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IPI – Instalações de Produção Independente

Mestrado em Engenharia Eletrotécnica

Cálculo de barramentos

Semestre de Verão 2019/2020

ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa -1-


Cálculo de barramentos

Um barramento é um conjunto de condutores que transportam energia através da


subestação.

Cabo nu (barramento Condutores rígidos


tendido) (em tubo)

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Cálculo de barramentos

1ª Condição de aquecimento em regime permanente

Nesta condição é necessário verificar se a corrente de serviço esperada é inferior à corrente máxima
admissível no barramento obtida a partir das tabelas do fabricante, ou seja:

𝐼𝑠 ≤ 𝐼𝑧 Onde: Is – Corrente de serviço


Iz – corrente máxima admissível

2ª Condição de resistência mecânica ao curto-circuito


O efeito das forças que atuam em condutores percorridos por
corrente é da maior importância. O campo magnético cria
uma força que atua nos condutores enquanto estes são
percorridos por uma corrente. Esta força depende do campo
magnético, do comprimento do condutor e da corrente que o
percorre. Dois condutores em paralelo percorridos por uma
corrente são atraídos se as correntes fluírem na mesma
direção e repelem-se se as correntes fluírem em direções
opostas.

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Cálculo de barramentos

2ª Condição de resistência mecânica ao curto-circuito


Começa-se por calcular a corrente de crista:

𝐼 𝑝= 𝜒 √ 2 𝐼 𝑘
′′
[kA]

Onde: Ip – Corrente de crista


c – Parâmetro da rede elétrica e que traduz o decréscimo da componente contínua da corrente de
curto circuito. Depende apenas da razão R/X. Em redes de AT e MAT X>>R e c assume valores
elevados. Para redes de 60 kV é comum assumir-se c=1,8.
I’’k – Corrente de curto-circuito.

Evolução da corrente de curto-circuito c em função de R/X

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Cálculo de barramentos

2ª Condição de resistência mecânica ao curto-circuito


Posteriormente calcula-se a força eletromagnética exercida entre os condutores:
2
𝜇0 𝐼 𝑝 2 𝑙
𝐹 𝑒= × l=0 ,2 × 𝐼 𝑝 [N]
2𝜋 𝑎 𝑎

Onde: Fe – Força eletromagnética


Ip – Corrente de crista (kA)
l – Distância entre apoios (m)
a – Distância entre condutores (m)
m0 = 4px10-7 NA-2

Desta força resulta um momento fletor a que os condutores ficam sujeitos:

𝐹 𝑒× 𝑙
𝑚𝑓 = [daN.cm] Onde: Fe – Força eletromagnética (daN)
16
l – Distância entre apoios (cm)

Em seguida, temos que verificar se o condutor suporta o momento fletor, calculando o momento fletor
máximo admitido pelo condutor.

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Cálculo de barramentos

2ª Condição de resistência mecânica ao curto-circuito


Da tabela do fabricante retiramos o módulo de flexão, W, referente ao perfil, ou então calcula-se
através das seguintes fórmulas:

O momento fletor máximo admitido por um perfil de módulo de flexão W é dado por:

𝑚 𝑓𝑚𝑎𝑥 =𝑊 ∙ 𝜎 [daN.cm] Onde: W – módulo de flexão (cm3)


s – Carga de segurança à flexão do material (daN.cm-2)

Para que o condutor possua a resistência mecânica necessária ao curto-circuito tem que se observar a
seguinte condição:
𝑚 𝑓 ¿ 𝑚 𝑓𝑚𝑎𝑥

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Cálculo de barramentos

3ª Condição de esforços térmicos ao curto-circuito


Deve-se garantir que os condutores não entrem em fadiga térmica antes das proteções atuarem
durante um curto-circuito. Para tal, os condutores deverão ter uma secção adequada, a qual no mínimo
deverá ser.

𝐼 𝑡h Onde: smin – secção mínima do condutor (mm2)


𝑠𝑚𝑖𝑛 = √𝑡
𝑘 Ith – Corrente térmica de curto-circuito (A)
t – tempo de atuação da proteção (s)
k – Constante de fadiga térmica (A.mm-2.s1/2)
Condutores nus em Cu: 159
Condutores nus em Al: 104
Condutores nus em liga de Al: 97

A corrente térmica de curto-circuito, Ith, é o valor de uma corrente equivalente ao valor eficaz de uma
corrente que produzisse a mesma quantidade de calor que a gerada pelas componentes alternada
simétrica e contínua e é dado por:
𝐼 𝑡h= 𝐼 𝑘 √ 𝑚+𝑛
′′

Onde: I’’k – Corrente de curto-circuito (A)


m e n – são valores que se retiram dos ábacos em função de c e de I’’k/Ik.

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Cálculo de barramentos

3ª Condição de esforços térmicos ao curto-circuito


O fator m quantifica o efeito térmico da componente contínua da corrente de curto-circuito e é
influenciado por c.

O fator n que quantifica o efeito térmico da componente alternada da corrente de curto-circuito é


influenciado por I’’k/Ik. O fator I’’k/Ik Para redes de AT e MAT não ultrapassa 2,5.

Fator m Fator n

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Cálculo de barramentos

4ª Condição de ressonância
Deve-se garantir que aquando da ocorrência de um curto-circuito, a frequência própria de oscilação do
barramento não se encontra perigosamente próxima da frequência elétrica da instalação nem da sua 2ª
harmónica. A frequência própria de oscilação do barramento é dada por:


Onde: f0 – Frequência própria de oscilação do barramento (Hz)
𝐸× 𝐽
𝑓 0 =112 E – Módulo de elasticidade do barramento (daN/cm2)
𝑝 × 𝑙4 J – Momento de inércia do barramento (cm4)
p – peso linear do barramento (kg/cm)
l – distância entre apoios (cm)

Os valores de E, J e p são obtidos a partir do catálogo do fabricante ou de outras tabelas.

Assim, para verificar esta condição, evitam-se os vãos para os quais a frequência própria de oscilação do
barramento fica dentro do intervalo f±10% e 2f±10%, ou seja, entre [45; 55] Hz e [90; 110] Hz. Pode-se
então calcular os vãos a evitar através da seguinte expressão:

𝑙=

1122 𝐸 × 𝐽
4

𝑝× 𝑓 2

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