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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

MARCOS SANTANA MENDONÇA

ARTIGO TÉCNICO SOBRE SPDA EM UMA LINHA DE TRANSMISSÃO 13.8 KV

VÁRZEA GRANDE-MT
2023
MARCOS SANTANA MENDONÇA

ARTIGO TÉCNICO SOBRE SPDA EM UMA LINHA DE TRANSMISSÃO 13.8 KV

Artigo técnico apresentado à Universidade Salgado


de Oliveira, Departamento de Engenharia Elétrica,
como requisito parcial para a obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Elétrica.

Orientador: Prof. Vicente Alves de Oliveira

VÁRZEA GRANDE-MT

2023
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................................... 4
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 5
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................ 5
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................. 14
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................... 17
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 19
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 20
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ARTIGO TÉCNICO SOBRE SPDA EM UMA LINHA DE TRANSMISSÃO 13.8 KV

RESUMO

Este artigo foi elaborado para avaliar os impactos financeiros anual da Destilaria de Álcool
USIMAT, devido descargas atmosféricas em uma rede de distribuição 13.8 KV com extensão
de 37 km, com o intuito de mitigar e propor soluções para tal problema, por meio de
levantamento de dados da empresa e estudo de caso. Foi observada a atuação dos para-raios em
diversos cenários, definindo-se a melhor solução para quantidade e localização desses
equipamentos de proteção. Os resultados deste estudo, indicam que o para-raios é um
equipamento de proteção eficiente na redução dos impactos negativos ocasionados devido às
descargas atmosféricas. Além disso, verifica-se que o aumento do número de para-raios em
uma subestação diminui os níveis de sobretensão aplicada nos equipamentos instalados, além
disso, sugere-se também a instalação de um disjuntor exclusivo e dedicado para rede, com
regulagem de sensibilidade de fuga à terra muito menor do que o alimentador principal,
verificar também a viabilidade de investimento para melhorias no SPDA das estruturas de
acordo com a NDU 002, NDU004.1, e a NDU007 da concessionária local Energisa, o aumento
de para-raios na rede e/ou implantação do cabo para-raios, medidas com a função de proteção
das fases contra os surtos provocados por raios, substituindo-se a rede antiga por rede compacta.

Palavras-chave: SPDA, para-raios, elo-fusível, disjuntor com relé digital, proteção fases, rede
13.8 KV, chave fusível, subestação, NR10, NBR5419, Gaiola de Faraday.

ABSTRACT
This article was designed to evaluate the annual financial impacts of the USIMAT Alcohol
Distillery, due to lightning in a 13.8 KV distribution network with an extension of 37 km, with
the aim of mitigating and proposing solutions to this problem, through data collection of the
company and case study. The performance of lightning rods was observed in different
scenarios, defining the best solution for the quantity and location of these protective equipment.
The results of this study indicate that the lightning rod is an efficient protective device in
reducing the negative impacts caused by lightning strikes. In addition, it is verified that the
increase in the number of lightning rods in a substation decreases the levels of overvoltage
applied to the installed equipment, in addition, it is also suggested the installation of an
exclusive and dedicated circuit breaker for the network, with sensitivity adjustment ground
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leakage much lower than the main feeder, also check the feasibility of investment for
improvements in the LPS of the structures in accordance with NDU 002, NDU004.1, and
NDU007 of the local utility Energisa, the increase in lightning rods in the network and/or
implementation of lightning cable, measures with the function of protecting the phases against
surges caused by lightning, replacing the old network with a compact network.

Key words: SPDA, lightning rod, fuse link, circuit breaker with digital relay, phase protection,
13.8 KV network, fuse switch, substation, NR10, NBR5419, Faraday cage.

1 INTRODUÇÃO

O SPDA (Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas), tem como objetivo


reduzir as mortes e os impactos financeiros provocados por raios, a grande força destruidora da
natureza, cujas aplicações destes sistemas consiste em oferecer uma descida segura para as
descargas elétricas proveniente de raios.

O raio é um grande problema para a humanidade, a formação de cargas elétricas nas


nuvens e a sua consequente descarga atmosférica (raio) na terra é um fenômeno normal e
natural, que assola a terra e aflige a humanidade, gerando avarias nos materiais e mortes.
(KINDERMANN, 1992), de acordo com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais), as
estatísticas mostram que a cada 50 mortes por raios no mundo, uma é no Brasil, o país campeão
mundial em incidência de raios, atingido por 78 milhões de descargas atmosféricas por ano, em
média, o fenômeno “raio”, mata no país 110 pessoas, deixa mais de 200 feridos e causa, a cada
ano, prejuízos de um bilhão de reais. No ranking de fatalidades causadas por raios de países
com estatísticas confiáveis, o Brasil é o segundo na América Latina com o maior número de
mortes (o México ocupa o primeiro lugar), e o sétimo no mundo, portanto, vale muito a pena
toda atenção nestes fenômenos.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Devido que a Destilaria possui geração de energia elétrica própria (capacidade de 12


MW atualmente e ampliando), grandes prejuízos com parada inesperada de produção de etanol
devido às descargas atmosféricas na rede 13.8 KV, esta rede é utilizada no sistema de
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fertirrigação de vinhaça na lavoura. O SPDA em uma linha de (alta tensão) de acordo com a
definição da NR10, que informa que acima de 1000 Vca é considerado alta tensão, é instalado
com o intuito de proteger as pessoas usuárias do sistema elétrico e dos ambientes em que
trabalham ou vivem, proteger também da tensão de toque ou passo, provocado pelas descargas
atmosféricas, e também proteger todos os materiais utilizados em toda instalação elétrica, tais
como; transformadores de potência e de corrente, motores elétricos, cabeamentos, circuitos
eletrônicos, e ainda proteger todas instalações não elétricas também, como; prédios, casas,
tanques, estruturas metálicas, etc., pois o poder de destruição de um raio é muito grande, alguns
dizem que é um pouco da ira de Deus, pela tamanha força em que desce para terra, buscando
zerar a ddp (diferença de potencial) entre a nuvem e a terra.

Formação das Descargas Atmosféricas

Antes de descrever sobre SPDA, é importante entender um pouco sobre a formação da


descarga atmosférica, este é um fenômeno natural, as correntes de ar provoca o atrito entre
moléculas de água nas nuvens e faz com que as mesmas se polarizem com cargas elétricas
positivas e negativas, estas cargas entram em movimentação devido a repulsão e atração devido
ao fenômeno eletrostático das cargas elétricas, ocorrendo desta forma grandes diferenças de
potenciais em determinados espaço da atmosfera, podendo ocorrer uma destruição da barreira
dielétrica entre os conjuntos de cargas opostas e haja uma altíssima corrente elétrica buscando
a equipotencialização das cargas, que sempre buscam o equilíbrio eletrostático, é um “curto-
circuito” natural este fenômeno destruidor, quando ocorre entre nuvens dá-se o nome de
relâmpago, quando ocorre entre nuvem e solo dá-se o nome de raio, este último, é objeto de
estudo da NBR5419, uma vez que é o raio que provoca mortes, ocorre destruição de patrimônio
público ou privado, enfim, danos pessoais e materiais, prejuízos financeiros, na maioria dos
danos em equipamentos eletroeletrônicos, ocorre devido ao LEMP (pulso eletromagnético
devido às descarga atmosféricas).

Sobre relâmpagos de acordo com o INPE:

Evidências indicam que os relâmpagos podem estar relacionados à


formação dos primeiros compostos denominados aminoácidos, que
teriam ocorrido nestes estágios iniciais da evolução da atmosfera
terrestre. Tais aminoácidos, que teriam se formado a partir da quebra
pelos relâmpagos de moléculas de amônia, metano, hidrogênio e vapor
d'água, abundantes naqueles tempos, são estruturas básicas para a
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formação de todas as proteínas e indispensáveis a todas as formas de vida


em nosso planeta. Experimentos em laboratório, utilizando descargas
induzidas em uma mistura de amônia, metano, hidrogênio e vapor d'água,
indicam que tal processo é, em princípio, possível, embora haja muitas
incertezas em relação às condições durante os estágios iniciais da
evolução da atmosfera terrestre.

Fonte: ELAT - Grupo de Eletricidade Atmosférica (inpe.br)

Abaixo uma figura ilustrativa para melhor entender este fenômeno natural;

Figura 1, formação de diferença de potencial, precede o raio ou relâmpago

fonte: formação de uma descarga atmosférica - Bing images

SPDA (Sistema de Proteção Contra Descarga Atmosférica)

Segundo a ABNT NBR 5419-1, um SPDA consiste em um sistema externo de proteção


contra descargas atmosféricas e um sistema interno de proteção contra descargas atmosféricas,
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as funções do SPDA externo é interceptar uma descarga atmosférica para a estrutura com um
subsistema de captação e conduzir a corrente da descarga atmosférica seguramente para o solo
com um subsistema de descida e dispersar esta corrente na terra com um subsistema de
aterramento, a função do SPDA interno é evitar centelhamento perigoso na estrutura, utilizando
a ligação equipotencial ou a distância de segurança e, consequentemente, isolação elétrica, entre
os componentes do SPDA e outros elementos condutores internos à estrutura, O SPDA deve
estar conforme os requisitos da ABNT NBR 5419.

Abaixo uma figura ilustrativa de como ocorre uma descarga atmosférica em uma
edificação, percebe-se que o sistema forma uma arquitetura parecida com a “Gaiola de
Faraday”, onde se tem o campo nulo no interior de um condutor eletrizado, e isso é de extrema
importância para dar segurança para tudo e todos que estão dentro da casa (ou Gaiola de
Faraday).

Figura 2, atuação de raio em um SPDA de um prédio

fonte: https://engenharia360.com/tudo-sobre-spda/

No Brasil, entre 1970 e 1989 foram utilizados um tipo de para-raios radioativo, seu
princípio de funcionamento estava em ionizar artificialmente o ar através do elemento
radioativo, que emitia radiação alfa e gama. Estes dispositivos foram proibidos pela Comissão
Nacional de Energia Nuclear (CNEN), uma vez que sua eficácia não pôde ser comprovada, e
devido aos possíveis riscos para as pessoas e animais devido a sua radiação (risco alto de
provocar câncer), estes dispositivos instalados nas plantas industriais antigas foram retirados e
enviados para o local de controle da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), com
todos os procedimentos de manuseio e transporte indicados pela comissão mencionado
anteriormente, para evitar acidente com contaminação humana e em animais com os mesmos,
o tipo de captor comumente utilizado e que está de acordo com a NBR5419 atualmente são os
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do tipo Franklin, que é somente um material condutor e de alta resistência mecânica contra
impacto e aquecimento pela passagem das altas corrente elétrica proveniente do arco elétrico
no primeiro contato do raio com o captor e da passagem da corrente elétrica da descarga
atmosférica para descarregar no solo, quando a ddp é muito alta, e tendência das cargas é buscar
uma equipotencialização entre nuvem e solo, vencendo a barreira isolante do ar, na primeira
passagem do líder ascendente ou descendente ocorre a ionização do ar, o que facilita a passagem
das demais descargas atmosféricas.

Os principais subsistemas de um SPDA de um edifício podem ser observados na figura


abaixo:

Figura 3, subsistemas de um sistema de SPDA

fonte: sistemas de um SPDA - Bing images

O conjunto de subsistemas formam o sistema SPDA, para cada subsistema, vários


critérios devem ser levados em consideração ao elaborar um projeto de SPDA, e as quatro partes
da norma regulamentadora NBR5419 fornece as principais ferramentas para realizar o projeto
com assertividade, exemplo de dados a serem observados; nível de incidência de raio por ano
no local (NG), resistência ôhmica por metro do solo onde será feito o subsistema aterramento
para a dissipação da descarga no solo, bitolas de condutores elétricos expostos à descarga, em
caso de telhado metálico deve ser considerada a espessura se for utilizar o telhado como captor
natural, níveis de proteção necessário de acordo com o que se pretende proteger abaixo do
telhado, tipo; pessoas, local que é considerado área explosiva, entre outros fatores
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determinantes para toda arquitetura do SPDA, a norma atual orienta utilizar o cálculo com
esferas rolantes, cuja fórmula é:

𝒓 = 𝟏𝟎. 𝑰𝟎,𝟔𝟓
𝒎á𝒙.

Onde r é o raio da esfera rolante, este raio também respeita o parâmetro nível de proteção
(NP) estabelecido pela NBR5419-1 2015, expresso em metros (m); I é a corrente de pico,
expressa em quilo amperes (kA).

Para fins de orientação rápida de cada etapa do estudo de um SPDA, pode-se orientar-
se pela figura 4, sabendo assim onde se aplica cada parte da norma regulamentadora NBR5419-
1 (princípios gerais), NBR5419-2 (gerenciamento de riscos), NBR5419-3 (danos físicos à
estrutura e perigos à vida) e NBR5419-4 (sistema elétricos e eletrônicos internos), todas partes
da revisão de 2015 da Norma Brasileira Regulamentadora (NBR) da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT).

Figura 4, visualização rápida onde se aplica cada parte da NBR5419

fonte: NBR5419-1 2015

Quatro classes de SPDA (I, II, III e IV) são definidas como um conjunto de regras de
construção, baseadas nos correspondentes níveis de proteção (NP). Cada conjunto inclui regras
dependentes do nível de proteção, por exemplo, raio da esfera rolante, largura da malha etc., e
regras independentes do nível de proteção por exemplo, seções transversais de cabos, materiais
etc., a NBR5419 é uma poderosa ferramenta do projetista para definir os parâmetros essenciais,
consultando-se os parâmetros já estabelecidos em várias tabelas da NBR5419, como por
exemplo, algumas figuras abaixo;
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Figura 5, valores para cada nível de proteção NP

fonte: NBR5419-1 2015

continuação da figura 5 acima

fonte: NBR5419-1 2015

Figura 6, determinação do raio da esfera rolante de acordo com o nível de proteção (NP)

fonte: NBR5419-1 2015


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Figura 7, probabilidade de acordo com NP e tabelas da NBR5419-1 2015

fonte: NBR5419-1 2015

Abaixo, na figura 8, uma ilustração de alguns dos termos mais utilizados em SPDA:

Figura 8, exemplo de aplicação da esfera rolante e consulta do termos mais utilizados

fonte: NBR5419-1 2015

Dispositivos de Proteção Contra Surtos (DPS)


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O (SPDA) tem a função primária de proteção de toda a estrutura externa e interna de


uma residência, prédio ou indústria, mas não impede que o efeito de transmissão de uma
sobrecarga elétrica provocada por um raio na rede elétrica externa chegue até o interior da
estrutura, provocando prejuízos aos equipamentos elétricos. Por isso, há a conscientização do
uso dos DPS (dispositivos de proteção contra surtos) para uma maior proteção na parte interna
da estrutura, surgindo então como um elemento auxiliador do (SPDA) instalado, diminuindo
riscos de “queima” de equipamentos eletroeletrônicos, “desviando” os surtos elétricos para a
terra através do condutor de aterramento, (IEC 62305-4, 2010).

Outra ferramenta muito útil para levantar alguns dados, também essenciais é o site do
INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais); por exemplo, para se determinar o índice de
incidência de raios por ano em um determinado local, sua precisão vem melhorando no decorrer
do tempo devido as novas instalações de sensores para capturar estes dados em tempo real,
conforme na figura 9.

Figura 9, descargas atmosféricas em determinada região data e hora

fonte: DSA (inpe.br)

Ainda no mesmo site, pode-se baixar gratuitamente os registros de descargas


atmosférica por região, escolhendo a data e intervalos de acumulados, conforme figura 10;
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Figura 10, verificando o acumulado de queda de raios a cada 5 minutos na região estudada

fonte: DSA (inpe.br)

No mapa da densidade de descargas atmosféricas gerado pelo ELAT/INPE (Grupo de


Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) para todo o território
nacional, a partir dos registros de pulsos luminosos capturados do espaço, pelo Lightning
Imaging Sensor – LIS, a bordo do satélite Tropical Rainfall Measuring Mission – TRMM, da
NASA, durante o período de 1998 a 2011, consegue-se dados importantes também para utilizar
nos cálculos de gerenciamento de riscos.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Ao observar que a Destilaria Usimat tem aproximadamente R$1.560.000,00 de prejuízo


anual por parada de produção devido desarme da planta por descargas atmosféricas na rede 13.8
KV (12 eventos por ano), dados do boletim de produção, foi notado que isso ocorria somente
quando estava em tempo chuvoso na região onde fica a rede elétrica particular da fertirrigação.
Devido a forma construtiva da rede, modelo antigo, não mais praticado hoje devido
vulnerabilidade às descargas atmosféricas, estruturas do tipo N`s, conforme figura abaixo:
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Figura 11 e 12, sistema de rede antiga, com vulnerabilidade à raios.

fonte: NDU007, e foto do autor durante uma preditiva na rede.

Na figura 11 e 12, observa-se que a rede elétrica é um captor de raios natural devido ao
formato construtivo, de cima para baixo o primeiro contato é direto nos cabos elétricos
energizados, e sem isolação, em material alumínio, sem uma proteção das “casas das fases”,
fica totalmente vulnerável e é um atrativo para o raio, que desce procurando condutores para
dissipar sua força destrutiva, já no caso das linhas de transmissão, que possui um cabo bem
acima das fases, este cabo é solidamente conectado ao solo, formando o SPDA da linha de
transmissão, uma vez que os surtos são conduzidos ao solo e dissipado antes mesmo de atingir
a linha energizada, que por sua vez, está conectado da fonte aos consumidores, passando por
subestações elevadoras ou abaixadoras de tensão, reguladores de tensão, banco de capacitores
para correção do fator de potência, para-raios, etc., conforme figura abaixo:
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Figura 13, sistema com cabo para raio formando a proteção “casa das fases”

fonte: https://www.desterroeletricidade.com.br/blog/eletrica/spda-ate-onde-chega-a-
protecao-de-um-para-raios/

Utilizou-se o GPS e a ferramenta Google Earth, levantou-se o mapeamento de toda rede


externa e “exposta” da Usina, para se ter dados reais e melhorar o estudo de caso, na figura 14,
pode-se ver toda ela e ter uma melhor noção da extensão do “Captor de raio”, pois, é dessa
forma que a rede se comporta em épocas chuvosas.

Figura 14, visão de toda rede 13.8 KV particular

Fonte: trabalho do autor deste artigo com uso de GPS e Google Earth.
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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Atualmente todas ou quase todas as concessionárias do Brasil, utilizam a rede compacta,


o que aumenta a segurança, confiabilidade e disponibilidade de energia aos consumidores
devido a proteção que forma para as fases devido a forma em que o desenho deste sistema foi
concebido, possui um cabo chamado de mensageiro acima das fases que também, é solidamente
conectado ao solo no subsistema aterramento, formando um completo sistema de proteção
contra os raios, não caindo mais diretamente as fases, e sim no cabo para estes fins, diminuindo
consideravelmente os surtos devido ao LEMP (pulso eletromagnético devido às descarga
atmosféricas), consequentemente os cortes do fornecimento de energia devido atuação dos relés
de proteção do sistema elétrico, que sentem e cortam para evitar danos maiores aos geradores
e todos equipamentos eletroeletrônicos conectados ao sistema elétrica da Usina, abaixo, uma
ilustração deste tipo de rede:

Figura 15, rede compacta, atualmente utilizada em larga escala no Brasil

fonte: https://cpflsolucoes.com.br/rede-de-distribuicao-aerea-vs-subterranea/

Portando, é plausível seguir com um estudo de caso para verificar a viabilidade de


investimento em melhoria de SPDA pensando na rede elétrica aérea 13.8 KV com cabos de
alumínio elevado e exposto, com extensão de 37 KM, para diminuir ou eliminar os decorrentes
prejuízos por parada de processo da Usina.

De acordo com o mapa da figura F.4 da NBR5419-2 de 2015, o NG (densidade de


descarga atmosférica por ano) na região onde a rede externa particular se situa é em torno de 8
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descargas em 1 km² por ano, então a área de exposição equivalente para descarga atmosférica
na linha (AL), será:

𝐴𝐿 = 40. 𝐿𝐿

Onde;

𝐿𝐿 = comprimento da linha em metros

𝐴𝑙 = área de exposição equivalente para descarga atmosférica na linha

Portanto:

𝐴𝐿 = 40.37000

𝐴𝐿 = 1480000 𝑚², ou 1,48 𝑘𝑚² de área exposta

Observa-se que é uma área bastante extensa, considerando a vulnerabilidade do tipo de


rede existente, com cabos de alumínios suspenso e expostos, que, infelizmente, além da função
principal, que é transmitir a energia da fonte ao consumo, também é um captor de raio natural,
onde ocorre as descargas atmosférica do tipo S3 (descarga atmosférica na linha que adentram a
estrutura), que pode levar a LEMP (pulso eletromagnético devido às descargas atmosféricas)
para o sistema elétrico da indústria, que fatalmente faz com que o relé do alimentador K9 da
casa de força da usina entre em TRIP (desarme por falha), normalmente fuga à terra.

Visto que o número de registros dos eventos, informado no primeiro parágrafo do


capítulo 3, “fuga à terra do alimentador K9” por ano, está compatível com o NG (densidade de
descarga atmosférica por ano neste local), que pelo mapa da figura 4 da página 100 da
NBR5419-2:2015, pois, se cai 8 raios por km² por ano nesta região, e temos 1,48 km² de rede
exposta, teoricamente, temos 11,84 queda de raios nesta rede, ou seja, próximo de 12 (números
de eventos registrados por ano no relé SEPAM do alimentador K9), visto que a produção bruta
por hora da usina é em torno de R$130.000,00 por hora, então 12 x 130000 = R$1.560.000,00
de prejuízo por ano, isso desconsiderando outros prejuízos no processo, por exemplo; perdas
devido morte de fermento por aquecimento de dornas no processo de fermentação, por falta do
bombeamento de água de resfriamento, entre outras perdas menores que não convém citar aqui.

Observou-se que quando ocorria os eventos, bastava desconectar toda a rede externa da
casa de força (geração própria) e rearmar a falha do relé por fuga a terra e ligá-lo, que o
alimentador K9 permanecia ligado e reestabelecia o processo da usina.
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Na unidade industrial, que é o lado da fonte desta rede 13.8 KV e inevitavelmente também um
“extenso captor de raios” em discussão, e na extremidade de consumos, nota-se que já existem
SPDA com NP=I (nível de proteção tipo I), então considere-se riscos R1 < RT, considere-se
também zero as perdas (L1=L2=L3=L4=0), uma vez que não há mortes e fonte de danos
(D1,D2,D2) de equipamentos, visto que o vetor mais importante é o prejuízo com parada da
produção devido TRIP no relé digital SEPAM do disjuntor denominado na casa de força por
K9, os eventos registrados são fuga à terra, e ocorre somente em dias chuvosos, provocados por
LEMP (pulso eletromagnético devido às descargas atmosféricas).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma vez que o evento ocorre somente na presença de chuva, não se descarta as seguintes
hipóteses; vazamento em algum isolador da extensa rede aérea exposta ao tempo, ou fuga em
para-raios, ou fuga em transformadores das subestações móveis e fixas, ou fuga em porta
fusíveis, árvores tocando na rede, enfim, todos estas possibilidade foram avaliadas uma por
uma, com testes de megômetro de cada dispositivo da rede externa, outro detalhe que aponta
que a causa raiz é surto na rede por raios, é que cada registro de TRIP no relé SEPAM do
alimentador K9, aleatoriamente dá fuga de diferentes fases para terra, nem sempre é a mesma,
o que enfraquece as possibilidades acima citadas.

Para reduzir este inconveniente, sugere-se:

• Instalar um disjuntor com relé digital exclusivamente para esta rede, com as regulagens
de proteção e seletividade mais sensíveis do que do relé do alimentador K9, caso ocorra
algum evento de fuga à terra, somente ele desarma, não impactando o processo da usina,
pois o K9 alimenta várias outras cargas críticas da indústria.
• Manutenção preditiva completa na rede utilizando-se ultrassonografia e câmera
termográfica, (meio para detectar possível vazamento de energia em algum ponto de
isolação entre rede e terra), fazendo-se dos resultados desta preditiva o carro chefe para
uma manutenção preventiva.
• Aumentar o número de para-raios no decorrer da rede, a cada 400 metros um conjunto
de para-raios com seus respectivos subsistemas de aterramento.
• Melhorar os aterramentos das subestações móveis.
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REFERÊNCIAS
ABNT, NBR. 5419. Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas, 2015.

ABNT, NBR. 5419. Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas, 2015.

IEC – INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION – IEC 62305-2 -


Protection against lightning - Part 2: Risk management. Genebra, 2006.171.p.

KINDERMANN, Geraldo. Curto circuito. Sagra-DC Luzzatto, 1992

SITES DE PESQUISA:

https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/47445/pdf/54?code=Ut7tt7nI6c93ggz8Q
vWgfp1q1Qf+LFP6WwaSPDmcy+xwnSXF3zqD1otfamDflq3KhQ8QXHZCwIsCp+9EugU
wyA==

http://www.inpe.br/webelat/homepage/menu/el.atm/os.raios.e.a.origem.da.vida.php

http://sigma.cptec.inpe.br/raio/

http://www.inpe.br/webelat/docs/Cartilha_Protecao_Contra_Raios_Brasil_2020.pdf

https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/47445/pdf/0?code=Jqk2d5sdHr5BkKk+0
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