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INTERACÇÃO ELÉCTRICA
CAPÍTULO 4
INTRODUÇÃO
Na capitulo três estudamos os fenómenos ou processos eléctricos relacionados com cargas
eléctricas fixas em relação a um referencial inercial dado, chamado Electrostática. Nesta
capítulo iremos tratar de fenómenos e processos eléctricos relacionados com cargas elétricas
em movimento relativamente a um referencial inercial escolhido. Tal capitulo chama-se
electrocinética ou electrodinámica. Mãos à obra.
O QUE VAMOS APRENDER NESTA LIÇÃO (CONTEÚDOS)?
Conceito de corrente e densidade de corrente eléctrica
Sentido da corrente eléctrica e condições básicas para sua ocorrência
Velocidae de deriva
Equação de Mawwell para correntes estacionárias
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b) No meio em análise deve existir um campo eléctrico exterior cuja energia será usada
movimentar continuamente os portadores de carga eléctrica, ou seja, deve existir uma
fonte de energia eléctrica, um dispositivo capaz de transformar qualquer tipo de
energia em energia do campo eléctrico.
Num meio condutor o sentido da corrente eléctrica coencide com o sentido do movimento
dos electrões (dos pontos de menor para os de maior potencial) que por sua vez é
contrário ao sentido do campo electrico exterior que gerou essa corrente. Essa direção da
corrente chama-se sentido real da corrente eléctrica.
Seja ∆q a quantidade de carga eléctrica que atravessa uma área de seção transversal
(perpendicular) ∆S do codutor num intervalo de tempo ∆t.
Chama-se intensidade média de corrente electrica (I) a razão entre a quantidade de carga
∆q que atravessa a área de secção transversal ∆S do condutor no intervalo de tempo ∆t:
∆q
I= (1)
∆t
A equação (2) mostra que a intensidade de corrente eléctrica por definição é igual a primeira
derivada da carga eléctrica em ordem ao tempo. A sua unidade de medição no sistema
internacional de unidades (SI) é 1Coulomb por segundo
C
= 1Cs−1
[I] = 1
s
Por convenção atribuiu-se a esta unidade o nome de Ampere, em homenagem a André-
Marie Ampère (Lyon, 20 de janeiro de 1775 — Marselha, 10 de junho de 1836) físico,
filósofo, cientista e matemático francês que fez importantes contribuições para o estudo do
eletromagnetismo1.
C
[I] = 1
= 1A
s
Por definição um Ampere é igual à corrente transportada por uma carga unitária (1 C) que
atravessa uma área de seção transversal do condutor durante um segundo.
A corrente eléctrica diz-se contínua (corrente eléctrica contínua) quando a sua intensidade
e sentido não variam no tempo (I=constante em valor e sentido). Quando a intensidade de
corrente é variavel em valor e direção, estamos na presença da corrente alternada (ca).
A partir da equação (2) temos que
1
Fonte: André-Marie Ampère – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org); 07/10/023
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dq = Idt
Integrando no tempo esta relação teremos
t
q = ∫ Idt (3)
0
A equação (3) permite calcular a carga eléctrica por integração conhecida a função da I(t) da
intensidade de corrente (é uma fórmula geral). Para uma corrente contínua ou estacionária
(I=constante), a equação Error! Reference source not found. toma a forma conhecida por
todos:
q
q = It (I = ) (4)
t
Onde:
J: Módulo do vector densidade de corrente (1Am-2);
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⃗⃗⃗⃗
I = ∫ J ∗ ds
s
Esta equação mostra que a corrente eléctrica que flui nos limites de um condutor pode ser
definida como fluxo do vector densidade de corrente elétrica.Tendo em vista a definição
do produto escalar entre dois vectores (J e ⃗⃗⃗⃗
ds) a equação anterior pode ser escrita na forma:
⃗⃗⃗⃗ = ∫ j ∗ ds ∗ cos θ = ∫ Jn ∗ ds
I = ∫ J ∗ ds (6)
s
s s
Onde:
θ = (J e ds
⃗⃗⃗⃗ ): Ângulo formado entre os dois vectores
I = ∫s Jn ∗ ds = ∫s J ∗ dS = J ∫s dS = JS
2
Para uma discussão mais geral e profunda deste conceito recomendo a leiotura de Purcell (1972: p.105-
108).
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∆q = Ne ∗ V = Ne ∗ LS = Ne ∗ vd ∗ ∆t ∗ S
Onde:
ne ∗e
Ne : Numero de electrões de condução por unidade de volume do condutor (Ne = )
V=1
Por definição a intensidade de corrente associada a esse movimento é dada pela equação
∆q
I=
∆t
Substituindo nesta equação ∆q pelo resultado obtido acima e, tendo em conta a definição
n ∗e
e
de Ne ( V=1 ) teremos a intensidade de corrente associada a esse movimento dirigido dos
electrões:
I = ne ∗ e ∗ vd ∗ S (10)
Aplicando nesta equação a definição da densidade de corrente (corrente por unidade de àrea)
e tendo em conta o sinal da carga do electrão teremos a equação que relaciona a densidade
de corrente com a velocidade de deriva dos electrões.
J = (−ne ) ∗ e ∗ ⃗⃗⃗⃗
vd (11)
Considerando apenas o valor abosluto da carga dos electrões a equação da densidade de
corrente elétrica associada aos portadores livres de carga é dada pela equação
J = ne ∗ e ∗ ⃗⃗⃗⃗
vd (12)
A partir das equações (10) ou (12) podemos então gerar a equação da velocidade de deriva
I J (13)
vd = =
ne ∗ e ∗ S ne ∗ e
Em síntese a velocidade de deriva é a velocidade média do movimento ordenado dos
portadores de carga. Para os máximos valores da densidade de corrente, a velocidade de
deriva é da ordem de 0,1m/s (um valor extremamente pequeno em relação à velocidade
térmica (média quadrática) dos electroes estimada em torno de 103 m/s.
Notemos que, matematicamente falando, o produto escalar de um vector por um vector-area
por definição é um fluxo, isto é:
J ∗ ⃗⃗⃗⃗
dS: é fluxo elementar do vector J através da superfície elementar ou infinitesimal dS
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I = ∫s J ∗ ⃗⃗⃗⃗
ds: é fluxo do vector J através da superfície elementar ou infinitesimal dS
Isso quer dizer que a equação (6) representa a intensidade de corrente como fluxo do
vector densidade de corrente atraves de uma superficie S qualquer dada.
Se a superficie em análise é fechada podemos apresentar a equação (6) da seguinte forma
I = ∮ J ∗ ⃗⃗⃗⃗
ds
s
Neste caso a corrente electrica é definida comofluxo do vector J através de uma superficie
fechada S.
Na Análise vectorial existe o chamado teorema de divergência de Gauss o qual estabelece
que:
O fluxo escalar do vector (seja J) através de uma superfície fechada S é igual ao integral da
divergência do mesmo vector calculado sobre o volume V que é limitado pela superfície
considerada. Matematicamente isso equivale a escrever que:
∮ J ∗ ⃗⃗⃗⃗
ds = ∫ divJ dv
s
V
Note que o teorema de Gauss permite transformar um instegral de superficie (integral duplo)
num integral de volume (triplo) e introduz um operador vectorial denominado divergente.
A divergência de um vetor é uma medida da variação do fluxo do campo vetorial em um
ponto.Nos pontos onde houver divergência positiva divJ>0), as linhas do campo do vector
j divergem (nascem) e diremos que nesses pontos há fontes do fluxo desse campo. Nos
pontos onde a divergência é negativa (divj<0), as linhas de força do campo convergem
(terminam) e nesses pontos temos os absorventes do fluxo.
Se a divergência de um vetor é nula, significa que o campo vetorial é incompressível, ou seja,
não há fontes nem absorventes de fluxo no ponto. Isso implica que o fluxo que entra em um
volume infinitesimal ao redor do ponto é igual ao fluxo que sai, indicando uma conservação
das linhas de campo. Um exemplo de campo vetorial incompressível é o campo gravitacional,
que tem divergência zero em todo o espaço.
É exatamente esta situação que ocorre com o fluxo do vector densidade de corrente de
corrente contínua. Com efeito, dado que a corrente contínua é constante no tempo, ou a
corrente é estacionária (j=constante) a divergência do vector densidade de corrente é nula3.
3
Para verificar a equação (14) temos que recordar que o operador divergencia em coordenadas
∂
cartesianas não é mais do que as derivadas parciais em relação as coordenadas x,y e z: div = ∇= i+
∂x
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∫ divJ dv = 0 (14)
V
De ponto de vista da Física isso significa que não temos fontes nem absorventes das linhas
de corrente, ou por outras palavras, o fluxo das linhas de corrente que entra em um volume
V (limitado por uma superficie S) ao redor do ponto é igual ao fluxo que sai.
Pode-se afirmar que a equação (14) represnta a a equação de Maxwell para o caso das
correntes estacionárias (correntes contínuas)4.
1.4.1.4. ATIVIDADES
Para realizar estas atividades, leia os artigos científicos bem como os textos anexados na
plataforma moodle para esta aula. Reflita sobre a leitura feita e procure responder as seguintes
questões.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Corradi, W., Fonseca, L., Oliveira, W. S. de, Tarsia, R. D., Nemes, M. C., & Balzuweit, M.
(2011). Fundamentos de Fisica III.
Halliday, D., Resnick, R., & Walker, J. (2016). Fundamentos de Fisica, vol.3. LTC.
Purcell, E. M. (1972). Eletricidade e Magnetismo (São Paulo). Edgard Bluecher.
Tipler, P. A. (2000). Física para cientistas e engenheiros. Volume 2: Eletricidade e Magnetismo (4 ed.
Trad). Editora LTC.
Yavorski, B. M., & Detlaf, A. A. (1984). Prontuário de Física [Prontuário]. Editora MIR.
∂ ∂ ∂ ∂
j+ ⃗ ;
k então, divj é um produto escalar dos vectores ∇eJ. Isto é: divJ = ∇ ∗ J = ( i + j+
∂y ∂z ∂x ∂y
∂
⃗ ) ∗ (Jx i + Jy i + Jz i) = ∂Jx + ∂Jy + ∂Jz . Como no caso em análise J é constante, as suas derivadas
k
∂z ∂x ∂y ∂z
parciais serão igualmente nulas, ou simplesmente, divJ = 0 (cqd!)
4
O caso não estacionário em que a carga q e a intensidade de corrente varia será analisado mais adiante