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1 FÍSICA EXPERIMENTAL AII – UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

BIRREFRINGÊNCIA
Ítalo de Almeida Oliveira
2016436306

INTRODUÇÃO
Alguns materiais são opticamente anisotrópicos, ou seja, apresentam índices de refração
diferentes conforme a direção de propagação da luz incidente sobre eles. Nestes casos temos
uma diferença de fase apresentada pela componente elétrica da luz que causa o efeito de
duplicidade da imagem, sem muita nitidez, como mostra a figura 01 abaixo.

Figura 1- Efeito de birrefringência da Calcita

A causa dessa birrefringência pode ser melhor esquematizada conforme a figura 02, onde os
raios passam por uma diferença de fase devido a anisotropia óptica (índices de refração
diferentes para direções diferentes) do material aliada a espessura d do mesmo material.

Figura 2- Desenho esquemático referente a diferença de fase entre os raios

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Pode-se estudar o efeito da birrefringência dos materiais tomando como variáveis a espessura
“d” do material, o ângulo de incidência da luz, o próprio comprimento de onda da luz.

Outra análise a ser feita é o efeito do conjunto material birrefringente com lentes polarizada, que
dependendo do ângulo desta lente polarizada pode-se cancelar completamente a luz incidente ou
permitir a passagem dela com maior ou menor intensidade, sendo assim podendo até cancelar o
efeito da birrefringência.

PARTE EXPERIMENTAL
Objetivos
- Investigar fenômenos de birrefringência em calcita e acrílico;
- Estudar efeitos de placas de ½ e ¼ de onda.
Os materiais que serão usados: cristal de calcita, placas de 1/2 onda, placas de 1/4 de onda,
polarizadores com goniômetro, laser, anteparo.

EXPERIMENTO 01
BIRREFRINGÊNCIA EM UM CRISTAL DE CALCITA

Ao desenhar uma cruz em uma folha de papel branco e colocar sobre esse papel um cristal de
calcita percebemos que essa cruz é duplicada, tendo duas linhas verticais e duas linhas
horizontais. À medida que se gira esse cristal observa-se que ao girar em 45 graus percebe-se
que uma das linhas da cruz deixa de ficar duplicada enquanto a outra permanece dupla. Ao girar
mais 45 graus volta ao desenho da cruz duplicada e girando mais 45 graus percebe-se que o
outro eixo da cruz deixa de ser duplicado.

Repetindo esta mesma experiência, porém com um polarizador por cima da calcita, nota-se que
iniciando de um ângulo 0, nota-se a cruz duplicada, porém quando se gira o polarizador em 45
graus o desenho da cruz volta ao original, ou seja, uma linha na vertical e outra na horizontal.
Girando mais 45 graus o desenho da cruz volta a ficar duplicado.

Este fenômeno pode ser explicado pela birrefringência e polarização da luz. No caso da Calcita,
o material apresenta um índice de refração diferente conforme a direção, basta pensar que o
cristal tenha dois eixos de refração e as componentes da luz incidentes resultam na imagem
duplicada. Ao girar o cristal fazendo com que um dos eixos de refração coincida com um dos

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eixos da cruz, nota-se que neste caso, este eixo coincidente inibe o efeito da duplicação da
imagem apenas para esse eixo, permanecendo duplicada o desenho do outro eixo da cruz.

Ao colocar o polarizador, em um ângulo tal que os eixos de refração do cristal coincidam com
os eixos da polarização, o polarizador só permitirá a passagem do raio solar nesta direção
anulando completamente o efeito da birrefringência, por isso nessa direção visualiza-se o
desenho da cruz original.

PLACAS DE MEIA ONDA E UM QUARTO DE ONDA

As placas de meia onda (λ/2) e um quarto de onda (λ/4) são materiais birrefringentes que, se
combinados com polarizadores podem funcionar como componentes ópticos que eliminam a luz
incidente.

Uma combinação interessante é como duas placas de λ/4 podem ser dispostas a resultar no
mesmo efeito que uma placa de λ/2 provoca quando se encontra entre dois polarizadores, o qual
recebe a incidência de um dos lados pelo laser. Vamos supor que se uma placa de meia onda,
for girada de um ângulo ϴ em relação ao polarizador P1, o que recebe diretamente a incidência
do laser, o estado de polarização resultante será de 2ϴ. Para buscar este mesmo efeito com duas
placas de λ/4, basta que coloque as duas placas em série, entre os polarizadores, e as gire de
mesma angulação ϴ em relação ao polarizador P1, logo o resultado verificado para anulação do
raio incidente sobre o anteparo será atingido quando girarmos o polarizador 2 de (90 graus -2ϴ),
ou seja, o polarizador 2 deverá ficar ortogonal ao estado de polarização resultante.

Agora vamos retornar a montagem de uma placa de meia onda (λ/2) entre dois polarizadores
com direções cruzadas entre sim, sempre buscando a anulação da incidência do laser, será
criada uma tabela em que para cada ângulo da placa de meia onda em relação ao polarizador 1
(ϴ1) tenhamos a correspondente do ângulo do campo elétrico mantendo a anulação do feixe
incidente, conforme figura abaixo:

Figura 3- Montagem de dois polarizadores e uma placa de meia onda entre eles

TABELA 01 – POSIÇÃO ANGULAR ϴ1 DA PLACA DE λ/2 X POSIÇÃO ANGULAR VO


VETOR CAMPO ELÉTRICO

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Posição angular ϴ1 da placa Posição angular ϴE do Campo


λ/2 Elétrico
0° 0°
10° 20°
20° 40°
30° 60°
40° 80°

Com os pontos da tabela 01 plotamos o gráfico abaixo, no software OriginPro 8.5, para
encontrarmos uma relação linear entre o deslocamento angular da placa de meia onda (λ/2) e
o ângulo resultante do vetor campo elétrico de forma que mantenha o feixe incidente sobre o
anteparo nulo.

Pelo gráfico acima constatamos que ϴE = 2 ϴ1 como podemos ver pelo coeficiente angular da
reta após ser feita uma regressão linear, portanto ϴE/ ϴ1 = 2.

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EXPERIMENTO 02
Vamos agora estudar a propagação de um feixe de laser em um bloco de acrílico, que apresenta
uma birrefringência devido a tensão mecânica introduzida pelos canos internos no material.

O seguinte aparato foi montado representado pela figura abaixo:

Figura 4- Laser incidindo sobre um polarizador a 45 graus e por uma placa de acrílico.

Com esta posição angular de 45 graus o raio incidente teve suas componentes mostrando
pontos de máximos e mínimos conforme a direção de visão do observador, representado pela
figura abaixo:

Figura 5- Os pontos brancos representam o campo elétrico do feixe de laser orientado perpendicularmente ao plano
da foto e indicam mínimos de intensidade.

Medindo esta distância máxima entre mínimos que chamaremos de “d”, conforme figura
abaixo, poderemos calcular a birrefringência Δn do acrílico:

δ.λ
∆ n=
2. π . d
2. π . λ
∆ n=
2. π . d
−9
632,8 x 10
∆ n=
0,034

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−5
∆ n=0,231 x 10
Conclusão
O experimento teve como objetivo o estudo do fenômeno de birrefringência em placas de
calcita e acrílico. Podemos entender o princípio de funcionamento devido a diferença de fase
sofrida pelos raios incidentes em direções diferentes no mesmo material que, por serem
anisotrópicos e com isso apresentarem índices de refração diferentes conforme a direção
podemos ver o efeito da duplicidade pouco nítida, característica marcante da birrefringência.

Trabalhamos também com o conceito de placa de meia e um quarto de onda, onde em um


conjunto com polarizadores, podemos analisar a relação entre os ângulos de incidência destas
placas com os polarizadores e os ângulos resultantes do vetor campo elétrico, de forma que para
que possa haver a anulação do feixe incidente, o ângulo do polarizador próximo ao anteparo
deveria se deslocar de um ângulo = (90 graus - 2ϴ), sendo ϴ o ângulo formado pelo
deslocamento angular da placa de meia onda em relação ao polarizador 1.

BIBLIOGRAFIA
“Física”, Resnick, Halliday and Krane – Vol.4 - Cap. 42,43.

Física IV – Ótica e Física Moderna, Cap.33 – Natureza e propagação da luz, Seção33.5 –


Polarização, pg. 15-23.

• “Introduction to Moder Optics”, Grant R. Fowles, Dover Publicatios, Inc., New York, Cap. 2.

• “Optics”, Eugene Hecht, Addison-Wesley.

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