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Ultrassom 
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Ensaio por Ultrassom

Sons extremamente graves ou agudos, podem passar desapercebidos

pelo aparelho auditivo humano, não por deficiência do mesmo, mas por

caracterizarem vibrações com frequências muito baixas, até 20Hz

(infrassom) ou com frequências muito altas acima de 20 kHz (ultrassom),

ambas inaudíveis.

Os sons produzidos em um ambiente qualquer, refletem-se ou

reverberam nas paredes que consistem o mesmo, podendo ainda ser

transmitidos a outros ambientes. Fenômenos como este, apesar de

simples e frequentes em nossa vida cotidiana, constituem os fundamentos

do ensaio ultrassônico de materiais.

Assim como uma onda sonora reflete ao incidir num anteparo qualquer, a

vibração ou onda ultrassônica, ao percorrer um meio elástico, refletirá da

mesma forma, ao incidir numa descontinuidade ou falha interna a este

meio considerado. Através de aparelhos especiais, detectamos as

reflexões provenientes do interior da peça examinada, localizando e

interpretando as descontinuidades.

A figura 1 mostra o princípio básico da inspeção de materiais por

ultrassom.

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Figura 1: Princípio básico da inspeção por ultrassom.

O ensaio por ultrassom caracteriza-se num método não destrutivo que

tem por objetivo a detecção de defeitos ou descontinuidades internas,

presentes nos mais variados tipos ou forma de materiais ferrosos ou não-

ferrosos. Tais defeitos são caracterizados pelo próprio processo de

fabricação da peça ou componentes a ser examinada como, por exemplo:

bolhas de gás em fundidos, dupla laminação em laminados, micro-trincas

em forjados, escórias em uniões soldadas e muitos outros.

Portanto, o exame ultrassônico, assim como todo exame não destrutivo,

visa diminuir o grau de incerteza na utilização de materiais ou peças de

responsabilidade.

Na inspeção de soldas por ultrassom, um feixe sônico (energia mecânica

sob a forma de ondas com frequência acima de 20 KHz), cujas

características devem ser compatíveis com a estrutura do material a ser

ensaiado, ao ser introduzido num ângulo favorável em relação a uma


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descontinuidade, encontra uma interface sendo refletido pela mesma,

com consequente registro na tela do aparelho, como um pico (eco). Na

figura 2 estão sendo mostrados exemplos do ensaio de ultrassom.

Figura 2: inspeção por ultrassom em conexão soldada e em um


virabrequim.

Como já vimos, o teste ultrassônico de materiais é feito com o uso de

ondas mecânicas ou acústicas colocadas no meio em inspeção, ao

contrário da técnica radiográfica, que usa ondas eletromagnéticas.

Qualquer onda mecânica é composta de oscilações de partículas discretas

no meio em que se propaga. A passagem de energia acústica no meio faz

com que as partículas que compõem o mesmo, executem o movimento de

oscilação em torno da posição de equilíbrio, cuja amplitude do movimento

será diminuída com o tempo em decorrência da perda de energia

adquirida pela onda.

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Se assumirmos que o meio em estudo é elástico, ou seja, que as

partículas que o compõem, apesar de rigidamente ligadas, podem oscilar

em qualquer direção, então podemos classificar as ondas acústicas

conforme o seu movimento.

No ensaio de materiais por ultrassom existem diversos tipos de ondas

sônicas, que dependem do tipo de excitação e da forma do material,

porém as mais importantes são as ondas longitudinais e transversais.

Ondas longitudinais (Ondas de compressão):

São ondas cujas partículas oscilam na direção de propagação da onda,

podendo ser transmitidas a sólidos, líquidos e gases (figura 3).

Figura 3: Ondas longitudinais.

Pelo desenho nota-se que o primeiro plano de partículas vibra e transfere

sua energia cinética para os próximos planos de partículas, e passam a

oscilar. Desta maneira, todo o meio elástico vibra na mesma direção de

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propagação da onda (longitudinal), e aparecerão “zonas de compressão” e

“zonas diluídas”. As distâncias entre duas zonas de compressão

determinam o comprimento de onda.

Ondas Transversais (Ondas de Cisalhamento):

Uma onda transversal, também chamada de onda de cisalhamento, é

definida, quando as partículas do meio vibram na direção perpendicular a

de propagação. Neste caso, observamos que os planos de partículas,

mantem-se na mesma distância um do outro, movendo-se apenas

verticalmente (figura 4).

Figura 4: Ondas transversais.

As partículas oscilam na direção transversal à direção de propagação,

podendo ser transmitidas somente a sólidos. As ondas transversais são

praticamente incapazes de se propagarem nos líquidos e gases, pelas


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características das ligações entre partículas, destes meios. O comprimento

de onda é a distância entre dois “vales” ou dois “picos”.

O ensaio pela técnica pulso-eco consiste basicamente de pulsos de alta

frequência (*), emitidos pelo cristal, que caminham através do material.

Estes pulsos refletem quando encontram uma descontinuidade ou uma

superfície do material. Esta energia mecânica (ecos de som) é recebida de

volta pelo cristal que transforma o sinal mecânico em sinal elétrico, que é

visto na tela do aparelho (ver esquema na figura 5 e o detalhamento da

chegada do feixe sônico na descontinuidade na figura 5a).

(*)Nota - “Frequência”

As ondas acústicas ou som propriamente dito são classificados de acordo

com suas frequências e medidos em ciclos por segundo, ou seja, o

número de ondas que passam por segundo pelos nossos ouvidos. A

unidade “ciclos por segundos” é normalmente conhecida por “Hertz”,

abreviatura “Hz”.

Assim sendo, se tivermos um som com 280 Hz, significa que por

segundo passam 280 ciclos ou ondas por nossos ouvidos. As frequências

acima de 20.000 Hz são inaudíveis, denominadas frequência ultrassônica.

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Figura 5: Forma mais comum da inspeção ultrassônica pela técnica pulso-


eco. O traço na tela representa as reflexões ocorridas: a primeira (à
esquerda) ocorre na passagem do feixe do cabeçote para a peça, a do
meio é devida à descontinuidade e, a da direita resulta na reflexão no lado
oposto da peça.

Figura 5a : Detalhe da chegada do feixe sônico na descontinuidade. Da esquerda


para a direita: feixe sonoro antes de atingir a descontinuidade; no momento em
que atinge a descontinuidade; pulsos sonoros refletidos e, recebimento pelo
cabeçote do pulso sonoro refletido.

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Nas figuras 6 e 6a são mostrados exemplos de, respectivamente, aparelho

básico de ultrassom e aparelho digital de ultrassom ambos da marca

Krautkramer.

Figura 6: Exemplo de aparelho básico de ultrassom.

Figura 6a: Exemplo de aparelho digital de ultrassom.

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Requisitos básicos para o ensaio

• Operador treinado e qualificado;

• Norma técnica e procedimento;

• Aparelho de ultrassom;

• Transdutores;

• Acoplante;

• Blocos de calibração e de referência;

• Material a ser ensaiado.

Transdutores

Os transdutores utilizados na construção dos cabeçotes de ultrassom são

os responsáveis pela transmissão de energia mecânica para a peça, e

também são eles que transformam a energia mecânica recebida, no sinal

elétrico que é visto na tela do aparelho.

Um transdutor transforma uma tensão pulsante de alta frequência em

energia mecânica (vibracional) e vice-versa. O transdutor é um cristal

especial polarizado, que muda de dimensão quando uma tensão elétrica é

aplicada (efeito piezoeléctrico). Quando a tensão é aplicada, o cristal

aumenta ligeiramente de espessura, e quando a tensão é retirada, o cristal

retorna à sua espessura original. Quando o cristal é ligado a um gerador

de pulsos de alta frequência, o cristal aumenta e diminui de espessura em

ressonância com os pulsos de tensão. Se o cristal for acoplado à superfície

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de uma peça de aço, ele vai agir como um "martelo" ultrassônico. O som

ou energia vibracional é transmitido, através do aço, em uma linha

relativamente reta, a uma Frequência tão alta que não se pode ouvi-lo, e a

uma amplitude tão pequena que não se pode senti-la.

Aos cristais que se deformam em função de uma tensão elétrica aplicada,

e que geram uma tensão elétrica quando deformados, dá-se o nome de

cristais piezoeléctricos.

Na figura 7 estão sendo mostrados um conjunto de cabeçotes

transdutores.

Figura 7: Exemplos de cabeçotes transdutores de ultrassom.

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Tipos de Ondas Sônicas

A parte da física que estuda o som denomina-se acústica, na mesma são

descritos os fenômenos relacionados às oscilações mecânicas (vibrações)

que originam as ondas sonoras ocorrentes, bem como a propagação das

ondas nos sólidos, líquidos e gases.

As ondas sonoras são ondas periódicas, classificadas em audíveis (entre

20 Hz e 20KHz) e inaudíveis, dependendo dos períodos que ocorram na

unidade de tempo (frequência).

No caso dos ensaios de ultrassom, as ondas sônicas são transmitidas a

uma frequência entre 1 e 20 MHz (entre 1 milhão e 20 milhões de Hertz).

Nota.: Hertz (Hz) é a unidade de frequência que expressa o número de

ciclos por segundo. 1 Hz = 1 ciclo por segundo.

Cabeçotes

Cabeçote Normal

Compõe-se basicamente de um cristal piezoeléctrico, disposto em um

plano paralelo ao plano da peça a ser examinada, conforme apresentado

na figura 8.

São assim chamados os cabeçotes monocristal geradores de ondas

longitudinais normais à superfície de acoplamento. Os transdutores

normais são construídos a partir de um cristal piezoeléctrico colado num


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bloco rígido denominado de amortecedor com sua parte livre protegida

ou por uma membrana de borracha ou por uma resina especial. O bloco

amortecedor tem função de servir de apoio para o cristal e absorver as

ondas emitidas pela face colada a ele.

O transdutor emite um pulso ultrassônico que atravessa o material a

inspecionar e reflete nas interfaces, originando o que chamamos “ecos”.

Estes “ecos” retornam ao transdutor e geram, no mesmo, o sinal elétrico

correspondente.

Figura 8: Cabeçote Normal.

Cabeçote Angular

Na inspeção de soldas, a existência do reforço da solda dificulta o

acoplamento e o uso de cabeçotes retos (nos quais o feixe sônico entra na

peça perpendicularmente à superfície de contato). Neste caso, é comum o

uso de cabeçotes angulares (o feixe sônico penetra com um ângulo

determinado diferente de 90 0).

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O cabeçote angular é composto basicamente de um cristal piezoeléctrico

disposto em ângulo em relação ao plano da peça a ser examinada,

conforme apresentado nas figuras 9 e 9a.

Opera-se normalmente com diversos ângulos (35, 45, 60, 70 e 80 graus),

sendo que os mais usuais são os de 45 0, 60 0 e 70 0.

Figura 9: Cabeçote angular.

Figura 9a: Esquema de emprego de cabeçote angular em inspeção de


solda.

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Cabeçote Duplo-Cristal

Compõe-se basicamente de dois cristais piezoeléctricos, um agindo como

emissor e outro como receptor, dispostos em um plano aproximadamente

paralelo ao da peça a ser examinada ou focados num ponto situado a uma

distância determinada, conforme apresentado na figura 10.

Existem problemas de inspeção que não podem ser resolvidos nem com

transdutores retos nem com angulares. Quando se trata de inspecionar ou

medir materiais de reduzida espessura, ou quando se deseja detectar

descontinuidades logo abaixo da superfície do material, a “zona morta”

existente na tela do aparelho impede uma resposta clara. O cristal

piezoeléctrico recebe uma “resposta” num espaço de tempo curto após a

emissão, não tendo suas vibrações sido amortecidas suficientemente.

Neste caso, somente um transdutor que separa a emissão da recepção

pode ajudar. Para tanto, desenvolveu-se o transdutor de duplo cristal.

Neste transdutor, dois cristais são incorporados na mesma carcaça,

separados por um material acústico isolante, devendo os mesmos estar

levemente inclinados em relação à superfície de contato. Cada um deles

funciona somente como emissor ou somente como receptor, sendo

indiferente qual deles exerce qual função. São conectados ao aparelho de

ultrassom por um cabo duplo; o aparelho deve ser ajustado para trabalhar

agora com 2 cristais.

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O transdutor duplo-cristal é o mais indicado e largamente utilizado nos

procedimentos de medição de espessura por ultrassom. Na figura 10a

está sendo apresentado um exemplo de medidor de espessura duplo-

cristal do tipo digital.

Figura 10: Cabeçote duplo cristal.

Figura 10a: Medidor de espessura digital com transdutor duplo cristal.

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Acoplante

O acoplante é qualquer substância (usualmente líquida, semilíquida ou

pastosa), introduzida entre o cabeçote e a superfície da peça em inspeção

com o propósito de transmitir vibrações de energia ultrassônica entre

ambos. Ele tem a finalidade de fazer com que a maior parcela possível de

som seja transmitida do cabeçote à peça e vice-versa, o que não

aconteceria se existisse ar entre o cabeçote e a peça.

Ao acoplarmos o transdutor sobre a peça a ser inspecionada,

imediatamente se estabelece uma camada de ar entre a sapata do

transdutor e a superfície da peça. Esta camada de ar impede que as

vibrações mecânicas produzidas pelo transdutor se propaguem para a

peça em razão das características acústicas (impedância acústica) muito

diferente do material a inspecionar.

Por esta razão, deve-se usar um líquido que estabeleça uma redução

desta diferença, e permita a passagem das vibrações para a peça. Tais

líquidos, denominados líquido acoplante são escolhidos em função do

acabamento superficial da peça, condições técnicas e tipo da peça. Os

acoplantes mais utilizados são: óleo diesel, água, glicerina, óleo SAE 20

ou 30 e carbox metil celulose (15g/l).

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Tipos usuais de ensaio por ultra-som

Medição de Espessura

Como o próprio nome diz, é o ensaio que visa determinar a espessura de

uma peça.

O ensaio é feito normalmente com o auxílio de cabeçotes duplo-cristal,

depois de calibrado o aparelho. Esta calibração é feita em blocos de

dimensões padronizadas, de material similar ao da peça a ser medida.

Detecção de Dupla-Laminação

É o ensaio feito em chapas, a fim de se detectar as duplas-laminações

porventura existentes.

Esta modalidade de ensaio é muito útil na orientação do plano de corte de

chapas.

O ensaio é feito com o auxílio de cabeçotes normal e/ou duplo-cristal,

após feita a calibração da escala e a determinação da sensibilidade do

ensaio.

Inspeção de Solda

É a modalidade de ensaio que visa detectar descontinuidades oriundas de

operações de soldagem, tais como, falta de penetração, falta de fusão,

inclusões de escória, poros, porosidades, trincas e trincas interlamelares.

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O ensaio é feito com o auxílio de cabeçotes normal e/ou duplo-cristal e

cabeçotes angulares, depois de feita a calibração da escala e a

determinação da sensibilidade do ensaio.

É usual o traçado, sobre a tela do aparelho, de curvas denominadas curvas

de referência, que servem para avaliar as descontinuidades existentes.

Estas curvas são traçadas, a partir de refletores padronizados, de acordo

com a norma de projeto ou de construção e montagem do equipamento.

Calibração da escala do aparelho e determinação da


sensibilidade do ensaio

Calibração da escala

Os ajustes do ganho, energia, supressor de ruídos, normalmente são

efetuados baseado em procedimentos específicos, entretanto a

calibração da escala pode ser feita, previamente independente de outros

fatores. Calibrar a escala significa mediante a utilização de blocos

especiais denominados “blocos padrões”, onde todas as dimensões e

formas são conhecidas e calibradas, permitindo ajustar os controles de

velocidade e zeragem, concomitantemente até que os ecos de reflexão

permaneçam em posições definidas na tela do aparelho,

correspondentes ao caminho do som no bloco padrão. Tais blocos são

construídos de materiais que permitem o exame ultrassônico em aço

carbono não ligado ou de baixa liga, com velocidade sônica de 5920

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+/- 30 m/s para ondas longitudinais e 3255 +/- 15 m/s para ondas

transversais.

Figura 11: Calibração da escala.

Calibração da sensibilidade do aparelho

A sensibilidade do aparelho deve ser calibrada através de um bloco com

espessuras e furos de referência calibrados e de material acusticamente

similar à peça a ser ensaiada. Caso a calibração do aparelho seja feita

em bloco e peça de materiais dissimilares, isto afetará a precisão das

medidas efetuadas.

A figura 12 descreve o bloco básico de calibração recomendado pela

norma “ASME Boiler and Pressure Vessel Code - Seção V Artigo 4” (usado

para estabelecer a sensibilidade do ensaio pelo ajuste do controle de

ganho do aparelho, que deve ser fabricado com mesmo acabamento

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superficial da área de varredura. Este bloco é válido para superfícies

planas ou com curvaturas maiores que 20 polegadas de diâmetro.

Figura 12: Bloco básico de calibração.

Sequência de Ensaio

Medição de Espessura

Etapa Descrição
1 Verificar o tipo de material a ser inspecionado;

2 Escolher o aparelho e cabeçote de acordo com o


procedimento qualificado;
3 Calibrar o aparelho em bloco padrão, de material similar ao da
peça a ser inspecionada e espessura dentro da faixa
recomendada;
4 Preparar a superfície tomando os devidos cuidados para peças
de aços inoxidáveis austeníticos e ligas de níquel;
5 Aplicar o acoplante;
6 Posicionar o cabeçote;
7 Efetuar a leitura;
8 Relatar os resultados.

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Detecção de Dupla-Laminação

Etapa Descrição

1 Verificar o tipo de material e espessura do material a ser


inspecionado;

2 Escolher o aparelho e cabeçote conforme procedimento


qualificado;

3 Calibrar a escala conforme procedimento qualificado;

4 Ajustar a sensibilidade do ensaio conforme procedimento


qualificado;

5 Preparar a superfície tomando os devidos cuidados para peças


de aço inoxidável austenítico e ligas de níquel;

6 Aplicar o acoplante;

7 Executar a inspeção;

8 Relatar os resultados.

Inspeção de Solda

Etapa Descrição
1 Verificar o tipo e espessura do material a ser inspecionado;
2 Escolher o aparelho e cabeçote a serem utilizados, conforme
procedimento qualificado;
3 Determinar a área de varredura para os cabeçotes angulares,
de modo que toda a solda seja inspecionada;
4 Calibrar a escala para os cabeçotes normal e/ou duplo-cristal;
5 Ajustar a sensibilidade de inspeção conforme procedimento
qualificado;
6 Preparar a superfície, tomando os devidos cuidados para
peças de aço inoxidável austenítico e ligas de níquel;
7 Aplicar o acoplante;
8 Examinar a área de varredura dos cabeçotes angulares;
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9 Calibrar a escala para os cabeçotes angulares;
10 Traçar as curvas de referência para os cabeçotes angulares;
11 Ajustar a sensibilidade de inspeção conforme procedimento
qualificado;
12 Aplicar o acoplante;
13 Efetuar a inspeção;
14 Relatar os resultados.

Vantagens

• Pode ser executado em materiais metálicos e não metálicos.


• Não necessita, para inspeção, do acesso por ambas as superfícies da
peça.
• Permite localizar e dimensionar com precisão as descontinuidades.
• É um ensaio mais rápido do que a radiografia.
• Pode ser executado em juntas de geometria complexa, como nós de
estruturas tubulares.
• Não requer paralisação de outros serviços durante a sua execução e
não requer requisitos rígidos de segurança, tais como os requeridos
para o ensaio radiográfico.

Limitações e Desvantagens

• Não se aplica em peças cuja forma, geometria e rugosidade superficial


impeçam o perfeito acoplamento do cabeçote à peça.
• O grão grosseiro de certos metais de base e de solda (particularmente
ligas de níquel e aço inoxidável austenítico) pode dispersar o som e
causar sinais que perturbem ou impeçam o ensaio.
• Materiais com alta atenuação acústica (madeira, concreto, certos
fundidos), ou em alta temperatura, são ensaios de difícil realização;

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• O reforço da raiz, cobre-juntas e outras condições aceitáveis podem
causar indicações falsas.
• Peças pequenas ou pouco espessas são difíceis de inspecionar.
• O equipamento de ultrassom é caro.
• Os inspetores de ultrassom requerem, para sua qualificação, de maior
treinamento e experiência do que para os outros ensaios não-
destrutivos.
• A melhor detecção da descontinuidade depende da orientação do
defeito na solda.
• A identificação do tipo de descontinuidade requer grande treinamento
e experiência, porém mesmo assim não é totalmente segura.

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Você estudou neste texto que o ensaio por ultrassom visa descobrir

descontinuidades internas através de ondas mecânicas e/ou acústicas

colocadas no interior da peça examinada durante a inspeção. Com este

ensaio é possível detectar os mais variados defeitos de peças de

material ferroso e não-ferrosos, muitas vezes ocasionadas pelo

processo de fabricação ou componente a ser examinado.

Teste agora o seu nível de compreensão do texto respondendo às

questões de revisão. Caso seja necessário releia o texto e/ou recorra

aos tutores para resolver suas dúvidas.

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Questões de Revisão

1 - Existem diversos tipos de ondas sônicas que podem ser utilizadas

no ensaio por ultrassom, contudo as mais recorrentes são as Ondas

Longitudinais e as Ondas Transversais. Estabeleça a diferença entre

esses dois tipos de ondas a partir de suas definições.

2 – O procedimento do ensaio por ultrassom requer uma série de

requisitos básicos para que o ensaio possa ser realizado. Dentre os

requisitos que devem estar presente estão os Trandustores, Cabeçotes e

Acoplantes. No que tange esses requisitos básicos:

a) No que consiste os Transdutores e qual a sua funcionalidade?

b) Informe os tipos de cabeçotes usualmente utilizados na inspeção,


não se esquecendo de apresentar suas conceituações.

c) O que corresponde os Acoplantes e qual a sua finalidade?

3 – Descreva como se realizam cada uma das principais técnicas que

podem ser utilizadas no ensaio por ultrassom, detalhando a sequência

de seus ensaios.

4 – A localização e interpretação das falhas nos ensaios por ultrassom é

realizado mediante o uso de aparelhos especiais. A respeito desses

aparelhos, explique o que seriam:

(a) Calibração da escala; (b) Calibração da Sensibilidade do Aparelho.

Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem | ‐ FBTS 
Este texto complementar é parte integrante do material on line disponibilizado para o Curso de Inspetor 
de Soldagem 
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