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Equation Chapter 3 Section 3

3 Corrente e Resistência Eléctrica

3.1 Corrente e Densidade de Corrente

Nos capítulos anteriores estudamos o caso em que as cargas estavam em repouso-


electrostática. Agora vamos estudar o caso em que as cargas estão em movimento
no interior de um condutor.
Sempre que houver um movimento de cargas com o mesmo sinal numa certa
direcção, diz-se que há uma corrente eléctrica. A corrente eléctrica é definida como
a taxa do fluxo de carga eléctrica através da área de secção recta de um condutor.

Se ∆Q for a carga que passa através dessa área, no intervalo de tempo ∆t, a
corrente média Imed, será igual à razão entre a carga e o intervalo de tempo

∆Q
I m ed = (3.1)
∆t

Se a taxa de passagem de carga varia com o tempo, a corrente também varia com o
tempo e define-se corrente instantânea, I, como o limite diferencial da expressão
anterior

dQ
I= (3.2)
dt

As unidades SI de corrente eléctrica é o Ampere (A) definido por 1A=1C/s.


Admite-se por convenção escolhe-se a direcção da corrente como a direcção do
movimento das cargas positivas. Esta convenção foi instituída e aceite antes de se
saber que os electrões livres, que tem carga negativa, eram as partículas que
realmente se movimentam e provocam a corrente num condutor. O movimento
dos electrões com carga eléctrica negativa numa certa direcção é o equivalente ao
fluxo de carga positiva na direcção oposta. Então, os electrões movem-se na
direcção oposta à direcção da corrente.

1
Isto é válido para o caso dos condutores (como o cobre). No caso de um feixe de
protões a corrente tem a direcção dos protões. Existem ainda situações em que a
corrente é devido ao movimento de cargas positivas e negativas (caso dos
semicondutores). A carga móvel, protão ou electrão, é geralmente designada por
portador de carga móvel.
É útil então relacionar a corrente ao movimento das partículas. Para o efeito
considere-se a figura seguinte onde está representado um condutor com área de
secção A.

O volume do elemento do condutor representado de comprimento ∆x é de A∆x. Se


n for o número de portadores de carga por unidade de volume, então o número de
portadores de carga nesse volume é nA∆x. Assim a carga ∆Q nesse elemento será

∆Q = nº cargas × carga da partícula= ( nA∆x ) q (3.3)

Onde q é a carga de cada partícula. Se os portadores de carga se movem com


velocidade vd (velocidade de migração) a distância que cobrem no intervalo de
tempo ∆t é ∆x=vd ∆t. Assim, ∆Q pode ser escrito como:

∆Q = nAvd ∆tq (3.4)

Ao dividirmos os dois membros da equação (3.4) por ∆t, a corrente no condutor


fica

I = nqAvd (3.5)

A corrente I é uma característica de um condutor particular. É uma quantidade


macroscópica como a massa e o volume de um objecto ou o comprimento de um
objecto. A grandeza microscopia associada à corrente é a densidade de corrente (J
ou j). Trata-se de uma grandeza vectorial característica de um ponto interno ao
condutor e não ao condutor como um todo. Se a corrente for distribuída
uniformemente através de uma área A de uma secção recta do condutor, o módulo
da densidade de corrente para todos os pontos dessa secção é:

 I 
j = = nqvd
A (Am )2 (3.6)

2
Esta expressão só é válida se a densidade de corrente for uniforme e se a superfície
for perpendicular à direcção de corrente. Caso isto não aconteça, a corrente
eléctrica é dada por
 
I = ∫ j⋅d A (3.7)

Por definição, a densidade de corrente, como a corrente, está na direcção do


movimento de carga, no caso de portadores de carga positiva e na direcção oposta
no caso de portadores de carga negativa.
Quando se aplica uma diferença de potencial (V) num condutor, por exemplo ao
ligar-se a uma bateria, há um campo eléctrico no condutor (dado que agora não
subsiste o equilíbrio electrostático) que gera uma força eléctrica sobre cada
electrão e subsequentemente uma corrente.
Assim, num condutor há densidade de corrente e um campo eléctrico E quando se
mantém uma diferença de potencial no condutor. Se a diferença de potencial for
constante, a corrente no condutor também é constante. Muitas vezes, a densidade
de corrente num condutor é proporcional ao campo eléctrico no condutor, ou seja,
 
j =σ E (3.8)

Onde σ é a condutividade do condutor.

3.2 Lei de Ohm. Resistência e Resistividade

3.2.1 Lei de Ohm

Todos os materiais que obedecem à equação (3.8) seguem a lei de Ohm.

A lei de Ohm afirma que em muitos materiais a razão entre a densidade de


corrente e o campo eléctrico é uma constante, σ, que é independente do
campo eléctrico que a provoca.

Os materiais que obedecem à lei de Ohm, e que demonstram, por isso, uma
proporcionalidade entre E e j são designados por materiais ohmicos. O
comportamento eléctrico da maior parte dos materiais é bastante linear, quando as
variações de corrente são pequenas. Experimentalmente, observa-se que nem
todos os materiais possuem esta propriedade. Estes são os não-ohmicos.
A lei de Ohm não é uma lei fundamental da natureza, mas uma relação empírica,
válida somente para certos materiais. A lei de Ohm pode ser expressa de uma
forma mais simples e prática. Para tal considere-se a seguinte figura onde está
representado um fio condutor rectilíneo de área A e comprimento l

3
Neste condutor existe uma diferença de potencial Vb-Va aplicado de forma a
provocar um campo eléctrico e uma corrente no condutor. Se o comprimento l for
suficientemente pequeno pode-se considerar que o campo eléctrico e é constante,
e a diferença de potencial V entre os pontos a e b é

V
V = El ⇒ E = (3.9)
l

O módulo da densidade de corrente pode ser expresso como

V
j =σE =σ (3.10)
l

I
Como j = , a equação (3.10) pode ser reescrita na forma de
A

I V
=σ (3.11)
A l

Ou

l
V= I (3.12)

Definindo a resistência R do condutor como

l
R= (3.13)

V
Cuja unidade é o Ohm ( Ω = ). Assim a equação (3.12) pode ser reescrita na forma
A

V = RI (3.14)

Que dá a forma mais conhecida da lei de Ohm. A queda de potencial num condutor
é proporcional à intensidade.
Os gráficos da figura seguinte mostram a relação entre o potencial e a corrente
para o caso de materiais que obedecem à lei de ohm e os que não obdecem.

4
Na figura (a) a relação linear entre I e V sobre um grande intervalo de V aplicada. O
declive de I contra V, na região linear, é 1/R. No caso da figura (b) mostra a relação
não linear entre I e V para os materiais não ohmicos (Ex.: o díodo, transístores,
filamentos...). A operação de muitos dispositivos electrónicos modernos depende
da maneira particular com que “violam” a Lei de Ohm.
3.2.2 Resistência e resistividade

Como foi definido anteriormente a constante de proporcionalidade da lei de Ohm


designamos por resistência, definida por:

V l
R= = (3.15)
I σA

A resistência de um dado condutor consiste na facilidade do fluxo de carga através


deste condutor. Quanto maior for a resistência menor será a corrente através
desse mesmo condutor. Num circuito eléctrico uma resistência é apresentada
como,

As resistências são úteis para controlar a corrente nas diferentes partes de um


circuito. Para além da geometria, ou seja da forma como mostra a equação (3.15), o
valor da resistência também depende da natureza do próprio material, a
condutividade. A partir da equação (3.15) podemos definir uma nova grandeza, a
resistividade ρ dada por

1
ρ= (Ωm) (3.16)
σ

Pela relação anterior verifica-se que todo o material ohmico tem uma resistividade
específica que depende do próprio material e da temperatura. Assim para bons
condutores eléctricos, ρ será muito baixo. No caso de isolantes σ = 0 → ρ ⇒ ∞ e
tem-se uma resistividade muito elevada. Tal como a maioria das propriedades
físicas a resistividade também varia com a temperatura. Esta variação da

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resistividade de um condutor varia linearmente sobre um determinado intervalo
de temperatura, dada por

ρ = ρ 0 1 + α (T − T0 )  (3.17)

Onde ρ é a resistividade a uma certa temperatura T, ρ0 a resistividade a uma


determinada temperatura de referencia T0 (geralmente a 20ºC) e α é o coeficiente
de temperatura da resistividade, dado por

1 ∆ρ
α= (3.18)
ρ0 ∆t

Como R ∝ ρ pode escrever-se

R = R0 1 + α ( T − T0 )  (3.19)

Usando esta propriedade física pode-se medir a temperatura. Um dispositivo que


usa o facto de a resistividade variar com temperatura é o termistor.
Outro aspecto a ter em conta que na realidade existe sempre uma região não-linear
para temperaturas muito baixa para qual ρ tende para um valor finito mínimo
próximo do zero absoluto, como mostra a figura seguinte. Na figura seguinte está
igualmente uma tabela com valores da resistividade para vários materiais.

3.3 Transferência de energia num circuito eléctrico

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Quando há corrente eléctrica no interior de um condutor existe uma contínua
transformação de energia eléctrica em energia térmica no interior do condutor. O
efeito do campo eléctrico sobre os electrões livres num pequeno intervalo de
tempo é acelerá-los, atribuindo-lhes um excesso de energia cinética. Porem devido
às colisões entre electrões e os iões do condutor esta energia cinética é transferida
para energia térmica, mantendo-se no entanto os electrões com uma velocidade de
migração constante.
Quando uma carga positiva passa por um condutor ela move-se de um potencial
elevado para mais baixo, na direcção do campo. Então a carga positiva perde
energia potencial. Esta perda de energia é transformada num acréscimo de energia
térmica. Considere-se um segmento de um condutor com comprimento ΔL e área
de secção A como mostra a figura

Durante um intervalo Δt de tempo, uma certa quantidade de carga ΔQ passa pela


área A no ponto a e entra no segmento. Se o potencial neste ponto for Va, a energia
potencial será ΔQVa. Neste intervalo de tempo, uma quantidade de carga ΔQ igual
sairá por A no ponto b que possui um potencial Vb. A energia potencial neste ponto
é ΔQVb. Como ΔQVb será menor ΔQVa, implica que a carga perca energia ao passar
de Va para Vb, ficando

∆U = ∆Q (Vb − Va ) = ∆Q (−V ) (3.20)

Onde V=Va-Vb é a diminuição do potencial do segmento do condutor. A energia


perdida no segmento é:

−∆U = ∆QV (3.21)

E a taxa de perda de energia é

∆U ∆Q
− = V = IV (3.22)
∆t ∆t

À perda de energia por unidade de tempo chama-se potencia dissipada, ficando

P = IV (3.23)

Em que a unidade em SI é o Watt (w). A equação anterior é igual a

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V2
P = I 2R = (3.24)
R

A perda de energia no condutor com resistência R faz-se através de calor. A este


efeito chama-se efeito de Joule.
Equation Chapter 4 Section 4
4 O Campo (de Indução) Magnético

4.1 Introdução aos fenómenos magnéticos

• O Magnetismo era do conhecido dos gregos, ~ 800 A.C.. Observaram que certas
pedras (magnetite, Fe304) atraíam pedaços de ferro.
• 1269, Pierre de Maricourt, com um íman natural esférico mapeou as direcções
de uma agulha colocada em diversos pontos sobre a superfície da esfera.
Descobriu que as direcções definiam curvas que envolviam a esfera e
passavam por dois pontos opostos, que denominou pólos do íman.
Mais tarde, experiências demonstraram que todo o íman tem dois polos, norte
e sul, que exercem forças um sobre o outro de maneira análoga às das cargas
eléctricas. Os pólos de mesmo nome repelem-se; os pólos de nomes opostos
atraem-se.
• 1600, William Gilbert observou que uma agulha imanizada orientava-se em
direcções privilegiadas. Sugeriu que a própria Terra fosse um imã permanente.

• 1750, John Michell usou uma balança de torção para demonstrar que os pólos
magnéticos exercem forças atractivas ou repulsivas, uns sobre os outros, e tais
forças variavam com o inverso do quadrado da respectiva separação. Também
concluiu, ao contrário das cargas eléctricas, que os polos magnéticos não
podiam ser isolados (existem sempre dois polos opostos).

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• 1819, Hans Oersted estabelece uma relação entre o magnetismo e a
electricidade quando observou que um condutor percorrido por uma
corrente eléctrica desviava uma agulha magnetizada
• André Ampere (1775-1836) estabelece as leis quantitativas da força
magnética entre os condutores percorridos por correntes eléctricas.
Sugeriu que fossem correntes circulares de dimensões moleculares as
responsáveis por todos os fenómenos magnéticos: base da teoria moderna
do magnetismo.
• 1820, Faraday e J. Henry mostraram que uma corrente eléctrica pode ser
induzida num circuito, seja pelo movimento de um íman perto do circuito,
seja pela alteração duma corrente num outro circuito, vizinho ao primeiro.
Um campo magnético variável cria um campo eléctrico.
• 1873, J.C. Maxwel estabeleceu as Leis do Electromagnetismo. Um campo
eléctrico variável cria um campo magnético.
• 1888, Heinrich Hertz produz ondas electromagnéticas no laboratório.
Verificação das previsões de Maxwell.
• Aplicações tecnológicas do magnetismo: medidores eléctricos,
transformadores, motores, aceleradores de partículas, alto-falantes. Registo
de som, registo de imagens de TV, memórias de computadores ...

4.2 Definição e propriedades do campo magnético

A presença de um vector campo magnético B num ponto do espaço pode ser


demonstrada de uma forma directa. Tal como no caso do campo eléctrico, a
presença de um campo magnético num certo ponto do espaço irá exercer uma
força sobre uma carga de prova. Admite-se que a carga de prova é uma partícula
carregada que se move com uma velocidade v e que neste ponto não existem
campos eléctricos ou gravíticos.
As experiencias com o movimento de diversas partículas carregadas, em
movimento num campo magnético, levaram aos seguintes resultados:

1. A força magnética é proporcional à carga e ao módulo da velocidade v da


  
partícula: F ∝ q e F ∝ v

2. O módulo Fm e a direcção da força magnética dependem da velocidade da
partícula e do módulo e da direcção do campo magnético.
3. Quando uma partícula carregada se move numa direcção paralela ao vector

campo magnético a força Fm é nula

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4. Quando o vector velocidade fizer um ângulo θ com o campo magnético, a
  
força magnética, Fm , actua numa direcção perpendicular a v e B , isto é
  
Fm é perpendicular ao plano formado por v e B .

5. A força magnética sobre uma carga positiva está na direcção oposta à


direcção da força sobre uma carga negativa que se move com o mesmo
vector velocidade.

6. Se o vector velocidade fizer um ângulo θ com o campo magnético o módulo


da força magnética é proporcional a senθ

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Resumindo os 6 pontos anteriores, o módulo da força magnética pode ser
traduzido por:

F = qvBsenθ (4.1)

Ou escrevendo em forma vectorial

  
F = qv × B (4.2)

 
Onde a direcção de F é a direcção de v × B que, pela definição do produto
vectorial é perpendicular a v e B.

A direcção de F pode ser determinada pela regra da mão direita, quando v gira
no sentido de B, percorrendo o menor ângulo

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Como já foi referido, o modulo de F é dado pela equação (4.1) em que θ é o
ângulo entre v e B, e daqui concluiu-se que:

F= 0 se θ=0 ou 180
F é máximo quando θ=90.

Pela definição de F, o campo magnético pose-se definir como uma força lateral
que actua sobre uma partícula carregada. As principais diferenças entre as
forças eléctricas e magnéticas são:

1. Força eléctrica está sempre na direcção do campo eléctrico, enquanto a


força magnética é perpendicular à direcção do campo magnético.
A força eléctrica ao actuar numa carga positiva é paralela ao campo
eléctrico (E) e faz com que a trajectória dessa carga encurve no plano
horizontal.

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A força magnética é perpendicular quer ao vector velocidade (v) quer ao
campo magnético (B), fazendo com que a trajectória da partícula encurve
no plano vertical.

2. A força eléctrica actua sobre uma partícula carregada, independente da


velocidade da partícula enquanto a força magnética actua sobre uma
partícula somente se esta estiver em movimento.
3. A força eléctrica efectua trabalho ao deslocar uma partícula carregada
enquanto a força magnética, associada ao campo magnético permanente,
não efectua trabalho quando a partícula for deslocada
   
W = Fm id s = Fm ivdt = 0 (4.3)

 
Porque Fm ⊥ v . A energia cinética de uma carga não pode ser alterada por
campo magnético B isolado. Isto é, quando uma carga se deslocar com
velocidade v, um campo magnético aplicado pode alterar a direcção do
vector velocidade mas não o seu módulo.
As unidade SI de campo magnético é o Weber por metro quadrado (Wb/m2)
também designado Tesla (T)

N /C N
T= = (4.4)
m / s Am

Na pratica usa-se a unidade c.g.s do campo magnético, o gauss (G), em que

1T = 104 G (4.5)
• Ímanes de laboratório ~ 25.000 G, ou 2.5 T
• Ímanes supercondutores ~ 250.000 G, ou 25 T
• Campo magnético da Terra, nas vizinhanças da superfície terrestre ~
0.5 G ou 0.5×10-4T

4.2.1 Força magnética sobre uma corrente eléctrica

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Quando um fio condutor é percorrido por uma corrente eléctrica e estiver num
campo magnético irá sofrer uma força igual à soma das forças magnéticas que
actuam sobre as partículas carregadas que, em movimento, determinam a
corrente. Considere-se um segmento de um fio condutor de área de secção A,
comprimento L e com corrente I.

Se o fio estiver num campo magnético B, a força sobre cada carga é qvd × B , onde
vd é a velocidade de migração. O número de cargas no segmento do fio condutor é
igual ao número de cargas por unidade de volume, n, multiplicado pelo volume AL.
Assim, a força total sobre o segmento de fio condutor é:

  
(
F = qvd × B nAL ) (4.6)

A corrente no fio pode ser escrita como

I = nqvd A (4.7)

E a equação (4.6) pode ser escrita como:

  
(
F = I l ×B ) (4.8)


Onde l é o vector cujo módulo é o comprimento do condutor e cuja direcção é
paralela a qvd, a direcção da corrente.
Se a corrente estiver na direcção x positivos e campo B no plano xy, como mostra a
figura seguinte, a força sobre o fio estará dirigida para o eixo dos z.

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A determinação da direcção e sentido da força é determinada pela regra da mão
direita e da direcção de IL para B. A equação (4.8) só é válida para o caso de um fio
condutor rectilíneo e um campo magnético uniforme. Se o fio não for recto ou se
campo não for uniforme, a equação anterior pode ser generalizado para esta
situação. Para tal considere-se a figura seguinte

O condutor é formado por pequenos segmentos de recta dl de tal forma que nesses
componentes o campo B pode ser considerado uniforme e a força em cada um
desses elementos é:

  
(
dF = I dl × B ) (4.9)

A força resultante sobre todo o comprimento l do fio é determinada fazendo o


integral apropriado ao longo do comprimento l, ou seja

 b  
F = I ∫ dl × B (4.10)
a

Onde a e b são os pontos terminais do condutor.

4.3 Momento do binário sobre uma espira percorrida por uma


corrente

Anteriormente vimos que um condutor percorrido por uma corrente eléctrica


sofre uma força quando colocado num campo magnético uniforme. Considere-se
agora que o condutor é uma espira, e como exemplo uma espira rectangular. Neste
caso, a força resultante vai ser responsável pelo aparecimento de um momento que
tende a girar a espira em torno de um determinado eixo, que por simplicidade é
considerado um eixo que passa pelo seu centro de massa. Considere-se a espira da
figura seguinte.

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A espira representada tem altura a e largura b percorrida por uma corrente I e está
num campo magnético externo B que é paralelo ao plano de espira. As forças sobre
os lados de largura b são nulas pois a corrente ou é paralela ou antiparalela ao
campo B. Por sua vez, a força nos lados de altura a é diferente de erro pois a
corrente e o campo B são perpendiculares. O módulo dessa força é:

F2 = F4 = IaB (4.11)

As forças são iguais em módulo mas tem sentidos diferentes em cada braço, como
mostra a figura b). Se admitirmos que a espira pode girar em torno de um eixo que
passe pelo seu centro de massa (ponto O da figura b)), estas duas forças irão
provocar um momento em relação a O, provocando uma rotação no sentido
horário. O módulo do momento é:

b b b b
τ = F2 + F4 = IaB + IaB = IabB (4.12)
2 2 2 2

Como a área da espira é ab a equação anterior fica

τ = IAB (4.13)

O resultado anterior só é válido para o caso B ser paralelo ao plano da espira.


Vamos agora considerar o caso mais genérico em que o campo B e o vector unitário
de área de espira, A, fazem um ângulo θ, como mostra a figura seguinte.

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Para simplificar admita-se que B é perpendicular aos lados a. Neste caso, as forças
que actuam sobre ao lado b cancelam-se não provocando qualquer momento.
Porém, as forças sobre o lado a, F2 e F4, constituem um par e assim irão provocar
um momento em relação qualquer ponto. O braço para estas forças, para o eixo
b
que passo por O, é senθ e como F2=F4=IaB, o momento em relação a O é:
2

b b
τ = F2 sen θ + F4 sen θ = IabBsen θ = IABsen θ (4.14)
2 2

Onde θ é o ângulo entre o vector de área A e o campo B. Este resultado mostra que
τ é máximo quando θ=90 ou seja o campo B paralelo ao plano da espira (vector
unitário de área perpendicular a B) e nulo quando θ=0 ou seja campo
perpendicular ao plano da espira (vector de área paralelo a B). Em termos
vectoriais fica

  
τ = IA×B (4.15)

Sendo válida para qualquer forma da espira. Este momento tende a alinhar o
vector área com o campo B.

4.4 A Lei de Biot-Savart. Algumas aplicações


4.4.1 A Lei de Biot-Savart

Em 1820 Oerst ed descobriu que uma corrente eléctrica produz um campo


magnético. Biot e Savart descobriram que o condutor com uma corrente
permanente, exerce uma força sobre um íman. Com as experiencias que realizaram
Biot e Savart chegaram a uma expressão que dá o campo magnético, num certo
ponto do espaço em termos da corrente que produz o campo. A lei de Biot-savart
diz que, se um fio condutor tem uma corrente constante I, o campo magnético dB
num ponto P, associado a um elemento do condutor ds (como mostra a figura
seguinte) tem as seguintes propriedades:

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1. O vector dB é perpendicular a ds (que está na direcção da corrente) e ao
vector unitário r dirigido do elemento condutor até ao ponto P.
2. O módulo de dB é inversamente proporcional a r2, onde r é a distância entre
o elemento ds e P
3. O módulo de dB é proporcional a I e ds
4. O módulo de dB é proporcional a senθ, onde θ é o ângulo entre os vector ds
e o vector unitário r.

A lei de Biot-Savart é matematicamente descrita por


 Ids × 
r
dB = km (4.16)
2
r

Onde Km é uma constante dada por

µ0
km = (4.17)

Onde μ0 é a permeabilidade magnética no vazio e vale

µ0 = 4π × 10−7 = 1,26 × 10−6T ⋅ m / A (4.18)

Para determinar o campo total é preciso fazer a soma de todos os elementos de


corrente que constituem a corrente no condutor, ou seja,


µ0 Ids × 
r
B =
4π ∫ r2
(4.19)

Existe semelhanças entre esta lei e a lei de Coulomb para o campo eléctrico
dQ 
E = k∫ r . Ambas variam com o inverso da distância ao quadrado ao elemento,
r2
de corrente no caso do magnetismo, de carga no eléctrico:
• Um elemento Ids produz um campo magnético
• Um elemento de carga dq produz um campo eléctrico.

As direcções dos campos é que são diferentes. O campo eléctrico é radial para o
caso de uma carga pontual enquanto o campo magnético de um elemento de carga
é perpendicular a esse elemento de corrente e ao raio vector.

4.4.2 Aplicações da Lei de Biot-Savart

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O campo calculado nos exemplos seguintes é originado pela corrente no condutor.
Não confundir com um campo externo que pode ser aplicado a esse condutor.

4.4.2.1 Campo eléctrico de um fio condutor delgado e rectilíneo.

O primeiro caso de aplicação da lei de Biot-Savart está representado na figura


seguinte

Nela está representada uma recta (ou um elemento de um fio rectilíneo) e


pretende-se calcular o campo B gerado pela corrente no fio condutor rectilíneo. O
fio condutor, portanto o segmento de recta, está sobre o eixo dos xx e o ponto P no
eixo dos yy. Devido à simetria qualquer direcção perpendicular ao fio podia ser
escolhida como y. Na figura está representado um elemento de corrente Idl a uma
distância x da origem. O vector unitário r está orientado do elemento de corrente
para o ponto P.
A direcção do campo magnético do elemento, no ponto P, é a direcção do produto

Ids × 
r que é perpendicular ao plano da página, ou seja de trás para a frente.
Todos os campos originados por elementos de corrente neste condutor têm a
mesma direcção. Então basta calcular o seu módulo.
O campo do elemento representado na figura anterior tem de módulo

µ0 Idx
dB = senφ (4.20)
4π r 2

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Em que ∅ é o ângulo entre o vector unitário r e o elemento ds. Como o fio condutor

está segundo xx ds=dx e Ids × 
r = Idxsenφ . No entanto é mais fácil trabalhar com
o ângulo θ, ficando

µ0 Idx
dB = cos θ (4.21)
4π r 2

E usando as seguintes transformações

x = y tan θ
r2 r2 (4.22)
dx = y sec2 θd θ = y dθ = dθ
2 y
y

Obtém-se

µ0 I r 2 µ I
dB = cos θd θ = 0 cos θd θ (4.23)
4π r 2 y 4π y

O campo magnético total do condutor é obtido pela integração da equação (4.23)


entre o ângulo θ1 e θ2 (considerando a figura anterior) obtendo-se

θ2
µ I
B = ∫ 4π0 y cos θd θ (4.24)
θ1

Ficando o campo em P dado por

µ0 I
B = ( sen θ2 − sen θ1 ) (4.25)
4π R

Em que R corresponde a y na figura anterior. Esse resultado dá o campo magnético


devido a qualquer segmento de fio em termos de R perpendicular à distância e θ1 e
θ2 são os ângulos subtendidos ao ponto campo pelas extremidades do fio. Se o
comprimento do fio for para o infinito em ambas as direcções, θ2 tende para + 90 °
e θ1 para -90 ficando a equação anterior

µ0 I
B = (4.26)
2π R

Em qualquer ponto no espaço, as linhas do campo magnético de um fio infinito,


transportando uma corrente, são tangentes a um círculo de raio R sobre a fio, onde
R é a distância perpendicular do fio ao ponto de campo. A direcção de B pode ser

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determinada pela aplicação da regra da mão direita, como mostrado na figura
seguinte

4.5 Lei de Ampére

A experiencia realizada por Oersted em 1820, demonstrou que um condutor gere


um campo magnético quando percorrido por uma corrente. Nessa experiencia,
Oersted colocou bússolas num plano horizontal perto do condutor (ver figura a)).
Inicialmente as bússolas apontavam todas na direcção do campo magnético
terrestre. No entanto, quando foi aplicada uma corrente ao fio forte, todas as
bússolas sofreram um desvio numa direcção tangente a um círculo em torno do fio
(figura b)).

Desta experiência conclui-se que a direcção de B é a direcção dada pela regra da


mão direita

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• Se o fio condutor for agarrado pela mão direita, com o polegar na direcção
da corrente, os outros dedos da mão curvam na direcção de B.

Uma vez que as agulhas das bússolas apontam na direcção de B, conclui-se que as
linhas de B são círculos em torno do fio. Assim por simetria o módulo de B é o
mesmo em qualquer ponto de um círculo que tenha o centro no fio e que esteja
num plano perpendicular ao fio. Pela alteração da corrente e da distância r ao fio,
verifica-se que B é proporcional à corrente e inversamente proporcional à
distância ao fio.

 
Agora vamos calcular o produto B ⋅ ds onde ds corresponde a um pequeno
elemento da curva circular a uma distância r do fio condutor e o valor do campo é
B, e somar estes produtos sobre esta curva centrada no fio. Sobre esta curva, os
 
vectores de e B são paralelos entre si, em cada ponto, de modo que B ⋅ ds = Bds .
Além disso, e como calculado anteriormente o campo B em módulo é constante
sobre esse círculo. Portanto, a soma dos produtos Bds sobre esta curva fechada,
 
que é equivalente ao integral de linha de B ids dado por

  µI
∫ ids = B ∫ ds = 2π0 r ( 2πr ) = µ0I
B (4.27)

Este resultado, conhecido como Lei de Ampére, foi obtido pra o caso particular de
um círculo envolvendo um fio. O resultado, porém pode ser aplicado ao caso geral,
no qual uma curva fechada arbitrária é atravessada por uma corrente constante.
Isto é:

 
• A lei de Ampére afirma que o integral de linha de B ⋅ ds , sobre qualquer
curva fechada, é igual a μ0I, onde I é a corrente constante total que passa
por qualquer superfície limitada pela curva fechada.

22
 
∫ B ids = µ0I (4.28)

A lei de Ampére só vale correntes constantes. A lei de Ampére só tem utilidade no


cálculo em situações de elevada simetria. Esta lei é análoga à lei de gauss da
electrostática.
Equation Chapter 1 Section 5

5 A Lei da Indução de Faraday


5.1 As experiências de Faraday

As duas experiências descritas em seguida permitem uma melhor compreensão da


lei de Faraday. Considere-se uma bobina cujos terminais estão ligados a um
amperímetro que pode detectar a presença de uma corrente. Inicialmente o
ponteiro estará no zero sem sofrer desvio, pois não existe nenhuma bateria no
sistema. Vamos agora considerar que é aproximado um íman à bobina, como
mostra a figura seguinte a). Enquanto o íman estiver em movimento o ponteiro do
amperímetro irá sofrer um desvio, indicando que existe uma corrente na bobina.
Esta situação só se mantém se o íman estiver em movimento. Nesta experiencia
também se verificou que quanto mais rápido se deslocar o íman maior será o
desvio. Quando o movimento do íman cessar volta-se à situação inicial, ou seja o
ponteiro volta a zero (figura b). Se estivermos a afastar o íman da espira, volta-se a
ter o mesmo comportamento anterior, só que nesta situação o ponteiro deflecte na
direcção oposta, o que indica que a corrente na bobina teve o seu sentido trocado
(figura c). Se invertemos a polaridade do íman e repetirmos a experiencia anterior,
voltamos a ter os mesmos resultados excepto os sentidos das deflexões qie serão
trocados.

23
Experiências realizadas mais tarde demonstraram, que o mais importante para a
origem desta corrente é o movimento relativo entre o íman e a bobina. È
indiferente movermos a bobina ou íman.
A corrente que aparece na bobina é chamada corrente induzida e o trabalho
realizado por unidade de carga durante o movimento dos portadores de carga que
constituem essa corrente é a fem induzida.
Uma outra experiencia que demonstra a lei de Faraday está representada na figura
seguinte.

Neste caso duas bobinas são colocadas próximas uma da outra, mantidas em
repouso e sem nenhum contacto directo. Quando a chave s é fechada, uma corrente
gerada por uma bateria irá percorrer a bobina da direita, provocando uma deflexão
no ponteiro do amperímetro da bobina da esquerda momentâneo voltando de

24
seguida a zero. Quando a chave S é aberta, interrompendo a corrente, o ponteiro
sofre novamente uma deflexão momentânea, mas no sentido oposto.
Somente quando a corrente da bobina da direita está a aumentar ou a diminuir, ou
seja a variar, é que uma fem induzida aparece na bobina da esquerda. Se a corrente
permanecer constante, independentemente do valor, não irá existir fem induzida
na bobina da esquerda.

5.2 A lei de indução de Faraday

5.2.1 Fluxo magnético

Antes de descrevermos matematicamente as duas experiências anteriormente


descritas vamos definir uma grandeza que nos será útil, o fluxo magnético.
O fluxo magnético é a grandeza análoga au fluxo eléctrico e está relacionado com o
numero de linhas de campo magnético que passam através de uma certa área.
Considere-se a figura seguinte em que o campo magnético é perpendicular à área
limitada por um circuito simples, constituído por uma espira.

Neste caso o fluxo magnético, ϕm, é dado pelo produto do campo magnético pela
área A limitada pela espira

φm = BA (5.1)

Onde a unidade é o Wb =Tm2. Como B é proporcional ao número de linhas do


campo magnético por unidade de área, o fluxo magnético é proporcional ao
numero de linhas do campo que atravessam uma área. Se o campo não for
perpendicular à superfície, como mostra a figura seguinte, o fluxo é dado por:

25

 = BA cos θ = B A
φm = B ⋅ nA (5.2)
n

Onde θ é o ângulo entre o vector n e o vector campo magnético e



 = B cos θ é a componente B normal à superfície.
Bn = B ⋅ n
A definição de ϕm, pode ser generalizada para o caso de superfícies curvas em que
B pode variar de módulo, em direcção ou em ambos, dividindo as superfícies num
grande número de elementos de área suficientemente pequenos de forma a estes
serem considerados planos e B constante, tal como no caso do campo eléctrico. Se
ni for o vector unitário do elemento i com área ∆Ai (como mostra a figura
seguinte) o fluxo magnético é:


∆φm,i = B ⋅ ni ∆Ai (5.3)

O fluxo total da superfície é dada pela soma de todos os elementos quando estes
elementos tendem para 0, ficando:


φm = lim
∆A→ 0
∑ ⋅ ni ∆Ai =
B 
∫ BndA (5.4)
i S

26
Quando uma bobina tiver N espiras o fluxo será:

φm = NBA cos θ (5.5)

No caso geral, campo B não é constante sobre a área o fluxo é:


φm = ∫ NB ⋅ ndA = ∫ NBndA (5.6)
S S

5.2.2 Lei de Indução de Faraday

Através de várias experiências foi demonstrado que se um fluxo magnético através


de um circuito for modificado, por qualquer meio, há uma indução de uma fem no
circuito, cujo módulo é igual à taxa temporal do ϕm. Esta fem originada pelo ϕm
variável pode ser considerada como distribuída por todo o circuito existindo
mesmo no caso do circuito aberto e não houver corrente. Matematicamente fica:

d φm
ε=− (5.7)
dt

Em que a unidade é o Volt (V). Está é a lei de Faraday. O sinal negativo está
relacionado com o sentido da fem induzida. Se a bobina tiver N espiras a equação
(5.7) fica:

d φm
ε = −N (5.8)
dt

A equação da Lei de Faraday pode ser escrita, igualmente, da seguinte forma:

d
ε=− ( BA cos θ ) (5.9)
dt

Desta equação vemos que é possível induzir uma fem num circuito de várias
formas:

1. O módulo de B variar com o tempo.


2. A área limitada pelo circuito variar com o tempo
3. O ângulo θ, entre B e a normal à superfície da espira variar com o tempo
4. Qualquer combinação das situações anteriores.

27
5.3 Lei de Lenz

O sinal negativo na lei de Faraday está relacionado com a direcção da fem induzida.
A direcção da fem induzida e da corrente induzida podem ser achadas por um
princípio geral da física, conhecido como lei de Lenz:

A fem induzida e a corrente tem uma direcção que se opõe à variação que as
provocou.

Dito de outra forma.

A polaridade da fem induzida é tal, que ela tende a provocar uma corrente
que irá gerar um ϕm que se opõe à variação do fluxo magnético através do
circuito fechado.

Isto é, a corrente induzida tende a manter o fluxo original através do circuito. Esta
lei é uma consequência da lei da conservação de energia. O sinal negativo da lei de
Faraday sugere essa oposição.
Para se perceber melhor esta lei considere-se a figura seguinte, em que uma barra
se desloca para a direita, sobre dois trilhos paralelos, na presença de um campo
uniforme perpendicular ao plano da página.

Quando a barra se move para a direita, o fluxo magnético através do circuito


aumenta com o tempo, pois a área do circuito aumenta. A lei de Lenz afirma que a

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corrente induzida deve ter uma direcção tal, que o fluxo magnético que ela gera se
oponha à variação do fluxo magnético externo.
Como o fluxo externo está a crescer da frente da página para trás, a corrente
induzida, para se opor a esse aumento, deve provocar um fluxo de trás para a
frente da página. Assim a corrente deve ter o sentido anti-horário, a fim de
provocar um contra fluxo na região dentro do circuito. Por outro lado quando a
barra desliza para a esquerda o fluxo diminui com o tempo. Uma vez que o fluxo
passa da frente para trás da página, a corrente deve ter o sentido horário, a fim de
provocar um fluxo da frente para trás da página, no interior do circuito. Em
qualquer caso, a corrente induzida tende a manter o fluxo original através do
circuito.
Vamos demonstrar agora que a lei de Lenz é uma consequência da conservação de
energia. Considere-se a primeira situação descrita anteriormente, ou seja foi dado
um empurrão à barra para a direita, o que provoca uma corrente no sentido anti-
horário. O que aconteceria se a corrente tivesse o sentido horário. Para I no sentido
horário, a direcção da força magnética sobre a barra deslizante seria para a direita.
Esta força aceleraria a barra e aumentava a sua velocidade, então, isto provocaria
um aumento mais rápido da área do circuito, o que provocaria o aumento da
corrente induzida, o que provocaria o aumento da força, o que…. Na realidade. O
sistema adquiriria energia sem injecção adicional de energia, o que contraria a lei
da conservação da energia. Então a corrente só pode ter o sentido anti-horário.

5.4 Fem devida ao movimento

Na figura seguinte está representada uma barra que escorrega sobre dois trilhos
também condutores que estão ligados por uma resistência.

Um campo magnético uniforme B está dirigido da frente para trás da página.


Quando a barra se desloca para a direita, a área do circuito (inicialmente é a área
sombreada) aumenta e o fluxo magnético através do circuito também aumenta.
Então irá existir uma fem no circuito. Seja l a separação entre os trilhos e x a
distancia entre a barra e a extremidade da esquerda dos trilhos num certo instante.

29
A área envolvida pelo circuito (área sombreada) é então lx e o fluxo magnético do
circuito neste instante é:

φm = BA = Blx (5.10)

Quando a barra se desloca de dx, a área do circuito aumenta de dA=ldx e a variação


de fluxo é d φm = Bldx . A taxa de variação do fluxo é então:

d φm Bldx
= = Blv (5.11)
dt dt

O módulo da fem induzida neste circuito é portanto:

d φm
ε = = Blv (5.12)
dt

A direcção da fem, neste caso, é a de induzir uma corrente no sentido anti-horário.


O fluxo desta corrente induzida está dirigido de trás para a frente da página e
opõe-se ao aumento do fluxo provocado pelo movimento. Em virtude da corrente
induzida, que está dirigida de baixo para cima na barra, há uma força magnética
sobre a barra de módulo FL=ILB e oposta ao movimento da barra (figura seguinte)

Se a barra recebe uma certa velocidade inicial v para a direita e depois fica livre, a
força sobre a corrente induzida retarda o movimento da barra até que atinge o
repouso. Assim, para se manter o movimento é necessário ter uma força aplicada
actuando da esquerda para a direita. Neste caso, a fem induzida é a fem do
movimento.
A fem de movimento é qualquer fem induzida pelo movimento relativo entre um
campo magnético e um circuito, que pode ser fechado ou não. Se a resistência do
circuite for R a corrente I induzida é:

ε Blv
I = = (5.13)
R R

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Podemos fazer algumas considerações sobre a energia. Se a barra se desloca com
velocidade constante, então a força aplicada é igual à força magnética que se opõe
ao movimento da barra

FR = FL = IlB (5.14)

A potência proporcionada pela força aplicada é:

B 2l 2v 2 ε2
P = FRv = IlBv = = (5.15)
R R

Daqui concluímos que:


• Esta potência é igual à taxa de dissipação de energia na R, RI2
• Também é a potência proporcionada pela fem induzida
• Conversão de energia mecânica em energia eléctrica e conversão desta em
energia térmica (efeito de Joule)

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