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UNIVERSIDADE ROVUMA

FACULDADE DE ENGENHARIA E CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS


CURSO DE LICENCIATURA EM ENGENHARIA ELÉCTRICA

Cadeira: Transporte e Distribuição de Energia Eléctrica-II


Docente: MSc. Eng.º Leonel Muthemba
Tema I- Curto Circuito: Generalidades; Causas; Consequencias; Fases
do curto circuito; Curto circuito nos geradores, nas linhas, nos
transformadores; Tipos de Curto Circuito.

CURTO-CIRCUITO: GENERALIDADES

Curto-circuito é a passagem de corrente elétrica acima do normal em um circuito devido


à redução abrupta da impedância deste. O curto-circuito provoca danos tanto no circuito
eléctrico em que ocorre como no elemento que causou a redução de impedância. É uma
das principais causas de incêndios em instalações elétricas mal conservadas ou com erros
de dimensionamento. Geralmente os curto-circuitos provocam reações violentas devido
à dissipação instantânea de energia, tais como: explosões, calor e faíscas (wikipédia).

O uso do termo curto-circuito congrega em si todos os defeitos originados por um


contacto ora entre um condutor e a terra ou qualquer peça metálica ligada a terra ou por
contactos entre condutores. Na maioria dos casos, este contacto se efectua através de um
arco eléctrico, principalmente nas instalações em alta tensão.

CAUSAS DOS CURTO-CIRCUITOS

De origem eléctrica
É o exemplo disso, a simples alteração de um isolante, o que diminui a capacidade de
suporte da tensão pelo equipamento.

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De origem mecânica
É a situação em que ocorre uma ruptura de condutores ou isoladores, uma queda de um
corpo estranho, como exemplo um ramo de uma árvore sobre a linha aérea ou um golpe
duma picareta ou outro material num cabo subterrâneo atingindo a sua alma.

De origem atmosférica
Este tipo de causas pode ser devido a um raio que atinge os condutores da linha bem como
por uma tempestade, nevoeiro, gelo, que originam efeitos mecânicos, tais como
aproximação dos condutores entre si, ou eléctricos (como a alteração das superficies dos
isoladores).

Devidos a erros de manobra


Por último, podem ser devidas a erros de manobra (por exemplo, a abertura de um
seccionador em carga).

CONSEQUÊNCIAS DO CURTO CIRCUITO

Aquecimento
O aquecimento é devido as correntes de curto-circuito e avarias originadas por arcos.
Os aquecimentos produzidos pelas correntes de curto-circuito são de temer,
principalmente, para cabos subterrâneos de média tensão, que não possuem uma
tolerância calorifica considerável. De acordo com a lei de Joule, esse aquecimento
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provoca dissipação de potencia dado por 𝑘𝐼𝑐𝑐 𝑅𝑡. No local de curto-ccircuito o
aquecimento e o formato do arco podem provocar graves danos nas instalações
dependendo do 𝐼𝑐𝑐 e de 𝑡. Assim, para uma dada corrente de curto-circuito, o tempo 𝑡
deve ser o menor possível para reduzir os danos.

Danificação de disjuntores
Os disjuntores e fusíveis devem ter uma capacidade de ruptura adequada para que durante
um curto-circuito possam funcionar e cumprir a sua função sem sofrer avarias nem
constituir perigo para o pessoal e o equipamento eléctrico. Além de que devem ter uma
capacidade de ruptura suficiente, para eliminar a avaria com rapidez e segurança, o
disjuntor ou fusível deve ter também uma capacidade instantânea suficiente para resistir

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aos efeitos resultantes dos valores máximos das correntes de curto-circuito. Por esta
razão, para seleccionar adequadamente um disjuntor é necessário calcular o valor da
corrente de curto-circuito no momento em que se produz a interrupção do circuito, como
valor máximo da dita corrente nos instantes iniciais.
momento em que se produz a interrupção do circuito, como valor máximo da dita corrente
nos instantes iniciais.

Esforços electrodinâmicos anormais


A passagem das correntes muito intensas vai acompanhada de esforços eletrodinâmicos
muito importantes que podem produzir deformações das barras e ligações, rupturas de
isoladores, suportes, incluindo, as vezes, danos consideráveis sobre os enrolamentos das
bobinas de reactância e dos transformadores, se estes não tiverem a rigidez mecânica
suficiente.

Quedas de tensão elevadas


As correntes de curto-circuito, ao atravessar os diferentes elementos das redes provocam
quedas de tensão que podem originar o desligamento das máquinas síncronas ou
assíncronas e pôr em perigo a estabilidade das redes. O torque dos motores é proporcional
ao quadrado da tensão, portanto, no momento de um curto-circuito o funcionamento
destes equipamentos pode ser seriamente comprometido. Os sistemas de iluminação,
sistemas computacionais e sistemas de controle em geral são particularmente sensíveis
às quedas de tensão.

Instabilidade de operação

Na condição de operação normal, o torque mecânico da turbina é equilibrado e a


velocidade de todos geradores é constante, igual a velocidade síncrona.

A consequência de uma queda de tensão abrupta provoca a instabilidade na operação


paralela paralela de geradores, podendo vir a causar desagregação do sistema e a
interrupção do fornecimento para os consumidores.

A desagregação explica-se por:

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Quando um curto-circuito ocorre na proximidade de um barramento de geração, sua
tensão atingirá um valor próximo de zero, e como consequência, a carga eléctrica e o
antitorque do gerador se anularão.

No mesmo instante, a qualidade de água (ou vapor) admitida na turbina continua sendo a
mesma e seu torque continua invariante. Isso aumentará a velocidade do turbogerador,
pois a resposta do regulador da turbina é lenta e pode ser incapaz de evitar sua aceleração
nos instantes iniciais.

Mudanças na configuração do sistema

As mudanças rápidas de configuração do sistema eléctrico provocadas pelo desiquilíbrio


entre a geração e a carga, após a retirada do circuito em defeito, podem causar sub ou
sobretensões, sub ou sobrefrequência ou ainda sobrecarga.

FASES DE UM CURTO-CIRCUITO

a) Período subtransitório
Durante este período inicial a corrente de curto-circuito de choque baixa rapidamente de
valor, consoante os casos dura 1 a 10 períodos (ciclos). Se a tensão passa pelo seu valor
máximo, a corrente de curto-circuito durante este período é simétrica, ou seja, que são
iguais os semiciclos positivo e negativo. Se tratará, portanto, de uma corrente simétrica
de curto-circuito que, por estabelecer-se durante este período recebe também o nome de
corrente subtransitória de curto-circuito. Se a tensão passar pelo seu valor nulo e, como
se disse anteriormente, a corrente subtransitória de curto-circuito está caracterizada pelo
facto de que os semiciclos positivos não terem o mesmo valor que os semiciclos
negativos, ou seja de uma corrente assimétrica de curto-circuito.

b) Período transitório
Durante este tempo, a corrente de curto-circuito vai diminuindo lentamente de valor até
atingir o valor da corrente permanente de curto-circuito. Este período tem uma duração
de 50 a 100 períodos, quer dizer de 1 a 2 segundos, se se tratar da frequência de 50Hz.
Tanto faz que o ínicio do curto-circuito se tenha produzido quando a tensão passa pelo
valor máximo ou pelo seu valor nulo, a corrente transitória de curto-circuito é simétrica,
ou seja os semiciclos positivas e negativas são iguais.

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c) Período permanente
A corrente de curto-circuito alcança o seu valor permanente Ip e continua sem variar neste
valor enquanto durar a causa que provocou o curto-circuito. Durante o período
subtransitório se produzem intensos esforços electrodinâmicos nos elementos submetidos
ao curto-circuito, que podem provocar a sua destruição. Dado o tempo de actuação dos
interruptores e relés de proteção, os interruptores desligam a parte do circuito afectada
pelo curto-circuito, durante o período transitório, pelo que as máquinas e aparelhos devem
projectar-se para suportarem durante o tempo que dura o período subtransitório, a corrente
de choque produzida.
As correntes de curto-circuito transitório e permanente provocam, sobretudo, um intenso
aquecimento nas máquinas e aparelhos submetidos ao curto-circuito, pelo que estes
deverão ser pojectados para resistir ao aquecimento produzido pela corrente transitória
até que os aparelhos de protecção tenham desempenhado a sua função protectora.

Curto-circuito simétrico

Curto-circuito assimétrico

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CURTO-CIRCUITO NOS GERADORES

Nos geradores é muito difícil o cálculo exacto da reactância de dispersão, visto que as
condições de funcionamento variam durante o tempo em que o curto-circuito dura. Assim,
durante o curto-circuito, consideram-se as seguintes reatâncias:

a) Reactância subtrânsitória X’’d

É igual a reactância devida ao fluxo do induzido que atravessando o entreferro, penetra


no rotor, na medida em que o permite o entreferro amortecedor que tenha maçicos. A
reactância subtransitória é a que se considera como dado para o cálculo da corrente de
curto-circuito de choque.

b) Reactâncias transitórias X’d

Esta reactância é a que rege as características da máquina durante o período transitório


do curto-circuito quer dizer, durante o intervalo que estão diminuidas as correntes
amortecedoras na superficie do rotor ou no enrolamento amortecedor, mas antes que
tenham desaparecido as correntes amortecedoras no enrolamento indutor. Ou seja que a
reactância transitória é igual à reactância de dispersão do estator mais a reactância
provocada pelo fluxo do estatór que penetra no rótor até o enrolamento indutor.

c) Reactância sincrona Xd

É a reactância em regime permanente, depois de terem desaparecido todas as correntes


amortcedoras no enrolamento indutor. Portanto, se irá considerar a corrente de curto-
circuito permanente.
Após este estudo, para o nosso interesse, a mais importante é a reactância subtransitória
X’’d que é a que consideraremos como base para o cálculo das correntes de curto-circuito
de choque. Geralmente, o valor desta reactância é fornecido pelos fabricantes dos
geradores. O seu valor é muito variável e dependente da potência nominal dos geradores,
destes incluem-se os destinados para centrais hidráulicas ou de turbogeradores, existem
tabelas de valores tipicos de reactâncias subtransitórias para diferentes geradores só que

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devem ser considerados como meras referências orientativas sendo aconselhável
consultar ao fabricante para ter o valor exacto.

CURTO-CIRCUITO NOS TRANSFORMADORES


O valor da corrente de curto-circuito de choque nos transformadores, calcula-se a partir
da impedância de curto-circuito percentual, que equivale à tensão de curto-circuito
percentual. Tratando-se de sistemas em AT, pode-se substituir o valor da impedância pelo
da reactância, já que nestes casos 𝑋𝑐𝑐=𝑍𝑐𝑐 .

LINHAS ELÉCTRICAS
Em geral a impedância das linhas é expressa directamente em ohms mas fica facilitado
reduzi-la ao valor percentual referido a potência base.

Existem tabelas que expressam os valores médios de resistências, reactâncias e


impedâncias para diferentes tipos de linhas aéreas e subterrêneas de AT.

Outros elementos dos circuitos


Para além dos geradores, transformadores e linhas, nos sistemas eléctricos intervêm
também outros elementos, quando se tem que calcular as correntes de curto-circuito como
sejam valores das reactâncias que se terão de ter em conta nos compressores síncronos e
nos motorres eléctricos referidos à potência nominal da máquina correspondente.
Há que ter em conta que, quando ocorre um curto-circuito, os motores tanto síncronos
como assíncronos que estão ligados na rede, fornecem também corrente de curto-circuito,
o mesmo que sucede com os geradores.
Sem exagero é conveniente assinalar que que a influência dos motores assíncronos leva
um tempo muito curto.
Entre os fabricantes de motores existe uma prática generalizada de fornecer a corrente de
arranque a plena tensão exprimida em número de vezes da corrente nominal, a qual tem
um valor igual ao inverso da reactância subtransitória expressa em valor unitário. Quer
dizer, para um motor cuja corrente de arranque é de 5 vezes a nominal, a reactância
subtransitória será: 𝑋’’𝑑=1/𝐼𝑎=1/5=0.2

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TIPOS DE CURTO-CIRCUITOS

Curto circuitos trifásicos (simétrico)


Curto circuitos bifásicos (dupla-fase)
Curto circuitos bifásicos à terra (dupla-fase-terra)
Curto circuitos monofásico (fase-terra)

Ocorrência
Os curto-circuitos mais frequentes são os desiquilibrados, com predominância para o
monofásico (fase-terra). Através de análise estatística dos dados sobre curtos-circuitos,
foram constatados os seguintes valores médios para ocorrência dos tipos de defeitos:

• Curtos-circuitos trifásicos:5%;

• Curtos-circuitos dupla-fase:15%;

• Curtos-circuitos dupla-fase-terra:10%;

• Curtos-circuitos fase-terra:70%.

O curto-circuito trifásico, apesar de apresentar uma frequência relativamente pequena, é


mais analisado por ser considerado o mais severo.

Curto-circuito Trifásico ou Simétrico

Este curto circuito ocorre com menor Frequência e, todas as fases do circuito são
igualmente solicitadas. O cálculo é feito por fase, considerando apenas o circuito
equivalente de Sequência Positiva.

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Curto-circuito monofásico ou Fase-Terra

É um Curto-circuito assimétrico ou desiquilibrado que ocorre entre uma fase e a terra.


Este tem maior ocorrência; O seu Cálculo é feito utilizando componentes simétricas.

Curto-circuito bifásico Dupla-Fase:

O curto circuito bifásico é aquele que ocorre entre duas fases, e é assimétrico ou
desequilibrado; É caracterizado por correntes desequilibradas; O seu cálculo é feito
utilizando componentes simétricas.

Curto-circuito bifásico a terra ou Dupla-Fase-Terra:

É um Curto-circuito assimétrico ou desequilibrado e o seu cálculo é efectuado


recorrendo a utilização de componentes simétricas.

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TPC

1 Diferencia a sobrecarga, subfrequencia e sobrefrequencia, subtensão e sobretensão.

2. Fale das formas de limitação das correntes de curto circuito.

3. Diferencie curto-circuito trifásico do bifásico e monofásico.

4. Enuncie o teorema de Fortescue (método das componentes simétricas).

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