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MEDIÇÃO DA ACELERAÇÃO DA GRAVIDADE LOCAL

Estevão Noleto Bueno, Filipe Bueno Camargo, Gabriel Kuramoto Gusmão, Matheus Hohl Maffra
Magalhães Pereira

Física Experimental II, Turma B


Prof. Dr. Giovanni Piacente

RESUMO
Neste relatório, determina-se a obtenção indireta da aceleração gravitacional local através do
experimento com pêndulo simples, por meio da medição direta do comprimento do fio e do período de
oscilação do pêndulo e compara-se o resultado obtido com o valor de referência sugerido pelo IBGE.
Nesse sentido, realizou-se a medição de cinco comprimentos (𝑙) diferentes da corda do pêndulo e
registrou-se 10 períodos de oscilação (τ) para cada um desses comprimentos. Desse modo, realizou-se
a regressão linear ponderada por meio da transferência de incertezas e chegou-se ao resultado de
𝑔 = (10, 049 ± 0, 040)𝑚/𝑠².

I. INTRODUÇÃO Assim, a equação deixa claro que o movimento


independe das massas, contudo a equação diferencial
O objetivo deste experimento é medir indiretamente a não pode simplesmente ser resolvida por métodos
aceleração da gravidade local, que está relacionada convencionais. No entanto, se α < 1, sen(α)
com o Peso, podendo ser descritos pela equação de aproximadamente igual a α chega-se a expressão:
Newton (1). A força gravitacional de atração exercida
pela Terra sobre qualquer corpo, que depende das 𝑑²𝑥
massas e distâncias dos objetos. Objetos maiores 𝑑𝑡²
+ 𝑘𝑥 = 0
possuem uma força de atração maior e quanto mais a solução é um movimento harmônico, com períodos
distante, mais fraca é essa atração. Sendo, um corpo onde T= 2π/ω e a frequência angular será igual a 𝑘.
de massa 𝑚 sofre atração pela Terra (𝑚𝑇) pode ser 𝑔
ω=
expressa em função da constante de gravitação 𝑙

universal 𝐺, da distância 𝑟𝑇 de um corpo centralizado Assim, podemos relacionar a gravidade local g com o
período de oscilação T ao comprimento do fio.
na Terra e da altura ℎ em relação à superfície da 𝑙
Terra. 𝑔(𝑙, 𝑇) = 4π² 𝑇²

II. MATERIAIS E MÉTODOS


𝑚𝑇𝑚
𝐹=𝐺 (𝑟𝑇+ℎ)²
(1) Para a realização deste experimento, foram utilizados
um suporte em L com hastes móveis, um fio fixado
Um pêndulo simples experimental é um dispositivo
na ponta de uma das hastes e um peso metálico
que consiste em uma massa suspensa por um fio ou
amarrado na extremidade oposta do fio, conforme a
haste, que oscila em torno de um ponto de equilíbrio.
Figura 1. Para a medição do comprimento (𝑙) do fio,
O pêndulo simples consiste em um fio ou haste, uma
utilizou-se uma fita métrica com resolução
massa para ser pendurada no fio ou haste, uma base
ou suporte para fixar o fio e uma régua para medir o ∆𝑟 = 0, 001𝑚. Além disso, para o registro do
período de oscilação do pêndulo. O pêndulo se período de oscilação do pêndulo, utilizou-se um
movimenta sob a ação exclusiva da força peso, desta sensor fotoelétrico o qual é ativado pela passagem do
forma adota-se uma hipótese fundamental do modelo, peso entre os sensores e computa o período, com uma
que é a desconsideração de todas as forças de atrito. resolução de ∆𝑟 = 0, 0001𝑠. Contudo, ao buscar
De acordo com a segunda Lei de Newton as resultados mais satisfatórios, o método de medição
acelerações radial e tangencial é em nosso caso uma deve restringir o lançamento do pêndulo a um ângulo
derivada. de no máximo 10°.
𝑑²α 𝑔
𝑑𝑡²
+ 𝑙
𝑠𝑒𝑛(α) = 0
Figura 1 - Ilustração dos Materiais e Método utilizados no
experimento.
linear ponderada. Sendo assim, tem-se os seguintes
dados relatados na Tabela 1:

Tabela 1 - Ilustração dos Materiais e Método utilizados no


experimento.

N 𝑙(𝑚) σ𝑙(𝑚) 2 2
τ (𝑠 )
2
σ 2(𝑠 ) σ𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠
τ

1 1,32000 0,00058 5,35992 0,00081 0,0024

2 1,37000 0,00058 5,53143 0,00040 0,0023


Com a bancada montada, o experimento deve ser
realizado a partir da medição de 10 oscilações para 3 1,42000 0,00058 6,14891 0,00037 0,0023
cada comprimento 𝑙 do fio. A partir da comparação
entre o menor e o maior valor de cada uma das 4 1,45000 0,00058 5,83923 0,00036 0,0023
grandezas medidas, realizou-se o cálculo da flutuação 5 1,52000 0,00058 6,14475 0,00054 0,0023
∆𝑓 = ((𝑦𝑚á𝑥. − 𝑦𝑀í𝑛.)/2). Desse modo, é possível
determinar o tipo de incerteza associada à medição da O coeficiente de correlação linear, ou coeficiente de
seguinte maneira: para ∆𝑓 > ∆𝑟 a incerteza é dada Pearson 𝒓, é um indicador utilizado para avaliar o
como do tipo A, caso contrário ∆𝑓 ≤ ∆𝑟 ou para grau de ajuste dos pontos (𝑥𝑖, 𝑦𝑖) em relação à reta de
regressão linear. O valor de 𝑟 varia de -1 a 1, sendo
medições realizadas apenas uma única vez, têm-se que valores próximos a ±1 indicam que os pontos
uma incerteza do tipo B. Por fim, a incerteza do tipo estão próximos a alguma reta, enquanto valores
C é dada pela propagação de mais de um tipo de próximos de 0 indicam que esses pontos não
incerteza, portanto, quando é tida de forma indireta. apresentam correlação e possuem pouca ou nenhuma
Observando-se os dados coletados, os tempos de tendência de se ajustarem à reta.
oscilação relacionados ao período (τ) apresentam O cálculo da regressão linear simples, apresentou os
incerteza do tipo A, e os valores do comprimento (𝑙) seguintes valores de A e B:
do tipo B. Avaliando-se os dados coletados,
σ
percebe-se que a incerteza relativa µ de ambos A = (0,1466 ± 0,0090) 𝑠²
parâmetros são da mesma ordem. Desse modo, a B = (3,9959 ± 0,0066) 𝑠²𝑚−1
decisão quanto à determinação da variável
dependente e independente é indiferente. Portanto, Já o cálculo da regressão linear ponderada,
2
definiu-se (τ ) como a variável independente (𝑦). apresentou os seguintes valores de A e B:

Os parâmetros A e B foram calculados, Ap = (0,159 ± 0,022) 𝑠²


primeiramente, através de uma regressão linear
simples. Ao encontrar os valores de A, B e suas Bp = (3,929 ± 0,016) 𝑠²𝑚−1
incertezas, realizou-se a transferência das incertezas Contudo, não foi feito novamente a regressão
para realização de uma regressão linear ponderada, ponderada pois o teste comparativo do valor de |𝐴𝑛+1
aprimorando-se o ajuste da reta aos pontos. − 𝐴𝑛| ≤ 𝜎𝐴𝑛+1 resultou em 0,0124 𝑠² e atende a
O teste de compatibilidade para este experimento, condição.
trata-se de um cálculo comparativo do valor teórico Assim o valor de g pode ser encontrado
da aceleração da gravidade na Terra, dado pelo IBGE, através da relação entre Bp e sua incerteza, a
e o valor encontrado no laboratório por meio deste gravidade local obtido pelo experimento foi:
experimento. Como padrão, adota-se o fator de
abrangência 𝐾 ≤ 1. 4π² 𝑑𝑔
𝑔= 𝐵
σ𝑔 = (( 𝑑𝐵 )² * σ𝐵²
III. RESULTADOS
−2
𝑔 = (10, 048 ±0, 0, 040) 𝑚𝑠
Com os dados coletados, realizou-se todo o processo
para a construção da regressão linear simples. Após
isso, realizou-se a iteração de transferência das
incertezas com o objetivo de calcular-se a regressão
IV. DISCUSSÕES

Após descoberto o valor da gravidade experimental


do local g = (10,049 ± 0,040) m/s² foi utilizado o
teste de compatibilidade em relação ao valor da
gravidade teórica g = (9,782028 ± 0,000023) m/s².
Percebemos que é incompatível para K=1, posto que
o K assumiu o valor de 2,74. Isso decorre pela
presença de erros como o tempo de reação dos
medidores do cronômetro entre outros.

V. CONCLUSÃO

O objetivo de determinar a aceleração da gravidade a


partir do processo de regressão linear com dados
experimentais medidos para diferentes valores de l e
T foi alcançado de forma bem sucedida, uma vez que
chegou-se a um resultado de g. Mesmo não atingindo
a compatibilidade com valores referenciais
pré-estabelecidos.

Ao analisar o resultado do teste de compatibilidade,


inferimos que o valor alcançado se aproxima de K=1,
portanto, podemos afirmar que pode haver a presença
de erros grosseiros causado por falha humana na
operação do instrumento; erros sistemáticos em que
suas causas não são devidamente conhecidas e os
erros acidentais em que o operador não consegue
repetir os mesmos resultados no experimento.

V. REFERÊNCIAS

[1] HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J.


Fundamentos de Física, volume 2: gravitação,
ondas e termodinâmica. 9 ed. Rio de Janeiro.

[2] MELO, AB. Anexo II: Cálculo de Incerteza de


Medição. BRASIL: Repositório - Enap. Disponível
em:
<https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/6687/14/
aula3-calculo_de_incerteza.pdf>. Acesso em 21 nov
2022.

[3] G. Piacente. Física experimental II: Notas


Introdutórias. UFG, Goiânia (2022).

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