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Instrumental da Proteção

I) Aspectos Gerais
A interrupção, detecção e capacidade de manobra nem sempre são possíveis de
serem obtidas com um único dispositivo de proteção. Desta forma teremos:

Dispositivos detectores:
Vigiam continuamente os circuitos e interrompem ou iniciam a interrupção para
condições anormais:
o Fusíveis;
o Relés associados a transformadores de corrente e tensão.

Dispositivos Interruptores:
Abrem, automaticamente os circuitos sob condições anormais de operação:
o Fusíveis;
o Disjuntores.

Dispositivos com capacidade de manobra:


Controlam a abertura e o fechamento dos circuitos com circulação de correntes
normais ou anormais:
o Disjuntores;
o Contatores;
o Certos mecanismos tipo chave.

Quando se isola uma falta há a interrupção da corrente do sistema, havendo a


formação do arco elétrico.

I.1) Arco Elétrico

O arco elétrico é um fenômeno que ocorre quando há a separação de dois terminais


de um circuito que conduz determinada corrente de carga, sobrecarga ou curto-circuito.
Pode ser definido também como um canal condutor, formado por um meio fortemente
ionizado, provocando um intenso brilho e elevando, consideravelmente, a temperatura do
meio em que se desenvolve.
Quando da abertura total dos contatos, a corrente que circula pelo circuito continua
fluindo pelo meio fortemente ionizado, caracterizando o arco. Este precisa ser rapidamente
extinto para evitar a fusão dos contatos, uma vez que a temperatura na formação do arco é
extremamente elevada.
A ionização do meio ocorre quando há o desprendimento dos elétrons dos contatos
(processo de termoemissão) e estes se chocam violentamente com os elétrons do meio. É
importante observar que a corrente de arco é constituída por dois conjuntos de elétrons, isto
é, os elétrons originados do processo de ionização, que se deslocam entres os pólos positivo
e negativo dos contatos; e os elétrons da corrente elétrica da carga propriamente dita, que
muda de sentido a cada meio ciclo.
Para que cesse a condução de corrente elétrica no meio ionizado, é necessário que
esse meio sofra um processo de desionização. Isto pode ser feito substituindo-se, por um
processo qualquer, o meio ionizado por um meio não ionizado (maiores detalhes na seção
Disjuntores). Ao mesmo tempo em que o meio extintor é substituído por outro, se processa
o resfriamento na zona de arco, o que contribui para desionização do meio.
A corrente elétrica I que é conduzida através do arco elétrico (plasma) encontra uma
determinada resistência por parte deste, provocando uma queda de tensão entre os contatos.
Como a resistência do arco varia com a temperatura, a queda de tensão também varia.
O arco pode chegar atingir cerca de 4.000 K na sua periferia, podendo chegar a
15.000 K no seu núcleo. Os valores dessas temperaturas podem variar em função do meio
extintor.
O fenômeno do arco elétrico é crucial no entendimento do instrumental da proteção
de sistemas elétricos. Além disso, é fonte de preocupação porque interfere na segurança
patrimonial e pessoal. O arco elétrico gera quatro efeitos bastante perigosos, são eles:

• Efeito térmico
O arco pode chegar atingir cerca de 4.000 K na sua periferia, podendo chegar a
15.000 K no seu núcleo. Os valores dessas temperaturas podem variar em função do
meio extintor. Por isso, deve haver uma preocupação em termos de energia de arco
para auferir os possíveis danos a pessoas e equipamentos.

• Projeção de partículas
Quando da ocorrência em um meio confinado, como em painéis elétricos, pode
acarretar uma explosão e conseqüente projeção de partículas ionizadas.

• Efeito sonoro
Pode causar ao operador a perda da audição

• Efeito luminoso
Há a emissão de raios ultravioleta e infravermelho.

Existem muitos modelos para a representação do arco elétrico, no entanto não existe
nenhum modelo que possa ser adotado como universal, ou seja, aplicável em qualquer
situação. Os modelos existentes são específicos para situações peculiares e condições
conhecidas. Desta forma o projeto de equipamentos que trabalham com arco elétrico ou que
necessitem de meios eficientes para extinguí-los deve desenvolver-se mediante a ensaios de
potências em circuitos adequados e coleta direta dos dados desejados.
Há dois importantes modelos tipo caixa preta utilizados que assumem hipóteses
convenientes ao nosso estudo:
Modelo de Cassie

Hipóteses:

o Temperatura constante na direção radial;


o Resfriamento do arco por convecção na direção axial; e
o Área da seção transversal do arco variável.

O modelo de Cassie assume que a relação entre a condutância no arco e a energia


armazenada no plasma (onde se forma o arco) é linear.

Modelo de Mayr

Hipóteses:

o Área da seção transversal do arco constante;


o Perda de calor por condução no sentido radial; e
o Potencia retirada do arco constante.

O modelo de Mayr diferentemente do modelo da Cassie admite perda de calor por


condução no sentido radial do arco, fazendo com que a relação entre condutância e energia
armazenada deixe de ser linear e assuma uma forma exponencial.
II) Fusíveis
Os fusíveis são dispositivos que protegem os circuitos elétricos contra danos
causados por sobrecargas de corrente.
O funcionamento do fusível baseia-se no princípio segundo o qual uma corrente que
passa por um condutor gera calor proporcional ao quadrado de sua intensidade (P=RI2).
Quando a corrente atinge a intensidade máxima tolerável, o calor gerado não se dissipa com
rapidez suficiente, fundindo o “elemento fusível” e interrompendo o circuito.
Através da fórmula de Preece pode-se estabelecer a relação matemática entre o
diâmetro da liga fusível e a corrente necessária à fusão. A fórmula de Preece está escrita
abaixo:

I = a . d3/2

Onde I é a corrente de fusão do fio, a é um parâmetro tabelado e d é o diâmetro do fio.


Material a
Cobre 80
Alumínio 59,3
Estanho 12,83
Chumbo 10,77

II.1) Características construtivas

Um fusível pode ser representado, simplificadamente, conforme a ilustração abaixo:

Para construção de fusíveis, é necessário um “elemento fusível” que se funda entre 60 e 200
ºC. O “elemento fusível” é um fio ou uma lâmina, geralmente, cádmio, chumbo, estanho,
prata ou ligas.

II.2) Características funcionais

o Combina a detecção e a interrupção em um mesmo dispositivo;


o Sua atuação é baseada em uma curva tempo x corrente;
o Necessita de um dispositivo de chaveamento para seccionar o circuito (ex.: chave
seccionadora)
o É um dispositivo monofásico; e
o Podem ser extremamente rápidos (ordem de 5 ms).

II.3) Características operacionais e econômicas

o Custo menor (ex.: comparativamente ao conjunto relé + disjuntor);


o Facilidade de operação e manutenção; e
o Dificuldade em manter a seletividade do sistema.

II.4) Fusíveis de baixa tensão

Há vários tipos de fusíveis para aplicação em instalações elétricas de baixa tensão,


dentre os quais pode-se apontar:

Fusíveis DIAZED

Os fusíveis DIAZED são utilizados na proteção de curto-circuito em instalações


elétricas residenciais, comerciais e industriais e que quando normalmente instalados,
permitem o seu manuseio sem riscos de toque acidental.
São limitadores de corrente, e possuem elevadas capacidades de interrupção:

o até 20A - 100kA


o 25 a 63A - 70kA
o 80 e 100A - 50k em até 500VCA
Fusíveis NEOZED

Possuem tamanho reduzido e são aplicados na proteção de curto-circuito em


instalações típicas residenciais, comerciais e industriais.
Atendem as correntes nominais de 2 a 63A. São limitadores de corrente, e são
aplicados para até 50kA em 400VCA.

Fusíveis NH

Os fusíveis NH são aplicados na proteção de sobrecorrentes de curto-circuito e


sobrecarga em instalações elétricas industriais. Atendem as correntes nominais de 6 a
1250A. São limitadores de corrente, possuem elevada capacidade de interrupção de 120kA
em até 500VCA.

Há ainda os fusíveis cilíndricos (tipo cartucho), ultra-rápidos SITOR e ultra-rápidos


SILIZED.

As características elétricas importantes são:

o Corrente nominal – é aquela em que o elemento fusível deve suportar


continuamente sem que seja ultrapassado o limite de temperatura estabelecido.
o Tensão Nominal – é aquela para a qual o fusível foi dimensionado, respeitadas as
condições de corrente e temperatura especificadas.

o Correntes de interrupção – são aquelas capazes de sensibilizar a sua operação.


Podem ser reconhecidas em duas faixas distintas:

o Correntes de curto-circuito – São correntes elevadas que provocam a atuação


do fusível em tempos extremamente curtos. Quando a interrupção destas
correntes se dá antes do valor de crista ser alcançado, denomina-se os
fusíveis de limitadores de corrente. Os fabricantes de fusíveis limitadores de
corrente descrevem esta peculiaridade através da característica de corte de
corrente, conforme é representado abaixo:
Exemplo: Para uma corrente presumida de 20 kA, um fusível de 100 A limita a corrente de
curto-circuito a 10 kA. Corrente esta que alcançaria um valor máximo simétrico de 30 kA e
um valor máximo assimétrico de 70 kA.

o Corrente de sobrecarga – Pode ser entendida como a corrente mínima de


interrupção, ou seja, o menor valor da corrente presumida que um fusível
limitador é capaz de interromper a uma dada tensão. Para correntes inferiores a
este valor o tempo de fusão do elemento fusível é extremamente longo. Essa
característica pode ser observada pela curva tempo x corrente dos fusíveis.
o Capacidade disruptiva – é a máxima corrente eficaz que o dispositivo consegue
interromper sem que haja o perigo de reignição do arco.

II.5) Fusíveis de Média Tensão

Classicamente, os sistemas de distribuição primários, aéreos, trifásicos e aterrados,


constituídos por condutores nus, têm os seus sistemas de proteção de sobrecorrentes
constituídos por chaves-fusíveis, religadores, relés em conjunto com disjuntores e
seccionadores ou chaves seccionadoras automáticas.
Como o tópico abordado é o dispositivo fusível, vamos nos fixar no estudo das
chaves-fusíveis e elos fusíveis.
Chaves fusíveis

As chaves-fusíveis são dispositivos eletromecânicos que têm como função básica,


interromper o circuito elétrico quando ocorrer a fusão do elo-fusível. Possuem as seguintes
características para especificação:

o Tensão nominal;
o Nível básico de isolamento para impulso (NBI);
o Freqüência;
o Corrente nominal;
o Corrente de interrupção (capacidade de interrupção);
o Corrente de curta-duração.

Sob o ponto de vista de proteção, a característica mais importante é a corrente de


interrupção, que deve ser especificada com base no valor assimétrico da corrente de curto-
circuito no ponto de instalação da chave.
De acordo com sua aplicação as chaves-fusíveis são classificadas em dois tipos:
distribuição e força.

a) Chaves-fusíveis de distribuição

o São identificadas pelas características inerentes aos sistemas de distribuição:


o NBI de sistemas de distribuição (para a classe de tensão 15kV: 95 ou 110kV);
o Mecanicamente, são construídas para montagem em cruzetas;

b) Chaves-fusíveis de força

o De modo geral, são empregadas em subestações para proteção de barramentos,


transformadores, e bancos de capacitores. Possuem NBI para classes de tensões
mais elevadas (69kV, 138kV, por exemplo), cujos Níveis Básicos de Isolação (NBI)
são 350kV e 650kV, respectivamente.

o Geralmente, as capacidades de interrupção são superiores às das chaves-fusíveis de


distribuição. Mecanicamente, são construídas para montagens em estruturas de
subestações.

De maneira geral, as chaves-fusíveis empregadas até 25kV, são ditas de


distribuição. Acima deste valor, são consideradas de força. Entretanto, essa regra não é
rígida.

Baseado na construção, as chaves-fusíveis podem ser do tipo aberta ou fechada:

a) Tipo fechada : O cartucho e as garras estão montados dentro de uma caixa protetora de
material isolante.

b) Tipo aberta : O cartucho e as garras não possuem caixa protetora.

Quanto ao modo de operação, podem ser:

a) De expulsão;
b) Imersas em óleo;
c) Limitadora de corrente.

No Brasil, são fabricadas e largamente empregadas as chaves-fusíveis de expulsão,


monofásicas, com cartucho em fibra isolante, abertas, não repetitivas e indicadoras,
conhecidas também como "chaves Matheus".
O princípio de funcionamento se baseia na extinção do arco elétrico formado dentro
do cartucho ou canela, devido à abertura do circuito após a fusão do elo-fusível. O arco irá
queimar o tubinho e/ou paredes do cartucho, produzindo gases desionizantes (CO2,
nitrogênio, etc), que irão extinguí-lo. Além disso, a expansão destes gases no interior do
cartucho, dá origem a uma intensa diferença de pressão interna, que irá expulsar os mesmos
pela parte inferior. Isto origina um empuxo para cima (princípio da ação e reação), que
desconecta o contato superior do cartucho do contato da chave, fazendo-o girar através de
uma junta articulada. Após a operação da chave, o cartucho fica "pendurado", indicando a
operação ("canela arriada"). Daí, dizer-se que a chave tem a propriedade indicadora ou
sinalizadora visual.

Os principais componentes de uma chave-fusível tipo expulsão são:

a) Elo-fusível (liga de material condutor);


b) Cartucho ou canela (tubo de fibra isolante);
c) Isolador (porcelana ou resina epoxi);
d) Base ou dispositivo de fixação (aço zincado).

É importante observar que este tipo de chave-fusível não deve ser empregado para
manobra de circuito com carga, pois são do tipo "seca", isto é, os seus contatos não
possuem meios de interrupção de arco (óleo, SF6 , etc.). A abertura de circuito com carga
leva a um desgaste prematura dos contatos da chave.
Além disso, pode provocar danos físicos e risco de vida à pessoa que está realizando
a operação de abertura, principalmente nos dias chuvosos. Isto acontece porque, no
momento da abertura, o arco elétrico pode envolver a cruzeta e, estando esta aterrada, vai
originar um curto-circuito fase-terra, que, por sua vez, poderá produzir tensões de passo
elevadas.
Foram desenvolvidos alguns acessórios para essas chaves que, quando instalados,
possibilitam, com segurança, a abertura de circuitos com carga. Um desses acessórios,
bastante utilizado, é o "gancho" próprio para o "load buster". Existem chaves que são
equipadas com câmara de extinção de arco.
Geralmente, o cartucho e o elo-fusível são intercambiáveis, isto é, podem ser
substituídos por outros.

Para especificar uma chave-fusível, é necessário o dimensionamento da capacidade


de interrupção e da corrente nominal. Para isso, deve-se conhecer as correntes de carga e de
curto-circuito máximas no ponto de instalação da mesma.
Deverão ser observados os critérios a seguir :

o A corrente nominal da chave deverá ser igual ou maior do que a corrente de carga
máxima, no ponto de instalação da mesma, multiplicada por um fator K. O fator de
segurança K, comumente tomado com valor 1,5. Este fator de segurança K é
empregado para levar em conta situações de remanejamento de carga, de sobrecarga
ou o próprio crescimento de carga do circuito.

o A corrente de interrupção da chave deverá ser igual ou superior ao maior valor


assimétrico da corrente de curto-circuito no ponto de instalação da mesma.

Elo fusível

Os elos-fusíveis são identificados por sua corrente nominal e tipo. São constituídos
das seguintes partes:

o Botão com arruela;


o Elemento fusível;
o Tubinho;
o Rabicho.

São classificados em dois grandes grupos: distribuição e força.

a) De distribuição :

o Tipo K - Elos-fusíveis rápidos;


o Tipo T - Elos-fusíveis lentos
o Tipo H - Elos-fusíveis de alto surto (high surge), de ação lenta para surtos de
corrente (a corrente transitória de magnetização de transformador, por exemplo).
São fabricados somente para pequenas correntes nominais. Geralmente, são usados
para proteger transformadores de pequenas potências (até 75 kVA) e pequenos
bancos de capacitores.

Correntes nominais normalmente padronizadas para esses elos-fusíveis:

o Valores preferenciais para os tipos K e T: 1, 2, ,5 , 6 , 10 , 15 , 25 , 40 , 65 , 100 ,


140 e 200 A
o Valores não preferenciais para os tipos K e T: 8 , 12 , 20 , 30 , 50 e 80 A .
o Valores para os tipo H : 1 , 2 , 3 , 5 A .
o Os elos-fusíveis K e T, geralmente admitem correntes 50% acima da nominal
(corrente admissível).

b) De força :

o Tipo EF - Elos-fusíveis rápidos;


o Tipo ES - Elos-fusíveis lentos.

Na distribuição aérea primária, a maior aplicação de elo-fusível é na proteção de


transformadores e ramais.
III) DISJUNTORES
Os disjuntores são equipamentos destinados à interrupção e ao restabelecimento das
correntes elétricas em um ponto determinado do circuito.
Os disjuntores sempre devem ser instalados acompanhados de aplicação de relés,
que são os elementos responsáveis pela detecção das correntes elétricas do circuito que,
depois de analisadas por sensores previamente ajustados, podem enviar ou não a ordem de
comando para a sua abertura.
A norma brasileira que trata de disjuntores de alta tensão é a NBR 7118. Para os
disjuntores de baixa tensão temos a NBR 5361. Contudo, esta última foi cancelada em
21.07.2006, sem que haja uma norma que a substitua.

III.1) Características construtivas dos disjuntores

Quanto ao sistema de interrupção do arco

A operação de qualquer interruptor se faz separando-se os seus respectivos contatos,


que permitem, quando fechados, a continuidade elétrica do circuito. Durante esta
separação, em virtude da energia armazenada no circuito, há o surgimento do arco elétrico
que precisa ser prontamente eliminado, sob pena de conseqüências danosas ao sistema.
O arco formado desta forma torna-se agora o meio de continuidade do circuito
mencionado, até que a corrente atinja o seu ponto zero, durante o ciclo senoidal, quando,
nesse momento, se dá a interrupção da chave. Porém, se o meio em que se dá a abertura dos
contatos permanecer ionizado, durante o meio ciclo seguinte, a corrente poderá ter a sua
continuidade elétrica restabelecida com a formação de um novo arco.
As características dos disjuntores que contribuem para a extinção do arco elétrico
são:
o O meio desionizante presente no disjuntor que possui características isolantes;
o Sua capacidade de transferir o calor do arco para zonas externas, diminuindo a
temperatura da zona do arco;
o Aumento da pressão do local onde ocorre o arco, pois quanto maior a pressão, maior
a rigidez dielétrica do gás, ou seja, mais difícil torna-se sua ionização.

Assim, os disjuntores podem ser classificados segundo o meio no qual se processa a


extinção do arco.

Disjuntor a sopro magnético:

Neste tipo, o contato se abre pelo ar e o arco é extinto numa câmara de extinção.
Nesta câmara o arco tem seu comprimento aumentado, e é segmentado em arcos menores,
onde o gás ionizado é resfriado através do contato com as paredes da câmara. Esse nome de
sopro magnético é devido às forças que impelem o arco para dentro da câmara, que são
produzidas pelo campo magnético da própria corrente.
Disjuntor a óleo:

No disjuntor a óleo há dois efeitos principais que levam à extinção do arco: o efeito
de hidrogênio e o efeito de fluxo líquido. O primeiro refere-se à decomposição do óleo
devido à alta temperatura do arco, liberando dessa forma gases onde predomina o
hidrogênio, que é relativamente bom condutor térmico. Desta forma o arco é resfriado. O
outro efeito consiste em jogar óleo mais frio sobre o arco, aumentando assim a troca de
calor e resfriando o arco mais rapidamente.

Disjuntores a vácuo:

O arco no vácuo, como não há gás ionizado, é conduzido através de uma nuvem de
partículas metálicas provenientes da evaporação dos contatos do disjuntor, que logo após a
interrupção do arco são depositados rapidamente na superfície dos contatos. Essa rápida
recuperação faz com que o disjuntor a vácuo tenha alta capacidade de ruptura em câmaras
relativamente pequenas.
Além dessa vantagem, o disjuntor a vácuo tem uma grande aceitação no mercado
para média tensão até 38kV devido às seguintes características:

o Segurança de operação, pois não requerem uso de gases ou líquidos e não emitem
chamas ou gases;
o Possui grande vida útil;
o Custo reduzido dos contatos requer menos energia para acionamento e o torna mais
silencioso;
o Alta relação entre capacidade disruptiva/volume;

Disjuntores a ar comprimido:

Esse tipo de disjuntor tem um mecanismo de extinção bastante simples, que é a


criação de um fluxo de ar sobre o arco. Esse fluxo ocorre devido a um gradiente de pressão,
e o mecanismo eletropneumático que gera esse gradiente também é utilizado na operação
mecânica do disjuntor, ou seja, na abertura e fechamento dos contatos.

Disjuntores a SF6 (Hexa Fluoreto de Enxofre):

O SF6 é um meio isolante e extintor, por suas propriedades físicas e químicas: é


inodoro, não venenoso, incolor, e extremamente estável e inerte até 500ºC. Devido à sua
alta densidade e falta de cor e cheiro, requer cuidados para não provocar acidentes como
morte por asfixia, pois costuma se depositar em valas e espaços confinados.
As características isolantes do SF6 são bastante superiores àquelas dos meios mais
comuns, como o óleo mineral e o ar comprimido. Nos disjuntores, o SF6 se encontra em
um sistema fechado e praticamente isento de umidade por toda a vida útil do equipamento.
Quanto ao sistema de acionamento

Pode-se classificar em:

o Sistema de mola;
o Sistema de solenóide;
o Sistema de ar comprimido.

Características elétricas principais

Tensão Nominal
É o valor eficaz da tensão pela qual o disjuntor é designado.

Nível de isolamento
É o conjunto de valores de tensões nominais que caracterizam o isolamento de um disjuntor
em relação à sua capacidade de suportar os esforços dielétricos.

Freqüência nominal
É o valor da freqüência industrial para a qual o disjuntor foi projetado.

Tensão suportável a impulso


É o valor de impulso normalizado, atmosférico ou de manobra, que um disjuntor deve
suportar em condições previstas de ensaios.

Tensão de restabelecimento
É a tensão que aparece entre os terminais de um pólo do disjuntor depois da interrupção da
corrente. Essa tensão é responsável pela reignição do arco entre os terminais de um pólo de
um disjuntor.

Tensão de restabelecimento transitório (TRT)


É a tensão que aparece entre os contatos de um pólo de um disjuntor, logo após a
interrupção de corrente, no intervalo de tempo que caracteriza o período transitório, antes
do amortecimento das oscilações.

Corrente Nominal
É o valor eficaz de corrente de regime contínuo que o disjuntor deve ser capaz de conduzir
indefinidamente sem que a elevação de temperatura exceda o limite definido.

Corrente de interrupção
É a corrente num pólo de um disjuntor, no início do arco, durante uma operação de
alternância.

Corrente de interrupção simétrica nominal


É o valor eficaz da componente alternada da corrente de interrupção nominal em um curto-
circuito.
IV) Relés

IV.1) Conceitos Gerais

O relé é definido como sendo um dispositivo sensor que comanda a abertura do


disjuntor quando surgem, no sistema elétrico protegido, condições anormais de
funcionamento.
O modo geral de atuação de um relé pode ser sintetizado em quatro etapas:

o O relé encontra-se permanentemente recebendo informações da situação elétrica


do sistema protegido sob a forma de corrente, tensão, freqüência ou uma
combinação dessas grandezas (potência, impedância, ângulo de fase, etc.);
o Se, em um dado momento, surgirem condições anormais de funcionamento do
sistema protegido tais que venham a sensibilizar o relé, este deverá atuar de
acordo com a maneira que lhe for própria.
o A atuação do relé é caracterizada pelo envio de um sinal que resultará em uma
ação de sinalização (alarme), bloqueio ou abertura de um disjuntor (ou nas três
ao mesmo tempo).
o A abertura ou disparo do disjuntor, comandada pelo relé, irá isolar a parte
defeituosa do sistema.

A fim de desempenhar a contento o objetivo que lhe é confiado, exige-se de um relé


os seguintes requisitos:

Exatidão e segurança de operação - O relé só opera de uma maneira definitiva e cabal,


quando as condições do sistema que foram impostas para sua operação ocorrerem; fora
disso ele permanece inativo e não deve ser afetado por condições perturbadoras, tais como:
campos magnéticos estranhos, variações da freqüência, presença de harmônicos,
temperatura ambiente, etc.

Seletividade de operação - O relé deve selecionar dentre as partes do sistema que operam
em condições anormais aquela ou aquelas que estão realmente defeituosas, "despejando" ou
separando-as do sistema, dentro do trecho o mais restrito possível.

Sensibilidade - Não deveria haver margens de tolerância entre a zona de operação e a de


inoperação de um relé, contudo, tais margens inevitáveis são reduzidas ao mínimo.

Rapidez de operação - O relé deve operar o mais rapidamente possível de modo a diminuir
os danos que são causados pela permanência do defeito na rede e também aumentar a
estabilidade do sistema de fornecimento de energia elétrica. (Modernas experiências,
entretanto, determinaram que tempos de operação menores que um ciclo resultam em
piores condições de estabilidade).
IV.2) Histórico de evolução

De acordo com a construção, os relés estão divididos em eletromecânicos e


estáticos. Os relés estáticos são assim conhecidos porque não possuírem partes móveis. São
constituídos por dispositivos eletrônicos.
A mais recente geração de relés estáticos são os microprocessadores dedicados à
realização das funções de proteção, medição e controle. São os relés digitais ou numéricos.
Os relés de proteção surgiram no início do século, com os relés de sobrecorrente, e
foram se desenvolvendo para atender a outras funções de proteção, conforme se pode
observar com a cronologia apresentada:

a) Relés eletromecânicos:
1901 - Relé de sobrecorrente de indução
1908 - Relé diferencial
1910 - Relé direcional
1921 - Relé de distância (tipo impedância)
1937 - Relé de distância (tipo mho)

b) Relés estáticos:
1925 - 1948: 1ª geração - Válvulas eletrônicas
1949 - 1960: 2ª geração - Transistores
1960 - 1970: 3ª geração - Circuitos integrados
1970 – Atualmente: 4ª geração - Microprocessados

A aplicação da tecnologia digital teve início no final da década de 60 e início dos


anos 70, com a introdução de microprocessadores nas áreas de supervisão e controle. Daí
surgiu a geração de relés microprocessados.
Os relés digitais apresentam as seguintes vantagens em relação aos convencionais:

o Automonitoramento (autodiagnóstico);
o Detecção e diagnóstico de faltas;
o Melhor exploração do potencial das funções de proteção;
o Permitem o desenvolvimento de novas funções e métodos de proteção;
o Compartilham dados através de redes de comunicação;
o Proporciona melhor interface homem x máquina;
o Adaptação aos requisitos funcionais operativos;
o Transfere e recebe dados;
o Custo baixo.

As desvantagens são:

o Vida útil reduzida (10 a 15 anos), enquanto os convencionais possuem vida


longa (acima de 30 anos);
o O “hardware” dos relés digitais avança rapidamente, tornando-os obsoletos;
o Interferências eletromagnéticas.
O perfil do profissional do engenheiro de proteção para assimilar a tecnologia
digital deve ser multidisciplinar, exigindo-se conhecimentos como: Redes de comunicação;
gerência de bancos de dados; algoritmos numéricos de proteção; processamento digital de
sinais; protocolo de comunicação; etc.
A técnica de proteção digital está atualmente consolidada, mas continua sendo uma
área de investigação ativa, tendo em vista o desenvolvimento dos microprocessadores.
V) Codificação ANSI
As várias funções de proteção dos relés podem ser identificadas através de uma
codificação envolvendo algarismos alfa-númericos. Essa numeração foi normalizada pela
American Standard Association – ASA, e listadas na IEEE Std C37.2 - 1996.
Devido a extensão dessa tabela, abaixo encontram-se apenas as principais funções de
proteção.

Nr Denominação
21 Relé de distância
25 Relé de Sincronização
27 Relé de subtensão
32 Relé direcional de potência
40 Relé de perda de excitação
46 Relé de desbalanceamento de corrente de fase
47 Relé de sequência de fase de tensão
49 Relé térmico
50 Relé de sobrecorrente instantâneo
51 Relé de sobrecorrente temporizado
52 Disjuntor de corrente alternada
59 Relé de sobretensão
60 Relé de balanço de tensão
67 Relé direcional de sobrecorrente
81 Relé de sub/ sobrefrequência
86 Relé auxiliar de bloqueio
87 Relé de proteção diferencial

Cada numeração pode apresentar letras como sufixo que representam o elemento
protegido ou a aplicação a qual se destina. A tabela abaixo descreve os sufixos comumente
utilizados.

Sufixo Aplicação
A Alarme
B Proteção de barra
Proteção de terra (com TC conectado ao neutro do sistema) ou proteção de
G
gerador
GS Proteção de terra (TC toroidal ou ground-sensor)
L Proteção de linha
M Proteção de motor
N Proteção de terra (bobina conectada ao TC residual)
T Proteção de transformador
V Tensão

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