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5.

CURTO CIRCUITO

5.1 INTRODUÇÃO

A determinação das Icc são fundamentais para o ajuste das proteções e coordenação dos
seus diversos elementos.

Os valores das Icc são baseados no conhecimento das impedâncias, desde o ponto de
defeito até a fonte geradora.

5.1.1 Causas

As Icc são provocadas geralmente pela perda de isolamento de algum elemento


energizado.

5.1.2 Consequências

Os danos provocados ficam condicionados à intervenção correta dos elementos de


proteção.

Os valores de pico das Icc, dependendo da localização, adquirem valores de grande


intensidade (10 a 100 vezes In) no ponto de defeito, porém com duração geralmente
limitada a frações de segundo.

Além das avarias provocadas com as queimas de alguns componentes da instalação, as


Icc geram solicitações de natureza mecânica, atuando, principalmente, sobre os barramentos,
chaves e condutores.

Desta forma, ocasionando o rompimento dos apoios e deformações na estrutura do QD


(caso o dimensionamento deste não seja adequado aos esforços eletromecânicos resultantes!)

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Geradores, condensadores síncronos e motores de indução são considerados fontes de I cc.

Isto se deve ao fato deles serem componentes elétricos ligados ao sistema que, no
momento do defeito, contribuem para a intensidade da Icc .

 O trafo não é considerado, pois o mesmo é apenas um componente de elevada


impedância!

5.2 ANÁLISE DAS CORRENTES DE CURTO-CIRCUITO

Os curtos-circuitos podem ser do tipo:

o Franco – Quando o condutor fase faz contato direto com uma massa metálica aterrada;
 Resultam nas maiores correntes!

o Arco – Quando a corrente da fase circula através de um arco elétrico (condutor gasoso)
para qualquer uma das fases ou para a terra.

Os curtos com Icc ≤ Icarga .são denominados curtos-circuitos de alta impedância.

Quando Icc ¿Icarga (Icc muito elevada!), é conveniente reduzir seu valor a níveis compatíveis
com os disjuntores e demais equipamentos instalados no sistema.

No caso do curtos trifásicos, para reduzir o valor das I cc :

o Entre Fases: Deve-se introduzir nos condutores de fase um reator-série (com valor de
impedância que limite essa corrente no valor desejado!);

o Entre Fase e Terra: Nos sistemas até 34,5kV, é usual utilizar-se um resistor de
aterramento (resistência conectada em série com o ponto neutro do Trafo), mas pode-
se utilizar reatores específicos para tal.

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5.2.1 Forma de Onda

As correntes de curto ao longo de todo período de permanência da falta assumem formas


diversas quanto à sua posição em relação ao eixo do tempo.

a) Corrente Simétrica de Curto Circuito

Componente senoidal que se forma simetricamente em relação ao eixo dos tempos.

 Característica das Icc permanentes (se estabelece durante um longo período no sistema),
sendo assim, utilizada nos cálculos para determinar a capacidade que os equipamentos
devem possuir para suportar os efeitos térmicos correspondentes.

b) Corrente Assimétrica de Curto Circuito

Componente senoidal que se forma de maneira assimétrica em relação ao eixo dos


tempos (pode ser parcialmente assimétrica, totalmente assimétrica ou inicialmente assimétrica
e posteriormente simétrica).

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5.2.2 Localização das Fontes das Icc

a) Nos Terminais do Gerador (ou muito próximos a ele)

A principal fonte das Icc são os geradores.

 O gerador síncrono é dotado de uma reatância interna variável, compreendendo uma


reatância inicialmente pequena (Icc elevado), que vai aumentando (Icc decrescendo) até o
valor da reatância síncrona (regime permanente).

Considerando-se as reatâncias do eixo direito (X d) no momento em que o enrolamento


do rotor e do estator coincidem, têm-se as seguintes reatâncias positivas:

 Subtransitória (Reatância Inicial) – Reatância de dispersão dos enrolamentos do


estator e do rotor (incluindo-se a influência das partes maciças rotóricas e o
enrolamento de amortização), que limita a I cc no instante inicial (t=0) [duração
média de 50ms];
 Seu valor é praticamente o mesmo para Icc-(trifásico, monofásico e fase-terra).

 Transitória (Reatância total de dispersão) – Reatância de dispersão dos


enrolamentos do estator e da excitação do gerador, limitando a I cc após os efeitos da
subtransitória, [duração entre 1,5s e 6s].
 Seu valor é diferente para Icc-(trifásico, monofásico e fase-terra)!!

 Síncrona – Reatância total dos enrolamentos do rotor do gerador (reatância de


dispersão do estator e a reatância da reação do rotor), limitando a I cc após os efeitos

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da reatância transitória, iniciando-se aí o regime permanente. [duração entre 100 a
600 ms].

b) Distante dos Terminais do Gerador

Com o afastamento do ponto de curto circuito dos terminais do gerador, a impedância


acumulada das linhas de transmissão e de distribuição é tão grande que a I cc simétrica já é a de
regime permanente acrescida apenas do componente contínuo.

 Neste caso, a impedância da linha de transmissão predomina sobre as impedâncias do


sistema de geração, eliminando suas influências sobre as I cc.

Assim, a Icc (alternada) permanece constante ao longo do período, ou seja, a corrente inicial
de curto circuito (Icis) é igual a permanente (Ics).

A Icc assimétrica apresenta 2 componentes:

 Componente Simétrico – Parte simétrica;


 Componente Contínuo – Parte de natureza contínua. Tem valor decrescente e é
formado em virtude do fluxo magnético, que não pode variar bruscamente, fazendo com
que as Icc nas 3 fases se iniciem a partir do valor zero.

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 A qualquer instante, a soma desses 2 componentes mede o valor da corrente assimétrica.

5.2.2.1 Conceitos

o Corrente alternada de curto circuito simétrica – Componente alternado da


corrente que mantém uma posição simétrica;
o Corrente eficaz de curto circuito simétrica permanente (I cs) – Corrente de curto
simétrica eficaz que persiste no sistema após decorrido os fenômenos transitórios;
o Corrente eficaz inicial de Curto-Circuito Simétrica (I cis) – Corrente eficaz no
instante do defeito;
o Impulso da corrente de curto circuito (Icim) – É o valor máximo (valor de pico) da
corrente de defeito dado em seu valor instantâneo e que varia conforme o momento
da ocorrência.
o Potência de Curto-Circuito Simétrica (Pcs) – A tensão no momento do defeito é
nula, porém a potência resultante é V f x Ics .(Se o defeito for trifásico, multiplica-se
por √ 3)

5.2.3 Fórmulas

Icc(t) = { √ 2 x I cs x [ sen ( ωt+ β−θ ) ] }−{√ 2 x I cs ¿ ]}

 O 1º termo representa o valor simétrico e o 2º termo representa o valor do componente


contínuo.

Icc(t) – Valor instantâneo da Icc ; Ics – Valor eficaz simétrico da Icc ; θ = arc tg (X/R); ωt – ângulo de tempo;
t- Tempo durante o qual ocorreu o defeito no ponto considerado [s];
R e X – Resistência e reatância do circuito desde a fonte geradora até a fonte de defeito, em Ω ou pu; [em
X
ckts altamente indutivos: θ=90º]; Ct – Constante de tempo: Ct = [s];
( 2 πf ) R
β – Deslocamento angular (em graus elétricos ou radianos) [β = 0º quando V= 0 (ocorrência do defeito no
ponto nulo da tensão) e β = 90º quando V é máx].

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(Fig. a) ͐͐͐ (Fig. b)
͐͐͐
͐͐͐
Nos ckts altamente indutivos (X ˃ ˃R), quando o defeito ocorrer no instante:

 V=0: O componente contínuo (transitório) atinge seu valor máximo. [fig. (a)].

 Vmáx: A Icc será constituída somente por seu componente simétrico. [fig. (b)].

 Quando o ckt apresenta características predominantemente resisitva, C t tende a zero e, por


−t
sua vez, Ct tende a zero, ou seja, o amortecimento do componente contínuo será muito
e
rápido, anulando o 2º termo.

Ica =

I cs x [ 1+2 e

( 2c t ) ]
t

Ica e Ics– Corrente eficaz assimétrica e simétrica de curto-circuito;

√ 1+2 e

( 2c t )– Fator de Assimetria (Pode ser obtido pela tabela 5.1!).
t

EXERCÍCIO: Corrente de Curto Circuito

Q.01) Calcular a Icc em seu valor de crista após decorrido ¼ de ciclo do início do defeito que
ocorreu no momento em que a tensão passava por zero no sentido crescente, numa rede de
distribuição de 13,8 kV, resultando numa corrente simétrica de 12000A. A resistência e a
reatância até o ponto de falta valem respectivamente 0,9490 e 1,832 ohms.

t = (¼) x (1/60) = 0,00416s

t 1
wt = 2 πf ( ) = 2 πf ( ) = 1,57 rad ↔ wt = 1,57 x 57,3 = 90º
4 4f

7
X 1,832
Ct = = = 0,00795s
( 2 πf ) R 377 x 0,9490

θ = arc tg (X/R) = arc tg (1,832/0,949) = 62,61º


β = 0º (Tensão no ponto nulo no sentido crescente)
Icc(t) = √ 2 x I cs x [sen ( ωt+ β−θ ) ]− √ 2 x I cs ¿]

Icc(t) = √ 2 x 12000 x [ sen ( 90+0−62,61 ) ] −√ 2 x 12000¿ ] = 14492 A = 14,4 kA

5.3 SISTEMA DE BASE E VALORES POR UNIDADE

5.3.1 Sistema de base

A impedância dos motores e trafos são expressas em Z% (base 100) da sua P n em kVA,
enquanto a impedância dos condutores são expressas em ohms/km (ou ohms/m).

Desta forma, é necessário admitir uma base única para expressar todos elementos de um
determinado circuito, a fim de simplificar os cálculos de I cc.

5.3.2 Sistema por unidade (pu)

O valor de determinada grandeza por unidade (pu) é a relação entre esta grandeza e o
valor adotado arbitrariamente como sua base.

O sistema pu é um método conveniente de expressar grandezas elétricas numa mesma


base, sendo muito usado devido à presença de trafos no ckt.

 Vantagens:

 As impedâncias no primário e secundário do trafo, que em valores ôhmicos estão


relacionadas pelo numero de espiras, são expressas pelo mesmo número em pu;

 Os trafos são considerados com a relação de transformação de 1:1, sendo, portanto,


dispensada a representação no diagrama de impedância;

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 Para cada nível de tensão, o valor da impedância ôhmica varia, ao mesmo tempo em
que varia a impedância base, resultando sempre na mesma relação;

Pb é a mesma para todo o ckt (geralmente, P n do Trafo), mas a V b é diferente para cada
nível de tensão. Nesse sentido, adota-se uma V b para o lado primário (Normalmente, V 1
do trafo) e uma Vb para o lado secundário (Normalmente, V2 do trafo).
 Fórmulas:

Tomando-se como base a potência Pb em kVA e a tensão Vb em kV, tem-se:

Pb
a) Corrente Base: Ib = 3 V [A]
√ b

2
Vb
b) Impedância Base: Zb = [Ω]
Pb

Z cΩ Pb
c) Impedância em pu: Zpu = Z = ZcΩ x 2 [pu]
b Vb

ZcΩ = Impedância do circuito, em Ω

Considerando que uma grandeza em pu é dada numa determinada base (V 1 e P1 ) e


V1
deseja conhecer o seu valor numa outra base (V 2 e P2 ), considerando-se α= V , pode-se
2

aplicar as seguintes expressões:

a) Tensão em pu: Vu2 = αVu1 [pu]

I u1 P1
b) Corrente em pu: Iu2 = xP [pu]
α 2

9
P1
c) Potência em pu: Pu2 = P u 1x P [pu]
2

P2
d) Impedância em pu: Zu2 = α2.Zu1 x P [pu]
1

EXERCÍCIO: Impedância do Transformador em pu

Q.02) Considere uma impedância de 0,6Ω tomada no secundário de um transformador de


1000kVA – 13800/380V. O seu valor em pu nos lados primário e secundário do transformador
será?

RESOLUÇÂO:

2
13,8
Sendo Z1 = Z2 x α 2= ( ) x 0,6 = 791,3 Ω e adotando-se: Pb = 1000kVA, Vb1 =
380
13,8kV e Vb2 = 0,38 kV, tem-se:

2
1000V b 1000 x 13,82 Z Ω 791,3
 Primário: Zb = = = 190,4 Ω ↔ Zpu = = = 4,15 pu
Pb 1000 Z b 190,4
2
1000V b 1000 x 0,382 ZΩ 0,6
 Secundário: Zb = = = 0,1444 Ω ↔ Zpu = = =
Pb 1000 Zb 0,1444
4,15 pu

 Observe que, em pu, as impedâncias do primário e secundário são iguais.

Q.03) A impedância percentual de um transformador de força de 1000kVA –


13800/13200/12600–380/220 V é de 4,5% referida ao tape de 13200V. Calcular esta
impedância no tape de tensão mais elevada, ou seja, 13800V.

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RESOLUÇÂO:

Sendo:

P1 = P2 = 1000kVA (Pb a que se refere e a qual se quer referir a impedância 4,5%);


V1 = 13,2 kV (Vb a que se refere a impedância 4,5%);
V2 = 13,8 kV (Vb a qual se quer referir a impedância 4,5%; foi adotada igual a V n1 do trafo)

P2 1000
Zu2 = α2.Zu1 x P = (13,2/13,8)2. 4,5 x 1000 = 4,11%
1

5.4 TIPOS DE CURTO CIRCUITO

A) Trifásico

 As tensões nas 3 fases se anulam no ponto de defeito.

O seu emprego se faz sentir nos seguintes casos:

 Ajustes dos dispositivos de proteção contra sobrecorrente;


 Capacidade de Interrupção dos disjuntores;
 Capacidade térmica dos cabos e equipamentos;
 Capacidade dinâmica dos equipamentos e dos barramentos coletores.

B) Bifásico

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Pode ocorrer o contato em 2 situações distintas:

Entre 2 condutores fases diferentes Entre 2 condutores fases diferentes e o Terra

C) Fase-Terra

Pode ocorrer em 2 situações distintas:

Entre Fase e Terra Entre 2 condutores fases e o Terra

As Icc monopolares são empregadas nos seguintes casos:

 Ajustes dos valores mínimos dos dispositivos de proteção contra sobrecorrente;


 Seção mínima do condutor de uma malha terra;
 Limite de tensões de passo e de toque;
 Dimensionamento de resistor (ou reator) de aterramento.

Quando as impedâncias são muito pequenas, as Icc assumem valores muito altos,
capazes de danificar térmica e mecanicamente os equipamentos da instalação.

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Muitas vezes, não se obtêm no mercado equipamentos com capacidade
suficiente para suportar determinadas Icc. Neste caso, o projetista deve buscar meios
para reduzir essas correntes:

 Dimensionar os trafos com impedância percentual elevada (trafos fora dos


padrões normalizados e fabricados sob encomenda);
 Dividir a carga da instalação em ckts parciais alimentado por vários trafos
(subestações primárias);
 Inserir uma reatância série no ckt principal ou no neutro do Trafo quando se
tratar de correntes monopolares elevadas. [Cuidado com o FP!]

5.5 DETERMINAÇÃO DAS CORRENTES DE CURTO-CIRCUITO

5.5.1 Impedâncias do sistema

Quanto menor é a tensão do sistema, mais necessário se faz considerar um maior


número de impedâncias, dada a influência que poderia exercer no valor final da
corrente.

a) Impedância Reduzida do Sistema – Representa todas as impedâncias, desde a fonte


de geração até o ponto de entrega à unidade consumidora.

 Compreende os sistemas de geração, transmissão, subtransmissão e distribuição!


 É fornecido ao projetista pela concessionária (às vezes, fornecem a I cc no ponto de
entrega!)

b) Impedância do sistema primário (acima de 2400 V) – Representa as impedâncias a


partir do ponto de entrega até o trafo abaixador.

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 Trafos, condutores e reatores (se for o caso!).

c) Sistemas Secundários (Tensões abaixo de 600V) - Representa as impedâncias a


partir do trafo abaixador.

Trafos, condutores, reatores (se for o caso!), Barramento de Painéis de comando


(comprimento maior que 4 m), motores

EXERCÍCIO: Corrente de Curto Circuito

Q.04) Calcule os valores de Icc nos terminais de alimentação do CCM3, considerando a


planta de layout de uma indústria abaixo com as seguintes características:

 Tensão nominal primária: Vnp = 13,8kV;


 Tensão Nominal Secundária: Vns =380 V;
 Impedância de sequência positiva do sistema de suprimento: Zpe(Seq. positiva) =
0,0155 + j0,4452 pu (na base de 100 MVA);
 Impedância de sequência zero do sistema de suprimento: Zpe(Seq. zero) = 0,1423
+ j0,3184 pu (na base de 100 MVA);
 Impedância Percentual do Transformador: Zpt = 5,5%;
 Comprimento do Circuito TR-QGF = 15m;
 Barramento do QGF: Duas barras de cobre justaspostas de 50 x 10 mm;
 Comprimento d barra do QGF: 5m;
 Comprimento do Circuito QGF-CCM3: 130m;
 Resistência de contato do cabo com o solo (falha de isolação): 40Ω
 Resistência da malha de terra: 10Ω.

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RESOLUÇÃO:

Com base no layout, pode-se elaborar o diagrama unifilar e, posteriormente, o


diagrama de bloco de impedâncias:

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ME – Posto de medição da concessionária;

D – Posto de Proteção e Comando (onde são instalados o disjuntor geral de proteção e a chave
seccionadora, o TC de proteção e, em alguns casos, um TP de proteção.);

QGF – Onde são instalados os principais equipamentos de proteção, manobra e medição


indicativa em B.T.;

CCM – Onde são instalados, geralmente, os elementos de proteção e manobra dos motores;

a) Escolha dos valores Bases

Pb = 100000 kVA (Arbitrariamente!), Vb = Vnt = 13,8 kV (lado primário) e 0,38


kV (lado secundário).

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 Observe que, para facilitar os cálculos, Pb é a potência base de Zpe.

b) Corrente base

Pb 100000
Ib = = = 4183 A (lado primário – Média Tensão)
√3 V b √3 . 13,8
Pb 100000
Ib = = = 151934 A (lado secundário)
√3 V b √3 . 0,38

c) Icc no ponto de entrega de energia (lado primário – Média Tensão)

Ib 1
 Icc trifásica: Ics = = x 4183 = 9390 A
Z u (Seq .Positiva) (0,0155+ j0,4452)

3 x Ib
 Icc fase-terra: Icft = =
Z u (Seq . positiva) +Z u (Seq . zero)
3 x 4183
=16094 A
( 0,0155+ j 0,4452 ) +(0,0423+ j 0,3184)

d) Pcc no ponto de entrega de energia (lado primário – Média Tensão)

Pcc = √ 3 x Vnp x Icp [kVA] ↔ Pcc = √ 3 x 13,8 x 9390 = 224442,6 kVA

 Vnp – Vn primária (ponto de entrega) [kV];


 Icp – Icc simétrica(Ics) no ponto de entrega [A].

Se fosse fornecido Icc no ponto de entrega (Icp), ao invés da Zseq.positiva e Zseq.zero, o procedimento
seria: Em substituição as letras c e d, calcular a impedância [pu] no ponto de suprimento
Pb
(entrega): Zus = 0 + j( ). Em seguida, utilizá-la, para efeitos de cálculo, como mais uma
P cc
impedância no ckt. [ R=0, pois sua resistência é muito pequena quando comparada a reatância.]

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e) Impedância do Transformador (Zut)

 Resistência:

Pcu 11000
Rpt = [%] ↔ Rpt = = 1,1% = 0,011 pu (nas bases Pnt e Vnt)
10 P nt 10 x 1000

P2 100000
Ru2 = α2.Ru1 x [ pu]= (1)2 x 0,011 x = 1,10 pu (na nova base )
P1 1000

 α – Relação de transformação entre a tensão na base anterior e na nova base.

 Reatância:

Zpt = 5,5% = 0,055 pu (nas bases Pnt e Vnt)


P2 100000
Zu2 = α2.Zu1 x [ pu]= (1)2 x 0,055 x = 5,50 pu (na nova base )
P1 1000

Xut = √ Z ut 2−R ut 2 =√ 5,52−1,12 = 5,38 pu (na nova base)

Zut = (1,1 + j5,38) pu

Z ut(Seq. positiva) = Zut(Seq. Zero)

 Rpt – Resistência percentual do transformador; Pcu: Tabela 9.11;


 α – Relação de Transformação (entre base anterior e nova base!).

f) Icc Simétrica [eficaz] nos terminais secundários do transformador

Ib 151934
 Icc trifásica: Ics = = = 25616 A
Z utot (Seq . Positiva) (0,0155+ j0,4452+1,1+ j5,38)
3 x Ib
 Icc fase-terra: Icft = =
2 x Z utot (Seq . Positiva) +Z utot (Seq .zero)
3 x 151934
= 25798 A
2 x ( 0,0155+ j 0,4452+1,1+ j 5,38 ) +(0,0423+ j 0,3184+1,1+ j 5,38)

In
A I cc simétrica nos terminais do trafo, simplificadamente, é dada por: Icst =
Z pt % [A],
porém o resultado é aproximado, pois não está computada a impedância reduzida do
sistema de suprimento!

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 Zpt% - Impedância percentual do transformador
 In – corrente nominal do transformador.
g) Impedância do ckt (condutor) que liga o Trafo ao QGF

 Resistência

R uΩ x Lc (0,0781. 10−3 ) x 15
Rc1 = = = 0,0002928 Ω
Nc 4

Pb 100.10
6
Ruc = Rc1 x 2 = 0,0002928 x = 0,20277 pu
Vb 380 2

 Reatância

X uΩ x Lc (0,1068 10−3 )x 15
Xc1 = = = 0,0004005 Ω
Nc 4

Pb 6
100. 10
Xuc = Xc1 x 2 = 0,0004005 x 2 = 0,27735 pu
Vb 380

Zuc1 = (0,20277 + j0,27735) pu

 RuΩ e XuΩ - Resistência e Reatância do condutor de sequência positiva [mΩ/m] (tabela 3.22);
 Lc1 – Comprimento do ckt entre os terminais do trafo e o ponto de conexão com o barramento [m];
 Nc1 – Número de condutores por fase do ckt mencionado [ver layout!].

Caso houvesse 2 ou mais trafos ligados em paralelo, teria que calcular a


impedância série de cada trafo com o ckt que liga ao QGF, determinando-se em
seguida a impedância resultante através do paralelismo destas.

Para trafos de impedâncias iguais e ckts com condutores de mesma seção e


comprimento, o paralelismo das impedâncias é dado por:

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h) Impedância do barramento do QGF (Zub1)

 Resistência

R uΩ x Lb (0,0438 10−3 ) x 5
Rb1 = = = 0,00010 Ω
Nb 2

Pb 100.106
Rub = Rb1 x 2 = 0,00010 x = 0,06925 pu
Vb 380 2

 Reatância

X uΩ x Lb (0,1707 10−3) x 5
Xb1 = = = 0,00042 Ω
Nb 2

Pb 100.10
6
Xub = Xb1 x 2 = 0,00042 x = 0,29085 pu
Vb 380 2

Zub1 = (0,06925 + j0,29085) pu

 RuΩ e XuΩ - Resistência e Reatância ôhmica da barra [mΩ/m] (Tabelas 3.38 e 3.39);
 Nb1 – Número de barras em paralelo: 2 barras/fase de 50 x 10 mm;
 Lb – Comprimento da barra [m].

i) Impedância de Seq. Positiva do Ckt desde a fonte até o barramento do QGF

Rutot(Seq.Positiva) = Rpe + Rut + Ruc1 + Rub1 = 0,0155 +1,1 + 0,20277 + 0, 06925 = 1,38752 pu

Xutot(Seq.Positiva)= Xpe + Xut + Xuc1 + Xub1 = 0,4452 +5,38 + 0,27735 + 0, 29085 = 6,3934 pu

Zutot(Seq. Positiva) = (1,38752 + j6,39340) pu

j) Icc simétrica [eficaz] no barramento do QGF

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Ib 151934
 Icc trifásica: Ics = = = 23223 A
Z utot (Seq . Positiva) (1,38752+ j 6,39340)
3 x Ib
 Icc fase-terra: Icft = =
2 x Z utot (Seq . Positiva) +Z utot ( Seq . zero)
3 x 151934
= 24128 A
2 x ( 1,38752+ j6,39340 )+(0,0423+ j0,3184 +1,1+ j 5,38)

 Na prática, costuma-se desprezar a impedância de seq. Zero do barramento, pois seu efeito não se
faz sentir nos valores calculados.

k) Impedância do Circuito que liga o QGF ao CCM3

 Resistência

R uΩ x Lc (0,1868 10−3 )x 130


Rc2 = = = 0,02428 Ω
Nc 1

Pb 100.106
Ruc = Rc2 x 2 = 0,02428 x = 16,8144 pu
Vb 380 2

 Reatância

X uΩ x Lc (0 , 1076 10−3 ) x 130


Xc2 = = = 0,01398 Ω
Nc 1

Pb 100.10
6
Xuc = Xc2 x 2 = 0,01398 x 2 = 9,6814 pu
Vb 380

Z= (16,8144 + j9,6814) pu

 A impedância do ckt que conecta o barramento do CCM aos terminais do motor


foi desprezada, pois, sendo normalmente de pequena dimensão, sua influência
sobre a impedância total é de pouca influência. Porém, no caso da existência de
barramento de grande dimensões (acima de 4m) aconselha-se considerar o efeito

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de sua impedância (mesmas fórmulas do QGF ao CCM). [Com relação ao
barramento do QGF também é válido este comentário!]

l) Impedância Total (Seq. Positiva) do Ckt desde a fonte até o CCM3

Rutot = 1,38752 + 16,8144 = 18,2019 pu

Xutot = j(6,39340 + 9,6814) = j16,748 pu

Zutot = (18,2019 + j16,0748) pu

m) Icc Simétrica Trifásica (Eficaz)

Ib 151934
Ics = = = 6256 A
Z utot (18,2019+ j 16,0748)

n) Icc Assimétrica Trifásica (Eficaz)

X utot 16,0748
= = 0,88 ↔ Fa = 1,02 (Tabela 5.1)
Rutot 18,2019

Ica = Fa x Ics = 1,02 x 6256 = 6381 A

o) Impulso da Icc

Icim = √ 2 x Ica = √ 2 x 6381 = 9024 A

p) Icc Bifásico (Eficaz)

Icb =
√3 x Ics = √3 x 6381 = 5526 A
2 2

22
q) Icc Fase-Terra máxima (Eficaz)

O cálculo da Icc fase-terra requer o conhecimento das impedâncias de sequência


zero do sistema, além das impedâncias de sequência positiva.

Porém, se o trafo da instalação for ligado em delta no primário e em Y no


secundário com o ponto neutro aterrado, não se deve levar em conta as Z (seq. zero) do
sistema de fornecimento de energia, pois estas ficam confinadas no delta do trafo.

 Cálculo da impedância de sequência zero do ckt que liga o Trafo ao QGF:

 Resistência

R uΩ x Lc (1,8781 10−3 )x 15
Rc0 = = = 0,00704 Ω
Nc 4
Pb 100.10
6
Ru0c = Rc0 x 2 = 0,00704 x 2 = 4,8752 pu
Vb 380

 Reatância

X uΩ x Lc (2,4067 10−3 )x 15
Xc0 = = = 0,00902 Ω
N c1 4
Pb 100.106
Xu0c = Xc0 x 2 = 0,0902 x = 6,2465 pu
Vb 380 2

 Tabela 3.22: RuΩ = 1,8781 mΩ/m e XuΩ = 2,4067 mΩ/m

Zu0c1 = (4,8753 + j6,2465) pu

 Cálculo da impedância de sequência zero do ckt que liga o QGF ao CCM

 Resistência

23
R uΩ x Lc 1,9868 x 130
Rc0 = = = 0,25828 Ω
Nc 1
Pb 100.106
Ruc0 = Rc0 x 2 = 0,25828 x = 178,8642 pu
Vb 380 2

 Reatância

X uΩ x Lc 2,5104 x 130
Xc0 = = = 0,32635 Ω
Nc 1
Pb 100.106
Xuc0 = Xc0 x 2 = 0,32635 x = 226,0041 pu
V b 380 2
Zuc0 = (0,32635 + j226,0041) pu

Zt = 2 x Zutot (Seq . positiva) +Z utot (Seq . zero) =

2 x ( 18,2019+ j 16,0748 ) + ( 1,1+ j 5,38+4,8753+ j6,2465+ 178,8642+ j226,0041 ) =


(221,2433+ j269,7802) pu

3Ib 3(151934)
Icft-max = = = 1306 A
Zt (221,2433+ j 269,7802)

r) Corrente de curto Circuito Fase – Terra mínima (Valor Eficaz)

 Leva-se em consideração, além das impedâncias dos condutores e trafos: R , R ct at e Rmt.

Pb 100.106
Ruct = Rct x 2 = 40 x 2 = 27700 pu
Vb 380

24
Pb 100.10
6
Rumt = Rmt x 2 = 10 x 2 = 6925 pu
Vb 380

3 Ib 3 x 151934
Icft-min = = = 4,38 A
Z t +3 ( Ruct + Rumt + R uat ) (221,2433+ j 269,7802)+ 3(27700+6925+0)

 Rct (Impedância de contato) - Representa a Resistência que a superfície de contato do cabo e a


resistência do solo no ponto de contato oferecem à passagem da corrente para a terra. [Geralmente
atribui-se (40/3)Ω, ou seja, 3 x (Rct/3) = 40Ω ou (120/3)Ω que é 3 x (Rct/3) = 120 Ω.];

 Rmt (Impedância da malha de terra: Resistor) – O valor máximo admitido por norma é de 10Ω, nos
sistemas de 15 a 25kV.

 Rat (Impedância de aterramento) – Quando a I cc fase-terra é muito elevada, costuma-se introduzir um


reator ou um resistor (entre o neutro do transformador e a malha de terra).

É muito difícil precisar o valor da Icc fase terra mínima em virtude da longa faixa
de variação que a resistência de contato pode assumir nos casos práticos.

Logo, em geral, pode-se considerar somente a parcela da resistência da malha de


terra, cujo valor pode ser obtido, com a necessária precisão, através de cálculos do
Capitúlo 11.

EXERCÍCIO: Curto Circuito

Q.05) Determinar as Icc nos pontos A e B da instalação industrial mostrada no diagrama


unifilar abaixo, suprida por uma unidade de geração de 2500 kVA, alimentando um
transformador elevador de 2500kVA - 2400/13800V.

 As perdas do transformador elevador no ensaio de curto circuito valem 28000W.

 O cabo que liga o trafo elevador ao cubículo de média tensão é de 35mm 2, com
capacidade de corrente nominal de 151 A na condição de instalação em canaleta fechada,
e cuja impedância ôhmica vale (0,6777 + j0,1128) Ω/km.

25
RESOLUÇÃO:

a) Escolha dos valores Bases

Arbitrariamente, Pb = 2500 kVA e Vb = Vnt = 2400V (lado primário do trafo 1),


Vb = 13800V (lado secundário do trafo 1 e primário do trafo 2) e V b = 380V (lado
secundário do trafo 2).

b) Corrente base

26
Pb 2500
Ib = = = 601,41A (lado primário do trafo 1)
√3 V b √3 . 2,4

Pb 2500
Ib = = = 104,59 A (lado secundário do trafo 1 e primário do trafo 2) [Ponto
√3 V b √3 . 13,8
A]

Pb 2500
Ib = = = 3798,36 A (lado secundário do trafo 2) [Ponto B]
√3 V b √3 . 0,38

c) Impedância do Gerador (Zug)

 Valores em pu tomados na base do gerador: (Vb = Vng = 2,4 kV e Pb = Png = 2500 kVA)

 Como a resistência do sistema de suprimento é muito pequena comparada ao valor da


reatância, na prática é comum desprezar seu efeito. (Rug = 0)

Zug = (0 + j0,15) pu

 Valores em pu na nova base: (Vb = V1 = 2400 V e Pb = 2500 kVA)

V base anterior
 α – Relação de transformação: ( )
V nova base

P2
Xu2 = [α2.Xu1] x = [(1)2.0,15] x 1= 0,15 pu
P1

Zug(nb) = (0+ j0,15) pu

d) Impedância do Circuito que liga o Gerador ao Transformador elevador (Zuc1)

 Valores em pu tomados na base do gerador: (Vb = Vng = 2,4 kV e Pb = Png = 2500 kVA)

 Lc = 20m, Nc = 2 condutores/fase e Sc = 240mm2


 Tabela 3.22: RuΩ = 0,0959mΩ/m e XuΩ = 0,1070mΩ/m

27
 Resistência
R uΩ x Lc (0,0958 10−3 )x 20
Rc = = = 0,000958 Ω
Nc 2

Pb 2500.103
Ruc = Rc x 2 = 0,000958 x 2 = 0,00041 pu
Vb 2400

 Reatância
X uΩ x Lc (0 , 1070 10−3 ) x 20
Xc = = = 0,00107 Ω
Nc 2
Pb 2500.10
3
Xuc = Xc x 2 = 0,00107 x 2 = 0,00046 pu
Vb 2400

Zuc1 = (0,00041 + j0,00046) pu

 Valores em pu na nova base: (Vb = 2,4 kV e Pb = 2500 kVA)

P2
Ru2 = [α2.Ru1] x = [(1)2.0,00041] x 1= 0,00041 pu
P1
P2
Xu2 = [α2.Xu1] x = [(1)2.0,00046] x 1= 0,00046 pu
P1

Zuc1(nb) = (0,00041+ j0,00046) pu

e) Impedância do Transformador elevador (Zute)

28
 Valores em pu tomados na base do trafo elevador : Pb = Pnte = 2500kVA e Vb = Vnte = 13,8
kV

 Resistência:

Pcu 28000
Rut = [%] ↔ Rpt = = 1,12% = 0,0112 pu
10 P nt 10 x 2500

 Reatância:
Xut = √ Z ut 2−R ut 2 =√ 0,0752−0,01122 = 0,074 pu

Zute = (0,011 + j0,074) pu

 Valores em pu na nova base: (Vb = 13,8 kV e Pb = 2500 kVA)

Zute(nb) = (0,011 + j0,074) pu

f) Impedância do Circuito que liga o Trafo Elevador ao Cubículo de Média Tensão (Zuc2)

 Valores em pu tomados na base do Trafo elevador: (V b = Vnte = 13,8 kV e Pb = Pnte =


2500 kVA);

 Lc = 80m, Nc = 1 condutor/fase e Sc = 35mm2;


 Tabela 4.29 (livro Manual de Equipamentos Elétricos – Mamede): RuΩ = 0,6777mΩ/m e XuΩ =
0,1838mΩ/m.

 Resistência
R uΩ x Lc (0,6777 10−3) x 80
Rc = = = 0,0542 Ω
Nc 1
Pb 2500.103
Ruc = Rc x 2 = 0,0542 x = 0,00071 pu
Vb 13800 2

 Reatância

29
X uΩ x Lc (0 , 1838 10−3 ) x 80
Xc = = = 0,0147 Ω
Nc 1
Pb 2500.10
3
Xuc = Xc x = 0,0147 x = 0,00019 pu
V 2b 13,8 2

Zuc2 = (0,00071 + j0,00019) pu

 Valores em pu na nova base: (Vb = 13,8 kV e Pb = 2500 kVA)

Zuc2(nb) = (0,00071 + j0,00019) pu

g) Impedância do Circuito que liga o Cubículo de Média Tensão ao Transformador


Abaixador: Por ser um ckt muito pequeno, sua impedância será desprezada.

h) Impedância do Transformador Abaixador (Zuta)

 Valores em pu tomados na base do trafo abaixador : Pb = Pnta = 1500kVA e Vb = Vnta =


0,38 kV

 Pcu = 16000 W e Xt%= 7,5% (dados de placa do trafo):Deveria ter sido fornecido na questão!

 Resistência:

Pcu 16000
Rut = [%] ↔ Rpt = = 1,06% = 0,0106 pu
10 P nt 10 x 1500

 Reatância:
Xut = √ Z ut 2−R ut 2 =√ 0,0752−0,0106 2 = 0,074 pu

Zuta = (0,0106 + j0,074) pu

30
 Valores em pu na nova base: (Vb = 0,38 kV e Pb = 2500 kVA)

P2 2500
Ru2 = [α2.Ru1] x = [(1)2.0,0106] x = 0,01767 pu
P1 1500
P2 2500
Xu2 = [α2.Xu1] x = [(1)2.0,074] x = 0,12333 pu
P1 1500

Zuta(nb) = (0,01767+j0,12333) pu

i) Impedância do Ckt que liga o trafo abaixador ao CCM (Zuc3)

 Valores em pu tomados na base do Trafo abaixador: (V b = Vnta = 0,38 kV e Pb = Pnta =


1500 kVA)

 Lc = 120m, Nc = 6 condutor/fase e Sc = 400mm2;


 Tabela 3.22: RuΩ = 0,0608 mΩ/m e XuΩ = 0,1058 mΩ/m

 Resistência

R uΩ x Lc (0,0608 10−3 ) x 120


Rc = = = 0,0012 Ω
Nc 6
Pb 1500.10
3
Ruc = Rc x 2 = 0,0012 x 2 = 0,0124 pu
Vb 380
 Reatância

X uΩ x Lc (0 , 1058 10−3 ) x 120


Xc = = = 0,0021 Ω
Nc 6
Pb 1500.103
Xuc = Xc x 2 = 0,0021 x = 0,0218 pu
Vb 380 2

Zuc3 = (0,0124 + j0,0218) pu

 Valores em pu na nova base: (Vb = 0,38 kV e Pb = 2500 kVA)

31
P2 2500
Ru2 = [α2.Ru1] x = [(1)2.0,0124] x = 0,02067 pu
P1 1500
P2 2500
Xu2 = [α2.Xu1] x = [(1)2.0,0218] x = 0,03633 pu
P1 1500

Zuc3(nb) = (0,02067+j0,03633) pu

j) Cálculo de Icc no ponto A (terminais primários do trafo abaixador)

 Impedância Total do Ckt

ZtotA = Zug(nb) + Zuc1(nb) + Zute(nb) + Zuc2(nb) = (0+ j0,15) + (0,00041+ j0,00046)+ (0,011 + j0,074)
+ (0,00071 + j0,00019) = 0,01212 + j0,22465 = (0,22497⎿86,91º) pu

 Icc simétrica (eficaz)

1 1
Ics = = = 4,45 pu
Z t 0,22497

Icsa = Ib x Ics = 104,59 x 4,45 = 465,43 A

k) Cálculo da Corrente de Curto-Circuito no ponto B (Terminais de entrada do CCM)

 Impedância Total do Ckt

ZtotA = Zug(nb) + Zuc1(nb) + Zute(nb) + Zuc2(nb) + Zuta(nb) + Zuc3(nb) = (0+ j0,15) + (0,00041+ j0,00046)+
(0,011 + j0,074) + (0,00071 + j0,00019) + (0,01767+j0,12333) + (0,02067+j0,03633) =
0,05046 + j0,38431 = (0,38761⎿82,51º) pu

 Icc simétrica (eficaz)

32
1 1
Ics = = = 2,58 pu
Z t 0,38761

Icsa = Ib x Ics = 3798,36 x 2,58 = 9799,77A

33
5.6 CONTRIBUIÇÃO DOS MOTORES DE INDUÇÃO NAS Icc

Durante uma falta, os motores de indução ficam submetidos a uma tensão praticamente
nula, provocando sua parada. Porém, a inércia do rotor e da carga faz com que estes
continuem em operação por alguns instantes, funcionando agora como um gerador.

Como em operação normal os motores são alimentados pela fonte de tensão da


instalação, no momento da falta, pela rotação que ainda mantém associada ao magnetismo
remanescente do núcleo de ferro e de curta duração, passam a contribuir com a intensidade da
Icc.

Diagrama Unifilar Básico Impedâncias em Paralelo

A impedância equivalente de um grupamento de motores de Potência Elevada podem


ser tomadas da seguinte forma, nas bases ∑ P cv e Vnm:

o Vmotores ≥ 600 V: R = 0 e X = 25% = 0,25 pu

o Vmotores < 600V: R=0 e X = 28% = 0,28 pu

 Se os motores forem de baixa potência, e não se pode determinar o funcionamento de todas as

unidades no momento da falta, considera-se 25% (bases ∑ P cv e V


nm ).

34
EXERCÍCIOS: Contribuição dos Motores

Q.06) Considerando a instalação industrial apresentada no exercício 4, determine as Icc


na barra do CCM3, considerando somente a contribuição dos motores a ela ligados. As
potências dos motores ali instalados são:

 Motores C1 e C12: 5cv/380V – IV pólos;


 Motor D1: 100cv/380V – IV pólos;
 Considerar os condutores de isolação XLPE.

As figuras mostram o diagrama unifilar simplificado e o diagrama de bloco de


impedâncias (Série/Paralelo).

RESOLUÇÃO:

 É como se fosse uma letra depois da letra “l” (Zt do ckt até o CCM3) da questão 4!

a) Impedâncias até o barramento do CCM3

Zum1 = (18,2019 + j16,0748) pu

35
b) Impedância dos motores de pequena potência (de C1 a C12)

 Tabela 6.3: FP=0,83 e η= 0,83

∑ P nm= ∑
Pnm x 0,736 ( 12 x 5 ) x 0,736
= = 64,1 kVA
FP x η 0,83 x 0,83

 Reatância

Xu1 = 0,25 (base ∑ P cv e Vnm)


P2 10000
Xu2 = [α2.Xu1] x = [(1)2.0,25] x = 390,01 pu (nova base: Pb e Vb)
P1 64,1

Zutot = (0 + j390,01) pu

c) Impedância do motor D1 (100cv)

 Tabela 6.3: FP=0,87 e η= 0,92

∑ P nm= ∑
Pnm x 0,736 ( 100 ) x 0,736
= = 91,95 kVA
FP x η 0,87 x 0,92

 Reatância

Xu1 = 0,28 (base ∑ P cv e Vnm)


P2 10000
Xu2 = [α2.Xu1] x = [(1)2.0,28] x = 304,51 pu (nova base: Pb e Vb)
P1 91,95

Zum2 = (0 + j304,51) pu

d) Impedâncias em paralelo dos motores C1 a C12 e D1

(0+ j390,01)(0+ j304,51) 118761,95⎿ 180 °


Zum = = = (0 + j171) pu
( 0+ j 390,0 1 )+(0+ j304,51) 694,52⎿ 90°

36
e) Impedância em paralelo dos motores e do sistema

(18,2019+ j16,0748)( j 171)


Zum = = (15,0644 + j16,16) pu
( 18,2019+ j 16,0748 )+( j171)

f) Icc na barra do CCM3 (com a contribuição dos motores)

Ib 151,934
Icc = = = 6877, 95ª
Z tot (15,0644+ j16,16)

 Observe que a contribuição dos motores fez elevar a I cc simétrica trifásica (eficaz) de 6,256
kA para 6,878 kA, ou seja, aumentou 9,94%.

É importante salientar que o curto circuito no QGF recebe contribuição de todos os


motores ligados aos diferentes CCM. Logo, se fosse solicitado a I cc no QGF, teria que
fazer o mesmo procedimento com o CCM1 e CCM2 e colocar as impedâncias em
paralelo junto com o resultado da letra d.

37
5.7 APLICAÇÃO DAS Icc

 Determinação da capacidade de ruptura (interromper I cc) dos disjuntores;


 Determinação da capacidade térmica e dinâmica dos equipamentos elétricos;
 Dimensionamento das proteções (Ex: Fusíveis);
 Dimensionamento da seção dos condutores dos ckts elétricos e da malha de terra.

a) Solicitações Eletrodinâmicas das Icc

As Icc que se manifestam numa determinada instalação podem provocar sérios danos à
natureza mecânica (barramentos, isoladores, suportes e na própria estrutura dos
quadros de comando e proteção).

Quando as correntes percorrem 2 condutores (barras ou cabos) mantidos paralelos e


próximos entre si, aparecem forças de deformação que, dependendo de sua intensidade, podem
danificar mecanicamente estes condutores.

 Os sentidos de atuação destas forças dependem dos sentidos em que as correntes percorrem
os condutores, podendo surgir, entre as barras, forças de atração (correntes no mesmo
sentido) ou repulsão (correntes em sentidos opostos).
 A força exercida sobre os barramentos tem o dobro da frequência do sistema (rede).

b) Solicitações Térmicas das Icc

As Icc provocam efeitos térmicos nos barramentos, cabos, chaves e outros equipamentos,
danificando-os, caso não estejam suficientemente dimensionados para suportá-las.

38
 Esses efeitos dependem da intensidade, variação e duração da I cc.

EXERCÍCIO: Solicitações Eletrodinâmicas das Icc

Q.07) Considerar o CCM3 da instalação elétrica do exercício 4, que representa a


indústria já analisada no cálculo de Icc. Com os dados já obtidos, determine a força de
solicitação nas barras para o curto circuito trifásico. A figura abaixo esquematiza a
disposição das barras e seus respectivos apoios.

RESOLUÇÃO:

 Exercício 4 (Letra o: Impulso de Icc): Icim = 9 kA

Considerando-se as 2 barras paralelas e biapoiadas nas extremidades, a


solicitação mecânica pode ser obtida conforme a expressão:

Lb 2 1,5
Fb = 0,0204 ( ¿ x I cim= 0,0204 ( ¿ x 92 = 30,9 kgf
D 0,08

Fb = Força de atração ou repulsão exercida sobre as barras condutoras [Kgf];


D = Distância entre as barras [m];
Lb = Comprimento da barra, isto é, a distância entre 2 apoios sucessivos [m];
Icim = corrente de curto circuito, tomada no seu valor de crista [kA].

39
Portanto, a resistência mecânica das barras deve ser superior ao valor do esforço
produzido por Fb calculado. Também, os isoladores devem ter resistências compatíveis
com o mesmo esforço de solicitação.

As barras podem ser dispostas com as faces de maior dimensão paralelas (B= 38,1 mm
e H = 3,18mm) ou com as faces de menor dimensão paralelas (B= 3,18 mm e H = 38,1 mm).

O valor da resistência mecânica das barras dispostas com as faces de maior


dimensão paralelas vale:

B x H 2 38,1 x 3,182
Wb = = = 0,064 cm3
6000 6000

F b x Lb 30,9 x 150
Mf = = = 6035 kgf/cm2
12 W b 12 x 0,064

Wb – Momento resistente da barra [cm3];


Mf – Tensão à flexão [Kgf/cm2];
H – Altura da seção transversal [mm];
B – Base da seção transversal [mm].

Os esforços atuantes nas barras de cobre não devem ultrapassar a Mfcu ≤2000 kgf/cm2
(=20kgf/mm2), que corresponde ao limite à flexão.

 Para o alumínio, o limite é Mfal ≤ 900 kgf/cm2 (=9kgf/mm2)!

Assim sendo, como Mf ¿Mfcu, a barra não suportará os esforços mecânicos. Logo,
variando-se a disposição das barras (colocando as faces de menor dimensão em paralelo):

B x H 2 3,18 x 38,12
Wb = = = 0,769 cm3
6000 6000

F b x Lb 30,9 x 150
Mf = = = 502 kgf/cm2
12 W b 12 x 0,769

Mf ≤ Mfcu → A barra suportará os esforços mecânicos!

40
O dimensionamento dos barramentos requer especial atenção quanto às suas estruturas
de apoio, principalmente o limite dos esforços permissíveis nos isoladores de suporte.

Q.08) Dimensione o barramento de um QGF onde a I cc simétrica tem valor eficaz de


15kA, considerando-se que a distância entre os apoios isolantes é 550 mm e a distância
entre as barras é de 80 mm. As barras estão com face de maior dimensão em paralelo.

Conforme tabela 5.2, para que os esforços na barra não ultrapassem o limite de
20 kgf/mm2, toma-se a barra 63,5 x 6,35 mm.

EXERCÍCIO: Solicitações Térmicas das Icc

Q.09) Numa instalação industrial, a corrente inicial eficaz simétrica de curto-circuito no


barramento do QGF é de 32kA, sendo a relação X/R igual a 1,8. Calcular a corrente
térmica que devem ter as chaves seccionadoras ali instaladas.

RESOLUÇÃO:

 Os fabricantes indicam os valores da corrente térmica nominal de curto-circuito que


seus equipamentos, cabos etc. podem suportar, durante um período de tempo (T th ),
normalmente, definido em 1s, isto é, Td = 1s.
 Icis = Ics ↔ Icis / Ics = 1 (pois, o ponto de geração está longe do defeito).

Tabela 5.1: X/R = 1,8 ↔ Fa = 1,16


Tabela 5.4: M= 0
Tabela 5.5: N=1

41
Ith = Icis x √ N +M = 32 x √ 1+0 = 32 kA

Icis – Corrente eficaz inicial de curto circuito [kA]


M – Fator de influência do componente de corrente contínua (tabela 5.4);
N – Fator de influência do componente de corrente alternada (tabela 5.5);
Ith – Valor térmico médio efetivo da corrente instantânea.

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