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Fig. 2.1
A figura 2.1 mostra um circuito típico de disparo para tiristor utilizando o UJT. Quando o circuito
é ligado à alimentação, o capacitor C inicia um processo de carga por meio de Rv, aumentando
exponencialmente sua tensão, em direção ao potencial VBB. Enquanto o potencial de emissor,
VE, for inferior à tensão de disparo ou de pico, Vp, a resistência entre E e B1 é muito alta e o
capacitor continua seu processo de carga.
Quando a tensão de disparo é alcançada, a resistência entre E e B1 fica muito baixa (igual à do
diodo EB1 polarizado diretamente) e o capacitor se descarrega rapidamente através de E e R1 (que
também é de baixo valor). A descarga de C gera um pulso rápido em B1, que tem amplitude e
duração adequadas para disparar tiristores e triacs. Após a descarga completa de C, o UJT para de
conduzir entre E e B1, e o capacitor inicia um novo processo de carga, repetindo o ciclo, gerando
outro pulso, daí a um certo intervalo definido pela constante de tempo RV. C.
A forma de onda gerada no emissor é do tipo dente de serra. A frequência pode ser modificada
atuando em RV, já que este resistor influi no tempo de carga de C.
Quando tiristores ou triacs são utilizados em corrente alternada para o controle de fase sobre uma
carga qualquer, é necessário que o circuito de disparo esteja sincronizado com a rede de
alimentação. Se não houver sincronismo em cada semiciclo positivo, o tiristor ou triac dispara em
um ângulo de fase diferente. Desta forma seria impraticável definir um nível específico de corrente
de carga, devido á variação contínua e aleatória do ângulo de disparo do dispositivo. O circuito
mostrado a seguir funciona em sincronismo com a tensão de alimentação.
Fig 2.2
Onde:
A operação do circuito pode ser descrita da seguinte forma: o capacitor C está inicialmente
descarregado e, durante os semiciclos positivos, a tensão aplicada à combinação em série R V e C
é VZ, igual à tensão de ruptura do diodo zener, DZ. No início do semiciclo positivo o capacitor
inicia sua carga, e a tensão sobre ele aumenta exponencialmente, até que a tensão de emissor do
UJT, VE, atinja o valor de disparo, VP.
Atingido o valor de disparo, o capacitor se descarrega, gerando um pulso que é aplicado ao gatilho
do tiristor.
Neste instante o tiristor começa a conduzir, fazendo circular corrente em RL, até que a tensão de
anodo chegue a zero, em 180°, quando volta a desligar por comutação natural.
Enquanto a tensão VZ for positiva o circuito continuará gerando pulsos e ativando o tiristor. Apenas
o primeiro pulso é suficiente para disparar o tiristor; os demais pulsos não têm função útil.
O sincronismo é conseguido quando a tensão de alimentação chega a zero no final do semiciclo
positivo (180°). Neste ponto, a tensão aplicada sobre o zener e também sobre o UJT é nula. Isto
forçará o capacitor a se descarregar totalmente, não importa que tensão esteja sobre o mesmo neste
instante. Isto porque, se a tensão que alimenta o UJT é nula, então a tensão de disparo, VP, é igual
à tensão de barreira do diodo emissor-base, que é aproximadamente de 0,5 volt. Deste ponto (180°)
até o início do próximo semiciclo positivo (360°) o diodo zener está diretamente polarizado.
Portanto, a tensão VZ será -0,7 V e o UJT não poderá gerar pulsos neste intervalo.
Ao iniciar-se o próximo semiciclo positivo, o capacitor C inicia seu processo de carga partindo de
uma condição inicial nula. Portanto, se não tiver sido alterado, o ponto de disparo será o mesmo
do semiciclo positivo anterior, uma vez que a constante de tempo não foi alterada, nem o valor da
tensão de disparo nem a condição inicial de carga.
Gráf. 11
Onde:
O GTO, diferentemente do tiristor, pode ser desligado pela remoção da corrente de gatilho. Um
circuito simplificado para disparo e corte do GTO é mostrado na figura 2.3.
Uma corrente positiva na base do transistor T1 permite a circulação de corrente no gatilho do GTO
via R1 e C1, como valor inicial sendo estabelecido por R1. O diodo zener DZ1 conduz quando sua
tensão de ruptura é atingida, fixando assim a tensão em C1 (12 V) e permitindo que uma pequena
corrente de gatilho circule a partir da fonte de 15V. A inversão da corrente de controle ligará o
transistor T2 e desligará T1. Com T2 ativo, o capacitor C1 descarrega-se via T2, removendo a
corrente de gatilho e desligando o GTO.
Com a evolução tecnológica ocorrida no período entre décadas de 70 e 80, e com a necessidade de
redução de espaço físico ocupado pelos dispositivos de disparo de chaves estáticas, foi criado um
circuito integrado capaz de satisfazer a maioria das aplicações industriais no ramo de eletrônica de
potência e controle de potência.
Este circuito eletrônico foi batizado com o apelido de TCA 780 e o seu sucessor de TCA 785.
Trata-se de um circuito integrado analógico monolítico, desenvolvido para controlar o ângulo de
disparo de tiristores, triacs, e transistores continuamente entre 0º e 180º.
O ponto de chaveamento é regulado por alguns componentes ligados externamente aos seus pinos
que permitirão um grande número de opções de funcionamento, em espaço reduzido. Dentre as
principais características, destacam-se:
Todo circuito de disparo, em retificadores controlados comutados pela rede, deve ser sincronizado
com a rede de alimentação. Caso contrário, ocorrerá o disparo aleatório dos tiristores, pois cada
pulso será aplicado em um instante diferente, que não está relacionado com a rede de alimentação.
Um ponto utilizado como referência é a passagem da rede por zero, a cada 8,33 ms
aproximadamente, em uma rede de 60Hz.
Internamente ao TCA existe um detector de passagem por zero (DPZ), que gera um pulso de
sincronismo toda vez que a rede passa por zero.
A entrada para a tensão de sincronismo se faz no pino 5, conforme a figura a seguir:
A fonte de alimentação para os circuitos internos é de 3,1V, regulada pelo próprio TCA 785 a
partir da tensão de alimentação do próprio TCA (Vs).
Isto permite que o CI possa ser alimentado com diversos níveis de tensão, variando de 8 a 18V.
A tensão de 3,1V está disponível no pino 8 do CI, sendo filtrada por C8 para evitar ondulações,
conforme a figura a seguir:
A base do sincronismo é um gerador de rampa, cuja característica é ajustada por Rr e Cr nos pinos
9 e 10.
O gerador de rampa fornece uma tensão que varia linearmente com o tempo (gera uma reta). A
tensão dobra se o intervalo de tempo dobrar, ou seja, a tensão cresce proporcionalmente com o
aumento do tempo, conforme a figura a seguir:
Pelo gráfico da figura acima verificamos que quando a variação de tempo for de 0,1s (como por
exemplo, de 0,2s para 0,3s) a variação de tensão será sempre a mesma.
Com IC constante, a tensão aumentará segundo uma reta em relação ao tempo, conforme a figura
acima.
No TCA o capacitor CR é carregado linearmente através de uma fonte de corrente constante, e seu
valor é controlado por Rr.
Para o correto funcionamento do circuito o fabricante determina os valores mínimo e máximo do
CR, respectivamente 500pF e 1mF.
Um valor elevado de CR tornaria a descarga do capacitor muito lenta, comprometendo o novo ciclo
de carga. Como consequência, teríamos perda de sincronismo.
A tensão de rampa do capacitor VCR é comparada com a tensão de controle VC, no pino 11 do
TCA, conforme a figura a seguir:
A tensão de rampa do capacitor VCR é comparada com a tensão de controle VC
O capacitor continua a se carregar até que, no próximo cruzamento por zero, o detector de
passagem por zero informe o evento ao registrador de sincronismo.
Esse registrador irá gerar um pulso de sincronismo na base de T1, que irá saturá-lo.
Com T1 saturado, o capacitor CR (pino 10) irá se descarregar rapidamente, ficando preparado para
gerar a próxima rampa.
A informação de passagem por zero somente ficará liberada após a descarga de Cr, que é
monitorada pelo Bloco A2 (monitor de descarga de CR).
O TCA possui uma saída Q1 (pino 14) e outra Q2 (pino 15), defasadas 180º. A saída Q1 é usada
para disparar o Tiristor no semiciclo negativo da tensão da rede, enquanto a saída Q2 é usada para
disparar o Tiristor no semiciclo positivo da tensão da rede. Existem outras saídas que serão
abordadas mais adiante.
Com as informações dos circuitos anteriores, o bloco “lógica de formação de pulsos” encarrega-
se de colocar nas saídas a forma de pulso selecionada.
A duração dos pulsos de disparo depende dos valores do capacitor C12 e do coeficiente β,
fornecidos pelo fabricante conforme a seguinte tabela:
Com o pino 12 aberto, quando a tensão de rampa VCR se igualar à tensão de controle V C (pino
11) teremos na saída Q2 (pino 15) um pulso de 30 ms se a rede estiver no semiciclo positivo. Caso
a tensão da rede esteja no semiciclo negativo, teremos um pulso de 30 ms na saída Q1 (pino 14).
Se o pino 12 estiver conectado à terra, a largura de pulso será fixa, valendo 180º – α, e poderá ser
usada para garantir o disparo dos tiristores quando estivermos usando carga indutiva.
Para cada valor de C12 mostrado na tabela teremos pulsos com outras durações, dadas pelo
parâmetro β.
Na figura a seguir podemos verifica a lógica de disparo do TCA 785.
Como comentado anteriormente, o TCA 785 possui outras opções de pulsos. As saídas Q1 (pino
4) e Q2 (pino 2) são complementares (com sinal lógico invertido) em relação às saídas Q1 (pino
14) e Q2 (pino 15). Q1 e Q2 são saídas em coletor aberto, ou seja, com transistores internos que
recebem sinais nas suas respectivas bases, mas que somente conduzirão quando polarizados
corretamente através de resistores externos R2 e R4.
Os valores de R1 e R2 devem ser calculados corretamente, levando em conta que a corrente
máxima de saída dos coletores dos transistores é de 10mA. Aterrando o pino 13, teremos pulsos
de longa duração (180º - α) nas saídas Q1 e Q2 , de modo semelhante ao que ocorre com o pino
12 nas saídas Q1 e Q2.
Existem duas saídas auxiliares, Qu (pino 3) e Qz (pino 7), também em coletor aberto. A saída Qu
é análoga à saída Q1, diferenciando-se apenas pelo fato de que os pulsos em Qu possuem duração
de 180º (em 60 Hz, equivale a 8,33ms).
A saída Qz é igual a uma associação lógica NOR das saídas Q1 e Q2. Ou seja, quando Q1 ou Q2
estiverem ativas a saída Qz não estará ativa.
Uma outra opção importante no TCA é a possibilidade de bloqueio das saídas através do pino 6.
Quando esse pino estiver com uma tensão superior a 4V as saídas estarão liberadas, mas, quando
essa tensão for inferior a 2,5V as saídas estarão bloqueadas.
Esta opção é muito interessante, pois permite bloquear os pulsos de disparo do TCA em caso de
possíveis defeitos no sistema de potência do equipamento.
O bloqueio pode ser feito através de uma chave ou um contato de relé, como também através de
um transistor NPN.
Funções resumidas pino a pino:
• Pino 01 – terra.
• Pino 02 – saída complementar do pino 15.
• Pino 03 – saída de pulso positivo.
• Pino 04 – saída complementar do pino 14.
• Pino 05 – entrada de sincronismo.
• Pino 06 – inibe todas as saídas.
• Pino 07 – saída para acionar triacs.
• Pino 08 – fornece 3,1V estabilizado.
• Pino 09 – potenciômetro de ajuste de rampa.
• Pino 10 – capacitor de formação de rampa.
• Pino 11 – entrada de tensão de controle.
• Pino 12 – controla a largura dos pulsos das saídas 14 e 15.
• Pino 13 – controla a largura dos pulsos das saídas 02 e 04.
• Pino 14 – saída de pulso positivo no semiciclo negativo.
• Pino 15 – saída de pulso positivo no semiciclo positivo.
• Pino 16 – alimentação CC, não necessariamente estabilizada.
Exemplo de aplicação: