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ERROS NO PROCESSO DE MOLDAGEM DE CORPOS DE PROVA DE CONCRETO -


INFLUÊNCIA NA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO - ERRORS IN THE MOLDING
PROCESS OF CONCRETE SPECIMENS -INFLUENCE ON TH....

Conference Paper · April 2019

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6 authors, including:

Lucas Rafael Lerner


Universidade do Vale do Rio dos Sinos
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ERROS NO PROCESSO DE MOLDAGEM DE CORPOS DE PROVA DE
CONCRETO - INFLUÊNCIA NA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
ERRORS IN THE MOLDING PROCESS OF CONCRETE SPECIMENS - INFLUENCE ON
THE COMPRESSIVE STRENGTH

Nataly Ayumi Toma (1); Pedro Henrique Leuck (1); Lucas Rafael Lerner (1); Rodrigo Périco
de Souza (2); Vinícius de Kayser Ortolan (3); Uziel Cavalcanti de Medeiros Quinino (4)

(1) Graduando em Engenharia Civil, Universidade do Vale do Rio dos Sinos


(2) Mestre em Engenharia Civil, Universidade do Vale do Rio dos Sinos
(3) Doutorando em Engenharia Civil, Universidade do Vale do Rio dos Sinos
(4) Doutor em Engenharia Civil, Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Av. Unisinos, 950, CEP 93022-750, São Leopoldo, RS

Resumo
O controle tecnológico é um processo importante que, quando realizado com todos os cuidados
necessários, garante a segurança e a vida útil das estruturas de concreto. Assim, executar cada etapa de
maneira correta é fundamental para obter qualidade no resultado final. Nem sempre os procedimentos
prescritos nas normas são respeitados, como a NBR 5738:2015 que determina os procedimentos de
moldagem e cura dos corpos de prova. Neste artigo será avaliada a influência na resistência à compressão
do concreto quando ocorre discordância na moldagem de corpos de prova cilíndricos de concreto com a
norma especificada. Para o estudo foi utilizado concreto de mesmo lote, produzidos em central dosadora
com fck de 35 MPa. Foram realizados 10 tipos de moldagens, sendo uma moldagem de referência de acordo
com a NBR 5738:2015, e outras nove com algum erro induzido no processo de moldagem. Moldou-se 6
corpos de prova para cada tipologia, sendo 3 unidades para o rompimento em cada idade de cura, 7 dias e
28 dias. O método escolhido para a preparação das superfícies foi a retificação e o ensaio de resistência à
compressão foi realizado de acordo com a NBR 5739:2018. Os resultados obtidos demonstram que
divergências no procedimento de moldagem pode reduzir até 11,8 MPa no resultado final aos 28 dias de
idade para a resistência à compressão axial.
Palavra-Chave: Controle tecnológico; adensamento; resistência à compressão.

Abstract
Concrete quality control is an important process to guarantee safety and useful lifetime of concrete
structures. Thus, performing each step correctly is critical to get quality results. Sometimes, the procedures
prescribed in the standards are not respected, such as the procedures of ABNT NBR 5738:2015, which
determines how to mold and cure concrete specimens. This article presents the influences on the
compressive strength of concrete when a disagreement in the molding of concrete specimens with a
specified standard occurs in the mold process of samples. For this study, the concrete was from the same
production lot, which was produced in mixing plants with fck 35 MPa. Ten types of molding were done, one
being a reference molding according to ABNT NBR 5738, and other nine with induced errors in the molding
procedures. Six specimens were molded for each typology, 3 samples for 7 days and 3 samples for 28 days.
The method chosen for the preparation of the surfaces was grinding and the test of compressive strength
was performed according to ABNT NBR 5739:2018. The results demonstrate that a disagreement in the
molding procedures can decrease up to 11.8 MPa in the final result at 28 days of curing.
Keywords: Concrete quality control; densification; compressive strength.

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1 Introdução
O controle tecnológico do concreto tem como finalidade verificar se os materiais utilizados
atendem aos requisitos exigidos pelas normas, comprovando a sua qualidade e eficiência
(NETO, VASCONCELOS e ALBUQUERQUE, 2017). Uma das propriedades que recebe
maior destaque quando se trata do controle tecnológico do concreto é o ensaio de
resistência à compressão axial, para a determinação do fck (MORETO et al, 2016).
Para realizar o controle tecnológico do concreto, uma das normas a ser seguida é a ABNT
NBR 5738:2015 Concreto – Procedimento para moldagem e cura de corpos de prova. Os
parâmetros de dosagem são interdependentes e por isso devem ser realizados de forma
correta para alcançar a resistência adequada do concreto (SOUSA, 2006). Qualquer falha
operacional, na moldagem ou nos procedimentos de ensaio, influencia na resistência do
material frágil, por isso deve-se seguir todas as recomendações da norma (ALMEIDA, et
al. 2015).
A ABNT NBR 5738:2015 prescreve a forma como deve ser realizada a moldagem e a
cura dos corpos de prova de concreto para a posterior estimação da resistência
característica do concreto. Também descreve como deve ser a característica do molde a
ser utilizado. A escolha do método de adensamento deve ser feita em função do slump do
concreto. Para concretos de classe S10, o adensamento deve ser feito de forma
mecânica. Já para abatimentos entre 50 mm a 160 mm, pode ser realizada manualmente
ou mecanicamente. Acima da classe S160, o adensamento é obrigatoriamente manual.
O adensamento pode ser realizado de forma manual ou por vibrações. A trabalhabilidade
pode ser definida como a quantidade de trabalho interno útil e necessário para produzir
uma compacidade máxima promovida pelo adensamento pleno, em que remove os vazios
de ar aprisionado, aumentando a resistência do concreto (PAIOVICI e IONESCU, 2004).
A trabalhabilidade está diretamente ligada na forma de adensamento a ser utilizada para
eliminar os vazios. O adensamento tem como maior objetivo eliminar o ar aprisionado e
algumas bolhas maiores, mas adensar por tempo prolongado pode prejudicar o concreto.
Ao gerar um excesso de vibração pode comprometer a homogeneidade do concreto,
assim ocorrendo a segregação do material, prejudicando o resultado do ensaio (SOUSA,
2006).
Durante o adensamento manual de corpos de prova de dimensões de 10x20 cm, alguns
cuidados são necessários, como a introdução do concreto no molde em camadas de
volume aproximadamente igual, a aplicação de 12 golpes com a haste de adensamento
definida pela norma em cada camada. A primeira camada deve ser adensada de modo
que atravesse toda a espessura, porém evitando golpear a base do molde. Os golpes
devem ser distribuídos uniformemente em toda a seção transversal do molde. As
camadas seguintes também devem ser adensadas em toda sua espessura, fazendo com
que a haste penetre aproximadamente 20 mm na camada anterior. Se a haste de
adensamento criar vazios na massa de concreto, deve-se bater levemente na face
externa do molde, até o fechamento desses. A última camada deve ser moldada com
quantidade em excesso de concreto, de forma que ao ser adensado complete todo o
volume do molde e seja possível proceder ao seu rasamento, eliminando o material em
excesso. Mas em nenhum caso é aceito completar o volume do molde com concreto após
o adensamento da última camada. Após a moldagem, devem ser mantidos em uma
superfície horizontal rígida, livre de vibrações e cobertos com material não absorvente,
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afim de evitar a perde de água, durante pelo menos 24 horas após a conformação dos
corpos de prova nos moldes (ABNT, 2015).
Apesar de existir um cuidado em relação às recomendações das normas, a moldagem de
corpos de prova conta com trabalho humano, podendo apresentar falhas operacionais.
Além disso, nem sempre os procedimentos são rigorosamente seguidos. Estes fatores
podem estar relacionados com competência técnica ou pela simplificação da norma, pois
esta possibilita diversas interpretações e podem obter resultados distorcidos (LOURO,
LOURO e VALIN Jr, 2015). Para a eficiência das operações de ensaio e a obtenção de
um resultado confiável, o ideal é que todos os procedimentos sejam realizados por
laboratórios competentes e supervisionados por um sistema de qualidade credenciado
(PACHECO e HELENE, 2013).
2 Métodos
O estudo consiste em avaliar 10 diferentes tipos de moldagem de corpos de prova
cilíndricos, com diferentes formas de adensamento, cura inicial até a desforma e moldes
utilizados, analisando a resistência a compressão axial e a velocidade de propagação de
ondas ultrassônicas do concreto. Além de um conjunto moldado de acordo com a ABNT
NBR 5738:2015, sendo este tomado como referência no estudo, nas demais tipologias
foram reproduzidos 9 erros e improvisos distintos que comumente ocorre no canteiro de
obra para o controle tecnológico. Todos os corpos de prova foram moldados com concreto
do mesmo lote, de resistência à compressão característica (fck) de 35 MPa, produzidos
em central dosadora, fornecido pela empresa Concresul, a fim de garantir adequada
comparação dos resultados entre os diferentes tipos de moldagens, quando submetidos
ao procedimento de ensaio de resistência à compressão axial e de velocidade de
propagação de ondas ultrassônicas.
2.1 Materiais
O concreto utilizado no estudo foi produzido em central dosadora, composto por cimento
do tipo CP II-F-40, agregado miúdo média quartzoso natural, agregado graúdo basáltico
com duas dimensões (faixas granulométricas 4,8/9,5 e 9,5/19, cinza volante e relação
água/cimento 0,6, com abatimento de 120 mm
2.2 Procedimento de moldagem dos corpos de prova
A Tabela 1 apresenta os 10 conjuntos com diferentes distinções nos procedimentos de
moldagem dos corpos de prova cilíndricos de concreto.

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Tabela 1 – Identidade dos conjuntos moldados
N° de Tipo de cura inicial (24
Identidade Tipo de adensamento Tipo de molde
camadas horas)
A - REF 2 12 golpes por camada Metálico Coberto
B 1 12 golpes Metálico Coberto
C 1 Sem adensamento Metálico Coberto
D 2 12 golpes por camada Metálico Descoberto
12 golpes por camada,
E 2 Metálico Coberto
tocando no fundo da forma
Adensamento realizado
F 2 Metálico Coberto
com vergalhão Ø16 mm
G 2 12 golpes por camada PVC Coberto
H 1 Sem adensamento PVC Coberto
Coberto e na posição
I 1 Sem adensamento PVC 100x1200 mm
vertical
Coberto e na posição
J 1 Sem adensamento PVC 100x1200 mm
horizontal

A. O conjunto A foi moldado de acordo com a ABNT NBR 5738:2015, adotado como
referência, sendo moldado em duas camadas, recebendo 12 golpes com a haste
de adensamento padrão;
B. O segundo conjunto foi moldado com apenas uma camada preenchendo todo o
molde;
C. O conjunto C teve apenas uma camada de concreto e nenhum tipo de
adensamento;
D. O quarto conjunto foi moldado da mesma forma que o conjunto referência, porém
não foi coberto durante a sua cura inicial, permanecendo ao ar livre;
E. Neste conjunto, a haste tocava o fundo do molde durante o adensamento,
contrariando a norma;
F. O conjunto F foi adensado com um vergalhão de 16 mm de diâmetro e não com a
haste padrão;
G. Este conjunto foi moldado de acordo com a norma, porém em fôrmas de PVC de
10x20 cm;
H. Moldado em fôrmas de PVC de 10x20 cm, com apenas uma camada de concreto e
nenhum tipo de adensamento;
I. O conjunto I foi moldado em um tubo de PVC de 100 mm de diâmetro e 1200 mm
de altura, sem nenhum tipo de adensamento e armazenado na posição vertical.
Posteriormente, o tubo foi serrado, formando 6 CPs (corpos de prova) com altura
de 200 mm;
J. Moldado da mesma forma que o conjunto I, porém foi armazenado na posição
horizontal, em seguida serrado para formar 6 CPs de 200 mm de altura.

A Figura 1 apresenta os corpos de prova moldados.

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Figura 1 – Corpos de prova moldados (Autores (2018))
Para todas as distinções, foram moldados 3 corpos de prova para ensaios de resistência
à compressão axial, nas idades de 7 e 28 dias. Para verificar a trabalhabilidade do
concreto foi realizado o ensaio de abatimento de tronco de cone (slump) conforme ABNT
NBR NM 67:1998, o valor obtido foi de 145mm, classificando-se como S100, segundo a
ABNT NBR 5738:2015, assim podendo ser adensada mecanicamente ou manualmente, a
Figura 2 apresenta tal procedimento.

Figura 2 – Abatimento de tronco de cone (Autores (2018))

Como recomendado pela norma brasileira, a cura inicial ocorreu no local da moldagem e
o mesmo foi coberto com lona até o seu transporte para o laboratório de ensaio. Os
corpos de provas que apresentavam a altura de 200mm (moldes metálicos e tubos de
PVC com 200mm) foram desmoldados 24 horas após a moldagem e colocados em cura
submersa em solução saturada de hidróxido de cálcio com temperatura de 23±2ºC até a
realização do ensaio (Figura 3).

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Figura 3 – Corpos de prova em processo de cura (Autores (2018))

Os corpos de prova moldados no tubo de PVC com 1200 mm foram desmoldados 72


horas após a moldagem e foram colocados em cura submersa até o corte. Após o corte
foram armazenados novamente em cura submersa em solução saturada.
2.3 Ensaio velocidade de propagação de ondas ultrassônicas
A determinação da velocidade de propagação de ondas ultrassônicas foi realizada de
acordo com a ABNT NBR 8802:2013 em todos os corpos de prova, com idade de 7 dias e
28 dias. Como é um ensaio não destrutivo foi realizado o ensaio antes do rompimento. A
posição utilizada para os posicionamentos dos transdutores foi a transmissão direta.

2.4 Ensaio de resistência à compressão


O ensaio de resistência à compressão axial foi realizado e acordo com a ABNT NBR
5739:2018. Para isso, contou-se com o auxílio de uma prensa universal hidráulica da
marca EMIC-INSTRON com capacidade para 2000 kN e pratos superiores oscilantes,
localizada no itt Performance - Instituto Tecnológico em Desempenho e Construção Civil,
junto à Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS).
3 RESTULTADOS
Os resultados dos ensaios de resistência à compressão dos corpos de prova com os dez
tipos diferentes de moldagem, nas idades de 7 e 28 dias, são apresentados na Tabela 2.

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Tabela 2 – Resultados dos ensaios de resistência à compressão
Tensão Média Velocidade Média de
Idade de Desvio
Identidade de Ruptura Propagação de Ondas
Ensaio (dias) Padrão (MPa)
(MPa) Ultrassônicas
REF - A 37,6 1,1 2458,3
B 35,5 0,7 2420,9
C 33,6 1,1 2348,5
D 39,0 1,3 2456,3
E 36,4 1,1 2425,9
7
F 37,5 0,0 2406,3
G 33,8 2,4 2318,2
H 32,3 1,8 2303,6
I 32,0 0,3 2333,9
J 29,5 1,2 2248,8
REF - A 52,1 1,7 2513,8
B 50,1 0,8 2466,9
C 42,7 0,8 2454,4
D 53,9 0,9 2482,1
E 49,6 1,1 2482,6
28
F 49,8 0,5 2474,4
G 44,5 0,5 2385,7
H 42,8 1,3 2347,3
I 46,4 2,5 2373,2
J 40,5 3,4 2329,1

A Figura 4 demostra os resultados de resistência média à compressão, o desvio padrão e


também a velocidade média de propagação de ondas ultrassônicas, dos corpos de prova
ensaiados aos 7 dias.

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Gráfico 1 – Resultados dos exemplares na idade de 7 dias

Analisando a Tabela 2 e a Figura 4, observam-se que os corpos de prova moldados e


curados de acordo com a norma, alcançaram resistência media à compressão de 37,6
MPa. Já os exemplares moldados da mesma forma que a norma, porém sem cobertura
na cura inicial, apresentaram resistência média superior ao de referência, obtendo
resistência média à compressão de 39,0 MPa. Destaca-se que os corpos de prova
moldados de acordo com a norma vigente, porém com a utilização de vergalhão
apresentaram resultados semelhantes ao referência. No entanto, para a moldagem
realizada com erro induzido de bater no fundo da forma na etapa de adensamento,
influenciou na resistência média à compressão, apresentando resultado levemente inferior
aos anteriores.
Ao realizar a moldagem com apenas uma camada obteve-se resultado inferior à
referência. Os exemplares que foram adensados com 12 golpes apresentaram resistência
média à compressão superior do que os corpos de prova que não foram adensados,
sendo este valor de 35,5 MPa e 33,6 MPa, respectivamente.
A utilização de fôrmas de PVC não é favorável para o resultado à resistência média à
compressão. Ao comparar os resultados dos exemplares moldados com 2 camadas de 12
golpes, verifica-se uma queda de 10% ao utilizar forma de PVC. Como esperado, devido a
falta de adensamento e por ser mais suscetíveis a problemas ao corpo de prova, os
exemplares com a utilização de forma de 100x1200mm não foram satisfatórios,
apresentando resistência média à compressão com até 20% de variação.
A velocidade de propagação de ondas ultrassônicas acompanha os valores de resistência
à compressão, apresentando valores superiores nos exemplares em que o adensamento
foi realizado com 2 camadas de 12 golpes em cada camada em forma metálica, levando o
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fato da minoração da presença de vazios, que faz com que a passagem das ondas se
faça com mais facilidade.
Os resultados de resistência média à compressão dos corpos de prova e da velocidade
de propagação de onda ultrassônica aos 28 dias são apresentados na Figura 5.
Figura 5 – Resultados dos exemplares com idade de 28 dias

Verifica-se que, aos 28 dias de idade, os CP’s moldados conforme procedimento


normatizado e em fôrmas metálicas, mantiveram a tendência de apresentar os melhores
resultados, sendo os corpos de prova sem a cobertura durante a cura inical o melhor
resultado, com 53,9 MPa. Nota-se que os exemplares que foram adensados com 2
camadas de 12 golpes, tendem a apresenatar menor desvio padrão, o que leva a
entender que essa forma de moldagem promove homogênidade ao corpo de prova. O
adensamento realizado com vergalhão apresentou o menor desvio padrão, tanto em 7
dias como em 28 dias, isto indica que esse modo de moldagem teve um comportamento
similar à haste padrão.
Surpreendentemente, os exemplares que foram moldados com apenas uma camada com
adensamento apresentaram resultados semelhantes aos corpos de prova adensados em
duas camadas. Porém sem o adensamento, o valor da resistência decai 18% em relação
ao referência.
As amostras com utilização de forma de PVC mantiveram os piores resultados, com
resistência média à compressão com variação de 10% a 22 % inferiores aos corpos de
prova com utilização de fôrma metálica. Os exemplares que foram moldados na fôrma de
PVC com 100x1200 mm e curados na posição horizontal, apresentaram desvio padrão de
3,4 MPa, o maior desvio verificado nesse estudo. Uma das causas pode ser o esforço que

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os corpos de prova sofrem ao serem cortados e também pelo sentido que ocorre a cura,
sendo diferente da moldagem.
Da mesma forma que aos 7 dias, os resultados do ensaio de ultrassom, acompanha os
valores da resistência à compressão.
4 CONCLUSÕES
Com a análise dos resultados de resistência à compressão e da velocidade de
propagação de ondas ultrassônicas dos corpos de prova, com dez tipologias diferentes na
moldagem e na cura inicial, destaca-se a utilização de forma metálica com a moldagem
realizada conforme a norma, 2 camadas de 12 golpes cada e com cobertura durante a
cura inicial, pois essa tipologia apresentou a maior resistência, tanto aos 7 dias como aos
28 dias. Apesar de os exemplares que não foram cobertos durante a cura inicial terem
manifestado maior resistência do que a referência, não recomenda-se esse procedimento,
pois podem ocorrer perdas de água durante a cura e prejudicar a hidratação do cimento.
Caso, não haja a haste de adensamento recomendado pela norma, o vergalhão pode ser
utilizado, porém não recomendado, ainda que apresente valores de resistência à
compressão do concreto inferiores aos valores de referência. Com isto, deve-se seguir as
orientações da norma e batidas no fundo da fôrma devem ser evitadas, pois pode haver
diferença de até 5% nos resultados.
A moldagem com apenas uma camada, com e sem adensamento deve ser evitada, pois
os resultados de resistência à compressão podem diminuir aproximadamente em 20%. A
utilização de forma de PVC não é recomendada, visto que os resultados de compressão
apresentam aproximadamente 80% do valor médio obtido nos corpos de prova de
referência.
Dessa forma os processos de moldagem e cura dos corpos de prova devem seguir o que
a norma estabelece, para que não haja influências nos valores de resistência à
compressão dos corpos de prova, pois tal procedimento apresenta mecanismo que
tendem ao melhor desempenho do concreto.

5 REFERÊNCIAS
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Determinação da consistência pelo abatimento de tronco de cone. Rio de Janeiro,
1998.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5738: Concreto -


Procedimento para moldagem e cura de corpos de prova. Rio de Janeiro, 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739: Concreto - Ensaios


de compressão de corpos de prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 2018.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8802: Concreto


endurecido – Determinação da velocidade de propagação de onda ultrassônica. Rio
de Janeiro, 2013.

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