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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA


DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
GCC 1060 – GEOMORFOLOGIA

UNIDADE 5 - MECANISMOS DE EVOLUÇÃO DO RELEVO


5.1 - Geomorfologia fluvial: a ação dos rios no modelado terrestre.

Prof. Anderson Augusto Volpato Sccoti

Santa Maria-RS,
5.1 - GEOMORFOLOGIA FLUVIAL

Segundo Cunha (1998), a geomorfologia fluvial engloba o estudo dos cursos de água e das
bacias hidrográficas.

Enquanto o estudo dos curso de água, se detém nos processos fluviais e nas formas resultantes
do escoamento das águas, o segundo considera as principais características das bacias
hidrográficas que condicionam o regime hidrológico.

Essas características ligam-se aos aspectos geológicos, às formas de relevo e aos processos
geomorfológicos, às características hidrológicas e climáticas, à biota e à ocupação da terra.

As redes hidrográficas configuram as principais vias de transporte dos produtos da


meteorização física e química; ao realizar tal função, a água que flui da terra para os mares
concentrados nos canais fluviais formam um SISTEMA altamente organizado e complexo, cuja
quantidade de inter-relações e variáveis envolvidas no processo faz que a elucidação completa
e simultânea do funcionamento dos canais fluviais seja tarefa bastante dificultosa
(CHRISTOFOLETTI, 1981).
Quanto mais rápida a corrente, maiores as partículas carregadas como carga de suspensão ou
de fundo. A aptidão que um fluxo tem de carregar material de um determinado TAMANHO É A
SUA COMPETÊNCIA.

À medida que a corrente aumenta sua velocidade e as partículas mais grossas são suspensas, a
carga de suspensão cresce. Ao mesmo tempo, mais material do fundo estará em movimento, e
a carga de fundo também aumenta. Como seria de se esperar, quanto maior o volume de um
fluxo, maior a carga de sedimento (carga de suspensão e de fundo) capaz de ser transportada. A
CARGA SEDIMENTAR TOTAL QUE O FLUXO TRANSPORTA É A SUA CAPACIDADE.

A velocidade e o volume de um fluxo afetam a competência e a capacidade de um rio.

O rio Amazonas, por exemplo, flui com uma velocidade moderada na maior parte do seu
percurso e carrega somente partículas finas e médias (argila e areia), mas, por outro lado, a
quantidade carregada é enorme. Em contraposição, um pequeno rio fluindo rapidamente na
escarpa de uma região montanhosa pode carregar até matacões, mas somente em pequena
quantidade.
Suspensão Arraste Saltação
Fonte: http://www.sinageo.org.br/2012/trabalhos/2/2-405-254.html
5.1.1 FISIOGRAFIA FLUVIAL

Para Christofoletti (1980), os rios constituem os agentes mais importantes no transporte dos
materiais intemperizados das áreas elevadas para as mais baixas e dos continentes (nível de
base local) para o mar (nível de base geral).

Embora o curso de água deva ter uma certa grandeza para ser designado como rio, é difícil
precisar a partir de qual tamanho passa-se a utilizar essa denominação.

A nomenclatura, contudo, é variada para os cursos de água menores, tais como arroio,
ribeirão, riacho, córrego, igarapé, entre outros, reservando o termo rio para o principal e
maior dos elementos componentes de determinada bacia de drenagem.

Do ponto de vista geológico e geomorfológico, o termo rio aplica-se exclusivamente a


qualquer fluxo canalizado e, por vezes, é empregado para se referir a canais destituídos de
água.
a) PERENES: há fluxo o ano todo, ou pelo menos em 90% do
ano, em canal bem definido;

De acordo com o
período de tempo
b) INTERMITENTES: de modo geral, só há fluxo durante a
durante o qual o fluxo
estação chuvosa (50% do período ou menos);
ocorre, distinguem-se os
seguintes tipos de rios:

c) EFÊMEROS: só há fluxo durante chuvas ou períodos


chuvosos; os canais não são bem definidos.

A fisiografia fluvial pode ser entendida do ponto de vista dos tipos de leito, de canal, de rede
de drenagem e de terraço.
5.1.1.1 Tipos de leito

De acordo com Cunha (1998), o leito


fluvial corresponde ao espaço
ocupado pelo escoamento das águas.
Conforme a frequência das descargas
e a consequente topografia dos canais
fluviais, os leitos podem assumir a
seguinte classificação de acordo com
Tricart (1966)

Fonte: Torres et al 2012


LEITO VAZANTE: equivale à parte do canal ocupada durante o escoamento das águas de
vazante (estação seca). Suas águas divagam dentro do leito menor seguindo o talvegue, que é a
linha de máxima profundidade ao longo do leito e que é mais bem identificada na seção
transversal do canal.

LEITO MENOR OU NORMAL: corresponde à parte do canal ocupada pelas águas e cuja
frequência impede o crescimento da vegetação. Esse tipo de leito é determinado por margens
bem definidas.

LEITO MAIOR: também denominado leito maior periódico ou sazonal, é ocupado pelas águas
do rio durante as cheias, pelo menos uma vez durante o ano.

LEITO MAIOR EXCEPCIONAL: por onde correm as cheias mais elevadas, as enchentes. É
submerso em intervalos irregulares, mas por definição, nem todos os anos (PERÍODOS DE
RECORRÊNCIA).

A relação entre leito de vazante, leito menor, leito maior periódico e


excepcional variam de um curso de água para outro, inclusive de um setor a
outro de um mesmo rio.
5.1.1.2 Tipos de canal

A fisionomia que o rio exibe ao longo do seu perfil longitudinal é descrita como retilínea,
anastomosada, entrelaçado e meândrica.

Para Cunha (1998), essa geometria do sistema fluvial resulta do ajuste do canal à sua seção
transversal e reflete a inter-relação entre as seguintes variáveis: descarga líquida, carga
sedimentar, declive, largura e profundidade do canal, velocidade do fluxo e rugosidade do
leito.

Assim, os canais meândricos relacionam-se aos elevados teores de silte e argila, e os canais
anastomosados a uma carga mais arenosa.

Segundo Cunha (1998), uma bacia hidrográfica pode apresentar todos os tipos de canal,
espacialmente setorizados ou em um mesmo setor, durante a evolução do seu sistema fluvial,
quando ocorrem variações temporais dessa drenagem.
Canais retilíneos

Para Cunha (1998), os exemplos de canais naturais retos são pouco frequentes, representando
trechos ou segmentos de canais curtos, à exceção daqueles tectonicamente controlados e dos
canais localizados em planícies de restingas, controlados pelos cordões arenosos ou em
planícies deltaicas.

A condição básica para a existência de um canal reto (controle estrutural) está associada a um
leito rochoso homogêneo que oferece igualdade de resistência à atuação das águas.

A divagação do talvegue, de uma margem para outra, nos canais retos com leitos
inconsolidados, origina um perfil transversal com um ponto de maior profundidade e um local
mais raso, de agradação. Essa zona de acumulação, que origina os bancos ou as barras de
sedimentos, alterna-se de um lado a outro do canal (CUNHA, 1998).

Fonte: Torres et al 2012


Segmento de canal
retilíneo
Canais anastomosados

os canais anastomosados são caracterizados por apresentarem grande volume de carga de fundo
que, conjugado com as flutuações das descargas, ocasionam sucessivas ramificações, ou
múltiplos canais que se subdividem e se reencontram, separados por ilhas assimétricas e barras
arenosas

Essas barras são bancos ou coroas de detritos móveis carregados pelos cursos de água e ficam
submersas durante as cheias. As ilhas são mais fixas ao fundo do leito, apesar da ação erosiva e
da sedimentação, podendo ficar parcialmente emersas no decorrer do período das cheias.

Também as barras podem ser estabilizadas pela deposição de sedimentos mais finos e/ou pela
fixação da cobertura vegetal durante os intervalos das enchentes. A presença da vegetação
dificulta a erosão e permite a deposição de sedimentos finos.

O perfil transversal dos canais anastomosados é largo, raso e grosseiramente simétrico, com
pontos altos (topos das ilhas e dos bancos) e baixos (talvegue dos canais), com contínuas
migrações laterais (margens frágeis), em razão das flutuações das descargas e do rápido
transporte dos sedimentos.
As variações do fluxo fluvial, que podem levar ao estabelecimento do padrão anastomosado,
espelham as condições climáticas locais, a natureza do substrato, a cobertura vegetal e o
gradiente do canal ao longo de seu percurso.

As precipitações concentradas e os longos períodos de estiagem (clima árido ou semiárido) e as


pesadas nevadas e os degelos rápidos (clima frio) oferecem as melhores condições de clima local
para o assentamento da drenagem anastomosada

Ainda, os canais anastomosados estão associados a gradientes relativamente altos e de contraste


topográfico acentuado, como os encontrados nos leques aluviais e deltaicos, em zonas de
piemontes (escarpa e planície de sopé) ou em regiões próximas às escarpas de falhas.
Canais entrelaçados

De acordo com o IBGE (2009), são canais muito comuns em ambientes glaciais e áridos, associados
a leques aluviais ou relevos sujeitos a movimentos tectônicos.

É um padrão característico de ambiente que apresenta elevada carga sedimentar, assim como alta
capacidade de transporte, erosão e deposição. Existem ainda pontos controvertidos na
diferenciação entre esse padrão e o anastomosado.

O entrelaçado, contudo, pode ser diferenciado basicamente pelo número elevado de barras de
canal que migram em função da variação da descarga e do fluxo do rio e pela presença de
inúmeras ilhas.

Canais entrelaçados se diferenciam dos anastomosados pelo tamanho, rios entrelaçados são de
menor porte.
Canais meandrantes

Para Penteado (1980), são canais que apresentam curvas no traçado dos rios, largas, semelhantes
entre si, resultantes do trabalho da corrente, de escavação na margem côncava (zona de maior
velocidade da água) e de deposição na margem convexa

Os meandros aumentam o comprimento do canal entre dois pontos; quando esse aumento é 50%
maior que a distância entre esses dois pontos em linha reta (índice de sinuosidade maior que 1,5)

Meandros de vale (ou encaixados) – ocorrem quando o vale


serpenteia com o rio. Controle estrutural.
É possível distinguir
dois tipos de
meandros (existem
variações na Meandros de planície aluvial (livres ou divagantes) – caso
nomenclatura): realizado quando as sinuosidades do rio são independentes do
traçado dos vales.
A corrente principal é levada em direção à margem côncava. Esta, por sua vez, é cavada cada
vez mais (banco de solapamento), enquanto na margem convexa a corrente muito lenta para
transportar a sua carga abandona parte dela, construindo bancos arenosos ou de cascalho
(point bars ou baixios); assim, a curva se acentua cada vez mais

Acentuando-se a curvatura dos meandros, dois meandros podem se avizinhar demasiadamente


formando um pedúnculo; o avanço da aproximação implica o corte do meandro, restando o
“antigo” meandro com braço morto (meandro abandonado)

Fonte: Torres et al 2012


Meandros de vale.
Ocorre um controle
estrutural.
Meandros de
planície aluvial

Depósitos
arenosos
(point bars)

Meandro Abandonado. Formam lagos,


que podem se manter com água o ano
inteiro ou somente nos períodos de
maior precipitação
Fonte: Teixeira et al. 2000
(Decifrando a Terra)
5.1.1.3 Tipos de drenagem

A drenagem fluvial é formada por um conjunto de canais de escoamento interligados. A área


drenada por esse sistema é definida como bacia de drenagem, e essa rede depende não só do
total e do regime das precipitações, como também das perdas por evapotranspiração e
infiltração.

A disposição espacial dos rios, controlada em grande parte pela estrutura geológica, é definida
como padrão de drenagem.

A classificação genética foi proposta por Horton (1945), que considerou os cursos de água em
relação à inclinação das camadas geológicas
1. Rios consequentes ou cataclinais: determinados pela inclinação da camada; coincidem, em
geral, com o mergulho das camadas, originando cursos retilíneos e paralelos.

2. Rios subsequentes ou ortoclinais: são controlados pela estrutura rochosa e acompanham as


linhas de fraqueza. Nas áreas sedimentares, ocorrem perpendicularmente à inclinação das
camadas, sendo afluentes dos consequentes ou cataclinais.

3. Rios obsequentes ou anaclinais: ocorrem quando os cursos de água se dirigem em sentido


inverso à inclinação das camadas, descendo das escarpas até os rios subsequentes ou
ortoclinais; formam canais de pequena extensão e correm no sentido oposto aos consequentes
ou cataclinais.

4.Rios ressequentes ou cataclinais de reverso: correm na mesma direção dos rios


consequentes ou cataclinais, porém nascem em nível topográfico mais baixo, no reverso das
escarpas, sendo afluentes dos subsequentes ou ortoclinais.

5. Rios insequentes: correm de acordo com a morfologia do terreno e em direção variada, sem
nenhum controle geológico aparente (áreas de topografia plana ou de rocha homogênea).
Fonte: Torres et al 2012
PADRÕES DE DRENAGEM

O arranjo da trama hidrográfica reflete em determinados PADRÕES DE DRENAGEM, quase


sempre relacionados a fatores de ordem estrutural. Os padrões de drenagem mais comuns são
enumerados por Summerfield (1991):

GROTZINGER e JORDAN (2013) Fonte: Torres et al 2012


GROTZINGER e JORDAN (2013)
Esses são tipos básicos,
propostos por Summerfield
(1991),porém, podem
aparecer, com base em outros
autores, formas modificadas

Fonte: Torres et al 2012


GROTZINGER e JORDAN (2013)
5.1.1.4 Terraços

Os terraços fluviais representam antigas planícies de inundação que foram abandonadas.


Morfologicamente, surgem como patamares aplainados, de largura variada, limitados por uma
rampa em direção ao curso de água.

São designados como terraços aluviais quando são compostos por materiais relacionados à
antiga planície de inundação, mas também podem apresentar contribuição coluvionar.

Tais terraços situam-se a uma determinada altura acima do curso de água atual, que não
consegue recobri-los nem mesmo na época das cheias.
Quando uma oscilação climática provoca diminuição no
débito, pode ocorrer a formação de nova planície de
inundação, em nível mais baixo (rebaixamento do nível de base
geral), embutida na anterior.

Se a oscilação climática redundar em maior sobrecarga


Alternativas pelas detrítica ou níveis mais altos de cheias, favorecendo a
quais se pode agradação no assoalho do canal, a planície de inundação
explicar o abandono primitiva pode ser recoberta ou soterrada por novos
da planície de recobrimentos aluviais.
inundação

Outra possibilidade é a formação de uma planície de


inundação em nível mais baixo, acompanhada de nova fase
erosiva sobre o embasamento rochoso do fundo do vale. Esse
entalhamento pode ser resultado de movimentos tectônicos,
de abaixamento do nível de base ou de modificações no
potencial hidráulico do rio, ocasionando a formação dos
denominados terraços encaixados
Chrisitofoletti (1980) afirma ainda que várias hipóteses foram propostas para explicar a
formação de terraços. A primeira relaciona-se à tendência contínua do entalhamento fluvial
até atingir o perfil de equilíbrio

Os terraços podem ser resultantes da influência regressiva dos epiciclos erosivos em função
dos movimentos eustáticos. As oscilações do nível do mar, por causa das glaciações,
promoviam modificações na posição do nível de base geral dos rios e ocasionavam fases
erosivas (epiciclos, quando das regressões marinhas) e fases deposicionais (quando das
transgressões marinhas).
Tipos de Terraços
5.1.2 HIERARQUIZAÇÃO FLUVIAL

A ordem dos canais (rios) é uma classificação que reflete o grau de ramificação ou bifurcação
dentro de uma bacia hidrográfica. Em geral, há uma tendência a ser mais bem drenadas
aquelas bacias que têm ordem maior.

Os sistemas e critérios mais utilizados para o ordenamento de canais de bacias hidrográficas


são os de Horton (1945) e, sobretudo, os de Strahler (1952).

Arthur Strahler introduziu um sistema de hierarquia fluvial que ainda hoje se destaca
como o mais utilizado. Para ele, os menores canais, sem tributários, são considerados como
de primeira ordem, estendendo-se desde a nascente até a confluência; os canais de
segunda ordem surgem da confluência de dois canais de primeira ordem, e só recebem
afluentes de primeira ordem; os canais de terceira ordem surgem da confluência de dois
canais de segunda ordem, podendo receber afluentes de segunda e primeira ordens; os
canais de quarta ordem surgem da confluência de dois canais de terceira ordem, podendo
receber tributários das ordens inferiores, e assim sucessivamente.
Modelo de Horton Modelo de Strahler

Fonte: Torres et al 2012


Modelo de Adrian Scheidegger Modelo de Shreve

Fonte: Torres et al 2012


Os rios de primeira ordem correspondem às áreas de nascentes, caracterizadas por serem mais
elevadas e de maiores declividades. Nesse caso, tais cursos de água têm regime mais turbulento e
irregular e são caracterizados mais por sua velocidade do que por seu volume.

Eles têm respostas mais rápidas às precipitações, com repentino aumento da vazão, assim como
são rápidos em retornar à situação natural. POSSUEM GRANDE CAPACIDADE EROSIVA E
TRANSPORTAM SEDIMENTOS DE CONSIDERÁVEL GRANULOMETRIA.

À medida que a ordem dos canais aumenta para jusante, em direção à foz (ou ao exutório da
bacia), há uma tendência de diminuição das declividades, caracterizando uma área de menor
velocidade do fluxo, onde ocorre a deposição dos sedimentos trazidos do trecho superior. As
vazões tendem a ser mais uniformes e as águas mais turvas, em razão dos sedimentos finos que
são transportados.
5.1.3 PROPRIEDADES DA DRENAGEM

As propriedades da drenagem são as particularidades no traçado que os segmentos de


drenagem apresentam em função de características físicas do terreno: litologia, precipitação,
relevo, solos e vegetação.

Além desses fatores, considera-se a presença de eventos tectônicos responsáveis pela


deformação e formação de relevo, bem como as influências climáticas.

1. Grau de Integração

Compreende a perfeita interação entre as drenagens de uma determinada bacia, de maneira a


fornecer um padrão consistente de seus ramos, cujo traçado deve ser o mais simples possível.
Fornece informações de maneira indireta sobre permeabilidade, porosidade, topografia, coesão,
massividade, heterogeneidade, grau de dissolução das rochas e erodibilidade.
2. Grau de Continuidade

Consiste na continuidade do traçado dos canais de drenagem, que varia em função da


permeabilidade, da porosidade e do grau de dissolução das rochas

3. Densidade de Drenagem (Dd)


Foi inicialmente definida por Horton (1945), e pode ser calculada pela equação:

Dd=Lt/A

Onde: Lt é a somatória do comprimento dos canais contidos em uma bacia hidrográfica e A é a sua
área.
Reflete de forma objetiva a permeabilidade e porosidade do terreno, podendo-se inferir
características do solo e da litologia.

4. Densidade de Canais (frequência de drenagem)


Enquanto a densidade de drenagem corresponde a uma relação entre a soma total do
comprimento dos cursos de água e a área da bacia, a densidade de canais (ou densidade
hidrográfica) relaciona o número de cursos de água e a área da bacia drenada por eles. Tal como a
densidade de drenagem, também pode indicar condições de permeabilidade, porosidade e
solubilidade.
5. Tropia
Indica se a rede de drenagem apresenta uma ou mais orientações preferenciais, o que pode
ocorrer em razão da existência de um controle estrutural. Diferentes orientações podem estar
indicando campos de tensão distintos responsáveis pela geração de falhas e juntas em
diferentes direções, sobre as quais a drenagem se adapta.

6. Grau de Controle
É avaliado de acordo com as orientações preferenciais da drenagem determinadas pela tropia.
Se a tropia for unidirecional, o grau de controle é alto; caso não haja uma orientação
preferencial (bidirecional ou tridirecional), o grau de controle é de médio a fraco.

7. Sinuosidade
Refere-se às curvas delineadas pela drenagem, e pode ser aberta, fechada, ou então se situar
em um grau intermediário. A presença de uma sinuosidade marcante e abrupta poderá
mostrar uma anomalia no terreno, retratada por um controle estrutural ou até mesmo
litológico.

8. Retilinearidade
Evidencia-se quando a drenagem mostra orientação retilínea, sendo normalmente associada
aos controles estrutural e estratigráfico.
9. Ângulo de Junção
Corresponde ao ângulo que os ramos secundários fazem com a drenagem principal e relaciona-
se com o controle estrutural da drenagem de uma determinada área.

10. Angularidade
Refere-se às mudanças bruscas de direção da drenagem e indica a influência de fatores
estruturais.

11. Assimetria
É um parâmetro que reflete o caimento do terreno e/ou indica a presença de estruturas
planares primárias ou secundárias. Geralmente uma assimetria relaciona-se à existência de
blocos basculados, cujo limite é demarcado por uma estrutura retilínea.
Fonte: Torres et al 2012
5.1.4 BACIAS HIDROGRÁFICAS

Para Machado e Torres (2012), também chamada bacia fluvial ou bacia de drenagem, uma
bacia hidrográfica pode ser definida como uma área da superfície terrestre que drena água,
sedimentos e materiais dissolvidos para uma saída comum, em um determinado ponto de um
canal fluvial.

Conforme o Dicionário Geologico-Geomorfologico, é um conjunto de terras drenadas por um


rio principal e seus afluentes. A noção de bacia hidrográfica obriga naturalmente a existência
de cabeceiras ou nascentes, divisores de água, cursos de água principais, afluentes,
subafluentes.
a) Exorreicas: quando o escoamento da água se faz de modo
contínuo até o mar, isto é, quando as bacias deságuam
diretamente no mar;

b) Endorreicas: quando as drenagens são internas e não


De acordo com o
possuem escoamento até o mar, desembocando em lagos, ou
escoamento global,
dissipando-se nas areias do deserto, ou perdendo-se nas
Christofoletti (1980)
depressões cársticas;
propõe a seguinte
classificação para as
bacias hidrográficas:
c) Arreicas: quando não há qualquer estruturação em bacias,
como nas áreas desérticas;

d) Criptorreicas: quando as bacias são subterrâneas, como nas


áreas cársticas.
Fonte: Torres et al 2012
As bacias hidrográficas variam muito de tamanho, desde a pequena bacia de um córrego de 1ª
ordem até a enorme Bacia Amazônica, com milhões de km² e, por essa razão, os estudos e
intervenções visando o planejamento e a gestão, adotam diferentes áreas de abrangência,
resultantes de subdivisões da unidade principal, aparecendo como derivações, usualmente, os
termos sub-bacia e microbacia

Os limites das bacias hidrográficas, dados por fatores de ordem física, nem sempre coincidem
com as delimitações político-administrativas tradicionais, de modo que uma mesma bacia pode
abranger diferentes municípios, estados e/ou países, criando complicadores para sua gestão.
Alguns equipamentos utilizados para estudos hidrológicos:

http://www.limnotec.com.br/itm/garrafas-para-coleta-de-amostras-de-
agua.html

http://giraqua.com.br/produto/disco-de-secchi-g7000/

Disco de Secchi

Garrafa de Van Dorn

http://www.aparelhosmedir.com/

https://www.lojasynth.com/acessorio-p-
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Molinete Hidrométrico Medidor Multiparâmetro


CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia fluvial. São Paulo: Blucher, 1981. 313p.

CUNHA, S. B. Geomorfologia Fluvial. In: GUERRA, A. J. T. e CUNHA, S. B. (orgs.) Geo-


morfologia: uma atualização de bases e conceitos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.

GROTZINGER, J; JORDAN, T. Para entender a Terra. Porto Alegre: Bookman, 2013.

IBGE. Manual técnico de geomorfologia. Coordenação de Recursos Naturais e Estudos


Ambientais. Série Manuais Técnicos em Geociências n. 5. Rio de Janeiro: IBGE, 2009.

PENTEADO, M. M. Fundamentos de geomorfologia. Rio de Janeiro: IBGE, 1980.

SUMMERFIELD, M. A. Global Geomorphology. New York: John Wiley & Sons, 1991. 537p.

TORRES, F. T. P.; NETO, R. M.; MENEZES, S. O. Introdução à Geomorfologia. São Paulo:


Cengage Learning, 2012.

TRICART, J. Os tipos de leitos fluviais. Campinas: Notícia Geomorfológica, v. 6, n. 11, p. 41-


49, 1966.

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