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24/01/2021 Navegue&Aprenda

Portos, rios e canais - Primeira Parte

O Brasil apresenta-se com uma grande extensão costeira, cerca de 8.500 km, servida por 40 portos e canais públicos e privados, tanto marítimos como
fluviais.

Hidrovias são melhorias de cursos d'água para tornar possível a navegação. Apesar da grande quantidade de cursos d'água no Brasil, existem poucas
hidrovias, podendo ser citadas como principais: Tietê-Paraná, São Francisco, Tocantins e Amazonas. A transposição de divisores de água por túneis e
comportas atualmente se restrigem a projetos. Falta vontade política ao investir em outros modais de transporte, considerando que o Brasil optou por
realizar seus transportes internos preferencialmente por rodovias; a legislação de cabotagem é recente.

Quanto a eficiência energética, o transporte hidroviário é cerca de 3 vezes mais eficiente que o ferroviário e quase 9 vezes mais eficiente que o
rodoviário. Ainda assim, 60% do transporte brasileiro é baseado no modal rodoviário, aceitável apenas para dimensões pequenas (contra-senso: Brasil é
um país de dimensões continentais).

As instalações portuárias do Brasil necessitam de modernização: por exemplo, navios Panamax são os maiores navios que conseguem atravessar o
canal do Panamá, atualmente em expansão - para poder receber os novos navios, Brasil necessita modificar o gabarito de todos os seus portos. O PAC
prevê a modernização de todos os portos nacionais; mudança de estratégia seria bem-vinda: modernizar alguns portos mais utilizados no transporte e
realizar transporte inter-portos por cabotagem (navios menores ou ferrovias).

Oceanografia

Os oceanos ocupam cerca de 70% da superfície do planeta e influem em fenômenos meteorológicos, biológicos, geológicos e de costa. São de
particular importância na alimentação de populações, de fornecimento de combustíveis, minerais, energia, transporte, lazer e ainda são utilizados como
destino final de dejetos.

Oceanografia é a ciência que estuda o conjunto de fenômenos marinhos. É dividida em:

- Hidrografia: descreve a geometria dos limites do meio marinho (costas e fundos);

O CHM (Centro de Hidrografia da Marinha) é responsável pelos levantamentos hidrográficos da costa e dos principais rios, emite as cartas náuticas e
tábuas de maré, utilizadas, por exemplo, no dimensionamento de portos. As cartas náuticas apresentam linhas batimétricas (de mesma profundidade),
profundidade é referenciada ao nível médio dos mínimos de maré.

- Oceanografia física - estuda as características mecânicas, físicas e físico-químicas dos elementos marinhos;

- Oceanografia dinâmica - estuda ondas, marés e correntes;

- Oceanografia geológica - estuda geologia dos fundos marinhos. Tem especial importância pois permite estudo prévio de obras costeiras e ajuda no
dimensionamento de operações de dragagem.

Pré-sal: o Oceano Atlântico encontra-se em expansão. A grandes profundidades, o deslocamento das placas tectônicas provoca um aumento de pressão
em uma camada de sal, que se funde, formando uma camada impermeável. A matéria orgânica que se localiza embaixo desta camada sob efeito do
confinamento é transformada em petróleo, ao longo de milhares de anos, que não consegue escapar.

- Oceanografia biológica - estuda os organismos marinhos. Permite a avaliação de impactos ambientais e identificação de organismos que atacam as
estruturas portuárias. Um exemplo de aplicação da oceanografia biológica: as águas de lastro são utilizadas para permitir rebaixamento do calado dos
navios, e trouxeram cupins asiáticos que, sem predador correspondente no Brasil, se reproduziram desenfreadamente e atacaram cascos de navios aqui -
se houvesse estudo biológico prévio, tal infestação não teria ocorrido.

É também escopo da oceanografia a determinação dos relevos oceânicos e praiais. Assim, esquematicamente o relevo oceânico pode ser representado
da seguinte maneira:

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O relevo praial, de modo similar:

Algumas das propriedades físico-químicas das águas do mar devem ser destacadas: densidade (função da temperatura, salinidade e pressão) - em torno
de 1,020 a 1,030; temperatura (na superfície depende da temperatura ambiente e radiação solar, na profundidade, decresce até 500 m, mantendo-se
constante em 4ºC); salinidade: em torno de 35‰; pressão: segue distribuição hidrostática;

Ondas

Perturbações no nível d'água em repouso. Podem ser vagas: oscilações forçadas com atuação do vento, de grande variabilidade em forma e rumo;
ondulações (marulhos): de aspecto mais ordenado, aproximadamente paralelas e de propagação uniforme.

Ondas de gravidade são as ondas geradas pelo vento. É necessária a existência de três fenômenos, concomitantemente, para gerar ondas: superfície
livre líquida de tamanho suficiente, vento e duração do vento. Tsunamis, por exemplo, são ondas geradas pelo remontar de placas tectônicas oceânicas
em grande profundidade; a concentração de energia na costa eleva altura da onda. Se não houver superfície líquida em tamanho suficiente, o mesmo
não se forma.

Rumo de onda é o ângulo horário em relação ao norte verdadeiro que mostra de onde as ondas vem.

Ondas em teoria podem ser descritas por senóides; na prática, é realizada uma análise diferenciada permitindo obtenção da altura da onda e período - a
primeira permite uma noção bastante clara da energia trazida pela onda, a segunda, uma estimativa do comprimento de onda.

Dados históricos de ondas ideais são de períodos de pelo menos um século. No Brasil, é possível obter-se dados de ondas em plataformas da Petrobrás,
em Santos e em Cananéia. Para outras regiões onde não há série histórica compatível, pode-se realizar a coleta de dados durante o primeiro ano da
construção portuária e realizar-se extrapolação para períodos de retorno maiores - embora não seja tão significativo.

As ondas podem ser analisadas espectralmente (permitem detecção de tsunamis), por transformadas de Fourier (concentração das ondas em uma única
fase e obtenção da altura máxima) ou estatisticamente, como se segue:

Método do cruzamento do zero ascendente:

Onde:

Hz: altura média das ondas;

Hs: média das alturas das 1/3 maiores ondas;

H10: média das alturas das 10% maiores ondas;

Hi: média das alturas das i% maiores ondas;

Tz: período médio das ondas;

Tp: período correspondente ao pico de energia.

Probabilidade de excedência pela distribuição de Rayleigh - é a relação entre altura da onda e a mais significativa. Utilizada para extrapolação de
períodos de retorno.

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Distribuições estatísticas de longo período - utilizadas em séries históricas.

Por inferência de valores máximos para parâmetros geradores de onda - intensidade do vento, duração do vento, comprimento pista de sopro - "fetch".
(ábacos)

Efeitos de ondas em águas rasas:

Empolamento: alteração na altura da onda somente com redução da profundidade. Altura atinge o máximo antes da arrebentação. Ocorre por conta do
atrito com o fundo, que retira energia e reduz a velocidade de propagação da forma de onda (celeridade); a forma da onda também é explicada por este
fenômeno: a frente tem a velocidade reduzida, atrás continua a mesma. Tsunamis ocorrem quando o comprimento de onda diminui bruscamente, a
energia se compacta em distâncias menores e há rápido ganho de altura.

Refração: mudança de direção ou curvatura de frente de ondas em função da obliquidade entre esta e as isóbatas (linhas de mesma profundidade)
locais. A mesma frente de onda se propaga em celeridades diferentes e atingem sempre (quase) perpendicularmente a costa. (A parte da onda que está
na parte mais rasa vai mais lenta que a que está em águas profundas.

Empolamento devido a refração: aumento e diminuição na altura da onda devido a aproximação ou distanciamento das ortogonais das ondas. Ex.:
pontais.

Arrebentação: instabilização da onda devido à propagação por águas rasas, associada à desagregação estrutural e aparecimento de forte turbulência. A
celeridade diminui e a velocidade orbital horizontal aumenta. Pode ser progressiva em praias mais planas (dissipa-se mais que reflete-se) ou
mergulhante (reflete-se mais do que dissipa).

Aqui areias finas tendem a formar taludes mais suaves que os de areias grosseiras. Ondas maiores tendem a planificar a praia e ondas menores tendem a
tornar a praia mais íngreme.

Por exemplo, o engordamento na Praia de Cobacabana feito com areias de granulometria mais grosseira do que a presente no local produziu alteração
das ondas para mergulhantes. A utilização de areia mais grossa permite construção de talude de engordamento menor e, portanto, houve justificativa
econômica para tal prática.

As ondas podem ser ainda de tipo colapsante (grande inclinação e não há caminhamento pós-arrebentação) e ausente (em paredões rochosos, há apenas
a reflexão)

Difração: transferência de energia ao longo de uma frente de onda quando da sua passagem por um obstáculo. Propagam-se radialmente na zona de
sombra no tardoz do obstáculo. São ondas menores e de menor altura. Permite que haja uma maior segurança na operação de navios, especialmente nos
carregamentos que necessitem de ondas menores e permitem que o navio seja fixado com mais segurança. (Calculada com ábacos)

Reflexão: podem produzir ondas estacionárias puras ou parciais, conhecidas como seiches ou "clapotis'. Pode gerar problemas se ocorrerem dentro de
bacias portuárias, pois as ondas estacionárias tendem a apresentar o dobro da altura. Deve-se projetar de modo a evitar ressonância de ondas.

Maré

Maré Astronômica: variação periódica e previsível do nível d'água de altura variável e período em torno de 12,42 horas gerada pela força de atração
entre corpos celestes. A principal delas é a resultante entre a força gravitacional lunar e a força centrífuga que mantém o sistema equilibrado (80% do
total). Em Lua Cheia e Lua Nova, ocorre a denominada maré de sizígia (nível máximo de maré); em Lua Crescente e Minguante, ocorre a denominada
maré de quadratura (nível mínimo de maré). O conhecimento das marés permite a locação adequada das obras portuárias.

Sistemas anfidrômicos são pontos de refração/reflexão e ressonância (pontos nodais), aonde há presença de ondas estacionárias. As marés astronômicas
no Brasil são menores no sul (cerca de 0,20 m no RS) e maiores no nordeste (atingem 4 m no NE - São Luís chega a 7 m). A maior maré astronômica
brasileira é a do Amapá, com aproximadamente 9 m de variação.

Marés meteorológicas são causadas pelas condições do tempo, e são mais imprevisíveis que as primeiras. O vento pode represá-las ou reduzi-las,
podendo elevar ou rebaixar o nível dos oceanos. O efeito combinado de ventos com baixas pressões provoca marés positivas e o efeito oposto é
denominado negativo (o primeiro é prejudicial a zonas costeiras e o segundo, à navegação). Os efeitos meteorológicos são maiores na região sul do
Brasil e menores na região nordeste.

Correntes de maré: movimentos horizontais de água que atuam em toda lâmina d'água com periodicidade similar à observada verticalmente.

Formações costeiras

Os sedimentos de praia originam-se da erosão de rochas cristalinas por rios e geleiras (milhares de anos), destruição de bancos de conchas e corais, do
transporte de sedimentos por rios e geleiras atuais e aportes eólicos. É praticamente impossível que a areia provenha da erosão direta das costas e seixos
atuais. (A menos que sejam falésias ou arenitos)

Correntes costeiras carregam a areia pela costa, na eventual interferência na trajetória da onda. Portanto, todos os portos devem ser pensados pensando-
se no transporte de sedimentos (ex. Marina de Santa Bárbara, que necessita agora ser dragada anualmente). barlamar = montante; sotamar = jusante.

A formação da praia pode ser realizada com qualquer sólido granular disponível, não fino o suficiente para ser carregado em suspensão (silte e argila).
O perfil da praia no Brasil sofre pouca variação sazonal - inverno/verão - por estarmos localizados em região tropical.

Balanço sedimentar é o nome dado ao balanço volumétrico do transporte de sedimentos para um segmento selecionado da costa. É realizada a
quantificação do transporte, erosão e deposição de sedimentos para um volume de controle (relacionados a fontes, sumidouros e processos que

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provoquem aumento ou diminuição de sedimentos). Isto é necessário, pois deve-se determinar processos mais relevantes e ter-se especial atenção no
projeto de estruturas marinho/costeiras.

A praia encontra-se em equilíbrio dinâmico de sedimentos e a atuação do engenheiro modifica este equilíbrio natural.

As principais fontes de sedimentos são: rios, erosão de costas, transporte de bancos, alimentações artificiais, produção de carbonato e o vento. Os
principais sumidouros são embocaduras, galgamentos, acúmulo na região pós-praia, transporte, vales submarinos, deflações, tômbolos e outras
formações, abrasão e dragagem. No Brasil, rios caudalosos são os principais sumidouros de sedimentos.

A construção de barragens interferem na chegada de sedimentos nas regiões costeiras, os quais ficam retidos nos reservatórios. Ocorre então uma
remobilização da própria areia da praia, que gira, reduzindo-se o transporte, até zerar. Este novo equilíbrio pode provocar o "desaparecimento" de mais
de 500m de linha de costa. Ex.: Foz do Rio São Francisco.

Transporte global é a soma volumétrica do transporte de sedimentos em uma determinada área, independente da sua direção. Transporte resultante é a
soma algébrica dos volumes de sedimentos transportados, dependendo de sua direção. O transporte é positivo da esquerda para direita de quem olha
para o mar, e negativo da direita para a esquerda, de quem olha para o mar.

Ataque frontal é o nome dado à circulação de sedimentos junto à costa. Correntes de retorno (rip currents) acontecem em ataques oblíquos em ondas
junto a costa. De modo geral, o transporte de sedimentos que ocorre ao largo da arrebentação e é pouco intenso, expulsando para o largo sedimentos
mais finos. Na região de arrebentação o transporte é mais intenso e são divididos em transversais (on shore e off shore) e longitudinais (long shore).

Movimentos transversais:

Movimentos longitudinais:

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Erosão costeira é o nome dado a modificação das condições de equilíbrio dinâmico de uma unidade morfológica. Ocorre pela mudança na taxa e
características dos sedimentos supridos, ao ajustar o nível de fluxo de energia das ondas e interfere diretamente no transporte de sedimentos costeiro.
Pode-se utilizar algumas medidas: reassentamento de populações costeiras, acomodação (modificação no padrão construtivo) e construção de estruturas
rígidas ou flexíveis para dirimir o problema. O impacto ambiental é, portanto, pior em praias de grande transporte resultante. Por exemplo, pode-se
optar pela construção de espigões costeiros, que devem ser dimensionados de modo a gerar giros internos, não interferindo no restante da praia.
Atingem o equilíbrio, se bem dimensionados, em cerca de 2 meses.

A erosão costeira mostra o quão grave é a elevação do nível do mar. Pois, por equilíbrio de sedimentos, estes irão se deslocar da praia ao fundo do mar,
de modo a tentar manter a mesma profundidade encontrada anteriormente, ocasionando uma redução das praias maior que prevista. (Se apenas se
contasse com a elevação do nível d'água)

Formações costeiras típicas:

Flexa: na interface rio-mar. Presença de transporte longitudinal (corrente costeira), predominam a formação de lagoas, baías, e diques naturais.
Também chamada língua arenosa.

Barra: também na interface rio-mar. Predominância da corrente de maré. Bancos submersos oriundos da perda de capacidade de transporte de
sedimentos pelas correntes na embocadura.

Restingas: ou lidos. Língua arenosa que se projeta no mar à partir de saliência costeira associada à intenso transporte longitudinal.

Barreiras: similares à restinga, porém originadas pelo transporte transversal de sedimentos em região longa e plana. Não existe no Brasil.

Tômbolos: acúmulo de sedimentos na forma de cúspide, formado atrás de um obstáculo dentro d'água, devido à diminuição do transporte de
sedimentos local. É o efeito da difração das ondas que passam pelo obstáculo, só se descobrem à baixa-mar.

Cordões litorâneos, bancos e formações complexas: quando retilíneos são associados à regressão marinha, quando curvos, ao transporte
longitudinal. Bancos são formações de larga escala que afetam a energia das ondas que atingem a costa.

Hidráulica Estuarina

Estuários são locais abrigados de ondas com as seguintes características: semi-fechados, livre conexão com o mar, salinidade diluída e dimensões
menores que a de mares fechados. Ex.: baías sujeitas a marés, trechos fluviais sujeitos a maré e trechos costeiros sujeitos a vazões fluviais.

Zonas estuarinas podem ser: fluviais (escoamento unidirecional com salinidade desprezível), flúvio-marítma (apresenta influência da maré, salinidade
de cerca de 1g/l), de mistura estuarina (é o estuário propriamente dito apresentando extensão, delta de maré vazante, delta de maré enchente e zona de
turbidez máxima) e camada limite costeira (águas sujeitas a correntes de arrebentação e correntes de maré, de alta turbidez; e compõe uma região de
baixa turbidez denominada pluma separada por frente costeira).

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O transporte fluvial apresenta maior número de finos e o transporte marítimo apresenta maior número de formações arenosas. Deltas são acumulações
costeiras de sedimentos fluviais que se estende acima e abaixo do nível do mar. Lagunas apresentam-se como um corpo d'água junto à costa plana
separados por cordão de areia ou ilha barreira.

Delta
Delta Estuarino
Estuário
Laguna estuarina
Laguna

Na tabela acima, o delta é o que apresenta menor salinidade e mais características fluviais e a laguna é o que apresenta maior salinidade e
características marítimas.

Intrusão salina é o nome dado à entrada de água salgada nas embocaduras marítimas. Pode apresentar-se como cunhas salinas, parcialmente misturados
ou bem misturados. Estuários em cunha são caracterizados pela baixa energia de maré, forma-se uma acentuada halóclina e interface brusca. Estuários
bem misturados são os de lagunas costeiras e de estuários largos e rasos com elevadas marés. Sua estabilidade é determinada pelo índice de Per
Brumm.

A interferência das marés não só é visível na estiagem e profundidade, mas também na salinidade. Por exemplo, em Jaboatão dos Guararapes, a retirada
de recifes que bloqueavam a salinidade local interferiu na tomada d'água para abastecimento da população regional.

Arranjo geral das obras portuárias

Condições portuárias: abrigo (ventos, ondas e correntes) no acesso e na atracação; acesso no canal, bacias e berços; área de retroporto para
movimentação de cargas e passageiros; acesso aos modais de transporte; impactos ambientais ao meio bio-físico para licenciamento (prévio, instalação
e operação).

Podem ser naturais (obras de melhoramento inexistentes ou reduzidas) ou artificiais (obras de abrigo e de acessibilidade).

Quanto à localização, podem ser interiores (estuarinos, deltaicos e lagunares), exteriores (na costa - saliente ou encravado) ou ao largo (distantes da
costa - além da zona de arrebentação).

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Quanto à carga, podem ser de carga geral (sacaria, fardos, barris, caixas etc.) ou especializados (granéis, containers, pesqueiros etc.).

As obras portuárias de melhoramento também podem classificadas em:

- Externas (sujeitas a ação de ondas ou correntes) - estas podem ser ainda de abrigo (molhes, quebra-mares, espigões - diferente de molhes, protegem
apenas contra correntes) ou de acesso (guia-corrente, dragagem);

- Internas (áreas abrigadas da ação de ondas e correntes), por exemplo, berços de acostagem (pier - quando há mais de um berço em plataforma de
atracação; cais - em terra firme) , equipamentos e retroporto.

Berço é todo local destinado a atracação de navios, canais de acesso são vias navegáveis balizadas, por onde os navios chegam e saem dos portos e
bacias de evolução são áreas circulares destinadas ao giro do navio durante a atracação ou desatracação. Seu comprimento deve ser maior que a soma
do comprimento do navio tipo e a boca.

O navio-tipo:

Canais de acesso: as profundidades mínimas do canal de acesso são função do nível mínimo de maré (incluindo meteorológica), do calado estático, do
squat (afundamento dinâmico paralelo), efeito do cavado da onda (em canais externos), folga líquida sob a quilha (pé do piloto), incertezas e
tolerâncias de dragagem. (De forma geral a relação profundidade mínima e calado deve ser igual a 1,10)

A largura mínima do canal de acesso é função da manobrabilidade, velocidade, dos ventos e correntes transversais, das correntes longitudinais, das
ondas, da presença ou não de auxílios a navegação (rebocadores), da superfície do fundo, da periculosidade da carga e das folgas previstas.

O raio de curvatura mínimo é função do ângulo de leme que se pretende para manobra (máx 30º) e a sobrelargura é função dos parâmetros anteriores e
da boca do navio.

Rebocadores devem ser utilizados no mínimo de 2 para até 60.000 tpb (tonelada porte-bruto) e acrescenta-se mais um rebocador a cada 60.000 tpb.

A bacia de evolução deve ter altura mínima de 1 m a mais que o calado do navio-tipo e o diâmetro mínimo deve ser de 2 metros a até 4 vezes o
comprimento do navio-tipo (com e sem a assistência de rebocadores, respectivamente).

Obras de abrigo

Objetivam criar áreas protegidas de Ondas (quebra-mares, molhes e guias-correntes) e de Correntes (espigões). Sua finalidade é criar uma bacia
portuária, proteger o canal de acesso em embocaduras costeiras e defender o litoral contra a erosão.

Podem ser de talude, composto por blocos de enrocamento ou de concreto. São os de maior facilidade na construção e manutenção e apresentam
eficiente dissipação de energia das ondas e, portanto, são os mais utilizados.

Podem ser também de paredes verticais impermeáveis (caixões, blocos maciços e estacas-prancha). Não são utilizados no Brasil, por exigirem
equipamentos e mão-de-obra mais sofisticada. Eles trabalham refletindo a onda ao largo.

O dimensionamento de obras de abrigo leva em conta o grau de abrigo desejado (depende da utilização do porto), de limites operacionais (depende do
tipo de navio - conteineiros requerem ondas menores) e de quando se deseja ter o porto disponível para operação. Abrigar 100% do tempo é caro! O
que se pode permitir é construções adicionais para caso o porto sozinho não atinja confiabilidade adequada. O grau de abrigo influencia no transporte
de sedimentos litorâneo e, portanto, devem ser avaliados a sedimentação na área abrigada e o impacto de uma erosão/sedimentação na área costeira
adjacente.

Quebra-mares:

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Vantagens: permitem duplo acesso, comprimento reduzido e interferem pouco no transporte costeiro;
Desvantagens: fornecem abrigo incompleto, exige meios flutuantes na construção, se o transporte de sedimentos for nos dois sentidos, pode haver
formação de tômbolo.

Molhes:

Vantagens: permitem maior abrigo, pode-se construir em ponta de aterro, pode-se construir um anteporto (proteção contra ressacas);
Desvantagens: permitem apenas acesso único, existe tendência de assoreamento, aumentam a erosão costeira (falta de sedimentos) e deve-se criar outro
molhe caso o transporte seja reversível.

Molhes-convergentes:

Vantagens: grande proteção de ondas e de assoreamento pelo transporte de sedimentos, pode-se dispor de anteporto e se construir em ponta de aterro;
Desvantagens: acesso único, limita expansão portuária e tem comprimento de obras maiores que os demais.

Guias-corrente são construídos em barras marítimas, devem apresentar dragagem lateral e serem levemente convergentes - mantendo competência das
correntes - e profundidade mantida até o maior comprimento na região de arrebentação.

O comprimento das obras de abrigo deve ser calculado utilizando-se relações e ábacos e sua seção transversal deve ser calculada em três etapas:
armadura (suporte da ação direta das ondas), camadas intermediárias e núcleo (critérios de filtro - quanto mais interno, mais fina a granulometria,
amortecem energia das ondam) e bermas hidráulicas e geotécnicas (para não erodir fundo, deforma a berma, não a obra; permite controlar o
adensamento de solos argilosos).

O dimensionamento é feito utilizando-se a fórmula de Hudson e a espessura é determinada considerando-se um cubo perfeito.

Estruturas acostáveis

Obras destinadas a receberem os navios. Devem resistir a cargas horizontais (na atracação e amarração), a cargas verticais concentradas na
movimentação de carga e os empuxos de terra e hidrostáticos em estruturas de arrimo.

Podem ser contínuas (cais corrido) - onde as funções de acesso, suporte, atracação e amarração estão integradas na plataforma principal. Ou discretas,
onde cada estrutura apresenta uma função específica - apresentam mais segurança, pois danos não condenam todo o terminal e há redução na
envergadura das obras.

Instalações de movimentação e armazenamento de cargas: equipamentos de movimentação de carga geral, guindastes, empilhadeiras, carretas.
Equipamentos de movimentação em terminais de containers: portainers, transteiners, empilhadeiras, carretas etc.
Equipamentos de movimentação e armazenamento de graneis líquidos e sólidos (viradores de vagões, recuperadoras de roda de caçambas);

O armazenamento pode ser coberto ou descoberto.

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