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Santa Maria-RS,
5.1 - GEOMORFOLOGIA FLUVIAL
Segundo Cunha (1998), a geomorfologia fluvial engloba o estudo dos cursos de água e das
bacias hidrográficas.
Enquanto o estudo dos curso de água, se detém nos processos fluviais e nas formas resultantes
do escoamento das águas, o segundo considera as principais características das bacias
hidrográficas que condicionam o regime hidrológico.
Essas características ligam-se aos aspectos geológicos, às formas de relevo e aos processos
geomorfológicos, às características hidrológicas e climáticas, à biota e à ocupação da terra.
À medida que a corrente aumenta sua velocidade e as partículas mais grossas são suspensas, a
carga de suspensão cresce. Ao mesmo tempo, mais material do fundo estará em movimento, e
a carga de fundo também aumenta. Como seria de se esperar, quanto maior o volume de um
fluxo, maior a carga de sedimento (carga de suspensão e de fundo) capaz de ser transportada. A
CARGA SEDIMENTAR TOTAL QUE O FLUXO TRANSPORTA É A SUA CAPACIDADE.
O rio Amazonas, por exemplo, flui com uma velocidade moderada na maior parte do seu
percurso e carrega somente partículas finas e médias (argila e areia), mas, por outro lado, a
quantidade carregada é enorme. Em contraposição, um pequeno rio fluindo rapidamente na
escarpa de uma região montanhosa pode carregar até matacões, mas somente em pequena
quantidade.
Suspensão Arraste Saltação
Fonte: http://www.sinageo.org.br/2012/trabalhos/2/2-405-254.html
5.1.1 FISIOGRAFIA FLUVIAL
Para Christofoletti (1980), os rios constituem os agentes mais importantes no transporte dos
materiais intemperizados das áreas elevadas para as mais baixas e dos continentes (nível de
base local) para o mar (nível de base geral).
Embora o curso de água deva ter uma certa grandeza para ser designado como rio, é difícil
precisar a partir de qual tamanho passa-se a utilizar essa denominação.
A nomenclatura, contudo, é variada para os cursos de água menores, tais como arroio,
ribeirão, riacho, córrego, igarapé, entre outros, reservando o termo rio para o principal e
maior dos elementos componentes de determinada bacia de drenagem.
De acordo com o
período de tempo
b) INTERMITENTES: de modo geral, só há fluxo durante a
durante o qual o fluxo
estação chuvosa (50% do período ou menos);
ocorre, distinguem-se os
seguintes tipos de rios:
A fisiografia fluvial pode ser entendida do ponto de vista dos tipos de leito, de canal, de rede
de drenagem e de terraço.
5.1.1.1 Tipos de leito
LEITO MENOR OU NORMAL: corresponde à parte do canal ocupada pelas águas e cuja
frequência impede o crescimento da vegetação. Esse tipo de leito é determinado por margens
bem definidas.
LEITO MAIOR: também denominado leito maior periódico ou sazonal, é ocupado pelas águas
do rio durante as cheias, pelo menos uma vez durante o ano.
LEITO MAIOR EXCEPCIONAL: por onde correm as cheias mais elevadas, as enchentes. É
submerso em intervalos irregulares, mas por definição, nem todos os anos (PERÍODOS DE
RECORRÊNCIA).
A fisionomia que o rio exibe ao longo do seu perfil longitudinal é descrita como retilínea,
anastomosada, entrelaçado e meândrica.
Para Cunha (1998), essa geometria do sistema fluvial resulta do ajuste do canal à sua seção
transversal e reflete a inter-relação entre as seguintes variáveis: descarga líquida, carga
sedimentar, declive, largura e profundidade do canal, velocidade do fluxo e rugosidade do
leito.
Assim, os canais meândricos relacionam-se aos elevados teores de silte e argila, e os canais
anastomosados a uma carga mais arenosa.
Segundo Cunha (1998), uma bacia hidrográfica pode apresentar todos os tipos de canal,
espacialmente setorizados ou em um mesmo setor, durante a evolução do seu sistema fluvial,
quando ocorrem variações temporais dessa drenagem.
Canais retilíneos
Para Cunha (1998), os exemplos de canais naturais retos são pouco frequentes, representando
trechos ou segmentos de canais curtos, à exceção daqueles tectonicamente controlados e dos
canais localizados em planícies de restingas, controlados pelos cordões arenosos ou em
planícies deltaicas.
A condição básica para a existência de um canal reto (controle estrutural) está associada a um
leito rochoso homogêneo que oferece igualdade de resistência à atuação das águas.
A divagação do talvegue, de uma margem para outra, nos canais retos com leitos
inconsolidados, origina um perfil transversal com um ponto de maior profundidade e um local
mais raso, de agradação. Essa zona de acumulação, que origina os bancos ou as barras de
sedimentos, alterna-se de um lado a outro do canal (CUNHA, 1998).
os canais anastomosados são caracterizados por apresentarem grande volume de carga de fundo
que, conjugado com as flutuações das descargas, ocasionam sucessivas ramificações, ou
múltiplos canais que se subdividem e se reencontram, separados por ilhas assimétricas e barras
arenosas
Essas barras são bancos ou coroas de detritos móveis carregados pelos cursos de água e ficam
submersas durante as cheias. As ilhas são mais fixas ao fundo do leito, apesar da ação erosiva e
da sedimentação, podendo ficar parcialmente emersas no decorrer do período das cheias.
Também as barras podem ser estabilizadas pela deposição de sedimentos mais finos e/ou pela
fixação da cobertura vegetal durante os intervalos das enchentes. A presença da vegetação
dificulta a erosão e permite a deposição de sedimentos finos.
O perfil transversal dos canais anastomosados é largo, raso e grosseiramente simétrico, com
pontos altos (topos das ilhas e dos bancos) e baixos (talvegue dos canais), com contínuas
migrações laterais (margens frágeis), em razão das flutuações das descargas e do rápido
transporte dos sedimentos.
As variações do fluxo fluvial, que podem levar ao estabelecimento do padrão anastomosado,
espelham as condições climáticas locais, a natureza do substrato, a cobertura vegetal e o
gradiente do canal ao longo de seu percurso.
De acordo com o IBGE (2009), são canais muito comuns em ambientes glaciais e áridos, associados
a leques aluviais ou relevos sujeitos a movimentos tectônicos.
É um padrão característico de ambiente que apresenta elevada carga sedimentar, assim como alta
capacidade de transporte, erosão e deposição. Existem ainda pontos controvertidos na
diferenciação entre esse padrão e o anastomosado.
O entrelaçado, contudo, pode ser diferenciado basicamente pelo número elevado de barras de
canal que migram em função da variação da descarga e do fluxo do rio e pela presença de
inúmeras ilhas.
Canais entrelaçados se diferenciam dos anastomosados pelo tamanho, rios entrelaçados são de
menor porte.
Canais meandrantes
Para Penteado (1980), são canais que apresentam curvas no traçado dos rios, largas, semelhantes
entre si, resultantes do trabalho da corrente, de escavação na margem côncava (zona de maior
velocidade da água) e de deposição na margem convexa
Os meandros aumentam o comprimento do canal entre dois pontos; quando esse aumento é 50%
maior que a distância entre esses dois pontos em linha reta (índice de sinuosidade maior que 1,5)
Depósitos
arenosos
(point bars)
A disposição espacial dos rios, controlada em grande parte pela estrutura geológica, é definida
como padrão de drenagem.
A classificação genética foi proposta por Horton (1945), que considerou os cursos de água em
relação à inclinação das camadas geológicas
1. Rios consequentes ou cataclinais: determinados pela inclinação da camada; coincidem, em
geral, com o mergulho das camadas, originando cursos retilíneos e paralelos.
5. Rios insequentes: correm de acordo com a morfologia do terreno e em direção variada, sem
nenhum controle geológico aparente (áreas de topografia plana ou de rocha homogênea).
Fonte: Torres et al 2012
PADRÕES DE DRENAGEM
São designados como terraços aluviais quando são compostos por materiais relacionados à
antiga planície de inundação, mas também podem apresentar contribuição coluvionar.
Tais terraços situam-se a uma determinada altura acima do curso de água atual, que não
consegue recobri-los nem mesmo na época das cheias.
Quando uma oscilação climática provoca diminuição no
débito, pode ocorrer a formação de nova planície de
inundação, em nível mais baixo (rebaixamento do nível de base
geral), embutida na anterior.
Os terraços podem ser resultantes da influência regressiva dos epiciclos erosivos em função
dos movimentos eustáticos. As oscilações do nível do mar, por causa das glaciações,
promoviam modificações na posição do nível de base geral dos rios e ocasionavam fases
erosivas (epiciclos, quando das regressões marinhas) e fases deposicionais (quando das
transgressões marinhas).
Tipos de Terraços
5.1.2 HIERARQUIZAÇÃO FLUVIAL
A ordem dos canais (rios) é uma classificação que reflete o grau de ramificação ou bifurcação
dentro de uma bacia hidrográfica. Em geral, há uma tendência a ser mais bem drenadas
aquelas bacias que têm ordem maior.
Arthur Strahler introduziu um sistema de hierarquia fluvial que ainda hoje se destaca
como o mais utilizado. Para ele, os menores canais, sem tributários, são considerados como
de primeira ordem, estendendo-se desde a nascente até a confluência; os canais de
segunda ordem surgem da confluência de dois canais de primeira ordem, e só recebem
afluentes de primeira ordem; os canais de terceira ordem surgem da confluência de dois
canais de segunda ordem, podendo receber afluentes de segunda e primeira ordens; os
canais de quarta ordem surgem da confluência de dois canais de terceira ordem, podendo
receber tributários das ordens inferiores, e assim sucessivamente.
Modelo de Horton Modelo de Strahler
Eles têm respostas mais rápidas às precipitações, com repentino aumento da vazão, assim como
são rápidos em retornar à situação natural. POSSUEM GRANDE CAPACIDADE EROSIVA E
TRANSPORTAM SEDIMENTOS DE CONSIDERÁVEL GRANULOMETRIA.
À medida que a ordem dos canais aumenta para jusante, em direção à foz (ou ao exutório da
bacia), há uma tendência de diminuição das declividades, caracterizando uma área de menor
velocidade do fluxo, onde ocorre a deposição dos sedimentos trazidos do trecho superior. As
vazões tendem a ser mais uniformes e as águas mais turvas, em razão dos sedimentos finos que
são transportados.
5.1.3 PROPRIEDADES DA DRENAGEM
1. Grau de Integração
Dd=Lt/A
Onde: Lt é a somatória do comprimento dos canais contidos em uma bacia hidrográfica e A é a sua
área.
Reflete de forma objetiva a permeabilidade e porosidade do terreno, podendo-se inferir
características do solo e da litologia.
6. Grau de Controle
É avaliado de acordo com as orientações preferenciais da drenagem determinadas pela tropia.
Se a tropia for unidirecional, o grau de controle é alto; caso não haja uma orientação
preferencial (bidirecional ou tridirecional), o grau de controle é de médio a fraco.
7. Sinuosidade
Refere-se às curvas delineadas pela drenagem, e pode ser aberta, fechada, ou então se situar
em um grau intermediário. A presença de uma sinuosidade marcante e abrupta poderá
mostrar uma anomalia no terreno, retratada por um controle estrutural ou até mesmo
litológico.
8. Retilinearidade
Evidencia-se quando a drenagem mostra orientação retilínea, sendo normalmente associada
aos controles estrutural e estratigráfico.
9. Ângulo de Junção
Corresponde ao ângulo que os ramos secundários fazem com a drenagem principal e relaciona-
se com o controle estrutural da drenagem de uma determinada área.
10. Angularidade
Refere-se às mudanças bruscas de direção da drenagem e indica a influência de fatores
estruturais.
11. Assimetria
É um parâmetro que reflete o caimento do terreno e/ou indica a presença de estruturas
planares primárias ou secundárias. Geralmente uma assimetria relaciona-se à existência de
blocos basculados, cujo limite é demarcado por uma estrutura retilínea.
Fonte: Torres et al 2012
5.1.4 BACIAS HIDROGRÁFICAS
Para Machado e Torres (2012), também chamada bacia fluvial ou bacia de drenagem, uma
bacia hidrográfica pode ser definida como uma área da superfície terrestre que drena água,
sedimentos e materiais dissolvidos para uma saída comum, em um determinado ponto de um
canal fluvial.
Os limites das bacias hidrográficas, dados por fatores de ordem física, nem sempre coincidem
com as delimitações político-administrativas tradicionais, de modo que uma mesma bacia pode
abranger diferentes municípios, estados e/ou países, criando complicadores para sua gestão.
Alguns equipamentos utilizados para estudos hidrológicos:
http://www.limnotec.com.br/itm/garrafas-para-coleta-de-amostras-de-
agua.html
http://giraqua.com.br/produto/disco-de-secchi-g7000/
Disco de Secchi
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https://www.lojasynth.com/acessorio-p-
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SUMMERFIELD, M. A. Global Geomorphology. New York: John Wiley & Sons, 1991. 537p.