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V= ZI − E s [ V ] (3.1)
V + Es
I= [A] (3.2)
Z
Se ambas as barras p e q estão conectadas a uma barra comum (terra), resultam em uma
malha simples, isto é, V = 0 e I = E/Z.
Na Figura 3.1e, um gerador, representado por um ramo ativo (a), é conectado a uma
impedância de carga Zc, através de uma linha de transmissão representada por seu circuito
π equivalente. A rede tem 3 nós (um dos quais é a terra) e 5 ramos com os sentidos de
referência (corrente) indicados.
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3.1.2 Tipos de Ramos
Os ramos podem ser ativos ou passivos, mas o princípio básico de cálculo é a Lei de Ohm.
Em um ramo passivo, com impedância Z , no qual exista uma queda de tensão Vp q ,
pq
circulará uma corrente Ipq no sentido de p para q , sendo o sentido da tensão de q para
p, como mostrado na Figura 3.2.
Vpq
= Z pq Ipq
= Vp − Vq (3.3)
ou:
onde Vp e Vq são as tensões de nó ou tensões de barra, ou seja, as tensões do nó para o
neutro (ou do nó para a terra, quando o neutro está solidamente aterrado).
Em um ramo ativo, com uma fonte de tensão em série com uma impedância, a corrente
tem o mesmo sentido da tensão e, assim, a tensão do ramo tem sentido contrário ao da
tensão da fonte. Tem-se então:
A convenção adotada para correntes e potências é sentido positivo para corrente (ou
potência) saindo do nó.
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Em uma malha, com vários ramos (ativos e passivos) conectados a um nó, será necessário
obter a corrente (ou a potência) total resultante em cada nó considerado e a tensão de
cada nó e de cada ramo.
Para a solução das redes de sistemas elétricos de corrente alternada, são utilizadas as
duas leis de Kirchhoff, somente que, neste caso, com fasores.
Símbolo da
Nome Símbolo Unidade (SI)
unidade (SI)
Resistência R ohm Ω
Indutância L henry H
Capacitância C farad F
Quadro 3.1 – Definições de algumas grandezas elétricas básicas
No Quadro 3.2 são mostradas as equações que relacionam a tensão e a corrente nestes
elementos em circuitos de corrente alternada onde as letras minúsculas para a tensão e
para a corrente indicam valor instantâneo, enquanto as letras maiúsculas indicam valor
eficaz, sendo ω=2πf, cujo valor, em sistemas com a frequência de 60 Hz, é de 377 rad/s.
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Elemento Valor instantâneo Valor eficaz em regime permanente
. .
v= R × i V= R × I
(3.6)
Resistência
v V
i= (3.7)
R I=
R
di
v =L V jω
= = LI X L I (3.8)
dt
Indutância
1 V V
i = ∫ vdt =I = = V Y L (3.9)
L jωL
XL
1 I
v= ∫ idt V = XC I
= (3.10)
C jωC
Capacitância
dv V
i =C =I jωCV
= = V YC
(3.11)
dt
XC
O Quadro 3.3 demonstra as demais grandezas utilizadas nas Equações 3.6 a 3.11.
Símbolo da unidade
Nome Símbolo Unidade (SI)
(SI)
Reatância indutiva XL ohm Ω
Reatância capacitiva XC ohm Ω
Impedância Z = R + jX ohm Ω
Admitância Y = G + jB siemens S
Condutância G = 1/R siemens S
Susceptância B = 1/X siemens S
Quadro 3.3 – Definições das demais grandezas elétricas
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Para efeitos práticos, em trabalhos efetuados em sistemas elétricos, é usual ter-se os
dados dos ramos em série, dos modelos dos componentes, na forma de impedância, e
os ramos em paralelo, na forma de admitância, embora para os cálculos (a não ser em
computadores) sejam utilizados em qualquer uma das formas ou convertidos de uma
forma para outra.
Nos elementos ativos um ou mais parâmetros variam com o tempo, como a frequência,
velocidade, ângulo de fase, etc., sendo necessária uma equação que defina a grandeza
variável em função do tempo, de forma a modelá-los adequadamente.
Dentre os vários estudos necessários à análise de um sistema elétrico de potência (SEP),
há aqueles que analisam o sistema em regime permanente (como por exemplo fluxo de
potência) e aqueles que o fazem em condições transitórias (como por exemplo estabilidade
e transitórios eletromagnéticos). Nos estudos de regime permanente, embora se considere
o sistema estático, ocorrem pequenas variações incrementais de instante a instante,
sendo a frequência invariável, para efeitos práticos; assim, um estudo para este sistema
considera as condições de um determinado momento (instante), utilizando os valores de
tensão das fontes, cargas, derivações de transformadores, etc., daquele instante, os quais
serão considerados invariáveis nos cálculos. Os resultados destes estudos são sempre
valores de tensão e corrente nos ramos e nós para o instante considerado no estudo.
Já no caso de estudos de transitórios, todas as grandezas (ou quase todas) variam com
o tempo e os modelos dos componentes do sistema; devem então levar em conta a
variação das grandezas intrínsecas das mesmas em função do tempo. Desta forma, este
tipo de estudo varre um determinado período de tempo e apresenta, como resultado, as
tensões e correntes de ramos e nós, instante a instante, ao longo do período de tempo
considerado.
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3.2 REPRESENTAÇÃO FASORIAL
As considerações anteriores aplicam-se igualmente bem para circuitos de corrente
contínua e de corrente alternada mas cabe uma cuidadosa revisão do significado dos
símbolos em corrente alternada.
onde v é o valor instantâneo da tensão, Vmax é o seu valor quando sen ( ωt ) = 1,0 e ω =
2π f é a sua velocidade angular em radianos por segundo (para sistemas em 60 Hz, ω =
377 rad/s).
(3.13)
=v V sen ( ωt + α ) [V]
max
onde:
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Figura 3.3 – Representação da tensão senoidal
Nota: (a) representação fasorial; (b) representação no tempo.
O valor instantâneo da tensão pode ser obtido como a projeção de um vetor sobre o eixo
x de um sistema de eixos cartesianos, como mostrado na Figura 3.3b, na qual a referência
de tempo foi deslocada. Assim, para um instante t = ti tem-se:
=v V sen ( ωt + α ) [V]
(3.14)
i max i
Uma vez que o tempo de fase dos vetores rotativos é de fundamental importância, eles
são frequentamente denominados fasores para distingui-los dos vetores não rotativos,
como mostrado na Figura 3.3a, onde o vetor V girando no sentido anti-horário (tomado
como sentido positivo) projeta ao longo do tempo, sobre o eixo x, diferentes valores para
Vi. Há, assim, uma correspondência entre as Figuras 3.3a e 3.3b.
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Figura 3.4 – Posição relativa dos fasores tensão e corrente
(3.15)
V = V α
a a
onde:
Va= V=
a
magnitude ou módulo do fasor (V)
(3.17)
=
ŽŽŽŽ
a a
( α+ α ) [V]
jα
e
= cosα + jsenα (3.18)
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Sendo j= −1 um operador matemático que, ao ser aplicado a um fasor, faz com que o
mesmo sofra uma rotação de π/2 rad ou 90°.
Z =R + jX =Z θ Ω (3.19)
Na Equação 3.19 Z não é um fasor, mas simplesmente um número complexo, pois seu
valor instantâneo não é função senoidal do tempo.
1
Y= = G + jB [S] (3.20)
Z
3.2.3 Potência
A finalidade básica de um sistema elétrico é suprir energia aos consumidores a ele
conectados. Considerando que para os estudos de regime permanente se escolhe um
determinado instante para a análise, tem-se, para efeito de cálculos, uma potência, pois
potência = energia em um intervalo de tempo. Assim, os equipamentos e aparelhos vêm
todos com valor nominal expresso como potência, tendo-se, assim, tanto do lado do
consumidor (a carga), como do lado do sistema supridor (a geração), a potência, como
elemento de referência.
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Para facilitar o trabalho e a análise de sistemas de potência, normalmente se apresentam
os resultados dos cálculos (e dos programas de computador) com os valores de potência
(normalmente já em kVA ou MVA, em função dos valores existentes em sistemas), de
modo que se pode comparar estes resultados com a potência nominal dos equipamentos
(como por exemplo fluxo de potência em linhas de transmissão e em transformadores,
ao invés de corrente, e potência de curto-circuito, ao invés de corrente de curto-circuito).
Esta é a razão da importância da potência em sistemas elétricos.
p = vi (3.21)
Uma vez que v e i estão variando senoidalmente com o tempo, a Equação 3.21 pode ser
escrita da seguinte forma:
A Equação 3.23 pode ser expandida, por identidades trigonométricas, nas seguintes
componentes de potência instantânea:
VI VI
=p cos ϕ × [1 + cos(2ωt )] − senϕ × sen(2ωt ) (3.24)
2 2
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A potência instantânea é de pouco interesse, uma vez que a potência média ou efetiva é
uma descrição mais significativa de cargas e fluxos de potência. O valor médio da potência
instantânea é a magnitude do deslocamento:
VI (3.25)
Pmédia = cos ϕ [W]
2
Por outro lado, o valor máximo do segundo termo da Equação 3.24, denominado potência
reativa ou potência em quadratura Q , é expresso em var.
VI (3.26)
Q= senϕ [var]
2
As Equações 3.25 e 3.26 podem ser escritas em termos de quantidades eficazes ou RMS
(valor médio quadrático – root mean square):
V I
P= cos ϕ (3.27)
2 2
V I
Q= senϕ (3.28)
2 2
É vantajoso manter P e Q com suas respectivas definições de médio e máximo, visto que
eles são equivalentes em forma e permitem a definição da potência complexa tal que:
S= P + jQ
V I V I (3.29)
=S cos ϕ + j senϕ
2 2 2 2
onde:
V I
S= (3.30)
2 2
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Embora P e Q não sejam considerados fasores, podem ser plotados como números
complexos como mostra a Figura 3.5.
Embora a Equação 3.31 forneça valores para P e Q com a relação de fasores, é mais
conveniente expressar a potência complexa diretamente como função de V e I.
S =P + jQ =V × I (3.32)
*
onde I* ( I conjugado) tem o mesmo módulo de I mas possui um ângulo de fase igual
e oposto ao de I , isto é:
I = I θ
(3.33)
I = I −θ
*
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Se V e I se referem a um ramo passivo de impedância Z, algumas alternativas para
expressar a Equação 3.32 são:
2
V
*
V
V *
S V I* V V * (3.34)
Z Z *
Z
e:
S =V × I* =( ZI
) × I* = Z × I 2 (3.35)
A Figura 3.6 mostra um gerador ligado em Y alimentando uma carga equilibrada, também
ligada em Y, através de uma linha de transmissão. O circuito equivalente da linha de
transmissão apresenta-se simplificado, nele aparecendo apenas a resistência e a reatância
ligadas em série, consideradas como parâmetros concentrados e não distribuídas ao
longo da linha. Quando se trata de medidas nos extremos da linha, não faz diferença o
fato de considerar os parâmetros concentrados ou uniformemente distribuídos, desde
que se despreze a admitância em paralelo, uma vez que a corrente na linha será a mesma
em ambos os casos. O gerador é representado pela impedância ligada em série com a fem
gerada, em cada fase.
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Figura 3.6 – Gerador alimentando uma carga equilibrada, ligada em Y, através de uma linha
de transmissão
De acordo com a teoria dos circuitos polifásicos, num sistema equilibrado não circula
corrente pelo condutor que une o neutro n g do gerador ao neutro nc da carga, uma
vez que a soma das correntes que converge para n é zero. Portanto, os pontos n g e nc
estão no mesmo potencial, não circulando corrente pelo condutor neutro e que pode ser
eliminado sem que ocorra qualquer mudança no circuito, sempre considerando o caso
equilibrado.
Para resolver o circuito, supõe-se que exista o condutor neutro e considera-se que por ele
circule a soma das três correntes de fase, que é zero em condições de equilibrio, e aplica-
se a Lei de Kirchhoff das tensões na malha que contém uma fase e o neutro. Essa malha é
mostrada na Figura 3.6, onde Va e Va’ são tensões entre fase e neutro. Os cálculos feitos
para essa malha são estendidos ao circuito trifásico todo, lembrando que as correntes
nas outras duas fases têm mesmo módulo e apresentam defasagens de 120° e 240°. Não
importa se a carga, dada por sua tensão, potência e fator de potência, esteja ligada em ∆
ou em Y, uma vez que a ligação ∆ pode sempre ser substituida, para efeito de cálculo, pela
ligação Y equivalente.
=Ea Ea (α + ϕ )
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b) tensões dos terminais da fonte:
Va = Va (α )
Ia = Ia ( γ )
Sendo a fonte de tensões senoidais, pode-se obter o valor instantâneo da tensão terminal
a qualquer momento, utilizando-se as expressões:
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.
=v a Va cos(ωt + α )
.
=v b Vb cos(ωt + α − 120°) (3.42)
.
=v c Vc cos(ωt + α + 120°)
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3.3.2 Diagrama Unifilar
Um sistema trifásico equilibrado pode sempre ser resolvido por meio de um circuito
monofásico composto por uma das três fases e pelo neutro conforme Figura 3.8, que
corresponde ao circuito da Figura 3.6. Normalmente o diagrama é mais simplificado,
substituindo-se o neutro e indicando-se as partes componentes por símbolos
padronizados ao invés de fazê-los pelos respectivos circuitos equivalentes. O resultado
dessa simplificação é chamado diagrama unifilar e indica, por uma única linha e símbolos
apropriados as fontes, linhas de transmissão, transformadores e cargas com os dispositivos
a eles associados. Os símbolos padronizados são mostrados no Apêndice A.
É importante conhecer a localização dos pontos onde o sistema é ligado à terra, a fim
de poder calcular a corrente que circula quando da ocorrência de um curto-circuito
assimétrico envolvendo a terra. O símbolo padronizado que representa uma ligação
trifásica em Y com o neutro aterrado é mostrado na Figura 3.9.
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Figura 3.9 – Diagrama unifilar de um SEP
Nota: (a) diagrama unifilar com a topologia do sistema elétrico e descrição dos equipamentos; (b) diagrama
unifilar com a conexão elétrica dos equipamentos utilizando os modelos elétricos dos componentes.
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A Figura 3.9a mostra o diagrama unifilar de um sistema de potência muito simples. Dois
geradores aterrados através de um reator são ligados a uma barra por um transformador
elevador e deste a uma linha de transmissão. Outro gerador, aterrado por um resistor, é
ligado a outra barra e, por meio de um transformador elevador, ao extremo oposto da
linha de transmissão. Uma carga é ligada a cada barra. No diagrama são mostradas as
características nominais dos geradores, dos transformadores e da linha de transmissão
e os parâmetros dos diversos componentes do sistema e as informações sobre as cargas.
A Figura 3.9b mostra o diagrama unifilar monofásico com os componentes do sistema
representados por seus modelos elétricos.
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Figura 3.10 – Diagrama monofásico unifilar para estudos de fluxo de potência
Nota: (a) topologia com componentes; (b) diagrama de impedâncias com modelo elétrico
e parâmetros dos componentes.
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Figura 3.11 – Diagrama monofásico unifilar para estudos de curto-circuito
Nota: (a) topologia com componentes; (b) diagrama de impedâncias com modelo elétrico
e parâmetros dos componentes.
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Da teoria de linhas de transmissão sabe-se que, em uma linha trifásica, o acoplamento
magnético entre os condutores leva à obtenção de uma matriz de indutâncias e o
acoplamento elétrico leva à obtenção de uma matriz de capacitâncias. Para linhas
operando com tensões senoidais, tem-se como resultado uma matriz de reatâncias série
X e uma matriz de admitância em derivação YC , de forma que se pode escrever para o
L
Va R a X a Ia
V b = Rb + j Xb × I b (3.43)
V R c I
X c
c c V
ou:
Na qual Za , Zb e Zc são as impedâncias das fases a, b e c, resultando em um desacoplamento
entre as fases, de onde se conclui que os cálculos podem ser feitos considerando o sistema
como monofásico unifilar e com equações algébricas e com números complexos, não
sendo necessário o cálculo matricial.
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elétrica os sistemas evoluíram e, atualmente, para que seja possível atender às cargas, e por
questão de confiabilidade, todos os sistemas formam gigantescas redes ou malhas elétricas.
Os elementos que formam a rede elétrica são os ramos, e no ponto em que dois ou mais
ramos se conectam tem-se um nó. A interligação dos vários ramos define a configuração ou
topologia da rede.
Um ramo de uma rede elétrica é toda linha de transmissão, transformador, reator, capacitor
ou carga, representado pela impedância, ou admitância, do mesmo (ou qualquer elemento
que apresente uma impedância significativa para o problema em análise). Um nó é todo
barramento de uma subestação, de tal forma que entre dois nós sempre há um ramo, ou
seja, uma impedância ou admitância.
Para o cálculo das correntes e tensões nos vários ramos e nós do sistema elétrico, torna-
se necessário utilizar modelos matemáticos que representem adequadamente os vários
equipamentos que o compõem. Isso é feito partindo-se das características de cada
equipamento e utilizando-se impedâncias ou admitâncias no modelo, que é formado por
um ou mais ramos. Como exemplo, tem-se o modelo π de linhas de transmissão e de
transformadores, como mostrado na Figura 3.13, que são formados por três ramos cada um.
Para facilitar o trabalho com redes elétricas, todo nó é identificado por uma letra ou por
um número, e todo ramo entre dois nós é identificado pelas letras ou números dos nós
em seus terminais. Assim, na Figura 3.13, tem-se os nós p e q nos terminais da linha e
a impedância do ramo, Z pq , que é a impedância Z LT da linha de transmissão.
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REFERÊNCIAS
BARTHOLD, L. O.; REPPEN, N. D.; HEDMAN, D. E. Análise de circuitos de sistemas de potência. 2.
ed. Santa Maria Universidade Federal de Santa Maria, 1983.
GROSS, C. A. Power system analysis. 2nd ed. New York J. Wiley, 1986.
JACKSON, L. G. IEEE Working Group Coordinator. Recommended practice for industrial and
commercial power system analysis. Brown Book: John Wiley & Sons, 1998.
STEVENSON JR., W. D. Elements of power system analysis. New York McGraw-Hill, 1982.
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