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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE

CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
CIV 365 – MATERIAIS NA ARQUITETURA

RELATÓRIO 2

ENSAIOS EM REVESTIMENTO CERÂMICO DE PISOS E PAREDES: USO DE


MATERIAIS DE BOA QUALIDADE

CAMILY EDUARDA GOMES DA SILVA - 108119

Relatório apresentado ao Departamento de Engenharia


Civil da Universidade Federal de Viçosa, como parte das
exigências propostas pela disciplina CIV 365 – Materiais
na Arquitetura.

Professores: Leonardo Gonçalves Pedroti

Maria Cláudia Sousa Alvarenga

Viçosa – MG

2024
RESUMO

Este estudo teve como propósito avaliar a qualidade de revestimentos cerâmicos por
meio de uma série de ensaios físicos e mecânicos, conforme as normas técnicas
brasileiras ABNT NBR 13006 e ABNT NBR 14081. Os procedimentos experimentais
envolveram testes de resistência à flexão, absorção de água e aderência à argamassa
colante, realizados com cuidado e precisão para garantir resultados confiáveis. Ao
interpretar os resultados obtidos, constatou-se que as amostras não atenderam
plenamente aos critérios estabelecidos pelas normas, sugerindo possíveis falhas nos
procedimentos de instalação ou na qualidade dos materiais. Essas descobertas
ressaltam a importância crucial de realizar testes rigorosos para assegurar a segurança
e a qualidade das construções. Dessa forma, fica evidente a necessidade de adotar
práticas cuidadosas e padrões de excelência na execução das obras, visando prevenir
problemas futuros e garantir a durabilidade das estruturas construídas.

Palavras-chave:revestimentos cerâmicos; resistência à flexão; aderência à argamassa


colante.
SUMÁRIO

1. Considerações Preliminares 3
1.1. Introdução 3
1.2. Objetivos 3
2. Procedimentos Experimentais 4
2.1. Materiais 4
2.2. Métodos 4
2.2.1. Resistência à flexão 4
2.2.2. Absorção de água em placa cerâmica 5
2.2.3. Resistência de aderência à tração em argamassa colante 6
3. Resultados e Discussões 8
3.1. Análise de ensaios de resistência à flexão 8
3.2. Análise de ensaios de absorção de água 9
3.3. Análise de ensaios de resistência de aderência à tração em argamassa colante 10
4. Considerações Finais 15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 17
ANEXOS 18
3
1. Considerações Preliminares
1.1. Introdução

O revestimento cerâmico, um material amplamente difundido e de


grande importância na construção, requer um projeto detalhado e especificações técnicas
adequadas para cada situação. A integração das diversas camadas do sistema visa evitar
a ocorrência de esforços internos excessivos, que poderiam resultar em problemas como
fissuras e perda de aderência. O sucesso na aplicação destes revestimentos está
intrinsecamente ligado a fatores como um planejamento detalhado, a utilização de
materiais de alta qualidade e uma execução meticulosa, além de uma manutenção
adequada ao longo do tempo. Os diferentes tipos de revestimentos cerâmicos disponíveis
atendem a uma variedade de necessidades específicas, desde resistência ao tráfego
intenso em espaços comerciais até a proteção contra produtos químicos em ambientes
laboratoriais. O destaque global do Brasil na produção desse revestimento evidencia a
importância e a qualidade do setor. Segundo a ANFACER, em 2018, o país ocupou a
terceira posição em produção e consumo no mundo, com polos produtores distribuídos
em várias regiões. Dessa forma, é essencial observar os requisitos mínimos de
desempenho para cada aplicação, assegurando que o revestimento desempenhe sua
função de forma eficiente e duradoura.

1.2. Objetivos

O objetivo deste trabalho é analisar os resultados obtidos nos ensaios de


resistência à flexão, de absorção de água e de aderência à tração em argamassa colante
em amostras representativas de revestimentos cerâmicos de acordo com a norma técnica
brasileira ABNT NBR 13006 e ABNT NBR 14081.O objetivo específico envolve a
conclusão a respeito da classificação das placas cerâmicas a fim que se garanta os
padrões técnicos e a qualidade da construção.
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2. Procedimentos Experimentais

2.1. Materiais

Os materiais utilizados para os ensaios dos revestimentos cerâmicos incluem


estufa capaz de manter a temperatura entre (110 ± 5)°C, prensa manual e apoios
metálicos de formato cilíndrico. Para a preparação dos corpos de prova, são necessárias
uma escova dura, um pano úmido e dispositivo de corte para materiais cerâmicos. Além
disso, para os ensaios de absorção, é utilizado recipiente com água destilada de maneira
que o nivel de agua esteja 5cm acima das placas, enquanto para os ensaios de aderência
à tração em argamassa colante, é necessária equipamento de tração e pastilha metálica.

2.2. Métodos

2.2.1. Resistência à flexão

Inicialmente, é necessário limpar os corpos de prova utilizando uma escova dura


para remover qualquer partícula solta. Em seguida, o material a ser ensaiado é colocado
em uma estufa aquecida a uma temperatura específica até que sua massa se estabilize.
Após esse processo, o corpo de prova é deixado esfriar até atingir a temperatura
ambiente dentro da estufa e, em seguida, ele deve ser ensaiado dentro de um prazo
máximo de 26 horas.
Após a conclusão das medições das peças, o corpo de prova é posicionado sobre
apoios, com a superfície de uso voltada para cima e a largura alinhada de forma paralela
aos apoios. É importante deixar uma parte para fora da barra de apoio. No caso de uma
placa cerâmica sem relevo no verso, não há distinção quanto à face a ser colocada para
cima. Contudo, se houver um relevo uma segunda camada de borracha deve ser inserida
sob a barra central que entra em contato com o relevo.
A barra central deve ser posicionada de forma a ficar equidistante dos apoios e a
força aplicada deve ser gradual, para obter uma velocidade de aumento de carga de
aproximadamente (1 ± 0,2) MPa/s. O módulo de resistência à flexão e a carga de ruptura
são dados,respectivamente, pelas equações:
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2. Procedimentos Experimentais

3𝐹× 𝐿 𝐹×𝐿
𝑀𝑅𝐹 = 2𝑏×ℎ²𝑚𝑖𝑛
(N/mm²) e 𝐶𝑅 = 𝑏
(N)

Onde:
MRF é o módulo de resistência à flexão;
CR = carga de ruptura;
F é a força de ruptura;
L é a distância entre as barras de apoio;
b é a largura do corpo-de-prova;
ℎ𝑚𝑖𝑛 é a mínima espessura do corpo-de-prova.

Este processo garante que o ensaio seja realizado de forma controlada e precisa,
levando em consideração as características específicas do material cerâmico.

2.2.2. Absorção de água em placa cerâmica

Para o teste de absorção, é necessário determinar a massa seca (𝑚𝑠) do material.

Primeiramente, o material deve ser cuidadosamente colocado em uma estufa até atingir
uma massa estável. Em seguida, deve-se deixá-lo esfriar naturalmente até atingir a
temperatura ambiente.
Posteriormente, a água é levada à fervura e mantida nesse processo por duas
horas. Então, os corpos de prova são mergulhados na água fervente, garantindo que
estejam submersos, porém sem tocarem uns nos outros. Após a remoção da fonte de
calor, os corpos de prova são deixados em água circulante à temperatura ambiente para
alcançar o equilíbrio. Com muito cuidado, as superfícies dos corpos de prova são
levemente secas com um pano levemente úmido. Logo após essa etapa, pesa-se cada
placa do material saturado (𝑚𝑢) para determinar sua absorção, dada pela equação:
𝑚𝑢−𝑚𝑠
𝐴𝐴(%) = 𝑚𝑠
× 100
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2. Procedimentos Experimentais

2.2.3. Resistência de aderência à tração em argamassa colante

De acordo com as diretrizes estabelecidas pela ABNT NBR 14081-1:2012, às


argamassas colantes representam produtos industriais em sua forma seca, compostos
primariamente por cimento Portland, agregados minerais e aditivos químicos. Quando
misturadas com água, essas argamassas transformam-se em uma consistência viscosa,
plástica e altamente aderente, ideal para o processo de assentamento de placas
cerâmicas em operações de revestimento. Uma variedade de tipos de argamassas
colantes está disponível, cada um com atributos específicos direcionados para diferentes
contextos de aplicação: a AC I, apropriada para revestimentos internos, com exceção de
áreas como saunas e churrasqueiras; a AC II, desenvolvida para aplicação em pisos e
paredes internos e externos sujeitos a variações climáticas; a AC III, que oferece uma
aderência superior em relação aos tipos anteriores; a variação tipo E, que apresenta um
tempo de manuseio prolongado, facilitando o trabalho dos profissionais; e a opção tipo D,
projetada para reduzir o deslizamento das peças durante o processo de assentamento.
Essa classificação possibilita aos profissionais a seleção precisa da argamassa colante
de acordo com as demandas específicas de cada projeto e ambiente de aplicação,
garantindo assim um desempenho eficaz e duradouro do revestimento cerâmico.
Para realizar o teste de tração, é necessário acoplar o equipamento à pastilha
metálica e aplicar a carga gradualmente, sem interrupções, a uma velocidade específica
de (250 ± 50) N/s. O esforço de tração é então direcionado perpendicularmente ao corpo
de prova até que ocorra sua ruptura, momento em que é registrado o valor da carga em
Newtons. Após o teste, é feita uma inspeção na pastilha metálica para identificar
possíveis falhas na colagem, além da medição e registro da seção onde ocorreu a ruptura
do corpo de prova (Ver Anexo 1). A tensão de ruptura do corpo de prova será dada por
meio da equação:
𝑃
𝑓𝑏 = 𝑆
(𝑀𝑃𝑎)

onde P é a carga de ruptura e S é a seção transversal média do corpo de prova.


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3. Resultados e Discussões

3.1. Análise de ensaios de resistência à flexão

Inicialmente foram realizadas as medições de 2 peças, sendo a primeira


classificada como um revestimento qualquer e a outra como porcelanato, em seguida
posicionamos os corpos de prova sobre os apoios, com a superfície de uso para cima e
alinhada paralelamente aos apoios, deixando parte deles para fora da barra. Dessa
forma, com o auxílio da máquina de pressão manual e dos cálculos abaixo foi possível
determinar as cargas de ruptura e o módulo de resistência à flexão de cada peça(Tabela
1).
EX.
𝐹 = 69 × 0, 33 = 22, 77 𝐾𝑔𝐹
227,7×160
𝐶𝑅 = 60,9
= 598, 7 𝑁
3×227,7×160
𝑀𝑅𝐹 = 2×60,9×(7,5)²
= 16𝑁/𝑚𝑚²

Tabela 1 - Resistência à flexão da amostra

Material Piso Porcel.

Vão livre(mm) 160,00 160,00

Largura (mm) 62,70 60,90

Espessura (mm) 7,60 7,50

Constante do anel 690,00 690,00


(N/mm)

Deflexão do anel 0,47 0,33


(mm)

Carga de ruptura(N) 827,56 598,50

Tensão de ruptura 21,50 16,00


(N/mm²)

Fonte: Materiais na arquitetura: Práticas de Laboratório,2021, modificada pela autora.


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3. Resultados e Discussões
3.2. Análise de ensaios de absorção de água

Para os ensaios de absorção, as amostras utilizadas foram as mesmas do ensaio


anteriormente citado. Foram realizadas duas pesagens para cada amostra em condições
de massa seca, em que o material é pesado após ter sido completamente seco em uma
estufa, e em massa saturada à superfície seca, ou seja, a massa do material após ter sido
saturado com água. Esses valores, obtidos através da média das pesagens, são
essenciais para determinar a absorção do material, que é a quantidade de água absorvida
pelo material expressa como uma porcentagem da massa seca. Dessa forma, com os
valores obtidos nas pesagens e os cálculos abaixo foi possível determinar a absorção de
cada uma das amostras(Tabela 2).
EX.
98,35−92,35
𝐴𝐴(%) = 92,35
× 100 = 6, 10%

Tabela 2 -Absorção de água

Material Piso Porcelanato

C. prova A B A B

Massa seca 91,77 92,83 80,7 82,37


estufa(g)

Massa sat. sup. 97,83 98,88 90,76 93,10


seca(g)

Absorção Indiv. 6,60 6,01 11,08 11,53


de
água(%) Média 6,10 11,32

Fonte: Materiais na arquitetura: Práticas de Laboratório,2021, modificada pela autora.

Segundo as normativas do Centro Cerâmico do Brasil (CCB) e da NBR ISO 13006,


em uma classificação baseada na absorção e na resistência mecânica, podemos afirmar
que, considerando o módulo de resistência à flexão, a carga de ruptura, a espessura das
peças ensaiadas e o cálculo de absorção, a peça de piso é classificada como um produto
semi-poroso, enquanto o porcelanato é classificado como um produto poroso.(Anexo 2)
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3. Resultados e Discussões

3.3. Análise de ensaios de resistência de aderência à tração em argamassa


colante

No teste de tração, o equipamento foi conectado à pastilha metálica e a carga foi


aplicada gradualmente ao corpo de prova até a ruptura, registrando-se a carga de ruptura
em Newtons. Após o teste, a pastilha foi inspecionada quanto a possíveis falhas na
colagem, e a seção onde ocorreu a ruptura é medida e registrada. Portanto, com o
resultado obtido pela força de ruptura, a seção transversal da peça e os cálculos abaixo
foi possível determinar a tensão de ruptura do corpo de prova(Tabela 3).
278,1
τ= 100
= 2, 781 𝐾𝑔𝐹/𝑐𝑚²

Tabela 3 - Resistência de aderência

Parâmetros do ensaio Resultados

Seção transversal(cm²) 100

Força de ruptura(kgf) 278,1

Tensão de ruptura(MPa) 0,2781

Tipo de ruptura predominante No embolso

Fonte: Materiais na arquitetura: Práticas de Laboratório,2021, modificada pela autora.

De acordo com as normas NBR 14081-3 e NBR 135755, uma tensão de ruptura de
0,2781 MPa indica uma aderência à argamassa colante abaixo do mínimo exigido pela
norma, que é de 0,5 MPa. A predominância de ruptura no embolso sugere uma falha na
aderência entre o revestimento cerâmico e a argamassa. Isso pode ser devido a
preparação inadequada da superfície, argamassa de baixa qualidade, aplicação incorreta
ou condições adversas. Esses resultados apontam para a necessidade de revisar e
aprimorar os procedimentos de instalação para garantir uma aderência adequada do
revestimento cerâmico.
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4. Considerações Finais

Através da aplicação da metodologia e dos ensaios prescritos, foi possível realizar


uma análise de três amostras de revestimentos cerâmicos, conforme exigido pela norma
técnica brasileira. Esses ensaios abrangem uma avaliação detalhada das características
físicas e mecânicas dos materiais, proporcionando uma visão abrangente de sua
qualidade e adequação para uso na construção civil. No entanto, constatamos que os
corpos de prova analisados não atendem aos critérios estabelecidos pela norma se
mostrando materiais diferentes do que antes nos foi relatado. Por exemplo, a peça de
piso foi classificada como um produto semi-poroso, enquanto o porcelanato foi
classificado como um produto poroso. Além disso, a resistência de aderência à
argamassa colante do terceiro corpo de prova mostrou-se abaixo do mínimo exigido pela
norma, sugerindo a necessidade de revisão e aprimoramento dos procedimentos de
instalação. A constatação destaca a importância crítica dos testes e análises das
propriedades dos materiais na construção. Essas informações garantem a segurança,
eficiência e qualidade das obras, reforçando a necessidade de procedimentos cuidadosos
para construir conforme os padrões de qualidade e segurança estabelecidos.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13755: Revestimentos


cerâmicos de fachadas e paredes externas com utilização de argamassa colante ―
Projeto, execução, inspeção e aceitação ― Procedimento. Rio de Janeiro, 2017. 65 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 13006: Placas


cerâmicas — Definições, classificação, características e marcação. Rio de Janeiro, 2020.
65 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14081 - 1: Argamassa


colante industrializada para assentamento de placas cerâmicas Parte 1: Requisitos. Rio
de Janeiro, 2012. 9 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14081 - 2: Argamassa


colante industrializada para assentamento de placas cerâmicas Parte 2: Execução do
substrato-padrão e aplicação da argamassa para ensaios. Rio de Janeiro, 2012. 5 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14081 - 3: Argamassa


colante industrializada para assentamento de placas cerâmicas Parte 3: Determinação
do tempo em aberto. Rio de Janeiro, 2012. 11 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14081 - 4: Argamassa


colante industrializada para assentamento de placas cerâmicas Parte 4: Determinação
da resistência de aderência à tração. Rio de Janeiro, 2012. 12 p.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA. Curso de Graduação em Engenharia Civil.


Materiais na arquitetura: Práticas de Laboratório. Viçosa, 2021. 128 p.
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ANEXOS

ANEXO 1 - Figura A.1 - Formas de ruptura do corpo de prova

a) ruptura no interior da base; b) ruptura na interface chapisco/base; c) ruptura do


chapisco; d) ruptura na interface chapisco/emboço; e) ruptura no interior do emboço; f)
ruptura na interface argamassa colante/emboço; g) ruptura no interior da argamassa
colante; h) ruptura na interface argamassa colante/placa cerâmica; i) ruptura na interface
cola/placa cerâmica; j) ruptura na interface cola/pastilha metálica.

Fonte: ABNT NBR 13577:2017


ANEXO 2 - Tabela classificação das cerâmicas

Fonte: Materiais na arquitetura: Práticas de Laboratório,2021.

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