Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
UNIVERSIDADE ROVUMA
• Baixa Tensão: é aquela cujo valor eficaz ou valor constante da tensão não excede os
seguintes valores: 1000V em corrente alternada; 1500V em corrente contínua. Tensões
padronizadas mais comuns: 110V, 127 V, 220V, 380V, 660V
• Alta tensão: é aquela cujo valor eficaz ou valor constante da tensão excede os seguintes
valores: 1000V (1KV) em corrente alternada; 1500V (1,5KV) em corrente contínua.
• Carga Eléctrica;
• Campos Eléctricos;
• Tensão;
• Capacitância;
• Efeitos da corrente eléctrica e sua importância na engenharia eléctrica.
• Classificação de materiais eléctricos e suas características: condutores, semi-condutores,
isoladores e magnéticos.
Existem várias aplicações de altas tensões que resumem em: Geração e transmissão de energia
eléctrica; Ensaios de equipamentos de alta tensão e Aplicações não energéticas.
Na maioria dos casos, as redes de transmissão de energia eléctrica são sistemas trifásicos de
corrente alternada, a maioria de receptores são de corrente alternada e neste caso há vantagem
de facilidade de ramificação da rede. As linhas de corrente contínua são utilizadas actualmente
para o transporte de potências elevadas a grandes distâncias (normalmente acima de 800km, como
é o caso da linha Songo-Apolo em Moçambique, de 535kV à uma distância aproximada de 1410km).
Utiliza-se também a corrente continua em redes de utilização especiais como no caso de tracção
eléctrica ou para interligação de sistemas eléctricos com frequências diferentes.
A figura 2 ilustra o esquema das linhas eléctricas que partem da HCB, onde se verifica a interligação
entre as subestações de Matambo e Chibata (em Moçambique), de Bindura (no Zimbábwe), de
Apollo (na àfrica do Sul) e da EDM em Maputo.
a) b)
Figura 3: Laboratório de ensaio de Isolador de alta tensão (figura b)
Transformadores:
de potencia
de Corrente
de Tensao
isoladores
capacitores
GIS
Cabos
bushings
Fonte de
Alimentaçäo
em AT:
AC
DC Objecto
Tensäo
de
Impulsiva Mediçao
Ensaio
Altas tensões em corrente contínua são usualmente produzidas para pesquisas científicas, na física
aplicada e equipamentos médicos como raios-x. Tem também aplicação em testes de cabos para
transmissão de energia em corrente alternada devido a grande capacitância que estes apresentam
o que levaria ao consumo de grandes quantidades de corrente, se o teste fosse feito em corrente
alternanda.
De acordo com as normas IEC 60-1 e IEEE 4-1995, o valor da tensão gerada é igual ao seu valor
aritmético médio, ou seja, a integral da tensão durante um período, dividida pelo próprio período, e
isso se aplica pelo fato de que os sinais DC de altas tensões possuírem um ripple (ondulação).
O ripple por definição, é igual a média entre o valor de pico e o menor valor, de acordo com a
equação a seguir.
As tensões DC são geralmente obtidas por meio de circuitos de rectificação aplicada a tensão
alternada AC (que veremos a seguir) ou por meio de geradores electrostáticos. A retificação pode
ser feita através de simples retificadores semicondutores, sempre construídos em silício, que
normalmente não suportam tensões reversas maiores que 2500[V], porém, sem apresentar
problemas em relação a conexão destes dispositivos em série até atender a condição desejada.
2.1.1. Circuitos rectificadores simples de meia onda (Half wave rectifier circuit)
Para uma melhor compreensão dos circuitos monofásicos de conversão AC/DC serão vistos a seguir
os sistemas de rectificação de meia onda com suavização de tensão. Será desprezada a reactância
do transformador e a impedância dos díodos durante a condução. O Capacitor C será carregado até
a tensão máxima Vmáx, ou seja sempre que V < Vt (Vt tensão no transformador).
Durante um período T=1/f , uma carga Q é transferida para a carga RL representada por
Onde I é o valor médio da corrente de carga iL(t) e V(t) a tensão DC que inclui o factor de ondulação.
Se da equação δV = 0,5(Vmáx - Vmin) introduzirmos o factor de ondulação, teremos que a tensão
V(t) terá a seguinte variação
A carga Q também é fornecida pelo transformador num tempo de condução tc=άT durante cada
ciclo, assim também teremos Q
Sendo άT<T, as correntes no transformador e no díodo terão a forma representada na figura acima
cujas amplitudes serão maiores que a da corrente contínua iL≈I.
O factor de ondulação poderá ser calculado exactamente para este circuito baseando-se na rampa
exponencial de V(t) durante o período de descarga T(1 - ά). No entanto, para circuitos práticos as
quedas de tensão dentro do transformador e rectificadores devem ser tomadas em conta.
Assumiremos que ά = 0. Assim δV será facilmente calculado a partir da carga Q transferida para a
carga, ou seja,
Levando-se em consideração que a carga é então função do valor máximo da tensão da fonte e da
carga, e, mostra que “f.C” é um importante parâmetro de fabricação.
Usualmente, esses geradores produzem tensões na ordem de Megavolts (e.g gerador de Prinz, de
1,2 MV, 60 mA).
Retificadores bifásicos também são construídos a partir de transformadores com tap central, e a
principal consideração de projeto que deve ser feita, é de que os diodos devem resistir também a
duas vezes a tensão de pico da fonte senoidal.
No circuito rectificador de onda completa mostrado na figura 7. No meio ciclo positivo, o rectificador
A conduz e carrega o capacitor com Vmáx, no meio ciclo negativo rectificador B conduz e carrega o
capacitor com 2Vmáx. Existem também circuitos de rectificação de onda completa em ponte (não
serão aqui aborados, por uma questão de simplificação).
Tanto o rectificador de onda completa como o de meia onda produzem a saída uma tensão DC
menor que a máxima tensão AC de entrada (alimentação). Asiim, circuitos multiplicadores de tensão
foram projetados para se obter uma tensão muito mais alta que a dos retificadores de meia onda e
e de onda completa citados anteriormente. O primeiro deles foi projetado por Greinacher, físico, em
1920, sendo melhorado por vários pesquisadores como Latour, Schenkel, Cockcroft Walton ao longo
do tempo.
2.1.4. Circuitos multiplicador em Cascata tipo Cockroft Walton (Voltage multiplier circuit)
Observando a figura 9 a), percebe-se que a ideia é utilizar Capacitores como dobradores de tensão
a fim de se obter uma tensão de saída DC maior que a amplitude da fonte sinodal de entrada.
As formas de onda podem ser observadas de forma lógica, de acordo com a figura 9 b).
Deve-se observar que os potenciais dos nós à esquerda oscilam de forma senoidal, respondendo a
tensão da fonte de alimentação, os potenciais dos capacitores da direita se mantêm constantes em
relação ao terra, e com magnitude de “2Vmax” cada – observe que somente se soma “2Vmax” por
estágio - com excepção de “C’n” que é submetido a no máximo “Vmax”, os diodos devem ser
projectados para suportar no mínimo “2Vmax” - tensão a qual estão submetidos - e, a tensão obtida
na saída, na condição de idealidade, é “2.n.Vmax”. Quando uma carga é colocada nos terminais do
gerador, no entanto, essa tensão sempre menor que “2nVmax”, pela queda de tensão causada pela
corrente que percorre a carga – “DV0” - e pelo ripple existente – “2.d.V”. Para o cálculo do ripple,
supõe-se que uma quantidade de electrões “q” é transmitida à carga pelos capacitores, igual a “q =
I/f = IT”, assim, o ripple deve ser igual à somatória da energia transferida por todos os Capacitores
a carga, porém, como Capacitores menores seriam submetidos a tensões muito elevadas se a carga
fosse rompida, os Capacitores são projectados para serem todos iguais. A queda de tensão “DV0”
pode ser analisada considerando a queda do primeiro estágio, “n”. Supondo que os elementos de
circuito são idéias, “Cn’ carregará com “Vmax”, mas devido a descarga desse Capacitor Cn será
carregado com
Onde “n.q” é a descarga do capacitor. Da mesma forma, “Cn” carrega “Cn-1”, que está sujeito ao
mesmo efeito de descarregamento. E assim sucessivamente, de forma que, se os Capacitores
tiverem a mesma Capacitância as quedas de tensão através de cada estágio será
aproximadamente:
Apesar de os menores Capacitores serem responsáveis por todo o “DV0” como no caso do ripple,
Capacitores no valor de “Cn’” são usados por conveniência, diminuindo “DVn” numa quantidade de
“0.5.nq/c” por estágio resultando finalmente em
De onde para casos onde “n” for maior ou igual a “4”, o termo “n/6” pode ser desprezado.
Como nenhum dos enrolamentos secundários de alta tensão tem o potencial referenciado á terra, é
necessário que se estabeleça um isolamento da tensão DC dentro de cada transformador (T1, T2,
etc.). Cada enrolamento de alta tensão alimenta dois rectificadores de meia onda.
Embora existam limitações quanto ao número de estágios e como os transformadores dos níveis
inferiores tem de fornecer energia para os transformadores dos níveis superiores, este tipo de
sistema, fornece uma fonte de geração de tensões de ensaios DC económica apresentado factores
de ondulação com valores moderados.
Para tensões de teste inferiores a 300kV, um único transformador é suficiente para este propósito.
Entretanto para tensões superiores a 300kV este modelo mostra-se inadequado pois apresenta
custos elevados de instalação e de isolamento. A solução passa por ligar vários transformadores
idênticos em série ou em cascata conforme a figura a seguir.
Legenda: V1 – Tensão de alimentação; V2 – Tensão de saída; aa´ - L.V. enrolamento primário; bb´- H.V.
enrolamento secundário; cc´- enrolamento de excitação; bd – enrolamento de medição (200 to 500); g –
suporte isolador;V - Voltímetro
Onde “Xhv” é a impedância de alta tensão, “Xpv” a do primário e “Xev” as de excitação. Como os
equipamentos que são testados são estritamente representados por capacitâncias, o circuito
equivalente pode ser representado por um circuito simples formado através do equivalente de um
transformador ligado a uma capacitância. Os transformadores em cascata são o método mais
utilizado pelo mundo na geração de altas tensões de teste, e quanto ao circuito ressonante desses,
se a carga nominal estiver presente, uma tensão com freqüência bem abaixo da ressonante deve
aparecer na saída do último estágio, se, no entanto, pouco mais de meia tensão nominal for
colocada sob o primeiro estágio, a tensão de saída oscilará sobre a freqüência de ressonância e
tensões maiores que a nominal são facilmente geradas, se tornando assim, a impedância do
transformador em cascata e do equipamento a ser testado, parâmetros importantes.
A Figura 12 mostra o esquema básico dos circuitos séries ressonantes utilizados para gerar altas
tensões, sintonizados na frequência desejada. Nessa figura, “Ct” é a capacitância pura da carga, e
a freqüência da fonte é conhecida, se um transformador de elevação é utilizado, e a condição de
ressonância for encontrada em relação a impedância do secundário do transformador, a energia
armazenada inicialmente na carga é totalmente compensada, no entanto, o transformador carrega
toda a corrente da carga, o que é uma grande desvantagem.
Os indutores são ajustados de acordo a se obter um alto fator de qualidade – de acordo com a
Equação abaixo, dentro, é claro, dos limites de variação das indutâncias.
A corrente nominal de projeto do transformador de acoplamento pode ser tão baixa quanto “V/Q”,
onde “Q” é o pior fator de qualidade do circuito, enquanto que a tensão pode ser encontrada a partir
da condição de ressonância do circuito, não discutida aqui.
Esses circuitos apresentam algumas vantagens, enumeradas a seguir: A forma de onda de saída
é melhorada, pela eliminação de tensões em freqüências diferentes da fundamental e também pela
atenuação das harmônicas que existem na fonte.
Normalmente esses equipamentos não consomem mais do que 5% da potência consumida por
outros equipamentos de teste com fator de potência igual a um, e, analogamente, os kVA
consumidos, são então muito menores. Se ocorrer uma falha na isolação do espécime de teste, o
arco é formado apenas pela potência armazenada na capacitância, não apresentando, muitas
vezes potência suficiente para danificar o equipamento, e o arco existente é logo extinguido.
Os transformadores de acoplamento podem ser utilizados sem os problemas das altas impedâncias
de entrada dos circuitos com transformadores em série. Circuitos de auto-sintonização podem ser
facilmente desenvolvidos, para cargas onde a capacitância varia ao longo do tempo. O peso dos
circuitos ressonantes em série normalmente chegam de 3 a 6 kg/kVA, enquanto nos
transformadores em série estão em torno de 10 a 20 kg/kVA (não incluindo o equipamento
necessário de controle e regulação).
Quando a capacitância da carga estiver fora dos limites de ressonância para freqüência da rede,
um inversor de freqüência pode ser utilizado para ajustar a freqüência da fonte à freqüência de
ressonância, de acordo com a Figura 13, onde a indutância “Ln” representa todas as indutâncias
dos reatores em série ou paralelo.
Um critério de projeto é a máxima corrente através do circuito, de forma que o transformador não
fique saturado ou cause sobre-aquecimento nas bobinas, e está de acordo com a equação a seguir:
Onde a resistência é muito menor que a impedância indutiva, de forma que pode ser
desconsiderada. A indutância deve, se ajustada de acordo com a freqüência de ressonância dada
pela equação abaixo
resultando na equação a seguir, onde “Cn” é igual à capacitância equivalente do espécime a ser
testado.
Onde o índice “n” representa os valores nominais de funcionamento do circuito série ressonante e
o índice t representa os valores a serem testados. Circuitos série ressonantes ainda apresentam
uma quantidade menor de circuitos de teste nos laboratórios mundiais, porém vêm dando terreno
e têm se mostrados muito importantes para testes na faixa de MV ou unidos a conjuntos de testes
com raios-X.
Dois circuitos básicos de geração de alta tensão de impulso são mostrados na figura (abaixo) onde
o capacitor C1 é lentamente carregado até ao rompimento da fenda de centelhamento G. Esta
fenda de centelhamento age como um limitador de tensão em que o tempo da frente de onda é
muito baixo e determinado pelo valor da resistência R1, o valor de R2 determinará a meia amplitude
ou o tempo de cauda. O capacitor C2 representa a carga ou objecto de teste.
Antes de se proceder a análise faz-se referência ao parâmetro mais significativo no que respeita a
geração de alta tensão de impulso, ou seja, a energia máxima armazenada na Capacitância C1.
Dado que o capacitor C1 é maior que C2 este determina de certa forma o custo do gerador.
A tensão no objecto de teste, para ambos circuitos, no domínio de tempo será dada por
Assim, a tensão de saída será o resultado da sobreposição de duas funções exponenciais de sinais
contrários. De acordo com a equação (α1 e α2), a raiz negativa resulta na maior constante de tempo
1/α1, comparativamente a raiz positiva 1/α2. O gráfico resultante é mostrado na figura 15.
Fica evidente a possibilidade de geração de ambos tipos de alta tensão de impulso com base
nestes circuitos. Todavia pode-se assumir que estes circuitos são similares, podendo diferir no
rendimento, ou seja
Onde Vp valor de pico da tensão de saída, como indicado na figura acima. O mesmo pode ser
calculado começando por definir o tempo máximo para que V(t) atinja o seu valor de pico tmáx a
partir de dV(t)/dt=0. V0 tensão na fonte.
Para ambos circuitos as diferenças dos respectivos rendimentos provem do valor de k=R1C2.
Para a figura (b) teremos
Esta equação evidencia o facto de C1 ter que ser maior que C2 Para a figura (a) teremos,
substituindo α1 e α2 partindo e da relação R1/R2 = f(C2/C1)
Note que em todas as equações está presente a constante de tempo 1/α1 e 1/α2, dependem da
forma de onda. Para determinadas formas de onda é válida a tabela
Devido a dificuldades construtivas os circuitos são simplificados de tal forma que têm-se em
consideração uma combinação de uma indutância total com as Capacitâncias C1-C2 (figura
abaixo) ignorando a posição da resistência de cauda, pois esta tem pouca influência. Assim
Onde
A obtenção de alta tensão de impulso com recurso a um único estágio mostra-se economicamente
inviável, daí o recurso aos circuitos multiestágios sugeridos por MARX que consiste num arranjo de
condensadores em paralelo submetidos a uma carga através de resistências óhmicas e
posteriormente descarregados em série através de fendas de centelhamento.
Capítulo 3: Meios isolantes gasosos, líquidos e sólidos nas tecnologias de alta tensão
Dieléctrico: É o meio no qual é possível produzir e manter um campo eléctrico com pequeno ou
nenhum fornecimento de energia de fontes externas. A energia requerida para produzir o campo
eléctrico pode ser recuperada, no total ou em parte, quando o campo eléctrico é removido.
Capacitor: É um dispositivo constituído por dois condutores, cada um tendo uma determinada
superfície exposta ao outro, separados por um meio isolante. Uma diferença de potencial entre os
dois condutores acarreta em armazenamento de cargas iguais em intensidade e de polaridades
opostas. Os dois condutores são chamados de eléctrodos.
Dieléctrico perfeito: É um dieléctrico no qual toda a energia requerida para estabelecer um campo
eléctrico no mesmo é recuperada quando o campo ou a tensão aplicada é removida. Desta forma,
possui condutibilidade nula.
Dieléctrico imperfeito: É aquele no qual uma parte da energia requerida para estabelecer um
campo eléctrico no dieléctrico não retorna ao sistema eléctrico quando o campo é removido. A
energia é dissipada no dieléctrico, em forma de calor.
Absorção dieléctrica: É o fenómeno que ocorre em dieléctricos imperfeitos pelo qual cargas
positivas e negativas são separadas e acumuladas em certas regiões dentro do volume do
dieléctrico. Este fenómeno se manifesta, por si próprio, como uma corrente que decresce
gradualmente com o tempo, após a aplicação de uma corrente contínua e constante.
Quando uma voltagem é aplicada através de um capacitor (tipo placa), constituído de duas placas
condutoras paralelas de área A, separadas por uma distância onde existe o vácuo, uma das placas
torna-se positivamente carregada, e a outra negativamente, com o correspondente campo eléctrico
aplicado dirigido do terminal positivo para o negativo. Uma carga Q0 é acumulada em cada placa
do capacitor e é directamente proporcional à tensão aplicada e a área das placas e inversamente
proporcional á distância entre elas
Onde Q é a carga armazenada (em Coulomb) e V é a tensão através dos condutores (ou placas).
Assim com o material dieléctrico uma carga maior Q, é acumulada entre as placas, neste caso
Onde εd é a permissividade do meio dieléctrico e será maior em magnitude que ε0. A relação
entre as Capacitâncias do sistema com o vácuo e com o dieléctrico será
ε* = ε´ - jε´´
A soma vectorial destas duas correntes representa a corrente total do sistema e o ângulo entre o
vector da corrente capacitiva e a resultante é definido como o ângulo de perdas. Sendo a relação
entre a parte imaginária e a parte real da permissividade considerada de tangente de δ
O factor de potência será obtido pela determinação do seno do ângulo de perdas (sen δ) O factor
de perda dieléctrica prende-se com a incapacidade das moléculas do material isolante de se
reorientar quando sujeitos a um campo eléctrico alternado. Esta capacidade é dependente da
temperatura, do tamanho das moléculas envolvidas, da respectiva polaridade e da frequência do
campo eléctrico
O factor de dissipação e a permissividade são afectados de algum modo pelo tamanho molecular,
composição e orientação relativa de grupos funcionais dentro das moléculas. Em geral dentro de
uma série de moléculas semelhantes, a permissividade aumentará á medida que o peso molecular
aumenta.
Os factores descritos acima, são características eléctricas de materiais isolantes e podem ser
usados para a monitorização da qualidade dos mesmos relativamente à deterioração por uso e
quanto à presença de contaminantes. As propriedades dieléctricas dos materiais isolantes também
podem ser medidas e quantificadas no domínio da frequência, ou seja, com tensões alternadas
como uma função da frequência. A transição do domínio do tempo para o domínio da frequência
pode ser obtida por meio da transformada de Laplace ou transformada de Fourier. De onde resulta
após várias transformações
A parte real representa a capacitância do objecto de teste sendo a parte imaginária representativa
das respectivas perdas. Assim o factor de dissipação será dado por
Na equação abaixo;
Tensão inicial é a tensão em que ocorrem as descargas parciais num campo heterogéneo.
Descarga disruptiva: é a descarga que se dá ao longo do caminho mais curto num isolamento de
um material. Ao caminho da distância neste caso chama-se distância disruptiva (d)
Material Isolante é o: material que pelas suas propriedades, é usado para isolar potenciais
diferentes. Por exemplo: Vácuo; Isolantes Gasosos (ar, SF6); Isolantes Líquidos (óleo isolante);
Isolantes Sólidos (resina sintética, porcelana, vidro, mica, polietileno, cerâmica, burracha sintética
papel);
O Vácuo por exemplo, tem como propriedades: elevada capacidade de regeneração; Possui
pequena permitividade (= 1); Não tem perdas dieléctricas (= 0); Não é inflamável;Tem o valor da
tensão de ruptura elevado (E = 20 a 30 kV/mm). Como desvantagens: o precisa de isoladores
sólidos para suportar e tem elevado custo para a sua produção.
Regra 1: Um isolamento com campo homogéneo ou heterogéneo só cumpre a sua tarefa técnica,
quando durante o serviço não sofre descargas disruptivas. Portanto, quer a tensão disruptiva, quer
a tensão disruptiva superficial devem ser sempre maiores que a tensão de serviço. Por outro lado,
um isolamento num campo fortemente heterogéneo deveria ser dimensionado de modo a que
durante o serviço não ocorressem descargas parciais. Então, a tensão inicial deveria ser sempre
maior do que a tensão de serviço, ou seja:
Ud>Un
Regra 2: As descargas disruptivas eléctricas são resultado da fadiga das propriedades isolantes
(decomposição de materiais isolantes) causado por: Efeitos térmicos, Efeitos eléctricos, Efeitos
mecânicos, Efeitos químicos, os quais devem ser observados no dimensionamentos e operação
dos isoladores.
3.2.1 O Ar Atmosférico
As características isolantes do ar atmosférico variam com a humidade relativa. Quando seco suas,
propriedades se aproximam muito com as do vácuo. Nas proximidades de um condutor sujeito a
uma diferença de potencial o ar se ioniza, resultando em gás condutor. Se a renovação do ar não
se efectuar ou se a diferença de potencial crescer, rapidamente o poder dieléctrico do ar poderá
ser rompido, causando assim uma perfuração do isolamento. É o ar o isolante natural, entre os
condutores de uma linha aérea, fora dos apoios.
3.2.2. Nitrogénio
É um gás de elevada estabilidade química, bom poder dieléctrico. É utilizado para manter a pressão
interna dos tanques de transformadores, reactores e outros equipamentos, acima da pressão
atmosférica e dessa forma evitar a penetração de humidade. Dada sua elevada estabilidade
química é pouco reagente, não afectando, pois, os demais meios isolantes.
Sintetizado pela primeira vez no ano de 1900, em Paris, teve suas pesquisas para aplicação
industrial iniciadas em 1937. Em 1939, o uso em cabos e capacitores foi patenteado. Pesquisas
para sua utilização como meio interruptor são de 1950 e equipamentos blindados e isolados à SF6
surgiram a partir de 1970. O SF6 gás é um dos gases de maior densidade (6,16 kg/m³), quase 5
vezes maior que a do ar. É um gás incolor, inodoro, não tóxico, quimicamente inerte e estável e
não inflamável. O gás apresenta propriedades térmicas e eléctricas notáveis:
• A presença de humidade e os compostos ácidos (HF). A humidade no gás SF6 pode ser
proveniente de:
• Permeabilidade da água através de o’rings;
• Difusão através de vazamentos;
• Difusão através da micro-porosidade do alumínio;
• Absorção de água pelos materiais orgânicos (graxas, haste de accionamento, isoladores
poliméricos).
A ruptura dos gases é regida pelas leis elementares dos gases, entre elas a lei de Boyle e Mariotte
e a de Gay-Lussac, de onde é derivada a principal lei fundamental da teoria dos gases (pV = nRT).
Maxwell provou verdadeira tal teoria alguns séculos mais tarde.
A temperatura ambiente e pressões normais, os gases são ótimos isolantes elétricos, isso que
resulta da radiação cósmica e substâncias radioativas presentes na terra. Essas radiações podem
transformar sua energia cinética em energia potencial sob as moléculas dos gases, ionizando-os,
e esta, é a principal forma de ruptura elétrica dos gases. Por exemplo, se um gás estiver submetido
a uma diferença de potencial muito grande, e este for ionizado, há uma tendência natural e forte de
movimento de cargas de um eletrodo para o outro, causando o “rompimento” do dielétrico e a
condução de eletricidade através do isolante.
Um cientista chamado Townsend fez observações a respeito da ruptura dos gases: um dielétrico
sobre uma “ddp” tem um movimento de elétrons entre o catodo e o anodo que aumenta até uma
estabilização da corrente, denominada “corrente de ionização”. Essa corrente é mantida até que a
tensão alcance tal valor de tensão que a corrente aumenta exponencialmente com a tensão, e daí
se dá a ruptura do isolante ou condução através do dielétrico. Essa ionização acontece devida
fotoionização causada por radiação, interação entre átomos que tem sua vida decaída em frações
de segundo e os átomos do dielétrico e devido a fatores térmicos.
Onde (n0) é o número inicial de electrões gerados no cátodo. Se (I0) for a corrente inicial do cátodo
então teremos
Townsend propôs um mecanismo de ruptura que explica a condução através dos gases, que está
de acordo com a equação abaixo, de onde há um ponto em que se verifica a transição da corrente
de ionização ou “corrente escura” para uma descarga auto-sustentável.
Esse ponto é onde A corrente I se torna indeterminada ou o denominador se torna igual a “0”, de
acordo com a Equação
Uma força de campo elétrico de rompimento pode ser definida a partir do estudo de Townsend, e
está de acordo com a equação
Onde “Eb” é o campo elétrico sobre o dielétrico, também denominado por força de campo de
rompimento, “p” é a pressão sobre o dielétrico, “d” é o comprimento do dielétrico “γ ” é o coeficiente
de Townsend já citado, e “A” e “B” são constantes de ionização dos gases, “A” em par de íons [cm-
1*Torr-1] e “B” em [V/cm*Torr].
A fórmula anterior mostra que essa força é diminuída com o aumento do comprimento do dielétrico
(d), com a pressão mantida constante, porém, é principalmente função do produto (p.d) e é
incrementada lentamente com o decréscimo da pressão e acréscimo do comprimento do dielétrico.
Quando estudamos vários fenômenos que ocorrem nos sistemas elétricos, começam a surgir
alguns problemas de unidades e nomenclaturas que podem acarretar alguma confusão. Assim,
antes de começarmos a falar sobre as descargas parciais (DP), é conveniente fazermos alguns
comentários gerais sobre a utilização dos termos técnicos que normalmente são encontrados na
literatura. Em alta tensão todos sabem que quando temos aplicado um determinado valor de tensão
por sobre um arranjo qualquer, automaticamente teremos tensões induzidas em outros objetos
próximos, ionização das moléculas de ar nas superfícies condutoras, geram-se sinais
eletromagnéticos e forma-se uma distribuição de campo elétrico no espaço em volta do arranjo pois
este está diretamente relacionado com a tensão aplicada. Conforme a intensidades e o
mapeamento deste campo elétrico é que surgem os diversos fenômenos com os quais nos
preocupamos em determinar as influências e intensidade. Desse modo surgem os diversos
problemas nos sistemas de transmissão tais como perda de energia, interferência nas freqüências
auditivas, ondas curtas de rádio (SW – Short Wave) e TV, corona visual, descargas parciais, como
veremos agora, e até mesmo descargas disruptivas quando o campo elétrico é suficientemente alto
para promover ionização de todo um percurso até outro elemento porventura existente nas
proximidades. “O campo eletromagnético é o responsável inicial de todos os fenômenos e conforme
o problema que queiramos resolver, nomenclaturas adequadas e grandezas são utilizadas de modo
mais conveniente”.
Observe que o termo ''descargas parciais'' é utilizado tanto para o caso de descargas nas cavidades
de um material isolante (sólido, gás (bolha), óleo), quanto nas superfícies condutoras. Assim, uma
descarga parcial (DP) é uma descarga elétrica localizada, ou seja, que não chega a percorrer o
caminho dentro de um material isolante colocado entre dois eletrodos. Quando temos uma
determinada tensão aplicada aos terminais de um dielétrico (ar, óleo, gás, fenolite, resinas, etc.)
podem ocorrer descargas em partes deste dielétrico nos pontos onde houver maior intensidade de
campo elétrico ou onde a constante dielétrica “ε” for menor, como no caso de pequenas bolhas de
ar no interior de um isolante sólido. No caso de dielétricos sólidos estas descargas são produzidas
pela ionização de pequenas cavidades de ar no interior do dielétrico; no caso dos líquidos, pela
ionização de bolhas de gás no seu interior; no caso do ar pela ionização das moléculas de ar que
se encontram nos pontos de maior gradiente de potencial. “As DPS podem ocorrer em qualquer
ponto do dielétrico; na junção de dois dielétricos diferentes ou adjacentes ao condutor; podem
também ocorrer seguidamente em várias pontos do dielétrico”. A necessidade do ensaio de DPS
vem do fato que estas descargas são uma fonte contínua de deterioração do material isolante, ou
seja, modificam suas propriedades dielétricas, além de poderem, dependendo de sua intensidade,
gerar interferências em recepção de rádio, TV e sistemas digitais em geral. Dependendo da
intensidade das DPS, a vida útil do material será reduzida. Inclusive, um dos itens a que se propões
o ensaio de DPS é o de determinar a relação existente entre as grandezas que regem as DPS e a
vida útil do dielétrico. Outro motivo é a utilização cada vez mais freqüente dos materiais poliméricos
que envelhecem mais rapidamente sob os efeitos da ionização, conjuntamente com razões
econômicas que tendem a minimizar as espessuras isolantes.
Nos campos elétricos uniformes ou quase uniformes a ionização usualmente leva ao completo
rompimento do dielétrico. Nos campos não uniformes, no entanto, várias manifestações luminosas
e sonoras são observadas muito antes de ocorrer o completo rompimento do dielétrico.
Esses fenômenos são conhecidos como “Coronas”. Esses efeitos são responsáveis por
consideráveis perdas de energia nas linhas de transmissão e leva a deterioração da isolação pela
ação combinada das descargas elétricas a composição química de certos isolantes.
O campo elétrico crítico para o efeito do fenômeno visual corona, para tensões ac, é expresso pela
teoria desenvolvida por Peek, para aplicação sobre cabos cilíndricos suspensos no ar, de acordo
com a Equação
Onde “Ec” é o módulo do campo elétrico, “r” é o raio do cabo e “δ” é a densidade relativa do ar.
Estes fenômenos normalmente interferem nos sistemas de comunicação, porém são muito
utilizados industrialmente nos dispositivos de impressão de alta velocidade, precipitadores
eletrostáticos, contadores Gêiser, etc. Os fenômenos corona visuais apresentam diferença de
acordo com a polaridade onde acontecem, sendo branco-azulados e formando superfícies sobre o
cabo nas polaridades positivas e aparecendo sobre o formato de manchas brilhantes avermelhadas
distribuídos ao longo do cabo na polaridade negativa. No entanto, tanto tensões ac como dc’s
produzem os mesmos efeitos. Nos coronas positivos, as descargas se dão na forma de “fluxos de
corrente”, com a curiosa característica de nunca se cruzarem. Essas descargas vão diminuindo até
a extinção quando alcançam pontos no dielétrico de menor campo elétrico. Nos coronas negativos,
os fenômenos visuais ocorrem sob a forma de pulsos muito regulares que recebem o nome de
“pulsos de Trichel”, por terem sido minuciosamente estudados pelo cientista Trichel. Esses pulsos
tem sua freqüência aumentada com o aumento da tensão, e dependem também da pressão, do
comprimento do dielétrico e do raio do cátodo.
Os condutores das linhas aéreas de transmissão de alta tensão bem como demais partes de
sistemas eléctricos devem ser isolados electricamente de seus suportes e do solo, o que nas linhas
aéreas e feito basicamente pelo ar que lhes envolve, auxiliado pelos elementos feitos de material
dieléctrico, denominados isoladores; É também papel do siolador, sustentar mecanicamente os
cabos condutores. Para além disso, suas superfícies devem ter um acabamento capaz de resistir às
exposições de tempo, mesmo com a atmosfera apresentando elevado grau de poluição. Na prática
estes isoladores, de comportam como capacitores nas linhas eléctricas, como pode-se observar na
figura 21.
Quando os isoladores falham na sua função de não permitir a passagem de corrente dos condutores
aos apoios, é geralmente devido aos seguintes fenómenos:
a) Condutividade através da massa dos isoladores – com os materiais actualmente utilizados
no fabrico de isoladores, e acaba culminando com a quebra do material de vidro ou fissuras
no material de porcelana;
b) Condutividade superficial (Contornamento) – esta associada a acumulação de humidade,
poeiras e depósitos salinos (se perto do mar) a superfície dos isoladores. É possível atenuar
este fenómeno, conferindo aos isoladores formas e dimensões adequadas de modo a
aumentar os comprimentos das linhas de fuga, ou adicionando a propriedade de hidrofobia
nos isoladores.
c) Descarga disruptiva – resulta do estabelecimento de um arco eléctrico entre o condutor e o
apoio, através do ar que os separa, cuja rigidez dieléctrica, em determinadas situações não
é suficiente para evitá-lo. O afastamento conveniente dos condutores e apoios é um modo
de evitar este fenómeno.
3.3.1. Porcelana
A fabricação de isoladores de porcelana exige uma tecnologia bastante avançada, a fim de se obter
corpos de composição homogénea, para não comprometer a sua rigidez dieléctrica. O seu
desempenho é bom, porém apresenta o inconveniente de dificultar a identificação de defeitos por
simples inspecção visual.
Composição da porcelana:
• Argila;
• Quartzo – componente que influi termicamente; quanto maior sua percentagem, maior é a
temperatura suportada pela porcelana;
• Feldspato – componente que define o comportamento isolante como rigidez dieléctrica, factor de
perdas, etc.
• O revestimento com verniz, cuja base é a mesma da porcelana, destina-se a vitrificar a superfície
externa da porcelana que, embora não porosa, apresenta certa rugosidade que pode ser
prejudicial durante o uso da porcelana em corpos isolantes, sujeitos à deposição de humidade,
poeira, etc. O verniz ao recobrir o corpo da porcelana o torna liso e brilhante, elevando a
resistência superficial do isolador.
Os isoladores de vidro temperado (figura 24) têm um custo de fabricação menor, tanto pelo custo de
matérias-primas, como também dos processos de fabricação. Após a sua formação eles sofrem um
tratamento térmico que os torna mais resistentes, que cria em seu interior um estado de tensão tal
que, sob acção de choques mecânicos mais fortes, estilhaçam-se, não admitindo trincas. Assim, os
defeitos destes isoladores são fáceis de identificar à distância e por simples inspecção visual. Têm
elevada rigidez dieléctrica, maior resistência mecânica e resistência a choques térmicos
Os isoladores poliméricos (figura 25) são fabricados de borrachas de silicone (matéria orgânica).
Devido à característica especial de silicone, a hidrofobia, a superfície destes isoladores quando
poluída e sujeita à humidade, forma gotículas separadas (e não um caminho contínuo), minimizando
o surgimento de correntes de fuga. Apresentam, assim, bom desempenho em ambientes poluídos,
para além de serem mais resistência a sismos e a vândalos. Seu maior inconveniente reside no seu
alto custo.
• Excelente hidrofobicidade.
• Excelente resistência ao trilhamento eléctrico (tracking).
• Excelente desempenho sob poluição – o perfil e a maior distância de escoamento do isolador
permitem reduzir a corrente de fuga e, portanto as perdas de energia Resistente ao efeito de
erosão mesmo quando o isolador estiver submetido a uma forte poluição.
• Impenetrabilidade - podem ser lavados sob alta pressão.
• Resistência ao envelhecimento devido aos raios ultravioleta, temperatura, poluição, ozono, com
alta durabilidade.
• Resistente ao arco eléctrico.
• A maleabilidade das aletas de borracha, associada à elevada resistência do núcleo central e a
silhueta delgada garante incomparável desempenho destes isoladores em regiões de
vandalismo.
• Instalação rápida, simples e de menor custo.
• Pesa até 13 vezes menos que uma cadeia de isoladores convencionais
De acordo com RSLEAT, os isoladores são construídos de duas formas distintas: isoladores rígidos
e isoladores em cadeia.
Isolador rígido – é o conjunto isolador, constituído por componentes isolantes e metálicas e pelo
material ligante que as justapõe, destinado a ser fixado rigidamente a estrutura de apoio,
garantindo por si só as condições de isolamento ao condutor. Nas linhas de transporte, o material
isolante destes isoladores é feito de borracha de silicone (anti-poluição); O material ligante pode ser
o cimento, casquilho roscado, etc., enquanto os componentes metálicos podem ser o ferro de
suporte, inserção metálica, etc. Estes isoladores têm a vantagem de, para um mesmo nível de
tensão se comparados aos isoladores de cadeia, serem mais curtos e mais leves, reduzindo as
dimensões dos seus elementos de suportes, quando comparados com os isoladores em cadeia. A
sua desvantagem reside no facto de não serem articuláveis por exemplo, sob a acção do vento,
podendo facilmente partir-se. A figura 26 ilustra um isoladores rígidos.
Isolador de Cadeira – é conjunto iolador, constituído por componentes isolantes e metálicas e pelo
material ligante que as justapõe, destinado a ser fixado articuladamente a estruturas de apoio,
garantindo por si só, ou associado a outros idênticos, em forma de cadeia de isoladores, as
condições de isolamento docondutor. As componentes metálicas neste caso são a campânula e
espigão, enquanto o material ligante são os cimentos especiais. Estes isoladores apresentam a
vantagem de grande liberdade entre os isoladores individuais, além de permitir a fácil manutenção,
por exemplo, a troca de isoladores. As figuras 27 ilustra um isoladores de cadeia.
O espigão é uma peça metálica, feita de aço e galvanizada com zinco, que permite a ligação com
um outro isolador ou com terminal metálico. A ligação entre o espigão e o material dieléctrico é
assegurada pela introdução de cimento na cavidade inferior da saia (o dieléctrico de propriamente
dito).
A campânula, também metálica e galvanizada, abraça a parte superior do dieléctrico, a qual é fixada
através do uso de cimento ao longo de toda a superfície. Assim, a campânula e o espigão não têm
um contacto físico. A galvanização oferece a estas peças uma protecção anti-corrosiva.
Quanto à forma de montagem, as cadeias de isoladores podem ser de dois tipos: cadeias de
suspensão e cadeias de amarração.
As cadeias de suspensão têm como função suportar os condutores e transmitir aos apoios, todos
os esforços recebidos destes. Como ilustra a figura 27, as cadeias de suspensão podem ser do tipo
I (ou tipo recto, disposta quase verticalmente) e do tipo V (dispostas à um ângulo de 45º). A cadeia
tipo V tem a vantagem de impedir o efeito de balanço de isoladores, devido pressão lateral do vento
sobre os cabos. O Uso deste tipo de cadeia dá nome aos apoios de suspensão.
As cadeias de amarração (figura 28) têm maior capacidade de suportar esforços mecânicos, pois
devem suportar também todos os esforços transmitidos axialmente pelos cabos. Apresentam uma
configuração praticamente horizontal. Os cabos são presos às cadeias através de pinças de
amarração, dimensionados para resistir cerca de 110% à 150 % da máxima tracção de serviço.
Os isolantes sólidos estão sempre presentes na alta tensão, seja como suporte mecânico ou
mesmo na separação dos condutores, porém, mesmo com o fato de que foram formuladas várias
teorias no século passado tentando explicar o rompimento dos isoladores sólidos; esses isoladores
sofrem a ação de correntes que, ao contrário dos gases, vêm de várias fontes de polarização,
iônica, eletrônica e por movimento de dipolos, que é muito lenta, e, essas correntes não apresentam
diferenças do ponto de vista de medição, dificultando o estudo de cada tipo separadamente.
Nas baixas temperaturas, se aceita que na maioria dos sólidos, a condução se dá de acordo com
a Equação
As descargas por avalanche seguem um processo similar as descargas por avalanche nos gases,
isto é, um elétron ou íon livre ganha energia através da ação do campo elétrico e perde energia na
colisão com elétrons dos demais átomos, se a energia absorvida for maior que a perdida nas
colisões, e a energia das colisões for suficiente para retirar elétrons das bandas adjacentes de seus
átomos, este processo pode desencadear uma avalanche.
Segundo Stark e Garton, a espessura inicial, chamada módulo de Young “Y”, decresce para um
valor igual a “d” [m] quando uma tensão de módulo igual a “V” é aplicada, de acordo com a Equação
Quando um isolante é percorrido por correntes de fuga, devido a polarização, calor está sendo
gerado continuamente no isolante, a condutividade (σ) normalmente aumenta com o aumento de
temperatura, podendo ocasionar descargas térmicas.
Estas descargas são representadas por uma certa instabilidade, ou seja, há uma tendência de
desencadear cada vez mais elétrons, pois a condução de um elétron aumenta um pouco mais a
temperatura formando uma reação em cadeia. A teoria das descargas elétricas é explicada sob a
teoria de condutividade calorífica dos materiais, a capacidade de dissipação e o sistema de
refrigeração de tais sistemas.
Quando um dielétrico sólido tem uma falha, como, por exemplo, uma bolha de ar em sua
construção, há uma tendência de que sobre essa bolha a intensidade de campo seja ainda maior
que no dielétrico em si, sendo uma fonte bastante grande de descargas, conhecidas por descargas
por erosão.
A tensão no dieléctrico que envolve a cavidade e que iniciará a ruptura na cavidade será dada por;
Na prática assume-se que a cavidade tem uma forma esférica, cuja intensidade dos campo eléctrico
será, para εr >> εrc
1. O isolador está coberto com uma camada de poluição seca, contendo sais solúveis ou ácidos
diluídos ou álcalis.
3. Assim que a camada poluente que cobre o isolador energizado se torna condutora, as correntes
de fuga superficiais aparecem e o aquecimento por elas provocado começa a secar parte da
camada poluente.
4. A secagem da camada poluente é sempre não uniforme, fazendo com que a camada poluente
húmida seja cortada por bandas secas que interrompem o fluxo da corrente de fuga.
5. A tensão aplicada nas bandas secas, as quais podem ter somente poucos centímetros de largura,
causa uma descarga no ar e a banda seca é atravessada por arcos que estão, electricamente, em
série com a resistência da parte não seca da camada de poluição.Se a resistência da parte seca
da camada de poluição for muito baixa, os arcos que ultrapassam as bandas secas não se
extinguem e, pelo contrário, aumentam sua extensão ao longo da superfície do isolador. Este facto,
por sua vez, diminui a resistência eléctrica em série com os arcos, aumentando a corrente e
permitindo aumentar, ainda mais sua extensão até que toda a superfície do isolador esteja coberta
ocasionando, assim, uma descarga disruptiva juntamente com o contronamento superficial.
Mesmo não causando uma descarga, uma das consequências mais importantes da formação dos
arcos é geração de ozono, que pode acelerar a corrosão atmosférica/galvânica e a ocorrência de
corrosão eléctrica em isoladores.
Como desvantagens:
▪ Precisam de recepiente; Precisam de isoladores sólidos para suportar os eléctrodos;
▪ A maioria dos óleos minerais são inflamáveis
A teoria explica a ruptura dos dielétricos líquidos como uma extensão da teoria dos gases, baseado
na avalanche de elétrons ocasionada através da ionização dos átomos causada pela colisão de
elétrons com muita energia nestes. Quando há, uma quantidade muito grande de impurezas, o
líquido tende a ter uma corrente crescente com o campo, que depois é estabilizada, e por final,
quando o campo aplicado é muito elevado, tende a uma instabilidade, ocorrendo daí a “avalanche”.
A ruptura térmica depende do campo elétrico aplicado “E”, do “caminho livre” do elétron “λ”, e do
quanta de energia “hν” perdido na ionização da molécula, “c” é uma constante arbitrária.
Impurezas sólidas, suspensas nos líquidos também ocasionam rupturas dielétricas. Isso porque
estas podem ter cargas líquidas, e ocasionar avalanches. Uma explicação plausível e aceita, é a
de que essa partícula carregada é levada ao lugar onde o campo elétrico é maior e “grad E” igual
a zero. Outras partículas sólidas carregadas são levadas a essa região, que por possuir o campo
mais elevado, têm um campo praticamente uniforme.
A ruptura de cavidade é causada por inclusões de gases dentro dos dielétricos líquidos, na forma
de bolhas. Essas bolhas causam mudanças na temperatura e na pressão do dielétrico, dissociação
de líquidos em sólidos devido à colisão dos elétrons e vaporização do líquido por efeito corona.
Para questões de simplificação, muitas literaturas dão ênfase à apenas 2 tipos de sobretensões:
• Sobretensão interna ou de manobra: surtos causados na operações do sistema eléctrico;
• Sobretensão externa ou atmosférica: surtos causadas por descargas atmósfericas
Como cada sobretensão está aliada aos fenômenos que as causam bem como o seu
comportamento em termos de frequência e tempo (figura 35), IEEE (Working Group 15.08.09,
2009), classifica as sobretensões em quatro grupos:
4.2. Sobretensões Transitórias de frente lenta (SFO - Slow Front Overvoltage or Transients)
– ou de Manobra
Normalmente, em redes com tensão abaixo dos 300 kV, as sobretensões de manobra não
representam uma solicitação determinante, no dimensionamento do isolamento. Nessas redes, as
sobretensões com origem atmosférica ultrapassam as necessidades que as sobretensões de
manobra impõem. Apesar disso, existem algumas exceções ligadas, essencialmente, com o corte
de correntes indutivas. Um exemplo, é o corte de corrente de arranque de motores elétricos. Sendo,
por vezes, necessário recorrer à instalação de descarregadores, mesmo tratando-se de redes
industriais isentas de sobretensões atmosféricas.
Os documentos, recorrem à mesma onda convencional para efeitos de ensaio. Essa onda, é a onda
normalizada de 250/2500 µs. Ou seja, com um tempo de pico de 250 µs e tempo de descida (50%)
de 2500 µs. Ambos, apresentam intervalos de valores das sobretensões de 2% (valores de
sobretensões com probabilidade de 2% de ser excedida), que podem ser esperados entre a fase e
terra, sem limitação de descarregadores de sobretensões. Esses valores são apresentados para
ligação e religação, de linhas em vazio, com fonte indutiva e mista.
As sobretensões atmosféricas são caracterizadas por uma corrente relativamente alta fluindo
durante um intervalo de tempo muito curto.
• Por indução: quando a descarga atinge o solo próximo da linha de transporte; (A carga
induzida na linha a quando da formação das nuvens é libertada causando ondas viajantes
de AT); Normalmente, as induções devidas a uma descarga atmosférica, causam
sobretensões abaixo dos 400 kV, nas linhas aéreas, tendo apenas significado para sistemas
com tensão mais baixa.
• Por falta de blindagem: quando a descarga atinge directamente o condutor de fase por falta
de cabo de guarda (ou para-raio) ou por falha da blindagem do cabo de guarda; Estas
descargas são mais drásticas;
• Por descarga de retorno: quando a descarga atinge a torre or o cabo de guarda. Devido à
elevada suportabilidade do isolamento, estas descargas são menos prováveis para as
tensões mais elevadas, sendo muito raros para sistemas com tensão igual, ou superior, a
500 kV.
Os documentos, recorrem à mesma onda convencional para efeitos de ensaio. Essa onda, é a onda
normalizada de 1,2/50 µs.
Para sistemas elétricos operando em regime permanente em torno de 60 Hz, essas ondas possuem
um comprimento maior que o comprimento físico da linha de transmissão. Isso pode ser observado
melhor pela equação
Onde:
E εr a permissividade relativa do meio onde passa a onda. Neste caso, εr =1 para o ar onde as ondas
vão passar.
para estudos da linhas em frequências mais altas que a 50 e 60 Hz, faz-se necessário o uso de
elementos R, L e C distribuídos ao longo da linha, como na verdade o são. A propagação da onda
em uma linha de transmissão, por sua vez, pode ser entendida pela conexão em cascata de circuitos
π, onde cada circuito representa uma divisão do comprimento da linha, como pode ser observado.
Quando a onga se propaga, as energias indutiva e capacitiva se tornam iguais, então a linha de
transmissão está operando com carregamento igual ao oferecido pela impedância de surto. A
impedância de surto, em Ω, pode então ser calculada igualando as equações de energia nos
elementos indutância e capacitância,
A velocidade de propagação em m/s e tempo de propagação em s, para uma linha sem perdas,
então podem ser obtidos com as fórmulas abaixo:
Os estudos de descargas atmosféricas começaram a ser realizados em 1740 por Benjamin Franklin
após vários relatos de mortes em igrejas e estruturas altas. Os experimentos feitos por Franklin em
1746 a 1752 deram origem à haste de Franklin que foi concebida como o estado da arte da proteção
a descargas atmosféricas até meados do século 18 (começo de 1900) (HILEMAN, 1999).
O conhecimento sobre o mecanismo de desenvolvimento da descarga atmosférica é de fundamental
importância para entender os parâmetros que as caracterizam. As descargas atmosféricas provêm
de nuvens carregadas. Essas nuvens possuem cargas negativas na sua base e cargas positivas no
seu topo. A distribuição de cargas em uma nuvem pode ser vista na figura 38.
Pequenas porções de cargas positivas também ocorrem na base, provocando uma diferença de
potencial e ocasionando descargas internas na nuvem. Com o aumento de carga na nuvem, a
diferença de potencial da nuvem e da terra também aumenta, e isso faz com que se comece a
romper a isolação do ar (HILEMAN, 1999). O primeiro líder é formado em passo de 50μs (tempo de
propagação), em uma velocidade de 0,1% da velocidade da luz. Outros caminhos são formados por
outros líderes e rompem a isolação do ar.
Cada caminho ou passo dado pelo líder geram correntes em torno de 50 a 200 A (HILEMAN, 1999).
Um caminho adicional é criado também da terra em direção à nuvem, desse modo começa a se
formar o caminho para a descarga atmosférica propriamente dita. Quando esses caminhos se
encontram, então é gerado o líder principal que é a primeira descarga atmosférica que passa através
do canal que liga a nuvem carregada a terra. Essa primeira descarga viaja a uma velocidade de 10
a 30% da velocidade da luz e gera no canal uma variação de temperatura na ordem de 50000°F que
é em torno de cinco vezes a temperatura da superfície do sol (HILEMAN, 1999). Esse aquecimento
brusco gera ondas de choque que emitem um forte ruído, denominado de trovão. O comprimento
total do canal pode chegar, em média, a 5 ou 6 km. A primeira corrente de descarga pode exceder
200 kA, sendo que a média é 30 kA (segundo dados de Berger) (BERGER; ANDERSON;
KRONINGER, 1975). Esse processo de formação do primeiro líder e da primeira descarga
propriamente dita é apresentado na figura a seguir.
Figura 39: Fenómeno da descarga atmosférica: (a) Primeiro passo do líder. (b) O primeiro líder
caminha em direção ao solo. (c) Formação do canal para a descarga
Após formação do primeiro canal, um novo líder começa a se formar pelo canal ionizado. Esse líder
viaja a uma velocidade em torno de 1% da velocidade da luz, que é 10 vezes maior que a velocidade
do líder principal (HILEMAN, 1999). Dessa forma quando a cabeça do líder se aproxima da terra,
um novo canal através do mesmo caminho ionizado anteriormente é formado e existe uma segunda
descarga atmosférica (subsequente) atingindo a terra com uma corrente menor que a descarga
principal (em torno de 40%) (HILEMAN, 1999). O fenômeno completo da descarga atmosférica
(flash) pode conter várias descargas subsequentes (strokes).
Normalmente, uma descarga atmosférica é modelizada por uma fonte de corrente com forma de
onda, polaridade e amplitude adequadas considerando, eventualmente, a colocação de uma
resistência de algumas centenas de Ohms em paralelo com a fonte de corrente para simular a
influência da impedância do canal de descarga. De entre inúmeras expressões matemáticas
representando funções com características de concavidade adequadas, a CIGRE propõe que a
corrente de descarga seja obtida pela adição de duas funções: uma relacionada com a frente da
onda, atingindo o máximo gradiente para 90% da amplitude, e outra relativa à cauda da onda, com
gradiente máximo no início, permitindo uma transição estável de uma curva para a outra e uma
representação correcta da cauda da onda. Na frente de onda a curva é descrita pela função I(t),
sendo as constantes A e B calculadas a partir da amplitude da corrente (IP), do tempo equivalente
de frente (Tf) e do gradiente máximo da onda (Gm), recorrendo à sequência de cálculo apresentada
nas expressões
4.4. Sobretensões Transitórias de frente muito rápida (VFFO -Very Fast Front Overvoltages or
Transients)
Esta classe de sobretensão, apontada apenas pela CEI, caracteriza-se por ter origem em operações
de abertura, ou defeitos, dentro de subestações isoladas a gás. Podem também, ocorrer em média
tensão, quando existem ligações curtas entre os transformadores secos e o equipamento de
manobra. A forma destas sobretensões, é caracterizada por um aumento rápido da tensão perto do
seu valor de pico, resultando num tempo de frente próximo de 0,1 µs. Para operações de abertura,
esta frente é normalmente seguida por uma oscilação com frequência acima de 1 MHZ. A duração
é inferior a 3 ms, mas pode ocorrer várias vezes. A amplitude depende da construção do
equipamento de manobra e da configuração da subestação, podendo ser limitada a 2,5 p.u. É
necessário ter a consciência que estas sobretensões podem criar outras, ainda maiores, em
equipamentos ligados diretamente, tais como transformadores.
a) Sobretensão temporária
b) Sobretensões de manobra
c) sobretensões atmosféricas
• Através de um correto projeto das linhas; Dando-se especial relevo à correta aplicação de
cabos de guarda, para descargas diretas; dimensionamento adequado de isoladores (ou
cadeia de isoladores) e aplicação de hastes de descarga.
• Redução da impedância de terra dos apoios ou reforço do isolamento, para descargas
indiretas (por indução ou descarga de retorno).
• A CEI, faz ainda referência à utilização de descarregadores de sobretensão, como proteção
contra estas sobretensões.
• SPDA, Sistema de Protecção Contra Descargas Atmosféricas, tendo em conta o índice
ceráurico.
Em resumo, nas redes eléctricas actuais, são utilizados os seguintes dispositivos de protecção
contra sobretensões: 1. Hastes de guarda; Descarregadores de sobretensões; Malhas de terra;
Dimensionamento correcto de Isoladores; Cabos de guarda.
As hastes de guarda têm uma tensão de disrupção previsível e protegem o equipamento da rede,
através do estabelecimento do arco provocado pela sobretensão transitória, criando um circuito para
escoar a corrente para a terra. Assim, o funcionamento das hastes de guarda implica um curto-
circuito e o consequente disparo da linha, o que se torna uma desvantagem na utilização deste
dispositivo de protecção contra sobretensões.
Em redes eléctricas em que o neutro não se encontra efectivamente ligado directamente à terra, a
corrente de seguimento à frequência industrial poderá extinguir-se automaticamente, sendo que em
redes eléctricas com o neutro ligado directamente à terra (correntes de defeitos mais elevadas) o
arco eléctrico só se irá extinguir se o circuito de alimentação do defeito for aberto.
.
5.2. Descarregadores de sobretensão
Os descarregadores escoam as correntes para a terra, quando são atingidos por uma sobretensão.
Para além disso, limitam a amplitude e a duração da corrente, que a rede continua a debitar, através
deles após a passagem da onda da sobretensão sem que os disjuntores tenham de atuar.
Construtivamente, os descarregadores, são constituídos por um ou vários explosores ligados em
série, com uma ou várias resistências de característica não linear, estando o conjunto no interior de
um invólucro isolante e estanque. De forma a garantir uma repartição correta da tensão aplicada,
entre os diversos elementos, recorre-se a divisores de tensão resistentes ou capacitivos.
Os descarregadores de sobretensões são aplicados nas redes de distribuição de energia eléctrica
sobretudo para proteger o isolamento não auto-regenerável dos equipamentos de uma avaria
permanente devido a uma sobretensão transitória, sendo normalmente instalados nos seguintes
locais: em transformadores de potência AT/MT; em transformadores de distribuição MT/BT;em
transições aéreo-subterrâneas; nas blindagens dos cabos isolados, quando uma das extremidade
da blindagem se encontre ligada à terra.
Figura 41: Descarregador com invólucro de porcelana e com indicação dos dispositivos de alívio
de pressão
Os descarregadores mais utilizados são os de carboneto de silício (SiC) – figura 42; e os de óxido
de zinco (ZnO) – figura 43.
• São constituídos por uma coluna de pastilhas, de óxido de zinco. O seu comportamento
pode ser descrito em três regiões de condução das pastilhas (figura 43):
• Região 1: O descarregador apresenta uma característica de alta impedância para a tensão
à frequência industrial. A corrente é maioritariamente capacitiva com uma pequena
componente resistiva;
• Região 2: Inicio da condução, quando a tensão estipulada excede a tensão estipulada do
descarregador;
• Região 3: O descarregador apresenta uma característica tensão-corrente não linear. Na
figura 43, pode-se visualizar esse mesmo comportamento. Verifica-se que até à tensão
nominal (1 p.u.) o descarregador comporta-se como uma impedância elevada, quase
exclusivamente capacitiva. De 1 p.u. até 2 p.u. comporta-se como uma resistência em que
o seu valor é tanto menor quanto maior a tensão, a que está sujeito. A partir de 2 p.u. o
comportamento deixa de ser linear.
• Verifica-se que este tipo de descarregador é mais rápido na extinção do defeito, não se
notando corrente de seguimento. Este descarregador tem vindo a ser o mais utilizado,
colocando os descarregadores de carboneto de silício em desuso.
MAs são projetadas para minimizar as tensões de passo e toque visando à segurança de pessoas
e a proteção dos equipamentos nas subestações elétricas e em plantas industriais.
As MAs são constituídas por um grande reticulado de eletrodos horizontais (EHs) enterrados a uma
dada profundidade e que são interligados por juntas mecânicas ou soldas em suas conexões
cruzadas (nós). Adicionalmente, diversos eletrodos verticais (VEs) (hastes) são inseridos nesses
nós ou ao longo do contorno da malha de modo a se obter a impedância mais baixa possível, o que
resulta em uma área considerável do terreno Diversos aspectos devem ser levados em consideração
para se calcular com precisão a impedância de aterramento das MAs, tais como:
• Solos estratificados;
• Variação dos parâmetros elétricos do solo (resistividade e permissividade) com a frequência,
• Acoplamento mútuo entre os condutores,
• Ionização do solo,
• o arranjo dos condutores na malha;
• Tipo de distúrbio que origina o transitório eletromagnético
Tensão de passo: Máxima diferença de potencial entre os pés (adotando uma distância de 1 m) a
que uma pessoa está submetida quando se encotra na região do aterramento durante a passagem
de uma corrente elétrica.
Tensão de toque: Máxima diferença de potencial entre a mão e os pés a que uma pessoa está
submetida caso esteja em contato com uma parte métálica ligado aos eletrodos durante a passagem
de uma corrento eletrica (Considera-se ambos os pés afastados a 1 m da estrutura tocada).
Os SPDA (Sistema de proteção contra descargas atmosféricas) Servem para proteção de prédios,
instalações industriais, tanques, tubulações e pessoas contra as descargas atmosféricas e seus
efeitos;
Os SPDA são compostos por para-raios e dispositivos instalados nos pontos mais altos das
instalações e estruturas, proporcionando um caminho para terra de menor resistência elétrica
possível. Assim, oferece um caminho para corrente criada pela descarga atmosférica fluir em direção
a terra, sem danificar equipamentos ou estruturas, além de proteger as pessoas dentro da
instalação.
O objetivo de uma blindagem contra descargas atmosféricas em uma instalação, sendo esta uma
linha de transmissão ou uma subestação, é evitar que descargas atmosféricas de alta intensidade
atinjam os seus condutores de fase. No caso de subestações, são comumente usados cabos de
blindagem em todos os pórticos da subestação, ao longo da extensão da subestação, de forma
longitudinal e transversal. Dessa forma, a região de atração da descarga atmosférica (explicado a
seguir) se torna quase zero para os cabos condutores da subestação. Por esse motivo, em estudos
de coordenação de isolamento não se considera a possibilidade de falha de blindagem em
subestações, pois a probabilidade de uma descarga atmosférica atingir um cabo condutor da
subestação é muito baixa. Somente são consideradas falhas de blindagem em linhas de
transmissão.
Figura 46 - SPDA
O cabo,é segundo o RSLEAT, um cabo nú colocado, em regra, acima dos condutores de uma linha
aérea e ligado à terra dos apoios..
Nas linhas de transporte, dependendo da disposição dos condutores, pode-se usar um ou 2 cabos
de guarda. Nas linhas de média tensão é comum substituir os cabos de guarda por para-raios.
A função principal dos cabos de guarda nas linhas aéreas de transmissão, é a de interceptar as
descargas atmosféricas e evitar que atinjam os condutores, reduzindo assim as possibilidades de
ocorrerem interrupções no fornecimento de energia. A existência destes cabos permite que as terras
dos diversos apoios estejam ligadas entre si, possibilitando um melhor escoamento das correntes
de defeito por todos os apoios da linha Além disso, contribuem na redução da indução (da ordem
dos 15% a 25%) em circuitos de telecomunicações estabelecidos nas vizinhanças da linha, fazem a
interligação dos circuitos de ligação a terra dos apoios e podem ainda incluir circuitos de
comunicação (voz, dados) com fibras ópticas.
Os cabos de guarda são executados com cabos de aço zincado ou inoxidável, ou de qualquer dos
materiais admitidos para os condutores. A sua secção é estabelecida para que a sua temperatura
não ultrapasse 170ºC quando atravessada, durante 0,5 s por uma corrente igual a 75% da corrente
de defeito fase-terra
Os cabos de guarda são, geralmente, estabelecidos na parte mais alta dos apoios e ligados a terra
através desses apoios, de acordo com as seguintes recomendações:
Existem vários métodos empregues para mitigar ou eliminar por completo o efeito da poluição em
isoladores cerâmicos, onde se destacam:
Melhorar a Configuração: A distância de fuga de um isolador pode ser ajustada de forma a mitigar
os fenómenos ambientais. Geralmente as configurações são optimizadas aerodinamicamente para
facilitar a auto-limpeza através da acção do vento e da chuva.
Limpeza Periódica: Em muitas instalações são utilizados sistemas de jacto de água a alta pressão
para a limpeza da superfície de isoladores, sendo de longe o mais barato.
Aplicação de Gel/Graxa: O processo de revestimento das superfícies do isolador com gel ou graxas
é utilizado em áreas de contaminação severa. Na maior parte dos casos, a remoção e aplicação da
graxa é uma operação manual. Sendo um processo lento e que requer paralisações de circuito.
Aplicação de RTV: Revestimentos de silicone (RTV) são cada vez mais aplicados com maior
frequência em subestações e cadeias de isoladores. Estudos mostraram que este tipo de
revestimento é de grande eficácia no combate aos fenómenos de poluição.
Esmalte Resistivo: Isoladores de esmalte resistivo são frequentemente utilizados para aliviar os
fenómenos de poluição em regiões com altos índices de poluição. A sua utilização resulta num
campo eléctrico de distribuição uniforme que leva ao aquecimento da respectiva superfície, inibindo
a formação de humidade.
O Comprimento da linha de fuga (LCD) é a distância mínima ou a soma das distâncias mínimas
entre duas partes metálicas com diferentes potenciais ao longo da superfície de um isolador (figuras
33 e 34).
Figura 49: Comprimento da linha de fuga (linha vermelha) de uma saia de isolador de vidro
Pretende-se que a linha de fuga seja suficientemente longa de tal forma que dificulte a passagem
de correntes de fuga que se estabelecem entre os terminais dos isoladores, especialmente quando
a superfície fica sujeita a uma camada condutora devido à poluição envolvente.
poluição da zona por onde passa a linha e o comprimento da linha depara tal, usa-se o seguinte
procedimento:
Passo 1: Atribui-se um nível de poluição para as linhas, após um estudo do campo, e baseando-se
na tabela apresentada na tabela abaixo;
Distância de fuga
Poluição
Nível de
específica (SCD)
𝒎𝒎
DESIGNAÇÃO [ ]
𝒌𝑽
AC (fase-
DC
fase)
• 10-50 km do mar, de um deserto, ou de uma zona seca aberta;
• 5-10 km a partir de zonas de poluição de origem humana;
Suave (I)
condensação regular
Passo 2: Conhecendo o tipo de tensão (AC ou DC), obtém-se, da tabela 3 o comprimento específico
da linha de fuga (SCD)
• Conhecendo a tensão nominal da linha (Un ), calcula-se a tensão máxima eficaz de isolamento
(Um ), através da fórmula abaixo (10% acima da tensão nominal).
𝐔𝐦 = 𝟏, 𝟏. 𝐔𝐧 , [𝐤𝐕]
• Calcula-se o comprimento total da linha de fuga total da cadeia de isoladores (LCD), pela
fórmula abaixo.
LCD
N=
k
Onde:
k – é a linha de fuga de cada isolador; tem como unidade, o mm, fornecido em tabelas
Tensão mais elevada de um sistema US – é o valor de tensão mais elevado de operação entre
fases (valor eficaz) que ocorrer sobre condições normais de operação, em qualquer instante ou
ponto do sistema;
Tensão mais elevada para equipamento Um – é o valor de tensão mais elevado entre fases (valor
eficaz) para o qual um equipamento é projetado com respeito ao seu nível de isolamento. Sobre
condições de serviço especificadas pelo fabricante, esta tensão pode ser aplicada continuamente
ao equipamento. Normalmente esta tensão corresponde à um incremento de 15% a 20% da tensão
de serviço.
Nível de proteção contra impulsos – é o valor máximo de pico de tensão permitido aos terminais
de um dispositivo de proteção sujeito a impulso de manobra ou descarga atmosférica sobre
determinadas condições.
Tensão suportável de coordenação Ucw - para cada classe de tensão, valor suportável da
configuração de isolamento que, em serviço, garante o critério de desempenho. A sua determinação
consiste na seleção do mais baixo valor de tensão suportável do isolamento que garante o critério
de desempenho, quando sujeito à sobretensão representativa sobre condições de serviço. Tem a
mesma forma da sobretensão representativa, e é obtido multiplicando a última pelo fator de
coordenação. Este depende da precisão da avaliação das sobretensões representativas e na
avaliação da distribuição das mesmas. A tensão suportável de coordenação pode ser considerada
convencional ou estatística, dependendo do tipo de método utilizado
Tensão suportável requerida Urw – é a tensão de ensaio que o isolamento deve suportar num
ensaio de tensão suportável para assegurar que o isolamento garante o critério de desempenho
quando sujeito a uma dada classe de sobretensões em condições de serviço e durante todo o
período de serviço. A tensão suportável requerida tem a mesma forma da tensão suportável de
coordenação, e é especificada com referência a todas as condições do teste de tensão suportável
selecionadas para a verificar. A determinação da tensão suportável requerida Urw Consiste na
Sobretensões representativas Urp – é a sobretensão que se assume ter o mesmo efeito dielétrico
no isolamento que uma sobretensão de uma dada classe que ocorre em serviço de diversas origens;
Consistem em tensões com forma padrão de uma classe, e pode ser definida por um valor ou
conjunto deles, ou distribuição de ocorrência de valores que caracteriza as condições de serviço.
Kp = 1,15
As tensões mais elevadas para o equipamento são divididas em duas gamas de valores:
Gama I: Entre 1kV e 245kV inclusive (figura abaixo). Esta gama cobre tanto sistemas de distribuição
como de transmissão. Os diferentes aspetos de operação devem ser tidos em consideração na
seleção do nível de isolamento estipulado para o equipamento.
Gama II: Acima de 245kV . Esta gama cobre, essencialmente, sistemas de transmissão.
Onde:
f – Flecha máxima dos condutores, em metros;
d - Comprimento da cadeia de isoladores, em metros;
U – Tensão nominal da linha, em kV;
k– Coeficiente dependente da natureza dos condutores (K=0,6 para condutores de cobre, bronze,
aço e alumínio-aço; K=0,7 para condutores de alumínio e ligas de alumínio).
No entanto, para qualquer dos casos, a distância nunca deverá ser inferior a 1cm/kV, com um
mínimo de 0,50m.
Onde:
d - distância máxima de de separação entre o ponto de ligação do descarregador à linha e o
equipamento a proteger [m];
dA - altura do descarregador [m];
d1 - comprimento do condutor de ligação do descarregador à linha [m];
d2 - comprimento total do condutor de terra do descarregador [m] (Nota: Em subestações este
comprimento poderá ser superior à altura da estrutura de suporte visto que os condutores de terra
são normalmente isolados para permitir a instalação de contadores de descargas);
Ures - tensão residual do descarregador [kV]. Este valor é obtido a partir do ensaio à onda de choque
atmosférico 8/20 μs, e uma amplitude de 10 kA;
Uw - tensão suportável ao choque atmosférico do transformador [kV];
Kp - factor de segurança [pu]
S - escarpamento da sobretensão incidente [kV/μs]. Um valor conservador entre 600 e 1500kV/μs
poderá ser tido em conta;
υ - velocidade de propagação da sobretensão incidente [m/μs]. Para condutores de linhas eléctricas
aéreas no ar – 300 m/μs, para cabos isolados subterrâneos – 150 m/μs.
A amplitude da tensão aos terminais do transformador (UT) é dependente das características do
descarregador e do comprimento das ligações entre este e o transformador. Esta distância é dada
pela soma dos comprimentos dos condutores de ligação do descarregador à linha e desse ponto
para o transformador, isto é, d1+d na figura