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Operações Unitárias 1

Separações mecânicas

DECANTAÇÃO

Prof.ª Lindáurea Dantas Costa


SEPARAÇÕES SÓLIDO-LÍQUIDO

Separações classificadas de acordo com os seguintes critérios:

O movimento relativo das fases:


• solido se move através do líquido em repouso – decantação
• liquido se move através da fase sólida estacionária – filtração

Força propulsora – operações gravitacionais, centrifugas, por diferença de pressão

A combinação destes critérios resulta:


• Separação por decantação
• Separações centrífugas
• Filtração
DECANTAÇÃO
Separação de uma suspensão diluída, pela ação da força gravitacional, objetivando um
liquido límpido e uma lama com maior teor de sólidos.

Classificação:

Clarificação: Envolve suspensões diluídas, e o objetivo é obter a fase líquida com o


menor teor de sólidos.

Espessamento: Envolve suspensões concentradas, e o objetivo é obter uma fase


sólida com o mínimo de líquido.

Fatores que controlam a velocidade de decantação:

• Concentração das partículas sólidas - decantação livre; decantação impedida


• Densidades do sólido e do líquido
• Diâmetro e forma das partículas
• Viscosidade do meio
Partículas esféricas e de maior diâmetro - maior facilidade de sedimentar

Consiste em aglomerar as partículas, resultando


FLOCULAÇÃO flocos de maior tamanho pela adição de um agente
químico (cloreto férrico ou sulfato de alumínio).

As operações de sedimentação na indústria química podem ser efetuadas de forma:

Descontínua - tanques cilíndricos com a solução em repouso por um certo tempo.

Contínua - tanques rasos de grande diâmetro, em que operam grades com função de
remover a lama.

 O projeto dos decantadores é feito com base em ensaios de decantação realizados


em laboratório.
 Estes ensaios permitem obter a curva de decantação da suspensão.

 São conduzidos de modo diferente quando se trata de suspensão diluídas ou


concentradas.
PRINCÍPIO DA DECANTAÇÃO

Ponto de sedimentação crítico: Ponto em


que uma única interface nítida forma-se
entre o líquido límpido e os sedimentos.
DIMENSIONAMENTO DE DECANTADORES
 O projeto de um decantador baseia-se na identificação da concentração da camada
que tem a menor capacidade de permitir a passagem dos sólidos nas condições da
operação - camada limitante da velocidade.

 O dimensionamento consiste basicamente no cálculo da área de decantação (A) e


da profundidade do decantador.

Clarificadores
 O dimensionamento de clarificadores, é feito com base em ensaios de decantação
da suspensão diluída a ser clarificada.

 Estes ensaios fornecem os dados necessários para a construção da curva de


decantação, utilizada para se obter a velocidade de decantação (v).

Q
A
v

Z0  Z f
v
tf
Espessadores
 Utiliza ensaios de decantação em proveta com suspensão concentrada em escala de
laboratório.

 Os métodos usados para este dimensionamento são:


• Coe e Clevenger
• Kynch
• Talmadge e Fitch
• Roberts

MÉTODO DE COE E CLEVENGER

• Método antigo que constitui a base dos demais.


• A velocidade de sedimentação é função da concentração local : v = f(C)
• As características essenciais do sólido não se alteram quando se passa para o
equipamento de larga escala.
Sob condições operacionais estabelecidas num
espessador contínuo a zona limite é a camada
através da qual ocorre a menor capacidade de
passagem de sólidos.

• Para que não haja arraste de partículas sólidas na direção do vertedor de


líquido clarificado, a velocidade ascensional do líquido na seção limite deverá
ser menor do que a velocidade de decantação das partículas na concentração
c. Não havendo o arraste de partículas, Qc = Q - QE

Q  QE A área do Q  QE
A velocidade
v A
ascensional A decantador v
do líquido
Fazendo um balanço de massa para o sólido

QA .C A  QE .C E  QC .CC CC  0
Q A .C A
QE 
CE
Como QA .C A  Q.C  QE .CE
Q A .C A
Q
C
Q  QE
Temos que: A 1 1 
v Q A .C A   
A  C CE 
v
C e v : São determinados experimentalmente.
A : Diversos cálculos são realizados com pares de valores de C e v.
Exemplo 01 : Uma suspensão aquosa de CaCO3 foi submetida a uma série de ensaios de
decantação e foram obtidos os seguintes resultados :

Deseja-se calcular o diâmetro de um decantador com capacidade de processar 8 ton/h


de CaCO3 seco, alimentado ao decantador em suspensão contendo 236 Kg / m3. A lama
deverá encerrar 550 Kg / m3.

Resolução :

QA.CA = 8 ton / h 1 1  1 1 
Q A .C A    8.  
A 
CE = 550 Kg / m3  C CE  C 0,55 
A
CA = 236 Kg / m3 v v
Coeficiente de Segurança : 100 %
A = 342 m2

MÉTODO DE KYNCH

Método que requer apenas um ensaio que forneça a curva de decantação ( Z versus t )

Tanto C como v podem


ser tirados diretamente
da curva.
• O método de Kynch, usa dados de experimentos de decantação, através da curva
da distância do fundo a interface (Z) em função do tempo de decantação.

• A partir desta curva, traçam-se tangentes em diversos pontos da curva e


determinam-se valores para t, Z e Zi.

Zi  Z Z .C C0 = concentração inicial da suspensão (kg/ m3)


v C 0 0 Z0 = altura inicial da suspensão (m)
t Zi

• Calculado os valores de v e C pelas expressões acima, calcula-se valores para área


usando a expressão:

1 1 

Q A .C A   
A  C CE 
v

• Constrói-se o gráfico de A em função de C para determinar o ponto máximo da


curva que representa a área mínima requerida para a decantação.
MÉTODO DE ROBERTS

• Método gráfico que permite localizar com exatidão o ponto crítico (início da zona de
compressão), que é a linha de separação entre o espessado e o clarificado.
• Com os dados do ensaio de decantação traça-se um gráfico de Z−Zf versus t em papel
mono-log.
• A curva obtida mostra uma descontinuidade no ponto crítico, o que permite
determinar tc com precisão.

 1 
Z .C Z iC  Z C Q A .C A  
1

CC  0 0 vC   CC CE 
Z iC tC A
vc
MÉTODO DE TALMADGE E FITCH
• Este método permite calcular diretamente a área mínima do decantador, quando o
ponto crítico conhecido (PC) é conhecido.
• A partir do gráfico construído com dados de ensaios de decantação, o ponto crítico
pode ser determinado graficamente usando a seguinte metodologia:

Constrói-se o gráfico de Z em função Na interseção das tangentes, traça-se


de t. Traçam-se tangentes as regiões uma bissetriz até interceptar a curva
inicial e final da curva de de decantação. Este ponto é o ponto
decantação. crítico.
Traça-se uma tangente passando pelo O valor do tempo tE é determinado
ponto crítico até o eixo de Z, definindo através da interseção de uma reta saindo
assim o valor de ZiC. do ponto ZE e a tangente que passa pelo
ponto crítico.

Z 0 .C 0
ZE 
CE

Z 0 .C 0 Z iC  Z E Z 0 .C 0
Considerando as equações: Z E  vc  CC 
CE tE Z iC

Substituindo na equação geral (método de Q A .C A .t E


A
Roberts), determinamos a área mínima. Z 0 .C 0
ESPESSADOR CONTÍNUO CONVENCIONAL
O espessador contínuo convencional consiste em um tanque provido de um sistema de alimentação
de suspensão e outro de retirada do espessado (raspadores), dispositivos para descarga do overflow
e do underflow. Esse tipo de espessador contínuo é o mais utilizado industrialmente.

FIG - Esquema operacional de um espessador contínuo convencional


Projeto do Espessador Convencional Contínuo
• O dimensionamento de um espessador convencional contínuo consta do cálculo da
sua altura e área transversal e é baseado em dados operacionais de sedimentação em
batelada.
• A curva de sedimentação, que representa a variação da altura da interface de sólidos
com o tempo, fornece dados de taxa de sedimentação, razão de concentração entre a
alimentação e o espessado formado, concentração máxima do espessado, dentre
outros, necessários ao projeto da unidade contínua.
• É importante ressaltar que esses dados fornecem informações sobre a natureza da
suspensão, porém o comportamento da suspensão tem alguma variação de um
processo de sedimentação para o outro.
• Na realidade o projeto é uma extrapolação da operação em batelada para a contínua
e, com isso, há a necessidade da inclusão de parâmetros de correção ao projeto.

No projeto das unidades de espessamento, a relação entre altura e diâmetro é


importante apenas para avaliar se o volume do tanque proporcionará um tempo de
sedimentação necessário aos objetivos do equipamento, considerando fatores como
eficiência operacional e projeto mecânico.
CÁLCULO DA ALTURA DO ESPESSADOR

Seja um espessador em operação contínua, como representado na Figura abaixo.


Pavlov, Romankov e Naskov (1981) propuseram para a altura do Sedimentador a
soma das parcelas indicadas a seguir:

H = H1 + HC + H2

H1 - a altura da região de líquido clarificado, que pode


variar entre 0,45 e 0,75 m.
Hc - a altura da região de espessamento (compactação).
H2 - a altura do fundo do espessador.

H2 = 0,146 R = 0,073 D , onde D é o diâmetro do espessador, calculado previamente


α = 8,14°

A altura da região de compactação, Hc, pode ser estimada valendo-se de um


balanço de massa para essa região.
CÁLCULO DA ALTURA DO ESPESSADOR

• A concentração da lama espessada que se pode obter numa dada operação não é
função da área do espessador, mas do tempo de residência dos sólidos na zona de
compressão.

• Depende do volume da zona de compressão. Para determinar esse volume são


considerados os seguintes parâmetros:
Vazão mássica do sólido (ton/h): QA.CA
Vazão volumétrica de sólido (m3/h): QA.CA / ρS
Tempo de residência do sólido na zona de compressão : tE - tC

• Então, o volume de sólido na zona de compressão VS é dado por :

QA = vazão de alimentação (m3/h)


CA = concentração de sólidos na alimentação (ton/h)
ρS = densidade do sólido (ton/m3)
Vs 
Q A .C A .
tE  tC  ρ = densidade do liquido (ton/m3)
s tE = tempo para o sólido atingir a concentração CE da lama
espessada (h)
tC = tempo para o sólido atingir a concentração Cc na
entrada da zona de compressão (h)
CÁLCULO DA ALTURA DO ESPESSADOR

Representando por V o volume da suspensão de densidade média ρm e por Vs o volume


do sólido, pode-se escrever
ρm = densidade média da suspensão
V . m  Vs . s  V  Vs  durante a compressão (ton/m3)

s  
V  Vs .
m  

Portanto o volume de suspensão na zona de compressão será dado por:

tE  tC   s  
Q AC A Volume mínimo (m3) que a zona de
V  compressão deverá ter para espessar a
s m   lama até a concentração CE.

A altura da região de espessamento poderá ser calculada pela relação: Hc = V / A


Então, substituindo V na equação acima, teremos:

tE  tC   s  
Q AC A  1
Hc
 
s  m    A
CÁLCULO DA ALTURA DO ESPESSADOR

tE  tC   s  
Q AC A  1
Hc  
s  m    A

Como a densidade média na região de espessamento (ρm) é difícil de se determinar, é


necessária a inserção de um fator multiplicador à equação acima com o objetivo de
corrigir essa diferença. O valor do fator multiplicador inserido é 4/3.Logo:

 
Hc 
4 Q AC A
tE  tC   s    ρesp > ρm
3 A. s   esp   

O fator 4/3 tem a finalidade de corrigir a imprecisão do uso da densidade do


espessado em vez da densidade média na região de espessamento.
EXERCÍCIOS
1) Um ensaio de decantação foi realizado em escala de laboratório usando um cilindro
graduado de 1000 ml, obtendo-se os dados da tabela abaixo. A partir destes dados,
deseja-se projetar um espessador para 30 ton/h de uma suspensão contendo 48 g/l de
um sólido cristalino. A altura do cilindro graduado de 1000 ml é de 36,1 cm. A
concentração de saída do decantador deverá ser a correspondente a 60 minutos de
decantação. Calcule a área do decantador usando o método te Talmadge Fitch e o
método de Roberts.

2) Um lodo de uma estação de tratamento de esgotos precisa ser concentrado de


2500 mg/l para 10900 mg/l em um decantador contínuo. A vazão de entrada do lodo
é de 4,6 𝑥106 l/dia. Usando os dados de um ensaio em laboratório (tabela abaixo),
determine a área do decantador usando o método de Roberts.

T (min) 0 1 2 3 5 8 12 16 20 25
Z (cm) 51 43,5 37 30,6 23 17,9 14,3 12,2 11,2 10,7
3) Mediante uma sedimentação, pretende-se espessar certa suspensão de uma
concentração de 186 g/l até 1200 g/l, a uma vazão volumétrica de alimentação de 215
m3/h. Os resultados do ensaio em escala de laboratório são apresentados na tabela
abaixo:
Tempo 0 3 6 15 30 45 60 90 120 150 180 210
(min)
Altura 920 780 610 430 270 210 150 110 80 60 50 40
(mm)

a) Determine o diâmetro mínimo do decantador, utilizando o método de TALMADGE e FITCH;


b) A partir do gráfico da letra (a), determine o diâmetro mínimo do decantador utilizando o método
de KYNCH;
c) Com dados obtidos do método de Talmadge e Fitch (letra (a), determine o diâmetro mínimo do
decantador utilizando o método de ROBERTS.

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