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METALOGRAFIA

Introdução
O controle de qualidade dos metais e ligas metálicas pode ser desenvolvido por
três métodos diferentes que são:
Ensaios físicos e mecânicos
Análise química
Exame metalográfico

Os ensaios físicos e mecânicos visam determinar valores numéricos que


caracterizam as propriedades físicas e mecânicas do material.

A análise química determina quais são os elementos e em que proporção estão


presentes no material em análise.

O exame metalográfico enfoca o metal ou liga metálica do ponto de vista de sua


estrutura procurando relacioná-la às propriedades físicas à composição, ao processo de
fabricação etc., de modo a poder prever-se o seu comportamento num determinado
emprego.

METALOGRAFIA

Como vimos, a metalografia enfoca o metal ou liga do ponto de vista de sua


estrutura e textura. Para isso esse exame é desenvolvido em secções do material,
polidas e normalmente atacadas com um reativo químico apropriado.

A metalografia é subdividida em dois campos:

a) Macrografia
b) Micrografia

Faz-se o exame metalográfico à vista desarmada (olho nu) ou utilizando-se em


aumento de até dez vezes (10X) lançando-se mão de uma lupa, este exame é dito
MACROGRÁFICO. Tem-se, assim, a MACROGRAFIA.

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Esses são feitos em uma secção do material devidamente plana e polida e, em
regra, atacada por um reativo químico apropriado.

Por meio do exame macrográfico obtém-se informações sobre a homogeneidade


do material da peça, determinação da natureza e da qualidade de certas impurezas os
processos de fabricação da peça etc.

Através do exame micrográfico pode-se observar o tamanho do grão do material,


a distribuição e forma dos constituintes da estrutura do material, tipos de constituintes etc.

Em resumo, podemos dizer que o exame metalográfico fornece dados sobre como
o material ou a peça foram obtidos e também sobre sua homogeneidade.

MACROGRAFIA

Consiste no exame do aspecto de uma superfície plana secionada de uma peça


ou amostra metálica, devidamente polida e atacada por um reagente adequado.

Os exames macrográficos visam:

a) Verificar o processo de obtenção (fundido, forjado ou laminado)


b) Constatar a existência de porosidades e segregações
c) Existência de solda
d) Zonas de solda, característica da solda

PREPARAÇÃO DO CORPO DE PROVA - CDP

Verificar qual a finalidade do exame, isto é, qual o tipo de estrutura procurada,


descontinuidade esperada, etc.
Proceder ao exame visual da peça antes do corte, procurando identificar por
aquecimento, mossas, trincas, porosidades etc.
Região da peça onde deve se localizar o corte e qual a posição de corte.
Fotografar ou desenhar a peça antes do corte.

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Os cuidados expostos acima têm como objetivo garantir que:

Foram obtidas todas as informações sobre o material a ser ensaiado.


Foram verificadas as condições de acabamento antes de se determinar a retirada
dos corpos de prova.
Se tenha em documento (fotografia ou desenho), da peça original, para nele
assinalar os pontos que se tenha de fazer referência mais tarde.
Se facilite a correta interpretação dos resultados.

MATERIAIS E MÉTODOS DE PREPARAÇÃO

A técnica de preparo de um corpo de prova de macrografia abrange as seguintes


fases:
a) Escolher a localização da secção a ser estudada
b) Lixamento
c) Ataque da superfície por um reagente químico adequado

A) Escolha e a localização a ser estudada:


É feita baseando-se em critérios para se determinar certos tipos de estrutura do
material. Aí intervém o critério do operador, que será guiado em sua escolha pela forma
da peça, pelos dados que ele quer colher e por outras considerações.
O corte do material pode ser feito segundo uma secção transversal ou seção
longitudinal.

O corte transversal é feito se o objetivo é verificar:


Se a secção é inteiramente homogênea ou não
A natureza do material (aço, ferro fundido, etc.)
A existência de vazio
A profundidade de têmpera ou cementação
Determinação de um tubo é com ou sem costura
A posição, forma e dimensões das bolhas

Um corte longitudinal será preferível quando se quer verificar, por exemplo:


O método de fabricação de uma peça (fundida, laminada ou forjada)
Se a peça foi estampada ou torneada
A solda de barras
A extensão de tratamentos térmicos superficiais

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O Corte é feito com uma serra ou um cortador de disco abrasivo. Esta operação deve ser
feita com cautela para evitar não só o encruamento em locais excessivos, como o
aquecimento.

LIXAMENTO

O lixamento é executado para meio de uma série de lixas de graduação


decrescente, com indicações que variam com os fabricantes sendo comum as seguintes:

80 – 100 – 120 – 150 – 180 – 220 – 320 – 400 – 600

O lixamento pode ser realizado mecanicamente ou manualmente.

MANUALMENTE

Apóia-se a lixa grossa numa superfície plana e atrita-se com leve pressão o CDP
sobre a lixa. Quando o sentido dos riscos estiver uniforme muda-se para a lixa seguinte
no sentido contrário aos riscos deixados pela lixa anterior até que os mesmos
desapareçam completamente e a cada mudança de lixa, limpa-se a superfície com um
pano ou algodão. Deve evitar o acabamento espelhado que dificultará o ataque e a
fotografia.

MECANICAMENTE

O CDP é aplicado por dispositivo apropriado contra a lixa, fixada em discos


giratórios e conservados numa posição mais ou menos fixas, passando-se manualmente
para a lixa seguinte quando os riscos deixados pela anterior tiverem desaparecidos.
Normalmente, não se exige para a macrografia polimento muito elevado o que
facilita sobre maneira a execução deste ensaio.

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ATAQUE DA SUPERFÍCIE POR UM REAGENTE QUÍMICO ADEQUADO

O contato do CDP com o reativo pode ser obtido:

Imersão: Mergulhando a superfície no reativo colocado num recipiente. Deve-se


agitar o reagente para homogeneizar o reativo e, principalmente, para destruir as bolhas
arrastadas mecanicamente ou formada pelas reações químicas, por estas impedirem o
ataque.

Aplicação: Aplicando-se uma camada de reativo sobre a superfície com um


chumaço de algodão fixado num bastão de vidro.

Conforme sua duração e profundidade, os ataques são classificados em lentos ou


profundos e rápidos ou superfícies. Estes últimos são os mais empregados.

Os ataques lentos visam obter uma corrosão profunda do metal, com relevo
acentuado. Empregam-se em alguns casos em que o reativo rápido não dá contraste
suficiente como em certas estruturas fibrosas.

O ataque, de acordo com o tempo de duração, é dito rápido, conforme sua


duração seja de segundos ou poucos minutos e lento, quando durar minutos, horas ou
dias.

Normalmente, durante o ataque à superfície é observada constantemente até


obter-se uma textura nítida e com detalhes para o exato resultado do ensaio.

O tempo de ataque, estando subordinado a temperatura e a composição do


material e do reativo, deve ser encarado com muito cuidado, pois tempo insuficiente
proporcionará textura fraca, pouco visível e sem detalhes e em excesso, dará textura
ofuscada e até deturpada.

Deve-se utilizar a capela quando os vapores emanados dos reativos forem


corrosivos ou tóxicos.

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Lavagem:
Interrompe-se o ataque por meio de um jato de água sobre a superfície, tendo-se
o cuidado de remover qualquer depósito formado durante o ataque.
Secagem:
Consiste em aplicar álcool ou algodão embebido em álcool sobre a superfície e
em seguida jato de ar, de preferência quente.

REATIVOS OU SOLUÇÕES DE ATAQUE


São geralmente, soluções ácidas, alcalinas, ou substâncias complexas dissolvidas
num solvente adequado, principalmente álcool e água.
O reativo para revelar uma nítida textura deve ser escolhido de acordo com a
natureza do material e dos detalhes que se quer verificar. Deve possuir determinadas
características como simplicidade de composição, estabilidade, não ser tóxico e nem
venenoso.
Numerosos são os reativos aplicados nos ensaios macrográficos, sendo que os
mais aplicados a aços carbono e aços de baixa liga.

Os reativos mais concorrentes são:

REATIVO DE ÁCIDO CLORÍDRICO

Aplicação: O CDP deve ser imerso na solução por um período de tempo suficiente para
revelar a macroestrutura.

Composição:
Ácido clorídrico (conc.) – 50ml
Água - 50ml

Revelação:
Identificar trincas, porosidades, depósito de soldas, segregação, profundidade de
têmpera etc.
REATIVO DE IODO

Aplicação:
A solução deve ser utilizada à temperatura ambiental imergindo ou aplicando com
uma mecha de algodão a solução na superfície a ser atacada, até que se tenha uma

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clara definição dos contornos da macro-estrutura. O corpo de prova deve ser imerso na
solução por um período de tempo suficiente para revelar a macroestrutura.

Composição química:
Iodo sublimado 10g
Iodeto de potássio 20g
Água 100g

Revelação:
a) Imagens que só aparecem com um simples ataque da superfície, e que
desaparecem quase por complemento com um leve repolimento
subseqüente: alterações locais ou parciais de origem térmica como
têmperas, zonas alteradas pelo calor da solda, partes cementadas etc.
b) Imagens que só revelam ou só aparecem após um leve repolimento da
superfície atacada com as imagens adquirindo maior contraste se o
repolimento for seguido de um ataque de muita curta duração:
segregação, bolhas, textura fibrosa etc.

NORMALIZAÇÃO DO MÉTODO

Os métodos para a determinação da macroestrutura de aços e de materiais


diferentes estão normalizados pelo método ASTM que também fornece os reativos mais
adequados para os vários tipos de metais.

A avaliação do resultado do ensaio depende da finalidade a que o mesmo destina,


ou seja, se o ensaio foi aplicado com a intenção de pesquisa ou de avaliar o aspecto da
macro-estrutura segundo uma norma ou especificação.

O registro dos resultados dos ensaios macrográficos pode ser feito:

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Proteção da face ensaiada do corpo de prova com uma camada de verniz
transparente.
Fotografia em tamanho natural dos resultados do ensaio, seguido de laudo ou
relatório.

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