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ESTUDO DA VIABILIDADE DO TRATAMENTO DO EFEITO


CORONA
STUDY ON THE FEASIBILITY OF PROCESSING OF CORONA EFFECT

Beraldo, Ana Paula de Oliveira1; Martins, Danilo Costa 2; Sousa; Gustavo Henrique de
Paula 3; Soares, Júlio Cesar 4; Santos, Sidney Augusto Mota 5;
Eduardo Henrique
Gonçalves6(Orientador);

RESUMO: Atualmente perdas no processo de transmissão de energia elétrica acarretam problemas devido ao alto
valor das grandezas envolvidas. Essas perdas geram prejuízo financeiro e desgaste dos componentes associados
ao sistema. Um problema decorrente e que comumente aparece em linhas de transmissão (principalmente as de
tensão mais elevada) é conhecido como efeito corona. Esse fenômeno pode vir a causar problemas no sistema
elétrico como perdas de energia elétrica e redimensionamento de condutores, tendo seus efeitos agravados pela
variabilidade das condições ambientais: poeira, neve, chuva, entre outros. Tendo em vista os possíveis prejuízos
causados pelo efeito corona, torna-se necessário o aprofundamento dos estudos, comparando o custo das perdas
elétricas relacionadas ao fenômeno e às medidas tomadas a fim de mitigá-lo. Vale dizer que o levantamento
correto de seus valores pode representar significativamente economia para os sistemas que estão sujeitos a essa
anomalia.
Palavras Chave: Efeito corona, perdas, campo elétrico.

Abstract: Nowadays, losses in transmission lines generate problems due to high values that involve the system.
These problems make financial loss and depreciation of components into electric system. A current problem that
happens in lines of high voltage it’s known as corona effect. That phenomenon produces electric losses and may
cause the reconstruction of the installations. Its effects can be aggravated for variation of environments conditions:
dust, snow, rain etc. Analyzing the possible problems of corona effect, it’s necessary a specific study about that,
comparing the value of electric losses and the possible alternatives to attenuate it. The correct search about the
variables involved, may represent economy to the systems which are under of that phenomenon.
Key words: Corona effect, losses, electric field.…………………
____________________________________________________________________________

1 INTRODUÇÃO (transformada principalmente em energia sonora e

Quando se fala de perdas em linhas de transmissão luminosa).

ou em máquinas elétricas que funcionam em corrente Fatores externos como condições ambientais e físicas

alternada em ambiente industrial, um problema (bitola dos condutores utilizados na transmissão de

decorrente e que geralmente causa problemas para energia elétrica e estado de conservação dos

engenheiros e projetistas referentes às perdas nesses isoladores das linhas de transmissão), contribuem

sistemas, é o efeito corona. De acordo com Costa para o aparecimento desse fenômeno. Os custos

(2011), o efeito corona são “descargas que se formam relacionados ao efeito corona estão diretamente

na superfície do condutor quando a intensidade do ligados aos condutores utilizados, pois quanto maior a

campo elétrico ultrapassa o limite de isolação do ar”. bitola dos condutores, menor será o impacto do efeito

Ou seja, quando essas descargas vão em direção ao corona nas linhas de transmissão, como pode ser

ar, há o deslocamento de elétrons do condutor para o confirmado em (RIBEIRO, 2014). No entanto,

meio dielétrico, provocando assim perda de energia condutores de maior bitola são mais caros e mais
pesados, gerando gastos com a compra e troca dos
condutores, além do redimensionamento das linhas de  Estudar a viabilidade da correção do efeito
transmissão para os cabos utilizados. corona;
Assim, o seguinte trabalho visa o estudo do efeito
corona, de forma a comparar os custos gerados pelas 4 JUSTIFICATIVA
perdas elétricas em linhas de transmissão, com o Atualmente o efeito corona tem sido pouco estudado
custo total de energia em uma determinada linha de mesmo ocorrendo rotineiramente nas linhas de
transmissão tomada como referência, abordando de transmissão. A busca pela compactação do sistema
forma sistêmica suas causas e efeitos, procurando elétrico devido a expansão do mesmo para a inserção
definir se as medidas tomadas para o tratamento do no ambiente urbano, redução de custos ou até
fenômeno são viáveis economicamente. aumento da demanda energética, faz com que a
distância de isolamento diminua cada vez mais,
2 PROBLEMA DE PESQUISA acrescendo sensivelmente no aparecimento do efeito
É possível verificar se as perdas energéticas corona (SOUZA, 2009).
causadas pelo efeito corona são significativas se A qualidade de energia também está indubitavelmente
comparadas aos custos da energia transmitida pelas associada ao fogo de Santelmo, uma vez que, em um
linhas aéreas? cenário de incapacidade de suprir a demanda elétrica
da população, qualquer perda deve ser considerada
2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA para que a entrega do produto para o consumidor final
Com o intuito de reduzir ou eliminar as perdas por seja feita com o máximo de excelência.

ruído e luminosidade geradas pelo efeito corona, Para que as perdas sejam amenizadas podem ser
busca-se, a partir desse estudo, quantificar os aplicadas medidas na construção da rede (aumento

problemas relacionados ao fenômeno, levando em da bitola dos cabos, por exemplo), que por sua vez
consideração aspectos físicos e econômicos, pode dispender grande investimento financeiro,

verificando se as perdas de energia são ultrapassando o prejuízo gerado pelas perdas. Tendo
suficientemente significativas quando comparadas à em vista estas considerações, é patente a

energia transmitida pelas linhas aéreas. necessidade de se estudar o quanto é perdido por
efeito corona e se as medidas aplicadas para a
atenuação do fenômeno são viáveis.
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Estudar as causas e, consequentemente, quantificar
5 REFERENCIAL TEÓRICO
as perdas associadas ao efeito corona, podendo 5.1 INFLUÊNCIA DOS CONDUTORES NAS LINHAS
dessa forma avaliar se as medidas aplicadas visando DE TRANSMISSÃO
melhorias no sistema representam lucro ou prejuízo Como já mencionado anteriormente neste artigo, o
para as concessionárias de energia. efeito corona é um dos responsáveis pela perda de
energia nas linhas de transmissão, sendo proporcional
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS a tensão da linha e inversamente proporcional à bitola
 Quantificar perdas de energia; dos cabos. Conforme se pode observar na FIG. 1, a
 Analisar custos associados a perdas; curva de custos incrementais corresponde à soma dos
custos de instalação e das perdas de energia. O
3

aumento da bitola dos cabos condutores minimiza as resistência mecânica do mesmo, logo o
perdas de energia, mas reflete em um aumento no condutor deve ser resistente às condições
custo total da linha de transmissão. Assim pode-se agressivas do ambiente.
concluir que o efeito corona impacta diretamente nas Para atender a estas características utilizam-se
duas características que norteiam a escolha dos condutores de cobre, alumínio e ligas de alumínio.
cabos a serem utilizados nas Linhas de Transmissão: Inicialmente apenas o cobre era utilizado devido a sua
técnica e econômica (RIBEIRO, 2014) alta condutibilidade e resistências mecânica e à
oxidação. Porém, devido a seu elevado peso
específico, que exigia estruturas mais robustas, o
cobre perdeu espaço para o alumínio, que possuía a
desvantagem de possuir baixa resistência mecânica,
problema que deixou de existir quando foram
inventados os cabos de alumínio com alma de aço,
denominados CAA ou ACSR (Aluminium Conductor
Steel Reinforced). (RIBEIRO, 2014). Este é o modelo
de cabo mais utilizado até os dias de hoje, mesmo o
alumínio possuindo uma condutibilidade menor que a
do cobre. No ato do dimensionamento, para transmitir

Figura 1 – Variação do custo anual uma mesma corrente, os condutores de alumínio são
Fonte: Ribeiro, 2014. dimensionados com um diâmetro 1,6 maior, que o
equivalente em cobre. Este aumento na bitola do
Basicamente, o custo dos condutores varia com a condutor não é prejudicial economicamente, visto que
capacidade técnica dos mesmos, sendo que no o alumínio é mais barato e ainda minimiza as perdas
momento de escolher os cabos a serem utilizados por efeito corona.
deve-se considerar as seguintes características
(OLIVEIRA, 2009): 5.2 ISOLADORES
De acordo com Queirós (2013), os isoladores têm a
 Condutibilidade: são ideais cabos com baixa função de garantir o isolamento entre as linhas
resistência elétrica para minimizar as perdas elétricas e entre as estruturas de suporte ligadas a
por efeito joule; terra. Dependendo das condições do ambiente ou até
 Resistência mecânica: quanto maior melhor, mesmo das condições de serviço, esta capacidade de
visto que esta característica corresponde à isolamento é comprometida, podendo gerar descargas
integridade física dos condutores; disruptivas entre seus terminais. A ocorrência de curto
 Peso específico: quanto menor melhor, pois circuito causado pela falha de um isolador é a maior
assim menores serão os esforços transmitidos causa de interrupções em linhas de transmissão,
às estruturas de sustentação dos cabos (em conforme mostra a tabela 1.
caso de linhas aéreas);
 Resistência à oxidação: com a oxidação
ocorre a perda da seção útil dos condutores e
consequentemente a diminuição da
Tabela 1 - Ocorrência de desligamentos passar por um tratamento térmico pode conseguir uma
maior dureza, conhecido como têmpera.
Desligamentos (%)
Componente O vidro assim como a porcelana são os materiais
< 230 Kv ≥ 230 Kv
utilizados como dielétrico nos isoladores cerâmicos.
Isoladores 46,4 63,2
Os isoladores cerâmicos dominam o mercado e estão
Cabos Condutores 19,6 9,7
presente na maior parte de isoladores utilizados em
Cabos Para-raios 3,6 7,4
alta e “extra” alta tensão devido ao seu baixo custo,
Estruturas 16,3 10,1
rusticidade, simplicidade e relativa confiabilidade.
Ferragens 0,8 1,8 A tabela 2 mostra as características dos tipos de
Outras Causas 13,2 7,8 isoladores utilizados em linhas de transmissão, suas
Fonte: Mora, 2010
vantagens e suas desvantagens.
Até a década de oitenta, os isoladores de vidro
Em linhas de distribuição longas, a tensão sobre os
utilizados se estilhaçavam espontaneamente, sem se
isoladores pode atingir valores suficientes para gerar o
submeter a qualquer tipo de esforço elétrico ou
efeito corona, mesmo em clima limpo e seco. Segundo
mecânico. Como forma de resolver este problema,
Lloyd e Schneider (1982), quando um modelo de
houve a modificação dos métodos de produção
isolador é escolhido para determinada rede de
originando um vidro mais robusto e resistente,
distribuição é necessário realizar o teste de corona em
conhecido como vidro temperado.
uma maquete de geometria real para avaliar seus
Atualmente, a utilização de isoladores cerâmicos com
níveis.
o dielétrico de vidro vem sendo muito utilizado no
Por ser um fenômeno de natureza muito complexa,
mercado de alta tensão, porém, os isoladores de
geralmente a física impossibilita a avaliação da
porcelana em subestações e outras aplicações são
atividade de corona por meio de técnicas analíticas.
mais utilizados.
Conforme teste feito em Lloyd e Schneider (1982), em
tensões entre 1200 e 1500 kV, houve fulgor de corona
em vários isoladores próximos ao condutor, porém
essa atividade de corona não se mostrou preocupante
em isoladores cerâmicos. Quando utilizar isoladores
fabricados com outros tipos de materiais é necessário
consultar o fabricante sobre os níveis de descargas
corona toleráveis nas superfícies dos isoladores.

5.2.1 ISOLADORES DE VIDRO


Os isoladores de vidro são bastante utilizados em
linhas de transmissão por possuírem uma alta
durabilidade, baixa condutividade elétrica e ótima
resistência à água, líquidos salgados, substâncias
orgânicas, álcalis e ácidos, com exceção do ácido
fluorídrico e ao fosfórico. O vidro possui alta
elasticidade podendo suportar bastante peso e se Tabela 2 - Tipos de isoladores: Vantagens X Desvantagens
5

MATERIAL  VANTAGENS LIMITAÇÕES O gradiente de potencial na superfície do condutor é


influenciado pelas características da linha, do
Longo histórico de uso Peso ambiente em que está instalada e à geometria do
Performance conhecida Defeitos ocultos condutor, pontos estes essenciais para quantificar o
PORCELANA Fácil intercambiabilidade Susceptível ao vandalismo efeito corona e, por conseguinte, determinar as perdas
Redução em as Técnicas de detecção de e impactos no sistema elétrico.
desapropriações com falhas nas linhas ainda não
isoladores de pilares. são 100% confiáveis Em meio a alguns métodos para cálculo do potencial
elétrico no condutor, destaca-se o método criado por
Longo histórico de uso PEEK (1915), utilizado para se obter o potencial
Desempenho conhecido Percepção negativa quanto elétrico crítico visual em condutores paralelos Eq. 1:
a fragilidade peso
VIDRO
Fácil intercambiabilidade
Atrativo para o vandalismo
Defeitos facilmente
visualizáveis Ev=30.m.ᵹ.(1+ 0.301
√ᵹ.r )
(1)

Redução com as Fratura frágil do núcleo


desapropriações com Onde:
isoladores Efeito do tempo no processo
de envelhecimento
Ev = campo elétrico crítico visual [Kv/cm];
Pilares m = coeficiente de rugosidade;
Menor intercambiabilidade
POLIMÉRICO
Bom desempenho sob ᵹ = densidade relativa do ar;
contaminação Defeitos ocultos
r = raio do condutor [cm].
Leveza Técnicas de substituição em
linha viva ainda não
Facilidade de instalação totalmente desenvolvidas
Neste caso admitiu-se um gradiente crítico disruptivo
em condições atmosféricas padrão (20°C e 76mmHg)
Fonte: Mora, 2010
igual a 30 Kv/cm (GIUDICE FILHO, 2005).
Vale dizer que o efeito corona não ocorre somente de
5.3 CÁLCULO DO GRADIENTE DE POTENCIAL
forma visual, por isso o campo elétrico disruptivo para
ELÉTRICO E TENSÃO DE INÍCIO DO CORONA o fenômeno não visível (Eo) pode ser obtido apenas
Como citado anteriormente nas definições de efeito com o produto do gradiente crítico disruptivo, o
corona, um campo elétrico de alta intensidade rompe coeficiente de rugosidade e a densidade relativa do ar,
a rigidez dielétrica do ar, provocando descargas como visto na Eq. 2 (GÖNEN, 2014):
elétricas. A fim de analisar a dinâmica deste fenômeno
usa-se três variáveis: gradiente crítico visual, Eo=30.m.ᵹ (2)
gradiente crítico disruptivo e gradiente de potencial na
superfície do condutor. A aparência luminosa das Tomando como referência o campo elétrico crítico, é
descargas, resultado da mais intensa ocorrência do possível calcular a tensão de início do efeito corona. O
fogo de Santelmo, pode ocorrer se o gradiente de valor de tensão crítica é influenciado pela disposição
potencial do condutor atingir o gradiente crítico visual dos condutores na linha de transmissão. Para analisar
como consta em (GIUDICE FILHO, 2005). a tensão crítica entre condutores em uma linha de
Ainda segundo Giudice Filho (2005), o gradiente transmissão, leva-se em consideração a distância
crítico visual acontece se o gradiente crítico disruptivo entre as fases e o diâmetro do cabo. Na Eq. 3 pode
for atingido a uma determinada distância do condutor.
ser conferido as variáveis para tensão de início do ᵹ = densidade relativa do ar;
efeito corona em cabos paralelos (GÖNEN, 2014): r = raio do condutor [cm].
A densidade relativa do ar, parâmetro utilizado para
cálculo de campo elétrico crítico tanto para cabos
Vo=Eo. r . ln ( Dr ) (3)
concêntricos quanto para cabos paralelos, pode ser
obtida com a Eq. 6 (GIUDICE FILHO, 2005):
Onde:
Vo = tensão crítica para o efeito não visual; [Kv]; ᵹ =0,386 ( 760−0,086. h ) .(273+t) (6)
r = raio do condutor [cm];
Eo = campo elétrico crítico para o efeito não visual Onde:
[Kv/cm]; ᵹ = densidade relativa do ar;
D = distância entre os condutores [cm]. h = altura do condutor [cm];
t = temperatura média do meio [°C].
A tensão crítica para início do efeito corona visível
pode ser obtida substituindo o termo Eo, campo 5.4 PERDAS ASSOCIADAS AO EFEITO CORONA
elétrico disruptivo para o efeito não visível, pelo termo As perdas geradas pelo efeito corona em tempo bom
Ev, campo elétrico para o efeito visível (GÖNEN, são ligadas diretamente ao diâmetro do condutor, à
2014). tensão e à frequência da rede elétrica. De acordo com
A disposição dos condutores pode também influenciar a equação de Peterson (GÖNEN, 2014), as perdas
no gradiente de potencial critico e na tensão de início podem ser quantificadas da seguinte maneira na Eq.
do efeito corona (SOUZA, 2009). As sentenças acima 7:
são designadas para condutores paralelos. Nas
equações Eq. 4 e Eq. 5 podem ser conferidos os
1.11066−4 2
parâmetros para condutores concêntricos, sendo Pc= 2
.f .V . F
2D (7)
considerados o campo elétrico crítico e tensão crítica
para o efeito em sua forma visual (SOUZA; 2009):
[ ( )]
ln
d

Onde:
0.308 P = perda [Kw/Km];
Ev=31.m.ᵹ. ( 1+
√ᵹ.r ) (4)
f = frequência [Hz];
V = tensão rms da rede [Kv];
R
Vv=Ev . a . ln ( )
a
(5) F = fator de corona;
D = distância entre condutores [cm];
d = diâmetro do condutor [cm].
Onde:
R = raio do cilindro externo [cm];
O fator de corona F é resultado da relação entre a
a = raio do cilindro interno [cm];
tensão nominal da linha V e a tensão crítica para início
Ev = campo elétrico crítico para o efeito visível
do efeito corona Vo (GÖNEN, 2014). Os resultados
[Kv/cm];
aproximados dessa relação podem ser conferidos na
Vv = tensão crítica para o efeito visível [Kv];
tabela. 3:
m = coeficiente de rugosidade;
7

dependem inteiramente das condições ambientais em


que as redes estão localizadas. Fica disposto neste
caso que os valores encontrados pelo método
Tabela 3 - Relação entre V e Vo matemático não são absolutos devido à instabilidade
do ambiente.
V/Vo F
0,6 0,012
0,8 0,018
6 METODOLOGIA
1,0 0,05
1,2 0,08 De acordo com Gil (2002), a pesquisa classifica-se
1,4 0,3
como exploratória em relação aos objetivos
1,6 1,0
1,8 3,5 estabelecidos e por apresentar características como
2,0 6,0 levantamento bibliográfico e a análise de exemplos
2,2 8,0
Fonte: Gönen, 2014. para estimulação da compreensão. Também pode-se
caracterizá-la como pesquisa bibliográfica, já que se
A perda também pode ser calculada com base no fez o uso de material já elaborado, constituído
método de Peek, porém a equação só pode ser principalmente de livros e artigos científicos para
utilizada para frequências entre 25Hz e 120Hz; o raio realização de um estudo acerca do fenômeno em
do condutor deve ser deve ser maior que 0.25 cm e a questão, para assim obter-se o embasamento
relação entre a tensão nominal e a tensão crítica para necessário para proceder com a apresentação de um
início do efeito corona deve ser maior que 1.8 exemplo que estimulasse a compreensão do tema
(GONEN 2014). Os parâmetros para os cálculos abordado.
podem ser vistos e na Eq. 8. Primeiramente escolheu-se um tema da área de
interesse dos autores. Em seguida, realizou-se um
1
241 ( r levantamento bibliográfico inicial para melhor
Pc=

f +25 ) ( ) ( V −Vo ) . 10
D
2 2 −5
(8)
entendimento do assunto, o que viabilizou a
formulação do problema de pesquisa. Após
Onde: determinado o foco da pesquisa, elaborou-se um
Pc = perda [Kw/Km]; plano de trabalho que serviu para que direcionar os
ᵹ = densidade relativa do ar; estudos, as buscas por fontes e a leitura do material
f = frequência [Hz]; para que finalmente fosse realizada a redação do
r = raio do condutor [cm]; trabalho.
D = distância entre condutores [cm];
V = tensão nominal da linha para o solo [Kv]; 7 DISCUSSÃO E RESULTADOS
Vo = tensão crítica para início do efeito corona não
Os cálculos para as perdas por efeito corona foram
visível [Kv].
aplicados á construção de uma linha de transmissão
A perda em tempo ruim chuvoso para o sistema
real que identificaremos como “caso base” devido aos
trifásico pode ser determinada alterando os valores de
direitos reservados ao produto. As informações
rugosidade dos cabos e a densidade relativa do ar,
necessárias para os cálculos a seguir podem ser
variáveis estas diretamente influenciadas pela
conferidas na tabela 4:
temperatura e estado físico dos condutores (seco ou
molhado). É importante salientar que os cálculos
O valor de referência usado para o cálculo do campo
elétrico crítico foi o indicado para cabos de alumínio
novos, limpos e secos. A densidade relativa do ar é
Tabela 4 - Parâmetros para cálculos de perdas
dependente da altura e da temperatura dos cabos,
TENSÃO [Kv] 230 dados estes contidos na tabela 1 juntamente com o
diâmetro do condutor. Desta forma, para uma
FREQUÊNCIA [Hz] 60
densidade relativa calculada de 0,8389, o campo
elétrico crítico para o efeito não visível foi 15,8553
RAIO GEOMÉTRICO [cm] 1,021
Kv/cm.
TEMPERATURA MÉDIA DOS CONDUTORES [°C] 30 Por meio do campo elétrico crítico, torna-se possível
quantificar a tensão crítica para o início do efeito
ALTURA MÉDIA DOS CONDUTORES [m] 11.8
corona. Desta feita, os parâmetros necessários

ALTURA DOS CONDUTORES [m] 21 também estão contidos na tabela. 1. Por meio da Eq.
3 foi definida uma amplitude de 106,1704 Kv para o
FLECHA DOS CONDUTORES FASE [m] 13,8 início do efeito corona não visível. Seguindo a mesma
dinâmica, porém utilizando a Eq.1, o gradiente crítico
DISTÂNCIA ENTRE OS CONDUTORES [m] 7,2
visual foi quantificado em 21,012 Kv/cm e,
NÚMERO DE FASES 3 consequentemente, utilizando este valor, foi obtida a

DEMANDA [Mw] 100 tensão crítica para o início do efeito corona visível
Fonte: Os autores, 2015.
140,7008 Kv. É importante salientar que os valores de
tensão critica estão representados em tensão de pico,
A primeira variável a ser calculada é o campo elétrico
sendo necessário, desta forma, dividir a tensão crítica
crítico. Levando em consideração a estrutura da das
por raiz de dois.
torres, a equação para cabos paralelos é mais
As perdas pelo efeito corona não visível, podem ser
apropriada para o caso, Eq. 1. A rugosidade dos
determinadas por dois métodos: pela Eq.7 método de
cabos pode ser determinada pelo estudo de Giudice
Peterson, e pela Eq. 8 método de Peek. O método de
Filho (2005) na tabela. 5:
Peek sofre ressalvas devido a algumas características
da linha e os parâmetros de construção do caso base
Tabela 5 - Fator de superfície “m”
Fonte: Giudice Filho, 2005. não permitem a utilização da equação em tempo bom,
CONDIÇÕES
TIPO DE FATOE DE sendo que a relação entre tensão nominal e tensão
SUPERFICIAIS DOS
CONDUTOR SUPERFÍCIE “m”
CONDUTORES crítica foi menor que 1,8. Portanto, utilizando o método
Condutores cilíndricos,
1 1,00 de Peterson, foi calculado 9,5616 Kw/Km para o efeito
polidos e secos
Cabos novos, secos,
2
limpos e sem abrasão
0,92 não visível, e 0.8196 Kw/Km para o fenômeno visível,
Cabos de cobre sendo estes considerados para uma fase.
3 expostos ao tempo em 0,82
atmosfera limpa Considerando uma perda constante todos os dias e o
Cabos expostos ao
4 tempo em atmosfera 0,72 comprimento da linha “caso base” que possui 24 Km,
agressiva
Cabos de alumínio
a potência dissipada por mês pelo efeito corona foi
novos, limpos e secos, 495673,344 Kw para o efeito não visível e 42488,064
com condições de
5 superfície decorrente 0,53 a 0,73 Kw para o efeito visível, utilizando os valores obtidos
do grau de cuidado
com que foram pelo método de Peterson. Os resultados acima são
estendidos nas linhas
Cabos molhados,
6 0,16 a 0,25
novos ou usados
9

referentes ao somatório das três fases contidas na TEMPO RUIM CHUVOSO


linha. EO 5,1593 [Kv/cm]
Uma vez que a relação entre a tensão nominal e a VO 34,5475 [Kv]
EV 6,8373 [Kv/cm]
tensão crítica é menor que 1,8, a perda calculada pelo
VV 45,7836 [Kv]
método de Peek não foi considerada. Para os
PoFase 107,9745 [Kw/Km]
resultados acima, foram aplicadas as condições de
PTo Mes 5597398,08 [Kw]
tempo bom, tabela 6. Os valores de tensão já estão Pv Fase 92,7216 [Kw/Km]
representados na forma eficaz.
PTv Mes 4806687,744 [Kw]
Fonte: Os autores, 2015
Tabela 6 - Resultados obtidos para tempo bom

TEMPO BOM Tendo em vista o custo de energia para os sistema de


EO 15,8553 [Kv/cm] transmissão 230 Kv R$ 204,00Mw/h, foi possível
VO 75,0738 [Kv] estimar o custo total das perdas por mês devido ao
EV 21,012 [Kv/cm]
efeito corona, resultados estes contidos na tabela 8.
VV 99,49054 [Kv]
PoFase 9,5616 [Kw/Km]
Tabela 8: Custo total aproximado das perdas por efeito corona
PTo Mes 495673,344 [Kw]
R$ 109.784,41
Pv Fase 0.8196 [Kw/Km] CUSTO EM TEMPO BOM
R$ 2.122.432,84
PTv Mes 42488,064 [Kw] CUSTO EM TEMPO RUIM

Fonte: Os autores, 2015 CUSTO DE ENERGIA TOTAL NA LINHA R$ 8.812.800


Fonte: Os autores, 2015
Considerando um valor adequado para o fator de
rugosidade dos cabos “m” 0,205, resultado da média
Analisando o custo de energia total do caso base, o
aritmética dos valores sugeridos na tabela 5, a perda
preço a pagar pela potência dissipada pelo fogo de
em tempo ruim pôde ser calculada. Os resultados para
Santelmo representa pequena parte do gasto total
tempo ruim pode ser conferidos na tabela 7. Para este
estimado na linha por mês operando na potência
caso, a relação entre a tensão nominal e tensão crítica
máxima, aproximadamente 1,25% do valor total em
foi maior que 1,8, sendo habilitado o método de Peek
tempo bom e 24,1% em tempo ruim. Vale dizer que a
para o cálculo de perda. Porém, como o valor da
linha não opera todo o tempo em plena carga, desta
relação foi 5,4 para o efeito não visível e 4,1018 para
forma, a potência máxima da demanda foi multiplicada
o efeito visível, o método de Peterson não pode ser
por um fator de carga que varia de 0,3 a 0,6, e para
usado devido à indisponibilidade de dados
este caso foi usado o fator de carga máximo 0,6.
correspondentes, observando que o valor máximo da
Mesmo representando uma pequena parte do custo
tabela contida em Gönen (2014) é 2,2.
total de energia, as perdas podem ser consideradas
elevadas, porém os valores já eram esperados
sabendo que o efeito corona é sensível às variações
ambientais como temperatura ambiente e chuva. Com
o intuito melhorar a eficiência das equações, foi até
proposto a inserção de uma variável na equação de
Peek para a tensão crítica de início do efeito corona
no estudo de Souza (2009). Ainda no estudo de Souza
Tabela 7 - Resultados obtidos para tempo ruim chuvoso
(2009), mesmo após o cálculo com a nova variável manutenção da rede elétrica para atenuação do efeito
(fator de eficiência de campo ajustado) a amplitude da corona no caso base não é viável, por apresentar
tensão crítica variou de 21,8% a 49,2% a mais, custo pequeno em relação ao custo total de energia. O
tomando como referência valores medidos em aumento da bitola dos cabos, uma das soluções para
experimentos. Mesmo sendo considerados acima do a mitigação do efeito corona, poderia exigir a
normal, os cálculos foram coerentes com a teoria. As reestruturação das torres, agregando mais custos ao
perdas em tempo ruim apresentaram valores bem projeto. As equações utilizadas para os cálculos de
maiores do que em tempo bom, fato este devido à perda não podem ser consideradas exatas e
alteração do fator de rugosidade do cabo “m”. Outro totalmente confiáveis, portanto, um estudo de campo
fato interessante percebido durante o estudo foi a por meio de instrumentos de medição apropriados
ocorrência de efeito corona visível na linha em tempo poderiam fornecer informações mais coerentes.
ruim e, principalmente, em tempo bom. Tecidas estas considerações, o trabalho foi importante
para a obtenção de valores de referência para o início
8 CONCLUSÃO de um estudo mais aprofundado, não somente por

Tendo em vista os resultados encontrados por meio meio de cálculos, mas também por medições e

das equações empíricas de Peek e Peterson, a experimentos feitos diretamente na linha de


transmissão estudada.

4. REFERÊNCIAS Book: 345 KV and Above. 2 Edição. Cidade: J.J.


LaForest, 1982. Capítulo 9. 503 – 542.
COSTA, E.C.M, KUROKAWA, S. PISSOLATO J.
Corona Discharge Model for Transmission Lines MORA, N. D. et al. Título Materiais Elétricos:
by Lumped Elements, Campinas, v. 9, n. 1, 70 – 75, Compêndio de Trabalhos. 2013. 135 f. Centro de
mar 2011. Engenharias e Ciências Exatas Lamat – Laboratório
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13

APÊNDICE A – DESENHO ESQUEMÁTICO DE UMA LINHA DE TRANSMISSÃO

Transmissão-Perdas Sub transmissão-Perdas


Geração-Perdas por corona e joule por corona e joule Indústria Residências
Valor de potência por corona e joule
demandada + +
Subestação Subestação Subestação
Usina Trafo
elevadora abaixadora abaixadora

Grandes complexos
industriais

Distribuição

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