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AS CURVAS DOS DISJUNTORES

TERMOMAGNÉTICOS & SUAS


CARACTERÍSTICAS DE CORRENTE DE
CURTO-CIRCUITO

Nesse artigo serei mais generalista e não entrarei na ceara de todos os disjuntores que existem no
mundo. A descrição está focada apenas nos disjuntores comuns, adquiríveis em qualquer loja de
material elétrico.
Para tal, temos basicamente 3 tipos de disjuntores: Térmico, Magnético e Termomagnético. Cada tipo
tem uma aplicação, focaremos apenas no princípio de funcionamento e características de disparo.
A norma que regulamenta as curvas características dos disjuntores é a ABNT NBR NM 60898. Temos
basicamente três tipos de curvas: Tipo B, Tipo C, Tipo D. Essas curvas definem o tipo de carga elétrica a
se proteger e o tempo de atuação.
As cargas elétricas podem ter comportamento do tipo resistivo ou indutivo. Durante o
dimensionamento, essa é a característica a ser levada em conta, pois a corrente instantânea, que pode
sobrecarregar o circuito. Esta corrente define a curva ideal do disjuntor a ser dimensionado.
Lembrando que estas características de curvas instantâneas variam no exato momento em que o
circuito é energizado, isso pode sobrecarregar e aquecer os cabos, os barramentos, os equipamentos e
assim por diante.

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CURVAS DE DESLIGAMENTO DE DISJUNTORES
Sucintamente, a curva dos disjuntores determina o tipo e o tempo de disparo da proteção. Para cada tipo de carga
foi estipulado uma curva de ruptura para o disjuntor e essas curvas foram separadas em categorias. Além do
período de tempo as curvas de rupturas estipulam o quanto maior essas correntes podem ser em relação às
correntes nominais.

CURVA DO TIPO B;
No disjuntor de curva B, a corrente instantânea suportada será de 3 a 5 vezes a corrente nominal, logo, se
tivermos um disjuntor de 10A, ele irá suportar uma corrente instantânea de no máximo 50A.
Este disjuntor é utilizado para realizar a proteção de cargas resistivas como os chuveiros elétricos, aquecedores,
proteção de tomadas de uso geral e assim por diante.
Uma corrente igual a 3xIn é passada através de todos os polos a partir do estado frio. Assim sendo, o tempo de
abertura deve ser maior ou igual a 0,1s.
Uma corrente igual a 5xIn é passada através de todos os polos a partir do estado frio. Neste caso, o disjuntor deve
atuar em um tempo menor que 0,1s.

CURVA DO TIPO C;
No disjuntor de curva C, a corrente instantânea suportada será de 5 a 10 vezes a corrente nominal da carga, logo,
se tivermos um disjuntor de 10A ele irá suportar uma corrente instantânea de no máximo 100A.
Estes disjuntores serão utilizados em proteção de cargas indutivas que exijam correntes de partidas “medianas”. É
o caso de motores, compressores, ar condicionado, motor de bomba de piscina, reatores de lâmpadas
fluorescentes bombas de poço artesiano e cargas indutivas similares.
Uma corrente igual a 5xIn é passada através de todos os polos a partir do estado frio. Assim sendo, o tempo de
abertura deve ser maior ou igual a 0,1s.
Uma corrente igual a 10xIn é passada através de todos os polos a partir do estado frio. Neste caso, o disjuntor
deve atuar em um tempo menor que 0,1s.

CURVA DO TIPO D;
No disjuntor de curva D, a corrente instantânea suportada será de 10 a 20 vezes a corrente nominal, logo, se
tivermos um disjuntor de 10A ele irá suportar uma corrente instantânea de no máximo 200A de corrente
instantânea. Estes disjuntores serão utilizados por sua vez na proteção de grandes cargas indutivas como motores
de grande porte, transformadores mais robustos, motores síncronos de carga pesada, um exemplo são as
máquinas de solda.
Uma corrente igual a 10xIn é passada através de todos os polos a partir do estado frio. Assim sendo, o tempo de
abertura deve ser maior ou igual a 0,1s.
Uma corrente igual a 50xIn é passada através de todos os polos a partir do estado frio. Neste caso, o disjuntor
deve atuar em um tempo menor que 0,1s.

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Procure sempre utilizar, dispositivos de proteção com a corrente de curto-circuito dimensionada ao seu
projeto elétrico, aplicando conhecimento técnico da forma mais segura possível, evitando assim
possíveis sinistros elétricos na edificação.
Busque sempre conhecer as curvas de rupturas de curto-circuito dos disjuntores para proporcionar a
maior confiabilidade na proteção e seletividade de suas instalações. Isso garantirá segurança aos
circuitos, aos equipamentos e aos usuários. Na dúvida procure sempre um profissional capacitado para
lhe orientar, lembre-se que custa mais barato fazer as coisas na primeira vez, sem dar chance a
prejuízos.

CURIOSIDADES:

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Disjuntor curva do tipo ;
São indicados para circuitos que não podemos ter grandes sobre correntes, como máquinas e
equipamentos hospitalares, industriais ou datacenter. São os disjuntores mecânicos mais sensíveis,
desarmam ente 2 e 3 vezes a corrente nominal, ou seja, um disjuntor Z2, vai desarmar entre 4 e 6 A.
São indicados para circuitos que não podemos ter grandes sobrecorrentes, como máquinas e
equipamentos industriais. Por exemplo, locais onde cabos de 0,34 mm² são usados, disjuntores curva B
e C podem não desarmar. Equipamentos com corrente de partida média e baixa, como CLPs, IHMs e
fontes chaveadas ou equipamentos em paralelo com pouca corrente de partida já são suficientes para
desarmar esses tipos de disjuntores. Se você tenta ligar esses equipamentos mais comuns nesse
disjuntor, com certeza ele atuará de tão sensível.

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Disjuntor de curva do tipo K;
Função: proteção e controle de circuitos como motores, transformadores e circuitos auxiliares, contra
sobrecargas e curtos-circuitos. Vantagens: evita disparos para correntes de pico de até 8xIn. Devido ao
seu disparo térmico mais sensível, a curva característica K oferece proteção para elementos que seriam
danificados por sobrecorrente.

Disjuntores do tipo MA associam-se as seguintes funções: para proteção dos circuitos contra as
correntes de curto-circuito, apto ao seccionamento no setor industrial
segundo a norma ABNT NBR IEC 60947-2, sinalização de desligamento por
falha por sinalização mecânica vermelha na face frontal do disjuntor, devem
ser associados a um dispositivo de proteção contra as sobrecargas para
motor.

Disjuntor Termomagnético e a Corrente de Curto-Circuito


Se você está acostumado a dimensionar um disjuntor apenas pela sua corrente
nominal (In), calculada através da carga demandada, e pela curva de atuação (B, C ou
D), aqui vai mais uma característica do disjuntor muito importante para sua correta
especificação: corrente máxima de curto-circuito (Icn) ou (Icu).
Capacidade nominal de interrupção de curto-circuito (Icn) em um disjuntor
Todos nós sabemos que o Disjuntor
Termomagnético, protege as instalações elétricas
contra sobrecargas (causadas por utilização de
carga do circuito acima da corrente nominal do
disjuntor) e curto-circuitos (quando ocorre um
aumento instantâneo da corrente elétrica).
Devemos lembrar, porém, que os disjuntores
possuem características mecânicas suportáveis ou
não, de acordo com nível de curto-circuito na
instalação elétrica a que se designa. Essas
características mecânicas são definidas pela
capacidade que o disjuntor possui de interromper
uma corrente de curto-circuito (ou corrente de
falta) até um determinado valor específico (3kA,
6kA…20kA etc) no ponto onde foram instalados,
ou seja, no quadro de distribuição secundário ou
na entrada do padrão da concessionária.
Por isso vemos disjuntores com a mesma corrente nominal, 80A, por exemplo, com características
físicas totalmente diferentes, conforme imagem abaixo. Presume que o projetista se não dimensionar os
sistemas de proteções contra corrente de curto-circuito e a interrupção da instalação elétrica da
edificação de forma correta e escolher um disjuntor de capacidade menor de condução de corrente de
curto-circuito fora da especificada pelo o projeto elétrico e substituí o disjuntor por um de menor
corrente de curto-circuito, pode estar aumentando a probabilidade de ocasionar danos físicos se houver
um curto-circuito na instalação, pois, caso o disjuntor não suporte um determinado valor de corrente de
curto-circuito pode até mesmo explodir.

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Imagem 01 - Diferenças físicas entre disjuntores com capacidades de interrupção distintas, porém com mesma corrente nominal (40A).

Como calcular a "Icn" do disjuntor no meu projeto?


Para determinar a capacidade de interrupção do disjuntor, é necessário conhecer o nível de
curto-circuito no ponto de instalação do mesmo. Alguns fatores são determinantes para
conhecer esse nível de curto:
Características do transformador alimentador: geralmente as concessionárias de energia, em
suas respectivas normas técnicas, fornecem a corrente de curto-circuito (Icc) presumida no
secundário dos transformadores, porém caso não forneça, é necessário conhecer a potência do
transformador (em kVA), a tensão de alimentação da instalação e a impedância percentual
típica para trabalharmos com uma corrente de curto-circuito aproximada. Como exemplo
temos:
– transformador com potência de 250kVA trifásico;
– tensão de alimentação da instalação: fase-fase 380V;
– impedância percentual típica: 4% (0,04), consulta na norma ABNT NBR 5356;
Com esses valores em mãos, o primeiro passo é calcular a corrente nominal do transformador
In=(250.000/380.√3) = 380A
Agora temos Icc (trafo) = 380/0,04 = 9,5kA.
Podemos trabalhar com o valor aproximado de Icc calculado para um disjuntor que estiver
próximo ao transformador de distribuição, porém devemos lembrar que essa corrente será
menor já que irão existir as contribuições das linhas ou redes a após o transformador.
Se fossemos desconsiderar essas contribuições, iriamos utilizar um disjuntor de entrada com
capacidade de interrupção de 10kA, já que, a capacidade de interrupção do disjuntor deve ser,
no mínimo, igual à corrente de curto-circuito calculada. ( Iint ≥ Icc ).
Fator de potência de curto-circuito: para cada circuito existe um fator de potência da malha
(loop) da corrente de curto-circuito, esses fatores são determinados de acordo com o cálculo da
corrente de curto-circuito calculada anteriormente, conforme segue abaixo:

Imagem 02 - Fator de Potência da malha da corrente de curto-circuito.

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Comprimento do circuito: sem o comprimento total do circuito fica difícil presumir com mais
precisão o nível de curto-circuito, já que o comprimento é fator importante para limitação do
mesmo. Quanto maior o comprimento do seu circuito que parte do quadro de distribuição,
menor será a corrente de curto-circuito, o mesmo ocorre com o inverso. Daí podemos inferir
que o disjuntor mais próximo do transformador deve ter uma capacidade de interrupção maior,
já que o comprimento entre eles poderá ser menor.
Seção dos condutores: é necessário conhecer a seção dos condutores do circuito, tanto da
alimentação geral, como dos circuitos secundários, informação mais fácil para o projetista que
dimensiona toda a instalação.

CONSIDERAÇÃO IMPORTANTE
O valor da corrente de curto-circuito calculada para o quadro de distribuição deve ser
considerado tanto para o disjuntor geral quanto para os secundários, já que o nível de curto
circuito é calculado para o ponto de instalação, significa que o mínimo de todos os disjuntores
existentes deve ter a mesma capacidade de interrupção. No caso calculado acima, se houvesse
no quadro de distribuição geral dos circuitos secundários, os mesmos circuitos deveriam ter
disjuntores com Icu igual a 10kA. Essa atitude garante que todos os seus circuitos do quadro de
distribuição estão protegidos no ponto do curto-circuito calculado.

Grupo de Comandos Elétricos


Compartilhando Conhecimento!!!
Att: Alexandre

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