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Beraldo, Ana Paula de Oliveira1; Martins, Danilo Costa 2; Sousa; Gustavo Henrique de
Paula 3; Soares, Júlio Cesar 4; Santos, Sidney Augusto Mota 5;
Eduardo Henrique
Gonçalves6(Orientador);
RESUMO: Atualmente perdas no processo de transmissão de energia elétrica acarretam problemas devido ao alto
valor das grandezas envolvidas. Essas perdas geram prejuízo financeiro e desgaste dos componentes associados
ao sistema. Um problema decorrente e que comumente aparece em linhas de transmissão (principalmente as de
tensão mais elevada) é conhecido como efeito corona. Esse fenômeno pode vir a causar problemas no sistema
elétrico como perdas de energia elétrica e redimensionamento de condutores, tendo seus efeitos agravados pela
variabilidade das condições ambientais: poeira, neve, chuva, entre outros. Tendo em vista os possíveis prejuízos
causados pelo efeito corona, torna-se necessário o aprofundamento dos estudos, comparando o custo das perdas
elétricas relacionadas ao fenômeno e às medidas tomadas a fim de mitigá-lo. Vale dizer que o levantamento
correto de seus valores pode representar significativamente economia para os sistemas que estão sujeitos a essa
anomalia.
Palavras Chave: Efeito corona, perdas, campo elétrico.
Abstract: Nowadays, losses in transmission lines generate problems due to high values that involve the system.
These problems make financial loss and depreciation of components into electric system. A current problem that
happens in lines of high voltage it’s known as corona effect. That phenomenon produces electric losses and may
cause the reconstruction of the installations. Its effects can be aggravated for variation of environments conditions:
dust, snow, rain etc. Analyzing the possible problems of corona effect, it’s necessary a specific study about that,
comparing the value of electric losses and the possible alternatives to attenuate it. The correct search about the
variables involved, may represent economy to the systems which are under of that phenomenon.
Key words: Corona effect, losses, electric field.…………………
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ou em máquinas elétricas que funcionam em corrente Fatores externos como condições ambientais e físicas
decorrente e que geralmente causa problemas para energia elétrica e estado de conservação dos
engenheiros e projetistas referentes às perdas nesses isoladores das linhas de transmissão), contribuem
sistemas, é o efeito corona. De acordo com Costa para o aparecimento desse fenômeno. Os custos
(2011), o efeito corona são “descargas que se formam relacionados ao efeito corona estão diretamente
na superfície do condutor quando a intensidade do ligados aos condutores utilizados, pois quanto maior a
campo elétrico ultrapassa o limite de isolação do ar”. bitola dos condutores, menor será o impacto do efeito
Ou seja, quando essas descargas vão em direção ao corona nas linhas de transmissão, como pode ser
meio dielétrico, provocando assim perda de energia condutores de maior bitola são mais caros e mais
pesados, gerando gastos com a compra e troca dos
condutores, além do redimensionamento das linhas de Estudar a viabilidade da correção do efeito
transmissão para os cabos utilizados. corona;
Assim, o seguinte trabalho visa o estudo do efeito
corona, de forma a comparar os custos gerados pelas 4 JUSTIFICATIVA
perdas elétricas em linhas de transmissão, com o Atualmente o efeito corona tem sido pouco estudado
custo total de energia em uma determinada linha de mesmo ocorrendo rotineiramente nas linhas de
transmissão tomada como referência, abordando de transmissão. A busca pela compactação do sistema
forma sistêmica suas causas e efeitos, procurando elétrico devido a expansão do mesmo para a inserção
definir se as medidas tomadas para o tratamento do no ambiente urbano, redução de custos ou até
fenômeno são viáveis economicamente. aumento da demanda energética, faz com que a
distância de isolamento diminua cada vez mais,
2 PROBLEMA DE PESQUISA acrescendo sensivelmente no aparecimento do efeito
É possível verificar se as perdas energéticas corona (SOUZA, 2009).
causadas pelo efeito corona são significativas se A qualidade de energia também está indubitavelmente
comparadas aos custos da energia transmitida pelas associada ao fogo de Santelmo, uma vez que, em um
linhas aéreas? cenário de incapacidade de suprir a demanda elétrica
da população, qualquer perda deve ser considerada
2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA para que a entrega do produto para o consumidor final
Com o intuito de reduzir ou eliminar as perdas por seja feita com o máximo de excelência.
ruído e luminosidade geradas pelo efeito corona, Para que as perdas sejam amenizadas podem ser
busca-se, a partir desse estudo, quantificar os aplicadas medidas na construção da rede (aumento
problemas relacionados ao fenômeno, levando em da bitola dos cabos, por exemplo), que por sua vez
consideração aspectos físicos e econômicos, pode dispender grande investimento financeiro,
verificando se as perdas de energia são ultrapassando o prejuízo gerado pelas perdas. Tendo
suficientemente significativas quando comparadas à em vista estas considerações, é patente a
energia transmitida pelas linhas aéreas. necessidade de se estudar o quanto é perdido por
efeito corona e se as medidas aplicadas para a
atenuação do fenômeno são viáveis.
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Estudar as causas e, consequentemente, quantificar
5 REFERENCIAL TEÓRICO
as perdas associadas ao efeito corona, podendo 5.1 INFLUÊNCIA DOS CONDUTORES NAS LINHAS
dessa forma avaliar se as medidas aplicadas visando DE TRANSMISSÃO
melhorias no sistema representam lucro ou prejuízo Como já mencionado anteriormente neste artigo, o
para as concessionárias de energia. efeito corona é um dos responsáveis pela perda de
energia nas linhas de transmissão, sendo proporcional
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS a tensão da linha e inversamente proporcional à bitola
Quantificar perdas de energia; dos cabos. Conforme se pode observar na FIG. 1, a
Analisar custos associados a perdas; curva de custos incrementais corresponde à soma dos
custos de instalação e das perdas de energia. O
3
aumento da bitola dos cabos condutores minimiza as resistência mecânica do mesmo, logo o
perdas de energia, mas reflete em um aumento no condutor deve ser resistente às condições
custo total da linha de transmissão. Assim pode-se agressivas do ambiente.
concluir que o efeito corona impacta diretamente nas Para atender a estas características utilizam-se
duas características que norteiam a escolha dos condutores de cobre, alumínio e ligas de alumínio.
cabos a serem utilizados nas Linhas de Transmissão: Inicialmente apenas o cobre era utilizado devido a sua
técnica e econômica (RIBEIRO, 2014) alta condutibilidade e resistências mecânica e à
oxidação. Porém, devido a seu elevado peso
específico, que exigia estruturas mais robustas, o
cobre perdeu espaço para o alumínio, que possuía a
desvantagem de possuir baixa resistência mecânica,
problema que deixou de existir quando foram
inventados os cabos de alumínio com alma de aço,
denominados CAA ou ACSR (Aluminium Conductor
Steel Reinforced). (RIBEIRO, 2014). Este é o modelo
de cabo mais utilizado até os dias de hoje, mesmo o
alumínio possuindo uma condutibilidade menor que a
do cobre. No ato do dimensionamento, para transmitir
Figura 1 – Variação do custo anual uma mesma corrente, os condutores de alumínio são
Fonte: Ribeiro, 2014. dimensionados com um diâmetro 1,6 maior, que o
equivalente em cobre. Este aumento na bitola do
Basicamente, o custo dos condutores varia com a condutor não é prejudicial economicamente, visto que
capacidade técnica dos mesmos, sendo que no o alumínio é mais barato e ainda minimiza as perdas
momento de escolher os cabos a serem utilizados por efeito corona.
deve-se considerar as seguintes características
(OLIVEIRA, 2009): 5.2 ISOLADORES
De acordo com Queirós (2013), os isoladores têm a
Condutibilidade: são ideais cabos com baixa função de garantir o isolamento entre as linhas
resistência elétrica para minimizar as perdas elétricas e entre as estruturas de suporte ligadas a
por efeito joule; terra. Dependendo das condições do ambiente ou até
Resistência mecânica: quanto maior melhor, mesmo das condições de serviço, esta capacidade de
visto que esta característica corresponde à isolamento é comprometida, podendo gerar descargas
integridade física dos condutores; disruptivas entre seus terminais. A ocorrência de curto
Peso específico: quanto menor melhor, pois circuito causado pela falha de um isolador é a maior
assim menores serão os esforços transmitidos causa de interrupções em linhas de transmissão,
às estruturas de sustentação dos cabos (em conforme mostra a tabela 1.
caso de linhas aéreas);
Resistência à oxidação: com a oxidação
ocorre a perda da seção útil dos condutores e
consequentemente a diminuição da
Tabela 1 - Ocorrência de desligamentos passar por um tratamento térmico pode conseguir uma
maior dureza, conhecido como têmpera.
Desligamentos (%)
Componente O vidro assim como a porcelana são os materiais
< 230 Kv ≥ 230 Kv
utilizados como dielétrico nos isoladores cerâmicos.
Isoladores 46,4 63,2
Os isoladores cerâmicos dominam o mercado e estão
Cabos Condutores 19,6 9,7
presente na maior parte de isoladores utilizados em
Cabos Para-raios 3,6 7,4
alta e “extra” alta tensão devido ao seu baixo custo,
Estruturas 16,3 10,1
rusticidade, simplicidade e relativa confiabilidade.
Ferragens 0,8 1,8 A tabela 2 mostra as características dos tipos de
Outras Causas 13,2 7,8 isoladores utilizados em linhas de transmissão, suas
Fonte: Mora, 2010
vantagens e suas desvantagens.
Até a década de oitenta, os isoladores de vidro
Em linhas de distribuição longas, a tensão sobre os
utilizados se estilhaçavam espontaneamente, sem se
isoladores pode atingir valores suficientes para gerar o
submeter a qualquer tipo de esforço elétrico ou
efeito corona, mesmo em clima limpo e seco. Segundo
mecânico. Como forma de resolver este problema,
Lloyd e Schneider (1982), quando um modelo de
houve a modificação dos métodos de produção
isolador é escolhido para determinada rede de
originando um vidro mais robusto e resistente,
distribuição é necessário realizar o teste de corona em
conhecido como vidro temperado.
uma maquete de geometria real para avaliar seus
Atualmente, a utilização de isoladores cerâmicos com
níveis.
o dielétrico de vidro vem sendo muito utilizado no
Por ser um fenômeno de natureza muito complexa,
mercado de alta tensão, porém, os isoladores de
geralmente a física impossibilita a avaliação da
porcelana em subestações e outras aplicações são
atividade de corona por meio de técnicas analíticas.
mais utilizados.
Conforme teste feito em Lloyd e Schneider (1982), em
tensões entre 1200 e 1500 kV, houve fulgor de corona
em vários isoladores próximos ao condutor, porém
essa atividade de corona não se mostrou preocupante
em isoladores cerâmicos. Quando utilizar isoladores
fabricados com outros tipos de materiais é necessário
consultar o fabricante sobre os níveis de descargas
corona toleráveis nas superfícies dos isoladores.
Onde:
0.308 P = perda [Kw/Km];
Ev=31.m.ᵹ. ( 1+
√ᵹ.r ) (4)
f = frequência [Hz];
V = tensão rms da rede [Kv];
R
Vv=Ev . a . ln ( )
a
(5) F = fator de corona;
D = distância entre condutores [cm];
d = diâmetro do condutor [cm].
Onde:
R = raio do cilindro externo [cm];
O fator de corona F é resultado da relação entre a
a = raio do cilindro interno [cm];
tensão nominal da linha V e a tensão crítica para início
Ev = campo elétrico crítico para o efeito visível
do efeito corona Vo (GÖNEN, 2014). Os resultados
[Kv/cm];
aproximados dessa relação podem ser conferidos na
Vv = tensão crítica para o efeito visível [Kv];
tabela. 3:
m = coeficiente de rugosidade;
7
ALTURA DOS CONDUTORES [m] 21 também estão contidos na tabela. 1. Por meio da Eq.
3 foi definida uma amplitude de 106,1704 Kv para o
FLECHA DOS CONDUTORES FASE [m] 13,8 início do efeito corona não visível. Seguindo a mesma
dinâmica, porém utilizando a Eq.1, o gradiente crítico
DISTÂNCIA ENTRE OS CONDUTORES [m] 7,2
visual foi quantificado em 21,012 Kv/cm e,
NÚMERO DE FASES 3 consequentemente, utilizando este valor, foi obtida a
DEMANDA [Mw] 100 tensão crítica para o início do efeito corona visível
Fonte: Os autores, 2015.
140,7008 Kv. É importante salientar que os valores de
tensão critica estão representados em tensão de pico,
A primeira variável a ser calculada é o campo elétrico
sendo necessário, desta forma, dividir a tensão crítica
crítico. Levando em consideração a estrutura da das
por raiz de dois.
torres, a equação para cabos paralelos é mais
As perdas pelo efeito corona não visível, podem ser
apropriada para o caso, Eq. 1. A rugosidade dos
determinadas por dois métodos: pela Eq.7 método de
cabos pode ser determinada pelo estudo de Giudice
Peterson, e pela Eq. 8 método de Peek. O método de
Filho (2005) na tabela. 5:
Peek sofre ressalvas devido a algumas características
da linha e os parâmetros de construção do caso base
Tabela 5 - Fator de superfície “m”
Fonte: Giudice Filho, 2005. não permitem a utilização da equação em tempo bom,
CONDIÇÕES
TIPO DE FATOE DE sendo que a relação entre tensão nominal e tensão
SUPERFICIAIS DOS
CONDUTOR SUPERFÍCIE “m”
CONDUTORES crítica foi menor que 1,8. Portanto, utilizando o método
Condutores cilíndricos,
1 1,00 de Peterson, foi calculado 9,5616 Kw/Km para o efeito
polidos e secos
Cabos novos, secos,
2
limpos e sem abrasão
0,92 não visível, e 0.8196 Kw/Km para o fenômeno visível,
Cabos de cobre sendo estes considerados para uma fase.
3 expostos ao tempo em 0,82
atmosfera limpa Considerando uma perda constante todos os dias e o
Cabos expostos ao
4 tempo em atmosfera 0,72 comprimento da linha “caso base” que possui 24 Km,
agressiva
Cabos de alumínio
a potência dissipada por mês pelo efeito corona foi
novos, limpos e secos, 495673,344 Kw para o efeito não visível e 42488,064
com condições de
5 superfície decorrente 0,53 a 0,73 Kw para o efeito visível, utilizando os valores obtidos
do grau de cuidado
com que foram pelo método de Peterson. Os resultados acima são
estendidos nas linhas
Cabos molhados,
6 0,16 a 0,25
novos ou usados
9
Tendo em vista os resultados encontrados por meio meio de cálculos, mas também por medições e
Grandes complexos
industriais
Distribuição