Resumo
Abstract
This paper reports concepts and in-depth analysis of conventional alternating current
transmission lines for the application of large energy blocks transportation over long
distances from generation to distribution. It also reports at a detailed knowledge of
conventional transmission lines to allow introducing innovations in both AC and DC lines,
taking advantage of the technological advance of Electrical Engineering, especially in the
area of power electronics.
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Graduado em Computação, Pós-graduando do Curso de Engenharia de Energia RTG/FEAD – e-
mail: alacidenunes@gmail.com
2
Professor Orientador, Mestre Cárbio Almeida Waqued, Diretor Pedagógico de Pós Graduação da
RTG Especialização, e-mail: carbiowaqued@gmail.com.
1. INTRODUÇÃO
O assunto a que se refere este trabalho é sobre linhas de transmissão de energia. Este é
o meio utilizado para transportar energia elétrica desde a geração até às subestações de
transmissão e ou distribuição.
A delimitação do assunto, isto é, o tema de fato, contempla linhas de transmissão de
longa distância. Temos dois tipos de linhas, as convencionais, existentes em abundância e as
não-convencionais, raras, mas que com os avanços tecnológicos tendem a reduzir seus custos
e tornam aquelas outras obsoletas, dispendiosas e facilmente substituíveis.
A justificava para este estudo de linhas de transmissão de longa distância é que, no
Brasil de proporções continentais, a concentraçao de produção de energia está se deslocando
para a Região Norte, enquanto a maioria dos consumidores, tanto de baixa quanto de alta
tensão, permanecem relativamente àquela na longíqua Região Sudeste.
O problema encontrado é que linhas de transmissão extensas, as subestações
intermediárias são obrigatórias para evitar-se a geração de reativos com consequentes
sobretensão e instabilidades da linha. Muitas das vezes estas subestações tornam o projeto
dispendioso.
Hipoteticamente, bastaria construir torres robustas com cabos espessos. Mas há que se
levar em conta outros fatores além das resistências física e elétrica, tais como reatâncias
indutiva e capacitiva. No final, essas grandezas podem resultar em impedância complexa.
Pois, reatâncias capacitivas e indutivas trafegam em ângulos diferentes e, também, interagem
de forma também complexa. Devido a essa complexidade, a previsibilidade de
comportamento de uma linha de transmissão pode ser muito aquém da prevista no projeto.
O objetivo deste trabalho é majoritariamente estudar linhas de transmissão extensas.
Especificamente, conhecer a fundo as linhas de transmissão convencionais existentes e
concomitantemente inovar com linhas não-convencionais. Linhas estas, que sejam mais
seguras tecnicamente além de mais econômicas que as já consolidadas.
2. REVISÃO LITERÁRIA
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Para construir LT’s com distâncias mais extensas, a fim de transportar grandes blocos
de energia, é preciso aumentar o nível de tensão para evitar quedas de tensão devido à
resistência dos cabos usados, seja em LT CA , seja em LT CC. Em LT CC, segundo
Watanabe at al (2013), em tensões superiores a 800KV há obstáculos tecnológicos. Em LT’s
CA, o obstáculo maior é a distância e não o limite de 800KV. Em distâncias acima de cerca
400Km, em CA, as capacitâncias e indutâncias inerentes causam comportamententos de
tensão que devem ser evitados com a adição de compensação de reativos capacitivo e
indutivo (SANTOS, 2010, 2012; SILVA, 2011).
Em surtos de manobras em LT’s podem haver frequências envolvidas na ordem de
dezenas de KHz, mesmo que transitória, comenta Watanabe at al (2013).
O mesmo autor, Watanabe at al (2013) classifica LT’s em convencionais e não-
convencionais, seja em CC ou CA. Seu critério leva em consideração três características:
Tensão Nominal, Número de subcondutores e Geometria dos feixes. No primeiro critério, se a
LT CA é de 500 KV ou 765 KV é considerada convencional. No segundo, considera-se até
quatro subcondutores compondo o condutor (polo ou fase) como convencional. O autor do
trabalho informa que, à época, esse era o número máximo de subcondutores encontrado no
Sistema Elétrico Brasileiro - SEB. O último critério, é a geometria formada por estes
subcondutores, que se for quadrangular (4 subcondutores) ou triangular (3 subcondutores),
com distância máxima de 45 centímetros, se encaixam em convencionais, pondera Watanabe
at al. (2013). No entanto, neste trabalho, consideraremos apenas LT’s CA como
convencionais, salvo indicação em contrário. Quando simplificou-se a composição do modelo
de uma LT em resistência, capacitância e indutância, não se pode descartar a influência de
outras variáveis importantes, como aludido, atémesmo a distância dos subcondutores de
subcondutor deve ser levado em conta, apesar estarem em mesmo no potencial de tensão.
Outro efeito colateral de um campo elétrico intenso é o efeito corona na superfície dos
condutores. O efeito corona consiste na ionização do ar entre pontos condutores que atingem
maiores diferenças de potencial (d.d.p) (WATANABE et al., 2013). O efeito corona pode
gerar ruído audível, radiofrequência, vibração em cabos, produção de ozônio (O3) e calor
causado pelas fugas de energia; enumera Watanabe at al. (2013). O autor ainda complementa
que esses efeitos podem ser influenciados por umidade relativa do ar, altitude do local dos
condutores, rugosidade dos condutores, distância dos cabos em relação às estruturas das
torres, temperatura ambiente e a própria temperatura dos condutores. Portanto, toda esta gama
de variáveis deve ser levada em conta para cada projeto em específico.
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Esta disputa entre corrente CC e CC é antiga. A Guerra das Correntes é algo rotineiro
no ensino de disciplinas de Engenharia Elétrica, e por isso não é grande novidade nos cursos
de pós-graduação ou especialização de áreas afins. Não custa enfatizar que as primeiras
invenções e descobertas relacionadas à eletricidade se iniciaram operando em Corrente
Contínua (CC), cujo principal defensor fora Thomas Edson.
As aplicações da corrente contínua (CC) na indústria são as mais variadas. A exemplo,
temos aplicações em instalações de eletroquímica, carregamento de baterias de acumuladores,
tração elétrica, eletromagneto industriais, satélites artificiais e foguetes espaciais
(MARTIGNONI, 1987).
A obtenção de CC pode ser através de pilhas, dínamos ou retificação de corrente
alternada. As pilhas transformam energia química em energia elétrica CC. Os dínamos, tipo
específico de gerador de CC, transformam a partir de energia mecânica. E os retificadores,
geralmente de compostos de silício, transformam a CA em CC, pois deixam a corrente passar
somente em uma direção (MARTIGNONI, 1987).
Em automóveis, cuja alimentação é em CC, a energia era gerada por dínamo que são
acionados mecanicamente pelo motor à combustão. No entanto, nos automóveis modernos, é
utlizado geradores de CA. Este geradores, conhecidos como alternadores são bem mais
eficientes que dínamos. Depois de obtida a energia em CA, esta é convertida em CC para uso
nos dispositivos do automóvel, inclusive para carregar a bateria (MARTIGNONI, 1987).
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Martignoni (1987) esclarece que devido às características intrísecas desta máquina CC, é
construtivamente difícil acrescentar mais de dois coletores para aumentar o rendimento sem
aumentar seu tamanho.
Sendo assim, geradores (dínamos) com a finalidade de gerar grande quantidade de
energia CC seriam máquinas extremamente volumosas em relação aos geradores
convencionais de CA. Ou seja, teriam pouco rendimento e seriam de alto custo, elucida
Martignoni (1987).
A Corrente Alternada (CA) surgiu em seguida, encabeçada por Nikola Tesla e George
Westinghouse. A CA possibilitou elevar tensões para trafegar a longas distâncias e rebaixar
para consumo no extremo final de consumo. Bastando para isso, usar o transformador, que
funciona nos dois sentidos, ou seja, um mesmo transformador pode ser utilizado tanto para
rebaixar ou elevar tensões, bastando para tal inverter o primário pelo secundário. (SILVA,
2011).
O transformador é um equipamento robusto e simples. O tipo mais usado é o
autotransformador (não isolado eletricamente), onde há parte comum entre enrolamentos
primário e secundário que possibilita redução do seu tamanho e custo para uma mesma dada
potência (SILVA, 2011).
As correntes CA e CC coexistiram por algum tempo com seus respectivos defensores.
No entanto a CA prosperou devido ao uso de transformadores (trafos) que possibilitava o
envio de energia a longas distâncias com tensão maiores e com o uso de fios ou cabos com
bitolas menores. E perto da carga, novamente, com uso de trafos, é possível rebaixar a tensão
a níveis adequados à distribuição.
Como não há variação de fluxo magnético proporcionado por tensão/corrente CC, não
é possível o trafo operar em CC, ao contrário da CA cuja frequência é 50 ou 60 Hz (SILVA;
2011). À época, a eletrônica era incipiente e assim não era possível converter altas correntes e
altas tensões CA para CC e vice-versa. Os níveis se restringiam às conversões para fontes que
iriam substituir pilhas. Quando a tensão atingia altas tensões, nada além de 500 VCC em
válvulas, as respectivas correntes não passavam de alguns mili-ampères.
Porém, a corrente alternada venceu esta guerra, tornando-se o principal recurso para
distribuir e transmitir energia elétrica até hoje. A CC continuou a ser usada apenas no interior
de equipamentos eletrônicos que continuaram a evoluir. Hoje estas retificações, conversão de
CA para CC, são efetuadas por diodos bem mais potentes, inclusive algumas com controle do
ângulo de disparo, os conhecidos tiristores (SCR, TRIAC, DIAC, etc). Com o controle do
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ângulo de disparo de retificação, na senóide (0-360º), é possível regular a tensão CC final
(SILVA; 2011).
A eletrônica de potência evoluiu bastante, principalmente no campo dos tiristores.
Hoje estes semicondutores suportam tensões e correntes bem mais elevadas. E mesmo quando
não atendem aos requisitos de níveis de corrente e tensão, com associação paralela e série,
respectivamente, obtêm-se os níveis superiores desejados para LT’s.
Similar ao primeiro computador (ENIAC), que ocupava andares e possuía milhares de
válvulas; com os conversores CC-CA e CA-CC necessários às linhas de transmissão CC não é
diferente. A Subestação de Ibiúna que converte CC para CA, cerca da metade (43%) do
consumo de energia do estado de São Paulo e cerca de 1/8 (13%) do Brasil, ocupa nada
menos que 630.000m2 (63 hectares). A SE Ibiúna realiza várias manobras diárias necessárias
à regulagem de tensão e corrente. Esta SE é responsável por converter o bloco de energia CC
que é transmitido desde Itaipu. Nesta usina, metade de suas máquinas operam em 50 Hz e
outra em 60 Hz por motivos dos países que compõe o consórcio que a construiu. Os 18
geradores totalizam 12.600 MW, completa (SILVA, 2011).
As LT’s CC ainda são raras no Brasil. Por volta de 2006, a única LT CC existente,
citada acima, não entrava nas estatísticas de desligamento do ONS - Operador Nacional do
Sistema. As estatísticas desta LT ponto-a-ponto, que não participa do Sistema Interligado do
Brasil coordenado pelo ONS, fica a cargo apenas de seu concessionário, Furnas, informa
(FRONTIN at al.; 2010).
A energia gerada em 60 Hz (parte para consumo brasileiro no consórcio com o
Paraguai) é transportada até o centro consumidor via linhas de transmissão CA em altíssima
tensão (ATCA/EATCA) para evitar perdas por efeito joule. A outra parte gerada em 50 Hz,
grande parte que não é consumida pelo Paraguai, é vendida ao Brasil e transportada via linha
de transmissão CC (HVDC). Por quê?
O principal porquê é a necessidade da energia CA em 50 Hz ser convertida para
frequência padrão de 60Hz do sistema elétrico brasileiro, pois é necessário ter a mesma
frequência para sincronização ao nosso sistema. Encontraram nos tiristores, semicondutores
de potência, a melhor maneira para esta conversão, ao invés de utilizar conjuntos motores-
geradores. Assim, à época, esta solução estática tornou-se a melhor e muito provavelmente
continua sendo devido à evolução incessante da eletrônica de potência.
À época, esta solução foi pioneira no mundo e esta linha de transmissão CC serviu de
protótipo e know-how para outros pacotes (turnkey) de soluções posteriores, tanto no mundo
quanto no Brasil. Em suma, saindo desde Itaipu, temos linhas de transmissão CA e CC para
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transportar grande bloco de energia da fronteira do Paraguai até ao principal parque
consumidor que fica concentrado na região Sudeste. Isso não descarta a possibilidade de
fluxos de potência para outras regiões do Brasil interligadas em anel e gerenciadas pelo ONS
para não exceder a capacidade energética de cada geradora e ou linha de linha de transmissão.
Isso é necessário porque o sistema CA interligado em anel não tem limitador dinâmico de
potência como há no sistema CC. Então, nos sistemas que trafegam energia CC, aproveita-se
os limitadores de corrente/potência já implementados internamente nos conversores CC-CA
(SILVA, 2011).
Com a evolução dos conversores CC-CA/CA-CC e consequente redução de custos dos
componentes dos mesmos, as linhas de transmissão CC começaram a se tornar mais
econômicas e tecnicamente mais viáveis que as linhas de transmissão CA em grandes
extensões. Resolvida a questão tecnológica destes conversores, as linhas de transmissão CC
ganharam mercado porque estas são insensíveis às reatâncias capacitivas e indutivas que
interagem no percurso de linhas de transmissão longas. Estas reatâncias formam modelos
série-paralelo complexos e que interage entre si, entre as estruturas, demais fases, isoladores e
também com a própria resistência elétrica dos cabos da linha de transmissão, esta responsável
principalmente pelas perdas por efeito joule (SILVA, 2011).
Os apectos mais importantes das LT’s, segundo (Hedman), envolve basicamente a
indutância e capacitância. A capacitância é definida pela equação: C = Q/V
A capacitância em torno de um condutor é definida a partir da equação que a define:
= ( / ̥ )
Como se pode inferir, isso está referenciado campo elétrico (Lei Gauss). Para o caso
da capacitância entre dois condutores, a adequação da equação anterior é:
=
( / ̥ )
E, segundo Hedman (1983), isso sugere que devido à simetria do campo elétrico
formado, essa equação serve para calcular a capacitância para uma LT. Por final, a
capacitância entre um condutor e um terra perfeito será definido pela equação:
= ( 2ℎ / )
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RF, ressalta Hedman (1983).
O segundo aspecto importante a ser considerado, citado por Hedman (1983) junto à
capacitância, é a indutância. Assim como o campo elétrico está para a capacitância, o campo
magnético está para a indutância (Lei de Ampère). No âmbito de LT’s (CA), a indutância é
definida por Hedman (1983) como “ ... queda de tensão pela taxa de variação de corrente” e
corroborada pela equação:
_
=
/
=
2
A partir dos conceitos apresentados acima, a indutância, influenciada pelo seu campo
magnético, é calculada para um cilindro coaxial através de:
μ
=
2 ̥
Hedman (1983), finaliza as equações, com a que calcula indutância entre dois
condutores:
μ
=
̥
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Xc = (2π f C)-1 onde C = capacitância em Farads, f em Hertz
XL = 2π f L onde L = indutância em Henries, f em Hertz
Z2 = Xc2 + R2 onde Z/R = impedância/resistência em ohms
Z2 = XL2 + R2 onde Z/R = impedância/resistência em ohms
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A maioria das deformações de ondas são periódicas, enquanto, em poucos casos estas
são aleatórias. A definição de periódica consite em dizer que a distorção é múltiplo inteiro da
fundamental que, no caso do Brasil, é 60Hz (DUGAN at al.; 2012). Assim, por exemplo, as
frequências de 120, 180, 240 e 300 Hz seriam múltipos inteiros e por consequência
harmônico da fundamental de 60 Hz. Não raro as vezes, apenas a fundamental recebem a
devida atenção em detrimento dos harmônicos que podem estar presentes junto à fundamental
nos sitemas de potência.
Grandes consumidores são responsáveis por gerarem harmônicos de maior intensidade
que podem afetar outros consumidores, inclusive eles próprios. Isso se deve a dispositivos de
grande potência como controladores de velocidade de motores, fornos a arco e fornos de
indução. Pequenos consumidores ou pequenas potências, dificilmente propagam
interferências além de suas dependências, ou seja, não proliferam interferências em nível de
transmissão/LT’s (DUGAN at al.; 2012).
A ressonância propiciada pela interação de capacitâncias inerentes às LT’s e aos banco
de capacitores conectados para correção, pode contribuir para a proliferaração de harmônicos
em LT’s e subestações adjacentes (DUGAN at al.; 2012). Pois, de acordo com o conceitos de
ressonância, esta pode ser o caminho benéfico para aterrar esses harmônicos, bem como,
maleficamente, proliferá-los.
Os harmônicos são causados por dispositivos que são não lineares. Os dispositivos não
lineares não têm a circulação de corrente proporcional à tensão aplicada (DUGAN at al.;
2012). A falta de linearidade acontece com semicondutores, como diodo, transistores,
tiristores e similares, presentes em circuitos eletrônicos, inclusive em inversores (CC-CA) e
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retificadores (CA-CC). No caso de resistência, indutância e capacitância, desde que em CC
ou CA estáveis, a linearidade à tensão permanece.
É apresentado na Figura 2 decomposição de um sinal na frequência fundamental e
respectivos harmônicos, com as respectivas intensidades que os compõe, ultilizando a série de
Fourier (DUGAN at al.; 2012). De acordo com Dugan et al. (2012), analisando todo o sinal
separadamente é mais fácil encontrar a solução para reduzir estes harmônicos utilizando-se
de filtros. Estes por sua vez, podem ser ressonantes, passa-faixa ou combinação destes.
Ainda, sobre harmônicos, Dugan et al. (2012) informa que os de alta frequência
interferem mais nos sistemas de telecomunicações, enquanto apenas os de baixa frequência
trazem problemas ao sistema de potência (LT’s).
Pode-se confundir harmônicos com transientes, ambas anomalias encontradas em
sistemas de potência. Transientes podem conter em sua composição altas frequências, não
necessariamente harmônicos da fundamental, no entanto, os transientes são esporádicos e
originários da energização ou desenergização dos sistemas de potência, assevera Dugan et al.
(2012).
Estendendo-se na comparação de harmônicos e transientes, aqueles ocorrem num
estado estável, enquanto estes não. Os harmônicos estão presentes o tempo todo ou perduram
muitos segundos (DUGAN at al.; 2012). Ainda, complementa Dugan et al. (2012), enquanto
os harmônicos são associados com operação continuada de carga, os transientes são
associados com mudanças no sistema como ligamento ou desligamento de banco de
capacitores.
Em linhas de transmissão longas, quando em CA, é necessário investir em subestações
intermediárias para controlar os níveis de tensão, dentre outras anomalias, níveis estes
influenciados pela complexa rede de reatâncias e resistências que compõe LT’s longas. Se
isso não for feito, a energia no extremo final não terá qualidade e nem a LT, a confiabilidade
de se manter ativa adequadamente (SILVA, 2011; SUHETT, 2008).
No sistema polifásico (120º entre fases) permite transportar blocos de energia
utilizando apenas 3 cabos ao invés de 6 cabos em três sistemas monofásicos sem defasagem
entre fases. Com isso, há redução de cabos pela metade na ligação entre a geração até à
subestação redutora. Nesta subestação, o primário do transformador é ligado em triângulo (3
cabos). Isto configura uma grande vantagem do sistema polifásico em CA (DUGAN at al.;
2012).
Em linhas de transmissão CC também é possível economizar 1 cabo ou 1 conjunto de
cabos, pois em LT CC é possível utilizar o próprio solo como retorno de CC, seja em circuito
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monopolo (solo + 1 cabo) ou bipolo (solo + 2 cabos) (SILVA, 2011). Além do uso do solo
como mais condutor, é possível suprimir as estações intermediárias nas LT´s longas e com
isso remanejar estes recursos para investir na conversão CA-CC-CA, viabilizando e reduzindo
a construção de projeto de LT´s CC.
Explanados os conceitos anteriores, pode-se lançar mão do modelo da figura 3. Este
modelo pode ser usado para equacionar LT’s CA, mas Hedman (1983) enfatiza que é para
frequências constantes. Pois, na presença de harmônicos e transientes este equacionamento
requer mais cautela com acréscimo de mais parâmetros, principalmente em LT’s longas.
3. METODOLOGIA
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Em contra partida, além destes projetos serem de alto custo, a realização de seus
ensaios só podem ser feitos em poucos laboratórios existentes no Brasil. Somado a isso, estes
ensaios podem não refletir os projetos de forma prática e em nível de execução. Assim, as
teorias propostas são testadas em modelos matemáticos e ou computacionais, mas nem por
isso deixam de ser importantes para incrementar novos estudos e execução de projetos na
área. Porém, com a execução real destas novas propostas teóricas é que os estudos de outrora
são sedimentados e, através de ciclo virtuoso, fomentam a busca contínua de inovações
tecnológicas que em algum momento convergirá da teoria para execução.
Parte dos materiais escolhidos teve foco naqueles que tratam de maneira robusta sobre
a tecnologias existente e convencional, a fim de entendermos todas as limitações da mesma.
Outra parte, baseou-se em trabalhos de especialistas que propõem projetos inovadores que
substituem os já estabelecidos com vantagens técnica e econômica que o próprio crescimnerto
tecnológico oferece.
4. RESULTADOS
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serem consideradas e analisadas para definir os custos de linhas de transmissão CC versus
CA; e assim optar pela mais vantajosa em custos financeiros e de confiabilidade.
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Tabela 1 – Simulações de configurações LT’s CA de grande extensão
Fonte: Watanabe at al.(2013)
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Figura 6 - Transmissão com suporte de tensão
Fonte: Watanabe at al. (2013)
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variáveis na balança, inclusive aquelas difíceis de mensurar/estimar, a LT CC de 2.000Km,
tomada como referência (100%), é mais econômica em custos e ou retorno financeiro que a
LT CA de 2.000Km (128%) e CA Meia-Onda de 2.500km (147%). Este último modelo é
ainda teórico e tem rendimento máximo em distância exata de 2500 km, ou seja, casamento
de impedância em ½ onda. Se as outras LT’s comparadas fossem também de 2.500Km
também, provavelmente custariam mais que a LT CA teórica de Meia-Onda, ressalta Santos
(2012, 2010).
Para linhas com extensão entre 2000 e 3000 Km, Watanabe at al (2013) recomenda as
novas configurações de LT “Pouco Mais de Meia-onda”, abreviada pela sigla MO+. O “Mais”
do conceito se refere às extensões ligeiramente maiores que meio comprimento de onda exato,
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ou seja, metade da velocidade da luz dividido por 60Hz, que resulta em exatos 2500Km. Não
se deve confundir o conceito de “meia-onda” utilizado no âmbito em retificadores de CA para
CC, justamente porque a LT MO+ permanece em corrente alternada.
Ao contrário das LT’s CA do tipo MO+, como já dito, LT’s CA não MO+ utilizam
compensação de reativos que podem crescer proporcionalmente ao comprimento deste tipo de
linha. Este nível elevado pode acarretar severas sobretensões (transitórias ou sustentadas),
ressonância, instabilidade de tensão e aumento do custo das LT’s e demais sistemas
envolvidos com as SEs intermediárias necessárias à devida compensação (WATANABE et
al., 2013).
Com relação ao custo de LT CA MO+ , Watanabe at al. (2013) sustenta que o custo do
km deste tipo de LT é equiparado ao custo do km da LT CA de 400 Km com suas devidas
compensações inerentes. Outro ganho, enfatiza o autor, é que uma LT CA MO+ de longíquos
2500 Km de extensão, se comporta como se o fosse uma LT CA normal de apenas 300Km no
que diz respeito ao aspecto de sobretensões de energização. Apesar dos dois tipos se
igualarem em custo a partir de 400 Km, é preciso atentar-se que LT’s MO+ precisam ter
entre 2000 e 3000 Km contínuos de extensão para atender ao quesito técnico intrínseco de
casamento de impedância de meia-onda.
Com todas estas qualidades das LT’s CC, ao final, cabe citar uma pendência técnica
em LT’s CC com tensões altas (HVDC). Essa pendência ou limitação técnica é a medição
correta devido às altas tensões superiores a 800KV. Contornar este obstáculo tecnológico é
necessário para maior disseminação de LT’s CC de maiores tensões do tipo HVDC (SILVA,
2011).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Ainda, favoravelmente de outro lado, com a constante evolução da eletrônica de
potência, os conversores CA-CC e CC-CA podem baratear ainda mais e tornar as LT’s CC
mais presentes nos projetos e talvez até substituir LT´s CA de distâncias menores, inclusive,
já que custos dos conversores reduzem de forma acelerada.
+
Quanto às LT’s de Meia-Onda e sua derivada Mais que Meia-Onda (MO ), embora
incipientes, estas são também tecnologias promissoras de LT’s de CA de longa distância. E
ainda mais, com a distância entre as Regiões Sudeste e Norte (Amazônica principalmente)
preenchendo o requisito técnico deste tipo de linha (meia-onda) de aproximar da distância
quase exata de 2500 Km. Embora a distância seja de certa forma fixa, 2500 Km, não haveria
necessidade de banco de reatores e banco de capacitores usados nas subestações
intermediárias das LT’s CA e muito menos dos investimentos nos conversores CA-CC-CA da
LT’s CC.
O 1º round fora vencido pela CA. Agora, o que podemos chamar de 2º round, é bem
provável que, pelo menos na transmissão, vença o sistema CC pelos motivos debatidos.
Apenas o futuro nos mostrará este desfecho da engenharia com absoluta certeza.
Um 3º round da Guerra das Correntes está por vir, agora com sucesso alternado, das
linhas de transmissão CA de Meia-Onda. Estas também são fortes candidatas a vencer este
round das Guerra das Correntes. Com a configuração de LT CA de Meia-Onda, com certeza,
seria necessário investimentos menores. A má notícia, é que este modelo ainda está no campo
teórico e de estudos, não existindo ainda nada do tipo instalado no mundo (SANTOS; 2012,
2010).
Finalmente, a união destes dois tipos de LT’s, CA e CC, poderá ser a convergência
para formar sistemas híbridos capazes de unir as vantagens de cada tipo em substituição a
suas limitações tecnológicas. Watanabe (2013) propõe este tipo sistema e o chama de
Transmissão CA Segmentada. O princípio básico é que segmentando as LT’s CA com
conversores (CA-CC e CC-CA), o fluxo de potência pode ser controlado dinamicamente,
aproveitando-se os limitadores e proteção já inerentes a estes conversores presente nos
sistemas e LT’s CC. Com isso, evita-se os famosos blackouts, característica de desligamento
efeito dominó característico de sistemas apenas com corrente CA.
ΩΩΩ
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BIBLIOGRAFIA
DUGAN, Roger C., et al. Electrical Power Systems Quality. 3ª Edição. New York: McGraw-Hill,
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FITZGERALD, Arthur E., Charles Jr Kingsley and Stephen D. Umans. Máquinas Elétricas. 6ª
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HEDMAN, D. E. Teoria das Linhas de Transmissão I. 2ª Edição. Vol. 1. Santa Maria : UFSM,
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