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CAPÍTULO 3

VARIAÇÕES DE TENSÃO DE
CURTA DURAÇÃO

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VTCD
 A variação de tensão de curta duração pode ocorrer por um decréscimo ou
acréscimo de tensão por um período que compreende entre 0,5 ciclo e 1
minuto.
 São conhecidos popularmente por SAG, DIP ou afundamento e SWELL,
SURGE ou elevação de curta duração.

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3.1 - ELEVAÇÃO DE TENSÃO DE CURTA DURAÇÃO
 Também conhecida como Voltage Swell, são distúrbios que podem ser
caracterizados por um aumento da tensão eficaz do sistema (entre 10% e
80% da tensão, na frequência da rede, com duração de ½ ciclo a 1 min).
 Frequentemente consequência da ocorrência de um curto-circuito.
 Não são tão comuns como afundamentos de tensão.
 As elevações são caracterizadas pela sua magnitude (valor eficaz) e
duração.
 A severidade deste distúrbio durante uma condição de falta é uma função da
localização da falta, impedância do sistema e do aterramento.

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Elevação de tensão devido a uma falta fase-terra.
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 A duração da elevação depende dos ajustes dos dispositivos de proteção, à
natureza da falta (permanente ou temporária) e à sua localização na rede
elétrica.
 Nas saídas de grandes cargas ou energização de grandes bancos de
capacitores, o tempo de duração das elevações depende do tempo de
resposta dos dispositivos reguladores de tensão das unidades geradoras.
 Tem-se ainda o tempo de resposta dos transformadores de tap variável e da
atuação dos dispositivos compensadores de reativos e síncronos em
sistemas de potência que porventura existam.

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O banco de capacitores é Elevação de tensão devido à
energizado 200 ms antes da energização de um
conexão da carga ao barramento. banco de capacitores.

Oscilogramas das tensões fase-fase no barramento da Tensões fase-fase eficazes no barramento da concessionária.
concessionária.
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CONSEQUÊNCIAS
 Sobretensão nos equipamentos que podem sofrer danos como queima de
circuitos eletrônicos, explosão de capacitores por sobrecarga, etc;
 Acionamento de dispositivos de proteção (fusíveis, disjuntores, reles de
sobre-tensão);
 Contudo, transformadores, cabos, barramentos, dispositivos de
chaveamento, TPs, TCs e máquinas rotativas podem ter a vida útil reduzida.
 Perda de dados em dispositivos de armazenamento;
 Impacto econômico por parada de produção;

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3.2 – AFUNDAMENTO DE TENSÃO DE CURTA DURAÇÃO

 Conhecidos como Voltage Sag ou Voltage Dip, destacam-se como os mais


significantes distúrbios da qualidade da energia que se manifestam nas
redes elétricas.
 Consiste numa redução no valor eficaz (entre 0,1 e 0,9 pu) da tensão por
um curto período de tempo (entre ½ ciclo e 1 minuto), causada por:
 Curtos-circuitos nas redes de distribuição;
 Sobrecargas;
 Energização de transformadores de grande porte (corrente de inrush);
 Partidas de grandes motores.

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 Alguns componentes falham quando a tensão decresce para um valor
abaixo de 85% por um ou dois ciclos, com eventual comprometimento do
processo produtivo.
 Um parâmetro relevante para determinar os impactos dos afundamentos em
um subsistema é a frequência de ocorrência, que corresponde à quantidade
de vezes que cada combinação dos parâmetros de duração e amplitude
ocorrem em determinado período de tempo ao longo do qual um
barramento tenha sido monitorado (três meses, um ano, etc.).

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Observa-se um
decréscimo de 80%
na tensão por um
período de
aproximadamente
3 ciclos, até que o
equipamento de
proteção da
subestação opere
e elimine a corrente
de falta.

Afundamento de tensão ocorrido num sistema elétrico


causado por uma falta fase-terra
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 A ocorrência de eventos sequenciais, denominados multiestágios, é
bastante comum devido à atuação dos religadores do sistema elétrico.

Religador a vácuo 15,5 – 38 kV Forma de onda da corrente em afundamentos sequenciais.

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Forma de onda da tensão em afundamentos sequenciais.

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 Como já mencionado, os principais parâmetros que caracterizam um
afundamento de tensão são a amplitude e a duração. No entanto, outros
parâmetros também estão sendo propostos para melhor caracterizar os
fenômenos aqui enfocados como:
 Evolução da forma de onda;
 O ponto de início e término do afundamento na onda e;
 A variação súbita do defasamento angular (phase angle jumps).
 Em afundamentos trifásicos, as três tensões de fase poderão ter e, na
maioria dos casos, têm magnitude e duração diferentes para cada uma das
fases. Neste caso, se considera a magnitude e a duração da fase mais
afetada como referência para caracterizar o fenômeno trifásico.

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 Conhecendo-se a magnitude e a duração de um voltage sag, este pode ser
apresentado em um ponto no plano: magnitude versus duração. Um
exemplo dessa plotagem é mostrado na Figura, onde os números referem-
se a voltage sags provenientes de:
1. Faltas em sistema de transmissão;
2. Faltas em sistemas de distribuição remotos;
3. Faltas em sistemas de distribuição local;
4. Partida de grandes motores;
5. Interrupções curtas;
6. Fusíveis.

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Sags de diferentes origens nas plotagens de magnitude versus duração
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CAUSAS
Os afundamentos de tensão nos sistemas elétricos, de um modo geral, podem
ser oriundos de várias causas, entre elas pode-se destacar: partidas de
grandes motores e ocorrência de curtos-circuitos.
a) Partida de grandes motores:
 Durante a partida, os motores absorvem do sistema elétrico correntes da
ordem de cinco a oito vezes a corrente nominal.
 A circulação dessa alta corrente de partida pela impedância do sistema,
sobretudo em redes de baixo nível de curto-circuito, poderá resultar em
afundamentos de tensão bastante severos.

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Houve um afundamento
para aproximadamente Partida de um
65% da tensão nominal grande motor.
do barramento

Oscilogramas das tensões fase-fase no barramento da Tensões fase-fase eficazes no barramento da concessionária
concessionária.
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 Métodos de partida de motores:
 Partida direta
 Autotransformadores
 Resistores e reatâncias de partida
 Partida com enrolamento parcial
 Chave estrela-triângulo
 Soft-start

Sag causado por partida de motor de indução

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 Estimando a severidade da subtensão:

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b) Faltas Elétricas:
 As faltas no sistema elétrico consistem, normalmente, nas principais causas
dos afundamentos temporários de tensão, sobretudo as originadas no
sistema da concessionária, devido à existência de milhares de quilômetros
de linhas aéreas de transmissão e distribuição, sujeitas a vários tipos de
fenômenos naturais.
 Curtos-circuitos também ocorrem em subestações terminais de linha e nos
sistemas industriais, porém, com menor taxa de ocorrência.
 Geralmente, nos sistemas industriais, a distribuição primária e secundária é
feita por cabos isolados, que possuem uma menor taxa de falta quando
comparados às linhas aéreas.

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 As faltas nas linhas aéreas são quase que exclusivamente devido a descargas
atmosféricas, porém, queimadas, vendavais, contatos acidentais, falhas nos
isoladores, acidentes, também são causadores de curtos-circuitos.
 As faltas podem ser de natureza temporária ou permanente.
 As temporárias são, em sua grande maioria, devido à ocorrência de descargas
atmosféricas, temporais e ventanias, que, em geral, não provocam danos
permanentes ao sistema de isolação. O sistema pode ser prontamente
restabelecido pelos religamentos automáticos. As faltas permanentes são
causadas por danos físicos em algum elemento de isolação do sistema, sendo
necessária a intervenção da equipe de manutenção.
 Na ocorrência de um curto circuito, o afundamento de tensão tem a duração do
tempo de permanência da falta, ou seja, desde o instante inicial do defeito, até a
completa eliminação do mesmo.
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Tensões fase-fase no
barramento da concessionária
para uma falta trifásica

Tensões fase-fase no
barramento da concessionária
Afundamentos de tensão devido a faltas elétricas Para uma falta monofásica

Tensões fase-fase no
Barramento da concessionária
para uma falta bifásica.

Tensões fase-fase no barramento da


concessionária para uma falta bifásica a terra
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 A maioria dos afundamentos de tensão tem origem em pontos físicos dos
sistemas elétricos com níveis de tensão diferentes daqueles onde os
equipamentos estão conectados.
 Portanto, nem sempre as características dos afundamentos trifásicos
monitorados nos pontos de acoplamento comum, ou em outras partes do
sistema, correspondem às experimentadas pelos equipamentos.
 Tal fato se deve, principalmente, à existência de transformadores entre o
sistema da concessionária (e do próprio complexo industrial) e os terminais
dos equipamentos.

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 Sabendo-se que a maioria dos transformadores empregados
comercialmente é do tipo estrela-delta.
 Tais conexões exercem forte influência sobre as propagações de fenômenos
desequilibrados, é de se esperar que os afundamentos percebidos pelas
cargas, tanto no que tange às magnitudes como seus correspondentes
ângulos de fase, venham a ser afetados por tais equipamentos.

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CLASSIFICAÇÃO ABC PARA AFUNDAMENTOS DE TENSÃO
 A classificação ABC foi desenvolvida prioritariamente para analisar a propagação de
afundamentos da transmissão para níveis de distribuição, quando tal distúrbio se propaga
através do transformador.
 Especificamente, nos equipamentos terminais, os seguintes fatores são considerados mais
relevantes para determinar o tipo de afundamento:
a) Tipo de falta: Afundamentos de tensão são primariamente causados por faltas no
sistema e cada tipo de falta ocasiona um efeito diferente. As faltas são classificadas em:
 Faltas monofásicas (Single-Line-to-Ground (SLG) Fault);
 Faltas fase-fase (Line-to-Line (LL) Fault);
 Faltas fase-fase-terra (Double-Line-to-Ground (LLG) Fault);
 Faltas trifásicas (Three Phase (3P) Fault).

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b) Conexão do enrolamento do transformador: Estes são classificados em
três tipos para explicar a transferência de afundamentos trifásicos
desbalanceados, bem como explicar a mudança do tipo de afundamento de
um nível de tensão para outro:
 Tipo 1: transformadores que mantêm o nível de tensão em pu do
enrolamento primário para o secundário, desconsiderada a impedância do
transformador. As conexões estrela aterrado/estrela aterrado cumprem esse
requisito;

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 Tipo 2: transformadores que suprimem a tensão de sequência-zero. De
modo geral, a tensão no secundário (pu) é igual a tensão no primário
decrescida da componente de sequência zero. Os transformadores de
conexão delta-delta, delta-ziguezague e estrela-estrela (com apenas um ou
nenhum enrolamento aterrado) pertencem a esse tipo;
 Tipo 3: transformadores que apresentam deslocamentos angulares entre
tensão primária e secundária. Exemplos são aquelas conexões em delta-
estrela, estrela-delta e estrela-ziguezague.

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c) Conexão da carga:
 Carga conectada em estrela;
 Carga conectada em delta.

 Para um entendimento mais assertivo do tipo de afundamento, é


interessante aprofundar mais a relação entre os tipos de faltas com os
devidos tipos de afundamentos.

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 Faltas trifásicas: o afundamento gerado é equilibrado e não sofre
influência do tipo de conexão do transformador e nem da carga. Ele é
denominado Tipo A.

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 Faltas monofásicas: Se a carga estiver conectada em estrela, estas são
as tensões nos terminais do equipamento, caracterizando um afundamento
Tipo B. Se a carga estiver conectada em delta duas tensões mostram uma
queda na magnitude e mudança no ângulo da fase; a terceira tensão não é
influenciada. A classificação ABC considera este um afundamento Tipo C*.

Carga em ESTRELA Afundamento TIPO B Carga em DELTA Afundamento TIPO C*


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 Faltas fase-fase:

Carga em ESTRELA Afundamento TIPO C Carga em DELTA Afundamento TIPO D

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 Faltas fase-fase-terra:
 tipo E para as tensões fase-neutro e;
 tipo F para as tensões fase-fase.
A propagação do afundamento tipo E por um
transformador tipo 3, como por exemplo um
transformador delta-estrela, as tensões vistas no
secundário do transformador caracteriza um
afundamento do tipo G. Observa-se que o
afundamento tipo F guarda similaridade ao tipo D.

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RESUMO
 Existem sete tipos de afundamentos em função do tipo de falta, o tipo de conexão da carga
e o tipo da conexão do transformador.
 Pelo tipo de falta, no afundamento tipo A, todas as fases decaem na mesma proporção,
enquanto nas faltas tipo B, apenas a fase em falta tem seu nível de tensão reduzido.
 Para afundamentos tipo C, as duas fases afetadas mudam em torno do eixo imaginário
(tanto em magnitude quanto em ângulo).
 Afundamentos do tipo D as duas fases afetadas mudam em torno do eixo real e a fase não
avariada decai em magnitude.
 No tipo E as duas fases afetadas decaem em magnitude.
 O afundamento tipo F é similar ao tipo D, diferindo que a mudança ocorre inclusive no eixo
imaginário.
 O afundamento tipo G é similar ao C, diferindo que a mudança ocorre em ambos os eixos e
a fase remanescente sofre um decaimento no nível de tensão
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 De acordo com o tipo de falta e o tipo de conexão dos transformadores
entre o local da falta e o ponto de monitoracão, os afundamentos de tensão
são designados por A, B, C, D, E, F e G.

O efeito da conexão do transformador quando um afundamento de tensão se propaga do lado


primário e secundário do transformador

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Tipos de afundamentos de tensão de acordo com a classificação ABC
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Tipos de afundamentos
de tensão sumarizados

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Existem várias medidas que podem ser tomadas no sentido de diminuir o
número e a severidade das afundamentos de curta duração.
 Medidas Preventivas:
 Especificação adequada dos equipamentos.
 Redução da resistência de aterramento das torres de transmissão.
 Instalação de disjuntores e religadores mais rápidos próximos às cargas
críticas.
 Poda de árvores.
 Limpeza de isoladores.

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 Medidas Corretivas:
Utilização de transformadores ferro-ressonante, conhecidos também como CVTs
(“Constant Voltage Transformers”):
 consiste em um transformador com um único enrolamento primário e dois (ou
eventualmente três) enrolamentos secundários associados a um capacitor de
derivação (ressonante).
 Altamente excitados em suas curvas de saturação, fornecendo uma tensão de
saída que não é significativamente afetada pelas variações da tensão de
entrada.
 Uma descrição detalhada das aplicações e variações construtivas podem ser
encontradas em IEEE Std 449, 1998.

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 transformadores ferro-ressonantes: Pode suportar sag abaixo de 30%
com um trafo ferroressonante de 120 VA. Sem ele, seria 82%.

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 Sistemas de Energia Ininterrupta – UPS (“Uninterruptible Power
Supplies”).
 Têm como objetivo garantir o fornecimento constante de energia para um
equipamento ou um conjunto com qualidade suficiente para o
funcionamento ininterrupto durante faltas de curta e longa duração.
 Também chamados sistemas “no-break”.
 Todas as configurações de UPS utilizam baterias para armazenamento de
energia, retificadores, inversores e chaves estáticas.

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 Todas as configurações de UPS utilizam baterias para armazenamento de
energia, retificadores, inversores e chaves estáticas.

Representação Genérica do UPS


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 Utilização de métodos de partida de motores.
 Partida suave (Soft Started e Inversores de Frequência);
 Partida pelo método estrela-triângulo;
 Melhorar as práticas para o restabelecimento do sistema da concessionária em
caso de faltas.
 Adicionar religadores;
 Adotar medidas de prevenção contra faltas no sistema da concessionária.
 poda de árvores, colocar pára-raios de linha, manutenção dos isoladores,
blindagem de cabos, modificar o espaçamento entre condutores e melhorar o
sistema de aterramento.
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3.3 – LIMITES E NORMATIZAÇÃO
 Os surtos e transitórios rápidos de tensão (menor que um ciclo) são de difícil
identificação e classificação, principalmente os distúrbios oscilatórios, que não
podem ser definidos nem como afundamento e nem como elevação de tensão.
 Não existem normas que limitem a ocorrência de VTCDs. A principal razão para
isso é que a origem da grande maioria de eventos está em fatos não sujeitos a
prevenção ou mitigação, como eventos climáticos ou manobras de cargas que
independem do operador e, em muitos casos, do consumidor.
 No entanto, todas as normas apresentam uma classificação de eventos, dando-
lhes uma nomenclatura, permitindo um estudo de possíveis correlações entre um
evento e o mau funcionamento de equipamentos e processos.
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REGULAMENTAÇÃO BRASILEIRA
 O que se considera variação toma como referência o valor nominal da
tensão do alimentador. O PRODIST determina faixas para os valores de
regime permanente (e não para variações de curta duração),

Faixas de operação
para a tensão
de suprimento.

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 Os valores de tensão obtidos por medições devem ser comparados à
tensão de referência (TR), a qual deve ser a tensão nominal ou a
contratada, de acordo com o nível de tensão do PAC.
 Para cada referência, a Tensão de Leitura (TL) associada é classificada em
uma de três categorias: adequada, precária ou crítica, baseando-se no
afastamento do valor da TL em relação à TR.
 Para diferentes faixas de tensão são estabelecidos diferentes limiares.
 O conjunto de leituras para gerar os indicadores individuais compreende o
registro de 1008 leituras válidas, obtidas em intervalos consecutivos
(período de integralização) de 10 minutos cada.

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 Os valores eficazes devem ser calculados a partir das amostras coletadas
em janelas sucessivas. Cada janela compreende uma sequência de doze
ciclos (0,2 segundos) a quinze ciclos (0,25 segundos).
 Após a obtenção do conjunto de leituras válidas, devem ser calculados os
índices de Duração Relativa da transgressão para tensão Precária (DRP) e
o para tensão Crítica (DRC). As grandezas nlp e nlc representam,
respectivamente, o maior valor entre as fases do número de leituras
situadas nas faixas precária e crítica.
 Os indicadores DRP e DRC são associados a um mês civil.

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 O valor da DRP é estabelecido em 3%.
 O valor da DRC é estabelecido em 0,5%.
 A distribuidora deve compensar os consumidores que estiveram submetidos
a tensões de atendimento com transgressão dos indicadores DRP ou DRC
e os titulares daquelas (unidades) atendidas pelo mesmo ponto de conexão.

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Definições de limites de tensão em regime permanente, inferior a 1 kV

Limites para redes 220/127 V

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METODOLOGIA DA MAGNITUDE E DURAÇÃO
 Utiliza-se do valor eficaz da tensão (Vef) para verificar o desvio mais
significativo da tensão. Tal desvio define a magnitude do evento.
 A amplitude (Ve) do evento - desvio mais significativo da tensão - é definida
segundo a norma americana e a recomendação brasileira como sendo:
“Nível extremo do valor eficaz da tensão, tensão residual ou remanescente
(Vres) em relação à tensão de referência (Vref) no ponto de observação,
expresso em porcentagem (%) ou valor por unidade (pu)”.

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 A duração (Δt) do evento é definida como: “O intervalo de tempo decorrido entre o
instante (ti) em que o valor eficaz da tensão ultrapassa determinado limite (Vlim) e o
instante (tf) em que a mesma variável volta a cruzar esse limite, expresso em
segundos ou ciclos da fundamental”.

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Caracterização de um
afundamento de tensão,
em que a magnitude do
evento é de:
Ve  32,0 % ou
Ve  0,32 pu
e duração de:
t  92,0 ms
(5,52 ciclos).

Caracterização de um afundamento de tensão (Normas Brasileira e Americana)


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 A recomendação brasileira, submódulo 2.2, dos procedimentos de rede é aplicável à rede
básica do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
 Para a rede de distribuição tem-se a regulamentação da ANEEL, estabelecida no Módulo 8,
Qualidade da Energia Elétrica, do PRODIST.
Classificação das VTCD - PRODIST

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METODOLOGIA DE MEDIÇÃO
Estratificação dos parâmetros para contabilização de eventos de VTCD

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Estratificação das VTCD com base nos níveis de sensibilidade das diversas cargas

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 O Fator de Impacto, para caracterização da severidade da incidência de eventos de VTCD,
é calculado conforme a seguinte expressão:

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Tabela 7.6 – Fatores de ponderação e Fator de Impacto base de acordo com a tensão nominal.

 O valor de referência do indicador Fator de Impacto para sistemas de distribuição de média


e de alta tensão, apurado por medição no período de 30 dias consecutivos é de 1,0 pu.
 Para sistemas de distribuição de baixa tensão não são estabelecidos valores de referência
para VTCD.
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TOLERÂNCIA DE EQUIPAMENTOS A VTCD
 Os limites de tolerâncias são de utilização específica de fabricantes de
equipamentos que definem tais limites como critérios de projeto para condições
mínimas de suportabilidade dos equipamentos por eles fabricados.
 CBEMA: Computer and Business Equipment Manufactures Association (1970).
Curva elaborada com base em dispositivos alimentados por uma tensão nominal
de 120V e frequência nominal de 60 Hz (equipamentos eletrônicos e micro-
processados em produção - 1970).
 CBEMA/ITIC: Information Technology Industry Council (1996), aprovada no ano
2000 para ser aplicada a equipamentos eletrônicos e computadores relacionados à
tecnologia da informação.
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Curva CBEMA: Limites de duração de sub e sobretensões. Curva ITIC para duração de sub e sobretensões. Envelope de
tolerância de tensão típico para sistema computacional
(adaptado da norma IEEE 466).

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EXERCÍCIO 1
Uma unidade consumidora industrial é suprida por um transformador de potência
nominal de 250 kVA (Z=4%). Tensões 13,8 kV/380 V, 60 Hz e ligação Y-Y (aterrado
dos dois lados). No secundário do transformador, as principais cargas são: 1 motor
de 100 cv, 1 motor de 10 cv, cargas de iluminação e uma central de informática de
acordo com o diagrama unifilar mostrado.
a) Considere a situação em que o dispositivo de partida do motor de 100 cv (4
pólos, 380 V, 60 Hz) foi danificado e deve operar temporariamente com partida
direta. Calcule a queda de tensão associada e verifique se as cargas de
informática (CPD), que possuem as característica CBEMA podem permanecer
ligadas durante este evento.

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b) A empresa solicitou à distribuidora a instalação de um equipamento para monitoramento da
qualidade de energia da unidade de acordo com o que estabelece o PRODIST – Módulo 8.
Os registros de VTCD detectados durante os 30 dias em que o equipamento foi instalado
foram separados por faixas de amplitude e duração e inseridos na tabela a seguir. Considere
que os motores são acionados por chaves estrela-triângulo a base de contatores cuja curva
está representada em anexo. Determine:
 A quantidade de vezes em que a operação dos motores foi interrompida durante este
período em decorrência de VTCDs;
 Verifique se os computadores estiveram sujeitos a falhas de operação (Curva CBEMA) e a
quantidade de vezes em que isto ocorreu;

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Registros

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Curva de tolerância para contatores

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c) Calcule o Fator de Impacto destes eventos VTCD na unidade e se estão de
acordo com os limites estabelecidos no Módulo 8 do PRODIST (Para
facilitar os cálculos, incorpore as regiões B e C da estratificação de VTCDs
na região D).

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SOLUÇÃO
a)
( ) ( )

( )

( )

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 Geralmente para que os motores
funcionem em 220 V a conexão é em
delta e para 380 V é em estrela.

(𝙔) (𝜟)
(1)

Sabemos que:

(𝜟)
(𝙔) (𝙔) (𝜟)

Logo, em (1)
(𝜟)
(𝙔)

Engenharia Elétrica – Campus Sobral – QEE – Prof. Juan Carlos Peqqueña Suni 67
b)
 Da curva de tolerância dos contatores, os contatores dos motores falham quando: VN < 0,35
& t > 80 ms
e da tabela de registros observamos que dentro dos limiares estabelecidos contabilizamos:
30 falhas nos contatores.
 Para o CPD, da curva CBEMA, vai dar falha de operação quando:
VPU < 0,60 1 ciclo (16,67 ms) < t < 10 ciclos (166,7 ms)
VPU < 0,80 10 ciclos (166,7 ms) < t < 100 ciclos (1,67 s)
VPU < 0,85 100 ciclos (1,67 s) < t < 1000 ciclos (16,67 s)
VPU < 0,87 t > 1000 ciclos (16,67 s)

e da tabela de registros observamos que dentro dos limiares estabelecidos contabilizamos:


220 falhas no CPD.

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c)

Região A
Região G
Região D
Região F
Região E

Região A = 193
193 0 + 132 0,15 + 18 0,25 + 58 0,36 + 14(0,07)
𝐹𝐼 =
Região D = 132 2,13
Região E = 18 𝐹𝐼 = 21,67 𝑝𝑢
Região F = 58
Região G = 14

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