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CAPÍTULO III

1. SUMÁRIO

1- Controle do Disparo
1.1 - Forma do Pulso de Disparo

2- Princípio Básico do Controle

3- Limitações do Controle Manual

4- Corrente Constante x Tensão Constante

5- Características Desejadas para o Controle

6- Dispositivos Básicos que Compõem um Sistema de Controle


6.1 - Controle de Corrente Constante (C.C.C.)
6.2 - Controle do Ângulo de Extinção Constante (C.E.A.)
6.3 - Controle do Ângulo Mínimo de Ignição Constante (C.I.A.)
6.4 - Controle da Mudança de TAP
6.5 - Equivalência com o Sistema de Controle Real

7- Esquema de Funcionamento do Controle dos Conversores

8- Características Ud x Id Individuais do Retificador e Inversor

9- Reversão de Potência e Características Ud x Id Combinadas do


Retificador e Inversor

10 - Sistema de Controle Simplificado

11 - Controle da Potência e Limites de Corrente

12 - Controle de Freqüência

13 - Exercícios Resolvidos
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CAPÍTULO III

2. OBJETIVO

Apresentar ao participante os princípios de controle básicos de um sistema de


transmissão em HVDC, o disparo das válvulas de um conversor de 12 pulsos bem como a
forma pela qual ambos foram implementados no Sistema de Transmissão HVDC de
Itaipu, aqui abreviado para STHI.
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CAPÍTULO III

3. CONTEÚDO

1- Controle do Disparo

Antes da apresentação da filosofia do controle das válvulas, seria interessante a


recapitulação de alguns pontos sobre a condução dos tiristores.

O controle de disparo, pode atrasar o instante de condução das válvulas, porém,


após as mesmas estarem conduzindo, não é possível interromper o fluxo de corrente.

Uma das condições para que as válvulas comecem a conduzir é que as tensões do
ânodo e do gatilho sejam ambas positivas em relação ao cátodo.

Para que as válvulas deixem de conduzir (“corte”) é necessário que a corrente do


circuito externo caia abaixo de seu valor mínimo (50 A para o STHI).

Na prática, para o caso dos conversores, a condição do circuito que inicia o corte
de uma válvula é o disparo da válvula seguinte.

O corte simultâneo de todas as válvulas, que ocorre em casos extremos como a


operação de uma proteção, pode ser obtido através de um modo de controle chamado
RETARD. Este, eleva o ângulo de disparo do retificador para qualquer coisa ligeiramente
superior a 90o, quando então a tensão do retificador tenderia a se tornar negativa,
levando a corrente ID para zero.

1.1 - Forma do Pulso de Disparo

Tendo em vista que uma válvula, uma vez disparada, conduz até que seja
concluída a comutação com a próxima, teoricamente seria necessário somente um pulso
de pequena duração para dispara-la. Porém, como pode existir uma extinção prematura
da corrente devido a distúrbios no sistema, é aconselhável que, durante todo o período de
condução de uma válvula (120 o ), se repita sistematicamente o disparo.
Na prática, o que se tem, é a repetição do pulso de disparo por 10 vezes a
intervalos regulares de 10 us. Após o décimo disparo, e até que se conclua o período de
condução, novos disparos são produzidos a intervalos de 100 us, conforme mostrado na
figura abaixo :

Figura 1
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CAPÍTULO III

Os pulsos são calculados e produzidos pelo CFC – Converter Firing Control – em


12 vias (4 válvulas por fase x 3 fases) e transmitidos em 24 Vdc até às VCUs (Valve
Control Unit – uma por fase). Nas VCUs, os pulsos são convertidos em luz e transmitidos
em fibra ótica para suas respectivas GCUs (Gate Control Unit). As GCUs, já bem
próximas dos tiristores, reconvertem os pulsos óticos em elétricos, tipicamente na ordem
de 1 a 2 ampères e de algumas centenas de volts, aplicando os mesmos aos gatilhos das
válvulas que estarão em condução.

As válvulas que não devem conduzir, são bloqueadas pela aplicação contínua de
uma tensão negativa aos seus gatilhos. Caso uma proteção de conversor ou polo opere
e seja necessário interromper o processo de conversão, apenas os pulsos positivos serão
interrompidos, permanecendo a tensão negativa nos gatilhos de todas as válvulas.

2- Princípio Básico do Controle

Considerando-se a FIG.2 , onde é apresentado o circuito equivalente de um


Sistema de Transmissão em Corrente Contínua, a corrente que flui pela linha será dada
por :

Figura 2

Sendo 3
: Rc1 = Lcr

Rc2 = 3 Lci
Equação 1

Onde Rc1 e Rc2 representam as resistências equivalentes de comutação dos


conversores, Rl representa a resistência da linha de transmissão. Notar que Rc2 possui
sinal negativo no circuito equivalente, porque este é montado a partir da relação, já
conhecida para o inversor :

Udi = Udo – Rc2.Id

O lado esquerdo da Figura 2 representa o retificador e  é seu ângulo de


disparo. No lado direito temos o inversor onde  é seu ângulo de extinção, ou seja, o
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ângulo entre o término da comutação e o instante em que não seria mais possível esta
comutação.

A Figura 3 apresenta, a título de recordação, a visualização destes ângulos. Da


figura observa-se que :

 =  – 
 =  – 
 =  –  =  – 

Prova -se que, durante a comutação :

I3 = Is2

Em = Tensão fase-neutro

Lc = Indutância de magnetização do
trafo conversor, por fase.

 = Frequência do sistema AC

Onde, Is2 = Is2max ( cos  – cos t ).

Figura 3

Voltando à Eq.1, notamos que Id depende da diferença entre as tensões do


retificador e do inversor (numerador) dividido pela resistência total (denominador). Tendo-
se em vista que, na prática, os valores das resistências são constantes para cada
sistema, podemos afirmar que a corrente Id poderá ser controlada se pudermos controlar
estas tensões.

Assim, todos os parâmetros (corrente, potência e tensão em determinado ponto da


linha) são controlados pelas duas tensões internas; estas, por sua vez, podem ser
controladas de duas formas :
A - Através do controle do disparo :

A tensão interna do retificador é expressa por Udor. cos  e a do inversor por


Udoi. cos . No retificador, o controle de disparo comanda o ângulo de disparo  e, no
inversor, o controle do disparo atua de modo a controlar o ângulo de extinção . Desta
forma obtém-se, por via indireta, o controle da tensão de ambos.
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B - Através do controle da tensão alternada :

A tensão ideal sem carga Udo (Udor para o retificador e Udoi para o inversor) é
diretamente proporcional a tensão alternada conectada ao terminal
correspondentes. Em alguns casos excepcionais a tensão alternada pode ser controlada
pela excitação do gerador, porém, normalmente ela é controlada pela mudança dos taps
dos transformadores dos conversores.

O controle de disparo é rápido (1 a 10ms), enquanto que o controle dos taps é


lento (5 a 6 segundos por derivação). Estes dois processos de controle da tensão são
utilizados em cada terminal. O controle de disparo é usado inicialmente para uma ação
rápida e a seguir são usados os taps para restabelecer certos valores, tais como ângulo
de disparo do retificador ou a tensão do inversor, aos seus valores nominais.

3. Fundamentos do Sistema de Controle

As tensões DC (e consequentemente a corrente Id) nos terminais da linha podem


variar rapidamente, devido principalmente a problemas de curto circuito, distúrbios no
sistema AC ou falhas nos conversores. É responsabilidade, então, do controle do
conversor, restaurar rapidamente as condições desejadas da linha DC.

Façamos uma análise baseada nas características de regulação (Ud x Id) para um
ponto P genérico da linha, arbitrariamente fixado na saída do terminal retificador, supondo
uma ponte de 6 pulsos em cada terminal, por pólo (ver Figura 4).

A tensão Ud, vista pelo retificador, será :

Ud = Udor . cos  – Rc1. Id (Equação 2)

A tensão Ud, vista pelo inversor, será :

Ud = Udoi . cos  + (R – Rc2). Id (Equação 3)


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Interessa-nos agora representar graficamente as expressões acima.

Para o retificador, temos a equação de uma reta em que a interseção desta com o
eixo vertical se dá no ponto Udor.cos e a inclinação sendo dada por (- Rc1), negativa
portanto.

Para o inversor, temos a equação de uma reta em que a interseção desta com o
eixo vertical se dá no ponto Udoi.cos  e a inclinação sendo dada por ( RL - Rc2 ), que
na prática é normalmente negativa ( Rc2 > RL ).

No gráfico da Figura 5, abaixo, estão representadas as características do


retificador e do inversor.

Ponto de Operação

Como em um ponto da linha só pode existir um único valor de tensão e corrente


(num dado instante) e este deve satisfazer simultaneamente às equações 2 e 3, temos
que o mesmo será dado pela interseção de ambas as retas (Ponto N).

A cada reta, estão associados determinados valores de Emr e  ou Emi e .


As tensões Em, como já vimos, representam os valores máximos das tensões AC fase
neutro aplicadas à ponte conversora correspondente.

Assim, se um desses parâmetros sofrer variação, teremos na realidade, como reta


representativa daquele conversor, para as novas condições, uma nova reta paralela à
original. Paralela, porque os coeficientes angulares de cada reta, dados pelas
resistências de comutação e resistência da linha, não mudam.

Vejamos agora como o ponto de operação (N) é afetado por variações nas tensões
AC de alimentação dos conversores.
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Suponhamos inicialmente uma redução na tensão AC do inversor (Emi). Pela


Figura 6 podemos ver que o ponto de operação seria deslocado para o ponto A, onde Ida
é maior do que Idn.

Suponhamos, agora, uma redução na tensão AC do retificador (Emr). Neste caso,


teremos um novo ponto de operação, o ponto B, onde Idb é menor que Idn.

Conclui-se que variações da tensão alternada acarretam flutuações significativas


da corrente Id na linha DC. Tendo em vista que são indesejáveis grandes flutuações
desta corrente, torna-se necessário o uso de um controle de ação rápida sobre a
corrente.

Um controle de corrente, para o caso do ponto A, atuaria sobre o ângulo , do


retificador, aumentando-o e com isso reduzindo a tensão DC interna do retificador. Desta
forma, também a corrente Id será reduzida, voltando a seu valor Idn original.

Para o caso do ponto B, o controle de corrente atuaria sobre o ângulo  do


retificador, reduzindo-o. Desta forma, a tensão DC interna do retificador será aumentada
e isso, por sua vez, irá fazer aumentar também a corrente Id, que retornará ao seu valor
Idn original.

4. Corrente Constante Versos Tensão Constante

As duas alternativas usuais que permitem o controle de potência na operação de


um link DC seriam:

A - Manter a corrente constante e variar a tensão.


B - Manter a tensão constante e variar a corrente na linha.

Para a escolha da melhor alternativa, devemos levar em conta os seguintes


aspectos :
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As correntes de curto-circuito para sistemas AC, que possuem reatância,


apresentam grandes magnitudes. Para sistemas DC elas serão ainda maiores, já que só
há, praticamente, a resistência da linha.

Sistemas DC operando na base de corrente constante apresentariam, em termos


ideais, uma corrente de curto-circuito igual à nominal, porém, na prática tal valor chega a
ser da ordem de duas vezes a corrente nominal.

Assim, para limitar a variação da corrente Id , impor-se-ia naturalmente a opção de


corrente constante.

No tocante às perdas do tipo R.I 2 (perdas ôhmicas), estas serão sempre as


mesmas num sistema com corrente constante, o que não é desejável, pois, haverá perda
de eficiência na transmissão de baixas potências. Aqui, a opção tensão constante seria a
mais indicada.

Quanto às perdas por corona e fugas em isoladores, sabemos que são perdas
dependentes da tensão. Na prática, entretanto, estas perdas são bem menores que as
perdas ôhmicas.
Assim, sob o aspecto de perdas, é preferível a opção de tensão constante. Já sob
o aspecto da limitação de variação da corrente, a melhor opção seria a de corrente
constante.

No passado havia sempre alguma incerteza quanto à escolha do melhor método e


os primeiros projetos de corrente contínua usavam o modo de corrente constante. Hoje,
entretanto, é possível, com o uso de controles automáticos mais sofisticados, combinar as
vantagens de cada método.

Assim, é comum operar-se um link DC mantendo a tensão DC no inversor em seu


valor nominal, independente da potência transmitida, enquanto que a tensão DC no
retificador será calculada e controlada de forma a se manter na linha DC uma corrente
que produza, juntamente com a tensão do inversor (ênfase na carga) ou do retificador
(ênfase na geração), uma potência igual à desejada pelos operadores do sistema (ONS).
Este modo de operação é chamado de Controle de Potência, e é universalmente adotado
hoje em dia.

5. Características Desejadas para o Controle

São desejadas as seguintes características de controle :

- Limitação da corrente máxima, para evitar dano às válvulas e outros dispositivos.

- Limitação de flutuação da corrente, devido a flutuação da tensão alternada.

- Fator de potência o mais alto possível.


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- Valor da tensão o mais constante possível e igual ao seu valor nominal, para
minimizar as perdas para uma dada potência.

- Controle de potência e, em alguns casos, da freqüência de um dos sistemas AC


terminais.

- Cuidados para que se evite falhas de comutação no inversor.

- Cuidados para que se evite falhas de disparo no retificador, provendo uma tensão
de ânodo suficiente antes da ignição.

O fator de potência de cada conversor é dado pela expressão :

cos    cos  + cos (  +  )  / 2 (para o retificador)

cos    cos  + cos (  +  )  / 2 (para o inversor)

Para se obter então, um fator de potência razoavelmente alto,  e  devem ser os


menores possíveis.
Para o caso do retificador basta fazer  = 0, para o qual cos  = 1. Este valor,
porém, não é utilizado em sistemas onde cada válvula é constituída por vários tiristores
em série. Nestas instalações existe um valor mínimo para , normalmente da ordem de
5º. A implantação de um dispositivo que garanta esse valor mínimo para  praticamente
elimina a possibilidade de que um determinado tiristor venha a falhar durante a sua
ignição, por não possuir tensão anodo-catodo suficiente.

O STHI utiliza 94 tiristores em série para cada válvula e se algum desses tiristores
falhar em sua ignição, toda a tensão da válvula será aplicada sobre o tiristor que falhou,
uma vez que todos os demais entraram em condução (funcionando como chave fechada).
A tensão excessiva irá danifica-lo permanente, colocando em curto as suas junções.

No caso do inversor, para que não ocorra falha de comutação, o valor mínimo para
 deve ser da ordem de 17º, resultando assim um fator de potência, entretanto, não tão
alto.

6. Dispositivos Básicos que Compõem o Sistema de Controle

Este estudo será dividido em duas partes. Na primeira parte (ítens 6.1 a 6.4.), o
sistema de controle será abordado de forma didática, desvinculada do sistema de
controle real implementado no STHI. Na segunda parte (ítem 6.5.), indicaremos os
subsistemas que incorporam cada uma das funções apresentadas na parte anterior.

6.1. Controle de Corrente Constante ( C.C.C.)

Este dispositivo automático é na realidade um regulador de corrente, cuja função é


a de controlar a corrente Id, mantendo-a igual a uma corrente de comando Iref. Existe um
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dispositivo deste no retificador e outro idêntico no inversor (um por pólo, na realidade).
Em condições normais, estará atuante somente o regulador de corrente do retificador.

A Figura 7 apresenta o esquema básico de um regulador de corrente, onde


aparece também o SPP - sistema de produção de pulsos (um por ponte de 6 ou 12
pulsos).

Figura 7

Como funciona:

a- mede a corrente Id

b- compara-a com Iref

c- amplifica e integra (regulador tipo PI - proporcional e integral) o sinal de erro


 = Iref – Id
d- informa ao sistema de produção de pulsos a alteração que deve ser feita no ângulo
, a qual será proporcional ao sinal de erro .

e- o SPP efetua a alteração de , com isso variando a tensão DC e, em conseqüência


corrigindo Id até que Id = Iref e  = 0.

Caso a Id medida no retificador apresente um valor superior ao da corrente Iref, 


deve ser aumentado (consequentemente cos é reduzido) para que a tensão interna
Udor.cos seja reduzida. Como conseqüência, a diferença entre as tensões internas do
retificador e do inversor é reduzida e, assim, a corrente Id, também será reduzida.

Para o caso Id < Iref ,  deve ser reduzido para que a corrente seja aumentada.

Conforme já mencionado, o inversor também está equipado com um equipamento


idêntico, que entretanto, só passará a atuar (controlar a corrente) em determinadas
condições especiais que serão abordadas mais adiante.

A chave SW1 da Figura 7 permanece aberta no terminal retificador e fechada no


terminal inversor. Ela conecta ao somador do inversor o sinal Id, conhecido como
MARGEM DE CORRENTE e cujo valor é da ordem de 10% da corrente nominal.
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6.2. Controle do Ângulo de Extinção Constante ( C. E. A.)

O nosso sistema de controle do link DC, baseia-se, em condições normais, no


controle da corrente sendo feito no terminal retificador e no controle do ângulo de
extinção  ( constante) sendo feito no terminal inversor.

Isto significa dizer que o ângulo  deve, normalmente, ser mantido num valor
constante. Esta é uma imposição do nosso sistema de controle. Esse dispositivo de
controle, denominado C.E.A (Constant Extinction Angle), ao sentir que houve variação
no  (por influência de Id ou Em), modificará o valor de  convenientemente de modo a
retornar o  ao seu valor nominal constante n.

Este valor de  a ser utilizado pelo C. E.A, num dado instante é dado por

O valor de  nominal, n, é normalmente adotado em muitas instalações na ordem


de 15º (no STHI deverá ser de 17º).

Conforme já mencionado anteriormente, existem condições especiais em que o


inversor é obrigado a assumir o controle da corrente Id. Nestes casos isso será feito às
custas de variações do ângulo  (C.E.A não estará mais atuante), que portanto deixará
de operar no seu modo de  constante. Nesse caso o  só poderá ser variado para
valores superiores a n e nunca inferiores. O motivo disso é para prevenir falhas de
comutação, conforme já visto. Por isso, muitas vezes, o valor de n é também referido
como  mínimo.

6.3. Controle do Ângulo Mínimo de Ignição Constante (C.I.A.)

Se o valor do ângulo  no retificador não necessitasse ser limitado inferiormente,


ou seja, se pudéssemos trabalhar com  = 0º, nenhum dispositivo adicional seria
necessário já que zero grau elétrico é inerentemente o mínimo atraso possível.

Entretanto, conforme visto na seção 5, deve ser obedecido um ângulo  mínimo,


que, na prática, costuma ser da ordem de 5º (no STHI deverá ser 5º também).

Para evitar que o ângulo  assuma valores menores que min = 5º, utiliza-se um
dispositivo denominado C.I.A. (Constant Ignition Angle), que simplesmente impede os
disparos para  < 5º, liberando-os, a seguir, quando  for igual ou maior que 5º.

Assim, quando o ângulo , decrescendo de valor, atinge  min, o C.I.A. inicia sua
atuação e o mantém constante nesse limite até que  seja novamente aumentado,
ocasião em que esse controle (C.I.A) deixa de atuar.

O C.I.A. só atua no retificador. Para cumprir a sua tarefa, este modo de controle
poderia usar o método de medir a tensão sobre cada válvula e, enquanto estas forem
menor que , inibiria o disparo da válvula. Na realidade, não se deve utilizar
as tensões sobre as válvulas, mas sim as tensões secundárias de um transformador de
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CAPÍTULO III

controle cujo primário esteja conectado à rede do primário do trafo conversor.


Devidamente filtradas as tensões secundárias desse trafo, obter-se-ia tensões senoidais
mais isentas de distorções causadas pelo efeito da comutação das válvulas.

6.4. Controle da Mudança de TAP

Ambos os terminais tem seus trafos alimentadores dotados de taps no primário.


Existem controles que atuam sobre o comutador desses taps, em cada terminal.
Evidentemente, esses controles são de ação lenta (aproximadamente 5 seg. / tap) pois
dependem da ação eletromecânica do comutador.

6.4.1. Controle de Mudança de Taps do Retificador

Este é acionado sempre que o ângulo  sai dos limites de determinada faixa, dita
nominal (10º a 20º).

Se  < 10º, o comutador de taps será acionado de modo que a tensão DC seja
aumentada devido aumento da relação de transformação do trafo. Com isso, por ação
do regulador de corrente do retificador, o ângulo  é trazido de volta para dentro da sua
faixa nominal.

Se  > 20º, ocorre o inverso em relação à tensão DC e a relação de


transformação, também fazendo com que  retorne ao interior de sua faixa nominal.

Assim, em termos de ação lenta, podemos considerar que o ângulo  estará


sempre dentro da faixa especificada (10º a 20º), embora possa variar instantaneamente
(por ação do regulador de corrente) para valores bem distantes dessa faixa.

Nota : Para o STHI esta faixa nominal é de 12,5º a 17,5º e sempre que o comutador de
taps atuar, fá-lo-á no sentido de retornar o ângulo  ao valor central de 15º.

6.4.2. Controle de Mudança de Taps do Inversor

Este é acionado, em condições normais, sempre que a tensão Ud, medida na


saída do retificador (ponto P já visto), for diferente do seu valor nominal de operação
(600 kV / pólo para o STHI). Na realidade existe uma pequena faixa 600 kV  1,25% em
que, somente fora dela, o comutador de taps será efetivamente acionado.

Assim, se Ud medida < Ud nominal, o comutador de taps do inversor será


acionado de modo a aumentar a tensão DC através de uma elevação da relação de
transformação de seus trafos. Caso Ud medida > Ud nominal, ocorre o inverso.

6.5. Equivalência com o Sistema de Controle Real

As funções de controle apresentadas podem ser encontradas nos seguintes


subsistemas, como implementado no STHI :
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Função Nível Subsistema


Controle de Potência pólo PPC (pole power control)
CCA (current control amplifier)
CCC pólo PCC (pole current control)
CCA (current control amplifier)
CEA conversor CFC (converter firing control)

C.I.A conversor CFC (converter firing control)

SPP (produção de pulsos) conversor CFC (converter firing control)

Controle dos Taps conversor PTC (pole tap-changer control)

O modo de Controle de Potência será mostrado, com mais detalhes, na seção 11.
Também o CCA e o CFC serão estudados com mais detalhes.

7. Esquema de Funcionamento do Controle dos Conversores

Uma vez vistos os dispositivos básicos e suas funções, vejamos agora como eles
operam de forma integrada, ou seja, como o sistema de controle HVDC dos conversores
funciona no todo.

7.1. Em Condições Normais

Ao terminal retificador é atribuída a função de exercer o controle sobre a corrente


Id, procurando mantê-la constante e igual a Iref. Este é um controle de ação rápida que
atua sobre o ângulo  .

Ainda no terminal retificador, temos o controle de mudança de taps, cuja função é


a de procurar manter o ângulo  dento da sua faixa nominal. É um controle de ação
lenta que atua sobre a tensão AC do retificador.

Ao terminal inversor é atribuída a função de exercer o controle sobre o ângulo ,


procurando mantê-lo constante e igual a n. Este é um controle de ação rápida que atua
sobre o ângulo  ( constante - C.E.A atuando). O regulador de corrente que equipa o
inversor permanece não atuante.

Ainda no terminal inversor, temos o controle da mudança de taps, cuja função é a


de procurar manter constante a tensão Ud e igual à Ud nominal. É um controle de ação
lenta que atua sobre a tensão AC do inversor.

7.2. Em condições Anormais

No retificador temos que, enquanto o ângulo  puder ser variado pelo regulador de
corrente, estaremos no modo de operação descrito acima (condições normais). Ocorre
que existe um limite para  no retificador, a partir do qual este ângulo não pode mais
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CAPÍTULO III

ser variado, e isto ocorre quando  mínimo é atingido. Nesse momento o C.I.A passa a
atuar mantendo  constante e igual a  min, enquanto que o regulador de corrente estará
parado.

Para que o link DC não perca o controle da corrente Id nessas situações, é o


inversor que deverá assumir o controle da mesma, até que  >  min, ocasião em que o
controle de Id retorna automaticamente ao retificador.

O terminal inversor, quando assumir a função de controlar a corrente Id, procurará


mantê-la constante e igual a Iref - Id. Este é um controle de ação rápida que varia o
ângulo  (C.E.A deixa automaticamente de atuar e o ângulo  passa a ser variável), por
solicitação do regulador de corrente agora ativado no inversor.

Nessas condições, geralmente transitórias, o inversor perde a função de controlar


a tensão Ud, passando a mesma para o terminal retificador.

Assim, podemos dizer que, em situações anormais, e geralmente transitórias, o


terminal inversor controla a corrente Id (ação rápida) e o retificador, a tensão Ud (ação
lenta).

8. Características Ud x Id Individuais do Retificador e Inversor

Nesta seção, daremos complementarão ao estudo das retas características do


retificador e inversor, iniciado na seção 3. Agora, porém, já introduzindo a ação do
controle automático. Iremos plotar as características do retificador e inversor, válidas
para o regime permanente, ou seja, após a atuação do controle.

Já vimos que, em condições normais de operação, o retificador controla a corrente


Id e o inversor, o ângulo  (C.E.A mantendo  constante e igual a n).

A característica Ud x Id do retificador será então representada por uma reta


idealmente vertical (na prática existe uma inclinação) sendo a mesma o lugar geométrico
dos pontos de operação a corrente constante e igual a Iref.

A característica Ud x Id do inversor fica definida ao fixarmos os valores de  e da


tensão AC nos seus valores nominais.

Definidas ambas as características (retificador e inversor), fica também


determinado o ponto de operação (ponto N), conforme Figura 8.
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CAPÍTULO III

Nesta figura, a característica do retificador está amarrada ao valor de Iref que por
sua vez é função da potência. Já a característica do inversor está amarrada ao valor de
Udoi.cos  ; como  é constante, a posição exata fica dependente do valor da tensão AC.

A título de exercício recomenda-se analisar a atuação do controle no caso de uma


redução na tensão AC do inversor e também para o caso de uma redução na tensão AC
do retificador.

Vamos agora plotar a característica limite, correspondente a  mínimo que passa a


representar o retificador na faixa de funcionamento em que este perdeu a capacidade de
controlar a corrente Id.

A reta representativa de  mínimo constante (C.I.A atuando) evidentemente é


idêntica àquela apresentada para o retificador na seção 3, pois não há controle de
corrente atuando no retificador.

Suponhamos agora a ocorrência de uma drástica redução na tensão AC do


retificador.
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CAPÍTULO III

Pela figura 11a, vemos que tal redução poderia acarretar na perda do ponto de
interseção, zerando a corrente Id e consequentemente também a transmissão da
potência.
Para contornar tal problema, o inversor é também equipado com um regulador de
corrente que, nessas circunstâncias, passa a ser atuante, regulando a corrente Id para o
valor (Iref – Id), onde Id é a “margem de corrente” e geralmente igual a 10% da
corrente nominal.
O regulador de corrente do inversor está representado na Figura 11b pelo
segmento AB.
Com isso, ao invés de correr-se riscos de perda total da corrente Id e da potência
transmitida, passamos a operar num ponto genérico N’ de potência um pouco menor que
a original (ponto N).
A figura 12 sintetiza tudo que foi abordado nesta seção, cabendo frisar que o ponto
de operação se dá, em condições normais, sobre o segmento vertical do retificador (
variável e  constante).

Nota: Os segmentos de reta que representam a corrente constante, na prática, são


ligeiramente inclinados, sendo tal inclinação basicamente função do ganho K do
“amplificador de controle” do regulador de corrente.

9. Reversão de Potência e Características Ud x Id


Combinadas do Retificador e Inversor.

No caso de se desejar inverter o sentido da transmissão de potência e,


considerando que o sentido da corrente Id não pode ser alterado (devido a condução
unidirecional das válvulas), a polaridade das tensões DC em ambos os terminais da linha
é que deve ser invertida.

Assim, cada conversor deve poder funcionar tanto como retificador como inversor.
Observar também, que o terminal retificador deve sempre ter uma tensão superior ao do
inversor (ver Figura 13).
Básico de Transmissão em Corrente Contínua Pág 18

CAPÍTULO III

Vejamos agora a figura 13, onde se inverteu o sentido da potência, que agora flui
do conversor 2 para o conversor 1.

Em vista disso, cada conversor possui uma característica Ud x Id combinada,


conforme Figura 14

.
Básico de Transmissão em Corrente Contínua Pág 19

CAPÍTULO III

Durante a reversão da tensão e da potência, dois importantes cuidados devem ser


tomados pelo controle.

Para prevenir a falta de um ponto de interseção (Figura 15), o conversor 1 (novo


inversor) deverá ter sua corrente de comando reduzida para Iref – Id (fechar a chave
SW1 do regulador de corrente) e o conversor 2 (novo retificador) deverá ter sua corrente
de comando aumentada para Iref (abrir chave SW1 do regulador de corrente).

O processo de reversão deve ser suficientemente lento para evitar sobrecorrentes


no terminal da linha próximo ao inversor. Tal poderia ocorrer, pois, durante a reversão da
tensão, a capacitância shunt da linha se descarrega para em seguida ser recarregada
com polaridade oposta. Como resultado, durante a reversão da tensão, a corrente no
terminal da linha próximo ao inversor original tende a ser maior que a do terminal da linha
próximo do retificador.

Assim, existe um tempo mínimo que o controle deve respeitar ao efetuar a


reversão da tensão, sendo o mesmo dado pela expressão:

 Ud C – Capacitância da linha
T = C .  Ud – Variação algébrica da tensão DC
 Id
Id – Margem de corrente

10. Sistema de Controle Simplificado

As unidades de controle discutidas até aqui estão diretamente ligadas às pontes


conversoras e constituem o controle básico de uma estação conversora. Na realidade,
essas unidades representam apenas parte do sistema completo de controle, conforme
pode ser constatado na figura abaixo.
Básico de Transmissão em Corrente Contínua Pág 20

CAPÍTULO III

Sistema de Controle Simplificado

Iref é estabelecida a partir da Potência de referência (Pref) e da tensão DC do


bipolo (soma das tensões de ambos os pólos) medida na saída do retificador. A potência
Pref é estabelecida a partir de vários sinais de entrada em um somador, são eles:

PO – Potência Ordenada, que é setada localmente (mesas de


controle dos bipolos na sala de controle principal ou sala
de controle dos bipolos), remotamente pelo SINDAC
(consoles do SINDAC no despacho regional de
Campinas) ou remotamente pelo SCADA (ainda não
operativo).

f – Sinais de freqüência, coletados no lado AC cuja


freqüência se deseja regular.

Sinais de amortecimento – Coletados no lado AC para o qual se deseja contribuir


para uma melhoria da estabilidade transitória. Também
são sinais que modulam a PO. Os sinais utilizados
podem ser, ou os ângulos de potência () ou então a
própria freqüência.

11. Controle da Potência e Limites de Corrente

Em situações normais, o nosso sistema de controle do Link DC utiliza um modo de


operação denominado Modo de Potência Constante.

O princípio básico de atuação desse “modo”, conforme mostrado na figura 16, é o


de dividir-se Pref por Ud medida, calculando-se, assim, Iref. Com isso, a potência
transmitida pelo nosso link DC, permanece constante e imune a indesejadas flutuações
da tensão DC.

Por exemplo, reduções de potência decorrentes de eventuais quedas na tensão


DC, são automaticamente compensados pelo CONTROLE DE POTÊNCIA, através de
aumentos temporários ou “provisórios” em Iref, respeitados os rigorosos limites desta.

Os principais limites de corrente são :

1 - Limite de Corrente Máxima : Normalmente de 1 a 12 vezes Id nominal. Esta


imposição deve-se à limitada capacidade de
corrente das válvulas e outros dispositivos.

2 - Limite de Corrente Mínima : Cerca de 10% da Id nominal. Isto se deve à


necessidade de prevenir descontinuidades de
corrente, que poderiam causar sobretensões.
Básico de Transmissão em Corrente Contínua Pág 21

CAPÍTULO III

12. Controle de Freqüência

O controle de freqüência de um dos sistemas AC utilizando-se de um link DC


constitui uma importante característica da técnica de transmissão de energia elétrica por
corrente contínua.

Em termos conceituais, a freqüência de um sistema AC é determinada pelo


controle de potência das unidades geradoras. Um súbito aumento de carga é
compensado imediatamente pelo Sistema Elétrico de Potência valendo-se da energia
cinética no eixo dos geradores. Eletricamente, isso se traduz em uma diminuição da
freqüência do sistema. Os reguladores de velocidade de todas as unidades geradoras
acopladas ao sistema, percebendo a redução de freqüência, aumentam a abertura das
palhetas de suas turbinas, aumentando o fluxo de água e normalizando a freqüência.

Dois sistemas AC interligados por uma transmissão convencional, possuem suas


freqüências (que devem ser as mesmas) fortemente acopladas, de forma que, uma
oscilação de freqüência em um deles, rapidamente se propaga para o outro. O sistema,
assim interligado, só encontra um novo ponto de estabilidade, uma vez cessadas as
ações de controle dos reguladores de velocidade de todas ou das principais unidades
geradoras. Esse processo, inerentemente mecânico (abrir / fechar palhetas), é demorado
e pode durar segundos.

Quando a interligação entre sistemas AC se der por meio de um link HVDC, a


variação de freqüência e outros sinais de amortecimento podem ser usados para,
rapidamente, aumentar ou reduzir o intercâmbio de potência entre eles e as expectativas
serão outras, pois :

1- Não será necessário que ambos os sistemas possuam a mesma freqüência.

2- Os sistemas estarão desacoplados e uma oscilação de freqüência em um deles


não se propagará para o outro, desde que sejam tomados os devidos cuidados.

3- Via de regra, a estabilidade do conjunto é maior que a dos sistemas isolados.

O que irá acontecer a cada um dos sistemas durante súbitas variações de carga,
dependerá do “peso” de cada um deles e do modo como o link HVDC está configurado.
Observando a Figura 16, vamos analisar caso a caso.

Figura 16
Básico de Transmissão em Corrente Contínua Pág 22

CAPÍTULO III

Caso 1 - Sistema AC1 (pesado) x Sistema AC2 (leve) : Neste caso, ao se fechar CH2,
a freqüência do sistema AC2 sofrerá uma redução proporcional ao déficit de potência. A
variação de freqüência pode ser medida e usada como Entrada Adicional para o Controle
de Potência dos pólos do inversor. Estes terão aumentadas a sua “Ordem de Potência”
e, em alguns milisegundos, o Sistema AC1 estará transferindo um excedente de energia
para o Sistema AC2, estabilizando-o. Por ser mais pesado, o Sistema AC1 não terá sua
freqüência modificada consideravelmente.

Caso 2 - Sistema AC1 (leve) x Sistema AC2 (pesado) : Neste caso, as entradas
adicionais deverão estar ligadas no retificador (lado AC1) e desligadas no inversor (lado
AC2), pois AC1 (leve) não pode regular AC2 (pesado). Com o fechamento de CH1, a
freqüência do Sistema AC1 será reduzida. As Entradas Adicionais do Controle de
Potência do retificador diminuirão rapidamente o valor da Potência Ordenada e, em
milisegundos, a potência que vinha sendo transferida para o Sistema AC2 será reduzida,
provocando um excedente de energia em AC1 que irá estabiliza-lo. O Sistema AC2
passa a receber uma potência menor, mas por ser mais pesado, não terá sua freqüência
modificada consideravelmente.

Caso 3 - Sistema AC1 e Sistema AC2 com mesmo peso : Neste caso, as entradas
adicionais deverão estar desligadas em ambos os lados. Esta é uma decisão a ser
tomada somente após criterioso estudo de estabilidade dos dois sistemas. Corre-se o
risco de que, uma oscilação de freqüência em um dos sistemas, leve o outro sistema
também a oscilar. Podemos dizer que este é o caso do STHI, onde a Itapu Binacional
somada ao sistema paraguaio (lado retificador), tem relativamente o mesmo peso do
sistema Sudeste brasileiro. No STHI, as Entradas Adicionais do Controle de Potência,
atualmente, estão ligados no lado retificador. Isto significa que o sistema brasileiro está
regulando o sistema paraguaio.

13. Estudo Dirigido

Problema - Consideremos um link DC (bipolo) operando nas seguintes condições :

- Corrente nominal do link DC igual a 2.000A


- Duas pontes (6 pulsos) / polo
- Tensão Ud nos terminais do retificador: 400 kV/polo

- Tensões (rms – fase/neutro) nos secundários de cada trafo conversor:


retificador = 99.0 kV inversor = 91.7 kV

- Os comutadores de tap estão na posição nominal.


- O controle C.E.A operando no inversor ( constante)
- Regulador de corrente no retificador ordenando Iref = 2.000A
- Ângulo  min = 5º.
- Margem de corrente: 10% Idn
- Resistência da linha R = 12.9 
- Reatância Xc = 10 / fase em cada terminal (por ponte)
- Assumir  = 20º

Deseja-se saber :
Básico de Transmissão em Corrente Contínua Pág 23

CAPÍTULO III

- O ângulo  constante no inversor e o respectivo ângulo de disparo  = 180 -  - 


para o ponto N do gráfico.
- O ângulo  do retificador (ponto N do gráfico)
- Margem de corrente
- Tensão Ud (ponto A do gráfico)
- Tensão Ud (ponto B no gráfico)
- Tensão Ud (ponto C do gráfico)

Solução :

- Cálculo de n e  no inversor (ponto N):

R cl = Rc2 = 3Xc = 3x10 = 9,55  / ponte


 
Expressão em função das grandezas do inversor :

Ud = 2 . Udoi . cos  - 2. Rc2 . Id + R . Id


p/ ponte p/ ponte

Substituindo, vem:

cos  = 0,9613 n = 15,99º

i = 180º - 15,99º - 20º (assumindo  = 20º)


i = 144,01º
Básico de Transmissão em Corrente Contínua Pág 24

CAPÍTULO III

- Cálculo de  do retificador (ponto N) :

Expressão em função das grandezas do retificador :

Ud = 2.Udor.cos  - 2.Rcl.Id
p/ ponte p/ ponte

cos  = 0,9462 r = 18,88º

- Margem de corrente

Id = 0,1 x Idn = 0,1 x 2.000 Id = 200 A

- Tensão Uda :

Uda = 2. Udor . cos min


p/ ponte

Uda = 2 x 33 x 2 x 99 x 103 . cos 5º

Uda = 463 . 139,9 x 0,9962

Uda = 461,377 kV

Tensão Udb:

Udb = 2 Udor . cos min – 2 R cl Id


p/ponte p/ponte

Udb = 461.377 - 2 x 9,55 x 2.000

Udb = 423,177 kV

Tensão Udc :

Udc = 2 Udoi . cos n


p/ponte

Udc = 412,387 kV

PERGUNTAS:
Básico de Transmissão em Corrente Contínua Pág 25

CAPÍTULO III

1- Suponha que num link Dc em operação normal, ocorre num dado instante, uma
redução na tensão AC do retificador. O regulador de corrente no retificador atua e leva 
para 7º afim de proporcionar a adequada correção na corrente Id. Supondo um sistema
de controle conforme o descrito nesta apostila, o que ocorrerá nos comutadores de taps
do retificador e do inversor ?

Resposta : O comutador de taps do retificador é acionado para que  retorne a sua


faixa nominal de regime permanente. Esse acionamento, na realidade, tem início logo que
 assume valores inferiores a 10º (12,5º para Itapu), e se processa trazendo  para o
valor central da faixa (15º). O comutador de taps do inversor não chega a atuar porque a
tensão Ud é prontamente restaurada pela ação rápida do regulador de corrente.

2- Os comutadores de taps do retificador e do inversor podem estar atuando ao


mesmo tempo ?

Resposta : Sim, podem. Por exemplo, no caso de uma redução na tensão AC do


inversor, o comutador de taps do retificador pode estar atuando para retornar  a sua
faixa nominal e o comutador de taps do inversor pode estar atuando para restabelecer Ud
(lembrar que Ud < Ud nominal se ocorre redução na tensão do inversor).

3- Em termos de ação rápida, quais os principais dispositivos de controle que


equipam um link DC?

Resposta : Regulador de corrente – tem a função de manter Id = I ref. ; controle de 


constante (C.E.A) – tem a função de manter  constante e igual a n ; controle de 
mínimo (C.I.A) ; controle de potência – tem a função de manter a potência constante
(operando no modo de potência constante), atuando sobre a Iref.

4- Em condições normais de operação, podemos afirmar que :

a- C.I.A está atuando, C.E.A não atuando.


b- Retificador controlando a corrente, inversor controlando a tensão, C.I.A não
atuando; C.E.A atuando.
c- Inversor controlando a corrente, retificador controlando a tensão, C.I.A não
atuando; C.E.A não atuando.

Resposta : (b)

5- Sob condições de tensão AC do retificador drasticamente reduzida, escolher uma


das respostas abaixo:

a- C.I.A atuando, C.E.A não atuando, retificador controlando a tensão e inversor


controlando a corrente.
b- C.I.A não atuando, C.E.A atuando.
c- C.I.A atuando, C.E.A atuando, retificador controlando a corrente e inversor
controlando a tensão.

Resposta : (a)
Básico de Transmissão em Corrente Contínua Pág 26

CAPÍTULO III

Bibliografia

1. Direct Current Trnsmission – Volume l – KIMBARK

2. Transmissão em Corrente Contínua – José C. de Oliveira e João Roberto Cogo.

3. Apostila do Curso Básico de Transmissão em Corrente Contínua preparada por :

- Agenor José H. Giannini DOS.O


- Armando Isaac Nigri DAT.O
- Luis Eduardo Barata Ferreira DAE.O
- José Maurício Zaroni DTU.O

4. Revisão atual, preparada por :

- Carlos Antônio Aoun DRQ.O

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