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UFPB-UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CCEN-CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA


DF-DEPARTAMENTO DE FÍSICA

Discentes: Humberto Ruffo Bisneto


Joélcio Lopes de Oliveira Junior
Samuel Duarte Gonçalves

Docente: Umbelino de Freitas Neto


Disciplina: Física Experimental II

RELATÓRIO 3 - Campo magnético da Terra

João Pessoa-PB,
01/11/2022
Introdução

“A primeira aplicação tecnológica dos materiais magnéticos foi a bússola, inventada pelos
chineses em torno de 2000 a.C. A bússola tornou-se um instrumento de grande utilidade para os povos
da Ásia e da Europa em seus deslocamentos, e também serviu para aguçar a curiosidade dos
cientistas”. [1]
“Podemos falar de meridiano magnético como a projecção, na superfície da Terra, das linhas
de força do Campo Magnético. A declinação pode ser definida como o ângulo que em cada ponto o
meridiano geográfico faz e o meridiano magnético. A inclinação será o ângulo dessas linhas de força
com o plano que é tangente à Terra no ponto de observação. Uma inclinação de 90o corresponde ao
polo magnético norte, da mesma maneira que uma inclinação de -90o corresponde ao polo magnético
sul. O equador magnético é constituído pelo conjunto dos pontos de inclinação nula.” [2]
Como o campo magnético terrestre é gestado no turbulento núcleo da Terra, as posições dos
pólos norte e sul magnéticos não são fixas, elas variam com o tempo. Hoje, o pólo norte magnético se
encontra a cerca de 500 km de distância e ao sul do pólo norte geográfico. Uma bússola colocada no
polo norte geográfico indicaria, incorretamente, a direção sul. É importante observar que os pólos
norte e sul magnéticos, não são antípodas, isto é, eles não estão em posições diametralmente opostas.
[3]
Sabendo dessas informações, podemos afirmar que o campo magnético consegue orientar
uma bússola, porém quando esta mesma está sob o efeito de outro campo magnético gerado de forma
artificial, podemos ver que a bússola vai atuar de forma que mostre a direção do campo atuante nela
como resultado de uma soma vetorial. Para que se calcule o campo artificial, gerado por bobina,
utiliza-se a lei de Biot e Savart, sendo ela:
µ0*𝑁*𝑖
𝐵= 2*𝑅
(1)

Já para determinar a componente horizontal local do campo magnético terrestre, utilizaremos


a fórmula abaixo:
𝐵𝑏
𝐵𝑡 = 𝑡𝑔θ
(2)

Sendo Bt o campo magnético local da Terra, Bb o campo no eixo da bobina e com isso vai ser
gerado o campo resultando Br, no qual é aquele que será mostrado pela bússola como soma vetorial
dos campos.
Procedimento experimental

Foram necessários os seguintes materiais:

● Bobina
● Bússola
● Fonte de tensão
● Amperímetro
● Régua
● Reostatos
● Cabos de conexão

Para obter bons resultados de metrologia, é importante manter a bobina afastada dos efeitos
de campos magnéticos interferentes, como os gerados por peças de ferro próximos à área de
metrologia. Para encontrar a melhor posição, move-se a bússola sobre a mesa, se houver materiais
magnéticos próximos, a agulha se desviará da direção desejada.
Após a montagem do sistema magnético, mediu-se o diâmetro da bobina com uma régua e foi
obtido o valor médio. A agulha da bússola é alinhada ao sistema norte-sul (0° e 180°) de acordo com a
alça da bobina, e o número de voltas é contado.
A resistência do reostato, como pedido, foi ajustada inicialmente para 90,0Ω e a corrente da
fonte ajustada a 0,1A. Em seguida, calculou-se para dez tensões, variando de 0 a 12V, os valores das
correntes que passam pela bobina e o ângulo de variação da agulha na bússola. Posteriormente,
realizou-se as mesmas medições para resistência de 95,0Ω.
A análise dos dados e estatística foi realizada no programa Origin.

Figura 1 - Sistema elétrico para medição do campo magnético terrestre


Discussão

A bobina utilizada nesse experimento foi medida com um diâmetro externo de 41,5 cm e
diâmetro interno com 38,1 cm, calculando a média aritmética desses valores, foi obtido que o
diâmetro médio da bobina tem 39,9 cm. Sabendo que o raio é metade do diâmetro, essa bobina tem de
raio 19,95 cm.

Tabela 1

A partir da tabela 1, a qual tem os valores obtidos com a resistência de 90 Ω, pode-se calcular
os valores de Bb e tg dos resultados obtidos em sala de aula e dessa forma podendo ser feito o gráfico
que resultará na angulação do campo resultante (Br), apresentado no gráfico 1.

Gráfico 1
Aplicando o método de regressão linear, obtém-se o gráfico 2:

Gráfico 2

Através do método de regressão linear foi determinado que a reta obedece a seguinte equação:

y = 2,0068 * 10-5 x - 1,2527 * 10-6

Sabendo que a componente horizontal do campo magnético da Terra, BT, representa a


inclinação dessa reta, ou seja, o coeficiente angular da equação, é possível apontar que:

BT = 2,0068 * 10-5 T
Tabela 3

A partir da equação 2, calculou-se o valor da componente horizontal do campo magnético da


Terra como o quociente entre a componente BT e tg 𝛉. Dessa maneira, o valor médio de BT foi
equivalente a 1,870 * 10-5 T com desvio padrão de 1,3623 * 10-6, conforme exposto na tabela 3.

A partir da tabela 4, a qual tem os valores obtidos com a resistência de 95 Ω, pode-se calcular
os valores de Bb e tg dos resultados obtidos em sala de aula e dessa forma podendo ser feito o gráfico
que resultará na angulação do campo resultante (Br), pode ser observado no gráfico 3 abaixo:

Tabela 4

Gráfico 3

Aplicando o método de regressão linear, obtemos o gráfico 4:


Gráfico 4

A partir do método de regressão linear, verificou-se que a reta obedece a equação:

y = 2,0401 * 10-5 x - 2,1798 * 10-6

Sabendo que a componente horizontal do campo magnético da Terra, BT, representa a


inclinação dessa reta, ou seja, o coeficiente angular da equação, é possível apontar que:

BT = 2,0401 * 10-5 T

Tabela 5
A partir da equação 2, calculou-se o valor da componente horizontal do campo magnético da
Terra como o quociente entre a componente BT e tg 𝛉. Dessa maneira, o valor médio de BT foi
equivalente a 1,8248 * 10-5 T com desvio padrão de 1,484 * 10-6.
Todos os gráficos foram gerados e executados em programa computacional, Origin, para que
pudesse ter uma maior precisão e o método de regressão linear usado durante a discussão tem uso
muito comum em casos como esse, pois utiliza como base o método de completar quadrados.

Conclusão

Comparando os valores obtidos nas resistências de 90,0 Ω e 95,0 Ω, pode ser notado que os
resultados do método da regressão linear são próximos aos obtidos pelo cálculo da equação 2. Para a
resistência de 90,0 Ω, foram encontrados os valores de BT = 2,0068 * 10-5 T e BT = 1,870 * 10-5 T nos
métodos de regressão linear e cálculo a partir de BB e tg, respectivamente. Já para 95,0 Ω, foram
encontrados os valores de BT = 2,0401 * 10-5 T e BT = 1,8248 * 10-5 T nos métodos de regressão
linear e cálculo a partir de BB e tg, respectivamente.
Os desvios padrões calculados tiveram um aumento com o aumento da resistência, dessa forma
podendo afirmar que os resultados da resistência menor foram mais precisos que da resistência maior.
A leve diferença obtida nos resultados pode ser decorrente a um leve descalibramento experimental
que é aceitável, pois os equipamentos utilizados não são novos.
Com os conhecimentos prévios obtidos em relação a magnetismo e circuitos, pode-se fazer os
cálculos dos valores descritos para as componentes horizontais do campo magnético.

Referências

1 -. REZENDE, Sergio Machado. Magnetismo na terra brasilis. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 22,
n. 3, 2000.

2 - MIRANDA, Jorge Miguel de. Introdução ao geomagnetismo. Universidade de Lisboa. 100p, 2011.

3 - ONODY, Roberto Nicolau. Sobre o campo magnético criado pela Terra, pelo homem e pelas estrelas. 2022.

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