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amplamente utilizada e sua prática é recomendada também por ASCII e no formato de imagem para três escalas horizontais –
normas nacionais e internacionais [1], [4]-[7]. Através de uma tempo/div (10 µs, 1 µs e 0,2 µs). Com o formato imagem é
inspeção nestes oscilogramas é possível prever a possível realizar avaliações durante o ensaio. Primeiramente
suportabilidade de um isolamento, bem como a severidade de os oscilogramas de tensão e corrente são obtidos com escala
uma falha. horizontal de 10 µs com o objetivo de detectar falhas na
região de cauda do impulso. O segundo e terceiro
A. Análise dos Oscilogramas de Tensão e Corrente
oscilogramas são obtidos com escalas horizontais de 1 µs e
A análise dos oscilogramas de tensão é uma maneira pouco 0,2 µs, respectivamente. Nestes casos é possível detectar
sensível para a detecção de falhas. Apenas curtos-circuitos falhas na frente do impulso e após seu valor máximo com
severos entre enrolamentos, camadas ou entre um enrolamento maiores detalhes. O objetivo é detectar possíveis falhas no
e um ponto de terra são detectados [3]. Os oscilogramas de início do enrolamento, que constituí na região mais afetada
tensão são obtidos através de um divisor resistivo conectado devido à distribuição não linear da tensão. Através deste
ao terminal do transformador a ser ensaiado. Um colapso total procedimento de ensaio é possível prever também o nível de
de tensão é observado caso um curto-circuito ocorra no início tensão na qual o isolamento inicia o processo de falha.
do enrolamento, próximo ao terminal de linha. Este tipo de Nos ensaios IA os oscilogramas de tensão e corrente são
falha é frequentemente acompanhado por um som anormal, comparados entre os impulsos com tensão reduzida e
originado no interior do tanque do transformador quando o especificada para os impulsos plenos e cortados, a fim de
impulso é aplicado. detectar variações na frequência de oscilação da corrente.
Os oscilogramas de corrente consistem na maneira mais Neste caso o isolamento deve apresentar o mesmo
sensível de detecção de falhas. Este método foi proposto desempenho em tensões reduzidas e especificadas. No IAE os
primeiramente em 1944 por J. H. Hagenguth. Notou-se a oscilogramas são comparados entre cada impulso de modo a
existência de uma relação entre a tensão aplicada e a corrente detectar o início de uma falha e sua evolução ao longo das
que flui pelo enrolamento até o instante em que uma descarga aplicações. A integridade do isolamento é garantida no ensaio
ocorre no isolamento [3], [8]. O oscilograma de corrente é IAE, uma vez que há a limitação de tensão no valor de 80%
obtido através da inserção de um resistor shunt não indutivo do NBI. Após o IAE, o ensaio IA é realizado com base nas
entre o terminal de aterramento do enrolamento sob ensaio ou normas NBR 5356-3 [1] e NBR 5356-4 [4], na qual uma
tanque e o ponto de terra do gerador de impulsos. A forma da sequência de impulsos plenos com tensão reduzida e
tensão desenvolvida através da passagem da corrente pelo especificada é aplicada nos enrolamentos de alta tensão do
resistor shunt é então registrada em osciloscópios ou transformador. Impulsos cortados na cauda (2 µs a 6 µs) com
digitalizadores. Quando ocorre uma falha no dielétrico tensão reduzida e especificada são combinados com os
produzida por uma descarga entre duas partes condutoras do impulsos plenos na sequência descrita abaixo.
enrolamento, por exemplo, entre espiras, a tensão entre estas
sofre um colapso em um tempo extremamente curto. Este • 01 impulso pleno reduzido, 50% do NBI.
processo inicia uma oscilação transitória de alta frequência
que é transmitida, através das capacitâncias do enrolamento, • 01 impulso pleno, 100% do NBI.
para o ponto de terra [3]. Transitórios de alta frequência • 01 impulso cortado reduzido, 55% do NBI.
causados por falhas no isolamento são facilmente
identificados nos oscilogramas de corrente quando • 02 impulsos cortados plenos, 110% do NBI.
comparados com oscilogramas sem defeitos, obtidos para o • 02 impulsos plenos, 100% do NBI.
mesmo enrolamento.
Considera-se que o isolamento está em boas condições caso
não ocorram variações entre os oscilogramas de tensão e
III. ENSAIOS DE IMPULSO ESCALONADO E DE TENSÃO
SUPORTÁVEL DE IMPULSO ATMOSFÉRICO corrente, como mencionado acima. O ensaio IA também
possui o objetivo de validar as considerações sobre o
O IAE é baseado na aplicação de impulsos atmosféricos isolamento realizadas no ensaio IAE.
normalizados com níveis de tensão reduzidos. A forma
utilizada possui tempo de frente 1,2 µs ± 30% e tempo de A. Esquema de Conexão e Amostras Ensaiadas
cauda 50 µs ± 20%. Para reduzir o risco de descargas na A sequência de impulsos para os ensaios IA e IAE é
bucha do enrolamento ensaiado a polaridade da tensão aplicada em cada terminal de linha do enrolamento de alta
aplicada é negativa para os ensaios IAE e IA. O nível de tensão, H1, H2 e H3. Para transformadores trifásicos, os
tensão inicial do ensaio é de 30 kV e não depende da tensão terminais de alta e baixa tensão (X1, X2, X3 e X0) não
suportável de impulso atmosférico (NBI) do transformador. utilizados durante o ensaio, são curto-circuitados e aterrados
Este é o menor nível de tensão ajustável para a configuração no tanque. O mesmo procedimento é utilizado em
utilizada do gerador de impulsos com o qual foram realizados transformadores monofásicos. O condutor de aterramento é
os ensaios. A tensão é então elevada em passos de 10 kV até conectado entre o tanque e o ponto de terra do gerador de
um valor próximo de 80% do NBI. Os oscilogramas de tensão impulsos através do resistor shunt, que é selecionado para
e corrente são registrados a cada passo do ensaio no formato proporcionar uma melhor sensibilidade na indicação de falhas.
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Este esquema de conexão, denominado como “corrente de B. Resultado dos Ensaios de Impulso Escalonado
linha” [4], é apresentado na Fig. 1. A Tabela I apresenta os resultados dos ensaios IAE levando
em conta a classificação dos oscilogramas, bem como o nível
H1 H2 H3
de tensão para a primeira evidência de falha. Os
transformadores são listados na Tabela I de acordo com sua
potência nominal SN, número de fases 1F ou 3F, classe de
H1
tensão Um e NBI. Quando duas ou mais evidências de falhas
ocorrem para um transformador monofásico ou trifásico, o
X1 tipo mais severo é considerado para a classificação
apresentada na Tabela I.
TABELA II. RESULTADOS DOS ENSAIOS DE TENSÃO SUPORTÁVEL DE Comparando as Fig. 8 e 3 é possível notar uma diferença
IMPULSO ATMOSFÉRICO
no amortecimento e na frequência de oscilação da forma de
Ensaio de Tensão Suportável de Impulso Atmosférico
corrente entre os ensaios IAE e IA, para o mesmo
Condição SN, Um, NBI, Resultados Concord.
kVA kV kV
Unid.
IA
Classif.
com IAE transformador sob ensaio. Esta diferença ocorre devido aos
10, 1P 15 110 02 Falha 2 50% seguintes fatores: utilização de osciloscópios distintos,
25, 1P 25 150 04 Falha 2-3 100% resistores shunt e escalas verticais diferentes. Os osciloscópios
30, 3P 25 150 02 Falha 3-4 100% utilizados são de fabricantes diferentes e possuem processos
Novo
45, 3P 15 110 02 Falha 2-3 100% distintos para o registro do sinal de entrada após a saturação
45, 3P 25 150 04 Falha 2-3-4 100% do canal. A utilização de resistores shunt apropriados evitam
75, 3P 25 150 03 Falha 2-3-4 100% danos ao osciloscópio durante as excursões de corrente de
10, 1P 25 125 04 Falha 3-4 100% elevada amplitude nas aplicações que envolvem o corte de
Reparado
30, 3P 25 125 02 Falha 2-3-4 100% tensão. Com excursões maiores de corrente, a escala vertical é
75, 3P 15 95 02 Falha 2 100% alterada para acomodar toda a forma na tela do osciloscópio.
75, 3P 25 125 05 Falha 2-3 100% Os curtos-circuitos entre um grupo de espiras são
identificados por pulsos de alta amplitude e frequência,
As Fig. 8 a 11 mostram exemplos de oscilogramas de sobrepostos ao oscilograma de corrente, como apresentado na
tensão e corrente obtidos durante o ensaio IA. Para estes Fig. 10. Neste caso o transformador está classificado como
ensaios a escala horizontal foi fixada em 20 µs para os tipo 3 no ensaio IA, diferentemente da classificação recebida
impulsos plenos e 1 µs para os impulsos cortados. As Fig. 8 no ensaio IAE, que foi do tipo 2. Dentre os 30
e 9 apresentam o 1º e 2º impulsos cortados plenos, transformadores ensaiados, 06 unidades apresentaram curto-
classificados como tipo 2. Este é o mesmo transformador circuito franco entre o enrolamento e algum ponto aterrado no
monofásico, classificado como tipo 1 no ensaio IAE. transformador. A Fig. 11 apresenta o oscilograma para o
Comparando as Fig. 8 e 9 é possível notar que existe um primeiro impulso pleno de um transformador trifásico novo,
transitório sobreposto ao oscilograma de corrente antes do com SN=45 kVA, Um=25 kV e NBI de 150 kV, classificado
corte. Este sinal de descarga é suficiente para considerar o como tipo 4. Neste caso o impulso foi acompanhado por um
isolamento em falha. som característico originado dentro do tanque.
Fig. 8. Resultado do ensaio IA do tipo 2 – 1º impulso cortado no terminal H1, Fig. 10. Resultado do ensaio IA do tipo 3 – 3º impulso pleno no terminal H3,
sem sinais de descarga. 1-canal de tensão e 2-canal de corrente. com sinais severos de descarga. 1-canal de tensão e 2-canal de corrente.
Fig. 9. Resultado do ensaio IA do tipo 2 – 2º impulso cortado no terminal H1, Fig. 11. Resultado do ensaio IA do tipo 4 – 1º impulso pleno no terminal H3,
com sinal de descarga. 1-canal de tensão e 2-canal de corrente. com sinal de curto-circuito. 1-canal de tensão e 2-canal de corrente.
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