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Resumo: Este estudo científico tem como propósito apresentar a interseção entre dois
assuntos distintos, que são as descargas atmosféricas e o sistema elétrico de potência, com
destaque no sistema de transmissão de energia elétrica. Primeiramente, o estudo irá
proporcionar uma análise sobre a incidência de descargas atmosféricas no Brasil e no estado
do Tocantins. A seguir, irá abordar os aspectos construtivos de uma linha de transmissão,
desse modo isso servirá como base para termos uma melhor compreensão sobre as
ocorrências de desligamentos em linhas de transmissão que podem ser originadas pela
incidências de descargas atmosféricas, ou seja, uma das principais causadoras dos
desligamentos forçados no sistema de energia. Elaborando então ao final, um comparativo
teórico entre as ocorrências de descargas atmosféricas em linhas de transmissão no estado
do Tocantins entre os municípios de Colinas e Miracema da agente transmissora
ELETRONORTE durante o período de 2016 a 2019.
Palavras chaves: Descargas Atmosféricas, Linhas de Transmissão, Desligamento e
Segurança.
Abstract: This study aims to present the intersection between two distinct subjects, which are
atmospheric discharges and the electrical power system, with prominence in the power
transmission system. First, the study will provide an analysis of the incidence of atmospheric
discharges in the world, Brazil and the state of Tocantins. Next, it will address the reliability
and constructive aspects of a transmission line, all of which will serve as a basis for a better
understanding of the occurrences of shutdowns on transmission lines that can originate from
the incidences of atmospheric discharges, that is one of the main causes of forced shutdowns
in the energy system. Elaborating then to the end, a theoretical comparison between the
occurrences of atmospheric discharges on transmission lines in the state of Tocantins between
the municipalities of Colinas and Miracema of the transmitting agent ELETRONORTE during
the period from 2016 to 2019.
1
Graduando do Curso de Engenharia Elétrica, UniCatólica, Palmas -TO, e-mail: matheus.felicio@outlook.com.br
2
Orientador: Graduado em Engenharia Elétrica, Especialista em Segurança do Trabalho e Docente na
UniCatólica, Palmas -TO, e-mail: murilo.lopes@catolica-to.edu.br
REVISTA CIENTÍFICA SEMANA ACADÊMICA ISSN 2236-6717. FORTALEZA/CE. ED. 202. VOL. 8. ANO 2020
INCIDÊNCIAS DE DESCARGAS ATMOSFÉRICAS EM LINHAS DE TRANSMISSÃO:
ASPECTOS CONSTRUTIVOS E ESTUDO DE CASO SOBRE DESLIGAMENTOS
FORÇADOS NA LINHA DE TRANSMISSÃO COLINAS-TO / MIRACEMA-TO
INTRODUÇÃO
De acordo com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) cerca de
70% dos desligamentos na transmissão e 40% na distribuição, são provocados por
descargas atmosféricas (raios) no Brasil, sendo o número de transformadores
queimados por raios gira em torno de 40%. Durante o período de 2011 a 2016 o Brasil
chegou a registrar uma média 77,8 milhões de raios por ano, o ano de 2012 foi o ano
que houve maior incidência de raios cerca de 94,3 milhões, tudo isso foi dado devido
fenômeno El Ninã presente na região Norte do país naquele ano, essa pesquisa foi
feita pelo INPE (INPE, 2020).
Segundo o levantamento, no ano de 2017 o Tocantins acabou ocupando a
primeira colocação como o estado com maior incidência de raios (quantidade por
quilômetro quadrado por ano), cerca de 17,1 raios por quilômetro quadrado. Na
sequência vem os estados do Amazonas (15,8), Acre (15,8), Maranhão (13,3), Pará
(12,4), Rondônia (11,4), Mato Grosso (11,1), Roraima (7,9), Piauí (7,7) e São Paulo
(5,2) (CAZARRÉ, 2017).
A geração de energia elétrica em sua maior parte ocorre de forma
centralizada, ou seja, os geradores se encontram em regiões mais propícias
para a sua fonte geradora, necessitando se transmitir a energia elétrica gerada aos
locais mais distantes, dessa forma se utilizam as linhas de transmissão, uma
importante ligação entre as usinas e os consumidores ao qual proporciona um
importante avanço tendo como base o crescente surgimento de sistemas mais
eficazes contra descargas atmosféricas.
As linhas de transmissão conhecida tecnicamente como LT, são estruturas
grandiosa podendo chegar a alturas maiores que cem metros, elas são responsáveis
por prender os condutores energizados e fazer com que essa energia possa ser
transportada a grandes distâncias. As LT são essenciais para o Sistema de
Interligação Nacional (SIN), este sistema se estende por uma grande parte do país
além de ter uma grande confiabilidade e minimização de riscos, ele é responsável por
fazer a interligação das matrizes energéticas transmitindo energia de Norte ao Sul do
país. (TURELLA, 2018).
No estado do Tocantins a atividade de descargas atmosféricas é bastante
severa, tendo como principais fatores o seu clima quente que contribui para a
formação de raios e tempestades e a resistividades do solo. Essas circunstâncias
ambientais adversas acabam afetando o desempenho das LT, ou seja, a incidência
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1. REVISÃO DE LITERATURA
1.1. Descargas Atmosféricas
Descarga atmosférica, ou raio, é uma descarga elétrica de grande extensão
(alguns quilômetros) que acontece na atmosfera. Possuem intensidade elevada (com
picos de corrente da ordem de quiloampères) e são de curta duração, essas
descargas acontecem devido ao acúmulo de cargas elétricas em certas regiões da
atmosfera, em geral dentro das nuvens de grandes tempestades, podendo em alguns
casos atingir a superfície da terra (VISACRO FILHO,2006). A Figura 1 apresenta uma
descarga atmosférica típica nuvem-solo.
Figura (1): Descarga Atmosférica Típica Nuvem-Solo.
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É possível analisar na tabela 2, que a capital com maior índice é cidade Rio
Branco, capital do estado do Acre, seguida pela capital mais jovem do país Palmas,
situado no estado do Tocantins. Em contrapartida, temos as capitais João Pessoa e
Natal, respectivamente dos estados da Paraíba e Rio Grande do Norte como as
capitais com menor número de incidência de descargas atmosféricas.
A fabricação dos isoladores tem como base a família dos materiais cerâmicos,
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1.3.2 Cabos
A estrutura dos cabos de uma linha de transmissão é formada por um conjunto
de fios condutores (metálicos) entrelaçados que concatenam várias subestações (SE)
no decorrer do trecho da linha de transmissão. Eles são caracterizados por ter uma
alta condutibilidade e uma resistência mecânica de ótima qualidade, geralmente eles
são divididos em condutores e cabo de guarda.
Os condutores de uma linha de transmissão desempenham um grande papel
nesse meio, eles são responsáveis por transportar e distribuir toda energia elétrica
gerada até os grandes centros de cargas. Os materiais mais utilizados na fabricação
dos condutores são o cobre, aço e alumínio. Depois de vários estudos e experimentos,
pesquisadores chegaram em um tipo de condutor com maior custo benéfico referente
ao cobre, já que a matéria-prima cobre foi o mais utilizado nas primeiras construções
de linhas de transmissões. Nos dias atuais nas construções de linhas de transmissão
o condutor composto basicamente de alumínio tanto no formato de liga metálica ou
em junção com o aço, esse composto se torna um material com ótima condutividade,
menor peso fazendo com que economize nas robustez das estruturas e assim
diminuindo o custo em relação a qualquer outro material condutor.
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especificado na norma IEEE Padrão 1138. (IEEE, 1994). Um cabo pode ter um núcleo
contendo fibras ópticas de telecomunicações, envolvido por uma ou mais camadas de
materiais condutores. Estes são os chamados cabos OPGW, do Inglês Optical Fiber
Composite Overhead Ground Wire (Fio Terra Elevado de Fibra Óptica Composta).
Vale ressaltar que nessa configuração, isoladores de pequena resistência disruptiva
são empregados entre os cabos e as torres, não alterando sua capacidade de
proteção e nem de comunicação. (FUCHS, 1997). Na ilustração da figura 4 é possível
encontrar o aspecto construtivo do mesmo.
1.3.3 Estruturas
As estruturas são elementos básicos na construção de uma linha de
transmissão, geralmente as estruturas são fabricadas por materiais metálicos como
aço e alumínio, madeira ou concreto armado. Elas possuem duas atribuições de
grande importância para o sistema: primeiro, é responsável por amparar fisicamente
o circuito elétrico e por último, além de fazer esse amparo ao sistema ela é
encarregada a manter os espaçamentos devidos entre os cabos condutores e o cabo
de guarda. Há vários tipos de classificação para estruturas metálicas e isso acaba
variando de acordo com o caso, desse modo podemos ter torres autoportantes com
estruturas de ancoragens ou estruturas de suspensão (estaiadas). As torres com
estruturas de ancoragens são habitualmente utilizadas em locais com terrenos mais
acidentados, em torres terminais (fim de linha) ou em grandes deflexões de ângulos
acentuadas. Já as torres de estaiadas, por sua vez, já são mais utilizadas em
suspensões como em trecho com terrenos planos ou em pequenos ângulos não
acentuados. Na figura 5 mostra dois tipos de modelos de torres a ancoragem e a
estaiada.
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2. METODO DE PESQUISA
A metodologia utilizada para realização desse artigo baseasse em registros
documental e um estudo de caso referente aos desligamentos forçados mediante a
incidências de descargas atmosféricas em linhas de transmissão. Os registros e as
análises dos dados referentes às incidências de descargas atmosféricas, foram
realizados através do software Excel. Os dados referentes aos desligamentos
forçados foram cedidos pela Diretoria de Operações (OD) da agente transmissora
ELETRONORTE, onde é possível realizar uma comparação anual referente ao
número de incidências de descargas atmosféricas entre os anos de 2016 a 2019
relacionado ao trecho da Linha de Transmissão (LT) dos municípios de Colinas e
Miracema situados no estado do Tocantins, onde a mesma possui uma tensão de
500kV. A partir da análise dessa temática, teve como propósito adquirir uma visão
mais abrangente sobre as linhas de transmissão, seu aspecto construtivo, segurança
e confiabilidade, bem como os fatores de falhas que podem ocorrer através de
descargas atmosféricas que acabam sendo bastante recorrentes em certos períodos
do ano, fazendo com que as concessionárias (agentes transmissoras) pratiquem o
desligamento forçado no sistema, ou seja, o desligamento automático ou manual para
evitar à integridade física de pessoas ou do meio ambiente, danos ao
equipamento e/ou outras consequências ao sistema elétrico.
A ANEEL anualmente apresenta um relatório referente aos desligamentos
forçados no sistema, nesse relatório está reunido informações de diferentes
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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Estudo de caso
Quando analisamos o gráfico 2 mencionado no assunto anterior, é possível
observar que a incidência de descargas atmosféricas ainda é algo que preocupam as
concessionárias, já que a mesma é responsável por 18% dos casos de desligamentos
forçados no sistema. Dentre do caso relatado, cabe citar o da linha de transmissão de
500kV pertencente a agente transmissora ELETRONORTE, que tem extensão de 173
km de linha e liga as subestações (SE) de Miranorte a Colinas, cidades situadas no
estado do Tocantins. A figura 7 mostrada geograficamente onde está posicionada a
linha de transmissão.
Figura (7): Localização geográfica da LT-500kV Colinas/Miracema.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As incidências de descargas atmosféricas estão presentes em inúmeras
regiões do mundo incluindo o Brasil. Por muitos tem seus aspectos desconhecidos,
porém é unânime que a mesma possua uma potência destrutiva podendo chegar a
valores de correntes que excedem a 80kA, fato esse que pode interferir no
desempenho de uma linha de transmissão fazendo com que a mesma sofra
desligamentos forçados no seu sistema.
O cenário indicado neste estudo acaba nos mostrando que é de suma
importância das agentes transmissoras uma certa atenção para incidências de
descargas atmosféricas nas linhas de transmissão, isso fica claro quando observamos
os danos que uma descarga pode causar, além da perda de equipamentos,
componentes, insuficiência no atendimento e as posteriores penalidades previstas
pelas normas regulamentadas da ANEEL, fica explícito os grandes problemas que as
descargas atmosféricas podem causar no sistema elétrico.
O método de estudo comparativo das incidências de descargas atmosféricas
no trecho da linha de transmissão COMC-LT (Colinas – TO / Miracema - TO) durante
o período de 2016 a 2019 proposto na pesquisa foi atendido, uma vez que as etapas
delimitadas para o conhecimento do assunto como o estudo das descargas
atmosféricas e suas consequências, a apresentação das características construtivas
de uma linha de transmissão e pôr fim a análise comparativa dos desligamentos
forçados no trecho COMC-LT da agente transmissora ELETRONORTE. Feito isso se
tornou possível verificar que, de fato, uma agente transmissora necessita de ações
mitigadoras para minimizar esse tipo de impacto.
Sobre a metodologia empregada, os dados foram cedidos pela agente
transmissora ELETRONORTE. É possível analisar que o ano de 2016 foi o ano onde
a agente teve o maior número de casos de incidência de descargas atmosféricas
confirmados, cerca de 13 casos de desligamentos forçados no trecho COMC-LT e o
ano com menor número de desligamentos forçado foi o ano de 2019 com 3 casos, ou
seja, mostra uma redução de 77% dos casos de desligamentos deste trecho. Pode
ser enfatizado que a agente ELETRONORTE deve ter investidos em equipamentos
que reduzem os efeitos desse fenômeno, como, por exemplo o para-raios de óxido de
zinco (ZnO) ou em software que são capazes de fazerem um estudo probabilístico,
nesse caso temos alguns exemplos como o software da empresa VAISALA, o
software GLD360 ou FALLS, são softwares intuitivos que fazem a detecção e
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REFERÊNCIAS
CAZARRÉ, Marieta. Brasil registra média de 78 milhões de raios por ano, diz Inpe.
Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-09/brasil-registra-
media-de-78-milhoes-de-raios-por-ano-diz-inpe>. Acesso em: 05 de março de 2020.
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ANEXO - A
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