Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Representa a lei de Coulomb para uma distribuição discreta de cargas eléctricas pontuais. Ela permite
calcular o campo eléctrico criado por uma distribuição discreta qualquer de cargas num ponto dado 𝐫 do
espaço.
A lei de Gauss,
1
⃗ ds =
∮ E q
S ε0
desempenha um papel semelhante, ou seja, é uma outra ferramenta que nos permite determinar o
campo electrostático criado por uma determinada distribuição contínua de cargas no espaço.
Quer isto dizer que para resolução de problemas electrostáticos podemos recorrer a uma ou outra lei.
A lei de Gauss se mostra muito útil naqueles casos em que o campo a calcular é criado por uma distribuição
de cargas que apresenta um elevado grau de simetria, que pode ser esférica, cilíndrica (ou axial).
Por isso na resolução de problemas através da lei de Gauss, a primeira etapa consiste na análise e
identificação do tipo de simetria que o campo a calcular apresenta, para em função disso, decidir sobre o
tipo de gaussiana a usar. Para concretizar o que dissemos acima, calculemos os campos criados pelas
distribuições que se seguem.
I. Simetria esférica
Considere uma superfície esférica de raio R com uma carga Q positiva distribuída uniformemente em
toda sua superfície com uma densidade superfical de carga positiva (>0) conforme ilustra a Figura 1. O
objetivo é desterminar o campo electrostático gerado por essa distribuição de cargas num ponto r situado
fora da superfície esférica, isto é num ponto r tal que r>R
Página 2 de 6
Figura 1. Superfície esférica carregada
No ponto de observação P(r) considerado, o vector ⃗E(r) do campo electrostático criado pela superfície
esféria está orientado radialmente para fora da a partir da quele ponto e, pela simetrida da distribuição de
cargas em análise, o seu valor é igual em todos os pontos situados a uma mesma distância r em relação ao
centro da superfíce esférica. Para determinar o seu valor temos que traçar mentalmente uma superfície esférica
de raio igual a distância onde se quer calcular o campo, isto é, de raio r. Essa superfície é denominada
superfície de Gauss ou simplesmente gaussiana e, na Figura 1 está representada por uma superfície esférica
tracejada. Para calcular o seu valor vamos aplicar a lei de Gauss sobre a gaussiana escolhida.
Q
∫ ⃗ ds =
E
sexterna ε0
Onde:
⃗E: Vector do campo electrostático no ponto de obsercação p
ds: Vector área elementar
⃗ e ds) orientados na mesma direção
No primeiro membro temos um produto escalar de dois vectores (E
⃗ ; ds)=0). Por força da definição do produto escalar teremos:
e mesmo sentido (∡(E
Q . S
∫ Eds = =
S ε0 ε0
C
: Densidade superficial de carga (m2 )
E=
ε0
A densidade superficial de carga por definição é dada pela fórmula
Página 3 de 6
Q Q
σ= = (∗)
S 4πr 2
Onde:
Q: Carga elétrica (C)
S: Área de superfície esférica (S = 4πr 2 )
Substituindo esta última fórmula na equação anterior teremos:
Q Q
E= =
ε0 S ε0 4r 2
Ou seja, o valor do campo num ponto r dado, gerado por uma carga Q distribuida uniformemente
sobre uma superfície esférica de raio R é dado pela equação:
Q (1)
E (r) = r > R (fora da esfera)
4ε0 r 2
Onde:
E: Campo na gaussiana exterior (N/C)
S = 4r 2 : Área da gaussiana esférica (m2 )
Na forma vectorial a equação do vetor intensidade do campo gerado por esta distribuição pode ser
escrita na forma:
⃗E (r) =
Q Q (2)
2
e⃗r = r
4ε0 r 4ε0 r 3
Ambas equações (1) e (2) mostram que a intensidade do campo criado fora de uma superfície esférica
uniformemente carregada é a mesma que se todas as cargas estivessem concentradas no centro da esfera
(FRISH; TIMOREVA, 1981). Note estas equações são identicas aquelas obtidas para o campo gerado por uma
carga pontual. Porquê?
ATIVIDADE 1: Usando o mesmo raciocinio, deteremine a intensidade do campo electostático gerado
pela mesma distribuição num ponto situado no interior da superficie esférica (r<R).
A figura a seguir apresenta graficamente o comportamento do campo elecrostático gerado por
superfície esférica uniformemente carregada, mostrando mais uma vez que a intensidade do campo varia
inversamente proporcioanal à segunda potência da distância entre o centro e o ponto de observação.
Figura 2. Intensidade do campo gerado por uma superfície esférica uniformemente carregada
ATIVIDADE 2:
Resolva o mesmo problema para uma esfera de raio R com uma carga total positiva Q> 0
distribuída uniformemente em todo seu volume V com uma densidade volumétrica constante e positiva
Página 4 de 6
(>0). Neste caso vamos calcular o campo para pontos situados dentro da esfera, isto é, em pontos da
esfera tais que r<R.
Depois de resolver a atividade 2 leia FRISH; TIMOREVA (1981:p.40-para diante) e compare os seus
resultados com os dos autores supracitados. Faça uma análise objetiva da sua resoli
II. Simetria cilindrica
Consideremos uma superfície cilíndrica de raio R uniformemente carregada com uma densidade
superficial >0 constante. Calculemos o campo criado por esta distribuição a uma distância r>R do eixo do
cilindro.
Neste caso todos os pontos situados a uma mesma distância r do eixo do cilindro tem o mesmo valor
do campo criado por esta distribuição. Isso significa afirmar que a simetria do problema colocado é cilíndrica.
Por isso na qualidade de gaussiana (superfície cilindrica tracejada) iremos eleger uma superfície cilíndrica de
raio r igual à distância do eixo ao ponto onde queremos calcular o campo.
Página 5 de 6
σR (3)
E=
ε0 r
Esta equação mostra-nos que o campo electrostático criado por uma distribuição superficial cilíndrica
de cargas, é inversamente proporcional a distância do eixo do cilindro.
Se introduzirmos um vector unitário (e⃗r ) na direção do campo podemos escrever a equação anterior
na forma vectorial.
⃗E =
σR (4)
e⃗
ε0 r r
Para terminar essa secção dedicada ao estudo da lei de Gauss apresentamos a tabela a seguir que
sintetiza os campos criados por diferentes distribuições de cargas calculados a partir da lei de Coulomb e de
Gauss. Deixamos sob a reponsabilidade dos caros estudantes a verificação/demonstração daquelas que não
foram tratadas neste texto. Recomendamos fortemente a consulta dos textos indicados nas referências
bibliográficas para fazer essa verificação/demonstração.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FRISH, S.; TIMOREVA, A. Curso de Fisica General: Tomo 3. 4a Edição ed. Moscovo: Editorial Mir, 1981.
Página 6 de 6