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23º Congresso Nacional de Transporte Aquaviário,

Construção Naval e Offshore


Rio de Janeiro, 25 a 29 de Outubro de 2010

Sistema Armazenador de Energia Cinética – SAEC – Simulações e


Implementação Experimental

Marcelo R. Ribeiro (1), Mauricio El-Mann (1), Guilherme G. Sotelo (2), Richard M. Stephan (3), Luis
G. B. Rolim (3) e José L. da Silva Neto (4)
(1) AMRJ – Marinha do Brasil (2) DEE – UFF (3) COPPE – UFRJ (4) DEE – UFRJ

Resumo:
As máquinas elétricas estão presentes em todos os meios navais onde há um sistema de geração
e distribuição de energia elétrica. Dominar técnicas e estratégias de controle e acionamento destas
máquinas é de suma importância para manutenção, e o desenvolvimento de navios com sistemas
e equipamentos mais eficientes.
Este artigo apresenta os resultados das simulações e dos testes experimentais realizados com um
sistema armazenador de energia cinética por volante de inércia, que utiliza uma máquina de
relutância variável para operar como motor/gerador. O protótipo do sistema armazenador de
energia cinética foi capaz de receber/entregar energia da/para rede elétrica, como comprovam os
resultados experimentais.

mecânicas elevadas devido à alta rotação a


1 – Introdução que são submetidas. Estas limitações
encontradas nos SAEC já podem ser
Um Sistema Armazenador de Energia sobrepujadas devido:
Cinética (SAEC), ou simplesmente flywheel,
• ao desenvolvimento de novos
consiste de um volante de inércia que está
materiais compósitos, como fibras de
acoplado mecanicamente a um motor/gerador
vidro e de carbono;
elétrico. O acionamento elétrico tem como
função converter a energia elétrica em • ao emprego de sistemas a vácuo, que
mecânica, quando a demanda do sistema reduzem as perdas por atrito viscoso
elétrico é relativamente pequena (acelerando com o ar;
o eixo), e transformar a energia cinética • à utilização de mancais magnéticos,
armazenada no volante em elétrica, quando que eliminam o atrito por contato;
solicitado. A energia cinética armazenada num • ao avanço da eletrônica de potência,
volante é proporcional ao momento de inércia que permitiu melhor condicionamento
(J) e ao quadrado da velocidade angular (ω), de sinais; e
conforme Equação 1. • à evolução da microeletrônica, que
permitiu sistemas de controle mais
J ⋅ω2 sofisticados e de menor custo.
Ec = (1)
2 Este conjunto de fatores possibilita o
desenvolvimento e a implementação de uma
Logo, um aumento na velocidade angular nova geração de SAECs, que possuem
aumenta consideravelmente a energia desempenho muito superior aos anteriores, e
armazenada no volante de inércia, e a cuja velocidade de rotação pode atingir
densidade de energia do SAEC. Porém, as dezenas de milhares de rpm
perdas em vazio, que são o atrito viscoso com (aproximadamente 60.000 rpm). Desta forma,
o ar e o atrito por contato nos mancais cresce o número de possibilidades para o
mecânicos, serão mais elevadas, prejudicando emprego de flywheels, visto que, esta nova
a eficiência do sistema. Além disto, as partes geração possui densidades de energia e
girantes do sistema devem suportar tensões potência superiores às baterias (Stephan et al.,
2007).
1
Dentre as aplicações para este com os pesados e volumosos sistemas
equipamento, pode-se citar: a vapor;
• alimentação ininterrupta de energia • maior flexibilidade na alocação das
(sistemas UPS); partes do sistema de catapultagem no
• fornecimento de energia extra no caso navio, diferentemente do sistema a
de aumento na demanda; vapor, no qual a maior parte dos
• compensação de afundamentos de equipamentos deve ser localizada
tensão (Samineni et al., 2006); próxima ao convés de vôo, isto é, na
parte superior do casco do navio, o que
• fornecimento de energia em sistemas
prejudica a estabilidade do meio;
aeroespaciais (NASA); e
• menor exigência de manutenção, com
• alimentação de cargas elétricas que
redução do número de pessoas para
demandam pulsos de energia, tais
sua operação e manutenção; e
como, catapultas eletromagnéticas
(Swett et al., 2005) e armas • melhor controlabilidade, visto que no
eletromagnéticas. EMALS há uma malha de
realimentação, o que permite controlar
melhor a energia no lançamento,
2 – Aplicações
diminuindo os custos com manutenção
Os SAEC estão sendo desenvolvidos para das aeronaves, que têm sua fuselagem
aplicações aeroespaciais (satélites e Estação (estrutura) comprometida com os
Espacial Internacional), para utilização em lançamentos ao longo do tempo.
veículos híbridos, em dispositivos para De acordo com este último trabalho (Swett
melhoria da qualidade da energia elétrica e, no et al., 2005), o volume de um sistema de
campo militar, em Sistemas de Catapultagem catapultagem a vapor de um porta-aviões é de
3
Eletromagnética, e, muito provavelmente, num cerca de 1.133 m , e apresenta um peso de
futuro próximo, como fonte de alimentação aproximadamente 486 t. O limite de energia
para as armas eletromagnéticas, a laser e de está em torno de 95 MJ. O sistema EMALS
3
microondas. ocupa um volume em torno de 425 m , possui
um peso de 225 t, e o limite de energia de
3 – O Sistema de Catapultagem lançamento está por volta de 122 MJ.
Eletromagnético O Sistema EMALS apresentam alguns
inconvenientes, que devem ser tratados com
O Sistema de Catapultagem muita atenção:
Eletromagnético, mais conhecido pelo nome
• os motores eletromagnéticos de alta
em inglês, “Electromagnetic Aircraft Launch
potência alimentados por pulsos de alta
System” (EMALS), poderá vir a substituir o
freqüência podem produzir interferência
consagrado sistema de catapultagem a vapor
eletromagnética (EMI) nos demais
nos atuais e futuros porta-aviões.
equipamentos eletrônicos. No caso do
O EMALS, que será implantado nos futuros
EMALS, há um sensível conjunto de
porta-aviões americanos, utiliza um motor
equipamentos eletrônicos da aeronave
síncrono linear para o lançamento das
bem acima do motor de lançamento.
aeronaves, que é alimentado por SAEC. A
Os equipamentos de bordo próximos
Marinha Americana utilizará o EMALS para o
também podem ser afetados. Logo, é
lançamento de aviões em seus navios
imprescindível um minucioso estudo de
aeródromos da próxima geração, os CVNX. O
compatibilidade eletromagnética e um
primeiro da classe, cuja construção foi iniciada
adequado projeto para o sistema de
em 2007, deverá estar em operação em 2014.
blindagem eletromagnética; e
Os limites operacionais das catapultas a
vapor vêm sendo rapidamente alcançados • a alta velocidade de rotação da
pelos requisitos de lançamento das máquina de acionamento que gira a
aeronaves, que vão se tornando mais pesadas 7.018 rpm, em uma plataforma onde
e rápidas. Desta forma, aumenta a pressão requisitos de choque, vibração e ruído
pela substituição dos atuais sistemas de devem ser rigorosamente atendidos.
catapultagem a vapor pelos sistemas Por isso, deve-se ter muita atenção no
eletromagnéticos. projeto dos mancais, e no
Dentre as vantagens do EMALS (Swett et balanceamento das partes girantes.
al., 2005), pode-se citar: Desta forma, os objetivos com a
• redução do peso e volume do sistema implantação do sistema EMALS são: redução
de catapultagem, quando comparado da tripulação, redução no custo de vida-útil,
aumento em disponibilidade operacional e
2
redução no tamanho e peso quando a refrigeração por nitrogênio líquido dos blocos
comparado às atuais catapultas a vapor. supercondutores, que estão localizados no
estator do MMS. Os blocos supercondutores
4 – Sistema Armazenador de Energia são resfriados por condução térmica em um
Cinética criostato. Acima do criostato, encontra-se o
rotor magnético do MMS, formado por anéis de
ímãs permanentes de NdFeB.
4.1 – Protótipo
Um protótipo de um SAEC vem sendo
desenvolvido no Laboratório de Aplicações de
Supercondutores (LASUP) da UFRJ, cujo
diagrama elétrico de conexão com a rede está
apresentado na Figura 1. Este sistema é
composto pelas seguintes partes:
• volante de Inércia;
• máquina de relutância variável (MRV);
• conversor eletrônico da MRV;
• elo CC (Circuito RC paralelo);
• conversor eletrônico da rede;
• sistema de controle;
• indutores de interligação com a rede Figura 2 – SAEC – Refrigeração criogênica dos
elétrica; supercondutores
• mancal magnético supercondutor
(MMS); e 4.2 – Conversores de Potência
• câmara de vácuo.
O acionamento da MRV é feito através de
Va Lrede Carga dois conversores eletrônicos bidirecionais em
Vb Lrede Carga potência, que estão conectados por meio de
Vc Lrede Carga
LSAEC

LSAEC

LSAEC

T1 D1 T3 D3 T5 D5

L fase 1 Rfase 1 L fase 2 Rfase 2 L fase 3 Rfase 3


Conversor Conversor
MRV Rede
C R
T D T D
D2 T2 D4 T4 D6 T6

MRV
um elo CC, conforme mostrado pela Figura 1.
O conversor da MRV é um conversor a
IGBTs, formado por dois módulos de ponte
Volante de
Inércia completa, onde apenas um IGBT de cada
perna de cada módulo é utilizado, conforme
mostrado pela Figura 3, de maneira a controlar
Figura 1 – Diagrama de blocos do SAEC – a MRV e permitir que ora seja operada como
Ligação em derivação motor, e outra ora como gerador. A técnica de
chaveamento utilizada neste conversor para o
acionamento da MRV é a modulação por
largura de pulso (PWM) com controle de
corrente por banda de histerese.

Figura 3 – Conversor eletrônico da MRV

O conversor da Rede possui configuração


de ponte completa a IGBTs, sendo controlado
por regulador PI em coordenadas d-q. Este
conversor funciona como retificador ou
inversor, dependendo do sentido do fluxo de
A
potência durante o funcionamento do SAEC.
Figura 2 apresenta uma foto de parte do
protótipo do SAEC, onde pode ser observada
3
4.3 – Máquina de Relutância Variável e sua v representa a tensão de fase da MRV;
Modelagem J representa o momento de inércia do
volante mais rotor da MRV;
A MRV também conhecida na literatura
como máquina de relutância chaveada, devido λ representa o enlace de fluxo;
à necessidade de se utilizar um conversor Te representa o torque elétrico; e
eletrônico para comutação da alimentação das Tm representa o torque mecânico.
fases desta máquina, foi escolhida para
compor o acionamento elétrico do protótipo do Para que seja possível executar as
SAEC. simulações no PSCAD/EMTDC, foi necessário
Um estudo prévio (Sotelo, 2003) sobre a manipular os dados da tabela λ(θr, i) para se
utilização da MRV em SAEC, apontou-a como obter a relação inversa i(θr, λ). Na simulação
uma excelente opção para o emprego neste dinâmica, a corrente em cada fase do MRV é
tipo de sistema, devido ao atendimento dos calculada a cada passo de integração da
requisitos necessários para esta aplicação: seguinte maneira:
• operação em uma ampla faixa de • a Equação 2 é integrada para obter um
velocidades - de zero até dezenas de novo valor de λ;
milhares de rpm; • a corrente no passo seguinte é
• suporte ao estresse mecânico, devido considerada constante, com valor dado
às elevadas velocidades de rotação pela relação inversa i(θr, λ), como se
(rotor sem enrolamentos); e fosse uma fonte de corrente controlada
• elevada confiabilidade e robustez. pelo fluxo total enlaçado pelo
Além de atender aos requisitos citados, a enrolamento, e pela posição angular
MRV é compacta, de fácil construção e do rotor da MRV.
manutenção, e de custo relativamente baixo Caso sejam encontrados valores
em comparação a outras máquinas. A MRV intermediários das tabelas λ(θr, i) e Te(θr, i),
utilizada neste trabalho possui 6 pólos no estes são obtidos por meio de interpolação
estator e 4 pólos no rotor, caracterizando uma linear. O modelo descrito para uma fase da
MRV de configuração denominada 6/4. MRV é apresentado na Figura 4 e reproduz
Para facilitar os estudos da máquina e com exatidão a dinâmica da MRV quando
permitir a realização de simulações dinâmicas acionada por um conversor de potência por
da conexão do SAEC com a rede, foi PWM (Neto et al., 2006).
desenvolvido um modelo para MRV no
PSCAD-EMTDC (Neto et al., 2006). Este VL
1 λ
Tabela
modelo considera as características não- s iL
VL
lineares da máquina, a partir de dados θr i L (θ r , λ )
tabelados para as relações enlace de fluxo
λ(θr, i) e torque eletromagnético Te(θr, i). Estes
dados podem ser obtidos tanto por meio de
ensaios na MRV, quanto por métodos
computacionais, como pelo método de Tabela
Te
elementos finitos (Sotelo, 2003). Neste
trabalho, utilizou-se o método de elementos Te(θr, i L)
finitos para obtenção das tabelas
supracitadas, que abrangem uma faixa Figura 4 – Modelo da MRV
suficiente para cobrir qualquer situação que
possa ocorrer nas simulações dinâmicas. Os
dados das tabelas são usados diretamente na
4.4 – Estratégia de Controle
solução das Equações 2 e 3:
∂λ (θ r , i ) O sistema de controle é composto
v = rs ⋅ i + (2)
∂t fisicamente por: um processador digital de
sinais (DSP), uma placa condicionadora de
sinais e pelos sensores de tensão, corrente e
d 2θ r posição do rotor (encoder). Os sensores do
J⋅ = Te − Tm (3) SAEC detectam os distúrbios na carga ou na
dt 2 . rede elétrica, e enviam as informações de
tensão, corrente e velocidade, para a placa
onde, θr representa a posição angular do rotor condicionadora, onde os sinais são tratados e
da MRV; adequados para serem transmitidos ao DSP,
i representa a corrente de fase da MRV; onde são processados, de acordo com um
4
programa especificamente elaborado para a
aplicação definida.
Os sinais de controle são enviados para os
dois conversores seguindo a lógica abaixo
descrita:
• Conversor da Rede – Na operação Figura 5 – Estratégia de controle
normal da rede elétrica, funciona como
retificador controlado, mantendo a tensão do
4.5 – Mancais Magnéticos e Câmera de
elo CC constante.No caso de regeneração
Vácuo
para a rede CA, funciona como inversor,
impondo na saída correntes de acordo com a No protótipo atualmente em
compensação desejada. As correntes desenvolvimento, foram utilizados para os
sintetizadas são sincronizadas com as testes apresentados neste trabalho MMS de
tensões de linha por meio de um algoritmo de escora em conjunto com mancais mecânicos
PLL. de segurança para posicionamento radial e
• Conversor da MRV – Aciona a MRV, axial. O MMS é formado por anéis de ímãs
como motor ou gerador em função da saída permanentes de NdFeB, que constituem o
da malha de controle de velocidade ou da rotor do MMS, e por blocos supercondutores
malha de controle de tensão. Quando a de YBa2Cu3O7-δ (YBCO) texturizados por
energia para a carga está sendo suprida pela fusão semeada. Para aumentar a rigidez do
rede elétrica, este conversor aciona a MRV MMS, os blocos de YBCO foram resfriados à
como motor, fornecendo uma energia para temperatura de 77K na presença do campo
suprir as perdas por atrito e mantendo a magnético do ímã permanente. Os blocos
velocidade de rotação constante. Durante a supercondutores e o criostato por onde há um
falta, este conversor aciona a MRV como fluxo de nitrogênio líquido, constituem o estator
gerador, realizando a regeneração, e do MMS.
convertendo a energia mecânica em elétrica. Quando o SAEC está operando em alta
Neste momento, o Conversor da MRV controla velocidade (acima de 20.000 rpm), as perdas
a tensão do elo CC pela malha de controle de por atrito viscoso com o ar aumentam e
tensão, e a velocidade angular do flywheel começam a comprometer o rendimento do
decresce à medida que a energia é sistema. Então, as partes girantes do SAEC
convertida. Desta forma, o sistema de controle são inseridas dentro de uma câmara a vácuo,
determina o sentido do fluxo de potência no com pressão de aproximadamente 100 µbar.
SAEC. No invólucro, construído em aço inox, há uma
A Figura 5 representa a estratégia de janela de vidro para observação do interior da
controle adotada. Uma outra estratégia de câmara a vácuo.
controle desenvolvida anteriormente (de
Andrade Jr. et al., 2007), foi realizada 5 – Simulações e Medidas no SAEC
utilizando a teoria pq (Akagi et al., 1983).

5.1 – Resultados das Simulações


Icarga

Falta Entre os instantes de tempo t = 16 s e t =


Vref Iref 1
+
- PI +
-
PI 18 s, é simulada uma falta no fornecimento da
Vcc Normal IL Conversor energia elétrica proveniente da rede. Durante
do MRV
(PWM c/B. de este período, a energia mecânica é convertida
Elo "CC"
Histerese) em elétrica, a velocidade da massa girante
Rede decresce, e a MRV funciona como gerador. O
Elétrica SAEC alimenta uma carga resistiva com o
Conversor mesmo valor nominal de tensão e freqüência
da Rede
(PWM)
da rede elétrica, e com potência constante,
Vcc enquanto houver energia mecânica
Vref
+
-
PI
Falta armazenada suficiente para ser convertida em
energia elétrica.
Iref 2
+
-
Cabe ressaltar, que nem toda energia
wref IMRV armazenada no volante de inércia/rotor da
PI
+
- Normal MRV pode ser convertida em energia elétrica,
w
pois há uma limitação em função da Equação
4. Desta forma, à medida que a velocidade
MRV angular diminui de valor, o torque deve

5
Volante
de
Inércia

Encoder
aumentar para que seja possível manter Figura 7 – Tensão na carga – Início da
constante a potência entregue a carga. A partir falta (t = 16 s)
de certo momento, os valores de corrente
tornam-se impraticáveis para as
características nominais da máquina e dos 5.2 – Resultados
conversores de potência. Esta é uma limitação
para a proteção do sistema. Os resultados dos testes realizados com o
protótipo do SAEC de 1,5 kW / 350 Ws foram
P = T ⋅ω (4) obtidos de duas maneiras: pelo osciloscópio e
por uma placa de aquisição de dados, sendo
os dados tratados e os gráficos traçados por
onde, P representa a potência; meio do software MATLAB.
T representa o torque; e A carga elétrica utilizada nos testes foi uma
w representa a velocidade angular. lâmpada incandescente de 60 W / 127 V. O
volante de inércia foi acelerado até 300 rad/s,
Há ainda uma outra limitação para o entre t = 0 s e t = 8 s. De t = 8 s a t = 15 s, a
aproveitamento de toda a energia armazenada rede elétrica forneceu alimentação à carga, e
no volante de inércia: quando a velocidade ao SAEC, a fim de suprir as perdas do sistema,
decresce durante a regeneração, a partir de e manter a rotação constante. Entre t = 15 s e t
um certo instante, o valor da energia cinética = 20 s, foi aplicada uma falta ao sistema,
não é suficiente para manter a tensão no elo diminuindo-se rapidamente a tensão de saída
CC constante, e permitir o funcionamento do do variac, cujo primário estava conectado à
conversor da Rede. Este limite ocorre quando rede elétrica. Durante este período, o SAEC
a energia cinética armazenada na massa forneceu a alimentação para a lâmpada, com
girante é igual à energia elétrica armazenada os mesmos valores de tensão e freqüência
no capacitor do elo CC. anteriores à falta. Após t = 20 s, o nível de
A Figura 6 mostra a curva de Torque da tensão no elo CC não permitiu a injeção de
MRV. Durante a falta, o torque da máquina corrente necessária na MRV para a frenagem.
permanece negativo, para operação como Desta forma, o volante de inércia/rotor da MRV
gerador, convertendo a energia cinética em girou livremente sem a presença de nenhum
elétrica. torque contrário ao movimento, sem a
Torque
regeneração de energia para a carga. Esta
4.0

3.0
seqüência de eventos e seus respectivos
2.0
instantes de tempo, podem ser verificados na
Figura 8.
Torque (N.m)

1.0

0.0 350

-1.0
300
-2.0
Velocidade Angular (rad/s)

-3.0 250

t (s) 0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 35.0 40.0 45.0 ...
... 200
...

Figura 6 – Curva de torque da MRV 150

100

Quando ocorre a falta da fonte de 50


alimentação principal, o SAEC passa a suprir
a carga, fornecendo o mesmo valor de 0
0 5 10 15
Tempo (s)
20 25 30

corrente requerido. Desta forma, a


Figura 8 – Curva da velocidade angular
alimentação da carga é mantida nos mesmos
valores de tensão e freqüência, como se pode
A rede elétrica fornece ao SAEC um
notar na Figura 7.
determinado nível de potência para manter a
200
vload
massa girante em rotação. Este valor
150 representa as perdas no sistema, e cresce
100

50
com o aumento da velocidade angular. Esta
potência é ainda maior quando o conjunto
Tensão (V)

0
-50 volante de inércia/rotor da MRV está sendo
-100
acelerado. Durante o período em que a falta é
-150
-200
aplicada, o SAEC supre a carga com potência
t (s) 15.970 15.980 15.990 16.000 16.010 16.020 16.030 ... elétrica constante enquanto a tensão no elo CC
...
... é mantida constante.

6
Na Figura 9, pode-se observar o momento Os autores agradecem aos que
em que ocorre a falta (t = 15 s), e o SAEC contribuíram para a consecução deste
inicia o fornecimento de energia com os protótipo: CNPq e FAPERJ pelo apoio
mesmos valores de tensão e freqüência que financeiro, e a A.C. Ferreira, R.de Andrade Jr.,
vinham sendo supridos pela rede elétrica. A W.I. Suemitsu, R. Nicolsky e O.J. Machado.
alimentação da rede foi ajustada em 90 Vrms /
60Hz por meio de um variac. O valor da 8 – Referências Bibliográficas
tensão alternada fornecida à carga pelo SAEC
pode ser ajustado no programa Akagi, H., Kanazawa, Y., and Nabae, A. (1983).
computacional, por meio do ajuste do índice Generalized Theory of the Instantaneous
de modulação de amplitude (ma). Em função Reactive Power in Three-Phase Circuits,
da ligação em derivação do SAEC com o Proceedings of the IPEC'83 – International
sistema elétrico, este índice ajusta a amplitude Power Electronics Conference, Tokyo, pp.
da corrente a ser fornecida para a carga. 1375-1386.
80 de Andrade Jr., R., Sotelo,G. G., Ferreira, A.
60 C., Rolim, L. G. B., Neto, J. L. da S., Stephan,
40 R. M. S., Suemitsu, W. I., Nicolsky, R. (2007).
Tensao na carga (V)

20 Flywheel energy storage system description


0 and tests, IEEE Transactions on Applied
-20
Superconductivity, Vol. XVII, pp. 2154−2157.
-40

-60 Neto, J. L. da S., de Andrade Jr., R., Rolim, L.


-80 G. B., Ferreira, A. C., Suemitsu, W. I., Sotelo,
14.95 15 15.05 15.1 15.15 15.2 15.25 G. G. (2006). Experimental validation of a
Tempo (s)
dynamic model of a SRM used in
superconducting bearing flywheel energy
Figura 9 – Tensão na carga – Momento da storage system, Proceedings of International
Falta (15 s) Symposium on Industrial Electronics - ISIE,
Vol. III, Montreal, Canadá, pp. 2492−2497.
A diferença entre a Figura 7 e a Figura 9,
Samineni, S., Johnson, B. K., Hess, H. L., and
com relação ao comportamento da tensão na
Law, J. D., (2006). Modeling and Analysis of a
carga no instante de aplicação da falta, deve-
Flywheel Energy Storage System for Voltage
se ao fato de que na simulação, a fonte de
Sag Correction, Transactions on Industry
alimentação foi desligada da carga por meio
de um disjuntor, enquanto que, no teste de Applications − IEEE, Vol. 42, pp. 42–52.
bancada, a tensão da fonte de alimentação Sotelo, G. G. (2003). Comparação de
principal foi reduzida rapidamente até zero por estruturas de máquinas de relutância variável
meio de um variac. para uso em armazenador cinético de energia,
Tese M.Sc, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ,
Brasil.
6 – Conclusão
Stephan, R. M., de Andrade Jr., R., Sotelo, G.
Este artigo apresentou uma descrição geral G. (2007). Third generation of flywheels: a
do SAEC com MMS e câmara a vácuo, que substitute to batteries, Congresso Brasileiro de
vem sendo desenvolvido no LASUP/UFRJ. O Eletrônica de Potência - COBEP'07, Blumenau,
protótipo foi conectado a rede elétrica como SC, Brasil, pp. 261−265.
compensador shunt. Foram mostrados os
Swett, D. W., Blanche, J. G., (2005). Flywheel
resultados das simulações e dos testes em
charging module for energy storage used in
bancada. A estratégia de controle adotada
electromagnetic aircraft launch system,
mostrou-se adequada à aplicação proposta
(UPS), permitindo ao SAEC suprir/drenar Transactions on Magnetics − IEEE, Vol. 41,
potência para/da rede. No momento, este Issue 1, pp. 525-528.
protótipo está limitado a baixas velocidades
operativas, mas num futuro próximo,
melhorias no projeto mecânico permitirão
testes em alta rotação.

7 – Agradecimentos

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