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1. Objetivos
Dentro desta atividade prática distinguem-se dois objetivos principais: investigar e
estudar o estado de polarização da luz e verificar experimentalmente a lei de Malus, estudar o
efeito da reflexão externa, consoante o ângulo de incidência e determinar o ângulo de
Brewster.
2. Introdução
A luz é efetivamente uma onda eletromagnética, que pode ser ‘caracterizada’ pelo seu
campo elétrico e magnético. Analisando o seu campo elétrico podemos determinar a sua
polarização. Uma luz não polarizada é uma luz cujo campo elétrico tem todas as direções
possiveis e para que este feixe se torne num feixe de luz polarizada é necessário proceder a
uma polarização.
Existem vários métodos de polarização, neste caso apenas vou abordar dois desses
métodos: dicroísmo e polarização por reflexão.
𝜃𝐵𝑟𝑒𝑤𝑠𝑡𝑒𝑟 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔(𝑛)
𝑛𝑡
𝑛=
𝑛𝑖
n é o quociente entre os índices de refração do meio de
transmissão e o do meio de incidência. θt
A luz refletida estará, então, totalmente Figura 3 - Polarização por reflexão sob o ângulo de Brewster.
polarizada na direção normal ao plano de incidência, ou seja, apenas terei, na luz refletida, a
componente TE como indica a figura 3 e a componente TM (paralela ao plano de incidência) foi
absorvida.
Polarizador com ET a 45
Laser polarizado verticalmente
graus com a vertical.
Figura 5 - Esquema
ilustrativo da montagem
utilizada na medição do
ângulo de Brewster.
Polarizador com ET a 90
graus com a vertical.
Peça de acrílico
Seguem os dados:
Θ (graus) Intensidade Θ (graus) Intensidade
-10 19,03 90 0,29
-5 19,54 100 1,87
0 18,93 110 4,43 Tabela 1 - Dados
obtidos da
10 18,95 120 7,91 intensidade da
20 16,88 130 12,1 luz incidente no
30 13,56 135 14,05 fotodetetor, em
função do
40 9,95 140 15,63
ângulo entre o
45 8,2 150 18,88 ET do 2º
50 6,04 160 21,29 polarizador e a
polarização
60 3,22 170 23,3
vertical inicial.
70 1,06 172 23,62
80 0,07 174 23,52
81 0,07 175 23,46
83 0,07 177 23,23
87 0,06 179 22,86
89 0,18 180 22,35
86 0,06 190 20,78
85 0,07 200 18,16
Neste caso, como foi mencionado no ponto 3.2 deste relatório, a polarização do feixe
incidente no bloco de acrílico é horizontal, devido à orientação do EL dos polarizadores. Foram
registados para um espetro de valores do angulo de incidência desde 35 graus até 80, e
intensidade da luz (relativa), no caso da componente do campo elétrico paralela ao plano de
incidência, sendo que inicialmente (antes do acrilico) só temos essa, seguem-se os dados:
Θ (graus) Θi (graus) Intensidade
20 80 5,7
25 77,5 4,2
30 75 3,8
Tabela 2 - Dados obtidos
32 74 3,5 para a intensidade da
35 72,5 2,6 componente paralela do
campo elétrico da onda
37 71,5 2,3 após a reflexão no bloco
40 70 1,8 de acrílico.
45 67,5 1
50 65 0,6
53 63,5 0,5
55 62,5 0,4
57 61,5 0,4
60 60 0,2
63 58,5 0,2
64 58 0,2
65 57,5 0,2 Θ é o ângulo medido no disco
grande (prato giratório), e θi o
65,5 57,25 0,2
valor do ângulo de incidência
66 57 0,1
para a reflexão na superfície
66,5 56,75 0,1
do bloco de acrílico.
67 56,5 0,1
68 56 0,2
69 55,5 0,2
70 55 0,2
71 54,5 0,2
75 52,5 0,2
80 50 0,2
85 47,5 0,3
90 45 0,4
95 42,5 0,5
100 40 0,6
110 35 0,7
➢ Antes de apresentar os gráficos obtidos é necessário notar que a lei de Malus envolve
um fator de 𝐼0 no seu cálculo. Este valor foi retirado do conjunto de medidas obtidas
experimentalmente para a intensidade. Sendo que observando o gráfico 1 se encontram dois
picos de intensidade, é como se existissem dois valores possíveis do fator 𝐼0 ‘empírico’. Para
poder minimizar o efeito de erros e também a possibilidade de obter um erro menor para um
valor de 𝐼0 diferente, consideraram-se separadamente os dois valores observados. Ou seja, nos
gráficos 2 e 3 será representada, devidamente legendada, a curva para os dados da expressão
teórica da lei de Malus, duas vezes, uma para cada valor de 𝐼0 , sendo que um dos valores é o
valor da intensidade máxima experimental para um ângulo do ET com a polarização de aprox.
170ᵒ (𝐼0 = 23.62) e o outro para um de -5ᵒ (𝐼0 = 19.54).
➢ Além disto, como a polarização inicial do laser não é exatamente vertical ao plano de
incidência, introduziu-se uma correção de ±7ᵒ na utilização da expressão da lei de Malus da
maneira explicitada de seguida, para poder ajustar melhor os valores obtidos.
➢ 𝐼 (𝜃) = 𝐼0 ∗ cos(𝜃 + 7)2
➢ No gráfico 2 foi também adicionada uma reta de ajuste linear e respetiva equação,
para verificar a coincidência com os valores obtidos com a lei de Malus. No gráfico 1 e 3 é
também apresentada a barra de erro horizontal tendo em conta a incerteza associada a cada
valor do ângulo.
20
15
Intensidade
10
0
-50 0 50 100 150 200 250
-5
Ângulo entre ET e polarização
Gráfico 1
Intensidade em função da expressão teórica da lei de Malus
25
y = 1,1333x - 0,067
20
15 y = 0,9375x - 0,067
Intensidade
0
0 5 10 15 20 25
-5
Expressão teórica da lei de Malus
Gráfico 2
20
15
Intensidade
0
-50 0 50 100 150 200 250
-5
Ângulo entre o ET e a polarização
Gráfico 3
Ora, há vários erros que podemos ter em conta para explicar este desvio do resultado
ideal. Um dos erros é a falta de rigor nas medidas dos ângulos pois, no caso da escala analógica
do polarizador, medimos ângulos de 10 em 10 graus, com uma incerteza de 5 graus, e neste
caso não é possivel determinar com precisão o angulo correto, podendo existir um desvio de
alguns graus entre o valor medido e o valor verdadeiro, causando um erro. Também as
dificuldades de calibração do fotodetetor podem estar na origem de erros, sendo que era
necessário ‘acertar’ com o feixe de luz na fenda do detetor para medir, e não era uma tarefa
fácil.
Analisando o gráfico 3, onde se compara as curvas, com a lei de Malus e com a
intensidade medida experimentalmente, vemos que para a primeira metade do gráfico, são os
valores obtidos com a lei de Malus onde se usa 𝐼0 perto de -5ᵒ que se ajustam melhor, e para a
segunda metade ajusta-se melhor o caso onde se usou 𝐼0 perto de 170ᵒ. Numa visão geral,
vemos que as curvas seguem formas muito semelhantes, com alguns desvios mas o objetivo
geral de verificar a lei de Malus é cumprido.
Observando os primeiros valores obtidos, na gama de 0 a 50 graus para o ângulo entre
o ET e a polarização, vemos que a intensidade experimental está um pouco abaixo das outras
duas curvas, e isso pode ser consequência da má calibração do fotodetetor ou até de uma
saturação inicial do deteto.
Tendo em conta os dados obtidos foi feito um gráfico da intensidade da luz refletida
em função do ângulo de incidência da reflexão (calculado a partir do ângulo medido no disco
grande) (gráfico 4). Para se observar melhor o ângulo onde a intensidade é mínima foi feita
uma aproximação da zona da curva que contém o minimo da intensidade, representada no
gráfico 5.
4
Intensidade
0
30 40 50 60 70 80 90
Ângulo de incidência
Gráfico 2
Aproximação
0,45
0,35
0,3
Intensidade
0,25
0,2
0,1
0,05
0
40 45 50 55 60 65
Ângulo de incidência
Gráfico 3
NOTAS:
➢ As intensidades representadas nos gráficos acima são as intensidades da componente
TM do campo elétrico, ou seja, é a componente paralela ao plano de incidência, sendo
que a polarização antes da reflexão era também ela na horizontal, paralela ao plano de
incidência.
1
𝛿𝑛 = cos(𝜃 2 ∗ 𝛿𝜃𝐵 = 0.344, através da propagação de erros é possivel chegar a um valor
𝐵)
aproximado da incerteza associada ao valor do indice de refração do bloco. O valor tabelado
para o indice de refração do acrilico tabelado é de 1.49, o valor encontrado
experimentalmente é próximo mas tem um erro de aproximadamente de 4%, mas a incerteza
associada é grande, porém nem todas as incertezas são bem ajustadas pelas fórmulas de
propagação de erros, o que leva a concluir que a incerteza encontrado é um pouco
desajustada. Além disso também como já referido antes, os ajustes lineares a que recorri para
calcular o ângulo de Brewster não são os melhores, devido primeiramente ao ganho do
fotodetetor. E também devido ao facto de as retas do ajuste não se intersetarem exatamente
no 0 como deveria ser. Como o objetivo geral desta atividade não é a análise de erros e de
incertezas ao pormenor, não será especificada a incerteza exata no valor de nt.
6. Conclusão
Muito sucintamente, este trabalho tanto a nivel prático laboratorial, como a nível
teórico, na aplicação da teoria, foi terminado com sucesso.
Tendo em conta os objetivos principais desta atividade que eram a verificação da lei de
Malus e determinação do ângulo de Brewster, concluo que se cumpriu com sucesso estes
objetivos, sendo que foram obtidos resultados que satisfazem e que estão muito próximos dos
esperados. Em contrapartida, houveram várias dificuldades na realização desta atividade,
sendo uma delas a utilização do software, a diminuição dos erros e a precisão das medidas
efetuadas, devido também, sendo sincero, à inexperiência na utilização de instrumentos de
ótica.
Tendo isto em conta, verificamos que um ponto positivo a retirar desta atividade é o
facto de aprender a trabalhar com instrumentos de ótica, aliando a teoria à prática para obter
resultados úteis e esse objetivo foi cumprido.