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DIRETORIA ACADÊMICA DE INDÚSTRIA

CURSO: ENGENHARIA DE ENERGIA

DISCIPLINA: SUBESTAÇÕES DE ENERGIA ELÉTRICA

PROF. ENG. AUGUSTO CÉSAR FIALHO WANDERLEY

APOSTILA DE PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS


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SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3

2 - FILOSOFIA DA PROTEÇÃO .................................................................................. 3

3 - FINALIDADES DA PROTEÇÃO ............................................................................. 3

4 - REQUISITOS DA PROTEÇÃO ............................................................................... 3

5 - BENEFÍCIOS DA PROTEÇÃO ............................................................................... 3

6 - FALTA, DEFEITO E FALHA .................................................................................. 3

7 - PERTURBAÇÕES DE UM SISTEMA ELÉTRICO ................................................. 4

8 - TIPOS DE SISTEMAS ELÉTRICOS ...................................................................... 4

9 - CORRENTES DE CURTO-CIRCUITO ................................................................... 5

10 - DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO ......................................................................... 9

11 - RELÉS .................................................................................................................. 10

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 16

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1 - INTRODUÇÃO

O alto grau de interconexão e interdependência existente entre os vários


elementos de um sistema elétrico e suas condições de operação, tornam necessário o uso de
dispositivos e arranjos que automaticamente e muito rapidamente desconectem o trecho do
sistema sob falha ou alarmem quando da ocorrência de distúrbios nas condições normais de
operação.

2 - FILOSOFIA DA PROTEÇÃO

É a técnica de selecionar, coordenar, ajustar e aplicar os vários equipamentos


e dispositivos de proteção a um sistema elétrico.

3 - FINALIDADES DA PROTEÇÃO

 Isolar a menor parte possível do sistema em caso de alguma falta


 Atuar no menor tempo possível

4 - REQUISITOS DA PROTEÇÃO

Os requisitos fundamentais que os esquemas de proteção devem satisfazer


são os seguintes:

a) RAPIDEZ DE AÇÃO: As sobrecorrentes devem ser extintas no menor tempo possível,


reduzindo a probabilidade de propagação dos defeitos.

b) SELETIVIDADE: A proteção “seleciona” e isola o trecho do sistema atingido pelo defeito,


mantendo as demais partes funcionando.

c) SENSIBILIDADE: A proteção deve responder as anormalidades que possam ocorrer na


operação do sistema elétrico.

d) CONFIABILIDADE: O sistema de proteção não deve atuar sob condições normais de


operação do sistema, ou falhar na ocorrência de faltas no sistema.

5 - BENEFÍCIOS DA PROTEÇÃO

 Menores danos aos materiais e equipamentos


 Menores custos de manutenção
 Maior vida útil dos materiais e equipamentos
 Menos desligamentos
 Maior segurança
 Redução no tempo das interrupções
 Facilidade na busca e pesquisa de defeito
 Maior simplicidade do sistema
 Facilidade de manobra

6 - FALTA, DEFEITO E FALHA

6.1 - FALTA: É todo fenômeno acidental que impede o funcionamento de um sistema ou


equipamento elétrico, causado geralmente por contato acidental ou arco entre condutores
energizados, ou entre estes e a terra. Toda a falta tem de ser removida rapidamente, pois
poderá causar avarias externas e/ou destruição de equipamentos.
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6.2 - DEFEITO: Aplica-se a tudo que apresenta uma alteração física prejudicial. Em geral, o
defeito não impede o funcionamento do sistema ou equipamento e, em certos casos, nem
mesmo prejudica o seu desempenho.

Exemplo: Isolador com saia lascada, ligação frouxa, relé mal calibrado, transformador com
pequeno vazamento de óleo etc.

6.3 - FALHA: Refere-se a um equipamento ou material que não cumpriu o seu papel.

Exemplo: Relé que não operou no instante devido, isolação perfurada dieletricamente etc.

7 - PERTURBAÇÕES DE UM SISTEMA ELÉTRICO

 Curto-circuitos
 Sobrecargas
 Variações do nível de tensão

a) CURTOS-CIRCUITOS

Os curto-circuitos são as perturbações mais severas que podem ocorrer num


sistema elétrico. Podem ocorrer entre as três fases (trifásico), entre duas fases quaisquer
(bifásico), envolvendo ou não a terra, e entre uma fase qualquer e a terra (fase-terra).
Os curto-circuitos atingem valores extremamente elevados de corrente, num
tempo muito curto. A intensidade da corrente de curto-circuito depende de vários fatores, entre
eles destacam-se:

 Tipo e característica do curto-circuito


 Capacidade de potência e arranjos do sistema elétrico
 O método de conexão e operação do neutro dos transformadores
 A distância em que a falta ocorre dos geradores
 As capacidades dos principais equipamenos e dispositivos limitadores de corrente
 A duração do curto-circuito
 A rapidez com que agem os aparelhos de regulação e chaveamento no sistema

b) SOBRECARGAS

As sobrecargas são caracterizadas pela elevação moderada da corrente num


tempo longo.

c) VARIAÇÕES DO NÍVEL DE TENSÃO

As variações do nível de tensão podem ser de curta duração, da ordem de


alguns ciclos, ou prolongada. Podem ocorrer para cima ou para baixo dos níveis de tensão
estipulados pelos órgãos competentes.

8 - TIPOS DE SISTEMAS ELÉTRICOS

8.1 - SISTEMA NÃO ATERRADO OU ISOLADO

Nesse sistema, a referência à terra é efetivada através das capacitâncias das


linhas. Existem capacitâncias de cada fase para a terra e das fases entre si, conforme a figura
abaixo:

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Nesse esquema, os equipamentos (transformadores, pára-raios) são


dimensionados para suportarem a tensão fase-fase.
Quando ocorre uma falta no sistema isolado, pode-se continuar a operar o
sistema, pois não existe curto-circuito. Entretanto, os problemas se relacionam com a
sobretensão e isolamento do sistema.

8.2 - SISTEMA EFETIVAMENTE ATERRADO

Este sistema admite valores elevados de corrente no caso de falta para a terra.
Os valores de corrente de curto-circuito fase-terra poderão atingir valores superiores às
correntes de curto-circuito trifásico.
Nesse sistema, os transformadores e pára-raios poderão ser especificados
para as tensões fase-terra.
Quando ocorre uma falta no sistema aterrado deve-se desligar o sistema
imediatamente. Os problemas se relacionam com corrente de curto-circuito e a proteção das
mesmas.

8.3 - SISTEMA NÃO-EFETIVAMENTE ATERRADO (ATERRADO ATRAVÉS DE IMPEDÂN-


CIA
Qualquer sistema que não atenda às condições estabelecidas para um sistema
efetivamente aterrado e que não seja isolado da terra é dito não-efetivamente aterrado.

Pode ser subdividido em:

8.3.1 - SISTEMA ATERRADO POR REATÂNCIA

Nesse tipo de sistema, os transformadores e pára-raios deverão ser


especificados para a tensão fase-fase.

8.3.2 - SISTEMA ATERRADO POR RESISTÊNCIA

Nesse tipo de sistema, os transformadores e pára-raios deverão ser


especificados para a tensão fase-fase.

9 - CORRENTES DE CURTO-CIRCUITO

As correntes de curto-circuito tem seus valores estreitamente relacionados com


o porte do sistema elétrico, quanto maiores as intensidades de tensão e potência do sistema de
geração, transmissão e distribuição, maiores serão as correntes de curto-circuito.
As correntes de curto-circuito são independentes da carga, e são diretamente
relacionadas com a capacidade da fonte de energia.

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9.1 - FONTES DE CORRENTES DE CURTO-CIRCUITO

Na determinação das correntes de curto-circuito, deve-se considerar todas as


fontes de curto-circuito, bem como suas impedâncias. Uma fonte de curto-circuito é qualquer
equipamento que, a partir do instante em que ocorre a falta, passa a alimentar o sistema com a
corrente de curto-circuito.
Existem três fontes básicas de curto-circuito: geradores, motores síncronos e
motores de indução.

a) GERADORES: Quando ocorre uma falta no sistema elétrico, os geradores devido a sua
inércia, continuam girando com velocidade constante, mantendo as tensões nos valores
anteriores ao curto-circuito. Nessas condições, o gerador faz circular uma corrente de curto-
circuito entre ele e o ponto onde aconteceu a falta, dependendo essa corrrente do valor de
tensão do gerador e das impedâncias do gerador e do trecho de circuito por onde circula.

b) MOTORES SÍNCRONOS: Quando ocorre um curto-circuito a tensão no sistema é reduzida


a um valor muito baixo. Como o motor continua girando devido a sua inércia, passa a
funcionar como gerador, fornecendo uma corrente de curto-circuito por alguns ciclos após a
falta. O valor da corrente de curto-circuito depende da tensão nominal, da potência, da
reatância do motor e da impedância até o ponto onde ocorreu a falta.

c) MOTORES DE INDUÇÃO: Da mesma forma que um motor síncrono, o motor de indução,


devido a sua inércia, continua girando quando ocorre um curto-circuito, passando a
funcionar como gerador e fornecendo uma corrente de curto-circuito. A diferença entre um
motor e outro está na capacidade de manutenção da corrente de curto-circuito, uma vez que
o motor de indução não possui excitação independente. Sendo assim, as contribuições de
um motor de indução a um curto-circuito tem uma constante de tempo bem menor, afetando
o comportamento do sistema num período de dois a três ciclos após o curto-circuito. Assim
como no motor síncrono, o valor da corrente de curto-circuito depende da tensão efetiva nos
terminais, da potência, da reatância do motor e da impedância entre o motor e o ponto de
falta.

d) TRANSFORMADOR: O transformador não é uma fonte de corrente de curto-circuito, ele


simplesmente libera, de acordo com sua potência, a corrente de curto-circuito produzida
pelos geradores e motores que o antecedem. Ele apenas transforma os valores de tensão e
de corrente. A corrente de curto-circuito liberada por um transformador é determinada por
suas tensões, reatância, pela reatância dos geradores e equipamentos até os terminais do
transformador e pela reatância do circuito entre ele e o ponto da falta.

9.2 - COMPOSIÇÃO DAS FALTAS

Conforme vimos anteriormente, as faltas podem ser trifásicas, bifásicas e fase-


terra. De acordo com o tempo de duração, classificam-se em transitórias ou permanentes. As
correntes de curto-circuito podem ser simétricas e assimétricas.
As correntes de curto-circuito são quase sempre assimétricas durante os
primeiros ciclos após a falta, a assimetria sendo máxima no instante da ocorrência do curto-
circuito, e vão se tornando simétricas poucos ciclos após o mesmo.

9.2.1 - CORRENTES ASSIMÉTRICAS

As correntes assimétricas comportam-se como se houvessem duas


componentes agindo simultâneamente: uma é a componente simétrica de corrente alternada e
a outra é a componente contínua.

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A soma dessas duas componentes em qualquer instante é igual a intensidade
da corrente alternada assimétrica total no mesmo instante.

a) COMPONENTE CONTÍNUA

A intensidade da componente contínua depende do instante da ocorrência do


curto-circuito, variando de zero até um valor máximo igual ao pico da componente alternada. A
componente contínua decresce com o tempo, aproximando-se finalmente de zero. Isto
acontece por não haver fonte de tensão de corrente contínua alimentando essa componente e
também pela dissipação de sua energia na resistência do circuito. Após a extinção da
componente contínua a onda de corrente torna-se simétrica.
O tempo de duração da componente de corrente contínua depende da
constante de tempo do circuito, ou simplesmente pela relação X / R no ponto onde ocorreu o
defeito. Quanto maior o valor de X / R maior será o tempo de duração da componente
contínua, conforme abaixo:

L 2fL XL XL
   (em segundos) ou
R 2fR 2fR 377R

X
(em ciclos) ou
2R

X
(em radianos elétricos)
R

Exemplos:

1) Para X / R  1 , a constante de tempo é igual a 0,00265 segundos ou 0,16 ciclo, e a


componente contínua será de curta duração;

2) Para X / R = 20, a constante de tempo será de 0,053 segundos ou 3,18 ciclos.

OBS.:

1) As instensidades das correntes de curto-circuito dependem quase que exclusivamente da


reatância indutiva ( XL ) do circuito, que na prática é a soma das reatâncias de dispersão de
geradores, transformadores etc;

2) As resistências do circuito têm influência na duração da componente assimétrica, e pouca


influência na intensidade da corrente de curto-circuito;

3) Em circuitos típicos de distribuição a relação X / R tem valores próximos a 10, e a


componente contínua irá desaparecer entre 1 e 2 ciclos.

b) VALOR DA CORRENTE ASSIMÉTRICA

I ass = F.A. x I sim

onde F.A. = fator de assimetria (depende do valor de X / R e do tempo de duração do curto-


circuito)

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O valor inicial da corrente assimétrica total tem um valor que varia de 1 a 1,73,
dependendo do ponto da onda de tensão onde se inicia a falta.

9.3 - EXEMPLOS DE CÁLCULO DA CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

9.3.1 - CURTO-CIRCUITO TRIFÁSICO NO SECUNDÁRIO DE UM TRANSFORMADOR

Icc2 = Inom2 100


Z (%)

onde Z (%) = impedância percentual ou tensão nominal de curto-circuito, em porcentagem da


tensão nominal do transformador.

Exemplo: Calcular a corrente de curto-circuito trifásico no secundário de um transformador


trifásico com as seguintes características:

300 kVA , 13.800 / 380 / 220 V , Z = 4,5 %

Inom2 = S = 300.000 = 455,80 A


 3 . V2  3 . 380

Icc2 = Inom2 100 = 455,80 . 100 = 10.128,89 A


Z (%) 4,5

9.3.2 - CURTO-CIRCUITO TRIFÁSICO NO FIM DE UM CABO SUBTERRÂNEO ALIMENTA-


DO POR UM TRANSFORMADOR

V
Icc 
3  Zt

onde: V = tensão de linha (V)


Zt = ZT + Zc = impedância total, do transformador ao ponto de curto-circuito (ohm /
Fase)
ZT = (RT + j XT) = impedância do transformador (ohm)
Zc = l (rc + j xc) = Rc + j Xc = impedância dos cabo (ohm)
rc = resistência de fase por unidade de comprimento do cabo (ohm / km)
xc = reatância de fase por unidade de comprimento do cabo (ohm / km)
l = comprimento do cabo (km)

Temos que

RT = V22 Z(%) cos  cc = V22 R (%) (ohm)


S 100 S 100

XT = V22 Z(%) sen  cc = V22 X (%) (ohm)


S 100 S 100

onde: V2 = tensão nominal do secundário (V)


S = potência aparente do trafo (VA)
cos  cc = fator de potência de curto-circuito a 75 oC
R (%) = resistência percentual ou queda de tensão ôhmica percentual
X (%) = reatância percentual ou queda de tensão indutiva percentual
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Sendo

R(%) = I1 x Req 1 x 100 = I2 x Req 2 x 100 (%)


V1 V2

X(%) = I1 x Xeq 1 x 100 = I2 x Xeq 2 x 100 (%)


V1 V2

onde: I1 = corrente nominal do primário (A)


I2 = corrente nominal do secundário (A)
Req 1 = resistência equivalente referida ao primário (ohm)
Req 2 = resistência equivalente referida ao secundário (ohm)
Xeq1 = reatância equivalente referida ao primário (ohm)
Xeq2 = reatância equivalente referida ao secundário (ohm)
V1 = tensão nominal do primário (V)

Exemplo: Calcular a corrente de curto-circuito trifásico no fim de um cabo subterrâneo de


cobre com seção de 240 mm2 e comprimento igual a 1.500 m. O cabo é alimentado pelo
transformador do item anterior.

Dados:
TRANSFORMADOR CABO
R (%) 1,23 rc (ohm / km) 0,08
X (%) 4,32 xc (ohm / km) 0,07

RT = V22 R (%) = (220)2 . 1,23 = 0,00198 ohm


S 100 300.000 100

XT = V22 X (%) = (220)2 . 4,32 = 0,00697 ohm


S 100 300.000 100

Rc = l . rc = 1,5 . 0,08 = 0,12 ohm

Xc = l . xc = 1,5 . 0,07 = 0,105 ohm

Zt  ZT  ZC  RT 2  X T 2  RC 2  X C 2 = 0,00725 + 0,15945 = 0,1667 ohm

V 380
Icc  = = 1.316,10 A
3  Zt 3  0,1667

CONCLUSÃO: A corrente neste caso é bem menor do que à obtida para curto-circuito direto
nos terminais do transformador.

10 - DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO

10.1 - CHAVE FUSÍVEL / ELO FUSÍVEL

A chave fusível é o dispositivo mais empregado em saídas de ramais de


distribuição devido ao seu baixo custo.

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O elo fusível deve ter capacidade de interrupção superior à máxima corrente
de curto-circuito disponível no ponto de instalação.

10.2 - RELIGADOR AUTOMÁTICO

O religador é indicado para substituir o disjuntor quando o alimentador atende


linhas extensas. É um dispositivo interruptor automático que abre e fecha seus contatos
repetidas vezes na eventualidade de uma falha do circuto por ele protegido.
Podem ser unipolares ou tripolares, com controle hidráulico ou eletrônico, a
óleo ou a vácuo.

10.3 - SECCIONALIZADOR AUTOMÁTICO

O seccionalizador é instalado sempre após um religador e dentro da sua zona


de proteção. É um equipamento utilizado para interrupção automática que abre seus contatos
quando o circuito é desenergizado pelo religador. Podem ser unipolares ou tripolares, com
controle hidráulico ou eletrônico.

10.4 - DISJUNTOR COM RELÉS

Os disjuntores são comandados por relés de sobrecorrente instalados nas três


fases e no neutro, ou em duas fases e no neutro. Os relés de sobrecorrente possuem unidades
instantâneas e temporizadas.

11 - RELÉS

11.1 - INTRODUÇÃO

Um relé é um dispositivo através do qual os contatos de um circuito são


operados pela mudança nas condições do mesmo circuito ou em um ou mais circuitos
associados.
Os relés devem visualizar o aparecimento de uma falta ou distúrbio nas
condições normais de operação em qualquer trecho do sistema elétrico e atuar
automaticamente na abertura dos equipamentos ou em dispositivos de alarme.

A figura a seguir apresenta um relé elementar:

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11.2 - ELEMENTOS BÁSICOS DE UM RELÉ

a) ELEMENTO SENSOR: Responde às variações da grandeza atuante.

b) ELEMENTO COMPARADOR: Compara a ação da grandeza atuante no relé com o valor


pré-ajustado.

c) ELEMENTO DE CONTROLE: Efetua uma mudança brusca na grandeza controlada.

11.3 - CLASSIFICAÇÃO DOS RELÉS

Os relés tem seu tipo de atuação baseado nas seguintes grandezas físicas:

 Elétricas
 Mecânicas
 Térmicas
 Ópticas etc

OS RELÉS QUE ATUAM EM FUNÇÃO DAS GRANDEZAS ELÉTRICAS SÃO


CLASSIFICADOS COMO SEGUE:

a) QUANTO AO PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

 Eletromagnético
 Bobina móvel
 Indução
 Eletrodinâmico
 Polarizados
 Eletrônicos
 Fluidodinâmicos
 Térmicos

b) QUANTO A NATUREZA DA GRANDEZA ELÉTRICA À QUAL SÃO SENSÍVEIS

 Corrente
 Tensão
 Potência
 Reatância
 Impedância
 Frequência etc

Os relés em função das grandezas acima, se classificam como:

 Relés de sobre . . .
 Relés de sub . . .
 Relés direcionais etc.

c) QUANTO A FORMA DE LIGAÇÃO DO ELEMENTO SENSOR

 Relés primários
 Relés secundários

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d) QUANTO A FORMA DE ATUAÇÃO DO ELEMENTO DE CONTROLE

 Relés de ação direta


 Relés de ação indireta

e) QUANTO AO GRAU DE IMPORTÂNCIA

 Relés principais: respondem diretamente em função das grandezas elétricas atuantes


(corrente, tensão etc)
 Relés suplementares: servem para multiplicar o número de contatos, criar retardos, sinalizar
a operação dos equipamentos de proteção (relés auxiliares, relés de tempo, relés de
sinalização etc)

f) QUANTO AO TEMPO DE AÇÃO

 Relés sem retardo ( instantâneos )


 Relés com retardo ( temporizados ), divifindo-se em :
 relés temporizados com retardo dependente
 relés temporizados com retardo independente

g) QUANTO AO TIPO DOS CONTATOS

 Relés com contatos normalmente abertos ( N.A. )


 Relés com contatos normalmente fechados ( N.F. )

11.4 - RELÉS MAIS UTILIZADOS EM SISTEMAS ELÉTRICOS

A seguir estão listados os relés mais utilizados em sistemas elétricos,


juntamente com as suas nomenclaturas definidas pela ASA (American Standard Association):

 Relé de sobrecorrente ( instantâneo - 50 , temporizado - 51 )


 Relé diferencial ( 87 )
 Relé direcional de sobrecorrente ( 67 )
 Relé de distância ( 21 )
 Relé de sobretensão ( 59 )
 Relé de subtensão ( 27 )
 Relé de sequência de fase para tensão ( 47 )
 Relé de réplica térmica para máquinas (temperatura dos enrolamentos) ( 49 )
 Relé de pressão de líquido ou de gás ( 63 )
 Relé de religamento CA ( 79 )
 Relé de bloqueio ( 86 )
 Aparelho térmico (detector de temperatura do óleo) ( 26 )

11.5 - RELÉS DE SOBRECORRENTE ( 50 - 51 )

Os relés de sobrecorrente são projetados para responder a um aumento de


corrente no circuito protegido. São os relés mais utilizados, já que os curto-circuitos são as
principais faltas em circuitos elétricos.
Os relés de sobrecorrente podem ser empregados para acionamento direto ou
indireto do disjuntor.

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11.5.1 - RELÉS DE SOBRECORRENTE DE AÇÃO DIRETA

Existem dois tipos mais empregados, os relés fluidodinâmicos e os relés


eletromagnéticos, existindo também os estáticos (eletrônicos).

a) RELÉS FLUIDODINÂMICOS

Utilizam um líquido, normalmente o óleo de vaselina, como elemento


temporizador. São construídos para ligação direta com a rede e montados nos pólos de
alimentação do disjuntor de proteção.
São os relés mais utilizados em pequenas e até médias instalações industriais.
São empregados, em geral, na proteção de subestações de até 1.000 kVA.

b) RELÉS ELETROMAGNÉTICOS

São constituídos basicamente de uma bobina envolvendo o núcleo magnético.


Sua bobina é ligada diretamente ao circuito primário, em série com este.

c) RELÉS ESTÁTICOS (ELETRÔNICOS)

São dispositivos fabricados com componentes estáticos. Dispensam


alimentação auxiliar, podendo ser aplicados em subestações industriais e comerciais de
pequeno e médio portes, em tensão inferior a 38 kV.

11.5.2 - RELÉS DE SOBRECORRENTE DE AÇÃO INDIRETA

São fabricados em unidades monofásicas e alimentados por transformadores


de corrente ligados ao circuito a ser protegido. São utilizados na proteção de subestações
industriais de médio e grande portes, na proteção de motores e geradores de potência elevada,
banco de capacitores e principalmente na proteção de subestações das concessionárias de
energia elétrica.
Quanto à construção podem ser classificados em: de indução, estáticos e
microprocessados.

a) RELÉS DE SOBRECORRENTE DE INDUÇÃO

Seu princípio de funcionamento é baseado na construção de dois magnetos,


um superior e outro inferior, entre os quais está fixado um disco de indução. Operam com
elevada precisão, são extremamente sensíveis, não necessitam de manutenção frequente e
sua manutenção pode ser realizada sem a necessidade de desligar o disjuntor do circuito a
proteger.
Uma das características mais importantes dos relés de indução são as curvas
de temporização. São várias as curvas e os tempos estabelecidos para cada unidade de relé,
conforme a figura abaixo:

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b) RELÉS DE SOBRECORRENTE ESTÁTICOS (ELETRÔNICOS)

Como características principais desses relés podemos citar: facilidade de


instalação, praticamente nenhuma manutenção e possibilidade de testes mesmo em
funcionamento.

c) RELÉS DE SOBRECORRENTE MICROPROCESSADOS

São relés de última geração, no qual todas as suas funções são


microprocessadas.

11.6 - RELÉ DIFERENCIAL DE CORRENTE ( 87 )

São utilizados quando se deseja proteger um transformador contra curto-


circuito entre espiras ou defeito entre a parte ativa e a terra. São usados também na proteção
de autotransformadores, barramentos de subestação etc.
A proteção diferencial tem seu emprego justificado econômicamente na
proteção de transformadores com potência superior a 10 MVA, em tensão igual ou superior a
69 kV.

11.7 - RELÉ DE GÁS OU RELÉ BUCHHOLZ ( 63 )

Sua principal função é a proteção de transformadores quando ocorre um


defeito entre espiras, entre partes vivas, entre partes vivas e a terra, queima do núcleo,
vazamento de óleo no tanque ou no sistema de resfriamento. Somente é aplicado em
transformadores de potência equipados com conservadores de óleo.

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11.8 - RELÉ AUXILIAR DE BLOQUEIO ( 86 )

O relé de bloqueio é utilizado para disparar e bloquear imediatamente um ou


mais disjuntores de uma instalação. O relé de bloqueio recebe um impulso de outro relé para
em seguida atuar na abertura do disjuntor.
Em geral, numa subestação, os relés que emitem impulso para o relé de
bloqueio são os seguintes:

 Relé de sobrecorrente de fase e de neutro ( 50/51 - 50/51 N )


 Relé diferencial do transformador ( 87 )
 Relé Buchholz ( 63 )
 Relé de sobretemperatura do óleo do transformador ( 26 )
 Relé de sobretemperatura do enrolamento do transformador ( 49 )
 Relé de sobrecorrente de terra (50/51 G )

A seguir apresentamos um diagrama unifilar no qual estão representados os


relés acima descritos:

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 BOSSI, Antônio & SESTO, Ezio . Instalações Elétricas . Hemus Editora

 CAMINHA, A. C. Introdução à Proteção dos Sistemas Elétricos . Edgar Blucher

 GIGUER, Sérgio . Proteção de Sistemas de Distribuição . Sagra

 KNOWLTON, Archer E. et alli. Standard Handbook for Electrical Engineers . McGraw-Hill


/ Kogakusha

 MAMEDE FILHO, João . Instalações Elétricas Industriais . LTC

 MAMEDE FILHO, João . Manual de Equipamentos Elétricos. 2 v . LTC

 SEIP, Gunter G . Instalações Elétricas . Nobel / Siemens

 TITARENKO, M. & NOSKOV-DUKELSKY, I. Protective Relaying in Electric Power


Systems . Foreign Languages Publishing House

 Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas ( ABNT )

 Apostila do Prof. Augusto César Fialho Wanderley, da disciplina Sistemas Elétricos de


Potência do CEFET/RN

 Manuais e catálogos de materiais e equipamentos elétricos de diversos fabricantes

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