
tanque e o ponto de terra do gerador de impulsos. A forma da sequência de impulsos plenos com tensão reduzida e
tensão desenvolvida através da passagem da corrente pelo especificada é aplicada nos enrolamentos de alta tensão do
resistor shunt é então registrada em osciloscópios ou transformador. Impulsos cortados na cauda (2 µs a 6 µs) com
digitalizadores. Quando ocorre uma falha no dielétrico tensão reduzida e especificada são combinados com os
produzida por uma descarga entre duas partes condutoras do impulsos plenos na sequência descrita abaixo.
enrolamento, por exemplo, entre espiras, a tensão entre estas
sofre um colapso em um tempo extremamente curto. Este • 01 impulso pleno reduzido, 50% do NBI.
processo inicia uma oscilação transitória de alta frequência
que é transmitida, através das capacitâncias do enrolamento, • 01 impulso pleno, 100% do NBI.
para o ponto de terra [3]. Transitórios de alta frequência • 01 impulso cortado reduzido, 55% do NBI.
causados por falhas no isolamento são facilmente
identificados nos oscilogramas de corrente quando • 02 impulsos cortados plenos, 110% do NBI.
comparados com oscilogramas sem defeitos, obtidos para o • 02 impulsos plenos, 100% do NBI.
mesmo enrolamento.
Considera-se que o isolamento está em boas condições caso
não ocorram variações entre os oscilogramas de tensão e
III. ENSAIOS DE IMPULSO ESCALONADO E DE TENSÃO
SUPORTÁVEL DE IMPULSO ATMOSFÉRICO corrente, como mencionado acima. O ensaio IA também
possui o objetivo de validar as considerações sobre o
O IAE é baseado na aplicação de impulsos atmosféricos isolamento realizadas no ensaio IAE.
normalizados com níveis de tensão reduzidos. A forma
utilizada possui tempo de frente 1,2 µs ± 30% e tempo de A. Esquema de Conexão e Amostras Ensaiadas
cauda 50 µs ± 20%. Para reduzir o risco de descargas na A sequência de impulsos para os ensaios IA e IAE é
bucha do enrolamento ensaiado a polaridade da tensão aplicada em cada terminal de linha do enrolamento de alta
aplicada é negativa para os ensaios IAE e IA. O nível de tensão, H1, H2 e H3. Para transformadores trifásicos, os
tensão inicial do ensaio é de 30 kV e não depende da tensão terminais de alta e baixa tensão (X1, X2, X3 e X0) não
suportável de impulso atmosférico (NBI) do transformador. utilizados durante o ensaio, são curto-circuitados e aterrados
Este é o menor nível de tensão ajustável para a configuração no tanque. O mesmo procedimento é utilizado em
utilizada do gerador de impulsos com o qual foram realizados transformadores monofásicos. O condutor de aterramento é
os ensaios. A tensão é então elevada em passos de 10 kV até conectado entre o tanque e o ponto de terra do gerador de
um valor próximo de 80% do NBI. Os oscilogramas de tensão impulsos através do resistor shunt, que é selecionado para
e corrente são registrados a cada passo do ensaio no formato proporcionar uma melhor sensibilidade na indicação de falhas.
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Este esquema de conexão, denominado como “corrente de B. Resultado dos Ensaios de Impulso Escalonado
linha” [4], é apresentado na Fig. 1. A Tabela I apresenta os resultados dos ensaios IAE levando
em conta a classificação dos oscilogramas, bem como o nível
H1 H2 H3
de tensão para a primeira evidência de falha. Os
transformadores são listados na Tabela I de acordo com sua
potência nominal SN, número de fases 1F ou 3F, classe de
H1
tensão Um e NBI. Quando duas ou mais evidências de falhas
ocorrem para um transformador monofásico ou trifásico, o
X1 tipo mais severo é considerado para a classificação
apresentada na Tabela I.

X2 TABELA I. RESULTADOS DOS ENSAIOS DE IMPULSO ESCALONADO


Ensaio de Impulso Escalonado
H2 Condição SN , Um , NBI, Tensão de
X1 X2 X3 X0
Shunt Shunt Classificação Unidades
kVA kV kV Falha, kV
(a) (b)
Fig. 1. Conexão para medição da corrente de linha – a) transformadores 10, 1F 15 110 1 - 01
trifásicos delta-estrela e b) transformadores monofásicos. 10, 1F 15 110 2 40 01
25, 1F 25 150 2 50 02
Os transformadores ensaiados foram fornecidos pela AES 25, 1F 25 150 3 70 02
Sul – Distribuidora Gaúcha de Energia com o propósito de 30, 3F 25 150 3 60 02
Novo
45, 3F 15 110 2 40 02
investigar o desempenho do isolamento frente a impulsos
45, 3F 25 150 2 40 02
atmosféricos. Foram ensaiados 30 transformadores trifásicos e
45, 3F 25 150 3 60 02
monofásicos imersos em óleo, com classe de tensão 15 kV e
75, 3F 25 150 2 30 01
25 kV. Os transformadores trifásicos apresentam defasagem
75, 3F 25 150 3 60 02
de 30° (Dyn1) e todos os transformadores monofásicos 10, 1F 25 125 2 60 01
possuem apenas 01 enrolamento secundário. 10, 1F 25 125 3 60 03
30, 3F 25 125 3 70 02
IV. RESULTADOS EXPERIMENTAIS Reparado
75, 3F 15 95 2 40 02
O ensaio IAE foi realizado utilizando um osciloscópio 75, 3F 25 125 2 60 01
digital com 100 MHz de largura de banda, 8-bit e 50000 75, 3F 25 125 3 50 04
pontos de amostragem. O primeiro canal está conectado ao
secundário do divisor resistivo, registrando os oscilogramas de As Fig. 2 a 7 mostram exemplos de oscilogramas de tensão
tensão. O segundo canal está conectado ao resistor shunt para e corrente obtidos durante o ensaio IAE e reproduzidos
o registro dos oscilogramas de corrente. Para o ensaio IA foi utilizando os dados armazenados no formato ASCII. A escala
utilizado outro osciloscópio digital com 300 MHz de largura de tempo (t) foi escolhida de modo a proporcionar uma
de banda, 9-bit e 10000 pontos de amostragem. Este último é visualização satisfatória da frente do impulso. As Fig. 2 e 3
certificado para realizar os ensaios IA, registrando os contém os resultados do tipo 1 para um ensaio IAE realizado
oscilogramas para compor o relatório final para o cliente. em um transformador monofásico novo, com SN=10 kVA,
Um=15 kV e NBI de 110 kV. Não foram observadas
A. Classificação dos Resultados indicações de falhas para os níveis de tensão aplicados
Com o objetivo de classificar o desempenho do isolamento (máximo em 91 kV – 83% do NBI). Na Fig. 3 é possível
nos ensaios IA e IAE, quatro tipos de oscilogramas foram observar o comportamento amortecido da corrente, sem sinais
identificados com base em observações durante os ensaios. de descargas.
Esta classificação foi realizada através de inspeções visuais e
comparações entre sucessivas aplicações de tensão.

• Tipo 1: os oscilogramas de tensão e corrente não possuem


indicações de falha no isolamento.
• Tipo 2: os oscilogramas de corrente apresentam sinais de
descargas ou modificações na frequência de oscilação.
• Tipo 3: os oscilogramas de corrente apresentam sinais de
descargas severas ou curtos-circuitos entre camadas ou
espiras, com modificações no oscilograma de tensão.
• Tipo 4: os oscilogramas de tensão e corrente indicam
curto-circuito entre o(s) enrolamento ensaiado(s) e algum Fig. 2. Resultado do ensaio IAE do tipo 1 – tensões aplicadas V1 a V7 no
ponto aterrado (núcleo ou tanque). terminal H1.
4

As Fig. 6 e 7 mostram os resultados do ensaio IAE para o


tipo 3. O transformador ensaiado é trifásico reparado, com
SN=75 kVA, Um=25 kV e NBI de 125 kV. Existem indicações
evidentes de descargas severas a partir do segundo impulso de
tensão. Transitórios de alta frequência são observados nos
oscilogramas de tensão e corrente, indicando uma falha
incipiente no isolamento, com consequente curto-circuito.

Fig. 3. Resultado do ensaio IAE do tipo 1 – correntes de terra I1 a I7.

Os resultados do ensaio IAE para o tipo 2 são apresentados


nas Fig. 4 e 5 para um transformador trifásico reparado, com
SN=30 kVA, Um=25 kV e NBI de 150 kV. Neste caso, os
oscilogramas de corrente I2, I3, I4, I8 e I10 apresentam sinais de
descargas no isolamento sem consequências para as formas de
tensão.
Fig. 6. Resultado do ensaio IAE do tipo 3 – tensões aplicadas V1 a V7 no
terminal H3.

Fig. 4. Resultado do ensaio IAE do tipo 2 – tensões aplicadas V1 a V10 no


terminal H3.

Fig. 7. Resultado do ensaio IAE do tipo 3 – correntes de terra I1 a I7 através


do 1º e 3 º enrolamentos de alta tensão – terminal H3.

C. Resultados dos Ensaios de Tensão Suportável de Impulso


Atmosférico
A Tabela II apresenta os resultados do ensaio IA,
considerando a classificação definida no item IV-A. Um
determinado transformador é considerado em falha se pelo
menos um terminal apresentar o oscilograma de corrente com
falhas do tipo 2, 3 ou 4. A coluna “Concordância com IAE”
na Tabela II também leva em consideração o fato de que pelo
menos um tipo de falha ocorreu para o mesmo transformador
Fig. 5. Resultado do ensaio IAE do tipo 2 – correntes de terra I1 a I10 através
do 1º e 3 º enrolamentos de alta tensão – terminal H3. em ambos os ensaios.
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TABELA II. RESULTADOS DOS ENSAIOS DE TENSÃO SUPORTÁVEL DE Comparando as Fig. 8 e 3 é possível notar uma diferença
IMPULSO ATMOSFÉRICO
no amortecimento e na frequência de oscilação da forma de
Ensaio de Tensão Suportável de Impulso Atmosférico
corrente entre os ensaios IAE e IA, para o mesmo
Condição SN, Um, NBI, Resultados Concord.
kVA kV kV
Unid.
IA
Classif.
com IAE transformador sob ensaio. Esta diferença ocorre devido aos
10, 1P 15 110 02 Falha 2 50% seguintes fatores: utilização de osciloscópios distintos,
25, 1P 25 150 04 Falha 2-3 100% resistores shunt e escalas verticais diferentes. Os osciloscópios
30, 3P 25 150 02 Falha 3-4 100% utilizados são de fabricantes diferentes e possuem processos
Novo
45, 3P 15 110 02 Falha 2-3 100% distintos para o registro do sinal de entrada após a saturação
45, 3P 25 150 04 Falha 2-3-4 100% do canal. A utilização de resistores shunt apropriados evitam
75, 3P 25 150 03 Falha 2-3-4 100% danos ao osciloscópio durante as excursões de corrente de
10, 1P 25 125 04 Falha 3-4 100% elevada amplitude nas aplicações que envolvem o corte de
Reparado
30, 3P 25 125 02 Falha 2-3-4 100% tensão. Com excursões maiores de corrente, a escala vertical é
75, 3P 15 95 02 Falha 2 100% alterada para acomodar toda a forma na tela do osciloscópio.
75, 3P 25 125 05 Falha 2-3 100% Os curtos-circuitos entre um grupo de espiras são
identificados por pulsos de alta amplitude e frequência,
As Fig. 8 a 11 mostram exemplos de oscilogramas de sobrepostos ao oscilograma de corrente, como apresentado na
tensão e corrente obtidos durante o ensaio IA. Para estes Fig. 10. Neste caso o transformador está classificado como
ensaios a escala horizontal foi fixada em 20 µs para os tipo 3 no ensaio IA, diferentemente da classificação recebida
impulsos plenos e 1 µs para os impulsos cortados. As Fig. 8 no ensaio IAE, que foi do tipo 2. Dentre os 30
e 9 apresentam o 1º e 2º impulsos cortados plenos, transformadores ensaiados, 06 unidades apresentaram curto-
classificados como tipo 2. Este é o mesmo transformador circuito franco entre o enrolamento e algum ponto aterrado no
monofásico, classificado como tipo 1 no ensaio IAE. transformador. A Fig. 11 apresenta o oscilograma para o
Comparando as Fig. 8 e 9 é possível notar que existe um primeiro impulso pleno de um transformador trifásico novo,
transitório sobreposto ao oscilograma de corrente antes do com SN=45 kVA, Um=25 kV e NBI de 150 kV, classificado
corte. Este sinal de descarga é suficiente para considerar o como tipo 4. Neste caso o impulso foi acompanhado por um
isolamento em falha. som característico originado dentro do tanque.

Fig. 8. Resultado do ensaio IA do tipo 2 – 1º impulso cortado no terminal H1, Fig. 10. Resultado do ensaio IA do tipo 3 – 3º impulso pleno no terminal H3,
sem sinais de descarga. 1-canal de tensão e 2-canal de corrente. com sinais severos de descarga. 1-canal de tensão e 2-canal de corrente.

Fig. 9. Resultado do ensaio IA do tipo 2 – 2º impulso cortado no terminal H1, Fig. 11. Resultado do ensaio IA do tipo 4 – 1º impulso pleno no terminal H3,
com sinal de descarga. 1-canal de tensão e 2-canal de corrente. com sinal de curto-circuito. 1-canal de tensão e 2-canal de corrente.
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V. CONCLUSÕES VIII. BIOGRAFIAS


O objetivo de mensurar a suportabilidade real do Gustavo Paiva Lopes nasceu em Varginha - MG, Brasil em 20 de Maio de
isolamento de transformadores novos e reparados foi 1984. Graduou-se em Engenharia Elétrica com ênfase em sistemas elétricos de
alcançado pelo método de ensaio proposto. Através da potência pela Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) em 2008. Atuou na
área de consultoria em projetos e estudos elétricos pela empresa TSE -
aplicação dos impulsos de tensão escalonados, o valor mínimo Tecnologia em Sistemas Elétricos entre 2009 e 2011. Iniciou o mestrado em
de tensão na qual o isolamento apresentou sinal de falha foi Engenharia Elétrica como aluno regular pela UNIFEI em 2011, quando passou
determinado para cada tipo de oscilograma registrado. Os a atuar como colaborador mestrando do Laboratório de Alta Tensão (LAT-
resultados foram alcançados devido à utilização de tempos de EFEI) na mesma universidade. No LAT-EFEI desenvolve o projeto de
“Coordenação de Isolamentos em Redes de Média Tensão com Neutros
varredura inferiores aos praticados nos ensaios de tensão Ressonantes” em parceria com a AES Sul Distribuidora Gaúcha de Energia e a
suportável de impulso atmosférico. Como os níveis de tensão Universidade de Bologna, Itália.
aplicados no ensaio IAE estão limitados a 80% do NBI, os
Rogério Salustiano nasceu em Poços de Caldas, MG, Brasil em 14 de Agosto
transformadores ensaiados não deveriam apresentar sinais de
de 1981. Graduou-se em Engenharia Elétrica com ênfase em informática
falha. Considerando a qualidade do isolamento, um resultado industrial pela Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) em 2005. Atuou na
inesperado foi a ocorrência de falhas mesmo para tensões área de engenharia, qualidade e processos produtivos de transformadores e
abaixo de 50% do NBI – um sério problema a ser avaliado reatores pela empresa Qualitrafo Industrial LTDA entre 2007 e 2008. Iniciou o
mestrado em Engenharia Elétrica como aluno regular pela UNIFEI em 2010,
pelos fabricantes e compradores de transformadores. Com a quando passou a atuar como colaborador mestrando do Laboratório de Alta
realização apenas do ensaio de tensão suportável de impulso Tensão (LAT-EFEI) na mesma universidade. No LAT-EFEI desenvolve o
atmosférico, a severidade deste problema não seria descoberta. projeto de pesquisa “Estudo de Transformadores Eficientes para Área Rural”
em parceria com a Ampla Energia e Serviços S.A e o Procobre.
As informações relativas às tensões de falha dos
transformadores ensaiados serão também utilizadas em um Guilherme Martinez Figueiredo Ferraz nasceu em Mococa, SP, Brasil em
trabalho futuro com o objetivo compor as taxas de falha em 20 de maio de 1989. Iniciou a graduação em Economia pela UNICAMP em
transformadores, causadas por sobretensões de origem 2007. Em 2009 ingressou no curso de Engenharia Elétrica com ênfase em
sistemas elétricos de potência pela Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI).
atmosférica. Atuou na área de gestão de qualidade com ISO 9001. No mesmo ano iniciou
Finalmente, a utilização de osciloscópios digitais de custos atividades como colaborador no Laboratório de Alta Tensão (LAT-EFEI) na
relativamente baixos como instrumentos para o registro dos mesma universidade. No LAT-EFEI atua no projeto de “Coordenação de
Isolamentos em Redes de Média Tensão com Neutros Ressonantes” em
oscilogramas, ao invés dos digitalizadores tradicionais parceria com a AES Sul Distribuidora Gaúcha de Energia e a Universidade de
auxiliados por softwares, mostrou-se eficiente. A tomada de Bologna, Itália. Desenvolve também o projeto “Avaliação da Condição de
decisão com relação ao desempenho do isolamento foi Operação de Isoladores de Pino Porcelana Instalados na Rede de Distribuição
de Média Tensão” em parceria com o Grupo ENERGISA.
realizada com segurança, uma vez que 96,7% dos resultados
do ensaio IA apresentaram concordância com as Manuel Luis Barreira Martinez possui graduação em Engenharia Elétrica
considerações realizadas com o ensaio IAE. pela Universidade Federal de Itajubá (1982), mestrado em Engenharia Elétrica
pela Universidade Federal de Itajubá (1993), doutorado em Engenharia
Elétrica pela Universidade de São Paulo (2000). Aperfeiçoamento em
VI. AGRADECIMENTOS
Pequenas Centrais Hidroelétricas, Sistemas Elétricos de Potência,
Os autores agradecem a AES Sul – Distribuidora Gaúcha Equipamentos de Manobra, Descargas Atmosféricas em Linhas e Subestações,
Pára raios de Resistor Não Linear para Sistemas de Potência, Técnicas de Alta
de Energia por disponibilizar os transformadores para os
Tensão, entre outros. Possui experiência no projeto e construção de
ensaios. equipamentos, componentes e sistemas de ensaios em Alta Tensão.
Atualmente é Professor Adjunto da Universidade Federal de Itajubá e
VII. REFERÊNCIAS Coordenador do Laboratório de Alta Tensão. É autor e co-autor de ao redor de
250 artigos divididos entre seminários nacionais, internacionais e periódicos.
[1] Transformadores de Potência Parte 3: Níveis de isolamento, ensaios
dielétricos e espaçamentos externos em ar, ABNT NBR 5356-3 – Gilnei José Gama dos Santos nasceu em Camapuã – RS, Brasil em 28 de
Janeiro, 2008. Dezembro de 1976. Graduou-se em Engenharia Elétrica pela Universidade
[2] L. C. Aicher, "Experience with Transformer Impulse Failure Detection Luterana do Brasil (ULBRA) em 2009. Iniciou o curso de pós-graduação em
Methods", AIEE Trans, vol. 67, pp. 1621-1631, Jan. 1948. Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho na Universidade Luterana
[3] B. Heller and A. Verveka, Surge Phenomena in Electrical Machines, do Brasil (ULBRA) em 2011. Atuou na área de construção civil de 1995 a
English Edition. London: Iliffe Books, 1968, p. 263-298. 2008. Em março de 2008 passou a trabalhar na AES Sul Distribuidora de
[4] Transformadores de Potência Parte 4: Guia para ensaio de impulso Energia, onde passou pela área técnico-comercial e gerência técnica. Em 2010
atmosférico e de manobra para transformadores e reatores, ABNT NBR passou a atuar na coordenação de planejamento e engenharia, realizando o
5356-4 – Janeiro, 2008. gerenciamento de projetos de P&D, e é integrante do grupo de normatização
[5] IEEE Guide for Transformer Impulse Tests, IEEE Standard C57.98- de estruturas, materiais e procedimentos.
1993, Dec. 1993.
[6] International Standard for Power Transformers – Part 3: Insulation
Donorvan Rodrigo Fagundes possui graduação em Engenharia Elétrica com
levels, dielectric tests and external clearances in air, IEC 60076-3,
Ênfase em Eletrônica (UPF), 2001, pela Universidade de Passo Fundo, Rio
Second Edition, Mar 2000.
Grande do Sul. Pós-Graduado pela Escola de Propaganda e Marketing
[7] International Standard for Power Transformers – Part 4: Guide to
(ESPM) em Gestão de Negócios no ano de 2010. Possui aperfeiçoamento em
lightning impulse and switching impulse testing – Power transformers
manutenção industrial, comercialização e suprimento de energia elétrica,
and reactors, IEC 60076-4, First Edition, Jul 2002.
projetos de Eficiência energética industriais, comerciais e residenciais.
[8] J. H. Hagenguth, “Progress in Impulse Testing of Transformers”, AIEE
Atualmente acumula as funções de gestor e gerente de projetos de Pesquisa e
Trans. Vol 63, pp. 999-1005, Dec 1944.
Desenvolvimento na AES Sul, atuando junto a órgãos reguladores, instituições
de desenvolvimento e empresas parceiras.

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