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AS DIMENSÕES DA OFERTA..

Sistemas de transmissão e a transmissão a


longa distância: conceitos básicos
a energia elétrica necessária para alimen­ Ou seja, o fator determinante é o custo
tar os grandes centros comunitários. final da energia entregue nos pontos de
ÂNGELO V IA N
Além disso, raramente se encontram nos consumo.
locais ou nas proximidades dos locais de Por outro lado, considerando-se os
consumo as fontes e/ou recursos energé­ custos praticamente proibitivos do óleo
Diretor-Executivo da Themag Engenharia. En­ ticos (tais como; carvão, óleo, quedas combustível em países importadores de
genheiro eletrônico com láureaem Engenharia
d'água, etc.), cujas disponibilidades fun­ petróleo, a alternativa de geração local
Eletrotécnica pelo Potécnico di Milano — Itá­
lia, 1961; fo i chefe de Divisão e chefe do De­ damentais impõem a localização das (junto aos grandes centros consumido­
partamento dos Estudos de Redes Elétricas do centrais de geração de energia. res) tem como principal opção a de o ri­
Centro Eletrotécnico Sperimentale Italiano Há, portanto, a necessidade de se gem nuclear. Visando a minimizar os
em Milão, Itália; foi professor de cursos de custos do seu sistema de transmissão,
transferir a energia do local onde ela
pós-graduação na Escola Politécnica da Uni­
versidade de São Paulo, engenheiro-chefe do se encontra disponível (geração), seja as usinas nucleares normalmente são si­
Departamento de Estudos de Sistemas Elétri­ ele remoto ou não, para o local onde tuadas o mais próxim o possível dos lo­
cos e Diretor Operacional da Diretoria de Es­ será consumida. Muitas vezes, o meio cais de consumo. Mas, ultimamente, no
tudos de Sistemas Elétricos da Themag. entanto, tais localizações estão sendo
mais prático e econômico é transmiti-
la sob a forma de energia elétrica. Um amplamente contestadas ou vivamente
exemplo típ ico e que ilustra bem essa debatidas quanto a aspectos de seguran­
situação é o relativo às usinas térmicas a ça e conservação ambiental.
carvão: Abordados esses tópicos iniciais, os
trabalho aborda, em termos a) situadas remotamente junto à m i­ itens seguintes deste trabalho apresen­

O gerais, os sistemas de trans­


missão de energia elétrica em
vár:os de seus aspectos mais
importantes, sob os pontos de vista téc­
nico e econômico. Relativamente a este
na de carvão, com transmissão da
energia gerada através de linhas
elétricas, ou
b) situadas nas proximidades do cen­
tro consumidor, local até onde se­
tam considerações sobre:
• sistemas elétricos de potência;
• interligação dos sistemas elétricos;
• alguns aspectos operativos de sis­
temas de transmissão;
ú ltim o, procura-se dar um panorama ria transportado o carvão. • tipos de transmissão;
amplo do problema, considerando-se Dependendo do montante de potên­ • transmissão a m uito longa distân­
sempre duas alternativas de geração de cia envolvida, a alternativa " a ” tenderá a cia:
energia elétrica: localmente, junto aos ser mais atraente do que a outra, apre­ * progressos na tecnologia de
centros de consumo, ou remotamente, sentando, sobretudo, vantagens econô­ transmissão (UAT);
onde se verifica a existência de recursos micas. Vantagens econômicas desse tipo * confiabilidade e seu custo;
energéticos exploráveis a baixo custo. têm sido uma das razões importantes do * perspectivas nacionais.
Sem se aprofundar em nenhum dos grande desenvolvimento dos sistemas de
tópicos abordados, oferece-se uma visão transmissão de energia elétrica em todo
geral sobre a estrutura de um sistema o mundo. A principal, no entanto, é 2. Sistemas elétricos de potência
elétrico de potência, sobre sistemas elé­ ditada pela exploração de grandes po­
tricos isolados e interligados e sobre al­ tências provenientes dos recursos h i­ Ao conjunto das instalações e equipa­
guns aspectos operativos de uma rede dráulicos, cujo aproveitamento neces­ mentos que se prestam para a geração
elétrica. Também são abordados os t i ­ sariamente é feito no local onde eles (conversão de uma dada forma de ener­
pos básicos de transmissão (em corren­ existem, na maioria das vezes remota­ gia em energia elétrica) e transmissão de
te alternada e em contínua). Um enfoque mente. Enquadra-se bem nessa situação grandes blocos de energia dá-se o nome
especial é dado à transmissão a distân­ o caso do Brasil, país de dimensões con­ de sistema elétrico de potência. Ele é
cias extremamente longas (acima de tinentais e rico em recursos hidráulicos, constituído basicamente pelos gerado­
1000 km), aqui designada por "m u ito o que propicia condições para se ter res, estações de elevação de tensão e
longa distância", associados de interes­ transmissão à longa distância (da ordem chaveamento, linhas de transmissão e es­
ses, exemplos envolvendo o sistema elé­ de 1000 km) e a m uito longa distância tações abaixadoras. Nessa rede elétrica,
trico nacional brasileiro são menciona­ (acimade 1000 km). os grandes blocos de energia são trans­
dos. Concluindo, o problema da transmis­ mitidos, normalmente, em alta ou extra-
são de energia elétrica, excluídos os as­ alta tensão e, a partir daí, se subidivi-
1. Introdução pectos de ordem ambiental e verificada dem em blocos menores, os quais são in­
a viabilidade técnica, resume-se em com ­ jetados nas chamadas redes de subtrans-
Restrições de ordem técnica, econô­ parar economicamente o custo da trans­ missão, ja' em tensões médias. Finalmen­
mica e ambiental tornam praticamente missão, acrescido dos custos das partes e te, os pequenos consumidores indivi­
impossível, pelo menos nos dias de hoje, da geração remota, com o custo da ge­ duais são alimentados por redes de dis­
gerar ncrs próprios locais de seu uso toda ração local (instalações e combustível). tribuição em baixas tensões.

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ração pode prejudicar ou mesmo com­
É interessante observar que as ten­ potência pode ser dividida em várias
subestruturas, baseadas, sobretudo, nos prometer totalmente a sua alimentação,
sões das redes de distribuição (em torno ao passo que se tal centro consumidor
de 11-14 kV) não diferem m uito das seus diversos níveis de tensão.
fizer parte de um sistema interligado
tensões de geração, ou seja, mesmo mo­ existirão "cam inhos" alternativos para o
dernamente, as grandes unidades gerado­ 3. Interligação dos sistemas elétricos
seu complexo suprimento.
ras têm tensões terminais da ordem de As interligações de sistemas elétricos
20-25 kV ou abaixo, tensões estas lim i­ A explanação feita no item anterior
também podem propiciar um melhor
tadas por problemas construtivos das sobre a estrutura "geração + transmissão
+ subtransmissão + distribuição" é geral: aproveitamento das disponibilidades
máquinas. No entanto, entre a geração
e a distribuição existem sistemas de ela é aplicável a um simples sistema radi­ energéticas de regiões com característi­
transmissão em EAT (extra-alta-tensão: cal e isolado, isto é, uma usina conecta­ cas distintas. Como por exemplo, cita-se
500-750 kV) ou em AT (230 , 345 ou da a uma ou mais cargas por meio de a interligação dos sistemas Sudeste/Cen-
440 kV) e de subtransmissfo em 138, uma ou mais linhas de transmissão (LT ), tro-Oeste e Sul do Brasil: são sistemas
88, 69 ou 34.5 kV. A razão disso é que como também é aplicável aos chamados predominantemente hidrelétricos, carac­
terizados por sensíveis diferenças de hi-
é impossível transm itir diretamente, sistemas interligados.
À medida em que aumenta a deman­ draulicidade de seus rios, istoé, não são
mesmo em distâncias modestas, a potên­
coincidentes numa e noutras regiões as
cia elétrica gerada nas usinas, pois as da de energia, mais fontes necessitam ser
grandes vazões fluviais. Dessa forma,
quedas de tensão e as perdas na trans­ exploradas e mais LT's necessitam ser
construídas para conectar essas novas es­ através da interligação SE/CO-S pode-se
missão seriam inaceitáveis. Esse aspec­
to é mais problemático quanto maior tações geradoras aos novos pontos de fazer uma adequada troca de energia,
sendo o superávit de uma exportado pa­
for a potência a ser transmitida, ou distribuição e também ás estações já
ra a outra e vice-versa.
seja, quanto maior for a corrente elé­ existentes, surgindo, assim, a interliga­
ção de sistemas. Se, por um lado, essas Relativamente aos sistemas isolados,
trica. Considerando que, por questões
interligações implicam uma maior com­ outras vantagens das interligações não
econômicas, as tendências mais recen­
tes têm sido as de construir grandes plexidade de operação do sistema como são tão evidentes, mas são bastante im­
complexos de geração de energia (Ilha um todo, por outro são economicamen­ portantes sob o aspecto econômico: ne-
Solteira, Paulo Afonso, T ucu ruí e Itai- te vantajosas, além de aumentarem a cessita-se de menos unidades geradoras
de reserva para o atendimento dos picos
pu, no caso brasileiro) e cada vez locali­ c o n fia b ilid a d e do suprimento às cargas.
Imagine-se, por exemplo, um centro de carga e menos máquinas nas usinas
zados mais longe dos centros consumi­
trabalhando em vazio (reserva girante)
dores, é fundamental lim itar as corren­ consumidor alimentado radialmente:
qualquer falha na transmissão ou na ge­ para atender os requisitos dinâmicos do
tes elétricas em valores adequados. Isso
é conseguido com a elevação da tensão,
que é transformada da faixa de alguns FIGURA 1
kV, na geração, para níveis de algumas
centenas de kV, na transmissão, através
dos chamados transformadores-elevado- DEMANDA ( MW)
res. No exemplo acima citado, as ten­
sões de transmissão são 440 kV para
Ilha Solteira, 500 kV para Paulo Afonso
e Tucuru í e 750 kV para Itaipu. Tratam-
se de linhas em corrente alternada (CA)
que, individualmente, podem transpor­
tar potências na faixa de 700.000 kW
(700 MW) a 2000 MW (os sistemas de
corrente contínua — CC - são aborda­
FREQUÊNCIA ( H l )
dos no item 5).
Por o utro lado, os consumidores re­
querem potências mais baixas do que es­
sas, mesmo as grandes indústrias, que
então são alimentadas em tensões infe­
riores ás de transmissão. Para tanto,
existem as estações abaixadoras, nas
quais as tensões de transmissão são abai­
xadas para níveis compatíveis com as
5*»
cargas que vão alimentar. Em particular,
as pequenas potências de distribuição I-
I
(linhas aéreas ou subterrâneas nas ruas I
ou avenidas) se adequam mais às baixas I___
16 : 15
tensões, também necessárias por ques­ 18:00 18 :0 5 T E M P 0 1 H Min )
tões de segurança.
Portanto, sob o ponto de vista fu n ­
cional e também operacional, vê-se que
a estrutura de um sistema elétrico de

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sistema, como, por exemplo, perdas de há intervenção manual. visão e controle ou de despacho automá­
linhas de transmissão, aumentos súbitos A freqüência é controlada automati­ tico. O controle é feito por meio de
de carga, etc.... camente nos próprios geradores através computador, o qual monitora continua­
dos reguladores de velocidade, equipa­ mente o carregamento das linhas de
4. Alguns aspectos sobre a operação de mentos que injetam mais ou menos transmissão e os montantes gerados nas
sistemas de transmissão água (ou vapor ou gás) nas turbinas que diversas usinas.
acionam as máquinas, dependendo do
Desde os grandes motores industriais aumento ou diminuição da demanda. 5. Tipos de transmissão: corrente alter­
até os mais simples equipamentos eletro­ O controle da tensão pode ser feito nativa (CA) ou contínua (CC)
domésticos, todos são projetados e cons­ remotamente nas usinas, através dos re­
truídos para trabalharem dentro de cer­ guladores automáticos de tensão, mas Apesar de nos primórdios (final do
tas faixas de tensão e freqüência, fora também pode ser efetuado a nível de século XIX) da eletricidade ter sido u ti­
das quais podem apresentar funciona­ transmissão, subtransmissão e/ou d is tri­ lizada transmissão em corrente co nti­
mento insatisfatório ou até mesmo se buição. De um modo geral, o controle nuai* ), foi a transmissão em CA que
danificarem. Essas exigências básicas im ­ remoto não é suficiente e o controle apresentou um espetacular desenvolvi­
põem, portanto, à operação dos sistemas jun to à carga é mais efetivo; automati­ mento desde então. A utilização da cor­
elétricos, um adequado controle da ten­ camente, se realiza por meio de conden­ rente alternada em grande escala deveu-
são e da freqüência na rede, a qual está sadores síncronos ou compensadores de se principalmente aos seguintes aspec­
sujeita as mais variadas solicitações. Es­ reativos estáticos controláveis e, manual­ tos:
sas solicitações, mesmo nas chamadas mente, por meio de conexão ou desco­ • As máquinas em CA, tanto gera­
condições normais de funcionamento nexão de bancos de capacitores e/ou doras como motoras, são equipa­
nas quais todos os elementos do sistema reatores em desativação. mentos bem mais simples do que
trabalham perfeitamente, mudam ano a Afora esses aspectos ligados a con­ as correspondentes em CC, espe­
ano, mês a mês e, o que é mais im por­ trole de tensão e carga/freqüência, na cialmente as polifásicas (trifásicas)
tante, variam m uito durante um único operação das redes interligadas existe de grande potência;
dia (por exemplo, nos horários de pico o problema de como distribuir-se as • o surgimento dos transformadores
— 18/20 horas — é m uito grande a de­ cargas entre as diversas usinas do sis­ de potência, equipamentos estáti­
manda no sistema, enquanto durante a tema, nas diversas situações de demanda cos (sem partes girantes) que to r­
madrugada ela cai aos seus valores m í­ (máxima, média e m ínima). À alocação naram possível a transmissão' de
nimos). Além dessas variações razoavel­ dessa geração dá-se o nome de despacho energia em tensões bastante mais
mente bem previstas, existem outras de geração, de cujo estabelecimento de­ altas do que as de geração (ver im ­
mais ou menos aleatórias, como por pende m uito a operação racional e efi­ portância desse fato no item 2 an­
exemplo a conexão ou desconexão de caz do sistema como um todo. Em par­ terior).
cargas, grandes ou pequenas. ticular, a operação econômica dos sis­ Nesse contexto, os sistemas de trans­
A essas variações e oscilações de de­ temas nos quais é grande o número de missão em CA evoluíram e ainda conti­
manda correspondem alterações na usinas térmicas (como nos EUA e em nuam evoluindo m uito, com emprego
freqüência e tensão. A títu lo de ilustra­ alguns países da Europa), cujo combus­ de tensões cada vez mais elevadas. No
ção, é mostrado na Figura 1 um exemplo tível, sabe-se ser bastante caro, é extre­ entanto, é reconhecidamente comprova­
da correlação existente entre a solicita­ mamente dependente da alocação dos do que as linhas de transmissão em CA
ção de carga num sistema e a respectiva despachos de geração. são mais caras que as linhas CC, além do
freqüência (o fato é semelhante quanto É interessante ressaltar também que que a transmissão em CC é mais simples
às tensões). existem sistemas automáticos de super­ do que a CA. A partir de 1950/60, co-
Nota-se que, neste sistema, no qual a
freqüência nominal é 60 Hz, a demanda FIG U R A 2
média no intervalo de tempo mostrado é
de cerca de 1002 MW, porém com uma
leve flutuação em torno desse valor. Tal
CUSTO DO kWh NO RECEPTOR
flutuação, absolutamente normal nos
sistemas reais, se faz acompanhar de flu ­
tuações na freqüência. Em particular,
em torno das 18:10 há um acréscimo
rápido de cerca de 6 MW na curva de de­
manda; pode-se notar a correspondente
queda na curva de freqüência.
Esse exemplo mostra as pequenas va­
riações de demanda. No entanto, não é
raro ter-se variações proporcionalmente
m uito maiores, de modo a afetar mais
sensivelmente a freqüência e as tensões,
cujas oscilações dos equipamentos de
controle procuram minimizar. O contro­
le normalmente é feito de forma auto­
mática, mas existem situações em que

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meçaram então a surgir equipamentos acima), bem como da transmissão em do para o dimensionamento da transmis­
(conversores CA/CC) que possibilitaram CC. Com exemplos desse tipo de apro­ são a longa distância.
o aproveitamento das vantagens tanto veitamento para produção de energia Finalizando, quantificações de custo
da corrente alternada como da co n tí­ elétrica podem ser citados o rio Zaire como essa apresentada acima permitem
nua, ou seja, geração e consumo perma­ (Inga), bacia do Amazonas, no Brasil, verificar sempre a viabilidade econômica
necem em CA, sendo somente a trans­ rios no Sudoeste da China, etc., além da transmissão a m uito longa distância e
missão feita em CC. de minas de carvão situadas remotamen­ do aproveitamento dos recursos energé­
Os conversores são equipamentos es­ te. ticos remotos. No caso brasileiro, carac­
táticos que num dos terminais da trans­ Conforme já mencionado anterior­ terizado por dois grandes sistemas elétri­
missão (geralmente no lado gerador) re­ mente no item 1, a viabilidade econômi­ cos isolados entre si (N/NE e SE/CO/S),
tificam a corrente - conversão CA para ca dos aproveitamentos remotos e bara­ a transmissão entre Norte e Sudeste na
CC - e, no outro, fazem a inversão CC tos está condicionada unicamente ao distância de cerca de 2500 km , viável
para CA. Acontece no entanto, que as custo da transmissão e das perdas, desde tecnicamente, pode ser competitiva eco­
estações conversoras são ainda bastante que a viabilidade técnica tenha sido al­ nomicamente. Para tanto basta fazer
caras, de modo que o conjunto "estação cançada. uma comparação análoga à da referên­
+ linhas em CC" somente apresenta van­ cia (a), considerando-se os custos da ex­
Na transmissão a m uito longa distân­
tagens econômicas a partir de certas cia, um aspecto que passa a ter grande ploração hidrelétrica na # Amazônia,
condições específicas, caracterizadas importância é o da confiabilidade do su­ acrescidos dos da transmissão até o Su­
principalmente por transmissão a gran­ primento. É mais ou menos evidente deste, com os custos, por exemplo, da
des distâncias. Para distâncias menores a que, à medida em que se aumenta a dis­ instalação e combustível de usinas nu­
transmissão CA ainda é economicamen­ cleares localizadas no próprio Sudeste.
tância, aumenta os riscos de falhas na
te mais atraente. transmissão, sejam elétricas ou mecâni­
Outra característica importante de cas. Assim, mais recentemente e visando (*) Inclusive, a geração era em CC, porém de
um elo CC é que o mesmo se constitui a uma melhor comparação econômica pequenas potências destinadas basicamen­
numa ligação assíncrona, isto é, as fre­ do custo da energia entregue ao consu­ te à iluminação.
qüências dos lados CA do retificador e midor, entre as alternativas de geração
do inversor não necessitam ser iguais local ou remota, passoU-se a se levar em
(restrição básica das ligações síncronas conta também o chamado "custo do ris­ B IB LIO G R A F IA
em CA). Assim, sistemas com freqüên­ co " de falha. Isto é, são feitos estudos
cia nominal de 50 Hz, como a das má­ de confiabilidade, que envolvem trata­ a) L. Paris, G. Zini, M. Valtorta, G. Manzoni,
quinas paraguaias da ITAIPU Binacional, mento probabilístico das falhas de gera­ A. Invernizzi, N. de Franco e A. Vian,
podem ser interligados com sistemas a "Present Lim its o f Very Long Distance
ção e transmissão, resultando daí os n í­ Transmission Systems", paper 37-12, Cl-
60 Hz, como o restante do sistema elé­ veis de expectativa de cortes de carga. GRÉ, Paris, França, 1984.
trico brasileiro. No exemplo acima ci­ Associando-se custos a esses níveis de
tado, a potência transmitida pode ser energia não suprida, obtém-se os "cus­
considerada bastante grande (6300
tos do risco".
MWj, que correspondente à metade da
Para exemplificar essa situação foram
capacidade instalada da usina de Itai- extraídas da referência (a) as curvas da
Pu, o mesmo não acontecendo com a Figura 2, que também ilustram o au­
distância, que é da ordem de 800/900 mento do custo da energia entregue ao
entre a geração e as imediações de São consumidor em função da distância de
Paulo. No caso, a necessidade do elo transmissão. A unidade de custo consi­
assíncrono é ditada pelas freqüências derada é mills/kW h, ou seja, miléssimos
50 Hz, no lado retificador, e 60 Hz, no de dólar por kWh.
inversor. O exemplo se refere à transmissão
Também julga-se importante mencio­ em CC para vários níveis de potência,
nar que as interconexões em CC, além com fator de utilização igual a 1.0 (8760
de não aumentarem as potências de horas/ano) e a partir de dois custos bási­
curto-circuito das partes interligadas, cos de' geração: 2000 US$/kW ou
em^muito podem contribuir para a ope­ 22.8 mills/kWh e 750 US$/kW ou 8.2
ração estável dos sistemas. mills/kW h. Observa-se que o custo do
risco torna-se significativo apenas para
6. Transm issão a m uito longa distância distâncias maiores que 2000 — 3000
km , tendo ele sido calculado na base
O aproveitamento a baixos custos de unitária de 2 US$/kW h de energia cor­
recursos energéticos disponíveis a m uito tada e referido a um sistema receptor
longa distância dos centros consumido­ com 48000 MW de carga máxima.
res pode se tornar com petitivo, com De um modo geral, o custo do risco
conseqüência dos altos custos das fontes depende do montante de potência trans­
instaláveis próximas a esses centros e mitida em relação ao valor global da car­
também como resultado dos recentes ga do sistema receptor. A seleção ade­
avanços na tecnologia de transmissão a quada do(s) ponto(s) de entrega é tam­
ultra-alta tensão em CA (1000 kV e bém um item relevante a ser considera­

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