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FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS


REPARTIÇÃO DE FÍSICA
CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE FÍSICA
Módulo de Eletricidade e Magnetismo Nível: Ensino a Distância (Ead)

INTERACÇÃO ELÉCTRICA
CAPÍTULO 4

Lição no1.4. Corrente eléctrica. Intensidade e densidade de corrente contínua


OBJECTIVOS
Definir o conceito de corrente eléctrica (CE)
Explicar as condições para sua ocorrência
Explicitar os sentidos (real e convencional) da CE
Definir os conceitos intensidade e densidade de CE e escrever as suas respetivas equações
Explicar o conceito de velocidade de deriva
Resolver problemas diversos que envolvem os assuntos tratados nas lições anteriores
Argumentar, questionar, criticar e relacionar os conhecimentos elaborados com a sua
realidade.

INTRODUÇÃO
Na capitulo três estudamos os fenómenos ou processos eléctricos relacionados com cargas
eléctricas fixas em relação a um referencial inercial dado, chamado Electrostática. Nesta
capítulo iremos tratar de fenómenos e processos eléctricos relacionados com cargas elétricas
em movimento relativamente a um referencial inercial escolhido. Tal capitulo chama-se
electrocinética ou electrodinámica. Mãos à obra.
O QUE VAMOS APRENDER NESTA LIÇÃO (CONTEÚDOS)?
Conceito de corrente e densidade de corrente eléctrica
Sentido da corrente eléctrica e condições básicas para sua ocorrência
Velocidae de deriva
Equação de Mawwell para correntes estacionárias
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COMO VAMOS APRENDER (METODOLOGIA)


Leitura: artigos científicos/Textos diversos/Livros
Elaboração de resenhas das leituras feitas
Elaboração de texto escrito.

1.4.1. VISÃO GERAL DOS CONTEÚDOS


1.4.1.1. Introdução ao conceito de corrente eléctrica
O capítulo anterior foi dedicado ao estudo da Eletrostática no qual analisamos
diferentes fenômenos relacionados com cargas eléctricas estacionárias. Nesta parte o foco
centra-se nos fenômenos relacionados com cargas elétricas em movimento denominada
Eletrodinâmica por uns e Electrocinética por outros.
A eletrodinâmica (ou Electrocinética) é a parte fundamental da Física da eletricidade
que estuda os fenômenos e os processos relacionados com o movimento das cargas elétricas
ou de corpos macroscópicos carregados de eletricidade (Yavorski & Detlaf, 1984).
Consideremos um condutor eléctrico no qual foi criada uma diferenca de potencial
conforme ilustra Figura 1, o potencial em A é maior que o de B (φA > φB ).

Figura 1. Movimento ordenado de electrões

Graças a diferença de potencial (ddp) estabelecida entre as extremidades do condutor, no seu


interior surgirá um campo eléctrico interno que irá forçar os electrões (portadores de carga
negativa) a se movimentarem do ponto A (de maior potencial) para o ponto B (de menor
potencial), enquanto que as cargas positivas (iões positivos) irão se movimentar no sentido
contrário. Esse movimento de portadores livres de carga cessará quando os potenciais nos
pontos considerados se equilibrarem (a ddp será nula) isto é,
φA − φB = 0 ou φA = φB
Um fenómeno análogo será observado se o mesmo condutor for submetido a um campo
electrico exterior. Tanto numa como noutra situação teremos como resultado a ocorrência
de um movimento ordenado ou dirigido de cargas eléctricas.
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Chama-se corrente eléctrica ao movimento ordenado ou dirigido dos portadores livres de


carga eléctrica sob ação das forças do campo eléctrico.
A corrente eléctrica pode ser de condução ou de convenção. A corrente de condução é o
tipo mais comum de corrente elétrica e ocorre quando elétrons livres se movem através de
um material condutor, como um fio metálico. Esse tipo de corrente é gerado quando uma
fonte de tensão é aplicada em um circuito elétrico e força os elétrons livres a se moverem na
direção do polo positivo da fonte. Exemplos:
a) Corrente (de condução) produzida nos metais e semicondutores à custa do movimento
ordenado dos electroes livres.
b) Corrente electrica (de conducao) que ocorre nas soluções electroliticas ou electrólitos
devido ao movimento ordenado dos iões positivos e negativos dentro da solução.
Uma corrente eléctrica de convecção é um tipo de corrente que ocorre quando uma
diferença de temperatura provoca o movimento de cargas eléctricas num fluido condutor. A
corrente eléctrica de convecção pode ser observada em alguns fenómenos naturais, como as
auroras boreais e austrais, que são causadas pelo fluxo de partículas carregadas do vento solar
que interagem com o campo magnético terrestre. Outro exemplo é a geração de electricidade
a partir de fontes geotérmicas, que aproveitam o calor proveniente do interior da Terra para
aquecer um fluido que conduz as cargas eléctricas até um gerador.
Notemos que diferentemente do caso electrostático em que um condutor mergulhado num
⃗ = 0) e a sua
campo eléctrico exterior, o seu interior fica isento da acção do campo (E
superfície se torna equipotencial (φ = constante), no caso em análise, na superficie do
condutor o vetor campo eléctrico orienta-se de tal maneira que na sua superfície existe
⃗ =E
sempre uma componente tangencial não nula (E ⃗ t ≠ 0), que faz com que a superficie
deste não seja equipotencial.
As condições indispensáveis para o surgimento e manutenção da corrente eléctrica num meio
condutor são (Yavorski & Detlaf, 1984):
a) No meio condutor considerado devem existir portadores livres de carga, isto é,
partículas carregadas dusceptiveis de movimento ordenado sob acção das forças do
campo eléctrico externo.
Nos metais e nos semicondutores os portadores livres de carga são os electrões de
condução. Nos meios condutores líquidos ou soluções electrolíticas os portadores livres
de carga são os iões de sinais contrários, enquanto que nos gases, são os electrões e os
iões de sinais contrários (positivos e negativos).
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b) No meio em análise deve existir um campo eléctrico exterior cuja energia será usada
movimentar continuamente os portadores de carga eléctrica, ou seja, deve existir uma
fonte de energia eléctrica, um dispositivo capaz de transformar qualquer tipo de
energia em energia do campo eléctrico.
Num meio condutor o sentido da corrente eléctrica coencide com o sentido do movimento
dos electrões (dos pontos de menor para os de maior potencial) que por sua vez é
contrário ao sentido do campo electrico exterior que gerou essa corrente. Essa direção da
corrente chama-se sentido real da corrente eléctrica.

Figura 2. Sentido real e convencional da corrente eléctrica


No entanto para o estudo dos fenómenos e processos eléctricos adota-se como sentido da
corrente eléctrica o sentido do movimento ordenado das cargas positivas (dos pontos de
maior para os de menor potencial). Este sentido é chamado de sentido convencional da
corrente eléctrica. A Figura 2 apresenta os dois sentidos da corrente eléctrica.
Especula-se que a escolha do sentido convencional como sentido da corrente foi feita com
intuito de uniformizar o sentido da corrente eléctrica (que é na verdade um fluxo) com outros
fluxos que ocorrem na natureza, com efeito:
O vento que resulta do fluxo de masssas de ar ocorre dos pontos de alta para os de baixa
pressao;
O calor flui dos pontos de maior temperatura para os de menor;
A corrente de àguas vai dos pontos de maior para os de menor altura, só para citar alguns.
1.4.1.2. Intensidade e densidade de corrente eléctrica
Consideremos um condutor eléctrico de comprimento l e área de secção S sob qual flui uma
carga electrica durante um certo intervalo de tempo (ver Figura 3).
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Figura 3. Definição da intensidade de corrente eléctrica

Seja ∆q a quantidade de carga eléctrica que atravessa uma área de seção transversal
(perpendicular) ∆S do codutor num intervalo de tempo ∆t.
Chama-se intensidade média de corrente electrica (I) a razão entre a quantidade de carga
∆q que atravessa a área de secção transversal ∆S do condutor no intervalo de tempo ∆t:
∆q
I= (1)
∆t

A intensidade de corrente eléctrica é uma grandeza escalar, numericamente igual a quantidade


de carga electrica que atravessa uma área de seção transversal do condutor numa unidade de
tempo.
O limite da relação dada pela equação (1) quando o intervalo de tempo considerado é
infinitamente pequeno (∆t→0) representa a intensidade de corrente (instantânea) no
instante t dado:
∆q dq
I = lim = (2)
∆t→0 ∆t dt

A equação (2) mostra que a intensidade de corrente eléctrica por definição é igual a primeira
derivada da carga eléctrica em ordem ao tempo. A sua unidade de medição no sistema
internacional de unidades (SI) é 1Coulomb por segundo
C
= 1Cs−1
[I] = 1
s
Por convenção atribuiu-se a esta unidade o nome de Ampere, em homenagem a André-
Marie Ampère (Lyon, 20 de janeiro de 1775 — Marselha, 10 de junho de 1836) físico,
filósofo, cientista e matemático francês que fez importantes contribuições para o estudo do
eletromagnetismo1.
C
[I] = 1
= 1A
s
Por definição um Ampere é igual à corrente transportada por uma carga unitária (1 C) que
atravessa uma área de seção transversal do condutor durante um segundo.
A corrente eléctrica diz-se contínua (corrente eléctrica contínua) quando a sua intensidade
e sentido não variam no tempo (I=constante em valor e sentido). Quando a intensidade de
corrente é variavel em valor e direção, estamos na presença da corrente alternada (ca).
A partir da equação (2) temos que

1
Fonte: André-Marie Ampère – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org); 07/10/023
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dq = Idt
Integrando no tempo esta relação teremos
t

q = ∫ Idt (3)
0

A equação (3) permite calcular a carga eléctrica por integração conhecida a função da I(t) da
intensidade de corrente (é uma fórmula geral). Para uma corrente contínua ou estacionária
(I=constante), a equação Error! Reference source not found. toma a forma conhecida por
todos:
q
q = It (I = ) (4)
t

No regime estacionário a corrente é mesma em qualquer secção reta do condutor. Isto é, a


corrente que circula no condutor é a mesma em qualquer plano que for definido no condutor
(ver Figura 4).

Iaa′ = Ibb′ = Icc′ = I = constante

Figura 4. Corrente estacionária(continua). Fonte:(Tipler, 2000)


Conforme fizemos referência anteriormente, a intensidade de corrrente é um escalar. Para
descrever “o sentido da corrente eléctrica em diferentes pontos da superficie do condutor e
a distribuição da intensidade da corrente pela mesma superficie”(Yavorski & Detlaf, 1984:
p.270) e, tendo em vista que corrente eléctrica que ocorre no seio dos condutores, a rigor,
envolve o transporte dos poratdores de cargas num espaço tridimensional, torna-se
necessário introduzir uma outra grandeza capaz de dar conta desta complexidade inerente à
corrente eléctrica. Tal grandeza chama-se densidade da corrente eléctrica (J).
O vector densidade de corrente da corrente eléctrica orienta-se no sentido do vector campo
eléctrico e o seu valor numérico é dado pela equação:
dI
|J| = J = (5)
ds

Onde:
J: Módulo do vector densidade de corrente (1Am-2);
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dI: elemento de corrente da intensidade de corrente que através de um elemento de área ds


colocado perpendicularmente ao movimento dos portadores de carga (1A);
ds: elemento de área
Uma relação mais geral define a corrente como fluxo escalar do vector densidade da corrente
eléctrica:
dI = J ∗ ⃗⃗⃗⃗
ds
Integrando esta equação por toda a superficie s, teremos:

⃗⃗⃗⃗
I = ∫ J ∗ ds
s

Esta equação mostra que a corrente eléctrica que flui nos limites de um condutor pode ser
definida como fluxo do vector densidade de corrente elétrica.Tendo em vista a definição
do produto escalar entre dois vectores (J e ⃗⃗⃗⃗
ds) a equação anterior pode ser escrita na forma:

⃗⃗⃗⃗ = ∫ j ∗ ds ∗ cos θ = ∫ Jn ∗ ds
I = ∫ J ∗ ds (6)
s
s s
Onde:
θ = (J e ds
⃗⃗⃗⃗ ): Ângulo formado entre os dois vectores

jn = Jcosθ: Componente normal do vector J (Componbente do vector ao longo da normal


⃗ ).
n
Note que para uma corrente contínua ou uniforme I=constante e paralela ao vector area
elementar ⃗⃗⃗⃗
dS, o vector J também será constante e paralelo ao vector área (Jn = J) e, nesse
caso a equação (6) toma a forma:

I = ∫s Jn ∗ ds = ∫s J ∗ dS = J ∫s dS = JS

Portanto para correntes estacionárias a intensidade e densidade de corrente estão entre si


relacionados através da equação:
I = JS (7)

Deixamos como tarefa do estudante demonstrar a seguinte equação:


J1 S2
= (8)
J2 S1
A relação dada pela equação (8) estabelece que:
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“Nnum circuito de coorente contínua, os valores de densidade de corrente em duas secções


transversais S1 e S2 são inversamente proporcionais às areas dessas secções” (Yavorski &
Detlaf, 1984: p.271).
Na electrostática aprendemos que vector campo eléctrico pode ser visualizado através das
linhas de força, de igual modo o vector densidade de corrente pode ser representado por
meio das linhas de corrente, como ilustra a figura Figura 5.

Figura 5. Linhas de corrente. Fonte: (Halliday et al., 2016:p.326)


Na Figura 5 a corrente flui da esquerda para direita passando de um condutor largo para
outro extreito. De acordo com a lei de conservação da carga eléctrica analisada no capítulo
da electrostática a carga eléctrica se conserva durante o processo, por conseguinte, a
intensidade de corrente também é constante (corrente estacionária) no entanto, a densidade
de carga que depende da área de secção do condutor, irá variar inversamente à area, sendo
menor no condutor largo e maior no extreito. Note que o espacamento das linhas de corrente
é inversamente proporcional ao valor da densidade de linhas de corrente, é maior onde a
densidade é menor e vice-versa.
Em síntese, “a corrente eléctrica é uma grandeza macroscópica, no sentido de que mede a
carga que passa através de uma dada superficie, cuja área é mensurável, enquanto a densidade
de corrente é uma grandeza microscópica que nos fornece uma visão do que ocorre em cada
ponto no interior do condutor” (Corradi et al., 2011:p.286).
Exemplo 1 (Tipler, 2000: p.147)
O fio usado para experimentos em laboratórios para estudantes é geralmente feito de cobre
e tem um raio de 0,815 mm. A) Estime a carga total dos electroes livres em cada metro deste
fio conduzindo uma corrente de valor igual a 1 A. Considere que haja um electrão livre por
atomo. b) Calcule a rapidez da deriva dos electrões
1.4.1.3. Velocidade de deriva
Retomenmos a Figura 3 supondo que se trata de um condutor metálico (no qual os
portadores livres de carga são os electrões de condução. Na ausência de um campo eléctrico
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exterior os electrões dedeslocam-se aleatoriamente dentro do condutor com uma velocidades


relativamente grandes colidindo com os iões da rede cristalina (ver figura Figura 6). Como
os electrões se movem de forma aleatória no seio do condutor, a velocidade média do seu
movimento é nula.

Figura 6. Electrõesem movimento dentro do condutor


Quando o condutor é submetido a um campo eléctrico exterior, ao movimento aleatório dos
electrões se sobrepõe um movimento ordenado no sentido contrário ao do campo eléctrico
O valor da energia cinética médio do movimento térmico dos electrões pode ser estimado
através da equação da ebergia cinética média do movimento de translação de uma molécula
do gás perfeito deduzida a partir da teoria cientica dos gases (Yavorski & Detlaf, 1984:p.163):
mvq 2 3
= KT
2 2
Onde:
m: massa do electrão; vq 2 : velocidade média quadrática dos electrões.
Segundo os autores acima citados, à temperatura T=273 K a velocidade média quadrática é
da ordem de 103 m/s.
Por outras palavras, podemos dizer que quando o condutor é submetido à ação de um campo
⃗ = −eE
eléctrico exterior, no seu interior surge uma força eléctrica (F ⃗ ) que atua em cada um
dos electrões obrigando estes a se moverem no sentido oposto ao do campo exterior.
Durante o intervalo de tempo entre duas colisões com os iões da rede cristalina, os electrões
livres, em média, adquirem uma velocidade adicional orientada no sentido oposto ao campo
exterior. O resultado final destas repetidas acelerações e dissipacões de energia é que os
electrões ganham uma pequena velocidade média com a qual se deslocam no interior do
condutor no sentido contrário ao campo eléctrico exterior, denominada velocidade de
deriva2 (𝐯⃗𝐝 ) (Tipler, 2000).

2
Para uma discussão mais geral e profunda deste conceito recomendo a leiotura de Purcell (1972: p.105-
108).
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Se L é o comprimento e S a sua área de secção, v


⃗ d velocidade média (deriva) dos electrões
no sentido contrário ao campo eléctrico exterior, e ∆t o intervalo de tempo que os electrões
levam para percorrer toda a extensão (L) então esta equação é válida
L = vd ∗ ∆t (9)
A quantidade de carga ∆q contida no volume V=LS do condutor é dada pela equação

∆q = Ne ∗ V = Ne ∗ LS = Ne ∗ vd ∗ ∆t ∗ S
Onde:
ne ∗e
Ne : Numero de electrões de condução por unidade de volume do condutor (Ne = )
V=1

Por definição a intensidade de corrente associada a esse movimento é dada pela equação
∆q
I=
∆t
Substituindo nesta equação ∆q pelo resultado obtido acima e, tendo em conta a definição
n ∗e
e
de Ne ( V=1 ) teremos a intensidade de corrente associada a esse movimento dirigido dos
electrões:
I = ne ∗ e ∗ vd ∗ S (10)
Aplicando nesta equação a definição da densidade de corrente (corrente por unidade de àrea)
e tendo em conta o sinal da carga do electrão teremos a equação que relaciona a densidade
de corrente com a velocidade de deriva dos electrões.
J = (−ne ) ∗ e ∗ ⃗⃗⃗⃗
vd (11)
Considerando apenas o valor abosluto da carga dos electrões a equação da densidade de
corrente elétrica associada aos portadores livres de carga é dada pela equação
J = ne ∗ e ∗ ⃗⃗⃗⃗
vd (12)
A partir das equações (10) ou (12) podemos então gerar a equação da velocidade de deriva
I J (13)
vd = =
ne ∗ e ∗ S ne ∗ e
Em síntese a velocidade de deriva é a velocidade média do movimento ordenado dos
portadores de carga. Para os máximos valores da densidade de corrente, a velocidade de
deriva é da ordem de 0,1m/s (um valor extremamente pequeno em relação à velocidade
térmica (média quadrática) dos electroes estimada em torno de 103 m/s.
Notemos que, matematicamente falando, o produto escalar de um vector por um vector-area
por definição é um fluxo, isto é:
J ∗ ⃗⃗⃗⃗
dS: é fluxo elementar do vector J através da superfície elementar ou infinitesimal dS
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I = ∫s J ∗ ⃗⃗⃗⃗
ds: é fluxo do vector J através da superfície elementar ou infinitesimal dS
Isso quer dizer que a equação (6) representa a intensidade de corrente como fluxo do
vector densidade de corrente atraves de uma superficie S qualquer dada.
Se a superficie em análise é fechada podemos apresentar a equação (6) da seguinte forma

I = ∮ J ∗ ⃗⃗⃗⃗
ds
s

Neste caso a corrente electrica é definida comofluxo do vector J através de uma superficie
fechada S.
Na Análise vectorial existe o chamado teorema de divergência de Gauss o qual estabelece
que:
O fluxo escalar do vector (seja J) através de uma superfície fechada S é igual ao integral da
divergência do mesmo vector calculado sobre o volume V que é limitado pela superfície
considerada. Matematicamente isso equivale a escrever que:

∮ J ∗ ⃗⃗⃗⃗
ds = ∫ divJ dv
s
V

Note que o teorema de Gauss permite transformar um instegral de superficie (integral duplo)
num integral de volume (triplo) e introduz um operador vectorial denominado divergente.
A divergência de um vetor é uma medida da variação do fluxo do campo vetorial em um
ponto.Nos pontos onde houver divergência positiva divJ>0), as linhas do campo do vector
j divergem (nascem) e diremos que nesses pontos há fontes do fluxo desse campo. Nos
pontos onde a divergência é negativa (divj<0), as linhas de força do campo convergem
(terminam) e nesses pontos temos os absorventes do fluxo.
Se a divergência de um vetor é nula, significa que o campo vetorial é incompressível, ou seja,
não há fontes nem absorventes de fluxo no ponto. Isso implica que o fluxo que entra em um
volume infinitesimal ao redor do ponto é igual ao fluxo que sai, indicando uma conservação
das linhas de campo. Um exemplo de campo vetorial incompressível é o campo gravitacional,
que tem divergência zero em todo o espaço.
É exatamente esta situação que ocorre com o fluxo do vector densidade de corrente de
corrente contínua. Com efeito, dado que a corrente contínua é constante no tempo, ou a
corrente é estacionária (j=constante) a divergência do vector densidade de corrente é nula3.

3
Para verificar a equação (14) temos que recordar que o operador divergencia em coordenadas

cartesianas não é mais do que as derivadas parciais em relação as coordenadas x,y e z: div = ∇= i+
∂x
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∫ divJ dv = 0 (14)
V

De ponto de vista da Física isso significa que não temos fontes nem absorventes das linhas
de corrente, ou por outras palavras, o fluxo das linhas de corrente que entra em um volume
V (limitado por uma superficie S) ao redor do ponto é igual ao fluxo que sai.
Pode-se afirmar que a equação (14) represnta a a equação de Maxwell para o caso das
correntes estacionárias (correntes contínuas)4.

1.4.1.4. ATIVIDADES
Para realizar estas atividades, leia os artigos científicos bem como os textos anexados na
plataforma moodle para esta aula. Reflita sobre a leitura feita e procure responder as seguintes
questões.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Corradi, W., Fonseca, L., Oliveira, W. S. de, Tarsia, R. D., Nemes, M. C., & Balzuweit, M.
(2011). Fundamentos de Fisica III.
Halliday, D., Resnick, R., & Walker, J. (2016). Fundamentos de Fisica, vol.3. LTC.
Purcell, E. M. (1972). Eletricidade e Magnetismo (São Paulo). Edgard Bluecher.
Tipler, P. A. (2000). Física para cientistas e engenheiros. Volume 2: Eletricidade e Magnetismo (4 ed.
Trad). Editora LTC.
Yavorski, B. M., & Detlaf, A. A. (1984). Prontuário de Física [Prontuário]. Editora MIR.

© Alfiado Victorino; Beira, Sofala, Moçambique, 2023

∂ ∂ ∂ ∂
j+ ⃗ ;
k então, divj é um produto escalar dos vectores ∇eJ. Isto é: divJ = ∇ ∗ J = ( i + j+
∂y ∂z ∂x ∂y

⃗ ) ∗ (Jx i + Jy i + Jz i) = ∂Jx + ∂Jy + ∂Jz . Como no caso em análise J é constante, as suas derivadas
k
∂z ∂x ∂y ∂z
parciais serão igualmente nulas, ou simplesmente, divJ = 0 (cqd!)
4
O caso não estacionário em que a carga q e a intensidade de corrente varia será analisado mais adiante

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