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Teoria Básica de Amplificação a Válvula com Foco em Projeto

Módulo 1 – Pré-amplificador

Escrito por Vitor Santiago

Belo Horizonte, 06/10/2017


Prefácio

Meu nome é Vitor Santiago, sou engenheiro eletrônico e de telecomunicação, formado pela PUC Minas, e trabalho
com circuitos voltados para o áudio, valvulados, transistorizados, além de digitais, nos mais diversos projetos.
Trabalhei 2 anos durante elaboração da maioria dos equipamentos de áudio do produtor musical Felipe Lisciel
Franco, onde tive uma grande escola, sobre a prática e a vivência com os equipamentos, fundamentos e pontos
práticos importantes. Em 2017 fundei a empresa HorizonLab Engineering, de equipamentos de áudio e musicais e
também sou produtor musical.

Nesse curso, vamos ensinar o que de mais importante há, sobre a parte técnica para projetar um amplificador
valvulado completo, utilizando a teoria básica. Vamos aprender o passo a passo para se projetar os circuitos
valvulados, que serão divididos em capítulos, sobre cada um de seus estágios de amplificação, sobretudo nesse
módulo, o pré-amplificador. Você terá todo o conhecimento técnico necessário para aplicar no desenvolvimento de
qualquer tipo de circuito valvulado.

Para as sessões seguintes, serão vistos e construídos os projetos práticos, com circuitos específicos, baseados na
teoria que veremos agora e ao final desse material em 2 módulos teóricos, você terá plenas condições de projetar
partindo do zero, o SEU próprio amplificador, seja ele para guitarra, baixo, Hi-Fi ou outro.

Vamos começar o projeto pensando em um amplificador de guitarra, por ter o foco direto e por existir uma rica
disponibilidade de material que pode ser encontrado em qualquer lugar na internet e em livros, para ser analisado e
até montado por vocês. Dizer que é um amplificador de guitarra, não implica no fato de que você não aprenderá
sobre amplificadores de baixo, pré-amplificadores de estúdio ou sobre amplificadores de alta fidelidade, os
chamados Hi-fi.Apenas quer dizer que iremos trabalhar com um tipo de amplificador que não exige
muitos cálculos meticulosos para maior fidelidade do som de saída, pois é tolerado um nívelrazoável de distorções
harmônicas, tornando o trabalho mais fácil, para um momento inicial.

Todos os pontos sobre outros tipos de circuito, são apenas escolhas que deverão ser feitas durante o projeto, por
exemplo: Um amplificador de baixo, deverá, por exemplo, ter um equalizador com suas frequências de corte dos
filtros, mais adequadas para o instrumento, ou um amplificador Hi-Fi, deverá seguir padrões e ser efetuado
incursões, para diminuir as distorções dos sinais durante o processo de amplificação, estágio, por estágio,
realimentações negativas, e outros.

Resumindo, os blocos dividem o amplificador em 6 partes, sendo 5 estágios e 1 bloco referente a fonte de
alimentação, que é responsável por disponibilizar a energia necessária para o funcionamento do amplificador, sendo
essas: O amplificador de entrada, os controles de tones e volume, o segundo estágio de amplificação, o driver do
amplificador de saída e o amplificador de saída.

Nesse módulo serão contemplados os as sessões da fonte em um modelo inicial, o amplificador de entrada, os
controles de tones e volume e o segundo estágio de amplificação, partes essas que compõem o que chamamos de
pré-amplificador.

Vamos lá, mãos a obra!


Capítulo 1 – Introdução aos estágios do amplificador
Para dar início, vamos observar o diagrama geral de blocos do amplificador, mostrando cada uma de suas partes,
para apenas 1 canal, sem efeitos adicionais.

No geral, o amplificador recebe um sinal de entrada com baixa tensão e corrente, e converte em um sinal de saída
com alta tensão e corrente. Ele também molda a resposta em frequência relativa a aquele sinal de entrada.
É possível distribuir essas funções pelos estágios do amplificador de diversas maneiras. Lembrando, que utilizaremos
um modelo didático para facilitar a compreensão de cada parte.

Os 5 estágios, que vão da entrada de sinal da guitarra, até a saída para os autofalantes são:

1- O amplificador de entrada (ou primeiro estágio de amplificação):


Impulsiona o nível de sinal de entrada;
Prove alta impedância de entrada para o sinal emitido pela fonte de sinal, no caso a guitarra elétrica;
Fornece uma impedância de saída relativamente baixa para acionar o "tone" e os controles de volume.

2- O controles de tones e controle de volume:


Modificam a resposta em frequência do amplificador relativo ao sinal de entrada, e nível de sinal,
respectivamente.Esse estágio é geralmente implementado com componentes passivos (resistores e capacitores),
que reduzem um pouco o nível de sinal e apresentam certo desafio de projeto com relação á impedância de entrada
e saída.

3- O segundo estágio de amplificação:


Prove um ganho adicional;
Juntos o amplificador de entrada e o segundo estágio de amplificação prove a maior parte do ganho de tensão do
amplificador;
A entrada de alta impedância do segundo estágio, prove uma carga adequada para os controles de tom e volume.

Esses 3 primeiros blocos, são os estágios que juntos são chamados de Pré-amplificador e serão estudados nesse
módulo. Os próximos estágios serão melhor explorados no módulo 2, desse material.

4- O driver do amplificador de saída:


Condiciona o sinal para o estágio de saída;
Alguns amplificadores mais simples, como o fender champ, combina o segundo estágio de amplificação com o driver
do amplificador de saída. Outros, mais potentes, querem uma boa distinção entre esses dois estágios, em separado.
Em um amplificador como os que utilizam o amplificador de saída no modo "push-pull" (que mais adiante será
explicado);
O driver do estágio de saída não apenas amplifica o sinal, mas também cria dois sinais iguais, defasados, o que
chamamos de Phase-splitter, ou inversor de fase. Cada um desses sinais vai para uma metade do estágio de saída.

5- O amplificador de saída:
É composto pelas válvulas de saída de maior potência, e também os transformadores de saída;
Os tubos de saída, convertem a alta tensão e baixa corrente do sinal que vem do driver para um sinal de alta tensão
e alta corrente;
Os transformadores de saída convertem esse sinal abaixando a sua tensão e aumentando a sua corrente, para os
terminais do autofalante;

6- A fonte de alimentação:
Esse alimenta com tensões continuas para todos os estágios, exceto para os tones passivos e controles de volume;
Ele também é uma fonte de tensão desenhado para prover tensões fixas para quaisquer correntes que cada estágio
requerer;
Em geral o estágio de saída requer mais corrente e especialmente o estágio de entrada que requer uma maior
elaboração no design para garantir um baixo ruído bem como um baixo Hum, ou humming, que são ruídos gerados
por frequências não filtradas da rede, ou oscilações do sinal contínuo da fonte que geram interferência no sinal
de áudio amplificador;
Alguns estágios que manipulam sinais de altas tensões ou correntes como o estágio de saída, podem tolerar uma
alimentação mais "suja", ou seja com tensão DC com mais hum e ruído;

Nas próximassessões, iremos estudar os fundamentos básicos da amplificação a válvula termiônica e mais adiante,
iremos estudar bloco a bloco desse diagrama.
Capítulo 2 – A VÁLVULA TERMIÔNICA - Parte 1
Nessecapítulo, veremos os princípios de funcionamento da válvula, seus diferentes tipos e o papel de cada elemento
interno que a compõe.

- Em fevereiro de 1880, Thomas Edison, estava tentando descobrir qual era o motivo pelo qual, os filamentos de suas
lâmpadas incandescentes a vácuo, se quebravam após algum tempo de uso. Também procurava entender o porquê
havia um enegrecimento interno no bulbo de vidro, até então, irregular, onde ficava mais escuro próximo do
terminal positivo do filamento.
Em um de seus testes, adicionou um elemento extra, em sua lâmpada. Alguns dizem que foi um Fio metálico, outros
uma placa metálica ou também uma "folha" metálica, que serviria como um novo eletrodo independente e nele
ligou um galvanômetro, que é um equipamento de medição do fluxo de cargas.
Percebeu que ao se carregar esse novo elemento com cargas negativas, não havia a percepção de fluxo de carga e ao
contrário, se fosse carregado positivamente, e o filamento fosse aquecido a uma certa temperatura, era notório que
um fluxo significativo de cargas, vindas do filamento aquecido, para o novo elemento.

Hoje sabemos que o filamento estava emitindo elétrons, que passavam através do vácuo, entre os elementos. Esse é
chamado efeito termo-iônico, ou termiônico.
O Calor do filamento, ao aquecer suas moléculas geram grande agitação e o Mar de elétrons presente em materiais
metálicos se torna bem agitado, a ponto de tender a lança-los para longe.

Um grande passo foi dado para a evolução da eletrônica e com ela, toda a nossa tecnologia!

O DIODO

O diodo é o tipo mais simples de "tubo a vácuo". É chamado dessa forma, por causa dos seus dois elementos, ou
eletrodos: O catodo, que emite os elétrons e a placa, que coleta os elétrons.

São utilizados para a retificação, geralmente, em fontes de alimentação, para converter corrente alternada em
corrente contínua.

É observável que o catodo não é apenas o filamento, agora ele é um elemento que pode ser, ou não, desvinculado
eletricamente deste outro, ou seja, eles podem ser conectados entre si, ou não.
Para fins práticos, o filamento agora, é responsável apenas para aquecer o catodo, para que esse sim possa emitir os
elétrons.Quando o catodo então é aquecido, uma nuvem de elétrons se forma em sua superfície.

- Se uma tensão na placa é positiva em relação ao Catodo, os elétrons na nuvem, são atraídos para a placa.
Os elétrons, que possuem carga negativa, fluem do catodo para a placa.

Informação importante:
A corrente convencional determina que o movimento da corrente corresponde ao sentido do campo elétrico no
interior do condutor, que vai do polo positivo para o negativo, ou seja, a movimentação das "lacunas" pela "falta
de elétrons" (como cargas positivas, sabido que os prótons não se movem livremente) - Se um elétrons se move
para a esquerda, uma lacuna de elétron se move para a direita instantaneamente.

Então sob a óptica da corrente convencional, a corrente elétrica se move da PLACA para o CATODO.
- Se uma tensão na placa é negativa em relação ao Catodo, os elétrons são repelidos pela Placa, e nenhuma corrente
flui através do vácuo.

Dessa forma, a corrente só pode fluir em um único sentido!! Então, começamos a ter algum controle sobre a energia
elétrica.

Odiodo funciona como um retificador. Transforma corrente alternada em corrente contínua.

Veremos mais sobre os diodos logo a diante.

O TRIODO

Em meados de 1906, Lee de Forest, descobriu que se em um tubo fosse colocado um pouco de gás condutor que
pudesse ser afetado por ondas de rádio, ligasse um fone de ouvido, um terminal na placa carregada positivamente,
outro terminal no filamento, negativo, e enrolasse um fio no entorno do invólucro de vidro, o dispositivo poderia
servir como um detector de sinais de rádio, sendo possível ouvi-los, graças aos distúrbios causados na corrente no
fone de ouvido, pelos sinais sem fio.

De Forest, finalmente descobriu que se esse fio enrolado no entorno, fosse colocado no caminho entre a Placa e o
Catodo, como um arame entortado em formato de uma grade, e ligado diretamente na antena, seria capaz de
aumentar muito a sua sensibilidade.

e finalmente assim nasceu a Eletrônica! O Audion, a primeira válvula de De Forest, tornou possível amplificar sinais e
com isso, pela primeira vez na história da humanidade, ganhamos a capacidade de manipular os elétrons.

Agora sim!!!O terceiro elemento da válvula é a "grade de controle", fisicamente localizada entre a placa e o catodo.
Elétrons viajando do catodo para a placa passam através da grade.

Como um diodo, os elétrons emitidos pelo catodo fluem para a placa se ela é mais positiva que o catodo. Pode -se
controlar essa corrente, fazendo a grade de controle se tornar negativa em relação ao catodo. Nesse caso os
elétrons são repelidos pela grade e não podem alcançar a placa, então a corrente de placa cai. Quanto mais negativa
a tensão na grade, menor é a corrente que flui do catodo para a placa. Os triodos normalmente operam com a
tensão de grade negativa em relação ao catodo.

Se a grade de controle tem o mesmo potencial que o catodo, ela não faz efeito na corrente de placa. Se a grade é
positiva em relação ao catodo, a corrente flui do catodo para a grade e também para a placa.
EXEMPLO:

A figura mostra um tríodo com 100 V DC, aplicado em sua placa, o Catodo está aterrado, ou seja, 0V, e uma tensão
negativa DC "V1" é aplicada a grade pelo seu terminal referente terminal na válvula . Se V1 está em -1V, surge uma
corrente de placa I igual a 10mA. No caso diminuirmos a tensão V1 para -1,5V, a corrente que fui da placa para o
catodo cai de 10mA para 5mA.
Caso continuemos a diminuir a tensão V1, a corrente de placa, tende a suspender. A tensão referente ao ponto em
que essa corrente é suspensa é chamado de "Tensão de Corte".
Agora vamos aumentar a tensão V1.
Se subirmos a tensão V1 para -0,5V, a corrente de placa muda para 15mA.
Caso continuemos a elevar a tensão na grade, entraremos numa situação indesejada, pois a grade não estará mais
negativa em relação ao catodo, e a corrente elétrica começara a fluir para a grade, assim como para a placa.

O gráfico desenhado, mostra como a corrente de placa reage, de acordo com a entrada do sinal da grade de
controle.

Agora imagine uma tensão alternada aplicada a grade. É dessa forma que a válvula reage a um sinal de Áudio.
Isso ilustra a capacidade de se controlar a Corrente de placa, com a variação da tensão na grade.
A corrente na placa, também depende de outro fator, a sua tensão.
Quando a tensão de placa cresce, a corrente de placa também cresce, pois, a placa atrai mais elétrons do catodo.
Capítulo 3 – A VÁLVULA TERMIÔNICA - Parte 2
CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES DAS VÁLVULAS (TRIODO)

Medindo as características das válvulas:

Um triodo tem 3 elementos, então podemos medir suas características de diversas formas, entre elas:
-Mantendo um ou mais elementos em uma tensão constante, que pode ser positiva, negativa ou terra.
-Mantendo uma corrente constante dentro ou em um ou mais elementos
-Deixando um ou mais elementos "Abertos", deixando a corrente e a tensão variar livremente e medir a tensão ou a
corrente nos seus elementos.

Por causa desses três elementos e essas três diferentes condições (Aberto, tensão constante, corrente constante) há
muitas possibilidades de maneira de abordagem das medidas das características. Uma abordagem comum para se
conseguir definir as características das válvulas é fixar a tensão ou a corrente de um dos elementos, variar a tensão
ou corrente no segundo elemento e medir a corrente ou a tensão no terceiro elemento.

Então vamos estudar algumas dessas características que são fundamentais para o projeto e o conhecimento pleno
do funcionamento dos circuitos:

Tensão na Grade x Corrente de placa:

A relação entre a tensão na grade e a corrente de placa, como foi visto, é uma propriedade importante de uma
válvula. Podemos ver no datasheet da válvula 12ax7 (ou ECC83), a família de curvas de corrente de placa em relação
a tensão na grade. Cada curva, se refere a uma tensão aplicada a placa.

Referência: http://pdf1.alldatasheet.com/datasheet-pdf/view/121279/GEC/12AX7.html -

Gráfico Plate CurrentxGrid Voltage


Escolhendo uma tensão de placa de 300V, seguiremos a curva correspondente, e veremos nela que a tensão de
corte se dá quando a grade está em -4,2V e com o seu crescimento, entra em uma região mais linear, a partir de -3V
e o máximo mostrado pelo gráfico, vai até -1,35V. Então você deve projetar o seu estágio de amplificação com a
grade trabalhando entre -3V e -1,35V, para que não haja distorção considerável.

Pode-se perceber que há 3 variáveis nesse gráfico, que são a Tensão na grade, a corrente de Placa e a tensão de
Placa.Esses mesmos 3 podem ser representados de uma maneira diferente, com a tensão de placa no Eixo X e a
corrente de placa no eixo Y, e cada curva representando uma tensão na grade. Como mostra o gráfico de
platevoltage x platecurrent.

No próximo capitulo vamos usar essas curvas características para projetar os estágios de amplificação.
CONSTANTES IMPORTANTES

As constantes das válvulas são derivadas das curvas características. Elas são importantes características únicas em
cada válvula. São elas: O Fator de Amplificação, a Resistencia de placa AC e a Transcondutância.

- µ (Fator de amplificação)
O fator de amplificação µ, mede a variação da tensão de placa em relação a variação na tensão de Grade.
Em resumo:
∆𝑉𝑝
𝜇=
∆𝑉𝑔

Onde∆𝑉𝑝 é a variação da tensão de placa,∆𝑉𝑔 é a variação da tensão de placa, enquanto a corrente de placa é
constante.
Voltando ao gráfico anterior, vamos adotar alguns pontos para estudar as variações. Note o ponto A e o ponto B.
Vamos considerar Ec = tensão dagrade em relação ao catodo, quando a grade está referenciada ao terra em0V.

Sendo o ponto B no Vp=300V, na curva -2,5v = Ec e o ponto A noVp=250V na curva -2v = Ec.

Os dois pontos tema corrente de placa (Ip) = 1,2mA aproximadamente. Então se a placa manteve constante sua
corrente, com uma variação de Vp (300-350=50V), e isso corresponde a uma variação de 0,5V na tensão de grade,
então:
∆𝑉𝑝 50
𝜇= 𝜇=
∆𝑉𝑔 0,5

50
= 100
0,5
- 𝒓𝒑 (Resistência de placa)

Outra constante importante é da resistência de placa, que representa a resistência interna da válvula para um sinal
AC.

Pela lei de Ohm, sabemos que V=r.i, então 𝒓𝒑 é definido como:

∆𝑉𝑝
𝑟𝑝 =
∆𝐼𝑝

Onde ∆𝑉𝑝 é a variação da tensão de placa, como anteriormente, e delta Ip é a variação da corrente de placa,
enquanto a tensão de grade é constante.

Voltando ao gráfico anterior, vamos adicionar uma nova referência, chamaremos de ponto C.

No ponto A, a tensão de placa é 250V, a corrente de placa é 1,2mA e a tensão na grade é de -2V. No ponto C a
tensão de placa é 300V, a tensão na grade é -2V e a corrente na placa é de 2,1mA então, a Variação de tensão de
placa do ponto A para o ponto C é (300-250=50V) e a variação de corrente de placa é de (2,1-1,2=0,9 miliamperes)

∆𝑉𝑝 50 50
𝑟𝑝 = 𝑟𝑝 = = 55556 𝑂ℎ𝑚𝑠
∆𝐼𝑝 0,9𝑥10 0,9𝑥10−3
−3
- 𝒈𝒎 (Transcondutância)

Por último, a terceira constante importante para as válvulas é a transcondutância, que é a relação mais elementar do
funcionamento da válvula.Ela estipula a relação entre a variação da corrente de placa, dada pela variação da tensão
na grade, que nada mais é que o resumo de tudo que estamos estudando até agora, quanto ao funcionamento do
Triodo e é dado por:

∆𝐼𝑝
𝑔𝑚 =
∆𝑉𝑔

Para analisar vamos adotar os pontos já definidos:

Utilizando o ponto B onde o Vp=300V, reta -2,5v Vg e tem temIp = 1,2mA e o ponto C, onde a tensão de placa é
300V, a tensão na grade é -2V e a corrente na placa é de 2,1mA
A tensão de placa manteve-se constante, o ∆𝑉𝑔 é(2,5-2=0,5) e o ∆𝐼𝑝 =0,9 como vimos anteriormente.

0,9𝑥10−3 0,9𝑥10−3
𝑔𝑚 = 0,5 0,5
= 0,0036Mho = 3600µMhos

Obs: Mho, é o inverso de Ohm, simplesmente por Mho ser uma grandeza que representa corrente sobre tensão e
Ohm, ser tensão sobre corrente.

ostrês parâmetros são relacionados de acordo com a seguinte formula:

𝜇 = 𝑟𝑝 × 𝑔𝑚
Logo, se soubermos 2 constantes, podemos calcular a terceira.

OS PENTODOS

Os pentodos tem cinco elementos, os dois elementos adicionais são a grade supressora e a chamada "Screen grid".
ambas estão localizadas entre a grade de controle e a placa. A grade supressora é a mais próxima da placa. As grades
adicionais dão aos pentodos um fator de amplificação maior (mi) do que os triodos, também fazem a corrente de
placa relativamente independente da tensão de placa e oferecem vantagens em circuitos de alta frequência. O
símbolo no esquemático para um pentodo é esse:

A grade supressora é normalmente conectada ao catodo, e em alguns tubos, essa conexão ja vem feita
internamente, fazendo ele funcionar como um "tetrodo", um dos motivos são as "emissões secundárias", que são o
efeito ruidoso, que ocorre quando os elétrons se chocam com a placa, mecanicamente, e alguns deles tendem a
saírem para outras direções. A grade supressora tende a capturar esses e retorná-los ao catodo.
As possíveis utilizações da grade "Screen” serão abordadas mais adiante. Basicamente a screen permite um controle
mais refinado do fluxo de elétrons.

Vendo o gráfico de corrente de placa x tensão de placa, percebe-se que as curvas são mais planas, comparadas com
a dos triodos.

Referência:http://pdf1.alldatasheet.com/datasheet-pdf/view/95279/PHILIPS/EL84.html

Para um triodo, a corrente de placa cresce linearmente com a tensão de placa, para um pentodo, a corrente de placa
é essencialmente independente da tensão de placa.

A maioria dos tubos de saída dos amplificadores são pentodos, e a maioria dos tubos de preamplificadores são
triodos. Pode-se utilizar pentodos para o preamplificador, mas seu ganho é muito elevado e geralmente são muito
ruidosos. Por outro lado, triodos específicos para saída são muito caros e mais limitados do que os pentodos. Além
disso, também é possível conectar um pentodo, como um triodo, se for desejado.
Capítulo 4 – O ESTÁGIO DE AMPLIFICAÇÃO POR TRIODO - parte 1
Nessa aula vamos aprender sobre o funcionamento de um estágio de amplificação de tensão por triodo. Esses
conhecimentos serão de suma importância para o design de qualquer circuito valvulado.Vamos discutir a
amplificação, com um sinal de entrada aplicado a grade e sua saída retirada da placa.

Vamos visualizar o circuito base de amplificação valvulada por tríodo.

Vamos adicionar à válvula, um resistor de carga (RL), um lado ligado


diretamente a placa, e do outro lado, a uma alta tensão DC, que aqui
chamaremos de V+.

Para entender como o circuito amplificador funciona, primeiro


vamos assumir que a tensão na grade é suficientemente negativa
para que não haja corrente da placa para o catodo. Nesse caso a
corrente de placa é Zero, então não há queda de tensão sobre o
Resistor RL, e a tensão na placa é igual a tensão V+ aplicada ao RL.

Agora, subiremos a tensão da grade até o ponto onde começa a fluir


uma corrente através de RL, resultando em uma queda de tensão
em RL. Com isso, percebemos que a tensão na placa da válvula cai
com a queda de tensão no Resistor RL.

Essa observação é a base do funcionamento do estágio de


amplificação a válvula.
Repetindo: A tensão na placa da válvula cai com o surgimento da
queda de tensão no Resistor RL, pelo início da corrente que começa
a fluir.Ou seja, se continuarmos a aumentar a tensão da grade, ainda
mais, instantaneamente a corrente de placa também aumenta e a tensão na placa, por sua vez, diminui. Dessa
forma, um acréscimo na tensão da grade causa um decréscimo na tensão da placa.

Resumindo:
Um acréscimo na tensão da grade da válvula, estimula o aumento da corrente que flui da tensão V+ em direção ao
Terra, passando pela placa da válvula.
Esse aumento da corrente que fui pela placa, faz com que a tensão na placa diminua.
Ou seja, quando VG aumenta, Vp diminui, quando VG diminui, Vp aumenta.

VAMOS PROJETAR!

Agora, vamos projetar um amplificador por triodo, usando uma 12AX7, um duplo triodo de alto µ.
Para começar, vamos escolher a tensão de alimentação de 260V como a nossa tensão DC V+, por ser um valor de
tensão alto o suficiente e que conseguimos facilmente em fontes com transformadores simples, e para facilitar as
contas, vamos utilizar um valor de resistor de carga de ordem de grandeza usual, 100 kilo ohms.

Como vimos anteriormente, é sabido que se a corrente de placa é zero a tensão na placa é igual a tensão V+, ou seja,
260V, pois não há queda de tensão no resistor e na válvula, pois não existe corrente.

Utilizando o gráfico de corrente de placa X tensão de placa, presente do datasheet da válvula, podemos visualizar a
relação entre essas duas grandezas, no que infere em seu comportamento específico, com os valores escolhidos. A
partir desse gráfico, vamos verificar qual é a RETA DE CARGA, ou seja, o conjunto de todos os pontos possíveis de
trabalho da válvula, relacionando sua corrente de placa por sua tensão de placa, em relação a carga RL escolhida.

No gráfico vamos representar a condição inicial, onde a corrente é Zero e a tensão é máxima e vamos chamar de
ponto A
Usando a Lei de ohm e sabemos que quando a corrente é máxima, a tensão na placa tende a zero, ou seja, a tensão
sobre o resistor RL, é V+. Então: V=R.i, ou seja 260= 100000.i = 2,6mA

No gráfico, o ponto onde a tensão de placa é igual a zero, e a corrente de placa é 2,6mA, Vamos chamar de ponto B.
Agora vamos desenhar uma linha que liga diretamente o ponto A, ao ponto B. Como dito anteriormente, essa linha,
é o conjunto de todas as combinações possíveis de tensões e correntes de placa, para essa configuração do circuito.

É chama “reta de carga”.

Caso sejam alteradas as configurações, tais como V+ ou RL, a posição da linha de carga também deverá mudar, mais
a frente estudaremos como essas alterações podem afetar o projeto.

Podemos observar nessa reta de carga, que em cada ponto dessa linha, corresponde a uma tensão na grade VG,
particular. Se a grade é suficientemente negativa, a válvula está em "corte", ou seja, não há corrente fluindo na
placa, no ponto A. Se a tensão da grade é suficientemente positiva, a corrente fui da grade para o catodo. Os dois
casos são de certa forma indesejados, pois em ambas as condições, é causado distorção, então na maioria dos casos,
a títulos de projeto, escolheremos um ponto de trabalho entre os dois.

O Ponto de operação, é um ponto de trabalho da válvula, onde não é aplicado nenhum sinal em sua grade, é apenas
mantido uma tensão na grade VG. É o ponto de "repouso" do sistema.

Qualquer sinal de entrada será sobreposto a essa tensão VG. Com a variação de tensão na grade, seguindo no
gráfico, a reta de carga, gera uma variação da tensão e corrente de placa, fazendo com que esse ponto se arraste
para cima ou para baixo, na mesma direção da reta de carga.
Pontos importantes a se considerar, para o projeto:

Normalmente, escolhemos um ponto de operação que sob qualquer condição do sinal de entrada, a tensão na
grade, geral, se mantenha negativa, ou seja, abaixo de zero.
Édesejáveltambém, que possamos construir um amplificador, mais linear possível, ou seja, que a sua saída seja uma
imagem “mais perfeita” possível de sua entrada. Para isso é interessante que se opere em uma região onde as
curvas características, acima e abaixo, em relação ao nosso ponto de operação, tenham espaçamentos iguais. Para
que uma variação positiva da entrada cause, em módulo, uma variação na saída, tal qual uma variação negativa da
entrada.

Nesse exemplo, uma tensão na grade entre -1.0V até -1.5V, parece razoável, nessa região, muitos pontos parecem
bons para trabalhar.Vamos escolher o ponto de operação onde a tensão na grade seja -1,1V, outros pontos nesse
intervalo podem ser tão bons quanto, ou até melhores.Vamos chama-lo de ponto C.

OBS:
Muitas observações, pelo olho do projetista, ou pelo feeling do engenheiro do projeto, percebe-se, olhando a tensão
de placa entre 100V e 200V, que pelo gráfico ainda, na reta de carga, os pontos ainda estão na região desejável(ou
seja, VG<0). Um ponto médio para se considerar, seria cerca de uma tensão de 150V de Placa, que corresponde a
1.1V de tensão na grade. É uma análise de certa forma, qualitativa.É nesse ponto que habita a beleza do trabalho.
Viva a arte! Viva a engenharia!

O ponto de operação determina importantes parâmetros dos amplificadores. Primeiro a coordenada Y do ponto C é
chamada de CORRENTE QUIESCENTE DE PLACA, no exemplo, 1,1mA

O Chamado PONTO QUIESCENTE do circuito é o ponto de trabalho onde não há sinal de entrada. A Coordenada X do
ponto C é a TENSÃO QUIESCENTE DE PLACA, no exemplo, 150V.
Note como podemos calcular a queda de tensão no resistor RL, para determinar a tensão quiescente de placa.

Se RL =100k Ohms, e Ip =1.1mA a queda de tensão sobre RL é de 110V e a tensão de placa é VP=V+ -VRL,
logo 260v-110v= 150V, nesse caso calculamos a tensão de placa através da corrente de placa, que nos deu a queda
de tensão no resistor RL,da mesma forma, podemos calcular a corrente de placa, utilizando a tensão de placa.

POTENCIA NA PLACA

Conhecendo a tensão e corrente de placa, podemos calcular a potência dissipada pela placa data pela formula

P=V.i

Então, 150V x 1,1mA = 165mW.

A máxima potência que a válvula 12ax7, pode dissipar em sua placa, pelo fabricante, é de 1,2Watts então, estamos
bem para trabalhar nesses valores.

GANHO

Finalmente podemos utilizar a linha de carga para calcular o ganho em malha aberta do amplificador.
O Ganho(Av) é dado pela razão entre a tensão de saída, sobre a tensão de entrada, ou seja.. é quantas vezes a
tensão foi amplificada na saída, em relação a uma variação da tensão de entrada.

𝑉 ∆𝑉𝑜
𝐴𝑣( ) =
𝑉 ∆𝑉𝑖

Para facilitar o cálculo, olhando direto pela reta de carga, vamos considerar a variação do sinal de entrada (∆𝑉𝑔),
como 1V, para que o valor do ganho seja a variação da tensão de saída(∆𝑉𝑝), diretamente.
Considerando ∆𝑉𝑖 = -0,5 -(-1,5), onde a tensão de placa, para -0,5V na grade, é de 110V e a tensão de placa, para -
1,5V na grade, é de 175V.
Então ∆𝑉𝑜 = 175-110 = 65 V
O Ganho(V/V) = 65 V/V.

Transformando para Ganho em dB, usando a formula, Ganho(dB)= 20log(Ganho (V/V)) = 36dB

Esse é o ganho chamado de ganho em malha aberta, pois ele considera que a impedância de entrada
do próximo estágio amplificador é infinitamente maior do que a impedância de saída dele próprio, como se ele
conseguisse transferir todo o ganho que ele pode produzir. Mais à frente, estudaremos sobre suas impedâncias de
entrada e saída. Veremos que não é exatamente dessa forma que o ganho é transmitido para os próximos estágios,
e esse é um importante fator que pode comprometer os circuitos.
Capítulo 5 – O ESTÁGIO DE AMPLIFICAÇÃO POR TRIODO - parte 2
O CIRCUITO PRÁTICO

No circuito que vimos anteriormente, era necessário que controlássemos duas tensões independentes a tensão V+ e
a tensão na grade VG, para isso, prioritariamente seria necessário que fossem feitas duas fontes de alimentação
apenas para montar toda essa análise, no entanto, existem alguns recursos que podemos aplicar, para reduzir para
apenas uma única fonte, desde que saibamos referenciar bem as tensões.

É importante lembrar que o que devemos focar é:

A grade precisa estar negativa em relação ao catodo. – Repita isso como um mantra a partir de agora na sua vida!

Então, podemos criar uma queda de tensão no catodo, com um resistor de catodo Rk, e referenciar a grade ao terra,
utilizando um resistor cuja a impedância seja grande o suficiente para que a corrente que passe por ele
seja desprezível e forneça uma impedância de entrada adequada, porém, esse resistor precisa fornecer uma
impedância pequena o suficiente, para que possa levar a tensão 0V até a grade. Isso resulta na condição dita
anteriormente. O catodo está positivo em relação a grade. Essa técnica é chamada "Cathode Biasing". O termo Bias,
em eletrônica é utilizado em diversas áreas, mas geralmente está relacionado a tornar algo predisposto a acontecer.
Imprimir uma tensão que leva um circuito a um certo limiar de funcionamento de acordo com características
preconcebidas ou pretendidas.

Estão adicionados então os novos componentes para essa configuração.


Sobre o capacitor Ck, iremos falar mais tarde.

Analisando o circuito pelas correntes que fluem por ele, sob condições de operação normais, vimos anteriormente
que a corrente que flui para a grade é desprezível. Toda a corrente de placa flui através do Rk, para o terra. Usando o
mesmo exemplo anterior do projeto, se a tensão da grade para o catodo, é de -1,1V, onde a tensão da grade é zero,
por consequência a tensão no catodo Vc é 1,1V, para a corrente quiescente de placa, 1,1mA, ainda seguindo o
exemplo, nos escolhemos o Rk, da seguinte forma:

Lei de Ohm

Rk = Vc/Ip = 1,1/0,0011A = 1000 Ohms


Uma peculiaridade ocorre nesse momento.
Preste muita atenção! Todo esse processo de amplificação gera um contra processo como reação, mas essa é só uma
das mil maneiras de se explicar o "NEGATIVE FEEDBACK", ou a Realimentação negativa.

Vamos lá! Com calma!

A medida que subimos a tensão na grade, a tensão de grade para catodo também sobe, a corrente de placa também
cresce, dessa forma, passando uma maior corrente no catodo, a tensão no catodo, também aumenta, sobre o
resistor de catodo Rk. Isso por sua vez, diminui a tensão de grade para catodo, resultando em uma realimentação
negativa.

Vamos exemplificar!

Supondo a situação, de acordo com nosso projeto:

A tensão na grade, anteriormente é Zero, a tensão no catodo é 1,1V , logo a tensão Grade-catodo é -1,1V.

Vamos lá, repetindo a frase, passo a passo!

Subindo a tensão na grade, de zero para o patamar de 1 V, por exemplo, com a tensão de catodo ainda em 1,1V, faz
com que a tensão grade catodo se torne -0,1V, ou seja, subiu de -1,1V para -0,1V.

Isso permite que a corrente de placa, que é induzida pela alta tensão na placa, aumente. Com o aumento da
corrente de placa, fluindo pelo resistor de catodo, aumenta a tensão de catodo..

digamos que a tensão de catodo aumenta para 4V, por exemplo e a tensão de grade catodo nesse ponto agora, é:

1 - 4V = -3V

Ou seja, reduziu! de -0,1V para -4V

Lembrando, essa é uma análise qualitativa, e não quantitativa, os valores não condizem com a realidade de resposta
de um estágio valvulado. Estamos apenas exemplificando, de acordo com a lógica, o que a teoria propõe.

Então esse é o Negative Feedback ou Realimentação negativa.

Iremos ver mais sobre Negative Feedback em outros circuitos, é um efeito muito recorrente na eletrônica, é utilizado
com muitos benefícios.

Ele reduz o ganho do amplificador, mas também reduz a distorção e dá estabilidade ao sistema (Tendo em vista que
existe um Positive Feedback, que é a realimentação positiva, que torna os sistemas instáveis) , um bom exemplo de
positive feedback é a microfonia, quando um áudio é amplificado de uma fonte, e emitido para ser capitado nessa
mesma fonte que o amplificará novamente.
Quando sistemas em geral não tem uma resposta que converge no infinito (em tempo), ou seja, que tenha um
funcionamento que sua resposta tende ao infinito(em amplitude), definimos que o sistema é instável.

Outra maneira de descrever o efeito de adicionar a resistência de catodo é aquela que o resistor de catodo
efetivamente contribui com o aumento da resistência de placa Rp por Rk(1+µ), onde o µ é o fator de amplificação
anteriormente descrito.

De qualquer forma, podemos querer o maior ganho possível e pode ser que uma maior distorção seja aceitável, ou
até desejada. Para reduzir os efeitos do Negative feedback associado ao "Cathode Biasing”, podemos fazer no
catodo, um aterramento do AC colocando um capacitor de grande valor em paralelo com RK, como naquela figura
anterior.
A corrente alternada flui através de Ck ao invés de Rk, então os sinais AC não contribuem para o crescimento da
corrente, e por consequência, da tensão no catodo. Dessa forma, não há realimentação negativa para os sinais
alternados! Mesmo assim, a tensão DC sobre o RK continua da mesma forma, independente da AC, mantendo a
condição de "Bias".

Mais a frente veremos mais sobre a utilização dos capacitores de catodo.


Capítulo 6 – VARIANDO A TENSÃO DE ALIMENTAÇÃO, RESISTENCIA DE CARGA E
PONTO DE OPERAÇÃO
Como vimos anteriormente, uma vez que a válvula foi escolhida, a performance do amplificador depende da tensão
de alimentação, do resistor de carga (Resistor de placa), e a escolha do ponto de operação. Todas essas variáveis são
dependentes umas das outras, então se alterarmos uma delas, as outras serão afetadas. Vamos mostrar as suas
alterações no gráfico a seguir:

Os efeitos da alteração da tensão de alimentação, resistência de carga e de ponto de operação podem ser:

-Acréscimo ou decréscimo da tensão de alimentação


-Acréscimo ou decréscimo da resistor de carga
-Alterações no ponto de operação

Variação na tensão de alimentação:

Acréscimo: Todos as válvulas, tem uma máxima tensão de placa especificada, que não se pode exceder, então esse é
o limite de trabalho. Mas de modo geral se utilizar uma tensão de alimentação maior, se obtêm uma
tensão máxima de saída maior. Aumentar a tensão de alimentação também aumenta a potência dissipada pela
válvula, então você precisa ter certeza de que a máxima dissipação não pode exceder o
valor máximo especificado pelo datasheet da válvula.
Vamos a nosso gráfico, para uma simulação:

Vamos traçar 2 linhas de carga, para verificar as diferenças.


A linha CD mostra a localização de uma linha de carga se a tensão de alimentação é elevada para 310V e a carga Rp é
mantida em 100kOhms. A tensão de saída pode variar de 100V até 310V.
Lembrando que o valor máximo de tensão, deve ser limitado até o ponto de trabalho onde a grade chega ao máximo
de 0V, pois ela precisa se manter negativa em relação ao catodo.

Então temos que a máxima variação possível é de 210V.

Olhando a linha AB

Percebe-se que a tensão de alimentação é de 260V e a tensão de saída pode variar entre 80V até 260V
Então temos que a máxima variação possível é de 180V.

Decréscimo:
Amplificadores com tensões de alimentação mais baixas vão começar a distorcer com tensões de saída mais baixas e
seu ganho será levemente menor para o mesmo resistor de carga (Rp).

Olhando o gráfico, a linha EF, nos mostra a posição da linha de carga se a tensão de alimentação é abaixada para
210V e o resistor de carga permanece como 100kohms. As linhas para diferentes tensões de grade não são mais tão
paralelas e igualmente espaçadas como eram na linha AB, por exemplo, resultando em maior distorção nos sinais de
nível mais alto. Elas estão mais próximas também, resultando em menor ganho.

Variação no Resistor de Carga:


Acréscimo:
Se há um aumento na resistência de carga, o ganho, a máxima variação do sinal de saída e a impedância de saída
também aumentam.

A linha AG mostra a linha de carga se a tensão de alimentação é de 260V e o resistor de carga é de 200Kohms. A
linha de carga é mais achatada, mais plana, então a tensão de saída vai variar mais, com uma determinada variação
da tensão na grade, resultando em um maior ganho. A tensão mais baixa na placa é cerca de 45V, ou seja, 35V
abaixo da menor tensão de placa na linha AB, ou seja, com a carga de 100Kohms.
Resultando em uma maior variação na máxima variação possível de saída. A impedância de saída é a resistência de
placa da válvula em paralelo com o resistor de carga. Então aumentando o resistor de carga, vai aumentar
levemente a impedância de saída.

Decréscimo:
Se a resistência de carga cai, o ganho, a máxima variação de saída e a impedância de saída caem. A linha de carga é
mais íngreme, então a tensão na saída vai variar menos para uma dada variação na tensão da grade, resultando em
um menor ganho.

A linha AH no gráfico mostra a reta de carga se a tensão de alimentação é 260V e o resistor de carga agora, caiu para
65kOhms. A tensão mais baixa possível está por volta de 110V, ou seja, 30V acima do que a menor tensão de placa
na reta AB, resultando em uma menor variação máxima tensão de saída. A impedância de saída é mais baixa porque
o resistor é menor.

Variação de Ponto de Operação:

Na maioria dos casos, a tensão quiescente de grade pode ser aproximadamente, a metade do caminho desde a
curva característica da tensão na grade 0V e a curva cruzando a linha de carga mais próxima do eixo X. Essa escolha
resulta em picos de tensão de saída positivos ou negativos distorcendo próximos a mesma tensão, permitindo os
mais altos picos de tensão de saída não distorcidos. Contudo, em alguns casos pode-se querer intencionalmente
causar distorção ou que os picos positivos ou negativos distorçam primeiro, nos casos do ponto de operação podem
ser movidos para próximos do eixo X, resultando em distorção das ondas de picos positivos primeiro, ou próximos do
eixo Y resultando em distorção das ondas de picos negativos primeiro.

Na maioria dos casos, a tensão de alimentação, resistor de carga e ponto de operação são escolhidos juntos para
prover a reta de carga e características de operação desejadas.
Capítulo 7 – O AMPLIFICADOR DE ENTRADA
Lembrando que para um bom entendimento dessa aula é importante que se tenha um conhecimento básico sobre
filtros.

CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES

É o primeiro estágio do amplificador, faz a interface entre o sinal de entrada e o circuito.


As três metas do design dessa parte são:

1- Manipular qualquer nível de sinal possível e prover uma elevada impedância de entrada.
Ou seja, ter a capacidade de entrada de qualquer nível de sinal, levando em conta que a sua impedância de entrada
é elevada o suficiente para que a energia provida pela fonte do sinal seja absorvida pelo amplificador.

2- Amplificar o sinal para a entrada do estagio de controle de tons e volume, enquanto adiciona a menor distorção e
ruídos indesejados possíveis.
Ou seja, tornar o sinal de entrada, de pequeno nível, em um nível maior, para possibilitar que os próximos estágios,
consigam trabalhar o sinal. Essa amplificação tem que respeitar um nível de ruído e distorção aceitável relativo ao
projeto

3- Proporcionar uma relativa baixa impedância de saída para acionar o estágio de controle de tone e volumes.
Ou seja, a saída do estágio, precisa ter uma baixa impedância, relativa a impedância de entrada do próximo estágio.
Para que a energia consiga fluir adiante, para o próximo estágio.

Podemos alcançar as duas primeiras metas com bastante facilidade, enquanto o terceiro é razoavelmente mais difícil
de se conseguir.

Agora, vamos desenvolver um amplificador de entrada.

Primeira escolha a válvula a ser utilizada.


Existem muitas boas escolhas mas vamos utilizar a 12ax7, por ser a mais comum a ser utilizada nos pré-
amplificadores.

Também é possível encontrar a mesma válvula, sendo chamada de ECC83, mas é apenas uma diferença de
nomenclatura, sendo 12ax7 o nome dado para a mesma válvula nos estados unidos, e Ecc83 na Europa.
Agora, vamos escolher a tensão de alimentação. A tensão máxima de placa, especificada pelo fabricante, vista no
datasheet do componente, é de 330V, então nos devemos escolher a tensão de alimentação de 330V para menos.
Consideramos que desde que a tensão de saída, de pico a pico, seja ligeiramente menor do que a tensão de
alimentação.

Normalmente escolhemos a tensão de placa mais próxima do Maximo que for possível. Lembrando que a tensão de
alimentação também afeta a linha de carga e o ponto de operação, da forma que vimos anteriormente.

Além de garantir que não podemos exceder a tensão máxima, nossa escolha da tensão de alimentação depende do
design da fonte de alimentação, a linha de carga desejada e o ponto de operação.

Na teoria, podemos usar com resistor de carga qualquer valor, mas na pratica, a extensão de possibilidades é mais
restrita. Vários fatores podem ser colocados na balança quanto nos escolhemos o resistor de carga, ou resistor de
placa.

Primeiro, quanto maior o valor do resistor de carga, maior o ganho. Contudo, um resistor de valor muito alto, reflete
em uma baixíssima corrente de placa, colocando a linha de carga na parte inferior do gráfico das curvas
características, onde a distorção vai ser elevada devido a não linearidade das curvas nessa região. Mais adiante no
circuito do amplificador, estágios posteriores, tem um ganho elevado podem ter uma resposta em
alta frequência "mais pobre", vamos ver mais adiante o porque.
Uma resistência de carga muito baixa, resulta em uma alta corrente de placa, que pode causar uma dissipação de
potencia muito elevada na placa que pode exceder ao limite desse parâmetro, especificado pelo fabricante.

Como regra geral, a o resistor de carga deve ser no mínimo 1.5 vezes a resistência de placa e no máximo por volta
de um quarto da impedância de entrada do estágio seguinte.

A resistência de placa de uma 12AX7, é de 62,5kOhms, (dependendo da configuração de alimentação utilizada,


conforme o datasheet), isso significa que o menor valor do resistor de carga, deve ser por volta de 100kohms. Se o
estágio está alimentando outro estágio com uma impedância de entrada de 1 MegaOhms, nossa regra limita o
máximo valor de resistência de carga a 250kOhms.

Você pode determinar o design ideal para um estágio particular, primeiro projetando o estagio como discutimos,
depois construindo e ouvindo com sinais reais tanto sozinho, como em conjunto com outros estágios do
amplificador que está sendo projetado.

Confie no seu ouvido.

A resposta em frequência de cada estágio e do amplificador completo deverá ser suficientemente amplo para
amplificar todas as frequências presentes no sinal de entrada, sem introduzir alterações indesejadas na resposta. A
frequência fundamental mais baixa em um sinal de guitarra, levando em conta a afinação padrão, é de 82hz, apesar
de sinais de guitarra podem incluir frequências mais baixas do que 82hz, da palhetada ou de puxões nas cordas. A
maior frequência fundamental está em torno de 1,8Khz. Permitindo vários harmônicos, a cada frequência contida no
“atack” da palhetada, e adicionais energias em altas frequências de efeitos como "reverb", a mais alta frequência
de interesse ainda é menor que 10khz. Como veremos, o alcance da faixa do espectro de frequências é bastante fácil
de amplificar.

O DESIGN

Agora nos vamos discutir em detalhe o design do amplificador de entrada da figura. Incluindo o circuito da placa o
circuito do catodo e o circuito da grade.
- O circuito de "PLACA"

Para esse exemplo, nós escolhemos a tensão de alimentação de 330V e um resistor de carga de 220kOhms. Usando
esses valores nos podemos construir a linha de carga AB, no seguinte gráfico:

Nos escolhemos o ponto de operação C correspondendo a Vg=-2,0V. Você pode ver que na parte que a linha de
carga cruza a curva característica correspondente a Vg= -2,5, essa curva não é linear. Isso causa distorção em níveis
altos de sinal de entrada. A metade positiva da forma de onda do sinal é amplificada diferentemente da metade
negativa. Quando Vg varia de -1,5V para -2,5V, a tensão de placa varia de 165V para 235V, então o ganho é 70, ou
em dB, 37dB.

O Capacitor Cp é chamado de capacitor de acoplamento. Ele bloqueia a tensão DC da placa enquanto permite o sinal
AC a passar para o próximo estágio. Cp precisa ser grande o bastante para permitir todas as frequências de interesse
a passarem. Se Cp é muito pequeno, baixas frequências podem ser atenuadas, contudo, como o amplificador de
entrada alimenta o circuito de controle de tom e volume, que possuem o seu próprio acoplamento, não usaremos
capacitor de acoplamento nessa fase. Vamos discutir sobre capacitores de acoplamento mais adiante.

- O circuito de "CATODO"

No gráfico anterior, nosso ponto de operação corresponde a corrente quiescente de placa de 0,57mA.

O valor do resistor de Catodo é então:

Vg/ Ip = Rc

2V/ 0,00057A

ou 3,5kOhms, vamos utilizar 3.3kOhms , por ser um valor comercial mais próximo.
O capacitor de catodo, funcionará como um filtro capacitivo, que permitirá a passagem das altas frequências para o
terra, oferecendo uma baixíssima impedância, diminuindo a realimentação negativa para as
altas frequências, própria do efeito de amplificação da válvula. É notório o "aumento" do valor do capacitor de
catodo, relacionado com a melhora na impedância de saída do estágio, o ganho de volume do sinal na saída já com
relação as baixas frequências com o aumento da impedância, o capacitor, age como um filtro, atenuando-as e
diminuindo a ondulação na tensão, que reflete em um outro efeito, que deve ser observado para o design do
amplificador.

O valor do capacitor foi escolhido didaticamente, para explicar esse efeito, como 4,7 Microfarads.

O capacitor de bypass de catodo, ou seja CK, vai introduzir atenuação nas baixas frequências e deverá ser escolhido
para ser grande o suficiente de modo a atenuação em baixas frequências comece bem abaixo da mais baixa
frequência de interesse. Como explicado nas aulas anteriores, o ponto, referente a frequência onde o nível de sinal
cai 3 db, ou seja, a frequência de corte, para o Rk = 3,3kohms e o valor de Ck=4,7 Microfarads é:

f = 1/2Pi.Rk.Ck = 10Hz

Caso esse capacitor seja escolhido de forma que a frequência de corte do filtro fique acima da menor frequência de
interesse do sinal, parte do espectro do sinal poderá ser retirada indesejadamente.

A menor frequência produzida pela guitarra, em afinação padrão é de 82Hz, então com a frequência de corte, em
10Hz estamos bem abaixo da região de interesse. Na pratica a frequência de corte é um pouco mais alta do que a
calculada pela equação anterior. E também depende do ganho. Por isso é melhor escolher um ponto de corte de
baixa freqüência suficientemente baixo para garantir que o desempenho do amplificador em baixas freqüências não
será afetado.

Curiosidade:
Em alguns amplificadores o valor do capacitor de bypass do catodo, é intencionalmente reduzido para modelar a
resposta em frequência pela atenuação das baixas frequências. Um famoso exemplo é o Marshall "Plexi", onde um
canal usa um resistor de catodo de 820 Ohms com um capacitor Ck de 250 Microfarads, e o outro canal, um resistor
de 2,7 Ohms e um capacitor de 0,68 Microfarads. O primeiro canal é calculado com a frequência de corte em torno
de 1 Hz , enquanto o segundo, chamado de "Brightchannel", ou "canal Brilhante" em português, tem a frequência de
corte do filtro capacitivo do capacitor de catodo de 87Hz. Muitos guitarristas conectam um cabo de jumper de um
canal para o outro, para permitir a mistura dos dois sinais para alcançar uma boa tonalidade.

- O circuito de "GRADE"

É o ramo do circuito por onde o sinal chega, no caso, da guitarra, e entra para a grade da válvula.

A máxima tensão de saída de um captador humbucker de uma guitarra é da ondem de 1,2V pico a pico. de um Single
coil é um ligeiramente a baixo disso. Desde o ganho para nosso amplificador de entrada é 70V/V, a tensão AC de
placa com o sinal máximo de entrada é tão alto quanto 140V pico a pico. A tensão de alimentação é 330V e o ponto
quiescente DC da placa é 200V, como vimos anteriormente no gráfico.

Então o amplificador pode sair a cima de 200V pico a pico, e assim vai manipular a oscilação da tensão máxima de
saída com algum espaço de sobra.

Nosso amplificador de entrada tem uma entrada única que está conectada ao terra via Ri, que é um resistor de
1Mohm. Como explicado anteriormente, sobre condições de operação normais, uma corrente desprezível flui para a
dentro da grade. Então a impedância do amplificador é definida pelo Resistor de entrada, Ri e assim, nesse caso 1M
ohm.
Com a adição dessa impedância muito alta, a grade também apresenta capacitância. A grade, placa e catodo são
feitos de metal, eles agem como pequenos capacitores. A quantidade de capacitância efetiva, depende do ganho,
mas usualmente está em torno de 100pF. Essa capacitância age junto com a resistência da fonte para formar um
filtro "lo-pass", ou passa baixa com frequência de corte muito elevada. Ou seja, o circuito fica suscetível a amplificar
sinais de alta frequência indesejados.

Rg entra nessa hora. Ele é chamado "grid-stop resistor" ou resistor de parada a grade. E funciona junto com
essa capacitância de entrada para estabilizar o amplificador por prover atenuação nas frequências muito altas. Se
nos assumirmos uma capacitância de 100pf, com o resistor escolhido de 22kOhms, usando a equação.

1
𝑓=
2𝜋𝑅𝑘 𝐶𝑘

A frequência de corte estará em 72kHz, ou seja, atenuará apenas as frequências muito acima do espectro do áudio.

Todos os circuitos de grade deverão incluir os resistores de "grid-stop".

Muitos amplificadores de guitarra tem mais do que uma entrada. Usualmente eles são arranjados de modo que o
ganho de um canal é mais alto do que o outro. A figura a seguir:
A figura mostra um típico arranjo de entrada duplo. Usado em muitos amplificadores Fender. Jacks de entrada
chaveados são usados, onde um plug(macho) é inserido, o contato da chave representado pela flecha na figura,
abre. Se a guitarra é plugada na entrada 2, os dois resistores de 68kOhms são colocados em paralelo com a chave da
entrada1, então o resistor de 1Mohm, e o Resistor de "Grid-Stop" é 34kohms. Se uma guitarra é plugada na entrada
1, o resistor de 1megaohms é conectado a terra pela chave da entrada 2, então o resistor de 68kohms e o resistor de
Grid stop é 68kohms, atenuando a entrada de sinal por 6dB. Se guitarras são conectadas nas duas entradas, a
resistência aproximadamente 1Mohm, e cada entrada é encaminhada através do resistor de 68k ohms para a grade.
Esses resistores permitem que os dois sinais sejam misturados enquanto interagem minimamente e também servem
como resistores de Grid stop.
Capítulo 8 – CIRCUITOS DE CONTROLE DE VOLUME E “TONE” (EQUALIZADORES)
– Parte 1

Amplificadores, possuem controles de volumes e tonalidade usando resistores variáveis, chamados


"potenciômetros".

Eles possuem 3 terminais, sendo, os 2 das extremidades, estão ligados em cada ponta do elemento resistivo, e o
terceiro, representado por essa seta, é o elemento, o do meio, que desliza, sobre esse resistor, gerando assim a
possibilidade da variação da divisão de tensão. A posição desse elemento do terminal central, determina a
resistência dele para cada ponta do elemento resistivo.

Esse elemento resistivo, pode ser linear, ou seja, com a variação linear da posição do elemento central, em relação
ao elemento resistivo, causa uma variação LINEAR no valor da resistência. Ou também pode ser logarítmico (em
inglês, algumas vezes referido como “audio taper”), que com uma variação fixa do elemento central, causa uma
variação exponencial na resistência.

Amplificadores de guitarra usam dos dois tipos. Volume controls usam o potenciômetro logarítmico, enquanto os
tones e outros controles podem usar ambos, dependendo do circuito e da resposta desejada. Os potenciômetros
logarítmicos são referidos geralmente com a letra A e os lineares, com a letra B, como por exemplo, esse
componente.

Nossa audição possui característica logarítmica, com relação ao aumento do nível de sinal elétrico. Ou seja, o dobro
do nível de sinal, em volume, para nós, não representa o dobro do volume, mas sim apenas um pequeno acréscimo.
Por isso, em casos específicos, utilizamos a notação de variação de sinal em Decibel (dB), pois é uma escala que
obedece uma função logarítmica, e lineariza as escalas, transformando variações exponenciais, em variações de
acréscimo ou decréscimo diretos.
Por exemplo:

O nível de sinal dobrou, aumentou 3 db.

200 unid. sinal => 400 unid. sinal

Agora o nível de sinal quadruplicou, aumentou 6dB


200 unid. sinal => 800 unid. sinal

Agora o nível de sinal está 16 vezes maior, aumentou 12dB

Ou seja, 200 unid. sinal + 12dB = 3200 unid. sinal.

Aumentando 256 vezes, representa um acréscimo de 24dB, e assim por diante...

Então quanto temos uma variação exponencial, de nível de sinal e utilizamos a escala em dB, passamos a não nos
preocupar com o valor real de tensão ou potência do sinal, mas sim com uma variação linear que é perceptível para
nós, por ser audível e facilmente referenciada.

Vamos adicionar um controle de volume na saída do amplificador de entrada, estudado anteriormente.

Nessa aplicação utilizaremos um potenciômetro logarítmico, então mudando a configuração do controle com uma
variação fixa, percebemos uma variação no volume linear.

A impedância de saída do amplificador é igual ao paralelo da resistência de carga (resistor da placa, RL), com a
resistência de placa da válvula.
*mostra isso que eu to falando em animação*

Para a 12AX7, utilizada, a resistência de placa, para determinada configuração é 62,5kOhms, então a impedância de
saída é 48kOhms, o paralelo do 220 kOhms com 62,5 kOhms.

O Valor do potenciômetro deve ser grande em relação a impedância de saída, então nos escolhemos o valor de
1MOhm. 500kOms poderia funcionar bem nessa aplicação. Você pode adicionar um Capacitor , como o Cb para
impulsionar as altas frequências.
A quantidade de impulsão das altas frequências dependem da configuração do controle de volume, com menor
volume, maior o impulsionamento dessas altas frequências , que pode resultar em maior o boost de agudos. O valor
usual do Cb é da ondem de 500pF.

Note que a escolha do potenciômetro, também depende do estágio seguinte. Nesse exemplo nos assumimos que o
próximo estagio é outro amplificador, com uma impedância de entrada alta o suficiente, então
o potenciômetro também deverá agir como o resistor de entrada para o próximo estágio, não sendo necessário a
utilização de um novo resistor de entrada.
Esse arranjo é usado em muitos amplificadores de baixo custo e baixa potencia, incluindo versões mais antigas do
Fender Champ.

Agora vamos adicionar um simples controle de tonalidade, como na figura 2,11. Nesse circuito foi usado em um
amplificador chamado Magnatone M7.

Para as baixas frequências, a impedância do capacitor de 0,0022u farads é alta, então tem pouco efeito nos sinais de
baixa frequências. De qualquer forma, R1 e R2, formam um divisor de tensão, então as baixas frequências são
atenuadas em 6dB. Em geral se você quer que o circuito de controle de tom faça um "boost", como também, faça
um corte, o circuito precisa atenuar o sinal aproximadamente a quantidade do boost desejado. Então se você quer
os controles de tone ofereçam mais de 10dB de boost, o circuito vai atenuar o sinal por volta de 10dB. Essa perda é
constituída na fase seguinte...

Para entender o que acontece nas altas frequências, vamos considerar duas situações:
Uma onde o potenciômetro está no alto da escala, então o capacitor de 0.0022microfatads está em paralelo com R1,
e outra quando o potenciômetro está na posição de baixo da escala, então o capacitor está em paralelo com R2,
onde um de seus lados está aterrado.

Na primeira situação as altas frequências são impulsionadas, por causa da impedância do capacitor de 0,0022u
farads abaixa a combinação paralela do R1 com o capacitor, diminuindo a atenuação do divisor de tensão...
Em 154hz, onde a impedância do capacitor se iguala a R1, a resposta é impulsionada cerca de 2,5dB e o boost cresce
a cima de 6dB a medida que a frequência aumenta.
Na segunda situação as altas frequências são atenuadas porque a impedância do capacitor diminui a combinação
paralela com o R2 e o capacitor faz crescer a atenuação do divisor de tensão. Desde que R2 seja igual R1, a
atenuação começa cerca da mesma frequência (154Hz). E aumenta com o aumento da frequência. Ao contrário do
boost, o corte não é limitado a 6dB, você pode ver a resposta em frequência desse circuito com um potenciômetro
de “tone” na metade da escala e em ambas as extremidades.

O gráfico mostra a resposta em frequência em todos os casos.

Como o potenciômetro é movido entre as duas extremidades, o boost ou corte variam entre os dois limites descritos
acima. Note que se mudarmos o valor do capacitor de 0,22 uF , também mudaremos a frequência aonde o boost ou
corte ocorrem. Abaixando o valor do capacitor, ocorre um aumento dessa frequência, aumentando o capacitor,
abaixa essa frequência. De qualquer forma temos poucas razões para aumentar o valor do capacitor de
0,0022ufarads, já que a frequência de corte já está muito baixa.

A impedância de entrada do circuito vista da placa depende da configuração dos controles de volume e tones,
podemos considerar o capacitor de acoplamento de 0,02u farads para ser um curto circuito para as frequências de
audio de interesse. Se o controle de volume está todo para baixo, a impedância de entrada é 1M ohm, se o controle
de volume está para cima, a impedância de entrada para as baixas frequências é o controle de volume 1M em
paralelo com a resistência do controle de tone 91Mohm, em paralelo com R1+R2, ou 333kOhms. Para as altas
frequências o capacitor de 0,0022 microfarads age em paralelo com o R1,R1 ou ambos, dependendo da configuração
do controle de tone. A impedância combinada desses três elementos vai se aproximar de 470kohms. Essa
impedância resultante de entrada é 1Mohm em paralelo com 1M ohm em paralelo com 470kohms, cerca de
240kohms. Em todos os casos a impedância de entrada é relativamente alta em relação a impedância de saída da
válvula.

A impedância de saída é menos importante, devido a alta impedância da carga dos estágios seguintes.

A impedância de saída também depende da configuração dos controles de tone e volume, e para baixas frequências,
será entre 235 - 280kohms. Para as altas frequências, a impedância de saída pode ser menor, dependendo da
configuração do controle de tone.

Nesse design, o valor relativamente alto do R1 (470kOhms) junto com a capacitância de entrada do próximo estagio
pode causar uma queda nas altas frequências.
Capítulo 9 – CIRCUITOS DE CONTROLE DE VOLUME E “TONE” (EQUALIZADORES)
– Parte 2
Se nós quisermos separar controles de baixo e agudo, nos temos que adicionar o clássico circuito de controle de
tone da fender na saída do nosso amplificador de entrada.

A operação desse circuito é um pouco difícil de entender, mas vamos com calma. Como nós sabemos, existem 3
capacitores, dois potenciômetros e dois resistores para considerar. E também o controle de volume foi movido da
entrada do controle de tone para a saída. Isso gera uma alta impedância de carga para o circuito de controle de tone
e um adequado resistor de entrada para a impedância do próximo estágio. A impedância da fonte é a impedância de
saída do primeiro estágio, ou seja, o amplificador de entrada, ou então 48kohms.

Considerando o circuito para altas frequências. Primeiro C2 e C3, vão ter relativamente baixa impedância em altas
frequências, então eles podem ser pensados como curto-circuitos, simplificando o circuito para o seguinte circuito
equivalente

Por causa do valor de R2 ser baixo em relação ao R1, e também ao potenciômetro de agudo, isso pode também ser
considerado um curto circuito então C1 e o controle de agudo em paralelo com o controle de volume formam o filtro
high pass de primeira ordem com a frequência de conte em cerca de 3KHz. Como nos notamos anteriormente,
mudando o valor de C1, muda a frequência de corte. R1 forma um atenuador com a impedância de saída do
amplificador de entrada e R2, causando uma redução do nível de sinal cerca de 3,5dB e permitindo algum sinal de
larga escala a passar para a parte de baixo do controle de agudo.

Se o cursor do potenciômetro do controle de agudo está no topo, os sinais de alta frequência passam para o controle
de volume e para o próximo estagio. Se o cursor está em baixo, as altas frequências são atenuadas devido ao divisor
de tensão criado pelo R2 e o controle de agudo. Se o cursor está no meio, os sinais de alta frequência são atenuados
por volta de 12dB. Então podemos pensar nesse circuito como um controle de agudo que apresenta cerca de 15dB
de atenuação e prove 12dB de boost ou corte, acima de 3kHz, com progressivamente menos boost ou corte para as
frequências abaixo da frequência de corte.

Para as baixas frequências, a impedância de C1 Se torna muito alta e C1 pode ser considerado como um circuito
aberto.

Agora, vemos o circuito equivalente para baixas frequências.

Primeiro note que a configuração do controle de agudo afeta o nível de sinal de baixa frequência ligeiramente,
porque a resistência do controle de agudo forma um divisor de tensão com o controle de volume, de qualquer forma
a diferença máxima entre os dois extremos do cursor é de apenas 2dB.

Se o cursor do controle de graves esta no topo do potenciômetro, o controle é curto-circuitado e C2 e C3 estão em


paralelo, eles formam um filtro passa altas, com R2, com a frequência de corte de 160Hz. Mas R1 e a impedância de
saída do amplificador de entrada forma um divisor de tensão com R2, causando 27dB de atenuação em cima da
frequência de corte e maior, mais abaixo. Então nessa posição os sinais de baixa frequência serão atenuados.

O cursor do controle de grave está ligado na parte de baixo do potenciômetro, C2 forma um filtro passa alta com o
controle de grave em serie com R2, com a frequência de corte em cerca de 6Hz. Mais importante, o divisor de tensão
formado pelo R1 e o controle de grave em serie com R2, agora introduz apenas cerca de 3db de atenuação, então os
sinais de baixa frequência estão passando para a parte de baixo do potenciômetro de agudo e para o próximo
estagio. As altas frequências passarão por C3 para a junção do R2 e o controle de grave, causando lhes atenuação de
24dB começando na frequência de corte e cerca de 500hz. Então nos podemos pensar que esse circuito funciona
como um controle de grave que introduz cerca de 15dB de atenuação e gera cerca de 12dB de boost ou corte, nas
baixas frequências, com uma quantidade de boost ou corte, gradualmente reduzida com as frequências acima de
500hZ. Mudando o valor de C3, afeta as frequências acima do limite do controle de graves.
Então essas são as curvas de resposta em frequência do circuito

Como podemos ver, o controle de agudo tem um alcance de cerca de 20dB com mais boost disponível do que corte.
O controle de graves tem um alcance efetivo de cerca de 14dB em 80hz, com amis corte disponível do que boost.
Você pode também ver um afundamento nas médias frequências, especialmente evidente na curva com os controles
de grave e o agudo no meio, (no 5 em uma escala de 0 a 10). Note que esse rebaixo parece muito com a curva onde
o grave e o agudo estão no máximo (em 10), apesar dele estar nas baixas frequências.

A impedância de entrada do circuito varia com a frequência e a configuração dos controles. Para as baixas
frequências, a impedância de entrada mínima é R1 mais R1, desde que C1 possa ser considerada um circuito aberto.
Como notado anteriormente, isso causa aos sinais de baixa frequência uma atenuação de alguns dB.
Para as altas frequências podemos considerar C1 no circuito equivalente, como curtocircuitado, então se nós
negligenciarmos o efeito do controle de volume, a impedância é R1 em paralelo com o controle de agudo, mais R2,
ou 78kOhms, Assim, sinais de alta frequência também um pouco atenuados.

A impedância de saída do circuito de controle de tone depende da configuração dos controles de grave e agudo, de
qualquer forma isso sempre vai ser confortavelmente abaixo da resistência de carga de 1Mohm, a resistência do
controle de volume (que também é a resistência de entrada do circuito do próximo estágio)

-A resposta em frequência com os controles de tone configuradas para os meio cursos, não são "flat". Isso está
referenciado a "expressão" do amplificador, uma consideração artística importante. Nos mudamos a expressão do
amplificador para prover um som melhor quando ele é usado para amplificar um sinal de guitarra.

-As características de boost e corte não são simétricas. Elas são escolhidas para prover uma escala de controle para
obter sons utilizáveis para uma variedade de guitarras.

-Os controles interagem. Por exemplo, você pode ver o grave em 10, agudo e baixo nas curvas de 10 e apenas o
baixo em 10, agudo em zero, que os sinais graves decrescem em nível quando os controles de agudo são
aumentados.
- Os circuitos de controle de tone que proveem boost causam perda total no sinal. A quantidade de perda depende
do circuito, mas em todos os casos essa perde pode ser causada pelos estágios de amplificações posteriores.
Podemos desenhar circuitos de controle de tones que não interagem e proveem uma resposta no geral "Flat". De
qualquer forma, isso não é frequentemente a melhor aproximação de um bom som, e para implementar tais
circuitos requerem componentes e estágios de amplificação adicionais.
Capítulo 10 – O SEGUNDO ESTÁGIO DE AMPLIFICAÇÃO
O Segundo estágio de amplificação gera um ganho adicional para recupera as perdas dos circuitos de controles de
tone e volumes e proveem um nível de sinal suficiente para conduzir o próximo estágio. Alem disso ele é um
"circuito seguidor" para o circuito de controle de tone e volume para os estágios posteriores por gerar uma alta
impedância de entrada e uma relativa baixa impedância de saída.

A maioria dos amplificadores pequenos usam uma única válvula de saída. Nós chamamos isso de operação “Single
Ended” (SE). Nessa configuração o segundo estágio geralmente leva diretamente ao circuito valvulado de saída. Nos

amplificadores mais potentes com estágio de saída PUSH PULL (PP), o segundo estágio alimenta o "driver" do estágio
de saída, que iremos ver mais adiante.

O esquemático mostra um típico circuito de segundo estágio. O design é similar ao amplificador de entrada.

Porém, o valor do resistor de carga foi reduzido para 150kOhms. Nos podemos ver o efeito dessa mudança olhando
a linha de carga para esse novo circuito.

Para calcular o ganho do segundo estágio, fazendo os mesmos cálculos que fizemos para calcular o primeiro estágio,

Ou seja:

Com uma tensão de alimentação no circuito de placa de 320V


Com a válvula se comportando como um circuito aberto, ou seja, a corrente de placa é igual a 0, tensão de placa é a
tensão de alimentação transpassada pelo resistor, pois não há corrente, não há queda de tensão, tensão de placa =
320V
Ip=0A ;Vp = 320V

Com a valvula no outro extremo, ela se comportando como um curto circuito, a queda de tensão é total em RL, a
tensão na placa é igual a Zero e, pela lei de ohm, com 320Volts aplicado a RL, produz uma corrente 2,1333..mA,
Ip=2,1333..mA ; Vp =0

Com esses dois pontos podemos formar a reta de carga do gráfico.


Olhando para o gráfico, o Rk foi escolhido de forma a selecionar o ponto de operação da válvula, ou seja, foi
escolhido a região, por todos os critérios vistos anteriormente, sobre procurar a linearidade da amplificação, curvas
de tensão na grade igualmente espaçadas, para essa angulação de curva de carga. Um ponto onde haja possiblidade
de uma operação confortável da válvula, sem se aproximar da região de corte ou saturação extremos e assim por
diante.

Para facilitar os cálculos de ganho


Foi escolhido a região com Tensão de grade com diferença de 1V, Entre -1,5V e -2,5V, onde a tensão de placa varia
de 180V para 245V, então a variação de 65V na saída com uma variação de entrada de 1V gera um ganho de 65V/V
ou seja, 36dB.
Esse amplificador tem um ganho levemente menor do que o amplificador de entrada... e o ponto de operação está
localizado onde sinais de nível alto são amplificados mais linearmente.. (?)

Então o Rk, é cerca de 2V/ 0,675mA (Vg/Ip) = aproximadamente 3Kohms. O valor comercial foi escolhido igual ao
primeiro estágio igual a 3,3Kohms

Com o amplificador de entrada tendo o ganho de 37dB, os circuitos de controle de tone ter uma perda de 20dB com
todos os controles na metade e o segundo estágio de amplificação ter um ganho de 36dB, agora nos temos 53dB de
ganho disponível, dependendo de onde o volume está “setado”. Dado 2V de pico a pico na saída de um captador, a
tensão de saída no segundo estágio com o volume no máximo é acima de 500V pico a pico, e claramente impossível
com os 320V da alimentação da placa, como vimos anteriormente. Então nos sabemos que o segundo estagio do
amplificador distorce sobre essas condições. Se o grave ou o agudo estão ajustados acima do ponto médio, a
distorção vai ocorrer para mais baixos níveis de sinais de entrada, nas frequências que sofreram o boost do
equalizador.

Para calcular o capacitor de acoplamento C1, é usado a formula anteriormente vista

Fc = 1/ 2 piRC , = 2,38Hz

ou seja, o capacitor começa a filtrar a baixo dessa frequência, filtrando assim os 0Hz, as tensões contínuas.

O Ck, como o Rk= 3.3k já foram calculados anteriormente no primeiro estágio.


Capítulo 11 – UMA SIMPLES FONTE DE ALIMENTAÇÃO

Finalmente, chegamos ao final desse módulo, agora que tudo foi visto e aprendido, é hora de começar a montar o
seu próprio amplificador, e nada melhor do que iniciar a sua montagem pela fonte de alimentação.

Com a finalidade de testar todo o circuito do pré-amplificador, será mostrado um circuito básico de fonte de
alimentação, nesse módulo, e no próximo, um estudo mais aprofundado de dispositivos que podem melhorar o
desempenho das fontes de alimentação.

Um fonte bem projetada é fundamental para um bom fornecimento de energia para os circuitos de áudio. Quaisquer
eventuais ruídos da fonte, poderão afetar drasticamente os sinais de saída de áudio.

Será utilizado nessa parte, o seguinte circuito:

Como exemplo de cálculo e projeto das especificações de uma fonte simples, de filtro capacitivo, com fins de
aprendizado, será disponibilizado nos anexos, um projeto completo, de fonte de alimentação com filtro capacitivo.
ANEXOS

TABELA CORES DE RESISTORES

TABELA DE CAPACITORES
DATASHEETS DE VÁLVULAS EM http://drtube.com/en/library/tube-datasheets
Referências Bibliográficas

Design and Construction of Tube Guitar Amplifiers – Robert Megantz – TacTec Press

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