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Processos de
Soldagem
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 1
TÉCNICO EM MECÂNICA
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO...........................................................................................................................3
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................4
SOLDAGEM OXI-COMBUSTÍVEL...............................................................................................6
NOÇÕES DE ELETRICIDADE............................................................................................................................12
FONTES DE CORRENTE PARA SOLDAGEM...........................................................................17
CURVAS CARACTERÍSTICAS DAS FONTES DE CORRENTE..............................................21
SOLDAGEM A ARCO ELÉTRICO COM ELETRODOS REVESTIDOS...................................23
ELETRODOS REVESTIDOS PARA A SOLDAGEM DE AÇOS CARBONO...........................23
ELETRODOS REVESTIDOS PARA A SOLDAGEM DE AÇOS DE BAIXA LIGA ............... 35
ARMAZENAGEM, TRATAMENTO E MANUSEIO ................................................................. 43
EQUIPAMENTOS ......................................................................................................................... 46
VARIÁVEIS QUE INFLUENCIAM NA SOLDAGEM ................................................................47
POSIÇÕES DE SOLDAGEM..........................................................................................................4
JUNTAS.............................................................................................................................................53
SOLDAGEM MIG/MAG..................................................................................................................56
TÉCNICAS E PARÂMETROS DE SOLDAGEM...........................................................................80
SEGURANÇA NA SOLDAGEM.....................................................................................................94
ENSAIOS MECÂNICOS................................................................................................................105
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................140
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 2
TÉCNICO EM MECÂNICA
APRESENTAÇÃO
Prezado aluno
Ao decidir fazer um curso em nossa instituição, talvez não soubesse no momento do ingresso que
estaria a partir dali mudando o rumo do seu futuro, fazendo parte de um sistema jovem, criado em
2006, mas comprometido com o desenvolvimento tecnológico, social e moral dos futuros profissionais
formados nas mais distintas áreas de abrangência da Escola Técnica Vértix.
Focada nas mudanças trazidas pela globalização, consciente de que do futuro profissional será exigido
não só competência técnica, mas, sobretudo, comprometimento com os resultados, exercendo com
flexibilidade, autonomia e proatividade as mais distintas competências que lhe forem atribuídas, tais
como: capacidade de analisar e solucionar problemas, avaliar resultados propondo mudanças no
processo e no produto quando estas se fizerem necessárias, objetivando o aperfeiçoamento contínuo,
ser flexível e saber trabalhar em equipe.
A necessidade de aperfeiçoamento contínuo é evidenciada pela entrada cada vez mais frequente de
novas tecnologias e produtos, apontando para o mercado produtor de mão-de-obra a exigência de uma
formação consistente que lhe garanta a empregabilidade, quer pela adaptabilidade a ferramentas
inovadoras ou pela flexibilidade que lhe facilite a autoaprendizagem.
Essas novas e cada vez mais crescentes tecnologias produtivas obrigam os sistemas educacionais
profissionalizantes se adaptarem de forma rápida e também inovadora. Ciente dessa necessidade a
Escola Técnica Vértix está na vanguarda do ensino profissionalizante montando uma estrutura
educacional sólida focada nas necessidades da indústria, oferecendo uma formação flexível,
modularizada e consciente da necessidade de uma formação continuada. Deixando claro que esta
formação flexível e modularizada permitirá a você aluno estimado, criar seu próprio percurso
educacional, podendo e devendo voltar à instituição e dar continuidade à sua formação profissional.
Alicerçada em forte infraestrutura física, contando com maquinário moderno e instalações de ponta, a
Escola Técnica Vértix, ciente do seu papel no desenvolvimento da indústria mineira e nacional oferece
a seus alunos e egressos, todo apoio técnico e pedagógico de sua equipe, pois, mais do que formar um
profissional, queremos formar cidadãos e ter certeza de um futuro promissor.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 3
TÉCNICO EM MECÂNICA
INTRODUÇÃO
Como esta disciplina recebe o nome de PROCESSOS DE SOLDAGEM para se iniciar esta matéria é
necessário que se faça uma pergunta: O que é soldagem?
Na verdade, existem várias definições para soldagem. Poderíamos apresentar várias delas aqui, mas os
autores sempre acabam discordando entre si em um ou outro ponto. Por isso, escolhi apenas uma:
aquela que achei a mais abrangente (ou ampla) de todas. É a definição da Associação Americana de
Soldagem (American WeldingSociety - AWS), segundo a qual: ―Soldagem é o processo de união de
materiais usado para obter a coalescência (união) localizada de metais e não-metais, produzida por
aquecimento até uma temperatura adequada, com ou sem a utilização de pressão e/ou material de
adição.‖
Uma breve história da Soldagem
Após muitas experiências com a novidade tecnológica da época, um inglês chamado Wilde obteve a
primeira patente de soldagem por arco elétrico em 1865. Ele uniu com sucesso duas pequenas peças de
ferro passando uma corrente elétrica através de ambas as peças e produzindo uma solda por fusão.
Aproximadamente vinte anos depois, na Inglaterra, Nikolas Bernardos e Stanislav Olszewsky
registraram a primeira patente de um processo de soldagem, baseado em um arco elétrico estabelecido
entre um eletrodo de carvão e a peça a ser soldada, fundindo os metais à medida que o arco era
manualmente passado sobre a junta a ser soldada.
Em 1890, N.G. Slavianoff (Rússia) e Charles Coffin (EUA) desenvolveram, independentemente, a
soldagem com eletrodo metálico nu. Dessa forma, durante os anos seguintes, a soldagem por arco foi
realizada com eletrodos nus, que eram consumidos na poça de fusão e tornavam-se parte do metal de
solda. As soldas eram de baixa qualidade devido ao nitrogênio e ao oxigênio na atmosfera formando
óxidos e nitretos prejudiciais no metal de solda. No início do século XX, a importância da proteção ao
arco contra os agentes atmosféricos foi percebida. Revestir o eletrodo com um material que se
decompunha sob o calor do arco para formar uma proteção gasosa pareceu ser o melhor método para
atingir esse objetivo. Como resultado, vários métodos de revestir os eletrodos, tais como
acondicionamento e imersão, foram tentados.
Em 1904, Oscar Kjellberg, um engenheiro sueco, tinha um problema: ele precisava melhorar a
qualidade dos trabalhos de reparo em navios e caldeiras em Gothenburg, o que resultou na invenção do
primeiro eletrodo revestido, onde o revestimento era constituído, originalmente, de uma camada de
material argiloso (cal), cuja função era facilitar a abertura do arco e aumentar sua estabilidade. Logo
após, Oscar Kjellberg fundou a ESAB. Em 1907, Oscar Kjellberg patenteou o processo de soldagem a
arco com eletrodo revestido.
Esses esforços culminaram no eletrodo revestido extrudado em meados dos anos 1920, melhorando
muito a qualidade do metal de solda e proporcionando aquilo que muitos consideram o mais
significativo avanço na soldagem por arco elétrico.
A busca contínua do aumento da produtividade propiciou o desenvolvimento de novos processos de
soldagem.
No entanto, ainda nos dias de hoje, é um processo muito empregado graças à sua grande versatilidade,
ao baixo custo de operação, à simplicidade dos equipamentos necessários e à possibilidade de uso em
locais de difícil acesso ou sujeitos a ventos.
As desvantagens do processo são a baixa produtividade, os cuidados especiais que são necessários no
tratamento e manuseio dos eletrodos revestidos e o grande volume de gases e fumos gerados durante a
soldagem.
Mesmo assim, ainda continua a ser um processo de soldagem empregado na fabricação e montagem de
equipamentos, na área de manutenção e reparos, em construções no campo, na soldagem por gravidade
em estaleiros, e, de modo mais abrangente, na soldagem em geral de chapas de espessura variando de 3
a 40 mm.
Processos de Soldagem
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Porém com o avanço tecnológico cada vez mais acelerado em todos os ramos da indústria mecânica
um estudo mais aprofundado da soldagem tornou-se de extrema importância a todos aqueles que
exercem funções técnicas na indústria, seja como fator de produção ou de manutenção. Esta Apostila
está voltadas aos vários processos de soldagem e procura mostrar de forma clara e objetiva as várias
questões ligadas a esses processos. Visando constituir-se num ponto de partida para aqueles que
desejem estudar a matéria. No entanto, ter conhecimento profundo sobre soldagem implica em ter
conhecimentos sobre diversas áreas como a metalurgia, a mecânica, a eletrotécnica, a eletrônica, a
resistência dos materiais e ciências como a física e a química. Porém neste trabalho vamos abordar os
principais processos, seus materiais e técnicas, de modo que você possa ter uma boa ideia da
importância deles no contexto de indústria metal-mecânica.
No princípio, a soldagem ao arco elétrico era usada somente em operações onde se exigia pequena
responsabilidade, em recuperações de peças quebradas, que não tinham funções importantes em
serviço, e em operação de enchimento de peças danificadas. Não se passou muito tempo desde o início
da utilização da soldagem em pequenos reparos até o atual desenvolvimento tecnológico que se
encontram os processos de soldagem e cujo desenvolvimento é incessante. Em consequência, as
concepções de componentes mecânicos passaram a incluir a soldagem, no lugar de outras técnicas,
como a união por rebites e a fundição.
A soldagem com eletrodos revestidos é um dos processos de soldagem mais usado, devido à
simplicidade do equipamento, à qualidade das soldas, e do baixo custo dos equipamentos e dos
consumíveis. Ele tem grande flexibilidade e solda a maioria dos metais numa grande faixa de
espessuras. Com este processo pode-se soldar em quase todos os lugares e em condições extremas.
A soldagem com eletrodos revestidos é aplicada extensivamente em fabricação e manutenção
industrial, estruturas metálicas diversas, construção naval, carros, caminhões, comportas e outros
conjuntos soldados.
Com este trabalho, espera-se que novas buscas para outras ações semelhantes possam ser tomadas e
desenvolvidas aos níveis de qualidade compatíveis com as exigências do mercado, e, estreitando a
ligação entre a Escola Técnica Vértix e outras instituições e empresas na busca pela formação de mão-
de-obra de alto nível.
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TÉCNICO EM MECÂNICA
SOLDAGEM OXI-COMBUSTÍVEL
Soldagem a gás
A soldagem como processo de fabricação só passou a ser usada efetivamente após o início da Primeira
Guerra Mundial. A partir dessa época, a tecnologia da soldagem sofreu um grande impulso com o
aperfeiçoamento dos processos já existentes, como a soldagem a arco elétrico, a soldagem oxigás, por
resistência, por aluminotermia, e o desenvolvimento de novos e diversificados processos.
A soldagem é atualmente o método mais usado e mais importante de união permanente de peças
metálicas. Usada em conjunto com outros processos de fabricação, ela permite a montagem de
conjuntos com rapidez, segurança e economia de material.
A soldagem a gás é o processo através do qual os metais
são soldados por meio de aquecimento com uma chama de
um gás combustível e oxigênio. Isso produz uma chama
concentrada de alta temperatura que funde o metal-base e
o metal de adição, se ele for usado.
Embora esse processo gere temperaturas elevadas, estas ainda são baixas se comparadas com as
geradas pelo arco elétrico. Por causa disso, a velocidade de soldagem é baixa e, apesar da simplicidade
e baixo custo, o uso em processos industriais da soldagem a gás é muito restrito. Assim, ela é usada
apenas quando se exige um ótimo controle de calor fornecido e da temperatura das peças, como na
soldagem de chapas finas e tubos de pequeno diâmetro e, também na deposição de revestimentos com
propriedades especiais na superfície das peças. Seu maior uso se dá na soldagem de manutenção.
Para realizar a soldagem a gás, o equipamento básico
necessário é composto por dois cilindros, um contendo
oxigênio e outro contendo o gás combustível, dotados
de reguladores de pressão, mangueiras para conduzir
os gases até o maçarico.
O equipamento usado para a soldagem a gás é de baixo custo e, com acessórios adequados, pode
também ser usados em outras operações como: dobramento, deposição de metal em pó, desempeno,
pré e pós-aquecimento, brasagem, solda-brasagem e corte a gás.
O principal item desse equipamento básico é o maçarico, no qual os gases são misturados e do qual
eles saem para produzir a chama. Ele é composto basicamente de:
Eles recebem o oxigênio e o gás combustível e fazem a mistura na proporção adequada à produção
da chama desejada. A vazão de saída dos gases determina se a chama será forte, intermediária ou
suave. Finalmente, a proporção dos gases determina se a chama será oxidante, neutra ou redutora,
cuja importância será descrita à frente.
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Basicamente, existem dois tipos de maçaricos:
a) O maçarico de baixa pressão, do tipo injetor, que fornece uma mistura de gás e oxigênio sem
variação de proporção.
1. Entrada de oxigênio
2. Entrada de gás
3. Injetor
4. Mistura entre os gases
5. Câmara de mistura
6. Bico
b) O maçarico misturador é usado com cilindros de gás de média pressão Nele, os gases passam por
válvulas que permitem controlar a proporção da mistura, e continuam através de tubos independentes
até o ponto de encontro dos gases sem sofrer alterações significativas de volume e pressão.
1. Entrada de oxigênio
2. Entrada de gás
3. Ponto de encontro dos gases
4. Misturador de gases
5. Câmara de mistura
6. Bico
Os Gases
O processo oxigás precisa de dois gases: oxigênio e um gás combustível.
Oxigênio
É o gás mais importante para os seres vivos, existindo em abundância no ar, cerca de 21% em volume
ou 23% em massa. É inodor, incolor, não tóxico e mais pesado que o ar (peso atômico: 31,9988 g/mol).
O Oxigênio por si só não é inflamável, porém sustenta a combustão, reagindo violentamente com
materiais combustíveis, podendo causar fogo ou explosões.
O oxigênio pode ser obtido de duas formas:
Através de reações químicas pela eletrólise de água , porém este método é utilizado apenas em
laboratórios em função de sua baixa eficiência, e através da destilação fracionada do ar atmosférico
(aspiração, filtragem, compressão, resfriamento, expansão, interação e evaporação).
Gases Combustíveis
São vários os gases combustíveis que podem ser usados para ignição e manutenção da chama de
aquecimento. Os gases utilizados são Acetileno, Propano, GLP, gás de Nafta, Hidrogênio e Gás
natural. A natureza do gás combustível influenciará na temperatura da chama, consumo de Oxigênio e
custo do processo. Dentre estes, os mais utilizados são o Acetileno e o GLP.
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ACETILENO (C2H2)
Entre os vários gases citados, o acetileno é o de maior interesse no uso industrial por possuir uma
elevada temperatura de chama (3.100°C), em função de este hidrocarboneto possuir o maior percentual
em peso de carbono que os outros combustíveis. É um gás estável a temperatura e pressão ambiente,
porém não se recomenda seu uso sob pressões superiores a 1,5 Kg/cm2, onde o gás pode entrar em
colapso e explodir. O acetileno é obtido a partir da reação química do mineral carbureto de cálcio
(CaC2) com a água pela seguinte reação química: CaC2+ 2H2O = C2H2+Ca(OH)2
O carbureto de cálcio por sua vez é produzido dentro de um forno elétrico num processo contínuo pela
reação do carvão coque com a cal viva a uma temperatura de 2.500°C.
Comercialmente o carbureto de cálcio pode ser vendido em diversas granulometrias, sob forma sólida,
podendo ser usado em geradores para obtenção de acetileno no local de uso.
O acetileno é tão usado na soldagem a gás que muitas vezes o processo recebe o nome de solda
gemoxiacetilênica.
GLP
O Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) é uma mistura de 2 gases (Propano: C3H8 e Butano:
CH3CH2CH2CH3) que são hidrocarbonetos saturados. O GLP é incolor e inodoro em concentrações
abaixo de 2% no ar. É um gás 1,6 vezes mais pesado que o ar, sendo utilizado como combustível para
queima em fornos industriais, aquecimento e corte de materiais ferrosos.
O GLP é constituinte do óleo cru (cerca de 2%) e recuperado tal como outros subprodutos do petróleo
em refinarias. O gás é estocado de forma condensada, sob pressão, em esferas.
Tipos de chama
Em função da qualidade de gás combustível e de oxigênio, o maçarico pode fornecer diferentes tipos
de chama, aplicáveis à soldagem de diferentes tipos de metais. É a regulagem da chama que vai
permitir o aparecimento de seus três tipos básicos:
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Consumíveis
Além dos gases, mais dois tipos de materiais são às vezes necessários para a realização da soldagem a
gás: os fluxos e os metais de adição. Juntamente com o gás, esses materiais são chamados de
consumíveis.
Para realizar soldagem de boa qualidade, é necessário que as peças metálicas tenham sua superfície
livre da presença de óxidos. Como o oxigênio é parte integrante do processo de soldagem a gás e como
a afinidade de certos metais com o oxigênio é instantânea é quase impossível impedir a formação
desses óxidos. Uma maneira de removê-los é por meio do uso dos fluxos.
Fluxos são materiais em forma de pó ou pasta que se fundem e têm a função de reagir quimicamente
com óxidos metálicos que se formam no processo. Eles são usados na soldagem de aços inoxidáveis e
de metais não ferrosos como o alumínio e o cobre e suas ligas.
Metais de adição são usados para preenchimento da junta e para melhorar as propriedades dos metais
de base, quando necessário. Encontram-se no comércio sob a forma de varetas com comprimentos e Ø
variados. São escolhidos em função do tipo de metal e/ou da composição química do metal de base.
Dentro desse processo, duas técnicas de soldagem podem ser empregadas: soldagem à esquerda e
soldagem à direita.
A soldagem à esquerda ocorre quando a vareta do metal de
adição precede o maçarico ao longo do cordão. Nesse caso, o
metal de adição é depositado à frente da chama.
Na soldagem à esquerda, o ângulo entre o maçarico e a peça
deve ficar em torno de 60o. O ângulo entre a vareta e a peça,
por sua vez, deve ficar entre 45 e 60o.
Essa técnica é usada para a soldagem de peça com até 6 mm
de espessura, e de metais não-ferrosos, porque o cordão de
solda obtido é raso. Ela necessita geralmente que o soldador
faça movimentos rotativos ou ziguezague de um lado para o outro da chapa para obter uma fusão
perfeita.
A soldagem à direita acontece quando a chama é dirigida
para a poça de fusão e o metal de adição é depositado atrás da
chama. O ângulo entre o maçarico e a chapa deve ficar entre
45 e 60o e o ângulo entre a vareta e a chapa é de
aproximadamente 45o.
Nessa técnica, o maçarico se desloca em linha reta, enquanto
a vareta de solda avança em movimento de rotação no banho de fusão. Ela é empregada para a
soldagem de materiais com espessura acima de 6mm.
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TÉCNICO EM MECÂNICA
A soldagem à direita apresenta uma série de vantagens:
maior facilidade de manuseio do maçarico e da vareta de solda;
maior velocidade de soldagem ;
melhor visão da poça de fusão, logo, melhor controle durante a soldagem;
menores esforços de dilatação e contração;
possibilidade de soldagem de ampla faixa de espessuras de materiais.
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Equipamentos
Uma estação de trabalho deve ter no mínimo os seguintes equipamentos para execução do processo:
Maçarico de corte
O maçarico de oxicorte mistura o gás combustível com o oxigênio de aquecimento, na proporção
correta para a chama, além de produzir um jato de oxigênio de alta velocidade para o corte.
Este equipamento consiste de uma série de tubos de gás e válvulas de controle de fluxo dos gases
oxigênio e combustível. Um maçarico de corte consiste de:
Cabeça - proporciona rigidez ao conjunto, e serve de acoplamento aos bicos de corte.
Tubos - têm a função de conduzir os gases.
Punho - local onde se fará o manuseio do maçarico.
Alavanca de corte - o seu acionamento atua sobre a válvula de oxigênio de corte proporcionando a
abertura do mesmo.
Conjunto de regulagem - é um conjunto de válvulas que servem para regulagem dos fluxos de
gases.
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NOÇÕES DE ELETRICIDADE
Existem diversos tipos de processos de soldagem, mas sabemos que alguns deles são mais utilizados
devido à suas características, como, flexibilidade em termos de aplicações, custo e facilidade de
treinamento de mão-de-obra. Os processos que utilizam o arco voltaico (arco elétrico de soldagem)
como fonte de energia para fusão dos materiais, estão entre os mais utilizados na indústria nos dias de
hoje. Por isso é necessário um conhecimento básico sobre temas relacionados com a energia elétrica.
Corrente Elétrica
Corrente elétrica é a movimentação ordenada de elétrons que passam através de um condutor.
Eletromagnetismo
O eletromagnetismo consiste na atuação conjunta de fenômenos elétricos e magnéticos, e tem grande
importância nos equipamentos de soldagem que utilizam energia elétrica para a geração de calor para
fusão dos materiais a serem soldados
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Campo Magnético
O campo magnético é identificado pelas ―linhas de campo‖
Tensão Elétrica
È a força que impulsiona os elétrons para formar a corrente elétrica. Existindo assim a diferença de
potencial entre dois corpos (positivo e negativo).
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Tensão de Circuito Aberto e Tensão de Trabalho
Resistência Elétrica
Qualquer oposição a passagem de corrente elétrica.
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Efeito Joule
Aumento de temperatura do material resistivo devido ao choque dos
elétrons com os átomos.
Lei de Ohm
A resistência é um bipolo passivo, pois consome energia
elétrica, provocando queda de potencial no circuito.
Experimento:
Tipos de corrente
Corrente Contínua
Corrente contínua é uma corrente elétrica que flui no mesmo sentido e normalmente com a mesma
força.
Para a soldagem a corrente contínua é muito importante, porque para certos processos de soldagem a
arco elétrico somente a corrente contínua pode ser usada. A corrente contínua confere melhor
estabilidade ao arco. CC+ significa polaridade reversa, isto é, o eletrodo é ligado ao pólo positivo e a
peça ao negativo. CC- é polaridade direta, isto é, o eletrodo é ligado ao pólo negativo e a peça ao
positivo.
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Corrente Alternada
Corrente alternada é uma corrente elétrica que alterna permanentemente sua direção e força. Sua
direção muda 120 vezes por segundo: isso significa 60 períodos (ou ciclos) por segundo, chamados de
60 Hz (hertz).
Nota: A corrente alternada é largamente usada para o consumo público; e a tensão usada nos prédios,
casas, etc., são de 110(127) ou 220 volts.
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Circuito Elétrico
A força motriz da corrente elétrica é obtida sob a forma de tensão (V), por meio da fonte de corrente
elétrica, em volt.
A corrente elétrica é obtida por meio de elétrons no condutor elétrico. A intensidade de corrente (I),
em ampere, é equivalente a um determinado número de elétrons por segundo. Ela cresce com o
aumento de tensão.
A resistência elétrica R, em (Ohm), é obtida por meio de um condutor elétrico com baixo valor de
condutividade elétrica, por exemplo, o arco elétrico.
Todos os tipos de resistência elétrica provocam uma queda na intensidade de corrente.
Comparação:
Circuito Hidráulico
A força motriz do fluxo hidráulico pode ser obtida por meio de pressão gerada pela força do motor e
pela vazão fornecida pela bomba.
O volume circulante é o fluxo no tubo condutor. Ele cresse com o aumento da pressão. O estreitamento
obtido por meio de um registro de água e todas as outras resistências à tubulação reduz o fluxo de
água, aumentando a pressão.
Circuito de Soldagem
O arco elétrico é a principal resistência neste tipo de circuito, determinando os valores da corrente de
soldagem e da tensão do arco elétrico.
Nos cabos de solda se encontram resistências de valores muito pequenos.
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Transformador
Os transformadores são as mais simples entre
as fontes de energia para soldagem. São
constituídos por dois enrolamentos que são
denominados enrolamentos primários e
secundários. Para uma identificação
grosseira, o enrolamento primário é aquele
que é constituído por muitas espiras de fio
fino, enquanto que o enrolamento secundário
é aquele que é constituído por poucas espiras
de fio grosso. O transformador produz
corrente alternada
Mediante o movimento do núcleo de dispersão, para dentro ou para fora, altera-se o fluxo magnético
no secundário.
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Retificador
Os transformadores retificadores, apesar de serem equipamentos desenvolvidos para fornecer uma
corrente retificada muito semelhante à corrente contínua, podem, desde que o fabricante ofereça a
opção de desligar o retificador, ser utilizados para corrente alternada.
Estes equipamentos são monofásicos, ou trifásicos com bobina de equilíbrio. A bobina de equilíbrio é
uma bobina complementar que permite utilizar os três fios da rede trifásica para alimentar a bobina
monofásica. Os equipamentos deste grupo equilibram naturalmente a carga sobre a rede elétrica e são
de um preço ligeiramente inferior às fontes de corrente contínua.
O transformador-retificador é composto de um transformador trifásico onde a corrente alternada do
secundário é retificada por um conjunto de retificadores.
Podemos definir o retificador como
sendo um dispositivo que permite a
passagem de corrente somente em um
único sentido. Isto fará com que a
corrente fornecida seja uma corrente
alternada retificada, ligeiramente
ondulada e apresentando propriedades
de soldagem praticamente idênticas as
da corrente contínua.
Estes aparelhos são uma das melhores
soluções como fonte de energia para
soldagem, e são os que absorvem
menor corrente no primário, dando
com isto um bom equilíbrio a rede. Os
postos trifásicos equilibram
naturalmente a carga na rede, e devido
a serem postos estáticos, sua
manutenção é mínima.
Gerador
Os geradores são constituídos por um motor e um gerador, a grande maioria das vezes num bloco
único.
Quando este motor é elétrico, esta fonte é a de construção mais elaborada, necessitando de mais
manutenção que as outras devido a ter peças que trabalham em rotações na faixa de 3000 RPM. Nestas
condições, esta fonte também é a de maior custo inicial, e do ponto de vista da soldagem manual, são
menos interessantes que as máquinas anteriormente descritas.
A grande vantagem destes
aparelhos é quando não se tem
disponibilidade de energia
elétrica, uma vez que o motor
citado como componente deste
equipamento não precisa ser
necessariamente elétrico,
podendo ser um motor de
combustão normal (gasolina,
óleo, etc.). O gerador com motor
elétrico, a gasolina, a diesel ou a
álcool produz corrente contínua.
Processos de Soldagem
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Resumindo os Tipos de fontes
Os transformadores fornecem somente corrente alternada. Os retificadores transformam a corrente
alternada da rede em corrente contínua disponível para a soldagem. Os geradores podem fornecer
corrente contínua ou corrente alternada. Os inversores fornecem corrente contínua e podem ser
portáteis.
O eletrodo no pólo negativo (CC-) produz soldas com menor penetração; no entanto, a taxa de fusão
do eletrodo é alta. O cordão de solda é largo e raso como mostrado em A na Figura 12. Por sua vez, o
eletrodo no pólo positivo produz soldas com maior penetração e um cordão de solda mais estreito
como mostrado em B na Figura 12.
Enquanto a polaridade afeta a penetração
e a taxa de queima, o revestimento do
eletrodo também apresenta forte
influência nas características do arco.
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Polaridade
Os pólos onde se ligam os eletrodos e a peça, num processo com corrente contínua, tem grande
influência no arco elétrico e na qualidade do cordão de solda. Podendo ser polaridade direta e
polaridade inversa.
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Curva de Tensão Constante
Em processos de soldagem de metais sob atmosfera de gases de proteção, a curva característica da
fonte de corrente apresenta-se com pequena inclinação (valor de tensão quase constante).
Considera-se a seguinte vantagem: A variação da intensidade da corrente para arcos longos ou curtos é
grande em relação a tensão.
Assim, os aparelhos de soldagem tem condições de reajustar automaticamente (regulagem interna) o
comprimento do arco, anteriormente ajustado para um certo valor.
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Soldagem a arco elétrico com eletrodos revestidos
A soldagem a arco elétrico com eletrodo revestido (Shielded Metal Arc Welding – SMAW), também
conhecida como soldagem manual a arco elétrico, é o mais largamente empregado dos vários
processos de soldagem. A soldagem é realizada com o calor de um arco elétrico mantido entre a
extremidade de um eletrodo metálico revestido e a
peça de trabalho (veja a Figura 1). O calor
produzido pelo arco funde o metal de base, a alma
do eletrodo e o revestimento. Quando as gotas de
metal fundido são transferidas através do arco para
a poça de fusão, são protegidas da atmosfera pelos
gases produzidos durante a decomposição do
revestimento. A escória líquida flutua em direção à
superfície da poça de fusão, onde protege o metal de
solda da atmosfera durante a solidificação. Outras
funções do revestimento são proporcionar
estabilidade ao arco e controlar a forma do cordão
de solda.
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TÉCNICO EM MECÂNICA
A concentração e a direção do fluxo do arco é conseguida obtendo- se uma cratera no revestimento
algo parecida com o bico de uma mangueira d'água, dirigindo o fluxo do metal de solda. Quando o
revestimento não estiver concêntrico com a alma metálica, pode causar a condição B da Figura
anterior. A má direção do arco ocasiona cordões de solda inconsistentes, proteção deficiente e falta de
penetração. O eletrodo queima de modo irregular, deixando uma projeção no lado onde o revestimento
é mais espesso. Essa condição é conhecida como unha.
Processos de Soldagem
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TÉCNICO EM MECÂNICA
função da escória como agente fluxante - a função da escória é: (1) fornecer proteção adicional
contra os contaminantes atmosféricos, (2) agir como purificadora e absorver impurezas que são
levadas à superfície e ficam aprisionadas pela escória, e(3) reduzir a velocidade de resfriamento do
metal fundido para permitir o escape de gases. A escória também controla o contorno, a uniformidade
e a aparência geral do cordão de solda. Isso é particularmente importante nas juntas em ângulo.
características da posição de soldagem - é a adição de certos ingredientes no revestimento,
principalmente compostos de titânio, que tornam possível a soldagem fora de posição (posições
vertical e sobrecabeça). As características da escória — principalmente a tensão superficial e a
temperatura de solidificação — determinam fortemente a capacidade de um eletrodo ser empregado na
soldagem fora de posição.
controle da integridade do metal de solda - a porosidade ou os gases aprisionados no metal de
solda podem ser controlados de uma maneira geral pela composição do revestimento. É o balanço de
certos ingredientes no revestimento que tem um efeito marcante na presença de gases aprisionados no
metal de solda. O balanço adequado desses ingredientes é crítico para a integridade que pode ser
obtida para o metal de solda. O ferromanganês é provavelmente o ingrediente mais comum utilizado
para se conseguir a fórmula corretamente balanceada
propriedades mecânicas específicas do metal de solda – propriedades mecânicas específicas
podem ser incorporadas ao metal de solda por meio do revestimento. Altos valores de impacto a baixas
temperaturas, alta ductilidade, e o aumento nas propriedades de escoamento e resistência mecânica
podem ser obtidos pelas adições de elementos de liga ao revestimento.
isolamento da alma de aço - o revestimento atua como um isolante de tal modo que a alma não
causará curto-circuito durante a soldagem de chanfros profundos ou de aberturas estreitas; o
revestimento também serve como proteção para o operador quando os eletrodos são trocados.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 25
TÉCNICO EM MECÂNICA
plasticizantes - os revestimentos são frequentemente granulados e, para extrudá-los com sucesso, é
necessário adicionar materiais lubrificantes e plasticizantes para fazer com que o revestimento flua
suavemente sob pressão. Os carbonatos de cálcio e de sódio são os mais utilizados.
Tipos de revestimento
Celulósico
O revestimento celulósico apresenta as seguintes características:
Elevada produção de gases resultantes da combustão dos materiais orgânicos (principalmente a
celulose);
Principais gases gerados: CO2, CO, H2, H2O (vapor);
Não devem ser ressecados;
A atmosfera redutora formada protege o metal fundido;
O alto nível de hidrogênio no metal de solda depositado impede o uso em estruturas muito
restritas ou em materiais sujeitos a trincas por hidrogênio;
Alta penetração;
Pouca escória, facilmente destacável;
Muito utilizado em tubulações na progressão descendente;
Operando em CC+, obtém-se transferência por spray.
Rutílico
O revestimento rutílico apresenta as seguintes características:
Consumível de uso geral;
Revestimento apresenta até 50% de rutilo (TiO2);
Média penetração;
Escória de rápida solidificação, facilmente destacável;
O metal de solda pode apresentar um nível de hidrogênio alto (até 30 ml/100g);
Requer ressecagem a uma temperatura relativamente baixa, para que o metal de solda não
apresente porosidades grosseiras.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 26
TÉCNICO EM MECÂNICA
Básico
O revestimento básico apresenta as seguintes características:
Geralmente apresenta as melhores propriedades mecânico-metalúrgicas entre todos os
eletrodos, destacando-se a tenacidade;
Elevados teores de carbonato de cálcio e fluorita, gerando um metal de solda altamente
desoxidado e com muito baixo nível de inclusões complexas de sulfetos e fosfetos;
Não opera bem em CA, quando o teor de fluorita é muito elevado;
Escória fluida e facilmente destacável;
Cordão de média penetração e perfil plano ou convexo;
Requer ressecagem a temperaturas relativamente altas;
Após algumas horas de contato com a atmosfera, requer ressecagem por ser altamente
higroscópico;
Altíssimo rendimento
O revestimento de altíssimo rendimento apresenta as seguintes características:
Adição de pó de ferro (rutílico/básico);
Aumenta a taxa de deposição;
Pode ou não ser ligado;
Aumenta a fluidez da escória, devido à formação de óxido de ferro;
Melhora a estabilidade do arco e a penetração é reduzida, principalmente com alta intensidade
de corrente, o que pode minimizar a ocorrência de mordeduras;
Possibilidade de soldar por gravidade (arraste);
Reduz a tenacidade do metal de solda.
Os eletrodos de altíssimo rendimento possuem uma aplicação com altas taxas de deposição, que é a
soldagem por gravidade em estaleiros navais com o dispositivo (tripé) mostrado na Figura a seguir.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 27
TÉCNICO EM MECÂNICA
O sistema de classificação é elaborado para fornecer certas informações sobre o eletrodo e o metal de
solda depositado. O significado das designações da AWS é mostrado na Figura e na Tabela II que
segue.
Essas classificações — em conformidade com a especificação AWS A5.1 — são determinadas pelo
fabricante de eletrodos de acordo com os resultados dos testes. A American Welding Society não
aprova nem reprova eletrodos. A American Society of Mechanical Engineers (ASME) utiliza na íntegra
as especificações de eletrodos da AWS adicionando as letras SF antes do número da especificação.
Então, a especificação AWS A5.1 transforma-se na especificação ASME SFA5.1. Tanto a classificação
quanto os requisitos são os mesmos.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 28
TÉCNICO EM MECÂNICA
Composição química do metal de solda (AWS A5.1)
A Tabela III mostra os requisitos
químicos para eletrodos revestidos
aplicáveis aos aços carbono.
A Tabela IV mostra as
propriedades mecânicas para
os eletrodos revestidos
aplicáveis aos aços carbono.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 29
TÉCNICO EM MECÂNICA
Características individuais dos eletrodos revestidos
Eletrodos E6010 > foram originalmente desenvolvidos para proporcionaruma atividade de
soldagem e um metal de solda melhor. O revestimento é, predominantemente, uma pasta de
celulose modificada com silicatos minerais, desoxidantes e silicato de sódio. A quantidade de
revestimento desses eletrodos é pequena, cerca de 10-12% em peso. Como a massa de celulose
se queima durante a soldagem, a escória é mínima e é normalmente de fácil remoção. O arco
tem uma penetração profunda e, com manipulação adequada do arco, cordões de solda de boa
qualidade podem ser depositados em todas as posições. A maioria dos navios construídos nos
Estados Unidos durante a II Guerra Mundial foi soldada com esses eletrodos. Formulações
especiais deles são empregadas na soldagem de dutos na progressão descendente. Soldas
razoavelmente íntegras podem ser executadas em juntas de topo com abertura de raiz utilizando
esses eletrodos.
Eletrodos E6011 > são similares aos E6010 exceto que compostos de potássio em quantidade
suficiente são adicionados ao revestimento para estabilizar o arco e permitir que o eletrodo seja
utilizado com corrente alternada. A penetração é ligeiramente menor que a do eletrodo E6010.
Eletrodos E6012 > possuem vários nomes comuns. Na Europa são chamados de eletrodos
rutílicos. O revestimento contém grandes quantidades do mineral rutilo (dióxido de titânio,
TiO2). O arco possui baixa penetração, e com manipulação adequada podem ser fechadas
grandes aberturas de raiz. Embora a especificação permita a soldagem com CA ou CC, o arco é
mais suave e a quantidade de respingos é menor quando é empregada corrente contínua.
Eletrodos E6013 > também contêm um grande percentual de dióxido de titânio (rutilo - TiO2)
em seu revestimento. Eles são projetados para ter um arco de baixa penetração, permitindo que
metais de pequena espessura sejam soldados sem furar a peça. O revestimento contém
compostos de potássio suficientes para estabilizar o arco na soldagem com corrente alternada.
Eletrodos E7014 > são parecidos com os eletrodos E6013, exceto que foi adicionado o pó de
ferro e é aplicado à alma do eletrodo um revestimento mais espesso. Isso resulta em taxas de
deposição mais altas com o eletrodo E7024 que com o E6013.
Eletrodos E7015 > foram os primeiros eletrodos de baixo hidrogênio. Eles foram
desenvolvidos na década de 1940 para soldar aços temperáveis. Todos os eletrodos
previamente analisados têm quantidades consideráveis de hidrogênio em seus revestimentos na
forma de água ou de hidrogênio quimicamente combinado em compostos químicos. Quando
um aço temperável é soldado com qualquer eletrodo que contenha quantidades consideráveis
de hidrogênio ocorre normalmente fissuração a frio. Essas trincas aparecem no metal de base
bem abaixo do cordão de solda e paralelas a ele. O calcário e outros ingredientes que são
baixos em umidade são empregados no revestimento, eliminando esse hidrogênio que induz à
fissuração (trincas ou fissuração induzida pelo hidrogênio — hydrogen induced cracking —
HIC). O revestimento é do tipo baixo hidrogênio à base de sódio, o que limita o uso desses
eletrodos somente a CC+. Os eletrodos E7015 não estão mais disponíveis no mercado de uma
maneira geral, tendo sido substituídos pelos tipos E7016 e E7018.
Eletrodos E7016 > são bem similares ao tipo E7015, exceto que o uso do potássio no
revestimento permite que esses eletrodos possam ser empregados tanto em CA como em CC+.
Eletrodos E7018 > são a versão mais moderna do eletrodo de baixo hidrogênio. A adição de
quantidades consideráveis de pó de ferro ao revestimento resulta num arco mais suave e com
menos respingos. Esse moderno balanço de ingredientes do revestimento resulta numa grande
melhoria na estabilidade do arco, na direção do arco e na facilidade de manuseio em todas as
posições.
Eletrodos E6020 > possuem um revestimento que consiste principalmente em óxido de ferro,
compostos de manganês e sílica. Eles produzem um arco do tipo spray e uma escória pesada
que proporciona proteção extra ao metal de solda fundido, que é muito fluido, limitando seu
uso às juntas em ângulo nas posições plana ou horizontal.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 30
TÉCNICO EM MECÂNICA
Eletrodos E6022 > servem para a soldagem de chapas finas sob altas correntes e altas
velocidades de soldagem. Não estão mais disponíveis de uma maneira geral.
Eletrodos E7024 > possuem um revestimento similar aos tipos E6012 e E6013, porém
apresentam um revestimento muito pesado que contém 50% de pó de ferro em peso. Sob
correntes relativamente altas apresenta altas taxas de deposição. As soldas são limitadas às
posições plana e horizontal em ângulo. A penetração é relativamente baixa. Podem ser
empregadas as correntes de soldagem CA, CC+ e CC.
Eletrodos E6027 > são também do tipo de alto teor de pó de ferro, consistindo o revestimento
de 50% de pó de ferro em peso. As correntes de soldagem podem ser CA, CC+ ou CC-. A
penetração é média e os cordões de solda são levemente côncavos com boa fusão nas paredes
laterais do chanfro. Como em todos os eletrodos de alto teor de pó de ferro, a taxa de deposição
desses eletrodos é alta.
Eletrodos E7028 > são bem semelhantes os do tipo E7018, exceto que o revestimento é mais
pesado e contém 50% em peso de pó de ferro. Diferentemente dos eletrodos E7018, são
adequados apenas às posições plana e horizontal em ângulo. A taxa de deposição é muito alta.
Eletrodos E7048 > são bem similares aos do tipo E7018, exceto que são desenvolvidos para
condições de soldagem excepcionalmente boas na progressão vertical descendente.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 31
TÉCNICO EM MECÂNICA
Usos típicos dos eletrodos pela sua classificação
Os eletrodos de classificação E6010 e E6011 deveriam ser preferencialmente usados na soldagem de
juntas de aço doce na posição vertical com abertura de raiz. Se houver apenas fontes CA
(transformadores) disponíveis a escolha deve recair no eletrodo tipo E6011.
Muitas vezes é encontrado sopro magnético quando se solda com CC. O emprego de eletrodos E6011
com CA elimina o sopro magnético.
Os eletrodos de classificação E6012 ainda são muito utilizados nos dias atuais em reparos e na
soldagem de estruturas menos críticas. Aços carbono apresentando alguma oxidação podem ser
soldados com esse tipo de eletrodo. Pode também ser empregado no fechamento de grandes aberturas.
O uso desse eletrodo, contudo, diminuiu consideravelmente nos últimos anos. Antes da chegada dos
eletrodos de baixo hidrogênio e de outros processos de soldagem o eletrodo E6012 constituía 60% da
produção total de eletrodos.
Os eletrodos de classificação E6013 foram originalmente desenvolvidos para apresentar baixa
penetração e cordões de solda planos.
Essas características permitiram a soldagem de chapas finas com esses eletrodos. Hoje em dia muitos
eletrodos E6013 são empregados no lugar de eletrodos E6012 graças ao arco mais suave, menos
respingos e superfície mais uniforme do cordão.
Os eletrodos de classificação E7014, como indicado anteriormente, possuem pó de ferro adicionado à
formulação do revestimento dos eletrodos E6013. Essa adição permite que o eletrodo seja soldado sob
altas correntes de soldagem, resultando em taxa e eficiência de deposição mais alta. As aplicações do
eletrodo E7014 são semelhantes às do eletrodo E6013.
Os eletrodos de classificação E7016 são, como já foi indicado anteriormente, básicos de baixo
hidrogênio. Essa combinação de características permite que esse eletrodo seja utilizado para soldar
alguns aços de maior teor de carbono e também alguns aços de baixa liga. Esse eletrodo tem sido
menos consumido por causa de sua taxa de deposição mais baixa e também menor eficiência de
deposição em relação ao eletrodo do tipo E7018.
Os eletrodos de classificação E7018 são de baixo hidrogênio com adição de pó de ferro. A quantidade
considerável de pó de ferro no revestimento e também uma quantidade de revestimento bem maior
permitem que esses eletrodos sejam aplicados sob correntes de soldagem mais altas que as empregadas
com os eletrodos E7016.
O arco mais suave e a facilidade de soldagem do eletrodo E7018 tornam-no o favorito dos soldadores.
Correntes de soldagem relativamente mais altas e adições de pó de ferro fundindo no metal de solda
resultam em maiores taxas e eficiências de deposição. O eletrodo básico E7018 deposita o metal de
solda de melhor qualidade para a soldagem de aços de baixo carbono. Sua maior desvantagem é que
ele precisa ser mantido seco. Eletrodos que absorveram umidade devido à exposição à atmosfera ou a
outras fontes de umidade depositam metal de solda com porosidade. Além disso, os eletrodos E7018
não devem ser aplicados na soldagem de passes de raiz em juntas de topo com abertura para não se
correr o risco de porosidade excessiva.
Quando os eletrodos E7018 tiverem que ser empregados em passes de raiz de juntas de topo, a raiz
deve ser selada por um cobre-juntas.
Os eletrodos de classificação E7024 recebem grande
quantidade de pó de ferro em seu revestimento
(aproximadamente 50%). Dessa combinação de mais pó
de ferro no revestimento resultam altíssimas taxas de
deposição e eficiências de deposição. Esses eletrodos
estão limitados às posições plana e horizontal em ângulo.
A qualidade do metal de solda depositado por esses
eletrodos não é tão boa quanto a dos eletrodos E7018
(por exemplo, a ductilidade do metal de solda depositado
por um eletrodo E7024 é menor que a do E7018 (veja o
gráfico a seguir ).
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 32
TÉCNICO EM MECÂNICA
Taxas de deposição de eletrodos
A taxa de deposição de um determinado eletrodo revestido influencia substancialmente o custo total
do metal de solda depositado. A taxa de deposição é a massa de metal de solda depositado por unidade
de tempo (de arco aberto). Ela aumenta com a corrente de soldagem dentro dos limites de um
determinado eletrodo. Como foi mostrado no gráfico anterior, um eletrodo E7024 de diâmetro 4,0 mm
pode depositar mais que o dobro que um eletrodo E6010. É fácil de ver que pode ser alcançada uma
economia sensível de mão de obra e custos indiretos se puder ser empregado um dos eletrodos de
maior taxa de deposição.
A eficiência de deposição de um determinado eletrodo revestido também tem seu efeito nos custos da
soldagem. Ela representa a massa de metal de solda depositado comparada com a massa total de
eletrodo consumido e é expressa por um percentual (veja a Equação [1], a Tabela V e a Tabela VI).
Na soldagem com eletrodos revestidos parte da massa do eletrodo é perdida como escória, respingos,
fumos, gases e pontas. Se um eletrodo apresenta 65% de eficiência de deposição, isso significa que,
para cada 100 g de eletrodo consumido, serão produzidos 65 g de metal depositado. A perda com
pontas — a parte do eletrodo que é descartada — não é considerada na eficiência de deposição, visto
que o comprimento da ponta varia com o soldador ou com a aplicação.
A Tabela VI ilustra como a perda das pontas afeta a eficiência de deposição. Um eletrodo E6010
possui uma eficiência de deposição média real de 71,6% sem considerar a perda da ponta. O descarte
de uma ponta de comprimento 50 mm resulta numa queda do metal de solda depositado para 63,8%.
De modo similar, se forem descartadas pontas de comprimento 100 mm, a eficiência de deposição cai
para 42,6%.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 33
TÉCNICO EM MECÂNICA
Parâmetros de soldagem
A Tabela VII mostra os parâmetros de soldagem recomendados para a soldagem com eletrodos
revestidos para aços carbono e suas respectivas taxas de deposição e eficiências de deposição.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 34
TÉCNICO EM MECÂNICA
Eletrodos revestidos para a soldagem de aços de baixa liga
Aços de baixa liga são aqueles que possuem pequenas quantidades de elementos de liga adicionados
com objetivos específicos, ou seja, aumentar a resistência mecânica, a tenacidade, a resistência à
corrosão, a resistência à carepa, ou alterar a resposta ao tratamento térmico. Quase todo o fabricante de
aços produz uma família de aços de baixa liga vendidos sob marcas comerciais conhecidas pelo
mercado.
Muitos dos aços são projetados para desenvolver suas propriedades específicas, tais como alta
resistência ou tenacidade, na condição laminados a quente e sob condições de resfriamento
controladas, dispensando tratamentos térmicos subsequentes. Outras composições de aços de baixa
liga são projetadas para atingir suas propriedades específicas após os tratamentos térmicos como, por
exemplo, aços que sofrem têmpera e revenimento para atingirem alta resistência com boa tenacidade.
Os eletrodos revestidos para a soldagem de aços de baixa liga são desenvolvidos, na maioria dos casos,
mais para combinar as propriedades mecânicas que a composição química exata do aço. Exceções a
essa regra são os eletrodos ao cromo-molibdênio (Cr-Mo), que precisam conter aproximadamente os
mesmos teores de elementos de liga do metal de base para atingir as propriedades deste.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 35
TÉCNICO EM MECÂNICA
Em segundo lugar, se a ZTA se resfriar muito rapidamente em determinados aços, forma-se uma
estrutura cristalina frágil e dura conhecida como martensita. Os poros relativamente grandes da zona
termicamente afetada são sítios naturais de captura do hidrogênio atômico. Quando dois átomos de
hidrogênio se encontram há uma união imediata entre eles para formar o hidrogênio molecular (H2,
estado gasoso). As moléculas de hidrogênio resultantes são maiores que a estrutura cristalina do metal
e podem ficar impedidas de migrarem livremente. À medida que mais e mais átomos de hidrogênio
migram até os poros e formam moléculas que permanecem aprisionadas, podem se desenvolver
enormes pressões internas.
Os aços carbono e os de mais baixa resistência possuem plasticidade suficiente para acomodar as
tensões internas resultantes da pressão do hidrogênio de forma que não causem trincas no aço. Por
outro lado, aços que possuam alta dureza e alta resistência não apresentam plasticidade suficiente para
acomodar a pressão, e se houver muito hidrogênio pode ocorrer fissuração.
Pré-aquecimento
Aços que são fortemente temperáveis por meio de um resfriamento rápido da zona termicamente
afetada necessitam de controles de temperatura de pré-aquecimento e entre passes. Quando o
preaquecimento é aplicado no aço, a taxa de resfriamento diminui. Manter a temperatura constante
entre os passes de solda também ajuda no controle da taxa de resfriamento.
Taxas de resfriamento menores evitam que o aço sofra excessivo endurecimento e, portanto, minimiza
a chance de ocorrer fissuração sob cordão. Quando essa técnica é combinada com o uso de eletrodos
revestidos de baixo hidrogênio, pode-se esperar um alto grau de confiabilidade das soldas.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 37
TÉCNICO EM MECÂNICA
A especificação AWS A5.5
Com muito poucas exceções, os eletrodos de baixa liga são feitos adicionando-se ao revestimento os
elementos de liga apropriados, e não empregando uma alma de aço ligado que seja compatível com o
metal de base de baixa liga. Eletrodos revestidos para aços de baixa liga são classificados em
conformidade com a especificação AWS A5.5 da American Welding Society. Esta especificação contém
os requisitos de propriedades mecânicas e as condições de alívio de tensões, os requisitos de
composição química, e também os requisitos de integridade do metal de solda. Os eletrodos são
classificados sob essa especificação em conformidade com as propriedades mecânicas e a composição
química do metal de solda, com o tipo de revestimento, e com a posição de soldagem. A classificação
do eletrodo é determinada pelo fabricante de acordo com os resultados de seus próprios testes.
O fabricante, portanto, garante que seu eletrodo atende aos requisitos da especificação AWS.
As designações alfanuméricas empregadas para as classificações de eletrodos revestidos de baixa liga
possuem o mesmo significado dos eletrodos para aços carbono, exceto que o(s) componente(s)
principal(is) da liga é(são) indicado(s) por um sufixo alfanumérico.
A lista completa de composições nominais de ligas para essa especificação está na Tabela VIII.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 38
TÉCNICO EM MECÂNICA
Cromo (Cr) - quando o cromo é adicionado ao metal de solda, aumentam a resistência à
corrosão e à formação de carepa a temperaturas altas. A combinação do cromo e do molibdênio
dá ao metal de solda a característica de manter os altos níveis de resistência a temperaturas
relativamente altas.
Níquel (Ni) - o metal de solda de aço doce usualmente torna-se frágil a temperaturas abaixo de
-30ºC. A adição de 1-3% de níquel ao metal de solda dá a este a capacidade de manter a
tenacidade a temperaturas consideravelmente mais baixas. A presença do níquel também torna
o metal de solda mais resistente à fissuração à temperatura ambiente.
Manganês (Mn) - a presença de 1,5-2,0% de manganês no metal de solda aumenta a
resistência à tração e, quando é adicionado também 0,3% de molibdênio, o metal de solda de
alta resistência torna-se também resistente a trincas. Deve ser observado que a especificação
AWS A5.5 cobre não somente os eletrodos de baixa liga e baixo hidrogênio, como também
todas as versões de eletrodos do tipo celulósicos, com adições de titanato e de pó de ferro. O
significado das designações da AWS está na Figura 9. Uma lista completa de todos os eletrodos
cobertos por essa especificação é mostrada na Tabela IX.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 39
TÉCNICO EM MECÂNICA
Propriedades mecânicas (AWS A5.5)
Tendo em vista que muitos aços de baixa liga necessitam de algum tipo de tratamento térmico para
aliviar as tensões internas originadas pelo processo de soldagem, a especificação AWS requer a
realização de alguns testes no metal de solda depositado da maioria dos eletrodos de baixa liga após o
corpo de prova ter sofrido alívio de tensões. Essa especificação permite apenas aos eletrodos dos tipos
E8016-C3, E8018-C3, E9018-M, E11018-M e E12018-M serem testados na condição como soldados
durante o processo de classificação.
Propriedades de impacto
Levando em consideração que muitos dos aços de baixa liga são desenvolvidos para serviço a baixa
temperatura, as propriedades de impacto do metal de solda selecionado para unir esses aços são muito
importantes. Exceto para os tipos já mencionados no item anterior, todos os ensaios de impacto são
realizados em corpos de prova que tenham sofrido alívio de tensões. A Tabela X estabelece os
requisitos mínimos de valores de energia para os corpos de prova do tipo Charpy-V em conformidade
com a especificação AWS A5.5.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 40
TÉCNICO EM MECÂNICA
Seleção do eletrodo apropriado
Como já foi afirmado anteriormente, eletrodos de baixa liga são frequentemente selecionados levando
mais em consideração as propriedades físicas do aço a ser soldado do que sua composição química.
Essas propriedades físicas — resistência, tenacidade, resistência à fluência e à corrosão — refletem o
tipo de serviço para o qual o aço é designado. O sufixo alfanumérico da classificação do eletrodo
fornece uma indicação do serviço. Sempre que possível, o eletrodo deveria ser escolhido com base nos
níveis apropriados de resistência e no serviço pretendido para a junta soldada.
Condições de serviço
A grande "família" dos aços que são comercializados na condição laminado e com controle de
resfriamento possuem um limite de escoamento mínimo de 345 MPa e um limite de resistência
mínimo de 485 MPa. Os eletrodos que depositam um metal de solda de baixo hidrogênio com esses
níveis de resistência são empregados para soldar esses aços.
Alguns dos aços de alta resistência são designados para uso a temperaturas subzero. Eletrodos à base
de níquel (tipos C1, C2, C3) estão disponíveis para tais aplicações de baixa temperatura.
Aços de baixa liga ao cromo-molibdênio são empregados em condições de serviço de temperaturas
moderadamente altas. Tubulações, caldeiras, etc. que são utilizadas extensivamente em usinas de
geração de energia são fabricadas desses aços. Eletrodos de baixo hidrogênio ao cromo-molibdênio
(tipos B1, B2, B3, etc.) são produzidos para soldar esses aços.
Muitas estruturas de pontes e outras expostas às intempéries são fabricadas de aços resistentes à
corrosão atmosférica. Esses aços de baixa liga, quando expostos às condições atmosféricas,
desenvolvem uma camada fina e aderente de óxido (a pátina, daí denominarem-se aços patináveis)
que evita a continuação do processo de oxidação e elimina a necessidade de pintura. Para a soldagem
desses aços estão disponíveis eletrodos revestidos de baixa liga com adições de cromo, níquel e cobre.
Aços de baixa liga temperados e revenidos normalmente apresentam alta resistência mecânica e boa
tenacidade. Esses tipos de aço são empregados onde é importante a redução de peso da estrutura.
Esses aços são frequentemente utilizados em aplicações militares como, por exemplo, na fabricação de
cascos resistentes de submarinos nucleares e de navios de guerra. A série M de eletrodos de baixo
hidrogênio e alta resistência é fabricada para a soldagem desses aços.
Oleodutos e gasodutos de aços de alta resistência são atualmente fabricados com mais frequência que
antigamente. Eletrodos celulósicos de baixa liga de classificação E7010, E8010 e E9010 são usados na
soldagem no campo.
Projetos de junta
Durante a soldagem de juntas em ângulo em aços de alta resistência temperados e revenidos,
frequentemente ocorrem trincas de canto ao longo dos cordões de solda (veja a Figura 10). A trinca de
canto ocorre na zona termicamente afetada durante a contração do metal de solda porque este
apresenta limites de escoamento e de resistência maiores que os do metal de base. A solução para esse
problema é usar um eletrodo que produza um metal de solda de escoamento e resistência menores e
aumentar o tamanho da perna para atender aos requisitos de resistência mecânica da junta soldada.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 41
TÉCNICO EM MECÂNICA
Parâmetros de soldagem
A Tabela XI mostra os parâmetros de soldagem recomendados para a soldagem com eletrodos
revestidos para aços de baixa liga e suas respectivas taxas de deposição e eficiências de deposição.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 42
TÉCNICO EM MECÂNICA
Armazenagem, tratamento e manuseio
Devem ser tomadas certas precauções na armazenagem dos eletrodos revestidos, principalmente os
eletrodos básicos de baixo teor de hidrogênio, que são muito higroscópicos e necessitam de cuidados
especiais para que suas características não sejam afetadas.
Um eletrodo úmido poderá causar inúmeros defeitos na solda: porosidade no início ou mesmo em todo
o cordão de solda, trincas ao lado e sob o cordão, porosidade vermiforme, arco instável, respingos
abundantes e acabamento ruim.
É importantíssimo, pois, que todos os usuários saibam cuidar convenientemente dos eletrodos
revestidos.
As latas, por ocasião de sua abertura, ficam inutilizadas para posterior armazenagem dos eletrodos
remanescentes, os quais deverão ser imediatamente colocados numa estufa apropriada.
A forma ideal de se transportar e armazenar eletrodos revestidos é em paletes. Tal sistema evitará
choques e danos às embalagens, garantindo sua estanqueidade original. As latas deverão ser sempre
guardadas na posição vertical, com as pontas de pega voltadas para baixo, visando preservar as pontas
de arco, parte mais sensível dos eletrodos revestidos.
É recomendável que a abertura seja feita pela remoção do fundo da lata; assim, ficará bem mais fácil
pegar os eletrodos na lata, pois a ponta de pega estará a descoberto, bem como a tampa remanescente
será aquela que identifica o conteúdo em tipo, diâmetro, comprimento e número de produção.
O local de armazenagem dos eletrodos em suas embalagens originais deverá ser adequadamente
preparado para permitir a manutenção das suas propriedades.
Dois aspectos deverão ser considerados e bem controlados: a temperatura e a umidade relativa do ar.
As condições de armazenagem recomendadas para os eletrodos revestidos podem ser observadas na
Tabela XIII.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 43
TÉCNICO EM MECÂNICA
A ressecagem de eletrodos revestidos
Os eletrodos celulósicos não são muito higroscópicos e, como admitem teores mais elevados de
umidade, dificilmente acarretam formação de porosidades, razão pela qual raramente necessitam de
ressecagem. É o caso dos eletrodos celulósicos, cuja ressecagem deve ser evitada.
Os eletrodos básicos são os únicos que aceitam ressecagem em temperaturas mais elevadas, permitindo
redução drástica no teor de umidade do revestimento devido à diminuição da água molecular de seus
componentes sem prejuízo de suas propriedades.
Hidrogênio difusível
O teor de hidrogênio difusível é normalmente medido em um volume do gás hidrogênio (em ml) nas
condições normais de temperatura e pressão para cada cem gramas (100 g) de metal depositado.
Os teores de hidrogênio difusível para os diversos tipos de eletrodos revestidos podem ser vistos na
Tabela XIV.
O International Institute of Welding (IIW) classifica os teores de hidrogênio difusível nos diversos
níveis exibidos na Tabela XV.
Processos de Soldagem
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Ressecagem
A Tabela XVI mostra a faixa de temperatura efetiva e o período de tempo real recomendado para a
ressecagem de eletrodos revestidos.
Manutenção
A Tabela XVII apresenta a faixa de temperatura efetiva na estufa de manutenção e na estufa portátil
(cochicho) recomendadas para os eletrodos revestidos.
Processos de Soldagem
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Equipamentos
Uma das razões para a grande aceitação do processo
SMAW é a simplicidade do equipamento necessário.
O equipamento de soldagem consiste na fonte de
energia, no porta-eletrodos (tenaz) e nos cabos e
conexões (veja a Figura 11)
Porta-eletrodos
O porta-eletrodos (ou tenaz) conecta o cabo de solda e
conduz a corrente de soldagem até o eletrodo.
O punho isolado é usado para guiar o eletrodo sobre a
junta de solda e alimentá-lo até a poça de fusão à medida que ele é consumido. Porta-eletrodos estão
disponíveis em diferentes tamanhos e seus preços dependem de sua capacidade de suportar a corrente
de soldagem.
Terminal terra
O terminal terra é utilizado para conectar o cabo terra à peça.
Pode ser conectado diretamente à peça ou à bancada ou dispositivo ao qual a peça está posicionada.
Fazendo parte do circuito de soldagem, o terminal terra deve ser capaz de suportar correntes de
soldagem sem superaquecer devido à resistência elétrica.
Cabos de solda
O cabo do eletrodo e o cabo terra são partes importantes do circuito de soldagem. Eles devem ser
muito flexíveis e ter um bom isolamento resistente ao calor. As conexões no porta-eletrodo, o terminal
terra e os terminais da fonte de energia devem ser soldados ou bem prensados para assegurar baixa
resistência elétrica. O diâmetro do cabo deve ser suficiente para conduzir a corrente elétrica com um
mínimo de queda de tensão. O aumento no comprimento do cabo torna necessário o aumento em seu
diâmetro para diminuir a resistência elétrica e a queda de tensão. A Tabela XVIII lista os diâmetros de
cabo sugeridos para diversas correntes de soldagem e comprimentos de cabo.
Outros equipamentos
As ferramentas de limpeza são a picadeira, a escova de aço, a escova rotativa, a lixadeira ou
esmerilhadeira. O equipamento de proteção individual consiste nas máscaras, nos óculos, no casaco,
no avental, nas mangas, nas luvas, nas polainas e no gorro.
Processos de Soldagem
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Variáveis que influenciam na soldagem
Na soldagem a arco, diversas variáveis devem ser levadas em conta, principalmente as seguintes:
Ajuste da corrente
Comprimento do arco
Velocidade de avanço
Ângulo do eletrodo.
1- Ajuste da corrente.
A corrente fornecida pela máquina deve variar de acordo com o diâmetro do eletrodo. Quando esse
diâmetro vem indicado em polegada fracionária, pode-se estabelecer a seguinte regra geral para o
ajuste da corrente:
A intensidade da corrente (amperagem) para trabalhar com eletrodo revestido deve corresponder,
aproximadamente, à medida do diâmetro do núcleo do eletrodo em milésimos de polegada.
Exemplo 1
Qual é a amperagem aproximada para trabalhar com um eletrodo de 1/8‖ de diâmetro?
Solução:
Para transformar polegada fracionária em polegada milesimal, divide-se o numerador de fração pelo
seu denominador, ou seja:
1 → numerador ou 1:8 = 0,125
8 → denominador
Então, se 1/8‖ = 125 milésimos de polegada, para trabalhar com um eletrodo revestido de 1/8‖ de
diâmetro, usam-se aproximadamente 125 A.
Quando o diâmetro do eletrodo vem indicado em milímetros, aplica-se a constante 40, ou seja, para
cada milímetro, usam-se 40 A.
Exemplo 2
Calcular a intensidade da corrente adequada para soldar com eletrodo revestido de 3,2mm de diâmetro.
Solução:
Se, para cada milímetro, usam-se 40 A, multiplicando-se 3,2mm por 40 A, encontra-se a amperagem
aproximada para soldar com eletros de 3,2mm de diâmetro.
Então, se 3,2mm x 40A = 128 A , para soldar com eletrodo revestido de 3,mm de diâmetro, usam-se
aproximadamente 128 A.
2- Comprimento do arco
Para determiná-lo, aplica-se a seguinte regra:
O comprimento do arco nas soldagens com eletrodos revestidos deve ser igual ou ligeiramente inferior
ao diâmetro do núcleo do eletrodo que está sendo usado.
Exemplo: o comprimento do arco para um eletrodo revestido de 1/8‖ (3,175mm) deve ser mantido
entre 2,5 e 3,175mm.
O quadro seguinte mostra algumas diferenças observadas nas soldagens com arco curto e arco longo.
Arco curto Arco longo
Maior penetração Menor penetração
Solda menos espalhada Solda mais espalhada
Menos respingos Excesso de respingos
3 - Velocidade de avanço
Varia de acordo com a intensidade da corrente, com a dimensão da peça e com o tipo de cordão
desejado.
4 - Ângulo do eletrodo
Varia de acordo com a posição de soldagem e em função do formato da peça a ser soldada.
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Fatores indispensáveis a uma boa soldagem
As causas mais comuns de defeitos nas soldas ocorrem quando das paradas obrigatórias para a
substituição do eletrodo e término do cordão.
Para evitar esses defeitos e realizar uma boa soldagem, deve-se considerar, entre outros, os seguintes
fatores: Preparação para a soldagem; Início do cordão; Reinício do cordão; Término do cordão.
Processos de Soldagem
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Posições de soldagem
São as diversas formas de dispor, em relação a um plano de referência, as partes das peças a serem,
soldadas.
Nem sempre a peça que vai ser soldada pode ser colocada na posição mais cômoda, devido à sua
forma, tamanho, etc. É claro que uma solda executada na posição sobre-cabeça exige maior habilidade
do soldador que uma solda executada na posição plana.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabeleceu normas e critérios de qualificação
de soldadores baseando-se, em partes, nessas dificuldades. Daí, a necessidade de o soldador conhecer
as posições básicas de soldagem, que são as seguintes :
Plana
Horizontal (plano vertical)
Vertical (descendente ou ascendente)
Sobre-cabeça.
a) Posição plana
É aquela em que o metal-base encontra-se na posição plana e a deposição também é feita nessa
posição. Por ser a que apresenta menores dificuldades de operação, pode ser adotada para todos os
tipos de eletrodos;
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c) Posição vertical
Descendente
É aquela em que o metal-base encontra-se no plano vertical e o depósito também é feito na vertical,
de cima para baixo. Geralmente é adotada nos casos em que se pretende pouca penetração e um
bom aspecto, sendo muito empregada na soldagem de chapas de pequena espessura;
Ascendente
É a posição em que o metal-base encontra-se no plano vertical e o depósito também é feito na
vertical, de baixo para cima. É adotada, com vantagem, em trabalhos de grande responsabilidade,
pelo fato de raramente apresentar defeitos (prosperidade, inclusões de escória, etc.) e também por
possibilitar grande penetração;
d) Posição sobre-cabeça
Consiste em soldar peças colocadas horizontalmente acima da cabeça. Por ser mais difícil de todas
as posições de soldagem, sempre que possível, deve ser evitada.
Observação: Em qualquer dessas posições, as peças podem variar de inclinação até 15º
aproximadamente, em todos os sentidos, que ainda são consideradas na posição.
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Movimentos laterais do eletrodo
Na soldagem a arco elétrico, toda posição de solda tem um movimento lateral de melhor aceitação.
Os movimentos laterais mais aconselháveis são:
a) Na posição plana
Nesta posição, pode-se recorrer a vários tipos de movimentos laterais. Os mais comuns estão
representados nas figuras a seguir.
Aplicando movimentos laterais, deve-se parar ou diminuir a velocidade de avanço quando este chegar
às extremidades do cordão, indicadas pelos pontos nas figuras.
Não é aconselhável fazer movimentos laterais maiores que três vezes o diâmetro do eletrodo,
principalmente quando se trabalha com eletrodo básico.
O movimentos mostrado na figura seguinte pode ser usado em alguns casos. Porém, não é
aconselhável, por aquecer demasiadamente a zona da solda, podendo inclusive ocasionar poros e
inclusões de escória na sobre passagem do cordão;
Processos de Soldagem
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TÉCNICO EM MECÂNICA
e) Na posição sobre-cabeça
Esta posição é uma das mais evitadas, devido às dificuldades que apresenta. Os movimentos usados
são vistos nas figuras E e F.
Ao soldar nesta posição, o soldador deve precaver-se dos respingos. Pra diminuí-los, é necessário
manter o arco elétrico estável e, sempre que possível, curto.
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Juntas
Junta é a região onde duas ou mais peças serão unidas por um processo
de soldagem.
1 – Tipos de juntas
As juntas podem ser do topo, sobrepostas, em T (ou e, ângulo) e de quina, a saber:
a) Juntas de topo
São aquelas em que os dois componentes estão no
mesmo plano;
b) Juntas sobrepostas
Tipo em que um dos componentes se sobrepõe ao outro ou aos outros;
d) Juntas de quina
Tipo em que os dois componentes estão próximos e em
ângulo.
Todos esses tipos de juntas podem ser sem chanfro ou chanfradas, ou seja:
e) Juntas sem chanfro
São aquelas em que as bordas das peças a serem soldadas não necessitam de chanfro. Geralmente, são
usadas em materiais de até 6mm.
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f) Juntas chanfradas
São aquelas em que as bordas das peças a serem soldadas necessitam de chanfro. Na maioria dos
casos, quando a espessura dos materiais tem mais de 6mm.
b) Chanfro em 1/2 V
Recomendado para espessuras até 20mm, sendo a soldagem efetuada de um só lado;
c) Chanfro em duplo V ou X
Recomendado para espessuras entre 15 e 40mm;
d) Chanfro em K
Recomendado para espessuras entre 15 e 40mm;
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TÉCNICO EM MECÂNICA
e) Chanfro em J
Recomendado para espessuras até 20mm. Sendo a soldagem efetuada de um só
lado;
f) Chanfro em duplo J
Recomendado para espessuras entre 15 e 40mm;
g) Chanfro em U
Recomendado para grandes espessuras, sendo a soldagem efetuada
de um só lado;
h) Chanfro em duplo U
Recomendado para grandes espessuras.
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Soldagem MIG/MAG
Um dos grandes desafios da indústria deste fim de século é alcançar níveis elevados de produtividade,
mantendo a qualidade. A maneira de se conseguir isso é com o auxílio da automatização que, além de
fornecer meios de controlar o processo e garantir uma uniformidade de resultados, independe da
habilidade quase artística do operário para a execução de um trabalho de qualidade.
Quando comparados com a soldagem ao arco com eletrodos revestidos, os processos MIG/MAG são
uma alternativa mais produtiva, por serem processos semi-automáticos com possibilidade de
mecanização total.
Características do processo
MIG e MAG indicam processos de soldagem por fusão que utilizam o calor de um arco elétrico
formado entre um eletrodo metálico consumível e a poça. Neles, o arco e a poça de fusão são
protegidos contra a contaminação pela atmosfera por um gás ou uma mistura de gases.
Estes processos tem no mínimo duas diferenças com relação ao processo por eletrodo revestido que
também usa o princípio do arco elétrico para a realização da soldagem.
A primeira diferença é que os processos MIG e MAG usam eletrodos não-revestidos, isto é, sem
qualquer revestimento para a realização da soldagem.
A segunda é que a alimentação do eletrodo é feita mecanicamente. Essa semi automatização faz com
que o soldador seja responsável pelo início, pela interrupção da soldagem e por mover a tocha ao longo
da junta. A manutenção do arco é assegurada pela alimentação mecanizada e contínua do eletrodo. Isso
garante ao processo sua principal vantagem em relação a outros processo de soldagem manual: a alta
produtividade.
As siglas MIG e MAG, usadas no Brasil, vêm do inglês ―Metal Inerte Gás‖ e ―Metal Ativo Gás‖.
Essas siglas se referem respectivamente aos gases de proteção usados no processo: gases inertes ou
mistura de gases inertes, e gás ativo ou mistura de gás ativo com inerte. Ajudam também a identificar a
diferença fundamental entre um e outro: a soldagem MAG é usada principalmente na soldagem de
materiais ferrosos, enquanto a soldagem MIG é usada na soldagem de materiais não-ferrosos, como o
alumínio, o cobre, o níquel, o magnésio e suas respectivas ligas.
Apesar da maior sensibilidade à variação dos parâmetros elétricos de operação do arco de soldagem,
que influenciam diretamente na qualidade do cordão de solda, a soldagem MIG/MAG, por sua alta
produtividade, é a que apresentou maior crescimento de utilização nos últimos anos no mundo.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 56
TÉCNICO EM MECÂNICA
O conceito básico de GMAW foi introduzido nos idos de 1920, e tornado comercialmente viável após
1948. Inicialmente foi empregado com um gás de proteção inerte na soldagem do alumínio.
Consequentemente, o termo soldagem MIG foi inicialmente aplicado e ainda é uma referência ao
processo. Desenvolvimentos subsequentes acrescentaram atividades com baixas densidades de
corrente e correntes contínuas pulsadas, emprego em uma ampla gama de materiais, e o uso de gases
de proteção reativos ou ativos (particularmente o dióxido de carbono, CO2) e misturas de gases. Esse
desenvolvimento posterior levou à aceitação formal do termo GMAW – Gas Metal Arc Welding para o
processo, visto que tanto gases inertes quanto reativos são empregados. No entanto, quando se
empregam gases reativos, é muito comum usar o termo soldagem MAG (MAG – Metal Active Gas).
O processo de soldagem funciona com corrente contínua (CC), normalmente com o arame no pólo
positivo. Essa configuração é conhecida como polaridade reversa. A polaridade direta é raramente
utilizada por causa da transferência deficiente do metal fundido do arame de solda para a peça. São
comumente empregadas correntes de soldagem de 50 A até mais que 600 A e tensões de soldagem de
15 V até 32 V. Um arco elétrico auto-corrigido e estável é obtido com o uso de uma fonte de tensão
constante e com um alimentador de arame de velocidade constante.
Melhorias contínuas tornaram o processo MIG/MAG aplicável à soldagem de todos os metais
comercialmente importantes como os aços, o alumínio, aços inoxidáveis, cobre e vários outros.
Materiais com espessura acima de 0,76 mm podem ser soldados praticamente em todas as posições.
É simples escolher equipamento, arame, gás de proteção e condições de soldagem capazes de produzir
soldas de alta qualidade com baixo custo.
Vantagens
O processo de soldagem MIG/MAG proporciona muitas vantagens na soldagem manual e automática
dos metais para aplicações de alta e baixa produção. Suas vantagens combinadas quando comparado
ao eletrodo revestido, arco submerso e TIG são:
a soldagem pode ser executada em todas as posições;
alta taxa de deposição, o que leva a alta produtividade no trabalho do soldador;
tempo total de execução de soldas de cerca da metade do tempo se comparado ao eletrodo
revestido;
altas velocidades de soldagem; menos distorção das peças;
largas aberturas preenchidas ou amanteigadas facilmente, tornando certos tipos de soldagem de
reparo mais eficientes;
não há perdas de pontas como no eletrodo revestido.
versatilidade em relação ao tipo de materiais, espessuras e posições de soldagem em que podem ser
aplicados;
ausência de operações de remoção de escória por causa da não utilização de fluxos de soldagem;
exigência de menor habilidade do soldador.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 57
TÉCNICO EM MECÂNICA
Modos de transferência de metal
Basicamente o processo MIG/MAG inclui três técnicas distintas de modo de transferência de metal:
curto-circuito (short arc), globular (globular) e aerossol (spray arc). Essas técnicas descrevem a
maneira pela qual o metal é transferido do arame para a poça de fusão. Na transferência por curto-
circuito — short arc, dip transfer, microwire — a transferência ocorre quando um curto-circuito
elétrico é estabelecido.
Isso acontece quando o metal fundido na ponta do arame toca a poça de fusão. Na transferência por
aerossol — spray arc — pequenas gotas de metal fundido são desprendidas da ponta do arame e
projetadas por forças eletromagnéticas em direção à poça de
fusão. A transferência globular — globular — ocorre
quando as gotas de metal fundido são muito grandes e
movem-se em direção à poça de fusão sob a influência da
gravidade. Os fatores que determinam o modo de
transferência de metal são a corrente de soldagem, o
diâmetro do arame, o comprimento do arco (tensão), as
características da fonte e o gás de proteção (veja a Figura 2).
O metal é transferido do arame à poça de fusão apenas quando há contato entre os dois, ou a cada
curto-circuito. O arame entra em curto-circuito com
a peça de 20 a 200 vezes por segundo.
A Figura 3 ilustra um ciclo completo de curto-
circuito. Quando o arame toca a poça de fusão (A), a
corrente começa a aumentar para uma corrente de
curto-circuito. Quando esse valor alto de corrente é
atingido, o metal é transferido. O arco é então
reaberto. Como o arame está sendo alimentado mais
rapidamente que o arco consegue fundi-lo, o arco
será eventualmente extinguido por outro curto (I). O
ciclo recomeça. Não há metal transferido durante o
período de arco aberto, somente nos curtos-circuitos.
Para garantir uma boa estabilidade do arco na técnica de curto-circuito devem ser empregadas
correntes baixas.
A Tabela I ilustra a faixa de corrente ótima para a
transferência de metal por curto-circuito para vários
diâmetros de arame. Essas faixas podem ser
ampliadas dependendo do gás de proteção
selecionado.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 58
TÉCNICO EM MECÂNICA
Transferência globular
Quando a corrente e a tensão de soldagem são aumentadas para valores acima do máximo
recomendado para a soldagem por curto-circuito, a transferência de metal começará a tomar um
aspecto diferente.
Essa técnica de soldagem é comumente conhecida como transferência globular, na qual o metal se
transfere através do arco.
Usualmente as gotas de metal fundido têm diâmetro maior que o do próprio arame. Esse modo de
transferência pode ser errático, com respingos e curtos-circuitos ocasionais.
A soldagem em aerossol pode produzir altas taxas de deposição do metal de solda. Essa técnica de
soldagem é geralmente empregada para unir materiais de espessura 2,4 mm e maiores. Exceto na
soldagem de alumínio ou cobre, o processo de arco em aerossol fica geralmente restrito apenas à
soldagem na posição plana por causa da grande poça de fusão. No entanto, aços carbono podem ser
soldados fora de posição usando essa técnica com uma poça de fusão pequena, geralmente com arames
de diâmetro 0,89 mm ou 1,10 mm.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 59
TÉCNICO EM MECÂNICA
Uma variação da técnica de arco em aerossol é conhecida como soldagem pulsada em aerossol. Nessa
técnica, a corrente é variada entre um valor alto e um baixo. O nível baixo de corrente fica abaixo da
corrente de transição, enquanto que o nível alto fica dentro da faixa de arco em aerossol. O metal é
transferido para a peça apenas durante o período de aplicação de corrente alta. Geralmente é
transferida uma gota durante cada pulso de corrente alta. A Figura 5 retrata o modelo de corrente de
soldagem usado na soldagem pulsada em aerossol.
Valores comuns de frequência ficam entre 60 e 120 pulsos por segundo. Como a corrente de pico fica
na região de arco em aerossol, a estabilidade do arco é similar à da soldagem em aerossol
convencional.
O período de baixa corrente mantém o arco aberto e serve para reduzir a corrente média. Assim, a
técnica pulsada em aerossol produzirá um arco em aerossol com níveis de corrente mais baixos
que os necessários para a soldagem em aerossol convencional. A corrente média mais baixa possibilita
soldar peças de pequena espessura com transferência em aerossol usando maiores diâmetros de
arame que nos outros modos. A técnica pulsada em aerossol também pode ser empregada na soldagem
fora de posição de peças de grande espessura.
Equipamentos
Soldagem manual
Os equipamentos de soldagem MIG/MAG podem ser usados manual ou automaticamente. Veja na
Figura 6 o modelo de um equipamento para a soldagem manual.
Equipamentos para soldagem manual são fáceis de instalar. Como o trajeto do arco é realizado pelo
soldador, somente três elementos principais são necessários:
tocha de soldagem e acessórios;
motor de alimentação do arame;
fonte de energia.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 61
TÉCNICO EM MECÂNICA
A Figura 7 mostra as partes de uma tocha seca típica (tocha convencional ou refrigerada pelo gás de
proteção) com extremidade curva, contendo os seguintes acessórios:
bico de contato;
bocal;
conduíte;
cabo.
O bico de contato é fabricado de cobre e é utilizado para conduzir a energia de soldagem até o arame
bem como dirigir o arame até a peça. A tocha (e também o bico de contato) é conectada à fonte de
soldagem pelo cabo de solda. Como o arame deve ser alimentado facilmente pelo bico de contato e
também fazer um bom contato elétrico, seu diâmetro interno é importante. O folheto de instruções
fornecido com cada tocha relaciona o diâmetro correto do bico de contato para cada diâmetro de
arame. O bico de contato, que é uma peça de reposição, deve ser preso firmemente à tocha e centrado
no bocal.
O bocal direciona um fluxo de gás até a região de soldagem. Bocais grandes são usados na soldagem a
altas correntes onde a poça de fusão é larga. Bocais menores são empregados na soldagem a baixas
correntes.
O conduíte é conectado entre a tocha e as roldanas de alimentação.
Ele direciona o arame à tocha e ao bico de contato. É necessária uma alimentação uniforme para se
obter a estabilidade do arco.
Quando não suportado adequadamente pelo conduíte, o arame pode se enroscar. Quando se usam
arames de aço, recomenda-se que a espiral do conduíte seja de aço. Outros materiais como nylon e
outros plásticos devem ser empregados para arames de alumínio. A literatura fornecida com cada tocha
lista os conduítes recomendados para cada diâmetro e material do arame.
Alimentador de arame
O motor de alimentação de arame e o controle de soldagem são frequentemente fornecidos em um
único módulo — o alimentador de arame — mostrado na Figura 6. Sua principal função é puxar o
arame do carretel e alimentá-lo ao arco. O controle mantém a velocidade predeterminada do arame a
um valor adequado à aplicação. O controle não apenas mantém a velocidade de ajuste independente do
peso, mas também regula o início e fim da alimentação do arame a partir do sinal enviado pelo gatilho
da tocha.
O gás de proteção, a água e a fonte de soldagem são normalmente enviados à tocha pela caixa de
controle. Pelo uso de válvulas solenóides os fluxos de gás e de água são coordenados com o fluxo
da corrente de soldagem. O controle determina a sequência de fluxo de gás e energização do contator
da fonte. Ele também permite o pré e pós-fluxo de gás.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 62
TÉCNICO EM MECÂNICA
Fonte de soldagem
Quase todas as soldas com o processo MIG/MAG são executadas com polaridade reversa (CC+). O
pólo positivo é conectado à tocha, enquanto o negativo é conectado à peça. Já que a velocidade de
alimentação do arame e, portanto, a corrente, é regulada pelo controle de soldagem, o ajuste básico
feito pela fonte de soldagem é no comprimento do arco, que é ajustado pela tensão de soldagem. A
fonte de soldagem também pode ter um ou dois ajustes adicionais para uso com outras aplicações de
soldagem (por exemplo, indutância).
Soldagem automática
Equipamentos automáticos são utilizados quando a peça pode ser facilmente transportada até o local de
soldagem ou onde muitas atividades repetitivas de soldagem justifiquem dispositivos especiais de
fixação. O caminho do arco é automático e controlado pela velocidade de deslocamento do dispositivo.
Normalmente a qualidade da solda é melhor e a velocidade de soldagem é maior.
Como pode ser observado na Figura 8, o equipamento de soldagem em uma configuração automática é
o mesmo que numa manual, exceto:
a tocha é normalmente montada diretamente sob o motor de alimentação do arame, eliminando
a necessidade de um conduíte; dependendo da aplicação, essa configuração pode mudar;
o controle de soldagem é montado longe do motor de alimentação do arame. Podem ser
empregadas caixas de controle remoto;
adicionalmente, outros dispositivos são utilizados para proporcionar o deslocamento
automático do cabeçote. Exemplos desses dispositivos são os pórticos e os dispositivos de
fixação.
O controle de soldagem também coordena o deslocamento do conjunto no início e no fim da soldagem.
Suprimento de energia
A fonte de energia
Fontes de corrente contínua e de tensão constante são empregadas na maioria dos casos de soldagem
MIG/MAG. Essa característica contrasta com as fontes de corrente constante utilizadas na soldagem
TIG e com eletrodos revestidos. Uma fonte MIG/MAG proporciona uma tensão do arco relativamente
constante durante a soldagem.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 63
TÉCNICO EM MECÂNICA
Essa tensão determina o comprimento do arco. Quando ocorre uma variação brusca da velocidade de
alimentação do arame, ou uma mudança momentânea da tensão do arco, a fonte aumenta ou diminui
abruptamente a corrente (e, portanto, a taxa de fusão do arame) dependendo da mudança no
comprimento do arco. A taxa de fusão do arame muda automaticamente para restaurar o comprimento
original do arco. Como resultado, alterações permanentes no comprimento do arco são efetuadas
ajustando-se a tensão de saída da fonte. A velocidade de alimentação do arame que o operador
seleciona antes da soldagem determina a corrente de soldagem (veja a Figura 9). Esse parâmetro pode
ser alterado sobre uma faixa considerável antes que o comprimento do arco mude o suficiente para
fazer o arame tocar na peça ou queimar o bico de contato.
Variáveis da fonte
A característica de auto-correção do comprimento do arco do sistema de soldagem por tensão
constante é muito importante na produção de condições estáveis de soldagem. Características elétricas
específicas — a tensão do arco, a inclinação da curva tensão-corrente da fonte e a indutância, dentre
outras — são necessárias para controlar o calor do arco, os respingos, etc.
Tensão do arco
A tensão do arco é a tensão entre a extremidade do arame e a peça. Devido às quedas de tensão
encontradas no sistema de soldagem a tensão do arco não pode ser lida diretamente do voltímetro da
fonte.
A tensão de soldagem (comprimento do arco) tem um importante efeito no modo de transferência de
metal desejado. A soldagem por curto-circuito requer tensões relativamente baixas, enquanto a
soldagem em aerossol necessita de
tensões maiores. Deve ser observado
também que, quando a corrente de
soldagem e a taxa de fusão do arame são
aumentadas, a tensão de soldagem
também deve ser aumentada um tanto
para manter a estabilidade. A Figura 10
mostra uma relação entre a tensão do
arco e a corrente de soldagem para os
gases de proteção mais comuns
empregados na soldagem MIG/MAG de
aços carbono. A tensão do arco é
aumentada com o aumento da corrente
de soldagem para proporcionar a melhor
operação.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 64
TÉCNICO EM MECÂNICA
Inclinação da curva
A Figura 11 ilustra as características tensão-corrente de uma fonte MIG/MAG. O ângulo da curva com
a horizontal é definido como a inclinação da curva da fonte. Esse parâmetro refere-se à redução na
tensão de saída com o aumento da corrente. Então, uma fonte teoricamente de tensão constante na
realidade não proporciona tensão constante, havendo uma queda na tensão de circuito aberto com o
aumento da corrente.
A inclinação da curva de uma fonte, como
especificada pelo fabricante e medida nos
terminais de saída, não representa a inclinação
total do sistema. Qualquer componente que
acrescente resistência ao sistema de soldagem
aumenta a inclinação da curva e a queda de tensão
para uma dada corrente de soldagem. Cabos,
conexões, terminais, contatos sujos, etc., todos
fazem aumentar a inclinação da curva. Por isso,
em um sistema de soldagem, a inclinação da
curva deve ser medida no arco.
A inclinação da curva em um sistema MIG/MAG é usada durante a soldagem por curto-circuito para
limitar a corrente de curto-circuito de tal modo a reduzir a quantidade de respingos quando os
curtos-circuitos entre o arame e a peça forem interrompidos. Quanto maior for a inclinação da curva,
menores serão as correntes de curto-circuito e, dentro dos limites, menor será a quantidade de
respingos.
O valor da corrente de curto-circuito deve ser alto o suficiente (mas não tão alto) para fundir o arame.
Quando a inclinação é quase nula no circuito de soldagem a corrente aumenta até um valor muito
alto, causando uma reação violenta, mas restrita. Isso causa respingos.
Quando uma corrente de curto-circuito for
limitada a valores excessivamente baixos
por causa de uma inclinação muito alta, o
arame pode conduzir toda a corrente, e o
curto-circuito não se interromperá
por si só. Nesse caso o arame pode apinhar-
se na peça ou ocasionalmente topar na poça
de fusão e romper-se. Esses fenômenos são
mostrados esquematicamente na Figura 12.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 65
TÉCNICO EM MECÂNICA
Indutância
As fontes não respondem instantaneamente às mudanças de carga. A corrente leva um tempo finito
para atingir um novo valor. A indutância no circuito é a responsável por esse atraso. O efeito da
indutância pode ser entendido analisando-se a curva mostrada na Figura 13.
A curva A mostra uma curva típica de corrente-tempo com indutância presente quando a corrente
aumenta de zero até o valor final. A curva B mostra o
caminho que a corrente percorreria se não houvesse
indutância no circuito. A corrente máxima alcançada
durante um curto é determinada pela inclinação da
curva característica da fonte. A indutância controla a
taxa de aumento da corrente de curto-circuito.
A taxa pode ser reduzida de maneira que o curto
possa ser interrompido com um mínimo de
respingos. A indutância também armazena energia.
Ela fornece ao arco essa energia armazenada depois
que o curto é interrompido, e causa um arco mais
longo.
Na soldagem por curto-circuito um aumento na indutância aumenta o tempo de arco "ativo". Isso, por
sua vez, torna a poça de fusão mais fluida, resultando em um cordão de solda mais achatado. A
diminuição da indutância causa o efeito contrário. A Figura 14 mostra a influência da indutância no
aspecto de cordões de solda feitos por meio da soldagem por curto-circuito com misturas argônio-
oxigênio e hélio-argônio-dióxido de carbono.
Na soldagem em aerossol a adição de indutância na fonte produzirá uma melhor partida de arco.
Indutância excessiva resultará numa partida errática.
Quando for alcançada a condição de uma corrente de curto-circuito correta e uma taxa de aumento de
corrente também correta, a quantidade de respingos será mínima. Os ajustes necessários na fonte
para a condição de respingo mínimo variam com o material e diâmetro do arame. Como regra geral, o
valor da corrente de curto-circuito e o valor da indutância necessária para a operação ideal aumentam
à medida que o diâmetro do arame aumenta.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 66
TÉCNICO EM MECÂNICA
Gases de proteção
O ar atmosférico é expulso da região de soldagem por um gás de proteção com o objetivo de evitar a
contaminação da poça de fusão. A contaminação é causada principalmente pelo nitrogênio (N2),
oxigênio (O2) e vapor d'água (H2O) presentes na atmosfera.
Como exemplo, o nitrogênio no aço solidificado reduz a
ductilidade e a tenacidade da solda e pode causar fissuração.
Em grandes quantidades o nitrogênio pode causar também
porosidade.
O oxigênio em excesso no aço combina-se com o carbono e
forma o monóxido de carbono (CO), que pode ser
aprisionado no metal, causando porosidade. Além disso, o
oxigênio em excesso pode se combinar com outros elementos
no aço e formar compostos que produzem inclusões no metal de solda — o manganês (Mn) e o silício
(Si), por exemplo.
Quando o hidrogênio (H), presente no vapor d'água e no óleo, combina-se com o ferro (Fe) ou com o
alumínio (Al), resultará em porosidade e pode ocorrer fissuração sob cordão no metal de solda.
Para evitar esses problemas associados com a contaminação da poça de fusão, três gases principais são
utilizados como proteção: argônio (Ar), hélio (He) e dióxido de carbono (CO2). Além desses,
pequenas quantidades de oxigênio (O2), nitrogênio (N2) e hidrogênio (H2) provaram ser benéficas em
algumas aplicações.
Desses gases, apenas o argônio e o hélio são gases inertes. A compensação
para a tendência de oxidação dos outros gases é realizada pelas formulações
especiais dos arames.
O argônio, o hélio e o dióxido de carbono podem ser empregados puros, em
combinações ou misturados com outros gases para proporcionar soldas livres de defeitos numa
variedade de aplicações e processos de soldagem.
Argônio (Ar)
O argônio é um gás inerte que é usado tanto puro quanto em combinações com outros gases para
alcançar as características de arco desejadas na soldagem de metais ferrosos e não ferrosos. Quase
todos os processos de soldagem podem utilizar o argônio ou misturas de argônio para alcançar boa
soldabilidade, propriedades mecânicas, características do arco e produtividade. O argônio é empregado
puro em materiais não ferrosos como o alumínio, ligas de níquel, ligas de cobre e materiais reativos
que incluem o zircônio, titânio e tântalo. O argônio proporciona excelente estabilidade ao arco no
modo de transferência por aerossol, boa penetração e ótimo perfil do cordão na soldagem desses
metais. Algumas soldas em curto-circuito de materiais de pequena espessura são também viáveis.
Quando usado na soldagem de metais ferrosos, o argônio é normalmente misturado com outros gases
como o oxigênio, hélio, hidrogênio, dióxido de carbono e/ou nitrogênio.
O baixo potencial de ionização do argônio cria uma excelente condução da corrente e uma estabilidade
de arco superior. O argônio produz uma coluna de arco restrita a uma alta densidade de corrente
que faz com que a energia do arco fique concentrada em uma pequena área. O resultado é um perfil de
penetração profunda possuindo a forma de um dedo — perfil dediforme — (veja a Figura 17).
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 68
TÉCNICO EM MECÂNICA
Dióxido de carbono (CO2)
O dióxido de carbono puro não é um gás inerte porque o calor do arco o dissocia em monóxido de
carbono e oxigênio livre .
Esse oxigênio combinar-se-á com os elementos em transferência através do arco para formar óxidos
que são liberados da poça de fusão na forma de escória ou carepa. Embora o CO2 seja um gás ativo e
produza um efeito oxidante, soldas íntegras podem ser consistente e facilmente obtidas sem a presença
de porosidade e outras descontinuidades.
O dióxido de carbono é largamente empregado na soldagem de aços. Sua popularidade é devida a sua
disponibilidade e à boa qualidade da solda, bem como pelo seu baixo custo e instalações simples.
Deve ser mencionado que o baixo custo do gás não necessariamente se traduz num baixo custo por
metro linear de solda, sendo fortemente dependente da aplicação. A baixa eficiência de deposição que
o CO2 proporciona — causada pela perda por respingos — influencia no custo final da solda.
O dióxido de carbono não permitirá uma transferência em aerossol; por isso, os modos de transferência
de metal ficam restritos ao curto-circuito e à transferência globular. A vantagem do CO2 são
velocidades de soldagem maiores e penetração profunda. Os maiores inconvenientes do CO2 são a
indesejável transferência globular e, consequentemente, os altos níveis de respingos na solda. A
superfície do cordão de solda resultante da proteção com o CO2 puro é, na maioria dos casos,
fortemente oxidada. Um arame de solda contendo grande quantidade de elementos desoxidantes é
algumas vezes necessário para compensar a natureza reativa do gás. De um modo geral, boas
propriedades mecânicas podem ser obtidas com o CO2. O argônio é misturado freqüentemente com o
CO2 para balancear as características de desempenho do CO2 puro. Se as propriedades de impacto
tiverem que ser maximizadas, são recomendadas misturas de Ar e CO2.
Hélio (He)
O hélio é um gás inerte que é empregado nas aplicações de soldagem onde são necessários um maior
aporte térmico para melhorar a molhabilidade do cordão de solda, maior penetração e maior
velocidade de soldagem. Na soldagem MIG o hélio não produz um arco tão estável quanto o argônio.
Comparado com o argônio, o hélio apresenta maior condutividade térmica e maior variação de tensão,
e conduz a um perfil de penetração mais largo e mais raso. A soldagem MIG do alumínio com hélio
puro não proporciona a mesma ação de limpeza que o argônio puro, porém é benéfico e algumas vezes
recomendado para a soldagem de peças espessas de alumínio. O arco elétrico com o hélio é mais largo
que com o argônio, o que reduz a densidade de corrente. A maior variação de tensão provoca maiores
aportes térmicos em relação ao argônio, promovendo então maior fluidez da poça de fusão e
subsequente maior molhabilidade do cordão de solda. Esse fenômeno é vantajoso na soldagem do
alumínio, magnésio e ligas de cobre.
O hélio é frequentemente misturado em diversas proporções com o argônio para tirar vantagem das
boas características de ambos os gases. O argônio melhora a estabilidade do arco e a ação de limpeza,
na soldagem do alumínio e do magnésio, enquanto o hélio melhora a molhabilidade e a coalescência
do metal de solda.
Misturas binárias
Argônio-oxigênio
A adição de pequenas quantidades de O2 ao argônio estabiliza muito bem o arco elétrico, aumenta a
taxa de fusão do arame, abaixa a corrente de transição para transferência em aerossol, e melhora a
molhabilidade e o perfil do cordão de solda. A poça de fusão fica mais fluida e permanece no estado
líquido por mais tempo, permitindo que o metal flua até os cantos do chanfro. Isso reduz as
mordeduras e ajuda a manter achatado o cordão de solda. Ocasionalmente, pequenas adições de
oxigênio são utilizadas em aplicações de metais não ferrosos. Por exemplo, pode ser encontrado na
literatura que a adição de 0,1% de oxigênio é útil para a estabilização do arco na soldagem
de chapas de alumínio superpuro.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 69
TÉCNICO EM MECÂNICA
Argônio / 1% O2 – essa mistura é primariamente empregada na transferência em aerossol para aços
inoxidáveis. 1% O2 é normalmente suficiente para estabilizar o arco, aumentar a taxa de gotejamento,
proporcionar coalescência e melhorar a aparência do cordão de solda.
Argônio / 2% O2 – essa mistura é utilizada na soldagem MIG com transferência em aerossol de aços
carbono, aços de baixa liga e aços inoxidáveis. Ela proporciona uma ação extra de molhabilidade sobre
a mistura a 1% O2. As propriedades mecânicas e a resistência à corrosão das soldas feitas com adições
de 1% O2 e 2% O2 são equivalentes.
Argônio / 5% O2 – essa mistura proporciona uma poça de fusão mais fluida, porém controlável. É a
mistura argônio-oxigênio mais comum empregada na soldagem em geral dos aços carbono. O oxigênio
adicional também permite maiores velocidades de soldagem.
Argônio / 12-25% O2 – misturas com níveis muito altos de oxigênio têm sido empregadas
limitadamente, porém os benefícios do uso de 25% O2 contra 12% O2 são discutíveis. A fluidez
excessiva da poça de fusão é uma característica desse gás. É de se esperar sobre a superfície do cordão
de solda uma camada espessa de escória e/ou carepa de difícil remoção. Soldas íntegras podem ser
confeccionadas a 25% O2 com pouca ou nenhuma porosidade. É recomendada a remoção da escória /
carepa antes dos passes de solda subsequentes para assegurar a melhor integridade da solda.
Argônio / 3-10% CO2 – essas misturas são empregadas na transferência por curto-circuito e na
transferência em aerossol em uma série de espessuras de aços carbono. Como as misturas conseguem
utilizar os dois modos de transferência com sucesso esse gás ganhou muita popularidade como uma
mistura versátil. Misturas a 5% são muito comuns na soldagem MIG pulsada fora de posição de peças
espessas de aços de baixa liga. As soldas são geralmente menos oxidadas que aquelas com misturas
98% Ar / 2% CO2. Melhores penetrações são alcançadas com menos porosidade quando se utilizam
adições de dióxido de carbono no lugar das adições de oxigênio.
Considerando a molhabilidade, é necessário o dobro de dióxido de carbono na mistura para se
conseguir o mesmo resultado que com o oxigênio. De 5% a 10% CO2 o arco torna-se muito forte e
definido, dando a essas misturas mais tolerância à carepa e uma poça de fusão muito fácil de controlar.
Processos de Soldagem
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Argônio / 11-20% CO2 – essa faixa de misturas tem sido empregada em diversas aplicações de
soldagem MIG/MAG como chanfro estreito, soldagem fora de posição de chapas finas e soldagem a
altas velocidades.
A maioria das aplicações é em aços carbono e de baixa liga.
Misturando o dióxido de carbono nessa faixa, pode ser alcançada a produtividade máxima na soldagem
de peças de pequena espessura.
Isso é feito minimizando a possibilidade de furar a peça e simultaneamente maximizando as taxas de
deposição e as velocidades de soldagem. Menores teores de dióxido de carbono também melhoram
a eficiência de deposição por meio da redução das perdas por respingos.
Argônio / 21-25% CO2 (C25) – essa faixa é universalmente conhecida como o gás usado na soldagem
MAG com transferência por curto-circuito em
aços doces. Foi originalmente formulado para
maximizar a frequência de curto-circuito em
arames sólidos de diâmetros 0,8 e 0,9 mm,
mas, ao longo dos anos, tornou-se o padrão de
fato para a maioria dos diâmetros dos arames
sólidos e também dos arames tubulares mais
comuns.
Essa mistura funciona bem em aplicações de
altas correntes em materiais espessos, e pode
alcançar boa estabilidade do arco, controle da
poça de fusão e aparência do cordão, bem
como alta produtividade (veja a Figura 18).
Argônio / 50% CO2 – essa mistura é utilizada quando são necessários um alto aporte térmico e uma
penetração profunda. As espessuras das peças devem ser acima de 3,2 mm e as soldas podem ser
executadas fora de posição. Essa mistura é muito popular para a soldagem de dutos empregando a
transferência por curto-circuito. Boa molhabilidade e bom perfil do cordão sem fluidez excessiva da
poça de fusão são as principais vantagens na soldagem de dutos. A soldagem de peças finas apresenta
maior tendência a furar, o que limita a versatilidade em geral desse gás. Durante a soldagem a altos
níveis de corrente, a transferência de metal é mais parecida com a da soldagem com dióxido de
carbono puro que as misturas anteriores, mas alguma redução nas perdas por respingos pode ser obtida
graças à adição de argônio (veja a Figura 18).
Argônio / 75% CO2 – essa mistura é algumas vezes empregada em tubulações de paredes grossas, e é
a melhor em termos de fusão lateral das paredes do chanfro e em profundidade de penetração.
O argônio auxilia na estabilização do arco e na redução de respingos.
Argônio-hélio
Misturas argônio-hélio são utilizadas em vários materiais não ferrosos como o alumínio, cobre, ligas
de níquel e metais reativos.
Esses gases usados em diversas combinações aumentam a tensão e o calor do arco na soldagem MIG e
na TIG enquanto mantém as características favoráveis do argônio. Geralmente, quanto mais pesado
o material, maior o percentual de hélio. Pequenos percentuais de hélio, abaixo de 10%, afetarão as
características do arco e as propriedades mecânicas da solda. Quando o percentual do hélio aumenta,
aumentam também a tensão do arco, a quantidade de respingos e a penetração, e minimiza a
porosidade. O gás hélio puro aumenta a penetração lateral e a largura do cordão de solda, mas a
profundidade de penetração pode ficar prejudicada. Por outro lado, a estabilidade do arco também
aumenta. O teor de argônio deve ser de pelo menos 20% quando misturado com o hélio para gerar e
manter um arco estável em aerossol (veja a Figura 19).
Processos de Soldagem
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Argônio / 25% He (HE-25) – essa mistura pouco usada é algumas vezes recomendada para a
soldagem de alumínio, onde é procurado um aumento na penetração, sendo a aparência do cordão da
maior importância.
Argônio / 75% He (HE-75) – essa mistura comumente utilizada é largamente empregada na soldagem
automática de alumínio com espessura maior que 25 mm na posição plana. A mistura HE-25 também
aumenta o aporte térmico e reduz a porosidade das soldas de cobre com espessura entre 6,5 e 12,5 mm.
Argônio / 90% He (HE-90) – essa mistura é usada na soldagem do cobre com espessura acima de
12,5 mm e do alumínio com espessura acima de 75 mm. Apresenta um aporte térmico alto que
melhora a coalescência da solda e proporciona boa qualidade radiográfica. É também empregada na
transferência por curto-circuito com metais de adição com alto teor de níquel.
Argônio-nitrogênio (N2)
Pequenas quantidades de nitrogênio têm sido adicionadas a misturas Ar / 1% O2 para se obter uma
microestrutura completamente austenítica em soldas feitas com metais de adição inoxidáveis do tipo
347. Concentrações de nitrogênio na faixa de 1,5% a 3% têm sido utilizadas.
Quantidades acima de 10% produziam muitos fumos, mas as soldas eram íntegras. Adições maiores
que 2% N2 produziam porosidade em soldas MIG monopasse realizadas em aços doces; por outro
lado, adições menores que 0,5% de nitrogênio causavam porosidade em soldas multipasses em aços
carbono. Poucas tentativas foram feitas para empregar misturas de argônio ricas em nitrogênio na
soldagem MIG do cobre e suas ligas, mas o índice de respingos é alto.
Processos de Soldagem
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Misturas ternárias
Argônio-oxigênio-dióxido de carbono
Misturas contendo esses três componentes são denominadas misturas universais devido a sua
capacidade de operar com os modos de transferência por curto-circuito, globular, aerossol e pulsado.
Diversas misturas ternárias estão disponíveis, e sua aplicação dependerá do mecanismo de
transferência desejado e da otimização das características do arco.
Argônio / 5-10% CO2 / 1-3% O2 – a principal vantagem dessa mistura ternária é sua versatilidade na
soldagem de aços carbono, de baixa liga e inoxidáveis de todas as espessuras empregando qualquer
modo de transferência aplicável. A soldagem de aços inoxidáveis deve ser limitada apenas ao arco em
aerossol devido à pouca fluidez da poça de fusão sob baixas correntes. A captura de carbono em aços
inoxidáveis também deve ser considerada em alguns casos. Em aços carbono e de baixa liga essa
mistura produz boas características de soldagem e de propriedades mecânicas. Em materiais de
pequena espessura o oxigênio auxilia na estabilidade do arco sob correntes muito baixas (30 a 60 A),
permitindo que o arco seja mantido curto e controlável. Isso contribui para minimizar a possibilidade
de furar a peça e de haver distorções ao se reduzir o aporte térmico total na região de soldagem.
Argônio /10-20% CO2 / 5% O2 – essa mistura produz uma transferência quente por curto-circuito e
uma poça de fusão fluida. A transferência em aerossol é boa e parece gerar algum benefício na
soldagem com arames três vezes desoxidados, já que uma poça de fusão que se solidifica lentamente é
característica desses arames.
Argônio-dióxido de carbono-hidrogênio
Pequenas adições de hidrogênio (1-2%) melhoram a molhabilidade do cordão de solda e a estabilidade
do arco quando se soldam aços inoxidáveis com soldagem MIG pulsada. O dióxido de carbono é
mantido baixo também (1-3%) para minimizar a captura do carbono e manter uma boa estabilidade do
arco. Essa mistura não é recomendada a aços de baixa liga porque poderiam se desenvolver níveis
excessivos de hidrogênio no metal de solda e causar fissuração por hidrogênio e propriedades
mecânicas ruins.
Argônio-hélio-dióxido de carbono
Adições de hélio e dióxido de carbono ao argônio aumentam o aporte térmico na região de solda e
melhoram a estabilidade do arco.
Consegue-se melhor molhabilidade e melhor perfil do cordão de solda.
Durante a soldagem de aços carbono e de baixa liga, as adições de hélio servem para aumentar o
aporte térmico e melhorar a fluidez da poça de fusão da mesma forma que é adicionado o oxigênio,
exceto que o hélio é inerte, e então a oxidação do metal de solda e a perda de elementos de liga não
chega a ser um problema. Durante a soldagem de um material de baixa liga as propriedades mecânicas
podem ser alcançadas e mantidas com mais facilidade.
Argônio / 10-30% He / 5-15% CO2 – as misturas nessa faixa foram desenvolvidas e colocadas no
mercado para a soldagem pulsada em aerossol de aços carbono e de baixa liga. O melhor desempenho
é em seções espessas e em aplicações fora de posição onde são almejadas taxas de deposição máximas.
Boas propriedades mecânicas e controle da poça de fusão são características dessa mistura.
A soldagem por arco pulsado em aerossol a baixas correntes é aceitável, mas em misturas com baixo
teor de CO e/ou de O2 melhorará a estabilidade do arco.
60-70% He / 20-35% Ar / 4-5% CO2 – essa mistura é empregada na soldagem com transferência por
curto-circuito de aços de alta resistência, especialmente em aplicações fora de posição. O teor de CO2 é
mantido baixo para assegurar boa tenacidade ao metal de solda. O hélio proporciona o calor necessário
para a fluidez da poça de fusão.
Altos teores de hélio não são necessários, já que a poça de fusão pode se tornar excessivamente fluida
e dificultar seu controle.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 73
TÉCNICO EM MECÂNICA
90% He / 7,5% Ar / 2,5% CO2 – essa mistura é largamente utilizada na soldagem por curto-circuito
de aços inoxidáveis em todas as posições.
O teor de CO2 é mantido baixo para minimizar a captura de carbono e garantir boa resistência à
corrosão, especialmente em soldas multipasse. A adição de argônio e dióxido de carbono proporciona
boa estabilidade ao arco e boa penetração. O alto teor de hélio proporciona aporte térmico para superar
a quietude da poça de fusão dos aços inoxidáveis.
Argônio-hélio-oxigênio
A adição de hélio ao argônio aumenta a energia do arco durante a soldagem de materiais não ferrosos;
sua adição a misturas argônio-oxigênio tem o mesmo efeito na soldagem MIG de materiais ferrosos.
As misturas Ar-He-O2 têm sido usadas ocasionalmente na soldagem por arco em aerossol e em
revestimentos de aços inoxidáveis e de baixa liga para melhorar a fluidez da poça de fusão e o perfil do
cordão, e reduzir a porosidade.
Misturas quaternárias
Argônio-hélio-dióxido de carbono-oxigênio
Comumente conhecida como quad-mix, essa combinação é mais popular na soldagem MIG de alta
deposição empregando uma característica de arco que permita um tipo de transferência de metal de
alta densidade. Essa mistura resultará em boas propriedades mecânicas e funcionalidade por meio de
uma larga faixa de taxas de deposição.
Sua maior aplicação é a soldagem de materiais de base de alta resistência e baixa liga, porém tem sido
usada na soldagem de alta produtividade de aços doces. Os custos da soldagem são uma importante
consideração no uso desse gás para a soldagem de aços doces, visto que outras misturas de menor
preço estão disponíveis para a soldagem de alta deposição.
Independentemente do tipo de soldagem que precisa ser executado, existe sempre um gás de proteção
que melhor se adequará para soldar uma série de materiais empregando-se os modos de transferência
por curto-circuito ou em aerossol (veja a Tabela IV e a Tabela V).
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 74
TÉCNICO EM MECÂNICA
Arames
Um dos mais importantes fatores a considerar na soldagem MIG é a seleção correta do arame de solda.
Esse arame, em combinação com o gás de proteção, produzirá o depósito químico que determina as
propriedades físicas e mecânicas da solda. Basicamente existem cinco fatores principais que
influenciam a escolha do arame para a soldagem MIG/MAG:
a composição química do metal de base;
as propriedades mecânicas do metal de base;
o gás de proteção empregado;
o tipo de serviço ou os requisitos da especificação aplicável;
o tipo de projeto de junta.
Entretanto, a grande experiência na soldagem industrial levou a American Welding Society — AWS —
a simplificar a seleção. Foram desenvolvidos e fabricados arames que produzem os melhores
resultados com materiais de base específicos. Embora não exista uma especificação aplicável à
indústria em geral, a maioria dos arames está em conformidade com os padrões da AWS.
Materiais ferrosos
Antes de abordar os arames específicos para a soldagem MIG/MAG de materiais ferrosos, existem
similaridades básicas que todo o arame ferroso compartilha nos elementos de liga adicionados ao ferro.
Na soldagem MIG/MAG de aços carbono a função primária das adições de elementos de liga é
controlar a desoxidação da poça de fusão e ajudar a determinar as propriedades mecânicas da solda.
Desoxidação é a combinação de um elemento com o oxigênio da poça de fusão, resultando numa
escória ou num filme vítreo sobre a superfície do cordão de solda. A remoção do oxigênio da poça de
fusão elimina a principal causa de porosidade no metal de solda.
Silício (Si) – é o elemento mais comum empregado como desoxidante em arames usados na soldagem
MIG/MAG. Geralmente os arames contêm de 0,40% a 1,00% de silício, dependendo da aplicação.
Nessa faixa percentual o silício apresenta uma capacidade de desoxidação muito boa. Quantidades
maiores de Si aumentarão a resistência mecânica da solda com pequena redução na ductilidade e na
tenacidade. No entanto, acima de 1,0-1,2% de Si o metal de solda pode tornar-se sensível à fissuração.
Manganês (Mn) – é também comumente utilizado como desoxidante e para aumentar a resistência
mecânica. O manganês está presente com 1,00% a 2,00% dos arames de aço doce. Teores maiores de
manganês aumentam a resistência do metal de solda com uma influência maior que o silício.
O manganês também reduz a sensibilidade à fissuração a quente do metal de solda.
Alumínio (Al), titânio (Ti) e zircônio (Zr) – esses elementos são desoxidantes poderosos. São feitas
algumas vezes adições muito pequenas desses elementos, usualmente não mais que 0,20% como teor
total dos três elementos. Nessa faixa é obtido algum aumento na resistência mecânica.
Carbono (C) – o carbono é o elemento que apresenta a maior influência nas propriedades mecânicas e
microestruturais. Na fabricação de arames de aço para a soldagem MIG/MAG o teor de carbono dos
arames é geralmente mantido de 0,05% a 0,12%. Essa faixa é suficiente para proporcionar a resistência
necessária ao metal de solda sem afetar consideravelmente a ductilidade, a tenacidade e a porosidade.
Maiores teores de carbono no arame e no metal de base têm o efeito de gerar porosidade,
particularmente durante a soldagem com o gás de proteção CO2. Quando o teor de carbono do arame
e/ou da peça ultrapassar 0,12% o metal de solda perderá carbono na forma de CO. Esse fenômeno
pode causar porosidade, porém desoxidantes adicionais auxiliam a superá-lo.
Outros – níquel, cromo e molibdênio são frequentemente adicionados para melhorar as propriedades
mecânicas e/ou a resistência à corrosão. Em pequenas quantidades eles podem ser adicionados aos
arames de aço carbono para melhorar a resistência e a tenacidade do depósito. São adicionados em
maiores quantidades nos arames de aço inoxidável. Geralmente, quando a soldagem é realizada com
argônio a 1-3% de oxigênio ou com misturas de argônio contendo baixos teores de dióxido de carbono,
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 75
TÉCNICO EM MECÂNICA
a composição química do metal de solda não diferirá muito da composição química do arame. No
entanto, quando o dióxido de carbono é usado como gás de proteção, podem ser esperadas reduções
nos teores de silício, manganês e outros elementos desoxidantes. Os teores de níquel, cromo,
molibdênio e carbono permanecerão constantes. Arames com teor de carbono muito baixo (0,04-
0,06%) produzirão, com o dióxido de carbono como gás de proteção, metais de solda com maior teor
de carbono.
Arames de aço carbono
A Tabela VI lista os requisitos químicos e
as designações para todos os arames de
aço doce cobertos pela especificação
AWS A5.18. A Tabela VII mostra os
valores mínimos das propriedades
mecânicas dos depósitos de solda na
condição como soldados. Embora as
propriedades mecânicas e os requisitos de
serviço influenciem fortemente a seleção
do arame em alguns casos, considerações
mais genéricas poderão ser mais úteis na
maioria das aplicações e dos projetos de
junta. Quando a corrente de soldagem, o
tamanho da poça de fusão, a quantidade de
oxidação, a carepa de usina, e o óleo
encontrado na superfície do metal de base
aumentam, ou mesmo, quando os teores de
dióxido de carbono ou de oxigênio
aumentam, os teores de manganês e de
silício do arame devem também aumentar
para proporcionar a melhor qualidade à
solda.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 76
TÉCNICO EM MECÂNICA
Materiais não ferrosos
O alumínio e suas ligas
Os principais elementos empregados para fabricar arames de alumínio para soldagem são o magnésio,
manganês, zinco, silício e cobre. A principal razão para adicionar esses elementos é aumentar a
resistência mecânica do alumínio puro. Entretanto, a resistência à corrosão e a soldabilidade também
merecem atenção. Cada arame contém adições de diversos elementos de liga para melhorar as
propriedades da solda, e é desenvolvido para soldar um dado tipo de alumínio.
Os arames mais populares são
as ligas AWS ER5356 — com
adição de magnésio — e a liga
AWS ER4043 — com adição
de silício.
O modo pelo qual os elementos
são combinados para formar as
diversas ligas empregadas na
soldagem MIG do alumínio
aparecem na Tabela IX, que
contém também as designações
de todos os arames
de alumínio listados na
especificação AWS A5.10. Não
há requisitos de propriedades
mecânicas para o metal de
solda.
A escolha de arames de
alumínio é influenciada pelas
mesmas considerações já feitas
anteriormente. Novamente a
experiência da indústria da
soldagem fez a seleção objetivamente. Há Tabelas que relacionam os arames de alumínio adequados
aos vários materiais de base.
Algumas considerações sobre a adequação dos arames de alumínio aos materiais de base.
1: condições de serviço como imersão em água corrente ou salmoura, exposição a agentes químicos
ou a altas temperaturas (acima de 65ºC pode limitar a escolha de metais de adição.
2: as recomendações dessa tabela aplicam-se aos processos com gás de proteção.
Para o gás de soldagem, apenas os metais de adição R1100, R1260 e R4043 podem ser normalmente
utilizados.
3: os metais de adição designados com o prefixo ER são listados na especificação AWS A5.10
a) metais de base das ligas 5652 e 5254 são usados para serviços com peróxido de hidrogênio; o metal
de adição ER5654 é empregado na soldagem de ambas as ligas para baixas temperaturas de serviço
(65ºC e abaixo);
b) os arames ER5183, ER5356, ER5554, ER5556 e ER5654 podem ser empregados; em alguns casos
eles proporcionam:
(1) melhor composição de cores depois do tratamento de anodização,
(2) a maior ductilidade da solda, e
(3) maior resistência à solda; o arame ER5554 é adequado para serviço a altas temperaturas;
c) metais de adição com a mesma composição química do metal de base são algumas vezes
empregados;
d) podem ser empregados os arames ER5183, ER5356 ou ER5556;
4: onde não constar o metal de adição, a combinação entre os metais de base não é recomendada para a
soldagem.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 77
TÉCNICO EM MECÂNICA
O cobre e suas ligas
A maioria dos arames de cobre contém elementos de liga. Embora esses elementos geralmente
reduzam a condutividade do cobre puro, eles são necessários para aumentar a resistência mecânica,
desoxidar o metal de solda e combinar com a composição química do metal de base.
A Tabela XI e a Tabela XII mostram os diversos arames de cobre e suas ligas e a resistência à tração
requerida para corpos de prova transversais do metal de solda. Primeiramente, a seleção de um arame
adequado depende da composição química do material de base; no entanto, isso nem sempre é
possível. Mais uma vez a escolha não depende do gás de proteção, pois apenas o argônio e o hélio são
recomendados.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 78
TÉCNICO EM MECÂNICA
As aplicações dos diversos arames de cobre e suas ligas são as seguintes:
ERCu – por causa do baixo teor de elementos de liga, os arames ERCu são restritos à soldagem do
cobre puro. O cobre desoxidado e livre do oxigênio pode ser soldado sem defeitos internos e com boa
resistência. Entretanto, o cobre eletrolítico não deve ser soldado com o arame ERCu se houver
requisitos de qualidade para a solda.
ERCuSi-A – esse arame é principalmente utilizado para soldar ligas de cobre-silício, visto que sua
composição química combina melhor.
Além disso, pode ser empregado para soldar ligas de cobre-zinco.
Graças ao alto teor de silício e à resultante desoxidação da poça de fusão, o cobre eletrolítico pode ser
adequadamente soldado. Nesse caso, a integridade e as propriedades mecânicas serão superiores às
das soldas feitas com arames ERCu. Os arames ERCuSi também apresentam um desempenho similar
ao dos arames de aço doce com respeito à estabilidade do arco e à fluidez da poça de fusão. Assim, a
soldagem de chapas de aço carbono e de aço galvanizado pode ser realizadas com sucesso.
ERCuSn-A – os arames com essa classificação são principalmente utilizados na soldagem de bronzes
fosforosos, porém podem ser empregados na soldagem do ferro fundido e do aço doce. Mais uma vez,
graças à capacidade de desoxidação do fósforo, eles podem ser usados na soldagem do cobre
eletrolítico. Entretanto, os arames
ERCuSnA não proporcionam uma poça de fusão fluida, de modo que pode ser necessário um pré-
aquecimento. Ligas de cobre-zinco também podem ser soldadas.
ERCuSn-C – esse arame é empregado no lugar do arame ERCuSn-A quando são necessários maiores
dureza, resistência mecânica e tensão limite de escoamento. Para alcançar uma boa ductilidade é
necessário um tratamento térmico pós-soldagem. Em ligas de cobre-zinco será alcançada uma melhor
harmonia de cores entre o metal de base e o metal de solda com o arame ERCuSn-C.
ERCuA1-A2 – os arames ERCuA1-A2 são extremamente úteis porque podem ser utilizados para
soldar uma variedade de ligas de cobre e metais ferrosos. Graças ao teor mais elevado de alumínio e às
adições de ferro, a solda resultante será mais forte e mais dura do que as soldas feitas com o arame
ERCuA1-A1. Os materiais soldados com esse arame são bronzes ao alumínio de composição química
similar às ligas 612, 613 e 618. Também podem ser soldados latões amarelos, ligas de cobre-zinco de
alta resistência, silício, bronze, aço carbono e revestimento de cobre ou ligas de cobre em aço.
Fundidos com alto teor de alumínio como as ligas 952 e 958 são também soldadas com esse arame,
que também pode ser empregado em revestimentos resistentes à corrosão e ao desgaste.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 79
TÉCNICO EM MECÂNICA
Técnicas e parâmetros de soldagem
Efeitos na solda
Depois de ter selecionado o arame e o gás para a soldagem, as condições de operação devem ser
escolhidas. Os quatro parâmetros mais importantes são a corrente de soldagem, a extensão do eletrodo,
a tensão de soldagem e a velocidade de soldagem. Esses parâmetros afetarão as características da solda
de uma forma marcante.
Como esses fatores podem ser variados em faixas bem largas, são considerados os ajustes primários
em qualquer atividade de soldagem.
Seus valores devem ser registrados para qualquer tipo diferente de solda para permitir
reprodutibilidade.
A corrente de soldagem
A corrente de soldagem é a amperagem de saída da fonte quando a solda está sendo realizada. É
normalmente lida no indicador da fonte, podendo também ser lida através de um amperímetro
separado.
No processo MIG/MAG a corrente de soldagem está diretamente relacionada à velocidade de
alimentação do arame (desde que a extensão do eletrodo seja constante). Quando a velocidade de
alimentação do arame é alterada, a corrente de soldagem varia no mesmo sentido. Em outras palavras,
um aumento (ou diminuição) na velocidade de alimentação do arame causará um aumento (ou
diminuição) da corrente de soldagem. A Figura 21 mostra a relação típica entre a velocidade de
alimentação do arame e a corrente de soldagem para diversos diâmetros do arame ER70S-3. Essa
relação é normalmente denominada característica de queima. O gráfico também mostra que quando o
diâmetro do arame aumenta (ou diminui) para qualquer diâmetro de arame, a corrente de soldagem
aumenta (ou diminui).
Cada tipo de arame (aço, alumínio, etc.) tem uma característica de queima diferente.
Um fato importante que deve ser observado na Figura 21 é a forma de cada curva de queima. Sob
correntes mais baixas para qualquer diâmetro de arame a curva é quase linear. Em outras palavras,
para cada aumento da corrente de soldagem, ocorre um aumento proporcional (e constante) na queima.
No entanto, a maiores correntes de soldagem,
particularmente com arames de diâmetros
pequenos, a curva de queima torna-se não linear.
Nessa região, correntes de soldagem mais altas
causam maiores aumentos na queima.
Isso é devido ao aquecimento pela resistência à
passagem da corrente elétrica na extensão do
eletrodo além do bocal. Esse aquecimento resistivo
é conhecido como efeito Joule (I2R), e quanto
maior a corrente de soldagem, maior o aquecimento
resistivo.
Extensão do eletrodo
A extensão do eletrodo (stick-out) é a distância entre o
último ponto de contato elétrico, normalmente a
extremidade do bico de contato, e a peça de trabalho.
A Figura 22 mostra esquematicamente a extensão do
eletrodo. É nessa região que ocorre o efeito Joule (I2R).
A distância entre o bico de contato e a peça (extensão
do eletrodo) afeta a corrente de soldagem necessária
para fundir o arame a uma dada velocidade de
alimentação de arame.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 80
TÉCNICO EM MECÂNICA
A Figura 23 ilustra a dimensão da variação da
corrente de soldagem com a distância do bico
de contato à peça. Basicamente, quando essa
distância é aumentada, o aquecimento devido
ao efeito Joule aumenta e a corrente de
soldagem necessária para fundir o arame é
diminuída e vice-versa.
É importante controlar a distância entre o bico
de contato e a peça.
Grandes extensões de eletrodo resultam em
excesso de metal de solda sendo depositado
com baixo calor do arco. Isso pode causar
geometria desfavorável do cordão e baixa penetração. Adicionalmente, quando a distância do bico de
contato à peça aumenta, o arco torna-se menos estável. Na soldagem por curto-circuito é recomendada
uma distância entre o bico de contato e a peça de 10mm. É muito importante que a extensão do
eletrodo seja mantida constante durante a atividade de soldagem. Tendo em vista o substancial efeito
na atividade de soldagem, é sempre bom registrar não só a corrente e a tensão, mas também a
velocidade de alimentação do arame.
A tensão de soldagem
Embora já discutida, deve ser enfatizado que o ajuste da tensão de soldagem controla diretamente o
comprimento do arco. Além disso, é necessária uma certa faixa para manter a estabilidade do arco a
qualquer nível de corrente de soldagem.
Velocidade de soldagem
A velocidade de soldagem é a relação entre o caminho percorrido pelo arco ao longo da peça e o
tempo gasto para percorrê-lo. Esse parâmetro é normalmente expresso em cm/min ou mm/min. Três
regras gerais podem ser enunciadas com respeito à velocidade de soldagem:
quando a espessura da peça aumenta a velocidade de soldagem deve diminuir;
para uma dada espessura de peça e tipo de junta, quando a corrente de soldagem aumentar a
velocidade de soldagem também deve aumentar e vice-versa;
maiores velocidades de soldagem são alcançadas empregando a técnica de soldagem empurrando.
Técnicas de soldagem
A primeira técnica geral de soldagem que
afeta as características da solda é a posição
da tocha. Ela se refere à maneira pela qual a
tocha é mantida relativamente ao cordão de
solda.
A posição da tocha é normalmente definida
em duas direções — o ângulo relativo ao
comprimento do cordão e o ângulo relativo
às chapas, como está ilustrado na Figura 24
e na Figura 25, respectivamente. Ambas as
técnicas de soldagem puxando e empurrando são mostradas na Figura 24. Na técnica puxando a tocha
é posicionada de tal modo que o arame seja alimentado no sentido oposto ao do deslocamento do arco.
O arame é adicionado ao metal de solda já depositado. Na técnica empurrando a tocha é posicionada
de tal modo que o arame seja alimentado no mesmo sentido do deslocamento do arco. Nessa técnica o
arame é adicionado, em sua maior parte, diretamente na peça. Deve ser observado que não é necessária
qualquer alteração no sentido de soldagem para facilitar a soldagem puxando ou empurrando, mas
apenas uma mudança no posicionamento longitudinal da tocha. Geralmente os soldadores acham que a
técnica de soldagem puxando proporciona um arco mais estável e menos respingos na peça.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 81
TÉCNICO EM MECÂNICA
O ângulo relativo com a chapa para uma
junta em ângulo mostrado na Figura 25 é
normalmente 45º. Entretanto, para uma
junta de topo biselada, esse ângulo pode
ficar quase na vertical para permitir
uma molhabilidade adequada do metal
de solda nas paredes do chanfro.
A segunda técnica geral de soldagem
que deve ser considerada é o sentido de
soldagem quando esta deve ser realizada
na posição vertical. Como a Figura 26
ilustra, existem duas progressões pelas
quais a soldagem pode ser executada —
a ascendente e a descendente.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 82
TÉCNICO EM MECÂNICA
Os demais fatores possuem um efeito comparativamente pequeno na penetração e não proporcionam
um bom instrumento de controle.
A Figura 28 ilustra o efeito da tensão de
soldagem. Nesse exemplo a penetração é
maior com 24 V e diminui quando a tensão
é aumentada ou diminuída. A tensão ótima
para a corrente empregada é de 24 V e
garante o arco mais estável. A instabilidade
do arco diminui a penetração.
Os efeitos da velocidade de soldagem são
similares aos da tensão de soldagem — a
penetração é máxima para um determinado
valor e diminui quando a velocidade de
soldagem é alterada.
A Figura 29 mostra que a uma velocidade
de soldagem de 30 cm/min a penetração é
máxima. A 18 cm/min e a 45 cm/min a
penetração diminui. A velocidades de
soldagem mais baixas há o depósito de
muito metal de solda fundido, que acaba
causando um efeito de almofadamento do
metal de base, reduzindo a penetração.
A maiores velocidades de soldagem não há
tempo suficiente para que o calor gerado
pelo arco funda substancialmente a região
apropriada do metal de base.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 83
TÉCNICO EM MECÂNICA
Taxa de deposição
A taxa de deposição descreve o quanto de metal de solda será depositado numa hora de arco aberto.
Como o processo MIG/MAG é muito eficiente, apenas uma pequena quantidade de metal de solda será
perdida na forma de respingos. A taxa de deposição para qualquer arame é calculada pela Equação:
A Tabela XIV informa a quantidade de metros por quilo de diversos tipos e diâmetros de arame.
Processos de Soldagem
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Aparência do cordão de solda
Duas características do cordão de solda são sua altura e largura, conforme é mostrado na Figura 33.
Essas características são importantes para garantir que a junta de solda seja adequadamente
preenchida, com um mínimo de defeitos, particularmente em soldas multipasses.
Nesse caso, se a altura do cordão de solda for
muito grande, torna-se muito difícil depositar
os passes de solda subsequentes com boa
fusão. Quanto mais protuberante e estreito
for o cordão de solda, maior a probabilidade
de ocorrer falta de fusão. As características
do cordão de solda podem ser alteradas em
seu tamanho e/ou em sua forma.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 85
TÉCNICO EM MECÂNICA
Manipulações da tocha
Nenhuma discussão sobre técnicas de soldagem seria completa sem alguma referência aos métodos de
manipulação da tocha. As recomendações que se seguem servem apenas como um guia a ser
utilizado durante o treinamento de soldadores. À medida que os soldadores individualmente se
tornarem mais proficientes no processo MIG/MAG, desenvolverão suas próprias técnicas para melhor
adequar suas habilidades manuais ao trabalho.
Posição plana
São mostrados na Figura 35 alguns
modelos recomendados de oscilação e
posicionamento da tocha e sequência de
passes. Em uma junta de topo monopasse,
emprega-se um ligeiro movimento de ida e
volta. Passes de raiz com abertura são
executados com uma pequena oscilação
(trançado). Para passes de enchimento e
acabamento usa-se a mesma oscilação com
um ajuste para a largura desejada,
tomando-se cuidado nas paredes do
chanfro, pausando para obter um
enchimento adequado nessas áreas.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 86
TÉCNICO EM MECÂNICA
Posição horizontal
Posição vertical
São mostrados na Figura 37 padrões de
oscilação e posicionamento da tocha na
posição vertical considerando as progressões
ascendente e descendente.
Na progressão ascendente para uma junta
de topo com chanfro reto é aplicada uma
oscilação em vai-e-vem alinhado.
Numa junta multipasse biselada é
empregado um modelo de oscilação em
"U" no passe de raiz. Os passes de
enchimento e acabamento são feitos com
uma oscilação para os lados com um
ligeiro retorno nas laterais. O comprimento
do retorno depende do diâmetro do arame.
Na soldagem de uma junta em ângulo na
progressão ascendente é aplicado um
padrão do tipo "árvore de Natal" com
pausa nas laterais.
Na progressão descendente é empregado
um padrão em "U" invertido, pausando nas
laterais nos passes de raiz, enchimento e
acabamento.
Deve-se sempre tomar cuidado para
manter o arco na borda da poça de fusão.
Evitando-se que o metal de solda fundido
corra à frente da poça de fusão melhora-se
a integridade da solda.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 87
TÉCNICO EM MECÂNICA
Posição sobre-cabeça
São mostrados na Figura 38 padrões de
oscilação e posicionamento da tocha para a
posição sobre-cabeça. Aplicar uma oscilação
em zigue-zague com pausas nas laterais do
chanfro. Isso se aplica aos passes de raiz,
enchimento e acabamento.
Condições de soldagem
Este capítulo cobre especificamente a soldagem real de aços de baixo carbono, aços inoxidáveis, ligas
de alumínio e ligas de cobre. É o objetivo deste capítulo estabelecer procedimentos e condições gerais
de soldagem recomendados para cada material.
As tabelas de condições de soldagem devem servir apenas como um ponto de partida quando se
iniciarem novas aplicações. Elas não representam o único bom caminho pelo qual as soldas podem ser
feitas.
Modificações nas condições de soldagem serão provavelmente causadas pelas diferentes experiências
dos soldadores, pela configuração exata da junta de solda e pelo equipamento em uso. Para obter
as condições ótimas de soldagem que melhor satisfazem aos requisitos particulares de uma nova
aplicação é sempre aconselhável conduzir os testes de qualificação antes do início da produção.
Entretanto, esse é o ponto básico — escolher uma boa e estável condição de soldagem, e então ela
provavelmente poderá ser empregada em muitas aplicações.
Quando as modificações nas condições de soldagem forem necessárias, devem ser feitas
cautelosamente. Como foi visto no capítulo anterior, cada parâmetro de soldagem tem seus efeitos
específicos nas características do cordão de solda e muitos desses efeitos são interdependentes. Todos
os ajustes devem ser feitos um de cada vez e registrados para referências futuras.
A discussão que se segue a essas tabelas enfatizará os tópicos pertinentes e estabelecerá regras gerais
que devem seguidas independentemente do procedimento de soldagem escolhido. Cada tabela lista
todas as condições necessárias para executar uma solda, baseada na espessura do material, no projeto
da junta e na posição de soldagem. Com respeito a essas tabelas, existem vários pontos importantes:
a tensão listada é a tensão do arco, e não a tensão medida no voltímetro do equipamento de solda. A
tensão do arco é lida entre o último ponto de contato elétrico na tocha (normalmente o bocal) e a peça.
A tensão mostrada no voltímetro do equipamento de soldagem é geralmente 1,5 V a 2,5 V maior
dependendo do diâmetro e do comprimento do cabo de solda;
a profundidade da garganta do cordão de solda deve se igualar à espessura do material no caso de
juntas em ângulo;
os tipos de junta descritos não são os únicos que podem ser usados para uma dada espessura de
material;
as tabelas baseiam-se numa extensão do eletrodo de 10 mm na soldagem por curto-circuito e 20 mm
na soldagem por aerossol;
as condições de soldagem vertical são aplicáveis à progressão vertical ascendente, exceto onde for
descrito de outra maneira;
as condições de soldagem foram desenvolvidas empregando-se gases de proteção específicos. Se os
gases em uso forem diferentes, serão necessários pequenos ajustes nessas condições.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 88
TÉCNICO EM MECÂNICA
Adicionalmente às condições de soldagem, um gráfico de taxa de queima para cada arame é
apresentado. Com esses gráficos a velocidade de alimentação do arame pode ser aproximada para
qualquer valor de corrente.
Garantia da qualidade na solda
Independentemente do material a ser soldado existem algumas poucas precauções que devem ser
tomadas para evitar defeitos de porosidade e falta de fusão na solda:
o material a ser soldado deve estar tão limpo quanto possível.
Toda a graxa, óleo e lubrificantes devem ser removidos. Para se obter soldas de melhor qualidade a
carepa, a ferrugem e outras camadas de óxidos devem ser mecânica ou quimicamente removidas.
Essa atividade de limpeza é extremamente importante na soldagem do alumínio;
na soldagem de chapas de aço carbono use apenas as combinações arame-gás de proteção
recomendadas para os diversos tipos de aço: acalmados, semi-acalmados ou efervescentes. Consulte
catálogos técnicos para selecionar as combinações recomendadas;
evite, de um modo geral, as condições de soldagem que resultarem numa solidificação muito rápida
do cordão de solda, tais como velocidades de soldagem muito altas. Os gases que se desprenderiam
normalmente do metal de solda durante um resfriamento mais lento podem ficar aprisionados e gerar
porosidade;
mantenha um fluxo adequado de gás de proteção (como mostrado nas tabelas de condições de
soldagem) e proteja o local de soldagem de ventos e de correntes de ar;
mantenha o arame de solda centralizado em relação ao fluxo de gás de proteção. A curvatura do
arame é normalmente responsável pelo fato de o arame de solda estar fora de centro. Esse
desalinhamento pode ser corrigido usando-se um dispositivo de endireitamento do arame de solda
colocado no alimentador de arame;
ao soldar por ambos os lados duma chapa, ou onde não houve penetração total do primeiro passe no
material de base, certifique- se que o segundo passe penetrará profundamente no primeiro.
Quando o primeiro passe tiver penetrado completamente, ou quando for empregada uma abertura na
raiz, é prática comum esmerilhar o outro lado para limpar o metal de solda antes que seja aplicado o
segundo passe. Essa prática é obrigatória na soldagem do alumínio e do cobre, e quando são
necessárias soldas de qualidade radiográfica em aços carbono e inoxidáveis;
evite condições de soldagem nas quais o metal de solda fundido passe à frente da poça de fusão.
Essa é a principal causa de defeitos de falta de fusão, particularmente na posição vertical com
progressão descendente;
na soldagem multipasse, esmerilhe todos os cordões de solda que apresentarem convexidade
excessiva e molhabilidade ruim para deixá-los com uma superfície mais plana;
remova os resíduos de óxidos ou de escória encontrados no cordão de solda com uma lixa ou com
uma picadeira se for depositar outro cordão de solda posteriormente.
Projetos de junta
Independentemente do material a ser soldado, existem algumas poucas práticas gerais que devem ser
consideradas no projeto de juntas de solda.
Chapas de espessura até 4,8 mm podem ser soldadas de topo com chanfro reto utilizando a
transferência por curto-circuito ou por aerossol com baixa corrente (alumínio) se for mantida uma
abertura de raiz até 0,8 mm. Chapas de espessura 4,8 mm e 6,5 mm podem ser soldadas em juntas de
topo com chanfro reto por meio de transferência por aerossol quando for empregada uma abertura de
raiz de 0,8 - 2,4 mm. Em todos os casos, pode ser aplicado um único passe se for empregada uma
chapa como cobre-juntas. Na soldagem na posição sobre-cabeça é prática usual usar cobre-juntas em
juntas de topo. Entretanto, se não for utilizado cobre-juntas na soldagem de chapas de espessura 3,2
mm e acima, dois passes serão normalmente necessários — um de cada lado. É desejável uma
sobreposição maior que a abertura original da raiz para evitar porosidade na linha de centro e falta de
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 89
TÉCNICO EM MECÂNICA
fusão. Consegue-se máxima sobreposição se for empregada no segundo passe a técnica de soldagem
puxando.
Chapas de espessura 6,5 mm e acima necessitam normalmente de chanfros em "V" simples ou duplo
com ângulos de 45º até 70º— dependendo do material de base e da espessura — para produzir soldas
de boa qualidade. Utiliza-se um nariz até 1,6 mm e uma abertura de raiz até 0,8 mm. Em chanfros em
"V" simples, onde não for empregado um cobre-juntas, será normalmente necessário um passe de
selagem depositado no lado oposto.
Outra causa é o uso de uma junta de solda muito larga. Se o arco for dirigido diretamente para o centro
da junta, o metal de solda fundido apenas fluirá e fundir-se-á contra as paredes do chanfro sem, porém,
fundi-las. O calor do arco deve ser usado também para fundir o metal de base, o que é alcançado
tornando a junta mais estreita ou dirigindo o arco também para as paredes do chanfro. Na soldagem
multipasses de juntas espessas deve ser adotada uma técnica de oscilação sempre que possível após o
passe de raiz. No entanto, cordões de solda muito largos ligando os dois lados do chanfro devem
ser evitados.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 90
TÉCNICO EM MECÂNICA
A falta de fusão também pode ocorrer na forma de uma gota fria.
Esse defeito é geralmente causado por uma velocidade de soldagem muito baixa na tentativa de se
depositar uma camada em um único passe de solda. Entretanto, é muito frequentemente causado por
uma tensão de soldagem muito baixa. Como resultado, a molhabilidade do cordão de solda fica ruim.
Na soldagem do alumínio, a causa mais comum desse tipo de defeito é a presença do óxido de
alumínio, que é refratário e tem um de fusão de aproximadamente 1.927ºC, além de ser insolúvel no
próprio alumínio. Se esse óxido estiver presente nas superfícies a serem soldadas, a fusão com o metal
de solda será prejudicada.
A melhor proteção contra a formação de óxidos é removê-los imediatamente antes da soldagem.
Embora nos aços seja possível soldar sobre o óxido de ferro (ferrugem, carepa), uma quantidade
excessiva desse óxido pode causar falta de fusão.
Mordedura
Como está ilustrado na Figura 54, a mordedura é um defeito que aparece como um entalhe no metal de
base ao longo das bordas do cordão de solda. É muito comum em juntas em ângulo sobrepostas, porém
pode também ser encontrada em juntas de topo e em ângulo.
Esse tipo de defeito é mais comumente
causado por parâmetros de soldagem
inadequados, particularmente a velocidade
de soldagem e a tensão do arco.
Quando a velocidade de soldagem é muito alta, o cordão de solda fica com uma crista por causa da
solidificação extremamente rápida.
As forças da tensão superficial arrastaram o metal fundido ao longo das margens do cordão de solda e
empilharam-no ao longo de seu centro. As partes fundidas do metal de base são afetadas da mesma
maneira. O entalhe da mordedura fica onde o metal de base fundido foi arrastado para a solda e não
retornou devido à rápida solidificação.
A diminuição da velocidade de soldagem reduzirá gradualmente o tamanho da mordedura e
eventualmente eliminá-la-á. Quando estão presentes mordeduras pequenas ou intermitentes, aumentar
a tensão do arco ou soldar empurrando podem ser ações corretivas eficazes.
Em ambos os casos o cordão de solda ficará mais plano e a molhabilidade será melhor.
Entretanto, quando a tensão do arco é aumentada até níveis excessivos, a mordedura poderá aparecer
novamente. Esse fato é particularmente verdadeiro no modo de transferência por aerossol. Quando
o arco se torna muito longo, também se torna muito largo, que resulta num aumento da quantidade de
metal de base fundido. No entanto, a transferência de calor de um arco longo é ruim, e assim, na
realidade, o arco não está transferindo mais calor para a região da solda. As áreas mais externas se
resfriam muito rapidamente e novamente não se consegue uma boa molhabilidade. O comprimento do
arco deve ser mantido curto, não só para evitar mordeduras, mas também para aumentar a penetração e
garantir a integridade da solda.
Correntes de soldagem excessivas também podem causar mordeduras.
A força e o calor do arco e a penetração são tão grandes que o metal de base sob o arco é realmente
"soprado" para fora. Mais uma vez, as áreas mais externas do metal de base são fundidas, mas se
solidificam rapidamente. A turbulência da poça de fusão e a tensão superficial não permitem que a
poça de fusão molhe adequadamente o metal de base. É sempre recomendável permanecer dentro das
faixas de corrente especificadas para cada diâmetro de arame.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 91
TÉCNICO EM MECÂNICA
Porosidade
A porosidade consiste em poros de gás que podem ser
encontrados na superfície ou no interior do cordão de solda
solidificado. Como está ilustrado na Figura 55, esses poros
podem variar em tamanho e são geralmente distribuídos
numa forma aleatória. Entretanto, também é possível que a
porosidade seja encontrada apenas no centro da solda.
As causas mais comuns da porosidade são a contaminação atmosférica, excesso de oxidação nas
superfícies das peças a serem soldadas, elementos de liga desoxidantes inadequados no arame e a
presença de sujeira. A contaminação atmosférica pode ser causada por:
vazão de gás de proteção insuficiente;
vazão de gás de proteção excessiva, que pode causar aspiração de ar para dentro do fluxo do gás de
proteção;
bocais obstruídos ou sistema de fornecimento de gás danificado (mangueiras e conexões com
vazamentos, etc.);
correntes de ar excessivas na área da soldagem, que podem arrastar o gás de proteção da região da
poça de fusão.
Os gases atmosféricos que são primariamente responsáveis pela porosidade no aço são o nitrogênio e o
oxigênio em excesso. No entanto, uma quantidade considerável de oxigênio pode ser tolerada sem
gerar porosidade na ausência do nitrogênio. O oxigênio na atmosfera pode causar problemas graves
com o alumínio por causa da rápida formação de óxidos. A vazão de gás deve ser inspecionada a
intervalos regulares para assegurar que esteja livre de vazamentos.
Adicionalmente, a umidade excessiva na atmosfera pode causar porosidade no aço e particularmente
no alumínio. Sob climas úmidos deve ser tomado um cuidado especial. Por exemplo, tochas resfriadas
continuamente a água podem apresentar condensação durante os períodos de alta umidade e
consequentemente contaminar o gás de proteção.
A oxidação excessiva das peças é uma fonte óbvia de oxigênio, bem como a umidade aprisionada,
particularmente para o alumínio.
Revestimentos anodizados no alumínio devem ser removidos antes da soldagem porque podem conter
água, bem como atuar como isolantes.
A porosidade pode também ser causada por uma desoxidação inadequada do arame de solda durante a
soldagem de aços semi-acalmados ou efervescentes. O oxigênio no aço pode causar porosidade
por monóxido de carbono (CO) se os elementos desoxidantes adequados não estiverem presentes.
A sujeira orgânica pode ser uma fonte de porosidade. Um exemplo é o lubrificante excessivo no arame
de solda. Esses hidrocarbonetos são fontes de hidrogênio, que é especialmente prejudicial ao alumínio.
Outras causas de porosidade podem ser taxas de solidificação da solda extremamente altas e
características de arco errático. Quando as taxas de solidificação são muito altas, qualquer gás que
normalmente escaparia fica aprisionado. Devem ser evitados velocidades de soldagem muito altas e
valores de corrente muito baixos.
Características de arco errático podem ser causadas por condições de soldagem ruins (tensão muito
baixa ou muito alta, transferência de metal ruim) e variação na velocidade de alimentação do arame.
Todas essas ocorrências causam uma turbulência violenta na poça de fusão, que tende a romper a
envoltória do gás de proteção e provoca a contaminação da poça de fusão pela atmosfera.
Processos de Soldagem
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Trincas longitudinais
Trincas longitudinais (ou de centro) do cordão de solda não frequentemente encontradas na soldagem
MIG/MAG. Entretanto, essas trincas só podem ser de dois tipos: trincas a quente e trincas a frio.
Trincas a quente típicas são ilustradas na Figura 56. Trincas a quente são aquelas que ocorrem
enquanto o cordão de solda está entre as temperaturas de fusão (linha liquidus) e de solidificação (linha
solidus).
Nessa faixa de temperatura o cordão de solda está "pastoso".
Trincas a quente normalmente resultam do uso de um arame de solda incorreto (particularmente em
ligas de alumínio e de aço inoxidável). A composição química do metal
de base também pode levar a esse defeito (um exemplo seria um fundido
de aço inoxidável de alto carbono).
Qualquer combinação de projeto de junta, condições e técnicas de
soldagem que resulte num cordão de solda com uma superfície
excessivamente côncava poderá conduzir à fissuração.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 93
TÉCNICO EM MECÂNICA
SEGURANÇA NA SOLDAGEM
Em soldagem, goivagem e corte ao arco elétrico
INTRODUÇÃO
O presente documento, traduzido e adaptado da brochura Precautions and Safe Practices for ARC
WELDING, CUTTING & GOUGING publicada por ESAB Welding & Cutting Products (Florence,
SC- USA), é destinado a proporcionar informações sobre saúde e segurança aos Usuários dos
processos de soldagem, corte e goivagem ao arco elétrico e equipamentos relacionados. Estas
informações podem ser usadas como subsídios para o treinamento dado nas Empresas a soldadores,
operadores e demais técnicos ou completar tal treinamento.
As regras apresentadas cobrem processos de soldagem e corte ao arco elétrico tais como:
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 94
TÉCNICO EM MECÂNICA
Estas regras não devem ser consideradas como substitutos ou alternativas à legislação ou às normas
vigentes, inclusive às normas internas dos Usuários; ainda, elas completam, mas não substituem as
informações contidas nos Manuais de Instruções específicos dos equipamentos de soldar ou cortar.
As regras de segurança são apresentadas para a proteção dos operadores e demais pessoal envolvido na
instalação, utilização e manutenção de equipamentos de soldar, cortar ou goivar ao arco e plasma
elétricos. Elas resumem informações e práticas adotadas na indústria e são baseadas em literatura
especializada de origem norte-americana.
Antes de se instalar, operar ou reparar um equipamento de soldar, é necessário ter lido, compreendido
e adotado as regras aqui apresentadas. A não observância destas regras de segurança pode resultar em
acidentes com danos pessoais eventualmente fatais, sob a inteira responsabilidade do Usuário. A não
observância das regras abaixo apresentadas implica ainda na perda total da garantia dada sobre os
equipamentos fornecidos por ESAB S.A. Indústria e Comércio.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 95
TÉCNICO EM MECÂNICA
Tomar cuidado com fendas e rachaduras.
Fagulhas, escórias e respingos podem "voar" sobre longas distâncias. Eles podem provocar incêndios
em locais não visíveis ao soldador. Procurar buracos ou rachaduras no piso, fendas em torno de
tubulações e quaisquer aberturas que possam conter e ocultar algum material combustível.
Instalar equipamentos de combate a incêndios.
Extintores apropriados, baldes de areia e outros dispositivos anti incêndio devem ficar a proximidade
imediata da área de soldagem ou corte.
Sua especificação depende da quantidade e do tipo dos materiais combustíveis que possam se
encontrar no local de trabalho.
Avaliar a necessidade de uma vigilância especial contra incêndios.
Quando soldam ou cortam, os operadores, podem não se dar conta da existência de algum incêndio
pois além da atenção exigida pelo próprio trabalho, eles ficam isolados do ambiente pela sua máscara
de soldagem e os seus diversos equipamentos de proteção individual. De acordo com as condições do
local de trabalho, a presença de uma pessoa especialmente destinada a tocar um alarme e iniciar o
combate ao incêndio pode ser necessária.
Conhecer os procedimentos locais para casos de incêndios em soldagem ou corte.
Além dos procedimentos de segurança da Empresa e das normas ou legislação em vigor, é
recomendado que sejam conhecidas as regras enunciadas na norma NFPA No. 51B da National Fire
Protection Association (USA), "Fire Protection in Use of Cutting and Welding Processes".
Usar um procedimento de "Autorização de uso de área".
Antes de se iniciar uma operação de soldagem ou corte num local não especificamente previsto para
esta finalidade, ele deve ser inspecionado por pessoa habilitada para a devida autorização de uso.
Nunca soldar, cortar ou realizar qualquer operação a quente numa peça que não tenha sido
adequadamente limpa.
Substâncias depositadas na superfície das peças podem decompor-se sob a ação do calor e produzir
vapores inflamáveis ou tóxicos.
Não soldar, cortar ou goivar em recipientes fechados ou que não tenham sido devidamente
esvaziados e limpos internamente.
Eles podem explodir se tiverem contido algum material combustível ou criar um ambiente asfixiante
ou tóxico conforme o material que foi armazenado neles.
Proceder à inspeção da área de trabalho após ter-se completado a soldagem ou o corte.
Apagar ou remover fagulhas ou pedaços de metal quente que, mais tarde, possam provocar algum
incêndio.
Ventilação
O local de trabalho deve possuir ventilação adequada de forma a eliminar os gases, vapores e fumos
usados e gerados pelos processos de soldagem e
corte e que podem ser prejudiciais à saúde dos
trabalhadores. Substâncias potencialmente nocivas
podem existir em certos fluxos, revestimentos e
metais de adição ou podem ser liberadas durante a
soldagem ou o corte. Em muitos casos, a
ventilação natural é suficiente, mas certas
aplicações podem requerer uma ventilação forçada,
cabines com coifas de exaustão, filtros de
respiração ou máscaras com suprimento individual
de ar. O tipo e a importância da ventilação
dependem de cada aplicação específica, do
tamanho do local de trabalho, do número de
trabalhadores presentes e da natureza dos materiais
trabalhados e de adição.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 96
TÉCNICO EM MECÂNICA
Locais tais como poços, tanques, sótãos, etc. devem ser considerados como áreas confinadas.
A soldagem ou o corte em áreas confinadas requer procedimentos específicos de ventilação e trabalho,
com o uso eventual de capacetes ou máscaras especiais.
Não soldar ou cortar peças sujas ou contaminadas por alguma substância desconhecida.
Não se deve soldar, cortar ou realizar qualquer operação a quente numa peça que não tenha sido
adequadamente limpa. Os produtos da decomposição destas substâncias pelo calor do arco podem
produzir vapores inflamáveis ou tóxicos. Todos os fumos e gases desprendidos devem ser
considerados como potencialmente nocivos. Remover toda e qualquer pintura ou revestimento de
zinco de uma peça antes de soldá-la ou cortá-la.
O soldador ou operador deve sempre manter a cabeça fora da área de ocorrência dos fumos ou
vapores gerados por um arco elétrico de forma a não respirá-los.
O tipo e a quantidade de fumos e gases dependem do processo, do equipamento e dos consumíveis
usados. Uma posição de soldagem pode reduzir a exposição do soldador aos fumos.
Nunca soldar perto de desengraxadores a vapor ou de peças que acabem de ser desengraxadas.
A decomposição dos hidrocarbonetos clorados usados neste tipo de desengraxador pelo calor ou a
irradiação do arco elétrico pode gerar fosgênio, um gás altamente tóxico, ou outros gases nocivos.
Metais tais como o aço galvanizado, o aço inoxidável, o cobre, ou que contenham zinco, chumbo,
berílio ou cádmio nunca devem ser soldados ou cortados sem que se disponha de uma ventilação
forçada eficiente. Nunca se deve inalar os vapores produzidos por estes materiais.
Uma atmosfera com menos de 18 % de oxigênio pode causar tonturas, perda de consciência e
eventualmente morte, sem sinais prévios de aviso. Os gases de proteção usados em soldagem e
corte são quer mais leves, quer mais pesados que o ar; certos deles (argônio, dióxido de carbono-
CO2 , nitrogênio) podem deslocar o oxigênio do ar ambiente sem serem detectados pelos sentidos do
homem.
O hidrogênio é um gás inflamável. Uma mistura deste gás com oxigênio ou ar numa área
confinada explode se alguma faísca ocorrer. Ele é incolor, inodor e insípido. Ainda, sendo mais leve
que o ar, ele pode acumular-se nas partes superiores de áreas confinadas e agir como gás asfixiante.
Alguma irritação nos olhos, no nariz ou na garganta durante a soldagem ou o corte pode ser
indício de uma contaminação do local de trabalho e de uma ventilação inadequada. O trabalho deve
ser interrompido, as condições do ambiente devem ser analisadas e as providências necessárias
para melhorar a ventilação do local devem ser tomadas.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 97
TÉCNICO EM MECÂNICA
Cilindros de gás
O manuseio inadequado dos cilindros dos gases usados em soldagem ou corte elétricos pode provocar
a danificação ou ruptura da válvula de fechamento e a liberação repentina e violenta do gás que
contêm com riscos de ferimento ou morte.
Observar as características físicas e químicas dos gases usados e seguir rigorosamente
as regras de segurança específicas indicadas pelo fornecedor.
Somente usar gases reconhecidamente adequados ao processo de soldagem ou corte e à
aplicação previstos.
Somente usar um regulador de pressão específico para o gás usado e de capacidade
apropriada à aplicação.
Nunca usar adaptadores de rosca entre um cilindro e o regulador de pressão.
Sempre conservar as mangueiras e conexões de gás em boas condições de trabalho.
O circuito de gás deve estar isento de vazamentos.
Os cilindros de gás devem sempre ser mantidos em posição vertical
Eles devem ser firmemente fixados no seu carrinho de transporte ou nos seus suportes ou encostos (em
paredes, postes, colunas, etc.) por meio de correia ou de corrente isolada eletricamente.
Garantir bons contatos elétricos na peça soldada e nos terminais de saída da máquina.
Os terminais de saída, em particular aquele ao qual a peça soldada estiver ligada, devem ser mantidos
em bom estado, sem partes quebradas ou isolação trincada. Nunca fazer contatos elétricos através de
superfícies pintadas, notadamente na peça a ser soldada.
Assegurar-se de que todas as conexões elétricas estão bem apertadas, limpas e secas.
Conexões elétricas defeituosas podem aquecer e, eventualmente, derreter. Elas podem ainda ser a
causa de más soldas e provocar arcos ou faíscas perigosas. Não se deve permitir que água, graxa ou
sujeira se acumule em plugues, soquetes, terminais ou elementos de um circuito elétrico.
Manter o local de trabalho limpo e seco.
A umidade e a água são condutoras da eletricidade. Manter sempre o local de soldagem ou corte, os
equipamentos e a roupa de trabalho secos. Eliminar de imediato todo e qualquer vazamento de água.
Não deixar que mangueiras encostem em peças metálicas. Nunca ultrapassar os limites de pressão da
água indicados nos Manuais de Instruções.
Usar roupa e equipamentos de proteção individual adequados, em bom estado, limpos e
Secos
Ver, abaixo, as regras específicas relativas à proteção corporal.
Ao soldar ou cortar, não usar quaisquer adornos, acessórios ou objetos corporais metálicos.
Para soldar, cortar ou goivar, é recomendado retirar anéis, relógios, colares e outros itens metálicos.
Contatos acidentais de tais objetos com algum circuito elétrico podem aquecê-los, derretê-los e
provocar choques elétricos.
O soldador ou operador de uma máquina de soldar ou cortar deve trabalhar em cima de um
estrado ou plataforma isolante.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 99
TÉCNICO EM MECÂNICA
Campos elétricos magnéticos
A corrente elétrica que circula num condutor provoca o aparecimento de campos elétricos e
magnéticos.
As correntes elétricas utilizadas em soldagem, corte ou goivagem criam tais campos em torno dos
cabos de solda e dos equipamentos. Ademais certas máquinas de soldar geram e usam, para abrir o
arco ou durante toda a operação de soldagem, um faiscamento do tipo "ruído branco" conhecido como
"alta frequência". Consequentemente, pessoas portadoras de marca-passo devem consultar um médico
antes de adentrar uma área de soldagem ou corte: os campos elétricos e magnéticos ou as irradiações
podem interferir no funcionamento do marca-passo.
Para minimizar os efeitos dos campos gerados pelas correntes elétricas de soldagem e corte:
Não se deve permanecer entre os dois cabos eletrodo e obra e sim, sempre manter ambos do mesmo
lado do corpo.
Os dois cabos de soldagem (eletrodo e obra) devem correr juntos e, sempre que possível, amarrados
uma o outro.
Na peça a ser soldada, conectar o cabo obra tão perto quanto possível da junta.
Manter os cabos de soldagem e de alimentação do equipamento tão longe quanto possível do corpo.
Nunca se deve enrolar cabos de soldagem em torno do corpo.
A tabela a seguir orienta quanto à opacidade recomendada para a proteção em função do processo e da
faixa de corrente usados. Como regra geral, iniciar com uma opacidade alta demais para que se veja a
zona do arco; reduzir então a opacidade que se tenha uma visão adequada da área de soldagem, sem
problema para os olhos.
Processos de Soldagem
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Sempre instalar e operar uma máquina de soldar ou cortar de acordo com as orientações
contidas no Manual de Instruções.
Além da proteção ao pessoal de operação e manutenção, o aterramento constitui uma proteção
fundamental dos equipamentos.
Operar os equipamentos estritamente dentro das características anunciadas pelo fabricante.
Nunca sobrecarregá-los.
Nunca usar uma máquina de soldar ou cortar com parte do seu gabinete removida ou
mesmo aberta.
Além de tal situação ser potencialmente perigosa para o soldador ou operador, a falta de refrigeração
pode resultar em danos a componentes internos.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 102
TÉCNICO EM MECÂNICA
Nunca operar equipamentos defeituosos.
Conservá-los em perfeito estado de funcionamento, procedendo à manutenção preventiva periódica
recomendada pelo fabricante e à manutenção corretiva sempre que necessário. Em particular, todos os
dispositivos de segurança incorporados a um equipamento devem ser mantidos em boas condições de
trabalho.
Sempre manter um equipamento de soldar ou cortar afastado de fontes externas de calor
(fornos, por exemplo).
Máquinas de soldar ou cortar não devem ser utilizados em locais alagados ou poças de água.
Salvo quando projetados especialmente ou adequadamente protegidos (a critério do fabricante),
máquinas de soldar ou cortar não devem ser operadas em ambientes corrosivos ou que tenham
matérias oleosas em suspensão, ou nas intempéries.
Depois de usar um equipamento de soldar ou cortar, sempre desligá-lo e isolá-lo da sua
linha de alimentação.
Inalação de gases
Trabalhadores com sintomas de exposição a fumos e gases devem ser levados para uma área não
contaminada e inalar ar fresco ou oxigênio. Caso a vítima esteja inconsciente, quem prestar socorro
deve eliminar os gases asfixiantes da área ou usar equipamento apropriado de respiração antes de
adentrá-la. Remover a vítima para uma área não contaminada e chamar um médico. Administrar
oxigênio por meio de uma máscara se a vítima estiver respirando. Caso contrário, praticar a
reanimação cardiopulmonar, de preferência com administração simultânea de oxigênio. Conservar a
vítima aquecida e imobilizada.
Olhos afetados
Caso a vítima use lentes de contato, removê-las. Irrigar os olhos com grande quantidade de água por
15 min. Ocasionalmente, levantar as pálpebras para assegurar uma irrigação completa. Aplicar um
curativo protetor seco. Chamar um médico. Requerer assistência médica para remover ciscos ou
poeira.
Em caso de ferimento por irradiação de arco elétrico, aplicar repetidamente compressas frias
(de preferência geladas) durante 5 a 10 min. Aplicar um curativo protetor seco. Chamar um médico.
Não esfregar os olhos. Não usar gotas ou colírio salvo se receitados por um médico.
Irritação da pele
Para os casos de contato da pele com produtos irritantes, molhar as regiões afetadas com grandes
quantidades de água e depois, lavar com água e sabão. Retirar a roupa contaminada. Se as mucosas
estiverem irritadas, molhar com água. Lavar cortes e arranhões com água e sabão neutro. Aplicar um
curativo seco e esterilizado.
Queimaduras
Para queimaduras por calor, aplicar água fria numa bolsa de borracha ou similar. Se a pele não estiver
rompida, imergir a parte queimada em água fria limpa ou aplicar gelo limpo para aliviar a dor. Não
furar bolhas. Enfaixar sem apertar com faixa seca e limpa. Chamar um médico.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 103
TÉCNICO EM MECÂNICA
Choques elétricos
Quem prestar socorro deve primeiramente proteger a si mesmo com materiais isolantes tais como
luvas.
Desligar o equipamento para eliminar o contato elétrico com a vítima. Usar equipamento ou objetos
isolantes se a pessoa que prestar socorro tiver que tocar a vítima para retirá-la. Se a vítima não estiver
respirando, praticar reanimação cardiopulmonar assim que o contato elétrico for removido.
Chamar um médico. Continuar com a ressuscitação cardiopulmonar até que a respiração espontânea
tenha sido restaurada ou até que o médico tenha chegado. Administrar oxigênio. Manter a vítima
aquecida.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 104
TÉCNICO EM MECÂNICA
ENSAIOS MECÂNICOS
Introdução
Como você se sentiria se a chave que acabou de mandar fazer quebrasse ao dar a primeira volta na
fechadura? Ou se a jarra de vidro refratário que a propaganda diz que pode ir do fogão, ao freezer, ao
micro-ondas, trincasse ao ser enchida com água fervente? Ou ainda, se o seu guarda-chuva virasse ao
contrário em meio a um temporal? É. Hoje em dia ninguém se contenta com objetos que apresentem
esses resultados. Mas por longo tempo essa foi a única forma de avaliar a qualidade de um produto!
Nos séculos passados, como a construção dos objetos era essencialmente artesanal, não havia um
controle de qualidade regular dos produtos fabricados.
Avaliava-se a qualidade de uma lâmina de aço, a dureza de um prego, a pintura de um objeto
simplesmente pelo próprio uso.
Um desgaste prematuro que conduzisse à rápida quebra da ferramenta era o método racional que
qualquer um aceitava para determinar a qualidade das peças, ou seja, a análise da qualidade era
baseada no comportamento do objeto depois de pronto.
O acesso a novas matérias-primas e o desenvolvimento dos processos de fabricação obrigaram à
criação de métodos padronizados de produção, em todo o mundo. Ao mesmo tempo, desenvolveram-se
processos e métodos de controle de qualidade dos produtos.
Atualmente, entende-se que o controle de qualidade precisa começar pela matéria-prima e deve ocorrer
durante todo o processo de produção, incluindo a inspeção e os ensaios finais nos produtos acabados.
Nesse quadro, é fácil perceber a importância dos ensaios de materiais: é por meio deles que se verifica
se os materiais apresentam as propriedades que os tornarão adequados ao seu uso. Que propriedades
são essas, que podem ser verificadas nos ensaios?
Ao terminar o estudo deste módulo, você conhecerá algumas propriedades físicas e químicas que os
materiais precisam ter para resistirem às solicitações a que serão submetidos durante seu tempo de vida
útil. Saberá quais são os tipos de ensaios simples que podem ser realizados na própria oficina, sem
aparatos especiais. E ficará conhecendo também como se classificam os ensaios em função dos efeitos
que causam nos materiais testados.
Para que servem os ensaios
Se você parar para observar crianças brincando de cabo-de-guerra, ou uma dona de casa torcendo um
pano de chão, ou ainda um ginasta fazendo acrobacias numa cama elástica, verá alguns exemplos de
esforços a que os materiais estão sujeitos durante o uso.
Veja ao lado a
representação
esquemática de alguns
tipos de esforços que
afetam os materiais.
É evidente que os produtos têm de ser fabricados com as características necessárias para suportar esses
esforços. Mas como saber se os materiais apresentam tais características?
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 105
TÉCNICO EM MECÂNICA
Realizando ensaios mecânicos!
Os ensaios mecânicos dos materiais são procedimentos padronizados que compreendem testes,
cálculos, gráficos e consultas a tabelas, tudo isso em conformidade com normas técnicas. Realizar um
ensaio consiste em submeter um objeto já fabricado ou um material que vai ser processado
industrialmente a situações que simulam os esforços que eles vão sofrer nas condições reais de uso,
chegando a limites extremos de solicitação.
Onde são feitos os ensaios
Os ensaios podem ser realizados na própria oficina ou em
ambientes especialmente equipados para essa finalidade: os
laboratórios de ensaios.
Os ensaios fornecem resultados gerais, que são aplicados a
diversos casos, e devem poder ser repetidos em qualquer local
que apresente as condições adequadas.
São exemplos de ensaios que podem ser realizados na oficina:
Ensaio por lima - É utilizado para verificar a dureza por meio do corte
do cavaco. Quanto mais fácil é retirar o cavaco, mais macio o
material. Se a ferramenta desliza e não corta, podemos dizer que o
material é duro. Este ensaio requer um pouco de experiência por parte
de quem o realiza, pois, consiste basicamente em comparar a
facilidade ou dificuldade em cortar materiais distintos e definir qual
ofereceu maior ou menor resistência.
O grau de dureza não pode ser quantificado neste ensaio.
Ensaio pela análise da centelha - É utilizado para fazer a
classificação do teor de carbono de um aço, em função da forma
das centelhas que o material emite ao ser atritado num esmeril.
Por meio desses tipos de ensaios não se obtêm valores precisos,
apenas conhecimentos de características específicas dos
materiais.
Os ensaios podem ser realizados em protótipos, no próprio produto final ou em corpos de prova e, para
serem confiáveis, devem seguir as normas técnicas estabelecidas.
Imagine que uma empresa resolva produzir um novo tipo de tesoura, com lâmina de aço especial.
Antes de lançar comercialmente o novo produto, o fabricante quer saber, com segurança, como será
seu comportamento na prática. Para isso, ele ensaia as matérias-primas, controla o processo de
fabricação e produz uma pequena quantidade dessas tesouras, que passam a ser os protótipos. Cada
uma dessas tesouras será submetida a uma série de testes que procurarão reproduzir todas as situações
de uso cotidiano. Por exemplo, o corte da tesoura pode ser testado em materiais diversos, ou sobre o
mesmo material por horas seguidas. Os resultados são analisados e servem como base para o
aperfeiçoamento do produto.
Os ensaios de protótipos são muito importantes, pois permitem avaliar se o produto testado apresenta
características adequadas à sua função. Os resultados obtidos nesses testes não podem ser
generalizados, mas podem servir de base para outros objetos que sejam semelhantes ou diferentes.
Já os ensaios em corpos de provas, realizados de acordo com as normas técnicas estabelecidas, em
condições padronizadas, permitem obter resultados de aplicação mais geral, que podem ser utilizados e
reproduzidos em qualquer lugar.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 106
TÉCNICO EM MECÂNICA
Propriedades dos materiais
Todos os campos da tecnologia, especialmente aqueles referentes à construção de máquinas e
estruturas, estão intimamente ligados aos materiais e às suas propriedades.
Tomando como base as mudanças que ocorrem nos materiais, essas propriedades podem ser
classificadas em dois grupos: - físicas;
- químicas.
Se colocarmos água fervente num copo descartável de plástico, o plástico amolece e muda sua forma.
Mesmo mole, o plástico continua com sua composição química inalterada. A propriedade de sofrer
deformação sem sofrer mudança na composição química é uma propriedade física.
Por outro lado, se deixarmos uma barra de aço-carbono (ferro + carbono) exposta ao tempo,
observaremos a formação de ferrugem (óxido de ferro: ferro + oxigênio). O aço-carbono, em contato
com o ar, sofre corrosão, com mudança na sua composição química. A resistência à corrosão é uma
propriedade química.
Entre as propriedades físicas, destacam-se as propriedades mecânicas, que se referem à forma como os
materiais reagem aos esforços externos, apresentando deformação ou ruptura.
Quando você solta o pedal da embreagem do carro, ele volta à posição de origem graças à elasticidade
da mola ligada ao sistema acionador do
pedal.
A elasticidade é um exemplo de propriedade
mecânica. Pode ser definida como a
capacidade que um material tem de retornar à
sua forma e dimensões originais quando
cessa o esforço que o deformava.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 107
TÉCNICO EM MECÂNICA
Tipos de ensaios mecânicos
Existem vários critérios para classificar os ensaios mecânicos. A classificação mais comumente
adotada agrupa os ensaios em dois blocos: - ensaios destrutivos;
- ensaios não destrutivos.
Ensaios destrutivos são aqueles que deixam algum sinal na peça ou corpo de prova submetido ao
ensaio, mesmo que estes não fiquem inutilizados.
Entre os ensaios destrutivos os mais comuns são: ensaio de dureza, tração e compressão
Existem outros tantos ensaios destrutivos e serão abordados em outros componentes curriculares, a
saber: cisalhamento , dobramento, flexão,embutimento, torção, dureza, fluência, fadiga e impacto.
Ensaios não destrutivos são aqueles que após sua realização não deixam nenhuma marca ou sinal e,
por consequência, nunca inutilizam a peça ou corpo de prova. Por essa razão, podem ser usados para
detectar falhas em produtos acabados e semi-acabados.
Por esses, entre outros motivos os ensaios não destrutivos serão tratados neste componente curricular,
estes ensaios não são muito utilizados quando se necessita conhecer a resistência dos materiais, dentre
estes ensaios os principais são: visual, líquido penetrante, partículas magnéticas, ultra-som e
radiografia industrial. Vamos agora aos ensaios em questão.
Ensaios visuais
Introdução
END não é o fim! Na verdade, esta é a sigla que identifica o novo grupo de ensaios que agora vamos
estudar nesta: os ensaios não destrutivos.
Esses ensaios caracterizam-se por não deixar marcas no material ensaiado, lembra-se? Por isso podem
ser realizados em produtos acabados, sem qualquer risco de inutilizá-los em consequência do ensaio.
Quando vai à feira e escolhe frutas e legumes, você usa a visão para separar, por exemplo, aquela
laranja mais bonita e saudável daquela feia e estragada.
Essa atividade simples nada mais é do que um tipo de ensaio não destrutivo: o ensaio visual.
Outro exemplo. Você já imaginou quantas peças diferentes existem num automóvel? Cada uma delas
tem sua importância, mas sabemos que umas são mais importantes do que outras. Imagine se o sistema
de freios falhasse ao ser acionado; causaria, sem dúvida, danos muito mais significativos do que se a
tampa do porta-luvas emperrasse. Claro, não é? Por este motivo, é muito importante definir claramente
os critérios de aceitação e rejeição de cada componente de um determinado produto, pois isso
determina a escolha do tipo de ensaio não destrutivo aplicado a cada material, o que é fundamental
para garantir a segurança e o bem-estar dos usuários.
Geralmente, um único tipo de ensaio não abrange toda a extensão da peça ou da parte a ser examinada.
Podemos fazer uma comparação.
Por exemplo, o exame do próprio corpo humano. Sabemos que num exame de rotina o médico usa
vários tipos de END para diagnosticar um problema ou atestar que o paciente se encontra em perfeita
saúde.
Que exames são esses? Por exemplo, quando o médico examina a garganta com um palito ou uma
lanterninha apropriada, está realizando um exame visual.
Ouvir os batimentos do coração com o estetoscópio, analisar os pulmões por meio de uma chapa
radiográfica ou medir a pressão arterial podem fazer parte de um único processo de avaliação da saúde
de um paciente. Analisando o resultado de cada um dos exames, o médico tira conclusões e toma
decisões.
Voltemos à indústria. Os procedimentos são similares. Vamos iniciar nosso estudo do ensaio visual.
Adiante, estudaremos os ensaios por líquidos penetrantes, partículas magnéticas, ultra-som e
radiografia industrial.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 108
TÉCNICO EM MECÂNICA
Ensaios visuais
De olho no produto
O ensaio visual dos metais foi o primeiro método de ensaio não destrutivo aplicado pelo homem. É,
com certeza, o ensaio mais barato, usado em todos os ramos da indústria.
Assim, a inspeção visual exige definição clara e precisa de critérios de aceitação e rejeição do produto
que está sendo inspecionado. Requer ainda inspetores treinados e especializados, para cada tipo ou
família de produtos.
Um inspetor visual de chapas laminadas não poderá inspecionar peças fundidas e vice-versa, sem
prévio treinamento.
Descontinuidades e defeitos
É importante que fiquem claros, no início desse nosso estudo, os conceitos de descontinuidade e
defeito de peças. Esses termos são muito comuns na área de ensaios não destrutivos. Para entendê-los,
vejamos um exemplo simples: um copo de vidro com pequenas bolhas de ar no interior de sua parede,
formadas devido a imperfeições no processo de fabricação, pode ser utilizado sem prejuízo para o
usuário. Essas imperfeições são classificadas como descontinuidades.
Mas, caso essas mesmas bolhas aflorassem à
superfície do copo, de modo a permitir a passagem
do líquido do interior para a parte externa, elas
seriam classificadas como defeitos, pois
impediriam o uso do copo.
De modo geral, nos deparamos na indústria com
inúmeras variáveis de processo que podem gerar
imperfeições nos produtos.
Essas imperfeições devem ser classificadas como descontinuidades ou defeitos.
Os responsáveis por essa atividade são os projetistas profissionais, que por meio de cálculos de
engenharia selecionam os componentes de um produto que impliquem segurança e apresentem o
desempenho esperado pelo cliente.
Principal ferramenta do ensaio visual
A principal ferramenta do ensaio visual são os olhos, importantes órgãos do corpo humano.
O olho é considerado um órgão pouco preciso. A visão varia em cada um de nós, e mostra-se mais
variável ainda quando se comparam observações visuais num grupo de pessoas. Para minimizar essas
variáveis, deve-se padronizar fatores como a luminosidade, a distância ou o ângulo em que é feita a
observação.
A ilusão de ótica é outro problema na execução dos ensaios visuais. Comprove isso observando as
figuras abaixo e fazendo os testes a seguir.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 109
TÉCNICO EM MECÂNICA
Para eliminar esse problema, nos ensaios visuais, devemos utilizar instrumentos que permitam
dimensionar as descontinuidades, por exemplo, uma escala graduada (régua). Repita os testes usando
uma régua. Assim, você chegará a conclusões mais confiáveis.
A inspeção visual a olho nu é afetada pela distância entre o olho do observador e o objeto examinado.
A distância recomendada para inspeção situa-se em torno de 25 cm: abaixo desta medida, começam a
ocorrer distorções na visualização do objeto.
Existem outros fatores que podem influenciar na detecção de descontinuidades no ensaio visual.
· Limpeza da superfície
As superfícies das peças ou partes a serem examinadas devem ser cuidadosamente limpas, de tal forma
que resíduos como graxas, óleos, poeira, oxidação etc. não impeçam a detecção de possíveis
descontinuidades e/ou até de defeitos.
· Acabamento da superfície
O acabamento superficial resultante de alguns processos de fabricação - fundição, forjamento,
laminação - pode mascarar ou esconder descontinuidades; portanto, dependendo dos requisitos de
qualidade da peça, elas devem ser cuidadosamente preparadas (decapadas, rebarbadas, usinadas) para,
só então, serem examinadas.
Fique atento
Um fator de fracasso na inspeção visual é a fadiga visual dos inspetores, que observam os mesmos
tipos de peças durante longos períodos de trabalho. Para minimizar esse problema, deve-se programar
paradas para descanso. Outro recurso é colocar esporadicamente na linha de inspeção peças-padrão,
com defeitos mínimos conhecidos, a fim de avaliar o desempenho dos inspetores.
Além do treinamento, estes devem receber acompanhamento oftalmológico.
Ele faz parte da qualificação dos inspetores e deve ser realizado periodicamente, para garantir sua
acuidade visual.
· Espelhos e tuboscópios
Um exemplo típico de espelho na inspeção visual, que ocorre no cotidiano, é quando o dentista
observa a boca do paciente com aquele espelhinho fixado numa haste metálica. Na indústria, espelhos
também são usados para inspeção de cantos, soldas e superfícies onde nossos olhos não alcançam.
Imagine quão difícil seria observar as paredes internas de tubos
longos, de pequeno diâmetro, utilizados na construção de caldeiras e
trocadores de calor, ou o interior da câmera de combustão dos
motores a explosão. Sem os tuboscópios, não seria possível tal
observação.
Tuboscópios são instrumentos ópticos construídos com os mais
variados diâmetros e comprimentos, que geralmente possuem seu próprio dispositivo de iluminação.
Da mesma forma que os microscópios, os
tuboscópios também possuem lentes objetivas e
oculares. Porém, a imagem do objeto é transmitida
através do tubo do tuboscópio até a extremidade do
mesmo, onde se encontra uma lente ocular que
amplia ainda mais a imagem.
Os tuboscópios podem ser fabricados numa só peça, ou em partes que se encaixam. Uma característica
importante para o seu funcionamento é que eles giram em torno do eixo do seu tubo, permitindo uma
inspeção visual circunferencial. Isso é possível porque o tuboscópio possui uma peça chamada volante,
que permite o giro da cabeça do instrumento para qualquer ângulo.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 111
TÉCNICO EM MECÂNICA
Outro exemplo é quando se realiza uma inspeção de longa duração e que não pode ser interrompida;
nesse caso, o uso de câmeras de tevê é de grande ajuda.
Exemplo disso é a figura ao lado, que mostra o inspetor examinando uma solda de 21 metros de
comprimento no interior de um tubo, com um aparelho chamado videoscópio; ele nada mais é do que
um tuboscópio, com a sofisticação de estar acoplado a uma câmera de tevê; sua flexibilidade permite
maior mobilidade dentro do tubo que está sendo inspecionado.
Líquidos penetrantes
Depois do ensaio visual, o ensaio por líquidos penetrantes é o ensaio não destrutivo mais antigo. Ele
teve início nas oficinas de manutenção das estradas de ferro, em várias partes do mundo.
Naquela época, começo da era industrial, não se tinha conhecimento do comportamento das
descontinuidades existentes nas peças. E quando estas eram colocadas em uso, expostas a esforços de
tração, compressão, flexão e, principalmente, esforços cíclicos, acabavam se rompendo por fadiga.
Era relativamente comum o aparecimento de trincas e até a ruptura de peças de vagões, como eixos,
rodas, partes excêntricas etc., sem que os engenheiros e projetistas da época pudessem determinar a
causa do problema.
Algumas trincas podiam ser percebidas, mas o ensaio visual não era suficiente para detectar todas elas,
pela dificuldade de limpeza das peças.
Foi desenvolvido então um método especial não destrutivo para detectar rachaduras em peças de
vagões e locomotivas, chamado de método do óleo e giz.
Neste método, as peças, depois de lavadas em água fervendo ou com uma solução de soda cáustica,
eram mergulhadas num tanque de óleo misturado com querosene, no qual ficavam submersas algumas
horas ou até um dia inteiro, até que essa mistura penetrasse nas trincas porventura existentes nas peças.
Depois desta etapa, as peças eram removidas do tanque, limpas com estopa embebida em querosene e
colocadas para secar. Depois de secas, eram pintadas com uma mistura de giz moído e álcool; dessa
pintura resultava uma camada de pó branco sobre a superfície da peça. Em seguida, martelavam-se as
peças, fazendo com que a mistura de óleo e querosene saísse dos locais em que houvesse trincas,
manchando a pintura de giz e tornando as trincas visíveis.
Este teste era muito passível de erros, pois não havia qualquer controle dos materiais utilizados - o
óleo, o querosene e o giz. Além disso, o teste não conseguia detectar pequenas trincas e defeitos
subsuperficiais.
Testes mais precisos e confiáveis só apareceram por volta de 1930, quando o teste do .óleo e giz. foi
substituído pelo de partículas magnéticas.
Somente em 1942, nos Estados Unidos, Roberto C. Switzer, aperfeiçoando o teste do .óleo e giz.,
desenvolveu a técnica de líquidos penetrantes, pela necessidade que a indústria aeronáutica americana
tinha de testar as peças dos aviões, que são até hoje fabricadas com ligas de metais não ferrosos, como
alumínio e titânio, e que, consequentemente, não podem ser ensaiados por partículas magnéticas.
Agora que você já está por dentro da história deste importante ensaio, vamos conhecer a sua técnica.
Descrição do ensaio
Hoje em dia, o ensaio por líquidos penetrantes, além de ser aplicado em
peças de metais não ferrosos, também é utilizado para outros tipos de
materiais sólidos, como metais ferrosos, cerâmicas vitrificadas, vidros,
plásticos e outros que não sejam porosos. Sua finalidade é detectar
descontinuidades abertas na superfície das peças, como trincas, poros,
dobras, que não sejam visíveis a olho nu.
O ensaio consiste em aplicar um líquido penetrante sobre a superfície a ser
ensaiada. Após remover o excesso da superfície, faz-se sair da
descontinuidade o líquido penetrante retido, utilizando-se para isso um revelador.
A imagem da descontinuidade, ou seja, o líquido penetrante contrastando com o revelador, fica visível.
Processos de Soldagem
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Vamos agora conhecer as etapas deste ensaio:
a) Preparação e limpeza da superfície
A limpeza da superfície a ser ensaiada é fundamental para a
revelação precisa e confiável das descontinuidades porventura
existentes na superfície de ensaio.
O objetivo da limpeza é remover tinta, camadas protetoras,
óxidos, areia, graxa, óleo, poeira ou qualquer resíduo que
impeça o penetrante de entrar na descontinuidade.
Para remover esses resíduos sem contaminar a superfície de ensaio utilizam-se solventes,
desengraxantes ou outros meios apropriados. A Tabela 1 apresenta alguns contaminantes, descreve
seus efeitos e indica possíveis soluções para limpeza e correção da superfície de exame.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 113
TÉCNICO EM MECÂNICA
b) Aplicação do líquido penetrante
Consiste em aplicar, por meio de pincel, imersão, pistola ou spray,
um líquido, geralmente de cor vermelha ou fluorescente, capaz de
penetrar nas descontinuidades depois de um determinado tempo
em contato com a superfície de ensaio.
A Tabela 2 pode ser utilizada como referência para estabelecer os
tempos de penetração de diversos materiais, com seus respectivos
processos de fabricação.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 114
TÉCNICO EM MECÂNICA
d) Revelação
Para revelar as descontinuidades, aplica-se o revelador, que nada mais é do
que um talco branco.
Esse talco pode ser aplicado a seco ou misturado em algum líquido.
O revelador atua como se fosse um mata-borrão, sugando o penetrante das
descontinuidades e revelando-as.
e) Inspeção
No caso dos líquidos penetrantes visíveis, a inspeção é feita sob luz branca natural ou artificial.
O revelador, aplicado à superfície de ensaio, proporciona um fundo branco que contrasta com a
indicação da descontinuidade, que geralmente é vermelha e brilhante.
Para os líquidos penetrantes fluorescentes, as indicações se tornam visíveis em ambientes escuros, sob
a presença de luz negra, e se apresentam numa cor amarelo esverdeado, contra um fundo de contraste
entre o violeta e o azul.
f) Limpeza
Após a inspeção da peça e a elaboração do relatório de ensaio, ela deve ser
devidamente limpa, removendo-se totalmente os resíduos do ensaio; esses
resíduos podem prejudicar uma etapa posterior no processo de fabricação do
produto ou até o seu próprio uso, caso esteja acabado.
Vantagens
Podemos dizer que a principal vantagem deste método é sua simplicidade, pois é fácil interpretar
seus resultados.
O treinamento é simples e requer pouco tempo do operador.
Não há limitações quanto ao tamanho, forma das peças a serem ensaiadas, nem quanto ao tipo de
material.
O ensaio pode revelar descontinuidades extremamente finas, da ordem de 0,001 mm de largura,
totalmente imperceptíveis a olho nu.
Limitações
O ensaio só detecta descontinuidades abertas e superficiais, já que o líquido tem de penetrar na
descontinuidade. Por esta razão, a descontinuidade não pode estar preenchida com qualquer material
estranho.
A superfície do material a ser examinada não pode ser porosa ou absorvente, já que não
conseguiríamos remover totalmente o excesso de penetrante, e isso iria mascarar os resultados.
O ensaio pode se tornar inviável em peças de geometria complicada, que necessitam de absoluta
limpeza após o ensaio, como é o caso de peças para a indústria alimentícia, farmacêutica ou hospitalar.
Um bom líquido penetrante
O líquido penetrante é formado pela mistura de vários líquidos, e deve apresentar uma série de
características, indispensáveis ao bom resultado do ensaio. Vejamos quais são essas características:
a) ter capacidade de penetrar em pequenas aberturas;
b) ser capaz de manter-se em aberturas relativamente grandes;
c) ser removível da superfície onde está aplicado;
d) ter capacidade de espalhar-se em um filme fino sobre a superfície de ensaio;
e) apresentar grande brilho;
f) ser estável quando estocado ou em uso;
g) ter baixo custo;
h) não deve perder a cor ou a fluorescência quando exposto ao calor, luz branca ou luz negra;
i) não deve reagir com o material em ensaio, e nem com a sua embalagem;
j) não pode ser inflamável;
l) não deve ser tóxico;
m) não deve evaporar ou secar rapidamente;
n) em contato com o revelador, deve sair em pouco tempo da cavidade onde tiver penetrado.
Como você viu, ser um líquido penetrante não é tão simples assim. É bom saber que nenhuma dessas
características, por si só, determina a qualidade do líquido penetrante: a qualidade depende da
combinação destas características.
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Quanto ao tipo de remoção do excesso, podem ser:
· Laváveis em água
Os líquidos penetrantes deste tipo são elaborados de tal maneira que permitem a remoção do excesso
com água; esta operação deve ser cuidadosa; se for demorada ou se for empregado jato de água, o
líquido pode ser removido do interior das descontinuidades.
· Pós-emulsificáveis
Neste caso, os líquidos penetrantes são fabricados de maneira a serem insóluveis
em água. A remoção do excesso é facilitada pela adição de um emulsificador,
aplicado em separado. Este combina-se com o excesso de penetrante, formando
uma mistura lavável com água.
A combinação destas cinco características gera seis opções diferentes para sua utilização. Veja o
quadro abaixo.
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Revelação
O revelador é aquele talco que suga o penetrante das descontinuidades para revelá-las ao inspetor;
além de cumprir esta função, deve ser capaz de formar uma indicação a partir de um pequeno volume
de penetrante retido na descontinuidade, e ter capacidade de mostrar separadamente duas ou mais
indicações próximas. Para atender a todas estas características, tem de possuir algumas propriedades.
Vamos conhecê-las.
a) deve ser fabricado com substâncias absorventes, que favorecem a ação de mata-borrão;
b) quando aplicado, deve cobrir a superfície de exame, promovendo assim o contraste;
c) precisa ter granulação fina;
d) tem de ser fácil de aplicar, resultando numa camada fina e uniforme;
e) deve ser umedecido facilmente pelo penetrante;
f) deve ser de fácil remoção, para a limpeza final;
g) deve aderir à superfície;
h) não deve ser tóxico, nem atacar a superfície de exame.
Como ocorre com os líquidos penetrantes, existem também no mercado vários tipos de reveladores,
para diversos tipos de aplicação. O critério de escolha deve ser similar ao do líquido penetrante.
Os reveladores são classificados da seguinte maneira:
- de pó seco
São constituídos de uma mistura fofa de sílica e talco que deve ser mantida seca. São indicados para
uso em sistemas estacionários ou automáticos.
Vêm caindo em desuso devido à falta de confiabilidade para detectar defeitos pequenos.
- revelador aquoso
Neste tipo de revelador, o pó misturado com água pode ser aplicado por imersão, derramamento ou
aspersão (borrifamento). Após a aplicação, as peças são secas com secador de cabelo, ou em fornos de
secagem.
- revelador em película
É constituído por uma película adesiva plástica contendo um revelador que traz o líquido penetrante
para a superfície.
À medida que a película seca, formam-se as indicações das descontinuidades.
Este método permite que, após o ensaio, possa destacar-se a película da superfície e arquivá-la.
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Partículas magnéticas
Com certeza você já observou uma bússola.
Já verificou que, ao girá-la, a agulha imantada flutuante mantém-se alinhada na direção norte-sul do
globo terrestre?
Deve ter observado também que, ao colocarmos um ímã sob um papelão e jogarmos limalha fina de
ferro sobre esta superfície, com ligeiras pancadas no papelão a limalha se alinha obedecendo a uma
determinada orientação.
Por que isto ocorre? Que ―forças invisíveis‖ agem sobre esses materiais?
Veremos nesta aula como é feito o ensaio por partículas magnéticas. Nesse ensaio, utilizamos essas
―forças invisíveis‖, que também alinham as partículas magnéticas sobre as peças ensaiadas. Onde
houver descontinuidades, a orientação será alterada, revelando-as.
Para melhor compreender o ensaio, é necessário saber o que significam os termos a seguir:
- campo magnético;
- linhas de força do campo magnético;
- campo de fuga.
Observe novamente a figura que mostra a limalha de ferro sobre o papelão.
Chamamos de campo magnético a região que circunda o ímã e está sob o efeito
dessas ―forças invisíveis‖, que são as forças magnéticas.
- O campo magnético pode ser representado por linhas chamadas linhas de
indução magnética, linhas de força do campo magnético, ou ainda, linhas de
fluxo do campo magnético.
- Em qualquer ímã, essas linhas saem do pólo norte do ímã e caminham na
direção do seu pólo sul.
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Ponto de partida da pesquisa
No início do século, W. E. Hooke observou que, ao usinar peças de ferro e aço num torno com mandril
imantado, as finas limalhas eram atraídas para rachaduras visíveis, existentes nas peças.
Fenômeno observado
As linhas de fluxo que passam por um material submetido a um campo magnético são alteradas por
descontinuidades existentes no material.
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Vamos estudar agora este ensaio esclarecendo primeiro o que são partículas magnéticas.
Partículas magnéticas
Partículas magnéticas nada mais são do que um substituto para a limalha de ferro. São constituídas de
pós de ferro, óxidos de ferro muito finos e, portanto, com propriedades magnéticas semelhantes às do
ferro.
Embora chamadas de .partículas magnéticas., na realidade elas são partículas magnetizáveis e não
pequenos ímãs ou pó de ímã.
Agora você deve estar pronto para conhecer o ensaio por partículas magnéticas.
Etapas para a execução do ensaio
1. Preparação e limpeza da superfície
2. Magnetização da peça
3. Aplicação das partículas magnéticas
4. Inspeção da peça e limpeza
5. Desmagnetização da peça
Os métodos mais utilizados para a limpeza das peças são: - jato de areia ou granalha de aço;
- escovas de aço;
- solventes.
Neste momento, temos a peça limpa e pronta para o ensaio.
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Magnetização da peça
As figuras a seguir mostram que, quando a descontinuidade é paralela às linhas de fluxo do campo
magnético, o campo de fuga é pequeno e o ensaio tem menor sensibilidade. Se é perpendicular às
linhas de fluxo do campo magnético, o campo de fuga é maior, dando maior sensibilidade ao ensaio.
Devido às dimensões, à geometria variada das peças e à necessidade de gerarmos campos magnéticos
ora longitudinais, ora transversais, foram desenvolvidos vários métodos de magnetização das peças.
Vamos magnetizar as peças?
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Técnicas de magnetização
Magnetização por indução de campo magnético
Neste caso, as peças são colocadas dentro do campo magnético do equipamento, fazendo-se então com
que as linhas de fluxo atravessem a peça.
As linhas de fluxo podem ser longitudinais ou circulares, dependendo do método de magnetização, que
é escolhido em função do tipo de descontinuidade a verificar.
Por bobinas eletromagnéticas - A peça é colocada no interior de uma bobina eletromagnética. Ao
circular corrente elétrica pela bobina, forma-se um campo longitudinal na peça por indução magnética.
Por yoke (yoke é o nome dado ao equipamento) - Nesta técnica, a magnetização é feita pela indução de
um campo magnético, gerado por um eletroímã em forma de .U. invertido que é apoiado na peça a ser
examinada.
Quando este eletroímã é percorrido pela corrente elétrica (CC ou CA), gera-se na peça um campo
magnético longitudinal entre as pernas do yoke.
Por condutor central - Técnica usual para ensaio de tubos. Um condutor elétrico, que irá induzir um
campo magnético circular, é introduzido no tubo, facilitando a visualização das suas descontinuidades
longitudinais.
Por contato direto - Tem sua maior aplicação em máquinas estacionárias. A magnetização é efetuada
pela passagem de corrente de uma extremidade da peça à outra. O campo magnético que se forma é
circular.
Técnicas de ensaio
Você já deve ter atraído agulhas e alfinetes com ímãs. Depois de retirar estes objetos do contato com o
ímã, observou que eles ainda se atraíam mutuamente.
Há materiais que depois de magnetizados retêm parte deste magnetismo, mesmo com a remoção do
campo magnetizante. São materiais com alto magnetismo residual. Há ainda aqueles que não retêm o
magnetismo, após a remoção do campo magnetizante.
Estas diferenças permitem o ensaio por meio de duas técnicas:
Técnica do campo contínuo - As partículas magnéticas são aplicadas quando a peça está sob efeito do
campo magnético. Após a retirada desse campo, não há magnetismo residual.
Técnica do campo residual - Nesta técnica, as partículas são aplicadas depois que a peça sai da
influência do campo magnético, isto é, o ensaio é realizado apenas com o magnetismo residual. Neste
caso, depois do ensaio é necessário desmagnetizar a peça.
Neste ponto, estamos com a peça magnetizada e pronta para receber as partículas magnéticas. Mas
como verificar se o campo magnético gerado é suficiente para detectar as descontinuidades?
Processos de Soldagem
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Temos que garantir que o campo gerado tenha uma intensidade suficiente para que se formem os
campos de fuga desejados.
Existem várias maneiras de verificar isto:
- com aparelhos medidores de campo magnético;
- aplicando o ensaio em peças com defeitos conhecidos;
- utilizando-se padrões normalizados com descontinuidades conhecidas;
- no caso do yoke, ele deve gerar um campo magnético suficiente para levantar, no mínimo, 4,5 kgf em
corrente alternada e 18,1 kgf em corrente contínua.
Técnica de varredura - Para garantir que toda a peça foi submetida ao campo magnético, efetuamos
uma varredura magnética.
Depois de escolhida a técnica de magnetização, é necessário esquematizar na peça qual será o formato
do campo magnético. Deve-se observar se toda ela será submetida a campos magnéticos, defasados de
90° um do outro, e também verificar se este campo será aplicado na peça inteira, isto é, se será feita
uma varredura magnética total da mesma.
Isso é conseguido movimentando-se o equipamento magnetizante ou aplicando-se duas técnicas de
magnetização (o método multidirecional, descrito anteriormente).
A figura a seguir mostra um exemplo de varredura feita com o yoke.
Via seca - As partículas magnéticas para esta finalidade não requerem preparação prévia. São
aplicadas diretamente sobre a superfície magnetizada da peça, por aplicadores de pó manuais ou
bombas de pulverização. As partículas podem ser recuperadas, desde que a peça ensaiada permita que
elas sejam recolhidas isentas de contaminação.
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Via úmida - Neste método, as partículas possuem granulometria muito fina, o que permite detectar
descontinuidades muito pequenas. As partículas são fornecidas pelos fabricantes na forma de pó ou em
suspensão (concentrada) em líquido. Para a aplicação, devem ser preparadas adequadamente,
segundo norma específica (são diluídas em líquido, que pode ser água, querosene ou óleo leve).
Desmagnetização da peça
A desmagnetização é feita em materiais que retêm parte do magnetismo, depois que se interrompe a
força magnetizante.
Para a desmagnetização das peças, devemos submetê-las a um campo magnético pulsante (invertendo
seu sentido) de intensidade superior ao campo magnetizante, reduzindo-o a zero gradualmente.
Isto é conseguido, por exemplo, com a peça passando através de uma bobina; ou com a peça parada
dentro da bobina, reduzindo-se gradualmente o campo magnético.
Você percebeu que há várias opções para realizar o ensaio por partículas magnéticas. Cabe ao técnico
escolher a forma que melhor se adapte às características da peça.
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Ultra-som
Você sabia que, por terem uma visão quase nula, os morcegos se orientam pelo ultra-som?
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Classificação das ondas
As ondas podem ser classificadas quanto à sua natureza e quanto ao sentido de suas vibrações.
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Elementos de uma onda
O exemplo da pedra atirada à lagoa é ótimo para entendermos algumas definições. Analise a figura a
seguir e procure identificar cada um dos elementos descritos:
· Ciclo: movimento completo de um ponto qualquer da onda, saindo de sua posição original e voltando
a ela.
· Velocidade de propagação: a velocidade de propagação de uma onda é função do meio que ela
percorre. Para diferentes materiais temos diferentes velocidades de propagação.
A velocidade do som no ar é de aproximadamente 330 metros por segundo.
No caso de um sólido, ou de um líquido, esta velocidade é bem maior, pois sua estrutura é mais
compacta, facilitando a propagação. No aço, a velocidade de propagação do som é de 5.900 metros por
segundo.
A tabela a seguir informa a velocidade de propagação das ondas sonoras em alguns materiais de uso
comum na indústria.
E o que é ultra-som?
O som audível pelo ouvido humano está compreendido entre as freqüências de 20 a 20.000 Hz.
Alguns animais são capazes de ouvir ultra-sons. É o caso dos cães, que chegam a perceber sons com
25.000 vibrações por segundo (25 kHz). Os morcegos captam sons de até 50.000 vibrações por
segundo (50 kHz).
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Produção do ultra-som
A forma mais comum de produzir o ultra-som para os ensaios não destrutivos é a que utiliza os cristais
piezelétricos, como o sulfato de lítio, o titanato de bário, o quartzo etc.
Você quer saber o que é um cristal piezelétrico? Então leia o próximo tópico.
Início das pesquisas
Em 1880, os irmãos Curie (Pierre e Jacques)
descobriram o efeito piezelétrico de certos
materiais. Observaram que determinados materiais
(como o quartzo) cortados em lâminas, quando
submetidos a cargas mecânicas geravam cargas
elétricas em sua superfície.
Processos de Soldagem
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Aplicando o ultra-som
O uso do ultra-som como ensaio não
destrutivo é largamente difundido nas
indústrias para detectar descontinuidades
em todo o volume do material a analisar,
tanto em metais (ferrosos ou não ferrosos)
como em não metais.
O ensaio consiste em fazer com que o
ultra-som, emitido por um transdutor,
percorra o material a ser ensaiado, efetuando-se a verificação dos ecos recebidos de volta, pelo mesmo
ou por outro transdutor.
O que é transdutor?
Transdutor, também conhecido como cabeçote, é todo dispositivo que converte um tipo de energia em
outro. Conhecemos vários tipos de transdutores, entre eles o microfone e o alto-falante.
No ensaio de ultra-som, os transdutores são necessários para converter energia elétrica em energia
mecânica de vibração (ultra-som) e vice-versa.
Parâmetros dos transdutores
No ensaio por ultra-som, existe grande variedade de transdutores para atender a diversas aplicações.
São subdivididos em categorias: quanto ao ângulo de emissão/recepção do ultra-som e quanto à função
(emissor ou receptor ou emissor/receptor).
Processos de Soldagem
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Características dos transdutores
Os elementos que caracterizam os transdutores são:
- Tamanho do cristal piezelétrico: os transdutores normais mais utilizados possuem de 5 a 25 mm de
diâmetro. Em geral, nos transdutores angulares utilizam-se cristais retangulares.
- Frequência: devido às diferentes aplicações, existem transdutores com frequência de 0,5 a 25 MHz.
Os mais usuais vão de 1 a 6 MHz.
- Amortecimento mecânico: o elemento amortecedor suprime no transdutor todas as vibrações
indesejáveis do cristal.
- Face protetora: são elementos de contato com a peça. Em geral, são películas de material plástico.
- Carcaça: elemento com forma apropriada para acomodar todo o conjunto e, ao mesmo tempo,
facilitar seu manuseio.
- Elementos elétricos: são contatos elétricos ligando o cristal piezelétrico ao elemento de engate do
cabo coaxial e à bobina geradora de frequência.
Acoplante
Como o ultra-som deve passar do transdutor para a peça com o mínimo de interferência, há
necessidade de colocar um elemento, o acoplante, que faça esta ligação, evitando o mau contato.
Este acoplante pode ser óleo, água, glicerina, graxa etc.
Método de ensaio
Quanto ao tipo de acoplamento, o ensaio por ultra-som pode ser classificado em dois grupos:
Processos de Soldagem
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Ensaio por raios X
Se você já teve algum tipo de fratura óssea ou pegou uma gripe mais forte, certamente o médico deve
ter solicitado uma radiografia da área afetada, para fazer um diagnóstico do seu problema.
Realizada a radiografia, é provável que você tenha observado, junto com o médico, o resultado,
apresentado numa chapa radiográfica semelhante ao negativo de uma fotografia.
Pelas diferenças de tonalidade na chapa, ele percebeu várias coisas e até comentou com você, que deve
ter ficado meio desconfiado, pois não viu quase nada ou... nada do que ele apontou.
É, a interpretação da radiografia requer conhecimento especializado e prática!
Na indústria, usa-se o mesmo tipo de exame, com o mesmo produto final para análise ―a chapa
radiográfica‖ para detectar descontinuidades em materiais.
É a radiografia industrial, mais um tipo de ensaio não destrutivo que vamos começar a estudar agora.
Mas há um aspecto muito importante: a radiografia industrial trabalha com doses de radiação cerca de
dez vezes maiores que as usuais nos ensaios de radiografia clínica! Por aí você já pode imaginar que a
segurança é um dos fatores fundamentais na realização deste ensaio.
Só pode agir com segurança quem conhece o assunto. Por isso, vamos começar pelo estudo de alguns
conceitos básicos, necessários à compreensão dos ensaios por radiografia, como: em que consiste este
ensaio e qual a sua importância; como surgiu; quais os tipos de radiação utilizados, suas características
e modos de obtenção.
Antes de estudar o ensaio propriamente dito, você ainda precisa conhecer mais algumas características
dos elementos envolvidos na radiação, ou seja, fonte, peça e filme radiográfico.
Essas características, assim como os princípios estudados na aula anterior, são comuns às radiações X
e gama. As diferenças entre os dois ensaios referem-se principalmente aos aspectos operacionais,
como você mesmo poderá constatar mais adiante.
Processos de Soldagem
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Geometria da exposição
A radiografia é na realidade uma ―sombra‖ da peça, provocada por seu posicionamento na trajetória
das radiações X ou gama.
Podemos neste caso utilizar os mesmos princípios geométricos aplicados às sombras produzidas pela
luz.
Para compreender o que ocorre e, portanto, obter melhores resultados na radiografia, você deve
conhecer a influência da distância e da posição entre os elementos: fonte de radiação, peça e filme.
Vamos analisar como esses dois fatores afetam a formação da imagem.
Ampliação da imagem - A imagem da peça no filme torna-se maior que a própria peça à medida que
aumenta a distância entre a peça e o filme, resultando uma imagem irreal.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 134
TÉCNICO EM MECÂNICA
Lei do inverso do quadrado da distância
Imagine uma lâmpada acesa, à distância de um metro da
superfície de uma mesa.
Se elevarmos esta mesma lâmpada a dois metros de altura, isto
é, se multiplicarmos a altura por 2, o nível de iluminação na
superfície da mesa será dividido por 4, ou seja, dividido por 22
(quadrado da distância entre a fonte de luz e a superfície).
Este fenômeno recebe a denominação de lei do inverso do
quadrado da distância (no nosso caso, lei da atenuação da
radiação). Esta lei também se aplica aos ensaios radiográficos,
pois neste caso as radiações emitidas têm propriedades
semelhantes às da luz visível.
A intensidade com que um feixe de radiação atinge uma
superfície é inversamente proporcional ao quadrado da distância
entre esta superfície e o ponto de emissão, ou seja, a radiação é
atenuada em virtude do aumento da distância. Este é outro fator
que limita a colocação da fonte distante da peça, para minimizar
a ampliação da imagem.
Processos de Soldagem
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TÉCNICO EM MECÂNICA
Veja agora os principais elementos do tubo de raios X.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 136
TÉCNICO EM MECÂNICA
Determinação do tempo de exposição
A exposição ou quantidade de radiação recebida é diretamente proporcional à miliamperagem e à
voltagem aplicada ao tubo de Coolidge.
Uma vez fixados esses dois fatores, o tempo de exposição é outro parâmetro que influi na
sensibilização do filme. Quanto maior o tempo, maior a sensibilização.
Portanto, é fundamental determinar o tempo de exposição.
Para determinar o tempo de exposição, utilizam-se as curvas de exposição fornecidas pelo fabricante
do equipamento. Cada equipamento possui sua curva específica.
Para entender melhor esse assunto, você precisa conhecer um pouco mais sobre os filmes
radiográficos.
Na aula anterior, vimos que as principais características dos filmes são: densidade radiográfica,
contraste da imagem, velocidade do filme e granulometria.
De acordo com essas características, os filmes radiográficos são classificados em quatro tipos:
A seleção do filme radiográfico para uma dada aplicação é um compromisso entre a qualidade
requerida dessa radiografia e seu custo, incluindo-se aí o tempo de exposição. Para facilitar a escolha,
os fabricantes fornecem as curvas características de cada tipo de filme.
A norma da American Society for Testing and Materials . ASTM E94 relaciona o tipo de filme com a
espessura da peça e com a voltagem a ser utilizada no ensaio. O quadro a seguir mostra um extrato
dessa norma, desenvolvido para o aço.
Processos de Soldagem
Hilton de Souza Pinto 137
TÉCNICO EM MECÂNICA
Ensaio de solda por raios X
No início da aula anterior, você ficou sabendo que uma das utilizações da radiografia industrial é na
inspeção de solda. Para conhecer o processo como um todo, veja como é feita esta inspeção.
Para ensaiar esta peça, será utilizado um equipamento com capacidade de até 100 kV e 15 mA.
Analise a curva de tempo de exposição fornecida para este equipamento.
A espessura do material a ser ensaiado é conhecida (10 mm). No caso, vamos adicionar 2,5 mm a essa
espessura, devido ao reforço do cordão de solda.
O gráfico mostra que para esta espessura deve ser tomada como base a curva C (para 100 kV).
Ligando ao eixo do tempo o ponto em que a linha da espessura (12,5 mm) cruza com a curva C,
constatamos que o tempo de exposição deve ser de 10 minutos. Outras informações obtidas são:
- filme de alta velocidade e médio contraste;
- intensidade de corrente no tubo de 15 mA;
- distância filme/foco (dff) de 700 mm;
- densidade radiográfica a ser obtida entre 2,0 e 2,2;
- espessura do écran de 0,02 mm - frente e verso.
- tempo de revelação - 5 minutos com banho à 20ºC.
Dessa forma, para nossa chapa de aço com 12,5 mm de espessura total, obtemos, além dos parâmetros
anteriores: voltagem de 100 kV e tempo de exposição de 10 minutos.
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Preparação do ensaio
Antes de submeter a peça soldada à radiação, é necessário preparar o equipamento que será utilizado.
Veja, a seguir, as principais etapas desta preparação.
2. Montar o sistema no bunker, que é o local onde fica alojado o tubo de raio X e onde se coloca o
conjunto formado pela peça e o chassi montado, que serão submetidos a radiação. O bunker pode ser
feito de estrutura metálica revestida com camada de
chumbo, como no nosso exemplo, ou por paredes
de concreto, que geralmente são construções para
peças maiores.
3. Fechar a porta do bunker, pois somente assim o equipamento pode ser acionado, devido ao sistema
de segurança, evitando a exposição dos operadores e meio-ambiente à radiação.
4. Regular o equipamento no painel de controle, ajustando o tempo (10 minutos), a voltagem (100 kV)
e a amperagem (15 mA).
O ensaio
Agora que o equipamento está pronto para ser acionado, os próximos passos são:
1. Acionar o sistema de segurança, (visual e/ou sonoro) para garantir que durante o ensaio, os níveis de
radiação estejam dentro dos padrões de segurança exigidos pelas normas vigentes.
2. Ligar a refrigeração do tubo, dar o start, isto é, ligar o equipamento e aguardar o tempo estipulado.
3. Decorrido o tempo determinado, desligar a máquina e retirar o chassi do bunker.
4. Processar o filme (revelação). A revelação, realizada em câmara escura, consiste em submeter o
filme a um processamento químico, a fim de revelar e fixar a imagem obtida na chapa radiográfica.
5. Verificação da qualidade da radiografia. A análise da radiografia é realizada num negatoscópio para
melhor visualização.
Negatoscópio: dispositivo constituído por uma caixa com vidro fosco, tendo no interior lâmpadas fluorescentes.
Se os itens anteriores forem atendidos, poderemos passar à análise da radiografia, com o objetivo de
identificar possíveis descontinuidades.
Para isso, deve-se compará-la com padrões radiográficos estabelecidos em norma técnica.
A última etapa é emitir o laudo do ensaio, isto é, o documento que contém o parecer técnico sobre as
condições da solda. A radiografia é então arquivada, para possíveis consultas futuras.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- The ESAB Filler Metal Technology Course – ESAB Welding and Cutting Products, 2000.
- Tecnologia da Soldagem – Paulo Villani Marques.
- ESAB MIG Welding Handbook – ESAB Welding & Cutting Products
- COMPARAÇÃO ENTRE SOLDAGEM ROBOTIZADA COM ARAME SÓLIDO E ―METAL
CORED‖ - A OCORRÊNCIA DO ―FINGER‖, Welerson Reinaldo de Araújo, Dissertação de
Mestrado, UFMG, fev/2004
- MIG/MAG Welding, Svetsaren, vol. 58, no 2, 2003
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