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Sistema de Detecção Corona em Isoladores via Emissões Acústicas

Conference Paper · August 2013

DOI: 10.13140/RG.2.1.1317.4803

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6 authors, including:

E.L. Bonaldi Levy Lacerda Oliveira

PS Soluções Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI)
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Jonas Guedes Borges da Silva Germano Lambert-Torres

PS Solutions, Itajuba, Brazil PS Solutions, Itajuba, Brazil
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Frequency Response Analysis (FRA) of Electric Machinery View project

Multilevel Power Electronics Converters and applications View project

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 Sistema de Detecção Corona em Isoladores via
Emissões Acústicas
Erik Leandro Bonaldi, Levy Ely de Lacerda de Oliveira, Jonas Guedes Borges da Silva, Germano
Lambert-Torres, Luiz Eduardo Borges da Silva e Marco Antônio Martins Rennó.
Resumo – Este artigo apresenta um estudo de viabilidade
técnica do desenvolvimento e implantação de um sistema de
detecção de corona em isoladores via emissões acústicas de
baixo custo. Neste projeto foi desenvolvido um equipamento e
pacote computacional com finalidade de detectar problemas de
corona em isoladores das linhas de transmissão e das
subestações. O equipamento detecta a existência de corona, via
emissões acústicas e armazena curvas de tendência em um uma
memória local. A seguir, estes dados são tratados por conjunto
de programas computacionais com técnicas de processamento
de sinais. A ideia de se desenvolver uma equipamento de baixo
custo é que possam haver muitos desses equipamentos
instalados no sistema das companhias ligadas a Transudeste.
Palavras-chave – Efeito corona, Emissão acústica, Linhas de
transmissão, Medidas elétricas, Processamento de sinais.
I. INTRODUÇÃO
Os isoladores têm a finalidade de isolar eletricamente o
cabo condutor da estrutura da torre e dos outros cabos, além
de fornecer suporte mecânico ao cabo. Existem isoladores de
diversos tipos e com as mais variadas aplicações. Entretanto,
todos têm uma responsabilidade especial: a confiabilidade
dos sistemas elétricos. O desempenho dos isoladores está
totalmente associado aos níveis de segurança dos sistemas,
podendo influenciar diretamente na qualidade do
fornecimento da energia elétrica, notadamente dos índices de
continuidade DEC (Duração da Interrupção Equivalente, em
horas) e FEC (Freqüência Equivalente de Interrupção) das
empresas de energia [1].
Por outro lado, o termo “corona” é comumente utilizado
para descrever as descargas elétricas que ocorrem em
estruturas dos sistemas de energia como resultado da
ionização causada por um campo elétrico intenso no
isolamento, sem que haja a formação de um caminho
condutivo completo entre condutores, ou entre condutor e
Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do Programa de Pesquisa e
Desenvolvimento Tecnológico do Setor de Energia Elétrica regulado pela
ANEEL: Projeto PD-5014-0003/2010 e consta dos Anais do VII
Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica (VII CITENEL),
realizado na cidade do Rio de Janeiro/RJ, no período de 05 a 07 de agosto
de 2013.
E. L. Bonaldi, L. E. L. Oliveira, J. G. Borges da Silva e G. Lambert-
Torres são colaboradores da Fundação de Pesquisa e Assessoramento à
Indústria (e-mail: fupai@fupai.com.br).
L. E. Borges da Silva é professor da Universidade Federal de Itajubá (e-
mail: leborges@unifei.edu.br).
M. A. M. Rennó trabalha na Companhia Transudeste de Transmissão
(e-mail: marco.renno@transmineira.com.br).
terra. Por isso, o efeito corona pode causar um desgaste
excessivo do isolamento, reduzindo a vida útil dos
equipamentos em operação, além de causar sérias
interferências em sistemas de medição, controle e
comunicação [2]. Daí vem a motivação para a implantação
do sistema contínuo de detecção de corona, visando não
elimina-lo ou controla-lo, mas sim acompanhar seus
desenvolvimento e ocorrências, para através de estudos e
novos projetos (e soluções) poder reduzir sua ocorrência ou
seus efeitos [3].
O problema de corona, quando ocorre nos isoladores das
linhas de transmissão, pode ocasionar desligamentos
extemporâneos nas linhas. Estes desligamentos não
programados afetam de sobremaneira a operação dos
sistemas elétricos, podendo, inclusive, gerar grandes
interrupções de energia e blackouts em grandes áreas
habitadas [4]. É importante afirmar que a presença de corona
é constante das linhas, notadamente, em condições
atmosféricas adversas, notadamente quando estão presentes
elementos de poluição, de grande umidade ou e em caso de
chuva [5].
Então, um sistema que possa vir a relacionar os diversos
tipos de operação com o grau da emissão de corona nas
diversas condições climáticas, reduziria a possibilidade de
desligamentos indesejáveis e daria maior confiabilidade e
segurança durante a operação do sistema elétrico [6]. O
estudo do relacionamento destes efeitos também faz parte do
estudo da viabilidade de se ter um sistema integrado e de
monitoração em todas as torres das linhas de transmissão.
Uma possibilidade de detecção de corona é através de
meios acústicos, pois quando o fenômeno ocorrer existe a
ruptura do ar e, com isto, a emissão de sinal acústico. Este
efeito é parecido com o trovão quando de uma descarga
atmosférica.
Sistemas de detecção de corona, via meios acústicos, já
existem, inclusive em módulos portáteis, como propõe este
projeto. Uma das diferenças deste projeto face aos sistemas
já existentes reside no sistema de monitoração on-line, que
emite alertas em diversos estágios de corona quando acima
de níveis de segurança [4, 7]. O equipamento desenvolvido
tem elementos do módulo portátil, pois a captação dos sinais
acústicos é feita por um microfone parabólico e um
condicionador de sinais portátil. Neste projeto, foi realizado
todo o automatismo de operação do equipamento, incluindo:
ligar/desligar modulo de aquisição, posicionamento do
microfone parabólico através de seu servo-mecanismo,
aquisição de sinais e interface de software para
processamento, registro, emissão de alarmes e apresentação
dos dados.
Além disto, este projeto também desenvolveu um estudo
da viabilidade para se colocar diversos destes equipamentos
em rede para envio a uma central de monitoramento. O
equipamento foi concebido para operar isoladamente, com
um minicomputador industrial que registra as tendências dos
parâmetros monitorados ou em rede.
II. MÉTODOS DE DETECÇÃO DO EFEITO CORONA
O efeito corona pode ser detectado por diversas maneiras,
existindo muitos métodos teóricos e práticos relatados na
literatura [5]. Os métodos mais simples são pela visão e/ou
pelo som. Quando o efeito corona ocorre, ele produz luz
visível e, às vezes, é visto como um brilho azulado ao redor
dos isoladores, como mostrado na figura 1. Mas, como o
efeito corona emite radiação muito fraca (principalmente na
faixa do ultravioleta), é difícil detectar o efeito corona
somente pela visão, notadamente durante o dia [8]. O efeito
corona só pode ser percebido, a olho nu, na escuridão quase
absoluta.
Figura 1. Exemplos ocorrências de efeito corona.
O outro método de detecção de efeito corona é pelos sons
que são produzidos quando ele ocorre. O ruído audível
produzido pelo efeito corona pode ser descrito como estalos
ou chiados causados pela explosão de gases em expansão.
Esse ruído, muitas vezes pode ser captado pela audição
humana.
Dentre os métodos mais utilizados disponíveis para a
detecção do efeito corona em isoladores elétricos, encontra-
se a detecção dos pulsos de corrente ser realizada através de
instrumentos de medição elétrica. Este método não é muito
útil em linhas de alta tensão devido à necessidade de
proximidade entre o equipamento de detecção e o isolador,
causando problemas de instalação/manutenção, riscos de
morte, influência do campo magnético gerado pela linha de
transmissão no sistema de detecção, entre outros. Portanto,
uma metodologia que possa ser utilizada à distância seria
interesse neste caso. Assim, optou-se pelo sistema de
inspeção à distância por ultrassom.
III. PRINCÍPIOS BÁSICOS DO ULTRASSOM
Os sons (ou ruídos) extremamente graves ou
extremamente agudos podem passar despercebidos pelo
aparelho auditivo humano, não por deficiência deste, mas
por caracterizarem vibrações com frequências muito baixas,
até 20 Hz (infrassom) ou com frequências muito altas, acima
de 20 kHz (ultrassom), ambas inaudíveis.
Como se sabe, os sons produzidos em um ambiente
qualquer, refletem ou reverberam nas paredes, podendo
ainda ser transmitidos a outros ambientes. Fenômenos como
este, apesar de simples e serem freqüentes em nossas vidas
cotidianas, constituem os fundamentos do ensaio com
detector ultrassônico.
Assim como uma onda sonora se reflete ao incidir num
anteparo qualquer, a vibração ou onda ultrassônica, ao
percorrer um meio elástico (por exemplo, o ar), irá se refletir
da mesma forma, atenuando-se rapidamente, sendo em parte
absorvida e outra transmitida a diante com menor
intensidade. Através de aparelhos especiais (detectores
ultrassônicos), se podem identificar as transmissões e as
reflexões provenientes de uma fonte geradora ultrassônica.
A. Detector Ultra-Sônico
O objetivo primário de um dispositivo de audição
ultrassônica é converter sons de alta frequência inaudíveis
(ultrassons) em sons audíveis correspondentes que
mantenham a mesma qualidade representativa do som
original. Como a intensidade e o tom do ultrassom não
mudam, pode existir uma resposta audível proporcional e
direta.
Um teste para se verificar esta proporcionalidade do som
seria “bater palmas” na mesma direção da superfície que o
instrumento estiver inspecionando. Neste exemplo, pode ser
ouvida a variação de sons audíveis produzidos pela sua mão
e também pelos ultrassons convertidos pelo seu instrumento
para sons audíveis representativos. Pode-se notar que a
qualidade e a natureza dos sons que são ouvidos e os
ultrassons reproduzidos pelo detector ultrassônico são muito
similares. Em outras palavras, todos os moldes ultrassônicos
são exatamente convertidos para sons audíveis
representativos.
Muitos sons ocorrem abaixo e acima da faixa da audição
humana, que é, geralmente, entre 20 e 20.000Hz, conforme
mencionado anteriormente. De qualquer modo, quase todos
os sons de atrito, descargas elétricas e vazamento de fluidos
pressurizados (líquidos ou gases) têm pico de produção
próximo à faixa de 40 kHz. Outra característica importante é
que as frequências na faixa do ultrassom são muito
direcionais e também atenuadas muito rapidamente. A figura
2 mostra um exemplo de ultrassom aplicado a cabos de alta
tensão.
Figura 2. Exemplo de ultrassom em cabos de alta tensão.
B. Ultrassom e seu Comportamento
Quando o equipamento de ultrassom é utilizado como
ferramenta de manutenção preditiva em planta industrial,
descobre-se que os ruídos de fundo (lixadeira, máquina de
solda, etc.) são normalmente pouco intensos em comparação
aos sinais de ultrassom que são detectados, fazendo com que
os efeitos de descargas elétricas, pontos de vazamentos e
rolamentos mal lubrificados fiquem muito evidentes.
Assim, em operações em ambientes industriais, o
ultrassom tem um excelente sinal para ruídos proporcionais.
Neste meio, o equipamento pode rejeitar um alto nível de
ruídos de fundo, focando na faixa de frequência desejada de
sons. Um típico ambiente industrial pode conter níveis de
ruído de fundo em excesso. Encontra-se 100 dB de ruído
numa faixa audível, enquanto que somente 15 dB de ruído
está em torno de 40 kHz. Sons de baixa frequência e
audíveis tendem a percorrer grandes distâncias, refletindo-se
em paredes, nos equipamentos e até mesmo nas pessoas,
antes de se atenuarem completamente. Essas reflexões
adicionam-se aos ruídos de fundo numa faixa audível. Ao
contrário, o ultrassom que é normalmente atenuado quase
completamente antes de ter uma chance de reflexão. Esta
rápida atenuação tende a manter níveis de fundo de
ultrassom baixo, mesmo nos piores ambientes. Por causa do
baixo nível de fundo de ruídos ultrassônicos em ambientes
industriais, é possível aumentar a amplitude de pequenos
sinais ultrassônicos produzidos por defeitos no isolador para
apresentar informações úteis. Portanto, isolando-se o sinal
acústico desejado dos ruídos produzidos no ambiente de
operação, tem-se em mãos a informação desejada para este
projeto.
A união de uma ferramenta de detecção de defeitos por
ultrassom com um sistema de aquisição de dados e um
computador forma a base deste projeto. Por fazer uso da
técnica de detecção mencionada, pode-se dizer que o sistema
utiliza a vantagem de poder ser utilizado em campo aberto
mais a vantagem do microcomputador de permitir o
monitoramento em tempo integral, reportando possíveis
erros em isoladores a qualquer momento em que estes
venham a ocorrer. A natureza altamente direcional do
ultrassom também permite identificar problemas em áreas
específicas.
IV. O EQUIPAMENTO DE DETECÇÃO DE CORONA
DESENVOLVIDO
A. Detector de Arcos Elétricos e Efeito Corona
O componente principal do equipamento desenvolvido é
denominado ULD-40. Ele é um instrumento usado para
detectar a presença de sinais ultrassônicos [9], e,
principalmente utilizado, para identificar falhas de isolação
ou detectar a presença de poluentes nos isoladores.
O ULD-40 é equipado com um sensor ultrassônico tipo
piezo-cerâmico, com um cone de amplificação e com um
transdutor direcional parabólico. Ele funciona
transformando a pressão ultrassônica em sinais audíveis. É
um tipo de conversor de frequência. Uma vibração acústica
na faixa de ultrassom é convertida em sinais elétricos de uma
mesma frequência. Em seguida, estes sinais são convertidos
em frequência por um conversor digital. Esta função permite
que o ouvido humano detecte a presença de ultrassom.
Arcos elétricos no ar e efeito corona emitem sons e
ultrassons. O papel do ULD-40 consiste em capturar estes
sons emitidos e transmiti-los em uma escala audível. Assim,
o ULD-40 permite a localização e a identificação dos efeitos
corona e dos arcos que podem ser encontrados em qualquer
tipo de instalação de alta tensão, simplesmente fazendo-se a
varredura em volta da área suspeita. O sensor do ULD e o
cone amplificador são posicionados na frente do aparelho.
Um sensor parabólico externo possibilita ao usuário detectar
defeitos a longa distância. O sensor parabólico é conectado à
lateral do ULD e é equipado com uma mira laser, que
permite localizar de forma exata a fonte de emissão
ultrassônica. A antena parabólica é desmontável e possui um
tamanho pequeno, o que facilita o uso do ULD em campo e
possibilita o acesso em qualquer tipo de instalação.
O ULD-40 se aplica na detecção de ultrassom produzido
por presença de corona, descargas parciais e vazamento de
gases, basicamente, frequências em torno de 40 kHz. No
caso de efeito corona, o fabricante afirma que uma indicação
de nível de ultrassom em 10 dB ou maior indica que há
algum problema potencial no isolador: poluente no isolador,
isolador danificado ou algum objeto sobre o isolador. O
fabricante adverte ainda que se deve assegurar de que o sinal
não vem de alguma outra parte de equipamento, como: um
parafuso ou final de cabo. Estes últimos elementos são
fontes de efeito corona não críticas.
B. Primeira Versão do Equipamento
Após serem realizados testes individuais cada um dos
componentes do sistema, foram realizados também testes no
sistema de direcionamento automático. O objetivo do
primeiro protótipo foi integrar os equipamentos adquiridos
em um módulo para ser instalado em campo. A figura 2
mostra este primeiro protótipo.
O módulo de aquisição de sinais ultrassônicos foi
integrado dentro de um gabinete com dimensões de 600 x
500 x 200 mm. Na parte externa da caixa, foi alojado o
mecanismo do sistema de direcionamento e o sensor
parabólico.
Na parte interna da caixa, foi alojado o sistema de
aquisição ULD-40 e um minicomputador industrial para
aquisição dos sinais.
A captação da emissão de ultrassom é feita através do
sensor ultrassônico ULD-40 e seus acessórios. Pode-se
observar, na figura 3, o conjunto responsável pela aquisição
do sinal, composto por:
• Minicomputador industrial;
• ULD-40, da NDB Technologies;
• Sensor ultrassônico parabólico; e
• Sistema de automação e controle.
Os testes realizados em laboratório mostraram resultados
satisfatórios de operação para a aplicação. Também foram
realizados testes no sistema de automação para direcionar o
sensor parabólico para vários pontos de análise.
Esta primeira versão do equipamento foi desenvolvida
para testar as ideias existentes para a detecção de corona em
Figura 3. Primeira versão do equipamento - Integração dos equipamentos.
isoladores de subestações e linhas. Não ocorreu nenhum tipo
otimização (fosse ela de espaço ou construtiva) ou
preocupação de se montar um equipamento que pudesse
ficar muito tempo instalado. Queria-se sim, testar o conjunto
antes de se partir para uma melhoria de algoritmos e/ou de
configurações.

C. Segunda Versão do Equipamento

Com os bons resultados obtidos na primeira versão do
equipamento, ele foi desmontado e parte de seus
componentes utilizados para uma montagem com
características mais industriais (de espaço, de segurança e de
resistência a intemperes).
Os componentes desta segunda versão do protótipo estão
arrolados a seguir e são mostrados na foto da figura 4 e no
esquema da figura 5:
• Software e interface gráfica
• Gabinete, da CEMAR
• Minicomputador industrial, da Bluetech
• ULD-40, da NDB Technologies
• Transdutor de ultrassom parabólico do ULD-40
• Controlador de panoramizador, da Multitoc
• Panoramizador (mecanismo de direcionamento).
Para o funcionamento automático do sistema, foram Figura 4. Segunda versão do equipamento.
necessárias algumas intervenções na eletrônica do ULD-40 e
o desenvolvimento de uma placa de interface opto-acoplada,
com relés de controle, para permitir a interface entre o
minicomputador industrial e o controlador do
panoramizador, conforme mostrado na figura 5.
 Gabinete
Liga/desliga
e
Sinal de Aúdio
Mini-computador
Comandos e
sinais
Software
Comando de
Esq./Dir.
Sub./Desc.
Alarmes
e
Configurações
Figura 5. Processo geral de funcionamento do sistema.
V. SOFTWARE DE AQUISIÇÃO DE ULTRASSOM PARA
DETECÇÃO DE EFEITO CORONA
O objetivo do software é captar sinais de ultrassom
emitidos pelos isoladores em linhas de transmissão e
classificá-los quanto à sua intensidade para se determinar o
nível de efeito corona presente nestes componentes do
sistema.
O software de aquisição, intitulado Corona, possui uma
interface gráfica simples e de fácil operação. A figura 6
apresenta a tela do software em sua versão atual, após um
conjunto de modificações que foram propostas pelos
usuários do sistema.
Figura 6. Tela principal do software de aquisição Corona.
O software Corona foi desenvolvido exclusivamente para
atender a necessidade de se registrar as emissões acústicas
(em torno de 40 kHz) nos isoladores de linhas de
transmissão. As emissões acústicas são geradas pela
ocorrência de efeito corona no equipamento monitorado. A
ULD-40
Sinal de ultrassom
Transdutor
Controlador
Panoramizador
Acionamento Posicionamento do
dos motores Sensor de ultrassom
metodologia de avaliação do nível de efeito corona é
baseada no manual de uso do ULD-40. Como já
mencionado, as condições ambientais têm impacto no efeito
corona e, consequentemente, nas emissões ultrassônicas.
Condições de chuva e neblina podem aumentar
consideravelmente o nível da emissão ultrassônica, como foi
constatado na prática.
O objetivo final desta metodologia é inferir se um
determinado isolador está avariado ou em processo de avaria
a partir da curva de tendência da intensidade de emissão
acústica ao longo do tempo.
Na figura 7, tem-se o sinal de áudio captado pelos
sensores e processado pelo software para visualização. O
tempo de aquisição do sinal é determinado pelo usuário.
Figura 7. Gráfico do sinal de áudio no domínio do tempo.
A figura 8 mostra o sinal no domínio da frequência. Vale
lembrar que o ULD-40 faz a translação das frequências de
ultrassom para a faixa audível, deslocando frequências em
torno de 40 kHz para a região em torno de 2,4 kHz. Para se
avaliar a intensidade da emissão é utilizado o valor eficaz
(RMS) do sinal de saída do ULD-40.
Figura 8. Gráfico do sinal de áudio no domínio da freqüência.
Na figura 9, tem-se um exemplo de curva de tendência
para o valor eficaz do sinal de áudio. Neste gráfico são
mostrados a intensidade do sinal, no eixo y, e o instante em
que a medição ocorreu, no eixo x, para que se possa avaliar
o comportamento da emissão ultrassônica do isolador ao
longo do tempo.
Figura 9. Curva de Tendência.
Na figura 10, tem-se a área da janela para comando,
visualização e configuração, com as seguintes
características:
1. Aquisição Sinal: Este campo permite configurar o
intervalo de tempo em que ocorrerá cada aquisição. Para
realizar uma única aquisição instantânea é preciso que o
campo seja preenchido com o valor 0 (zero) minuto.
2. Nível do Sinal: Este campo apresenta o valor da
intensidade do sinal de áudio em RMS (dB). Este campo não
pode ser alterado, o valor apresentado é gerado a partir do
sinal coletado.
3. Nível de Alarme: Este campo permite configurar os níveis
dos alarmes de atenção e emergência. Estes campos deverão
ser ajustados pelo usuário de acordo com a expertise do
mesmo em relação ao nível de emissão e à condição do
isolador.
Figura 10. Área de comando de início de aquisição, visualização do valor
eficaz corrente e configuração de parâmetros de aquisição.
4. Configuração: Estes campos permitem a configuração da
frequência de amostragem e do número de amostras que se
deseja realizar na aquisição do sinal. A relação entre o
número de amostras e a frequência de amostragem é o tempo
de aquisição do sinal, por exemplo, Figura 10 tem-se
40000ptos / 8000ptos/s = 5s.
Na versão final do software desenvolvido, é possível
cadastrar a posição de 6 isoladores e agendar a sua medição
em intervalos de tempo arbitrários. O software posiciona o
transdutor de ultrassom adequadamente, realiza a aquisição
de sinais, processa o sinal, atualiza a curva de tendência do
isolador medido com a última medição, armazena a curva de
tendência e pode emitir um laudo. Outras funcionalidades,
como: salvar curvas de tendência, abri-las, posicionar
manualmente o transdutor, entre outras também foram
implementadas nesta versão do software.
VI. RESULTADOS DE ALGUNS TESTES DO SISTEMA EM
CONDIÇÕES CONTROLADAS
O objetivo desta seção é apresentar os resultados de
alguns testes no protótipo do sistema de hardware e software
em condições controladas de laboratório. Estas condições
foram as mais agressivas e estressantes para o equipamento
desenvolvido e que normalmente não chegam a ocorrer no
campo. Estas condições de diferentes posicionamentos dos
isoladores e de diferentes níveis de corona foram
desenvolvidas para verificar se todas as características de
utilização do equipamento estavam com o funcionamento
correto. Se este teste fosse feito em condições normais de (e
no) campo, muito tempo seria necessário para esta
verificação, pois se deveria esperar, por exemplo, a
ocorrência de alguns de períodos de carga pesada e chuva
intensa para se medir o corona.
Para tanto, foram montadas uma fonte de ultrassom de 40
kHz, baseada em emissor de ultrassom, e uma fonte de
corona, baseada em um gerador de alta tensão.
Nos ensaios realizados, é possível verificar o
aumento/diminuição da curva de tendência com o
aumento/diminuição da intensidade de ultrassom em 40 kHz,
ou com o aumento/diminuição do nível de corona gerado.
Pode-se verificar também a direcionalidade do transdutor, Aqui são apresentados os resultados de dois ensaios. No
que amplifica mais os sinais das fontes para as quais ele está primeiro ensaio, utilizou-se um emissor de ultrassom
orientado. excitado por um gerador de funções em 40 kHz. No segundo
A interface gráfica de um teste é apresentada na figura 11. ensaio, utilizou-se uma fonte de alta tensão ligada a uma
A operação do software é bastante intuitiva. A seguir é agulha, gerando corona diretamente. A figura 12 apresenta a
descrita uma sessão básica de coleta de dados. montagem para um primeiro ensaio e a figura 13, para o
1. Inicialmente, o usuário deve selecionar quais isoladores segundo ensaio.
ele quer monitorar, marcando “Plotar na tendência” para No primeiro ensaio, pode-se movimentar o transdutor
cada um deles. entre duas posições, mostrando-se a propriedade de
2. Em seguida, o usuário deve selecionar cada isolador a ser direcionalidade do transdutor parabólico. A curva de
monitorado e preencher a sua “posição horizontal” e a tendência deste ensaio é apresentada na figura 14. No
sua “posição vertical” no quadro “Posição da Antena”. A segundo ensaio, em função da posição do gerador de alta
antena pode ser posicionada manualmente e os valores tensão, o protótipo ficou deitado e imóvel, direcionado para
atuais transportados para os campos de “posição”. a agulha. Neste ensaio, variou-se a tensão de 0 a 10 kV,
3. O próximo passo é preencher o intervalo entre as gerando-se a curva de tendência da figura 15.
medições do grupo de isoladores, dentro do quadro
“Aquisição automática de sinal”.
4. O usuário pode realizar algumas aquisições iniciais para
poder configurar os níveis de alarme. Aquisições de
sinais para cada isolador, individualmente, podem ser
realizadas apertando-se o botão “Efetuar Aquisição” para
o isolador selecionado. Com base nos níveis medidos, os
alarmes de atenção e emergência podem ser configurados
um pouco acima.
5. Após a configuração dos alarmes, pode-se
ativar/suspender a aquisição de sinais, apertando-se o
botão dentro da caixa “Aquisição Automática de Sinal”.
6. A partir deste ponto, o software funciona
automaticamente posicionando o transdutor nas posições
programadas, realizando medidas e atualizando a curva
de tendência.
7. O software se inicia automaticamente a partir da
energização do equipamento. A última configuração é
utilizada.

Figura 12. Ensaio com emissor de ultrassom em 40 kHz.

Figura 11. Interface gráfica do software Corona.
VII. CONCLUSÕES
Nesta primeira etapa de estudo da viabilidade técnico-
econômica do projeto, o equipamento portátil desenvolvido,
montado e testado tem alguns de seus elementos internos
ainda importados de indústrias estrangeiras, pois a ideia
central do projeto era gerar um protótipo para comprovar o
conceito da metodologia. Assim sendo, verificou-se que
existe um grande potencial para desenvolvimento de uma
solução dedicada, mais barata e mais eficiente para
implantação deste conceito de monitoramento de corona.

Figura 13. Ensaio com geração de corona por alta tensão na agulha.
Figura 14. Ensaio com emissor de ultrassom – na curva azul, o sistema está
direcionado para o emissor e, na curva verde, o sistema está a 90 graus.
A aplicabilidade deste projeto é imediata para qualquer
companhia de transmissão, pois o perfeito entendimento da
capacidade operativa de suas linhas em diversas condições
operativas e climáticas permite uma operação mais segura
com melhoria do processo interno e da qualidade do serviço
prestado. O desenvolvimento de uma metodologia de
relacionamento corona versus condições operativas versus
condições climáticas, realizada através de equipamentos de
Figura 15. Ensaio com emissor de ultrassom.
baixo custo, permitirá uma melhor gestão da
indisponibilidade não-programada e poderá estabelecer
novos paradigmas de manutenção preditiva para as linhas.
Esta questão pode ser analisada segundo dois aspectos. O
primeiro relacionado à obtenção do conhecimento sobre
como os isoladores das linhas se comportam em presença de
condições climáticas adversas e o segundo ligado à melhoria
da rentabilidade da empresa. O primeiro, ligado diretamente
à emissão de corona, é feito pelo banco de dados formado
com o uso contínuo do equipamento e o seu relacionamento
com as diversas condições operativas e climáticas. Ainda
neste item, a própria medida de corona nos isoladores
também é útil para determinar possíveis procedimentos de
manutenção preventiva que não permitam desligamentos
não-programados. A segunda tenta melhorar o desempenho
econômico da empresa. Segundo os valores dos parâmetros
utilizados atualmente pela ANEEL, o desconto é composto
do seguinte: duração das indisponibilidades programadas
vezes 10 mais a duração das indisponibilidades não
programadas vezes 150. Vê-se, daí, o peso da
indisponibilidade, sobretudo daquelas não programadas.
Finalmente, pode-se afirmar que os objetivos do projeto
foram atingidos: estudou-se a viabilidade de implantação de
um sistema remoto de detecção de corona em isoladores e
construiu-se um protótipo para provar o conceito deste
sistema.
Para tal, foi desenvolvida toda uma estrutura de hardware
e software. O hardware, basicamente, foi composto, nesta
versão, por placas e sistemas adquiridos e integrados no
equipamento, ou seja, não eram placas e sistemas
desenvolvidos para o equipamento exclusivamente, e, sim,
de propósito geral. Obviamente, isto faz com que venham
com mais elementos que os necessários para a composição
de um equipamento dedicado, encarecendo o seu custo final.
Tendo-se em vista os objetivos do projeto, a montagem de
um protótipo com estas características (sem placas e
sistemas dedicados) foi natural e adequada. Entretanto, para
uma versão final do equipamento, é necessário que placas e
sistemas sejam feitos especificamente para o equipamento,
reduzindo-se custos, peso e dimensões do protótipo final.
Analisando-se o protótipo construído, os itens de maior
peso no custo do sistema foram: o ULD-40 (importado) e o
mini-PC industrial (de uso geral). Portanto, existe um grande
potencial de redução de custos se estes dois itens forem
substituídos por um sistema eletrônico integrado e dedicado
à aplicação, contemplando: transdutor de ultrassom, circuito
de condicionamento, microprocessador e interface de rede.
E mais, um sistema eletrônico integrado e dedicado à
aplicação poderia disponibilizar vários canais, permitindo o
uso de vários transdutores fixos (aproximadamente. R$10,00
por unidade). Neste cenário, o custo de um sistema de
direcionamento (panoramizador) poderia ser cortado.
Por fim, a produção em escala seria outro fator de redução
do custo do sistema.
VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] C.P. Salomon, M.P. Coutinho, C.H.V. de Moraes, L.E. Borges da
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