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Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Faculdade de ciências – Campus Bauru

Determinação do campo Magnético da Terra

Felippe Folegatti - 211025488

João Vitor D. Pulido - 201024039

Luara de A. Gonçalves - 201026775

Luana Egea Monteiro - 201024357

Pedro Altero Parra - 201026341

Bauru, 2023
1. Introdução Teórica

Campo Magnético é um efeito que ocorre ao redor de um ímã ou carga magnética. Ele
é detectado pela força que exerce em cargas elétricas em movimento, ou em materiais
magnéticos. Ele se trata de um campo vetorial, ou seja, em qualquer lugar do espaço possui
módulo, direção e sentido. O campo magnético terrestre é importante para evitar a entrada de
partículas vindas do Sol e possibilita a existência das bússolas. Esse campo magnético é
gerado por correntes elétricas devido ao movimento das correntes de convecção de uma
mistura de ferro e níquel fundidos no núcleo externo da Terra: essas correntes de convecção
são causadas pelo calor que sai do núcleo, um processo natural chamado geodinamismo. A
agulha imantada de uma bússola aponta para o norte geográfico, pois o campo magnético
gerado pela agulha alinha-se ao campo magnético terrestre. Assim como mostra a Figura
abaixo:
Figura 1: Representação do campo magnético terrestre.

Fonte: https://www.infoescola.com/fisica/campo-magnetico-da-terra/

A Terra é um ímã gigante, portanto, produz campo magnético. O campo magnético da Terra
foi descrito pelo inglês William Gilbert (1544 - 1603), com o uso da “terella”, um ímã
esférico sobre o qual era apoiada uma agulha. A magnitude do campo magnético da Terra em
sua superfície varia de 25 a 65 microteslas (0,25 a 0,65 gauss).
A forma analítica de se obter o vetor campo elétrico B próximo a uma corrente I é dada pela
lei de Biot-Savart:
µ0 𝑑𝑙 × 𝑟
𝐵= 4π
∫ 𝐼 𝑟²
𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜

Onde, µ0 é a permeabilidade magnética no vácuo, I é a corrente elétrica, r é a distância entre

o corpo e o ponto onde estamos calculando o campo magnético B, o vetor dl é tangente ao


fio, sempre no sentido da corrente, o vetor unitário r aponta do fio para o ponto onde estamos
calculando o campo magnético.
Ela é uma extensão da Lei de Ampère, que é válida apenas para simetria de alta simetria,
enquanto a Lei de Biot-Savart é aplicável a qualquer configuração de corrente elétrica.
A equação da Lei de Biot-Savart é geralmente escrita na forma integral e pode ser usada para
calcular o campo magnético (B) em um ponto específico em função da corrente elétrica que
flui ao longo de um caminho.
Para saber o sentido da corrente pode-se usar a regra da mão direita.

2. Objetivo

O objetivo deste experimento é o de determinar a magnitude do campo magnético da


Terra na sala de aula. Para esse feito, foram realizados dois experimentos. A primeira parte, é
para determinar as componentes vertical e horizontal do campo magnético da Terra usando o
sensor de efeito Hall. A segunda, é sobre a determinação da componente horizontal usando
um par de bobinas de Helmholtz.

3. Materiais

Para a realização deste experimento, foram utilizados:


- Um sensor de Vernier;
- Uma bússola;
- Um computador com o software Logger instalado com o intuito de se obter os dados
advindos do sensor.
Para a segunda parte do experimento foram adicionados ao sistema:
- Um conjunto de bobinas de Helmholtz;
- Uma fonte para regular a corrente nas bobinas;
- Um multímetro para se ajustar a corrente de forma mais precisa.

4. Procedimento Experimental

4.1. Experimento 1- Determinação das componentes vertical e horizontal


usando o sensor de efeito Hall

Para a componente horizontal:

Utilizando o sensor Vernier, que se baseia no efeito Hall, para medir as componentes
verticais e horizontais do campo magnético da Terra no local do laboratório.
Ajustando primeiramente a bússola tal que obtemos a direção da componente horizontal com
o sensor Vernier no plano horizontal, foi apontado o sensor na direção perpendicular à
componente horizontal de Bterra e em seguida zerado o sensor no software. Foi feito o giro do
sensor 360° com o passo de 15° e consequentemente o registro de cada leitura.

Figura 2 - Montagem da primeira parte do experimento.

Fonte: autores.
Para a componente vertical:
Utilizando o mesmo sensor Vernier, que se baseia no efeito Hall e o alinhamento
norte-sul das medidas na horizontal, posicionamos o suporte de tal maneira que é possível
movimentar o sensor na vertical.
Girando o sensor em 180° com o passo de 15° modificando sua inclinação e anotando os
valores no software.

4.2. Experimento 2 - Determinação da componente horizontal usando um


par de bobinas de Helmholtz
Para a determinação da componente horizontal do campo magnético terrestre
utilizou-se do auxílio das bobinas de Helmholtz. Para o início do experimento,
posicionou-se as bobinas de Helmholtz de modo que entre elas formasse uma distância de
10 cm, com ambas já alinhadas (com mesma altura, de modo a ficar igual). Conectando as
bobinas à uma fonte, um multímetro associado em série de modo a aferir a corrente e uma
resistência (Figura 2).

Figura 3 - Montagem da segunda parte do experimento.

Fonte: autores.
Na primeira parte das medições, foi colocada uma bússola bem no centro dos 10 cm
em relação à distância horizontal das bobinas e com altura correspondente ao centro delas,
ajustando a bússola de forma que seu ponteiro atingisse o ponto de 0 graus e as bobinas
estivessem paralelas ao eixo da bússola. Dessa forma, foi aumentando a corrente na fonte
de modo que a bússola atingisse aproximadamente 15º em relação à posição inicial do
ponteiro, anotando a corrente correspondente. Em seguida procurou-se atingir
aproximadamente 30º, em seguida, 45º, 60º e 75º. Foram realizados deslocamentos do
ponteiro para os sentidos horário e anti-horário, invertendo a polaridade da fonte.
Na segunda parte das medições, tirou-se a bússola e colocou-se o sensor de efeito Hall
no lugar, de modo a aferir os valores de campo através do software. Para determinar o
valores de campo nas correntes adquiridas na primeira parte, ligou-se a fonte e foi
variando seu valor de modo que se conseguisse os mesmos valores de corrente da primeira
parte para comparação.

Figura 4 - Medição com do campo magnético no centro das bobinas.

Fonte: autores.

5. Resultados e Discussão
5.1. Experimento 1
Os dados coletados foram, organizados em uma tabela e plotados, como representados
pela figura 5, ela, mostra o comportamento esperado, ou seja, algo próximo de uma
senoidal, isso significa que o campo da terra é representado pelo pico máximo e mínimo
da curva, ≈ 0.0185 ± 0.008 mT e ≈ -0.0184 ± 0.008 mT, respectivamente.

Figura 5 - Gráfico do campo na horizontal pelos ângulos de coleta.

Fonte: autores.

Para os dados coletados na vertical, também foi organizado um gráfico que relaciona
os valores de campo coletados para os respectivos ângulos de coleta. Para esta coleta, os
pontos máximos, diferentemente, do anterior representam o que seria o campo total( da
Terra). No entanto, para o valor do campo vertical usa-se o valor de campo relativo ao
ângulo de 180°, ou seja, a componente vertical do campo, respectivamente, ≈ 0.0140 ±
0.004 mT.

Figura 6 - Gráfico do campo na horizontal pelos ângulos de coleta.


Fonte: autores.

Com ambas as componentes coletadas, tanto a vertical como a horizontal, pode-se


propor que a soma vetorial dessas componentes, que resulta no campo total no local das
medidas, no caso, ≈ 0.0231mT.
Ao comparar os valores com os adquiridos do software NOAA( ≈ 0.0227mT),
obtivemos um erro de aproximadamente 2% de erro. Realizando uma análise mais
rebuscada obteve-se então, que o campo total observado no local foi de ≈ 0.0231 ± 0.006
mT.
Para se obter esse valor de erro, primeiramente foram determinados os erros de cada
etapa de medida, calculados pelo excel na função regressão. Com os valores de erro
associados a cada etapa de medida foi feita a propagação de erro adequada, portanto,
resultando em ± 0.006 de erro para o campo total da Terra.

Figura 7: Valores do campo real da terra medido pelo site NOAA


Fonte: Site NOAA

5.2. Experimento 2

Através do procedimento experimental do experimento 2, pôde-se adquirir os valores


de deflexão da bússola conforme a Tabela 1 para sentido horário e a Tabela 2 para sentido
anti-horário, nestas mesmas tabelas, pode-se encontrar os valores de corrente em ampére,
o valor do campo magnético medido pelo sensor Hall e a tangente do ângulo em radianos
relacionada com cada ângulo em graus.

Tabela 1: Ângulo da bússola defletido, a corrente correspondente e o campo magnético resultante Bs


correspondente no sentido horário

Ângulo (º) Corrente (A) Tg Ângulo Campo dado a corrente - Bs (mT)


14 0,07 0,2493280028 0,0071
29 0,13 0,5543090515 0,0149
44 0,22 0,9656887748 0,0229
60 0,39 1,732050808 0,0427
76 0,88 4,010780934 0,0896
Fonte: autores.

Tabela 2: Ângulo da bússola defletido, a corrente correspondente e o campo magnético resultante Bs


correspondente no sentido anti-horário.

Ângulo (º) Corrente (A) Tg Ângulo Campo dado a corrente - Bs (mT)


16 -0,08 0,2867453858 -0,0079

31 -0,13 0,600860619 -0,0115

44 -0,19 0,9656887748 -0,0193

62 -0,36 1,880726465 -0,0353

74 -0,64 3,487414444 -0,0622


Fonte: autores.

Pode-se perceber também que, os valores de campo e corrente para o sentido


anti-horário da bússola teve um sinal negativo na frente do número, dado à inversão da
polaridade da fonte.

Figura 8 - Esquema feito a mão livre dos ângulos do campo terrestre e das bobinas.

Fonte: autores.
Para a determinação o valor do campo magnético terrestre horizontal, pode-se utilizar
a figura 8 como parâmetro, nela, há a presença de um esquema do aparato experimental
em forma de desenho de mão livre realizado pelos autores (com a observação de ser
apenas uma representação sem nenhuma escala relacionada), onde, está localizado as
bobinas de Helmholtz com sua determinadas espiras sendo as linhas na vertical, há uma
linha tracejada ao meio das espiras para indicar o centro delas, tendo em visto que esta
representação está sendo vista de cima para baixo, já que, assim como descrito nos
procedimentos experimentais, sem a presença de tensão nas bobinas o ponteiro da bússola
se manteve paralela às bobinas. Há também, a presença de três vetores em cores
diferentes, sendo azul (Bs) para o campo magnético produzido pela corrente nas bobinas,
um rosa (Bt) sendo o campo magnético terrestre horizontal e um roxo na qual é a
combinação vetorial dos vetores azul e rosa.
Dado o esquema dos vetores Bs e Bt, pode-se obter através da figura 6 também, as
seguintes relações matemáticas acerca da determinação da componente horizontal do
campo magnético terrestre:
𝐵𝑠
𝑇𝑔 (θ) = 𝐵𝑡
(1)

Assim, isolando o valor do campo Bs, tem-se:

𝐵𝑠 = 𝐵𝑡 . 𝑇𝑔 (θ) (2)

Dessa forma, pode-se relacionar com a expressão da equação da reta

𝑦 = 𝑎. 𝑥 + 𝑏 (3)

Sendo assim, ao plotar um gráfico de Bs versus Tangente do ângulo e obter a equação


de reta do gráfico, pode-se obter o valor do Bt através do coeficiente angular da reta e o
valor de x sendo o valor da tangente do ângulo. Os gráficos vistos nas figuras 9 e 10
demonstram a plotagem no sentido no sentido horário e anti-horário.

Figura 9 - Bússola sentido horário, com o campo resultante Bs e a tangente do ângulo de deflexão do
ponteiro da bússola.
Fonte: autores.

Figura 10 - Bússola sentido anti-horário, com o campo resultante Bs e a tangente do ângulo de deflexão do
ponteiro da bússola.

Fonte: autores.

É possível visualizar no gráfico mostrado na figura 9 do sentido horário da bússola


que a equação obtida foi:
−03
𝑦 = 0, 0219 . 𝑥 + 2, 55 . 10 (4)
Através da interpretação já obtida anteriormente sobre a equação da reta do gráfico,
tem-se que o valor do campo magnético horizontal terrestre é 0,0219 mT. Já para a
equação da figura 10, do sentido anti-horário, tem-se que:

−03
𝑦 = 0, 0172 𝑥 + 2, 37 . 10 (5)

Percebe-se que através da equação 5 que o valor da componente horizontal terrestre é


no valor de 0,0172 mT. Dessa forma, pode-se visualizar que o valor do campo magnético
horizontal terrestre para os sentidos anti-horário e horário da bússola teve uma variação
entre si de 0,0047mT, através da expressão (6):

𝐷𝑖𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛ç𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑐𝑎𝑚𝑝𝑜𝑠 𝐵𝑡 = 0, 0219 − 0, 0172 = 0, 0047 (6)

Quando coloca-se a bússola ao centro das bobinas sem a passagem de corrente


pode-se perceber que há um valor de campo magnético presente com o ângulo zero do
−3
ponteiro, que no sentido horário é 2, 55 . 10 mT e no sentido anti-horário é no valor de
−3
2, 37 . 10 mT, percebe-se que foram números parecidos com uma diferença entre eles de
−3
0, 18 . 10 mT.

6. Conclusão

Pode-se concluir que, no experimento 1 sobre a determinação da componente


horizontal e vertical do campo e a somatória deles, teve-se que a somatória das
componentes foram de ≈0.0231mT, porém ao comparar os valores com os adquiridos no
software NOAA(≈0.0227mT), obteve-se um erro de aproximadamente 2%. Dessa forma,
obteve-se então, que o campo total observado no local foi de ≈0.0231 ± 0.006 mT, erros
calculados pelo excel na função regressão, resultando em ±0.006 de erro para o campo
total da Terra.
Na experimento 2, teve-se que o valor do campo magnético horizontal terrestre é
0,0219 mT no sentido horário e no sentido anti-horário é no valor de 0,0172 mT, com uma
diferença entre si de 0,0047mT, valores obtidos através das equações dos gráficos da
relação do campo magnético Bs e a tangente do ângulo de deflexão da bússola, para os
casos do ponteiro ir no sentido horário e anti- horário. Quando colocou-se a bússola ao
centro das bobinas sem a passagem de corrente, perceber que há um valor de campo
−3
magnético com o ângulo zero do ponteiro, que no sentido horário é 2, 55 . 10 mT e no
−3
sentido anti-horário é no valor de 2, 37 . 10 mT, percebe-se que foram números
−3
parecidos com uma diferença entre eles de 0, 18 . 10 mT.
Pôde-se perceber que houve erros de medidas principalmente no experimento 2, com
a variação de corrente e variação do campo magnético, ao utilizar um multímetro pôde-se
ter a noção do valor da corrente com mais exatidão em relação à fonte, porém, ao usar um
multímetro com mais algarismos significativos o experimento poderia ser mais preciso,
reduzindo o intervalo de imprecisão.
Uma outra coisa notada pelos experimentadores foi o fato de uma das bobinas de
Helmholtz estarem “tortas”, foi realizado a tentativa de arrumação porém sem sucesso.
Relacionado as bobinas, uma outra forma de minimizar erros seria colocar um papel
milimetrado com a marca da circunferência das bobinas nas bobinas para ajudar a
determinar o centro delas com mais exatidão, isso vale também para o eixo horizontal.

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