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Capítulo 06

Dimensionamento de redes pelo método


de Hardy- Cross
Pelo método de Hardy-Cross dimensionamos as canalizações principais de redes
malhadas, isto é, de redes que formam anéis fechados.

1.1 Conceitos

1.1.1 Conceito de “Nó”


Ao longo de uma canalização as vazões variam devido as derivações existentes tanto
para abastecimento de redes secundárias quanto para abastecimento de ligações prediais.
Considerando um trecho de uma rede, entre os Nós A e B a vazão “Q” varia após cada
derivação.

Q Q-q Q-2q Q-3q

A B
q q q Q-3q

Para efeito de dimensionamento podemos considerar a vazão constante ao longo do


trecho AB. Toda a vazão distribuída será concentrada num ponto fictício de carregamento
denominado Nó (B)

Q Q Q Q 3q

A B
q q q
Q-3q

1.1.2 Conceito de ponto morto


Conhecido um anel, definimos como “ponto morto” o “Nó” onde a vazão chega por
dois (ou mais) caminhos distintos.

No anel abaixo, o “Nó” C é o ponto morto.


QA QB
500 m
R
A B

400 m 400 m

D C

500 m QC
QD

1.2 Fundamentos hidráulicos do método de


Hardy-Cross

2. Primeiro princípio
Em um "Nó", a soma algébrica das vazões é zero, considerando-se positivas
(+) as vazões que chegam no Nó e negativas (-) as vazões que saem do Nó.

Q3
Q1 Q4

Q1
Q1 AQ1
Q2
Q1 QA
Q1
Q1
Q1  Q2  Q3  Q4  QA  0
3. Segundo princípio
Em um circuito fechado (anel) a soma algébrica das perdas de carga é nula
considerando-se positivas (+) as perdas de carga coincidentes e negativas (-) as
perdas de carga discordantes de um sentido pré-fixado de escoamento no anel.
hQ QA h1Q1 QB h5Q5 QE

R
A B E

h4Q4 + h2Q2 +
I h6Q6
II
D C F

h3Q3 h7Q7
QC QF
QD

 Anel I

 h  h1  h 2  h3  h 4  0
 Anel II

 h  h5  h 6  h 7  h 2  0
4. Terceiro princípio
Para uma rede, adotados os diâmetros, podemos afirmar que as equações :

 Q  0 para cada Nó

 h  0 para cada anel ,

são condições necessárias e suficientes para que as vazões e perdas de carga


determinadas no cálculo sejam as que efetivamente irão ocorrer no funcionamento
da rede.

5. Quarto princípio
Para efeito de projeto pode-se admitir que as vazões em marcha ao longo das
canalizações possam ser substituídas por vazões concentradas localizadas em
pontos fictícios denominados "Nós".

6. Quinto princípio
A perda de carga h ao longo de um trecho, com:

Comprimento L

Vazão Q

Diâmetro D (pré-fixado pelo projetista)


pode ser determinada por:

n
h rQ

h=J×L

Adotando-se a fórmula de Hazen Willians:

para:
1,852
 Q 
 
J  10,643  1000 
4,87 Q (l/s)
1,852  D  D (mm)
C  
 1000  J (m/m)
6.1 Resolução

Conhecidos:

C = rugosidade do material (a escolha do material depende da pressão prevista para a


área, custos e outros fatores)

D = diâmetros iniciais (pré-fixados pelo projetista, tal que a perda de carga máxima na
canalização seja 0,008 m/m – tabela da página 34)

L = comprimento dos trechos (medidos em planta)

Verificamos os dois princípios de Hardy-Cross

 Q  0 para cada Nó

 h  0 para cada anel

Caso isto não aconteça

Fazemos uma correção nas vazões em todos os trechos dos anéis. Esta correção deve
ser igual a:

Q -
h
h
1,85
Q

Continuamos a resolver o anel até obtermos:

 h  0  mca 
Q  0  l s 

Obs.: Teoricamente, poderemos chegar com esses valores a zero. No entanto, para
cada caso que estivermos resolvendo, devemos definir qual é o valor aceitável para que
possamos considerar o problema resolvido.

A NBR 12211 recomenda:

 h  0,05  mca 
Q  0,1  l s

6.2 Vazões máximas permitidas nas canalizações em (l/s) ( J


£ 0,008 m/m (NB 594)
D 50 75 100 150 200 250 300 350 400
C (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
90 0,70 2,04 4,34 12,62 26,88 48,34 78,08 117,10 166,36
100 0,78 2,27 4,83 14,02 29,87 53,71 86,75 130,11 184,85
110 0,86 2,49 5,31 15,42 32,86 59,08 95,43 143,12 203,33
120 0,94 2,72 5,79 16,82 35,84 64,45 104,10 156,13 221,82
130 1,01 2,94 6,27 18,22 38,83 69,82 112,78 169,14 240,30
140 1,09 3,17 6,76 19,63 41,82 75,19 121,45 182,16 258,79
6.3 Determinação da cota do reservatório

A determinação da cota do nível d’água do reservatório de distribuição depende da


pressão dinâmica mínima que necessitamos para a rede.

Calculada a rede pelo método de Hardy-Cross ou por qualquer outro processo,


conhecemos para cada trecho, ou tramo do anel:

 Vazão

 Diâmetro

 Comprimento

 Perda de carga total

 Cota dos Nós

6.3.1 Escolha dos pontos mais desfavoráveis


Para calcular a altura do reservatório devemos inicialmente escolher os pontos mais
desfavoráveis em termos de pressão dinâmica (aqueles que terão a menor pressão
dinâmica, tendo em vista a configuração da rede).

Aplicando Bernoulli calculamos a altura do reservatório necessária para garantir


pressão dinâmica desejada nestes pontos.

Adotamos aquele que apresentar necessidade de maior altura.

Estes pontos serão:

 Os pontos mais elevados na rede:

Aqueles cuja carga referente a altura d’água do reservatório será mínima. Necessita-se
então elevar o reservatório para garantir as pressões.

 Os pontos mais distantes do reservatório:

Aqueles cujo percurso apresente as maiores perdas de carga.

6.3.2 Planilha sugerida para cálculo do nível d’água


Nó Cota do Perda de Carga Pressão Dinâm. Nível D´água no
Terreno do Res. até o Nó Mínima Reservatório
Pontos elevados
(1) (2) (3) (4) (5)

Nó Cota do Perda de Carga Pressão Dinâm. Nível D´água no


Terreno do Res. até o Nó Mínima Reservatório
Pontos afastados
(6) (2) (3) (4) (5)
(1) e (6)-Escolha dos “Nós” mais desfavoráveis (mais elevados e/ou mais distantes)

(2)-Leitura em planta da cota do terreno em cada Nó

(3)- Soma das perdas de carga trecho por trecho, obtidas na planilha de cálculo da
rede

(4)-Pressão dinâmica mínima estipulada por norma ou pelo órgão competente da


região

(5)-Cota do nível d’água no reservatório no caso em que o nó em questão seja o mais


desfavorável. Será a soma de (2) + (3) + (4).

O maior valor encontrado será adotado para nível d’água mínimo do reservatório de
distribuição.

6.4 Cálculo da pressão nos “Nós” dos anéis


principais

Determinada a altura do reservatório (cota do fundo), devemos efetuar o cálculo da


pressão nos “Nós”. Para isso sugerimos a seguinte planilha:

Nó Cota do Nìvel d Perda de Carga Cota da linha Cota do Pressão Dinâm.


´água do Res. do Res. até o Nó Piezométrica Terreno Disponível

(1) (2) (3) (4) (5) (6)


(1)-Identificação do “Nó”. (Todos os “Nós” terão sua pressão dinâmica verificada).

(2)-Cota do nível d’água do reservatório

(3)-Valores da perda de carga do reservatório até o “Nó”, retirados da planilha de cálculo

(4)-Cota da linha piezométrica, obtida pela diferença da cota do nível d’água do


reservatório menos a perda de carga do reservatório até o “Nó“ (2) - (3).

(5)-Cota do terreno retirada da planta.

(6)-Pressão dinâmica disponível no Nó (4) - (5). Esse valor deve ser maior ou igual
pressão dinâmica mínima determinada por norma e/ou pelo órgão responsável na região.

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