Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CARACTERÍSTICAS DE SISTEMAS
ELÉTRICOS DE POTÊNCIA
Para estar disponível aos consumidores, é necessário que a energia elétrica seja gerada,
transmitida e distribuída a cada um desses consumidores e, para tanto, são necessárias
usinas, subestações, linhas de transmissão e redes de distribuição, que constituem um
sistema elétrico de potência (SEP).
Normalmente, para efeito de análise e estudos, os SEP são subdivididos em três grandes
blocos: geração, transmissão e distribuição. Cada uma dessas partes, por sua vez,
pode ser constituída por diferentes tipos de componentes, dependendo da região, da
disponibilidade de fonte de energia e da tecnologia utilizada.
33
c) na distribuição:
–– redes de distribuição:
–– aéreas ou subterrâneas;
–– alta tensão radial ou em anel;
–– subestações:
–– distribuição, com transformação de AT para média tensão (MT) ou baixa tensão
(BT).
Em cada uma destas instalações, são necessários vários equipamentos específicos
e todo o conjunto devidamente coordenado e os equipamentos especificados para
operar continuamente, tanto em condição normal de operação como em condições de
emergência.
A definição das características dos equipamentos deve ser feita visando a maior
confiabilidade com:
a) o melhor desempenho;
b) a maior eficiência;
c) a menor manutenção;
d) a maior vida útil;
e) a maior relação benefício-custo.
E considerando:
a) nível de carga a suprir e a geração necessária: a curto, médio e longo prazos;
b) capacidade (potência) de equipamentos: com pouca diversidade;
c) níveis de tensões de transmissão, subtransmissão e distribuição: não muito próximos;
d) faixa de variação de tensão de operação: reduzida;
e) tipo de aterramento: para otimizar a proteção;
34
f) sistema de proteção: eficiente e rápido para minimizar os impactos sobre o sistema;
g) níveis e coordenação de isolamento: para minimizar o custo dos equipamentos.
Isso tudo de forma a minimizar custos, facilitar a operação, a manutenção e a estocagem
de equipamentos de reserva.
A evolução dos sistemas, com o crescimento das cargas e das usinas, levou à conexão das
usinas com os diversos centros consumidores, formando circuitos elétricos em malhas
com apenas algumas cargas mais distantes ou de menor importância sendo supridas
radialmente.
35
Figura 2.1 – Diagrama esquemático de um SEP
36
Figura 2.2 – Diagrama eletrogeográfico de um SEP Sistema de 500 kV e 750 kV da Região Sul do Brasil
Fonte: Operador Nacional do Sistema Elétrico (2018).
37
Figura 2.3 – Diagrama com dados elétricos de um SEP
38
2.4 GERAÇÃO DOS SEP
Para possibilitar o adequado suprimento aos consumidores, é necessário que o sistema
elétrico esteja funcionando em regime permanente e em equilíbrio devendo, a cada
instante, haver tanta potência sendo gerada nas usinas quanto for a potência sendo
solicitada pelos consumidores mais as perdas que existirem em todo o sistema de
transmissão, subtransmissão e distribuição, ou seja:
(2.1)
Para atender as cargas, as usinas deverão gerar a potência requerida instante a instante e a
energia total consumida (integração da potência da curva de carga com o tempo ao longo
do período considerado). Assim, um conjunto de usinas, de diferentes tipos, tamanhos e
fatores de capacidade deve ser operado permanentemente para atender as cargas com
uma curva de carga que determina um fator de carga do sistema.
A operação de todas as usinas necessárias para atender as cargas é feita pelo Operador
Nacional do Sistema Elétrico e constitui o despacho de carga que determina quais
usinas devem operar, em qual horário e período, sendo as hidrelétricas em função da
disponibilidade de água nos reservatórios e afluência dos rios e as termelétricas em
função da necessidade de potência e energia em função do custo de operação (do
combustível). Há ainda a considerar as usinas eólicas e as solares, cuja geração e despacho
são função das condições climáticas, e da disponibilidade de vento e sol, devendo ser
usadas independentemente da solicitação da carga.
O despacho de carga deve, ainda, considerar a condição de operação do sistema de
transmissão, em termos da capacidade das linhas de transmissão e dos transformadores,
para todos os valores de potência da curva de carga.
39
2.5 SISTEMA DE TRANSMISSÃO DOS SEP
O sistema de transmissão, de subtransmissão e as redes de distribuição levam a energia
gerada pelas usinas conectadas em diferentes pontos do sistema até as cargas conectadas
em outros pontos.
A distribuição é constituída por linhas nas tensões de 138 kV e 34,5 kV que saem das
subestações da Rede Básica e conectam as subestações de carga, das quais saem as redes
de distribuição urbanas com tensão de 13,8 kV. A rede de distribuição é geralmente em
grande parte em malha, porém, comumente tem maior número de linhas radiais.
As redes em malha possibilitam melhores condições de operação e maior confiabilidade de
atendimento às cargas, porém com maiores custos (investimento) quanto mais malhado
for o sistema, em relação a sistemas constituídos de grande número de linhas radiais.
Tanto na transmissão como na subtransmissão, a tensão e os cabos das linhas são determinados
em função da potência a ser transmitida e do comprimento da linha, por meio de estudos de
fluxo de potência no planejamento do sistema de transmissão a longo prazo.
40
A curva potência x comprimento de uma linha de transmissão, considerando tensão
nominal, bitola dos cabos, a queda de tensão e o fator de potência, possibilita determinar
a potência máxima que pode ser transmitida, como mostrado na Figura 2.5.
41
A configuração de barra e de conexão possibilita diversos tipos de subestações designadas
pelo número de barras: barra simples, barra dupla, barra em anel, barra disjuntor e meio
como mostrado na Figura 2.6.
42
2.6 REDE DE DISTRIBUIÇÃO DOS SEP
As redes de distribuição são constituídas por linhas aéreas nas tensões de 13,8 kV
e 34,5 kV, denominados alimentadores, com transformadores de distribuição que
abaixam a alta tensão dos alimentadores para a baixa tensão de uso do consumidor
em 220 V ou 127 V.
Os alimentadores são trifásicos tanto na parte principal (tronco do alimentador) como nas
ramificações, porém, em locais com cargas pequenas as ramificações podem ser monofásicas
e com cabo de menor bitola.
Os transformadores de distribuição são trifásicos, normalmente, mas podem ser utilizados
bancos de transformadores monofásicos.
As redes de distribuição utilizam alimentadores radiais, com chaves seccionadoras em
pontos intermediários, e com interligação entre eles por meio de conexão geralmente
através de chave no final dos alimentadores, porém, operando com a chave aberta. As
chaves intermediárias e a conexão no final do alimentador permitem transferência de cargas
de um alimentador para outro quando de falhas nos alimentadores, possibilitando isolar a
parte com falha.
Para maior confiabilidade no atendimento às cargas, são utilizados alimentadores em anel,
com disjuntores em pontos intermediários (ao invés de chaves) de forma que qualquer falha
é isolada por meio da abertura automática dos disjuntores nos extremos da parte afetada.
Para melhorar o desempenho das redes de distribuição aéreas e evitar desligamentos quando
de ventanias e tempestades, são utilizados cabos semi-isolados em redes compactas, que
evitam o contato de galhos de árvores.
Em regiões urbanas com alta densidade de carga, e nas partes centrais das cidades,
são utilizadas redes de distribuição subterrâneas, com cabos de alta tensão isolados e
transformadores com características especiais e abrigados em vaults subterrâneos. As redes
de distribuição subterrâneas têm maior confiabilidade do que as redes aéreas e melhor
estética, porém, com custos 10 a 20 vezes maiores do que as redes aéreas.
43
Suprir adequadamente os consumidores significa fornecer, nos terminais de entrada, a
cada instante, a potência solicitada por seus equipamentos com qualidade, ou seja, supri-
los continuamente com frequência, corrente e tensão senoidal dentro de limites pré-
estabelecidos em torno do valor nominal.
Com os valores máximos anuais, pode-se efetuar uma projeção e determinar os valores
prováveis da carga total do sistema para um ano futuro e então efetuar estudos de
planejamento para o sistema, de maneira a determinar quais obras serão necessárias para
que o sistema tenha condição adequada de suprir os consumidores nos anos futuros.
Algumas curvas de carga típicas são mostradas na Figura 2.7.
44
45
Figura 2.7 – Curvas de carga do Sistema Interligado Nacional (SIN)
Nota: (a) ano; (b) semana; (c) dia de carga máxima; (d) dia de carga mínima.
46
Figura 2.9 – Frequência de um SEP ao longo de um dia
47
2.9 PLANEJAMENTO DA OPERAÇÃO E DA EXPANSÃO DOS SEP
A determinação das características elétricas e mecânicas dos diversos componentes e
instalações de um SEP implica na realização de estudos e simulações que levem em conta
todas as condições operacionais, tanto em condições normais, como as variações das
cargas ao longo dos dias, semanas e meses, como em emergências ou anomalias, como
desligamentos, curtos-circuitos e sobretensões.
48
2.9.1 Fluxo de Potência
Nestes estudos, também denominados fluxo de carga ou load flow, simula-se o sistema
em regime permanente, para uma dada condição, ou estado. Através desta simulação
são determinadas as tensões dos barramentos, os fluxos de potência nas linhas de
transmissão e nos transformadores (correntes nestes componentes), as potências geradas
em cada máquina ou usina e as perdas do sistema. Estas simulações podem ser feitas
para a condição normal de operação ou para uma determinada condição de emergência
(estado posterior à ocorrência de perda de uma linha, transformador ou gerador).
49
2.9.2 Curto-Circuito
Possibilita conhecer as correntes que circulam nos equipamentos durante os poucos ciclos
que duram estas ocorrências, as tensões das fases e as potências de curto-circuito.
O sistema é simulado para os vários tipos possíveis de curto-circuito, porém, considerando-
se que a corrente de curto-circuito já se tenha estabilizado em um valor, ou seja, não
se analisa o transitório eletromagnético no sistema imediatamente após a ocorrência do
curto-circuito.
Por meio de cálculos adicionais é possível determinar o valor da corrente de curto-circuito
nos ciclos imediatamente após a ocorrência do curto. Nestes estudos são representadas
as linhas, os transformadores e os geradores como impedâncias (que são os elementos
em série), e não são representadas as cargas, a capacitância das linhas, os capacitores e os
reatores que são os elementos em derivação.
2.9.4 Sobretensões
Estes estudos, também denominados de transitórios eletromagnéticos, visam determinar
os efeitos das trocas de energia entre os campos elétrico e magnético dos componentes
do sistema quando ocorrem distúrbios no sistema, tais como chaveamento ou descarga
atmosférica. Estes fenômenos são extremamente rápidos, porém, causam grandes solici-
tações ao isolamento dos equipamentos.
50
Para este tipo de estudo é necessária uma representação extremamente detalhada dos
equipamentos, levando em conta que nem a tensão nem a frequência permanecem
constantes enquanto dura o fenômeno.
Os resultados destes estudos são a variação das tensões e das correntes com o tempo,
desde o instante t0+ até alguns milissegundos após a ocorrência do fenômeno.
2.9.5 Confiabilidade
Com estes estudos determina-se o número provável de falhas e o tempo médio entre
falhas em um barramento do sistema, bem como a potência e a energia não supridas pelo
mesmo devido às falhas. Essas informações possibilitam análise custo-benefício entre o
investimento necessário à melhora do sistema e a redução da energia não suprida pelo
mesmo.
REFERÊNCIAS
OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO (ONS). Carga por submercado e SIN. Disponível
em: <www.ons.org.br>. Acesso em: 02 fev. 2018.
STEVENSON JR., W. D. Elements of power system analysis. New York: McGraw-Hill, 1982.
WEEDY, B. M. Sistemas elétricos de potência. São Paulo: Polígono, 1973.
51