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Ensaios macrográficos
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Ensaios Macrográficos

A macrografia consiste no exame do aspecto de uma superfície de uma

peça ou de um corpo de prova, segundo uma seção plana devidamente

lixada que, em regra, é atacada previamente por um reativo apropriado.

O aspecto, assim obtido, chama-se macro-estrutura. O ensaio é feito à

olho nu ou com auxílio de uma lupa.

O termo macrografia é também empregado para designar os

documentos (exemplos: fotos, impressões, etc.) que reproduzam a

macro-estrutura, em tamanho natural ou com ampliação máxima de 10

vezes. Para ampliações maiores emprega-se o termo micrografia,

porque são, em geral, obtidas através do microscópio.

O reativo consiste de uma solução química, cuja finalidade é reagir com

a superfície preparada revelando detalhes da macro-estrutura do

material.

Objetivos do Ensaio

Os ensaios macrográficos são executados, em geral, com o objetivo de:

• Verificar de que produto siderúrgico se trata (fundido, forjado ou


laminado) e a homogeneidade ou heterogeneidade do produto.

• Constatar a existência de descontinuidades inerentes ao próprio


metal, tais como: porosidades e segregações.

• Determinar a existência de soldas no material e do processo de


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fabricação de uma determinada peça.

• Determinar as várias zonas, de uma solda e também suas


características, tais como: número de passes, existência de goivagem
e a forma do chanfro.

Heterogeneidades

As heterogeneidades, que são indicações que podem ocorrer na macro-

estrutura, podem ser, quanto à sua origem:

• Cristalinas: devido ao modo de solidificação, crescimento cristalino e


à velocidade de esfriamento Exemplo: Granulação grosseira,
profundidade de têmpera e zona afetada pelo calor..

• Químicas: devido à segregação de impurezas, inclusões ou

constituintes que podem ser desejáveis, quando produzidas

propositalmente, como na carbonetação, nitretação, etc., ou

indesejáveis, quando ocorrem em virtude do controle imperfeito

da atmosfera dos fornos, como na oxidação e descarbonetação

dos aços, ou da falta de purificação do material na fundição, como

a segregação de enxofre (S) e fósforo (P) que, comumente, ocorre

nos aços. Exemplo: Profundidade de carbonetação; zonas


descarbonetadas; segregação, inclusões não-metálicas
especialmente de sufetos.

• Mecânicas: devido às tensões introduzidas no material pelo trabalho


a frio. Exemplo: Regiões encruadas.
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Macro-Estrutura ou Macro-Textura

A superfície, sob a ação de um reativo, pode apresentar aspectos


diversos em virtude das heterogeneidades reagirem diferentemente
ao serem atacadas. O reativo também põe em evidência, por
corrosão, descontinuidades que eram imperceptíveis, como trincas,
poros, etc.
O aspecto da textura é devido às diferentes intensidades de reflexão
da luz, pois as regiões menos afetadas pelo reativo refletem a luz
sobre o olho do observador com maior intensidade. A correta textura
é alcançada para um determinado ângulo incidente da luz.
A figura 1 mostra que a reflexão da luz causará na retina do
observador diferentes imagens; claras, pelas zonas brilhantes a,
escuras, pelas zonas corroídas b e pelas descontinuidades d, e foscas,
pelas regiões c recobertas de produtos das reações.

Figura 1: Reflexão, dispersão e absorção da luz

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Preparação dos Corpos de Prova

Cuidados preliminares

Como a obtenção dos corpos de prova para ensaio macrográfico

geralmente é feita seccionando-se peças, há uma série de cuidados

preliminares, anteriores ao corte e preparação do corpo de prova, que

se tornam necessários de serem conhecidos em razão de auxiliar nos

resultados dos ensaios. Esses cuidados são:

• Verificar qual a finalidade do ensaio, isto é, qual o tipo de


estrutura procurada, descontinuidades esperadas, etc.

• Proceder à inspeção visual da peça antes do corte, procurando


identificar, por exemplo, vestígios de solda, azulamento por
aquecimento, mossas, trincas, porosidades etc.

• Selecionar uma região da peça onde deve se localizar o corte e


qual a posição de corte.

• Definir o processo de corte a ser utilizado.

• Fotografar ou desenhar a peça antes do seccionamento.

Os cuidados expostos acima têm como objetivo garantir que:

• Foram obtidas todas as informações sobre o material a ser


ensaiado.

• Foram verificadas as condições de acabamento antes de se


determinar a retirada dos corpos de prova.

• Se tenha um plano de amostragem e retirada de corpos de prova

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(desenho), e uma forma de identificação que garanta a
localização e evidencie a verificação da traçagem e retirada de
corpos de prova, por pessoa qualificada.

• Se facilite a correta interpretação dos resultados.

Materiais e métodos de preparação

A técnica do preparo de um corpo de prova de macrografia abrange as

seguintes fases:

• Escolha e localização da seção a ser estudada;

• Obtenção de uma superfície plana e lixada no lugar escolhido; e

• Lavagem, secagem e ataque com reativo químico adequado.

Escolha e localização da seção a ser estudada

A escolha da seção a ser estudada é feita baseando-se em critérios


para determinar certos tipos de estruturas do material ou, em
normas as quais determinam o tipo de estrutura a ser ensaiada.
Assim, a seção poderá ser do tipo transversal ou longitudinal (ver
figura 2).

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Figura 2: Tipos de seções: (a) transversal e (b) longitudinal.

A seção transversal, executada perpendicularmente ao eixo principal da

peça a ser ensaiada, é indicada com o objetivo de se verificar, por

exemplo:

• Detalhes da seção transversal de uma solda, tais como número


de passes, linha de fusão, zona afetada termicamente,
descontinuidades, etc. (Figura 3 a, b, c, d e e).

• Se a seção é inteiramente homogênea ou não. (Figura 4).

• A forma e a intensidade da segregação. (Figura 5)

• Profundidade de tratamentos térmicos superficiais. (Figura 6).

• A natureza do material (ex.: aço, ferro pudlado). (Figura 7)

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Figura 3: (a) Seção transversal - Recristalização de cordões de solda


depositados por passes subsequentes numa solda multipasses -
processo eletrodo revestido; (b) Seção transversal - Trincas por
hidrogênio numa junta de ângulo soldada pelo processo eletrodo
revestido.

Figura 3 (c): Seção transversal - Zonas de junta soldada a topo chanfro


em “V”.

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Figura 3(d): Seção transversal – Defeito de falta de fusão em junta


soldada a topo.

Figura 3 (e): Seção transversal - Descontinuidade de penetração


excessiva em junta soldada a topo.

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Figura 4: Seção transversal sem ataque de cantoneiras com “restos do


vazio”. 0,75 X.

Figura 5: Seção transversal de um trilho apresentando intensa


“segregação”, bolhas e uma fissura interna no boleto. Ataque iodo.
Tamanho natural.

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Figura 6: Observa-se a vista de uma seção transversal de uma engrenagem


cementada, ao longo dos dentes e na sua superfície interna de contato com
o eixo. A macrografia revela a espessura da camada cementada (ataque;
iodo 1,5 X).

Figura 7: Observa-se a vista da seção transversal de uma cantoneira em L


de ferro pudlado ( * ), atacada pelo reativo de iodo. Tamanho natural.

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( * ) Ferro pudlado é um produto siderúrgico de baixo teor de carbono

(até 0,2 %) obtidos no estado pastoso e contendo numerosas partículas

de escória, em virtude do seu processo particular de fabricação,

pudlagem, é dada a denominação de ferro pudlado..

A seção longitudinal, executada paralelamente ao eixo principal da peça

a ser ensaiada, é indicada com o objetivo de se verificar, por exemplo:

• Processo de fabricação, ou seja, se é fundida, forjada ou


laminada. (Figuras 8, 9 e 10)

• Extensão de descontinuidades.

• Extensão de tratamentos térmicos superficiais.

• No caso de parafusos, o processo de fabricação de filetes de


rosca (usinagem ou forjamento). (Figuras 11 a e b)

Figura 8: Seção longitudinal, textura de um aço 4140 forjado, ataque


solução aquosa 50 % HCl.
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Figura 9: Seção longitudinal de uma chapa (produto laminado). Estrutura


fibrosa. Ataque iodo 2X.

Figura 10: Seção longitudinal-axial de um parafuso com porca. Ataque


iodo 2X.

Figura 11(a): Observa-se no corte, a vista da seção longitudinal axial de


um parafuso cuja rosca foi feita com tarraxa, isto é, os filetes foram
cortados do material por usinagem, como se nota pelo prosseguimento
em linha reta, das fibras do material. Ataque: Iodo. 2X.

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Figura 11 (b): Observa-se no corte, a vista da seção longitudinal axial de


um parafuso cuja rosca foi feita por rolamento, isto é, os filetes foram
prensados no material por forjamento, como se nota pela deformação
das fibras no interior dos filetes. Ataque: Iodo. 2X.

Preparação da superfície plana e polida

A obtenção da superfície compreende duas etapas: 1ª) Corte ou do

desbaste; e 2ª) Polimento.

1ª Etapa - Corte ou desbaste

O corte é feito com serra (Figura 12) ou com cortador de disco abrasivo

(Figura 13) que localiza a superfície a examinar; quando esse meio não

é viável, recorre-se ao desbaste que é praticado com o esmeril comum

ou com auxílio da plaina até atingir a região que interessa. Por meio de

uma lima fina, ou então, uma lixadeira mecânica, termina-se esta


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primeira etapa, onde é conseguido uma superfície plana, devendo esta
apresentar-se bem retificada e com a orientação desejada.

Figura 12: Corte por serramento mecânico.

Figura 13: Corte com disco abrasivo


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Todas essas operações deverão ser levadas a cabo com a devida cautela,

de modo a evitar não só encruamento excessivo de certos locais, bem

como aquecimentos a mais de 100oC em peças temperadas, fenômenos

que seriam mais tarde postos em evidência pelo ataque, perturbando a

interpretação da imagem.

A obtenção da superfície plana, através de esmeril, lima ou lixadeira

mecânica, deve ser feita com leve pressão sobre o corpo de prova e

evitando-se o aquecimento excessivo do corpo de prova, esfriando-o

continuamente em água. Em seguida, deve-se enxugá-lo para não

afetar o processo de lixamento.

Após a planificação da seção, chanfram-se os cantos, a menos que se

deseje observá-los, para evitar danos nas lixas ou acidentes com o

operador. A seguir, submete-se a superfície do c.p. à água corrente e

enxuga-se, evitando-se que as partículas abrasivas mais grossas sejam

conduzidas para o primeiro lixamento ou então, no caso de lixamento a

seco, submete-se o c.p. a um jato de ar para remover as partículas

abrasivas maiores, antes da utilização da lixa abrasiva mais fina.

Finalmente, deve-se limpar o c.p., livrando-o, em especial, de óleo ou

graxa de removedores de gordura. Os solventes orgânicos, como

benzeno, tolueno, xileno, tetracloreto de carbono e ou tricloroetileno

são bons solventes, sobretudo de óleos minerais.

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2ª Etapa - Lixamento

O lixamento é iniciado sobre lixa, em direção normal aos riscos de


lima ou de lixa grossa já existente, e é levado até o completo
desaparecimento destes. Depois, se passa para a lixa mais fina
seguinte, mudando de 90° a direção de polimento e continuando-o
igualmente até terem desaparecido os riscos da lixa anterior (Figura
14).

Figura 14: sequência do lixamento.

O lixamento é geralmente feito atritando a superfície sobre a lixa, mas

quando a peça é grande, pode-se prendê-la numa morsa, com a face a

polir voltada para cima, e passa-se então a lixa com auxílio de uma

régua.

O lixamento é executado por meio de uma série de lixas de granulação

decrescente (ver figura 15), com indicações que variam com os

fabricantes, sendo comuns as seguintes: 120, 220, 280, 320, 400, 420

e 600.

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Figura 15: Diferenças de granulometria entre lixas (aspecto foto M.E.V).

O lixamento pode ser realizado manualmente ou mecanicamente. No


lixamento manual, apoia-se a lixa mais grossa, 120, numa superfície
plana retificada, sendo muito usado o vidro, e atrita-se com leve
pressão o c.p. sobre a lixa, no sentido perpendicular aos riscos
deixados pela lima ou lixadeira mecânica, até que os mesmos
desapareçam completamente. Depois, limpa-se a superfície com um
pano ou algodão, utiliza-se a lixa seguinte, menos grossa, 220, e
lixa-se no sentido ortogonal aos riscos deixados pela lixa anterior até
que os mesmos sejam eliminados totalmente.

No lixamento mecânico, o c.p. é aplicado por dispositivo apropriado

contra as lixas fixadas em discos giratórios e conservado numa posição

mais ou menos fixa, passando-se, manualmente para a lixa seguinte

quando os riscos deixados pela anterior tiverem desaparecido.

Normalmente, não se exige para a macrografia polimento muito elevado

o que facilita sobremaneira a execução deste ensaio.


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A figura 16 mostra o aspecto da superfície lixada de um aço ABNT

1010, obtidas com emprego de M.E.V (microscópio eletrônico de

varredura).

Figura 16: Diferentes graus de lixamento de uma superfície de aço ABNT


1010 obtidas com uso do M.E.V.

Lavagem, secagem e ataque da superfície

Esta é a fase que torna visível a textura do material. A lavagem consiste

em submeter a superfície a água corrente e à fricção de algodão, com a

finalidade de deixá-la isenta de impurezas. A secagem consiste em

aplicar álcool ou algodão embebido em álcool sobre a superfície e, em

seguida aplicar jato de ar, de preferência quente. Não aplicar os dedos

sobre a superfície lixada e seca.

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O ataque pode ser realizado pelos seguintes métodos:

• Imersão - Imergindo-se a superfície no reativo colocado num

recipiente, sem encostar o corpo de prova no fundo do recipiente.

Deve-se agitar o c.p. ou o reagente para homogeneizar o reativo e,

principalmente, para destruir as bolhas arrastadas mecanicamente ou

formadas pelas reações químicas, por estas impedirem o ataque.

• Aplicação - Aplicando-se o reativo sobre a superfície com um pincel,

em um jato ou, o mais usual, um chumaço de algodão fixado por

uma pinça. Deve-se ter cuidado com a composição química do

suporte, principalmente quando esta diferir da composição química

do c.p., se o reativo for ácido e o ataque for longo, porque o seu

contato com o reativo pode, por eletrólise, depositar material

estranho na superfície do corpo de prova (Figura 17).

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Figura 17: Ataque de amostra metalográfica por aplicação


direta de solução reativa na superfície polida.

Os reativos atuam sobre as heterogeneidades por dissolução,


coloração e deposição de compostos das reações, e sobre as
descontinuidades por corrosão.

Normalmente, durante o ataque a superfície é observada


constantemente até obter-se uma textura nítida e com todos os
detalhes para o exato resultado do ensaio.

O tempo de ataque, estando subordinado à temperatura e à composição

química do material e do reativo, deve ser encarado com muito cuidado,

pois tempo insuficiente proporcionará textura fraca, pouco visível e sem

detalhes, e em excesso dará textura ofuscada e até deturpada.

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A temperatura do ataque é, comumente, a ambiente, mas pode ir até

uns 100oC quando se deseja ataques profundos, como na textura

fibrosa, dendrítica, etc.

Deve-se utilizar a capela quando os vapores emanados dos reativos

forem corrosivos ou tóxicos.

Interrompe-se o ataque por meio de um jato de água sobre a superfície,

tendo-se o cuidado de remover qualquer depósito formado durante o

ataque. Em seguida, seca-se, na presença de ar, de preferência quente.

Não se deve aplicar solvente na superfície atacada.

Cuidados na preparação

Em cada fase do processo de preparação dos corpos de prova devem ser

observados os seguintes cuidados principais:

a) Na fase de corte/lixamento → evitar têmperas, revenimentos ou


encruamentos locais, que o reativo porá em evidência e nada terão a
ver com a textura original da peça examinada.

b) Nas fases de secagem do corpo de prova → evitar a retenção de


água ou reativo nas descontinuidades, que podem vir a mascarar a
superfície em exame.

c) Na fase de ataque do c.p. com reativo ácido → além dos cuidados


com pinças ou suporte em ataques prolongados, deve-se agitar
frequentemente o c.p. ou o reativo para dispersar as bolhas que vão
se formando devido às reações químicas; nos pontos onde as bolhas

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aderem à superfície, o ataque não prossegue.

d) Na fase de ataque do c.p. através de imersão em reativo → evitar


bolhas de ar que permaneçam aderidas à superfície.

Reativos e Soluções de Ataque

São, geralmente, soluções ácidas, alcalinas ou substâncias complexas

dissolvidas num solvente adequado, principalmente álcool e água.

O reativo para revelar uma nítida textura deve ser escolhido de acordo

com a natureza do material e dos detalhes que se deseja evidenciar.

Deve possuir determinadas características, como simplicidade de

composição, estabilidade, não ser tóxico e nem venenoso.

Numerosos são os reativos empregados nos ensaios macrográficos,

sendo que os mais aplicados a aços carbono e aços de baixa liga, são os

seguintes:

Reativo de ácido clorídrico ou ácido muriático

- Composição:

Ácido clorídrico (conc.) - HCI ....................... 50 ml

Água ..............................................................50 ml

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- Aplicação:

A solução deve permanecer ou estar próxima da temperatura de

ebulição durante o ataque. O corpo de prova deve ser imerso na solução

por um período de tempo suficiente para revelar todas as

descontinuidades que possam existir na superfície de ataque.

- Revelação:

Identifica heterogeneidade, tais como segregação, regiões encruadas,

regiões afetadas pelo calor, depósitos de soldas, profundidade de

têmpera, etc. Identifica descontinuidades, tais como: trincas,

porosidades, inclusões, etc.

Reativo de Iodo

- Composição:

Iodo sublimado .................................... 10 g

Iodeto de potássio (KI) ........................ 20 g

Água .................................................... 100 g

- Aplicação:

A solução deve ser utilizada à temperatura ambiente, esfregando-se

uma mecha de algodão, embebida na solução, na superfície a ser

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atacada, até que se obtenha uma clara definição dos contornos da

macro-estrutura.

- Revelação:

Identifica as mesmas macro-estruturas que o reativo anterior,


diferenciando-se apenas no modo de obtenção das imagens.

Reativo de persulfato de amônio

- Composição:

Persulfato de amônio (NH4)2S2O8 ..................... 10 g

Água ................................................................. 100 ml

- Aplicação:

A solução deve ser usada à temperatura ambiente esfregando-se uma

mecha de algodão, embebida na solução, na superfície a ser atacada.

Proporciona excelente contraste.

- Revelação:

Identifica soldas, segregação, texturas cristalinas e fibrosas.

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Reativo Nital

- Composição:

Ácido nítrico (conc.) HNO3 ................... 5 ml

Álcool Etílico ........................................ 95 ml

- Aplicação:

A solução deve ser usada à temperatura ambiente.

- Revelação:

É indicado para a localização de soldas, segregação, trincas,

profundidades de têmpera, etc.

Avaliação e Registro dos Resultados

A avaliação do resultado depende da finalidade a que o mesmo se

destina, ou seja, se o ensaio foi aplicado com a intenção de pesquisa ou

de avaliar o aspecto da macro-estrutura segundo uma norma ou

especificação.

O código ASME seção IX, por exemplo, exige, para qualificação de

procedimentos de soldagem de soldas em ângulo, que a macro-

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estrutura da seção transversal, compreendida pelo metal de solda e

zona afetada termicamente esteja com fusão completa e livre de trincas.

O registro dos resultados dos ensaios macrográficos pode ser feito de

três formas distintas, que são:

1º) Proteção da face ensaiada do corpo de prova com uma camada de

verniz transparente.

2º) Macrofotografia que é a reprodução fotográfica da macroestrutura.

Trata-se do documento que reproduz e conserva, em tamanho

natural ou não, os resultados do ensaio.

3º) Método de Baumann que, semelhante à fotografia, utiliza-se de

papel fotográfico para registrar a macroestrutura. Em resumo, o

método consiste em preparar o papel fotográfico através de imersão

em banhos químicos, colocando-o a seguir sobre a superfície

preparada do corpo de prova. Após isto, o papel fotográfico é

mergulhado num fixador químico e depois lavado em água corrente.

Não é um método adequado para reproduzir a macroestrutura, mas é

indicado para detectar regiões ricas de enxofre nos aços. Não há uma

relação bem definida entre a intensidade das imagens produzidas

pela impressão de Baumann e o teor de enxofre, mesmo mantidas

constantes todas as condições do ensaio: concentração da solução,

temperatura ambiente, duração de aplicação, qualidade do papel,

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Ensaios macrográficos
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etc.; entretanto, de um modo geral, impressões muito escuras ou

muito claras correspondem, respectivamente, a materiais com muito

ou pouco enxofre.

Normalização do Método

Os métodos para determinação da macroestrutura de aços e de

materiais diferentes de aço, estão normalizados pelo método ASTM E

340, que também fornece os reativos mais adequados para os vários

tipos de metais.

______________________________________________________________________

Você estudou neste texto que os ensaios macrográfios correspondem

por submeter uma macroestrutura de uma peça ou corpo de prova a um

exame sob a ação de um reativo, cuja finalidade é desvelar detalhes do

aspecto do material. Segundo esse exame, vê-se que dentre as

funcionalidades desses ensaios está à vantagem de contribuir para a

verificação do produto siderúrgico e para a constatação de

descontinuidades próprias do metal.

Teste agora o seu nível de compreensão do texto respondendo às

questões de revisão. Caso seja necessário releia o texto e/ou recorra

aos tutores para resolver suas dúvidas.

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Ensaios macrográficos
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Questões de Revisão

1 - A ação de um reativo em uma superfície é capaz de evidenciar

diversos aspectos da macro-estrutura, devido à reatividade das

heterogeneidades ao serem atacadas. Explique a relação entre as

Heterogeneidades e os Reativos em uma macro-estrutura, partindo de

suas definições e aproveite para estabelecer as alterações ocasionadas

pela incidência dos reativos.

2 - Uma série de cuidados devem ser adotados no ensaio macrográfico

tanto para a obtenção quanto na preparação do corpo de prova.

Explicite quais são os cuidados e objetivos a serem considerados no

caso de obtenção do corpo de prova e no caso de preparação do corpo

de prova.

3 – É conhecido que a técnica de preparo do corpo de prova de

macrografia envolve a fase da Escolha e localização da seção a ser

executada, a fase da Realização de uma superfície plana e lixada no

lugar escolhido e a fase da Lavagem, secagem e ataque como reativo

químico adequado. Considerando as seguintes fases:

a) Quais são os critérios adotados durante a fase da escolha da


seção?

b) O que corresponde à seção transversal e seção longitudinal?

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c) Como ocorre a primeira e segunda etapa da fase da preparação da
superfície e quais os cuidados a serem adotados em cada etapa?

d) Em que consiste a terceira fase da técnica?

e) O que deve ser considerado com relação ao tempo de duração do


ataque na terceira fase da técnica?

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