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Fundamentos

da Matemática
Elementar I
Faculdade Educacional da Lapa (Org.)

2ª Edição

Curitiba
2018
Ficha Catalográfica elaborada pela Fael. Bibliotecária – Cassiana Souza CRB9/1501

F981 Fundamentos da matemática elementar I / organização de


Faculdade Educacional da Lapa. – 2. ed. – Curitiba: Fael, 2018.
200 p.: il.
ISBN 978-85-5337-004-7

1. Matemática 2. Conjuntos 3. Funções 4. Trigonometria I.


Silva, Maria Eugenia Carvalho e
CDD 510

Direitos desta edição reservados à Fael.


É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.

FAEL
Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo
Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz
Revisão e organização Maria Eugênia de Carvalho e Silva
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Imagem da Capa Shutterstock.com/Poznyakov
Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim
Sumário

1 Conjuntos numéricos e operações  |  7

2 Razão e proporção | 53

3 Introdução ao estudo das funções  |  63

4 Estudo das funções: injetora, sobrejetora,


bijetora e composta   |  71

5 Função inversa, equações, inequações


e funções modulares  |  83

6 Funções polinomiais | 99

7 A função exponencial e a função logarítmicas  |  127

8 Trigonometria, ciclo trigonométrico, conversão


de arcos e função seno e cosseno  |  155

9 Função tangente e cotangente, função


cossecante e secante  |  171

10 Relações fundamentais, operações


com arcos e aplicações  |  185

Referências | 199
Apresentação

A Matemática se aplica a todas as áreas e a todos os níveis.


Nenhuma profissão pode prescindir das noções fundamentais da Mate-
mática. Algumas necessitam de cálculos elaborados em certas situações,
mesmo se tratando de ciências sociais, biológicas ou humanas.
Este livro apresenta os fundamentos da matemática elemen-
tar a partir de uma abordagem histórica, de como tudo começou. As
primeiras evidências de que o homem já utilizava algum mecanismo
de contagem data de mais de 50.000 anos. A Matemática, de forma
geral, nasceu da necessidade de se resolver problemas.
O conceito de conjunto é o mais fundamental na Matemática.
Todos os outros conceitos matemáticos podem ser expressos a partir
desse conceito inicial. Os conjuntos numéricos são estudados com a
relação de inclusão entre eles, as operações básicas e suas propriedades.
A potenciação foi desenvolvida para resolver situações em que
ocorriam multiplicações repetitivas, facilitando os cálculos. A radicia-
ção é a operação inversa da adição.
Fundamentos da Matemática Elementar I

Razão, proporção e porcentagem talvez sejam os temas mais utilizados


no cotidiano. Todos nós, fazemos cálculos a todo o momento, seja com o
dinheiro ganho com nosso trabalho, com as contas que temos que pagar,
com a reforma da casa, com as notas dos alunos ou com a lista de material
escolar das crianças. Quando algumas quantidades são proporcionais, podem
ser utilizadas para calcular o resultado com grandezas diferentes. Neste ponto,
o livro apresenta vários problemas práticos que podem ser resolvidos com a
aplicação desses conceitos.
Estudamos funções porque grande parte das situações reais pode ser
modelada através delas. Uma corrida de táxi pode ser representada por uma
função do primeiro grau, a função quadrática é o modelo matemático que
descreve o movimento uniformemente variado. Funções exponenciais des-
crevem crescimentos populacionais ou a aplicação de um capital a juros fixo.
O ensino de logaritmos ganha contexto ao se explicitar sua importância
em questões tecnológicas e em outras ciências, para expressar grandezas cujo
intervalo de variação é exponencial, como a escala Richter dos abalos sísmicos.
A Trigonometria nasceu c. 300 AC entre os gregos, para resolver proble-
mas de Astronomia Pura . Todas essas aplicações tratavam de problemas de
Trigonometria Esférica e nada tinham a ver com problemas de agrimensura
ou topografia. Foi só a partir de cerca de 1 750 que começou a se tornar coisa
comum se usar triangulações geodésicas para a feitura de mapas de municí-
pios, estados a até continentes, e a se usar as triangulações topográficas para
o mapeamento de áreas menores. A palavra trigonometria significa medida
das partes de um triângulo. Este livro traz uma introdução à trigonometria,
iniciando pelas relações métricas entre lados e ângulos de um triângulo retân-
gulo, passando pelas relações trigonométricas fundamentais, relação entre
grau e radiano, e aplicando esses conceitos nas equações trigonométricas.
Os conteúdos abordados neste livro são úteis, não apenas para resolver
problemas do cotidiano, mas ,também, por se constituírem na base para o
aprendizado de muitas disciplinas ligadas à Matemática.

Profª. Maria Eugênia de Carvalho e Silva

–  6  –
1
Conjuntos numéricos
e operações

1ª versão:
Mário Visintainer
2ª versão:
Moisés de Souza Arantes Neto
1.1

Conjuntos numéricos

O conceito de número e o processo de contar desenvolve‑


ram‑se antes dos primeiros registros históricos (temos evidências de
que o homem é capaz de contar há mais de 50.000 anos). A maneira
mais antiga de contar baseava‑se em alguns métodos de registro
simples, como ranhuras no barro ou em uma pedra, produzindo‑se
entalhes em um pedaço de madeira ou osso (EVES, 2004).
O número não apareceu de repente, por obra de uma
única pessoa responsável por esse marco histórico da humani‑
dade. Com a necessidade de contar os animais de suas caças, o
homem usava objetos como pedras, nós em cordas, marcas em
ossos e em madeiras. Com o passar do tempo, esse sistema foi se
aperfeiçoando até dar origem aos números que evoluíram para a
forma atual (EVES, 2004).
Fundamentos da Matemática Elementar I

O homem vivia em pequenos grupos, morava em savanas e cavernas,


protegendo‑se dos animais selvagens e das chuvas. Nessa época, alimentava‑se
com o que a natureza oferecia (caças, frutos e sementes). Posteriormente,
descobriu o fogo, aprendeu a cozinhar os alimentos e a se proteger melhor do
frio e dos animais selvagens.
Com o surgimento de novas necessidades, o homem começou a modifi‑
car seu sistema de vida. Não mais vivia da caça e coleta de frutos e raízes, mas
passou a cultivar plantas e a criar animais: era o início da agricultura. Com
isso o homem começava a fixar moradia, principalmente às margens de rios,
não havendo a necessidade de ficar se deslocando de um lugar para o outro,
como nômade (EVES, 2004).
Começaram a ser desenvolvidas novas habilidades: construir uma
moradia, criar animais, desenvolver ferramentas. Então surgiram as
primeiras comunidades organizadas, com lideranças e divisões de trabalho
entre as pessoas.
Para pastorear o rebanho de ovelhas, o pastor arranjou uma maneira de
contá‑lo no final do dia: relacionava cada ovelha a uma pedra que colocava
no saco. Assim teria certeza de que todo o rebanho estaria de volta ao final
do dia. Esse pastor jamais poderia imaginar que milhares de anos mais tarde
haveria um ramo da Matemática chamado Cálculo, que em latim quer dizer
“contas com pedras” (EVES, 2004).

1.1.1 A ideia de número


Utilizando objetos para contar outros objetos, o homem começou a
construir o conceito de número. Para o homem primitivo, o número cinco
era bastante importante, pois relacionava a esse número os dedos das mãos.
Assim, para contar objetos e animais, os pastores separavam sempre em gru‑
pos de cinco (EVES, 2004). Do mesmo modo, os caçadores contavam os ani‑
mais abatidos traçando riscos na madeira ou fazendo nós em corda, também
de cinco em cinco.
Com o surgimento de algumas comunidades, aldeias às margens dos
rios, esses povos primitivos começavam a usar ferramentas e armas de bronze.

– 10 –
Conjuntos numéricos

Com a formação dessas aldeias situadas às margens de rios e sua sucessiva


transformação em cidades, a vida foi ficando cada vez mais complicada.
Novas atividades iam surgindo, graças, sobretudo, ao desenvolvimento do
comércio. Os agricultores passaram a produzir alimentos em grandes quan‑
tidades, superando suas necessidades. Com isso, algumas pessoas puderam
se dedicar a outras atividades, tornando‑se artesãos, comerciantes, sacerdo‑
tes, administradores. Como consequência desse desenvolvimento, surgiu a
escrita. Foi assim que estudiosos do antigo Egito passaram a representar a
quantidade de objetos de uma coleção por meio de desenhos, os símbolos.
A criação dos símbolos foi um passo muito importante para o desenvolvi‑
mento da Matemática.

1.1.2 O sistema de numeração egípcio e indo‑arábico


Os egípcios usavam sete números‑chave. Um traço vertical represen‑
tava uma unidade: um osso de calcanhar invertido representava o número
10. Um laço valia 100 unidades. Uma flor de lótus valia 1.000. Um dedo
dobrado valia 10.000. Com um girino, os egípcios representavam 100.000
unidades. Uma figura ajoelhada, talvez representando um deus, valia
1.000.000.
Todos os outros números eram escritos combinando os números‑chave.
Na escrita dos números que usamos atualmente, a ordem dos algarismos é
muito importante. Mas, para os egípcios, isso não tinha a menor importân‑
cia: eles escreviam seus números sem preocupar‑se com a posição dos símbo‑
los (Disponível em: <http://educar.sc.usp.br/licenciatura/2003>. Acesso em:
1 dez. 2007).
O sistema de numeração que usamos atualmente tem seu nome
devido aos hindus, que o inventaram, e aos árabes, que o divulgaram. Não
se sabe ao certo como e quando esses novos símbolos entraram na Europa
Ocidental, provavelmente foi por intermédio dos comerciantes árabes
(EVES, 2004).
Os hindus utilizavam apenas nove sinais para representar os números e
fazer os cálculos e não conheciam o número zero.
A ideia dos hindus, a de introduzir uma notação para uma posição va­­­­
zia, ocorreu no fim do século VI. Mas foram necessários muitos séculos para

– 11 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

que esse símbolo chegasse à Europa. Com a introdução do décimo sinal,


o zero, o sistema de numeração, assim como o conhecemos hoje, estava
completo. Até chegar aos números que você aprendeu a ler e a escrever, os
símbolos criados pelos hindus sofreram várias mudanças. Hoje, esses sím‑
bolos são chamados de algarismos indo‑arábicos.
Depois de termos uma breve noção de fatos que marcaram a criação e
escrita dos números, vamos estudar como esses números se organizam em
conjuntos, com suas respectivas operações.

1.1.3 Conjunto dos Números Naturais (N)


Assim como a própria criação dos números, os conjuntos numéricos
surgiram das necessidades de representação e de resultados obtidos pelas
operações fundamentais. Nesse sentido, o primeiro conjunto numérico que
será representado é o Conjunto dos Números Naturais, como segue:

N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, ...}

Na adição de números Naturais, temos sempre como resultado outro


número Natural, mas na subtração isso não ocorre, como vamos acompanhar
no exemplo a seguir: subtraindo o número 5 do número 2 (2 – 5), temos
como resultado o número – 3, que não é um número Natural; portanto,
necessitamos de um novo conjunto que tenha as características do número
apresentado como resultado do exemplo anterior, que é o Conjunto dos
Números Inteiros.

1.1.4 Conjunto dos números Inteiros (Z)


Esse conjunto representa todos os números Naturais, mais os números
negativos, como aparece na representação a seguir:

Z = {... – 6, – 5, – 4, – 3, – 2, – 1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, ...}

Existe ainda uma outra representação desse conjunto que é muito utili‑
zada na representação posicional do conjunto na reta numérica.

– 12 –
Conjuntos numéricos

1.1.5 Representação dos números


inteiros na reta numérica
–4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4

Os dois primeiros conjuntos que apresentamos até aqui irão nos orientar
na realização das quatro operações fundamentais da Matemática, mas antes
de começarmos a operar dentro desses conjuntos, vamos falar um pouco
sobre o valor absoluto de um número.

1.1.6 Valor absoluto


O valor absoluto de um número inteiro “x”, também chamado “módulo
de x”, é expresso por |x| e definido como o máximo valor entre “x” e “– x”,
isto é: |x| = máx {x; – x}.

 x, se x ≥ 0
∀x ∈ z, onde x = 
− x, se x < 0

Podemos exemplificar a generalização anterior com alguns exemplos


numéricos.
Exemplos:
|–8| = 8
|+3| = 3

1.1.7 Números opostos ou simétricos


Números simétricos ou opostos são os números que têm o mesmo valor
absoluto e sinais contrários, + 5 e – 5; – 12 e + 12; o simétrico de 0 é o pró‑
prio 0. Verificamos, ainda, na reta numérica apresentada anteriormente, que
os valores opostos ou simétricos têm a mesma distância geométrica do zero.

– 13 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

1.1.8 Operações fundamentais


Vamos iniciar pela adição. Para se adicionar dois ou mais números
de sinais iguais, somam‑se os valores absolutos dos números e conserva‑se
o sinal.
Exemplos: (+5) + (+8) + (+12) = +25
(–3) + (–5) + (–32) = –40
Para adicionar dois números com sinais diferentes, do maior em
módulo se retira o menor e conserva‑se o sinal do número que apresentar
o módulo maior.
Exemplos: (+12) + (–10) = +2
(+7) + (–12) = –5
(–9) + (+5) = –4
Para subtrair dois ou mais números com sinais iguais ou diferentes, basta
mudar o sinal do número que aparece depois do sinal de subtração, ou seja,
se for positivo, fica negativo e, se for negativo, torna‑se positivo. Depois,
repetimos os procedimentos descritos para a adição.
Exemplos: (+12) – (–10) = (+12) + (+10) = +22
(+7) – (+12) = (+7) + (–12) = –5
(–9) – ( +5) = (–9) + (–5) = –14
Para multiplicar ou dividir dois números de sinais iguais, multiplica‑
mos ou dividimos os valores absolutos e damos ao resultado o sinal posi‑
tivo (+).
Para multiplicar ou dividir dois números de sinais diferentes, multi‑
plicamos ou dividimos os valores absolutos e damos ao resultado o sinal
negativo (–).
Exemplos: (+4) · (+3) = +12 (+8) : (+4) = +2
(–12) · (–5) = +60 (–12) : (–3) = +4
(+5) · (–7) = –35 (–35) : (+7) = –5

– 14 –
Conjuntos numéricos

1.1.9 Expressões numéricas


As expressões numéricas com as operações de adição, subtração, multi‑
plicação e divisão seguem as seguintes etapas de resolução:
22 em primeiro lugar, efetuar as multiplicações ou divisões, na ordem
em que aparecerem;
22 em segundo lugar, efetuar as adições e subtrações na ordem em que
aparecerem.
Exemplos: 15 + 5 – 3 · (– 4) =
15 + 5 – (–12) =
20 – (–12) =
20 + 12 = 32
8 : (4 : 2) · 5 + 3 – 5 · (–2) =
8 : 2 · 5 + 3 – 5 · (– 2) =
4 · 5 + 3 – 5 · (–2) =
20 + 3 +10 = 33
{2 + [(2 + 3 – 6 · 2) – 5 + 4 : 2] + 8} =
{2 + [(2 + 3 – 12) – 5 + 4 : 2] + 8} =
{2 + [–7 – 5 + 4 : 2] + 8} =
{2 + [–7 – 5 + 2] + 8} =
{2 – 10 + 8} = 0
Vimos que algumas operações fundamentais realizadas com números per‑
tencentes ao mesmo conjunto podem ter como resultado um número que não
pertença àquele conjunto. Isso pode ser verificado com o exemplo a seguir:
3 : 4 = 0,75
Observamos que os números da divisão, o 3 e o 4, pertencem ao con‑
junto dos números inteiros, porém o resultado da divisão não é um número
inteiro. Isso nos leva a denominar o próximo conjunto numérico, o Conjunto
dos Números Racionais.

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Fundamentos da Matemática Elementar I

1.1.10 Conjunto dos números Racionais (Q)


O número Racional pode ser definido como todo número que pode ser
escrito na forma de fração, em que: n é o numerador e d o denominador.
Q = {n/d onde n ∈ Z e d ∈ Z*}, ou seja, com d ≠ 0.
Fração é um número que exprime uma ou mais partes iguais em que foi
dividida uma unidade ou um inteiro.
2 4 23 3
Exemplos: ; ; ;1
3 5 4 4
Alguns símbolos são utilizados para mostrar uma característica específica
dentro do próprio conjunto, algumas delas são descritas a seguir e valem tam‑
bém para os outros conjuntos vistos.
Q* = conjunto dos números racionais sem o zero.
Q+ = conjunto dos números racionais não negativos.
Q– = conjunto dos números racionais não positivos.

1.1.11 Tipos de frações


22 Fração própria é aquela em que o numerador é menor que
o denominador.
Ex.: 2
7
22 Fração imprópria é aquela em que o numerador é maior ou igual
ao denominador.
Ex.: 4 ; 8
3 5
22 Número misto é aquele formado por um número inteiro e uma
fração própria.
Para se transformar uma fração imprópria em mista, basta dividir
o numerador pelo denominador. O Quociente será o número inteiro; o
Resto, o numerador da fração e o Denominador continua sendo o denomi‑
nador inicial.

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Conjuntos numéricos

Exemplo: converta as frações impróprias em mistas.


7 3 17 5
=1 =2
4 4 6 6
23 3 13 5
=4 =1
5 5 8 8
A maioria das frações pode ser representada por um número decimal
exato. Para tanto, basta dividir o numerador pelo denominador.

2 55
= 0,4 = 13,75
5 4

Em alguns casos, quando se efetua a divisão, encontra‑se um número que


se repete constantemente. O número que se repete é chamado de Perío­do, e
o resultado da divisão, Dízima Periódica.
Exemplos de dízimas periódicas representadas de duas formas diferentes:

a) 0,333333...= 0,3 b) 3,88888... = 3,8


c) 21,555555... = 21,5 d) 1,00343434... = 1,0034
e) 2,122122122... = 2,122 f ) 0,2455555... = 0,245

A dízima periódica é simples, quando a parte decimal é formada somente


pelo período. Ex.: 2,88888... É composta quando, na parte decimal, existe
uma parte que não se repete. Ex.: 2,346666...
Agora, vamos estudar melhor esses números que pertencem ao con‑
junto dos números racionais e, portanto, podem ser representados em forma
de fração.

1.1.12 Fração geratriz de uma dízima periódica


A fração geratriz que dá origem à parte decimal de uma dízima perió­dica
simples é uma fração que tem como numerador o período e, como denomi‑
nador, tantos noves quantos forem os algarismos do período.

– 17 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

Exemplos:
3
5,333... = 5+0,333... = 5+
9
1 16
5 ou
3 3

6
1,666... = 1+0,666... = 1+
9
2 5
1 ou
3 3

A fração geratriz que dá origem à parte decimal de uma dízima perió­


dica composta é a fração n , em que n (o numerador) é formado pela
d
parte não periódica seguida do período, menos a parte não periódica. O d
(denominador) é composto por tantos noves quantos forem os algarismos
do período, seguidos de tantos zeros quantos forem os algarismos da parte
não periódica.
Exemplos:
1,8333... = 1+0,8333...

83–8 75 5 11
1+ =1+ = 1 ou
90 90 6 6

452–4 448 224


0,4525252...= = =
990 990 495

Agora que estudamos as quatro operações fundamentais (adição, sub‑


tração, multiplicação e divisão) de números Inteiros e vimos que algumas
operações, como a divisão, não apresentam como resultado um número
dentro do próprio conjunto, vamos estudar essas operações dentro de
outro conjunto, o dos números Racionais, tanto na forma decimal como
na forma de frações. E são as operações dentro desse conjunto que iremos
verificar a seguir.

– 18 –
Conjuntos numéricos

1.1.13 Adição e subtração de frações


Para adicionar frações, é necessário observar os denominadores.
Se eles forem iguais, conserva‑se o valor do denominador e somam‑se
os numeradores.
Exemplos:
5 2 7 5 4 1
+ = – =
3 3 3 3 3 3

Para somar frações com denominadores diferentes, reduz‑se as frações ao


mesmo denominador e, então, somamos os numeradores.

3 5 9 + 20 29 2 5 12 − 45 33 11
Exemplos: + = = – = =– =–
4 3 12 12 9 6 54 54 18

Nos exemplos anteriores, os procedimentos de resolução adotados


foram os mesmos. Primeiro, multiplica‑se os denominadores das frações;
depois, dividimos esse valor encontrado pelo primeiro denominador, e o
resultado multiplicamos pelo numerador da primeira fração. Em seguida,
repetimos o processo para a segunda fração e assim realizamos a opera‑
ção algébrica no numerador. Caso a fração possa ser simplificada, dividi‑
mos o numerador e o denominador pelo mesmo valor, como foi o caso do
segundo exemplo.

1.1.14 Multiplicação
Para se multiplicar frações, multiplicamos os numeradores entre si e os
denominadores também.
Exemplos:
3 7 21
⋅ =
5 2 10

3× –  =–
5 15
 7 7

– 19 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

1.1.15 Divisão de frações


Na divisão de frações, conservamos a primeira fração ou a fração do
numerador e multiplicamos (como no item anterior) pelo inverso da segunda
fração ou a fração do denominador.
Exemplos:
1
2 7 2 9 18 5 =1×4= 4
÷ = × =
5 9 5 7 35 3 5 3 15
4

Inicialmente, pensava‑se que os números racionais resolveriam todas as


nossas necessidades e por um tempo isso foi verdade. Porém, com a evolu‑
ção da matemática, algumas operações encontraram resultados que não per‑
tenciam aos números Racionais. Esses novos números foram chamados de
números Irracionais.

1.1.16 Números Irracionais (I)


O conjunto dos números Irracionais é formado pelos números que não
podem ser escritos na forma de fração.
Fazem parte do conjunto dos números Irracionais as raízes não exatas.
Tomemos como exemplo:

2 ≅ 1,414223562...
3 ≅ 1,732050808...
5 ≅ 2,236067977...
3
3 ≅ 1,44224957...

Fazem parte do conjunto dos números irracionais algumas constantes


muito usadas na matemática, a mais conhecida é o: π ≅ 3,141592654...,
usada para calcular área de um círculo ou perímetro da circunferência. Outra
constante é o número de Néper: e ≅ 2,7182818284590452353602874...

– 20 –
Conjuntos numéricos

Com a utilização desse novo conjunto, houve a necessidade de criar


outro que abrangesse todos os outros vistos até aqui. Daí a representação
do último conjunto numérico que estudaremos, o Conjunto dos Núme‑
ros Reais.

1.1.17 Conjunto dos números Reais (R)


O conjunto dos números Reais é formado pelo conjunto dos números
Racionais, acrescido do conjunto dos números Irracionais.

I R
Q

Existe ainda um outro conjunto, o conjunto dos números complexos,


que estudaremos posteriormente.

1.1.18 Representação dos números


reais na reta numérica
Os números reais ocupam todos os espaços existentes na reta real. Repre‑
sentamos alguns a título de exemplo.

–4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4

− 2 e π

– 21 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

1.1.18.1 Representação do conjunto dos números reais


Entre dois números quaisquer, por mais aproximados que sejam, existem
infinitos outros números reais. Assim é impossível enumerar todos os núme‑
ros reais existentes. Como recurso, mostraremos o mesmo conjunto de três
formas diferentes.
22 Por meio das propriedades dos conjuntos:
A = {x ∈ R| –5 < x <3}
22 Por meio da reta real:

–5 x 3

22 Por meio de intervalos:


]– 5; 3[
Outros exemplos:
x 2
22 A = {x ∈ R|x < 2 } ]∞; 2[
–2 x 2
22 B = {x ∈ R|–2 ≤ x < 2 }
[–2; 2[
No decorrer deste capítulo, percebemos, portanto, algumas etapas da
criação dos números e como essas etapas foram, progressivamente, sendo
utilizadas pelo homem, para a realização das operações matemáticas.

Atividades
1. Os algarismos que usamos hoje foram descobertos pelos:
a) egípcios e romanos;
b) romanos e árabes;
c) hindus e árabes;
d) árabes e egípcios.

– 22 –
Conjuntos numéricos

2. Enumerando o conjunto A = {x ∈ Z| x < –3}, temos qual dos seguintes


conjuntos?
a) A = {...; –8; –7; –6; –5; –4}
b) B = {...; –3; –2; –1; 0; 1; 2}
c) C = {5; 6; 7; 8; 9}
d) D = {–2; –1; 0; 1; 2; 3;}

3. Resolvendo as operações indicadas na expressão a seguir, encontramos o


valor de:
 2 9  3  7  21 
 ⋅  −  − :  −  =
 3 10  2  4  8 
a) 5
b) 1/2
c) – 7/3
d) – 7/30
4. Encontre a fração geratriz das dízimas periódicas a seguir.
a) 0,44444...
b) 3,23333...
c) 0,35202020...
d) 1,656565...
e) 2,00454545...
5. Escreva cada um dos conjuntos por meio de uma linguagem simbólica,
conforme o exemplo da letra (a).
a) A = {– 2, – 1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6}   ⇒   A = {x ∈ Z|–3 < x < 7}
b) B = {...; –3; –2; –1; 0}
c) C = {–5; –4; –3; –2; –1; 0; 1; ...}

– 23 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

d) D = {0; 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8}
e) E = {...; –2; –1; 1; 2, 3; ...}
6. Represente os conjuntos de outras duas formas diferentes daquela apre‑
sentada.
a) A = {x ∈ R| x < 3}
b) B = {x ∈ R| x > 2}
c) C = {x ∈ R| 0 ≤ x < 7}
d)

e)

f )

g) ]–5; –1]
h) ] ∞; 0[
i) [0; 2/3]

Comentário das Atividades


A primeira atividade é para você compreender um pouco da história
da Matemática e para que se situe na evolução da criação dos números. A
resposta é a letra (c).
Sabemos que não existe nenhum número entre dois números inteiros,
então, a resposta da atividade dois é a letra (a).
Na resolução da terceira atividade, lembre-se de resolver a multiplicação
e a divisão, na ordem em que aparecem; fazendo isso, achará a resposta cor‑
reta na letra (d).
Na quarta atividade, é importante voltar ao item 1.12 desta aula, para
relembrar como encontrar uma fração geratriz de uma dízima. As respostas
dessas atividades são: (a) 4/9; (b) 3 + 21/90; (c) 3485/9900; (d) 1 + 65/99;
(e) 2 + 45/9900.

– 24 –
Conjuntos numéricos

A quinta atividade começa com a letra (a) como exemplo, então,


devemos segui-la e encontrar as seguintes respostas: (b) B = {x ∈ Z|x ≤ 0};
(c) C = {x ∈ Z|x > –6}; (d) D = {x ∈ Z|0 ≤ x ≤ 8}; (e) E = {x ∈ Z*}.
Na última atividade, basta lembrarmos de que temos três maneiras dife‑
rentes de representar um conjunto numérico, como em cada alternativa ele já
está representado de uma das formas, basta usar outras duas. As respostas são:
(a) ]–∞; 3[; (b) ]2; +∞[; (c) [0; 7[; (d) {x ∈ R| 7 < x < 10}; (e) {x ∈ R| –3 < x ≤ –1};
(f) {x ∈ R| x > 13}; (g) {x ∈ R| –5 < x ≤ –1}; (h) {x ∈ R| x < 0}; (i) {x ∈ R| 0
≤ x ≤ 2/3}.

Referência
EVES, H. Introdução à história da Matemática. Campinas: Unicamp, 2004.

Conclusão
O sistema de numeração como conhecemos atualmente é fruto de diver‑
sas evoluções sucessivas, ao longo de milhares de anos, pelos povos egípcios,
romanos, árabes e indianos. Os números naturais foram os primeiros a serem
criados pela necessidade de representar quantidades. A seguir, surgiram os
negativos que, unidos aos naturais, formaram o c onjunto dos números intei‑
ros. O conjunto dos números reais é formado pelo conjunto dos números
racionais acrescido do conjunto dos números irracionais.

– 25 –
1.2

Potenciação e radiciação

O estudo do capítulo anterior nos deu uma indicação de que


as descobertas da Matemática não aconteceram de um dia para o
outro, mas sim que a maioria delas surgiu da necessidade de cada
fase da descoberta. Assim a potenciação foi criada para resolver
situações em que ocorriam multiplicações repetitivas, como, por
exemplo, 8 · 8 · 8 · 8 · 8 · 8.
Fundamentos da Matemática Elementar I

1.2.1 Potenciação
De maneira geral, a situação do exemplo anterior pode ser definida da
forma explicitada a seguir.
Seja “a” um número Real e “n” inteiro positivo, então:
22 an = a · a · a · a · a · a · a ... n, onde a é base da potência e n o expoente;
22 a base é o fator que se repete;
22 expoente é o número de vezes que multiplicamos a base.
Exemplos:
42 = 4 · 4 = 16 (lê‑se: quatro elevado ao quadrado é igual a dezesseis)
23 = 2 · 2 · 2 = 8 (lê‑se: dois elevado ao cubo é igual a oito)
54 = 5 · 5 · 5 · 5 = 625 (lê‑se: cinco elevado à quarta potência é igual a
seiscentos e vinte e cinco)
Nas expressões aritméticas, calcula‑se, em primeiro lugar, as potências;
depois, as operações indicadas.
Exemplos:
6 – [– 8 + (42 – 25) + 32] =
6 – [– 8 + (16 – 32) + 9] =
6 – [– 8 – 16 + 9] =
6 – [– 15] = 6 + 15 = 21
{25 – [33 +(82 – 72)2 – 250]2} =
{32 – [27 +(64 – 49)2 – 250]2} =
{32 – [27 + 152 – 250]2} =
{32 – [27 + 152 – 250]2} =
{32 – [27 + 225 – 250]2} =
{32 – [2]2} = {32 – 4} = 28
Potência de uma base positiva é sempre um número positivo. Quando a
base é negativa, o sinal resultante depende do expoente:

– 28 –
Potenciação e radiciação

22 expoente par – o resultado é positivo


(–3)4 = (–3) · (–3) · (–3) · (–3) = 81;
22 expoente ímpar – o resultado é negativo
(–3)3 = (–3) · (–3) · (–3) = –27.
Exemplos:
(–10)5 = –100.000
(– 4)4 = 256
5
 – 2  = – 32
 
 3 243
–52 = –25 (nesse caso, o sinal menos (–) não está sendo elevado ao
quadrado)

6 2 36
= (nesse caso, somente o seis está sendo elevado ao quadrado)
5 5

20 20 4
– 2
= – = – (nesse caso, o sinal menos não está sendo elevado ao
5 25 5
quadrado, nem o numerador 20)

1.2.2 Propriedades da potenciação


a
22 1 – Multiplicação de potências de mesma base. Para multiplicar
potências da mesma base, conserva‑se a base e somam‑se os expoentes.
an · am = an + m
25 · 23 = 25+3 = 28 = 256
a
22 2 – Divisão de potências de mesma base. Para dividir potências de
mesma base, conserva‑se a base e subtraem‑se os expoentes.
an : am = an – m
25 : 23 = 25 – 3 = 22 = 4
3245 : 3242 = 3245 – 242 = 33 = 27

– 29 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

a
22 3 – Potência de potência. Para elevar uma potência a um novo expo‑
ente, conserva‑se a base e multiplicam‑se os expoentes.
(an)m = an . m
(23)2 = 23 · 2 = 26 = 64
a
22 4 – Produto de potências com o mesmo expoente. Para se multipli‑
car potências que tenham o mesmo expoente, multiplicam‑se as bases e
conservam‑se os expoentes.
an · bn = (a · b)n
33 · 53 = 153 = 3.375
a
22 5 – Divisão de potências de mesmo expoente. Para se dividir potên‑
cias que tenham o mesmo expoente, dividem‑se as bases e conserva‑se
o expoente.
n 3
an  a  120 3  120  3
=  =  =2 =8
bn  b  60 3  60 

1.2.3 Expoentes um e zero


Qualquer número elevado a 1 é igual a ele mesmo, a1 = a.
121 = 12
(–123,5)1 = –123,5
1
3 3
  =
4 4

Essa propriedade, assim como as outras, é apenas uma consequência


da definição, pois o expoente indica quantas vezes devemos multiplicar a
nossa base.
Qualquer número (exceto o zero) elevado a zero é igual a um, a0 = 1,
a ≠ 0. Podemos exemplificar essa propriedade e verificar que ela também é
apenas uma consequência de outras propriedades.

– 30 –
Potenciação e radiciação

1.2.4 Expoente inteiro negativo


Para se elevar uma potência a, com a ≠ 0 a um expoente negativo, temos:
n
=  n  =  
– n 1 1
a
a  a

Exemplos:
13 1
5–3 = 3
=
5 125
−2 2 2
 3  =  4  = 4 = 16
   
4  3  32 9

Exemplo de expressão:

 2  2  2  3 1  4 8 1
  :   –  − 0,25 =  : –  – 0,25
  5   5  5   25 125 5

=  ⋅
4 125 1 
–  – 0,25 =  –  –
5 1 25
 25 8 5   2 5  100

=   –
23 25 23 1 46 5
= – = –
 10  100 10 4 20 20
41 1
= ou 2
20 20

1.2.5 Radiciação
Assim como a subtração é a operação inversa da adição, a divisão é
a operação inversa da multiplicação, a radiciação é a operação inversa da
potenciação. O estudo das formas de determinar a raiz, assim como o
estudo das suas propriedades, complementam o estudo das operações den‑
tro do conjunto dos números reais. De maneira geral, temos a representa‑
ção a seguir para os radicais.

– 31 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

Dado um número real “a”, a raiz enésima desse número (n > 0) é indi‑
cada pela expressão:
n
am
n = índice
a = radicando
m = expoente

16 = 4 ⇔ 4 ⋅ 4 = 16

Obs. 1: quando o índice é par, existe apenas raiz de números reais positivos.
Exemplos:
4 =2
–4 = ∃ (lê‑se não existe)
4
–16 = ∃
Obs. 2: quando o índice é ímpar, existe raiz de qualquer número real.
3
–8 = – 2
3
8=2
Um número inteiro positivo é quadrado perfeito quando, na sua decom‑
posição em fatores primos, todos esses fatores se distribuem aos pares.
Exemplos:
Verificar se cada número a seguir é quadrado perfeito ou não:
400 400 2 400 = 24 x 52
200 2 400 é um quadrado perfeito
100 2
50 2
25 5
5 5
1

– 32 –
Potenciação e radiciação

250 250 2 250 = 21 x 53


125 5 250 não é um quadrado perfeito
25 5
5 5
1

1.2.6 Propriedades da radiciação


n
1) a
m
= b, com “a” ∈ R+ , n ∈ N e n > 1;
2
2
5 =5 =5 2

n m n: p m: p
2) a = a , com p ≠ 0 e p divisor comum de m e n;
16 16:4 4 :4 4
x4 = x = x
m n m ⋅n
3) a= a

3
a =6a
4 5
32 4 = 20 32 4 = 5 32 = 2

4) n
a ⋅ b = n a ⋅ n b , com a ∈ R+ , b ∈ R+ , n ∈ N e n > 1
3 (a ⋅ b) = 3 a ⋅ 3 b

5) a na
n = n , com a ∈ R+ , b ∈ R+∗ , n ∈ N e n > 1
b b

2 42
4 =
3 43
1.2.7 Potenciação com expoente fracionário
Uma potência de expoente fracionário representa uma raiz que pode ser
escrita na forma:
m
a n = n a m , em que a > 0, m e n ∈ N e n ≠ 0:

– 33 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

22 n é o denominador da fração que passa a ser o índice da raiz;


22 m é o numerador é o expoente da base a no radicando.
Exemplos:
1. Transforme as potências de expoente fracionário em raízes e simplifique,
se possível.
2
3 2
a) 8 3 = 8 = 64 = 4
3

1
b) 32 5 = 5 32 = 2
3 2

c) 8 4 ⋅ 9 3 = 8 ⋅ 2 9 = 3 (2 ) ⋅ 2 (3 ) =
3 4 3 3 4 2 3

3
2 12 ⋅ 2 36 = 2 4 ⋅ 33 = 16 ⋅ 27 = 432

No estudo deste capítulo, pudemos entender, portanto, as propriedades


da potenciação e aplicá‑las às raízes.

Atividades

1. Resolvendo a expressão 2 , temos o seguinte valor:


a) 8
3
b) 2
c) 8
2
d) 2
2. Simplificando a expressão a seguir, encontramos o seguinte valor:

14 9 : 14 5 ⋅ 14 6 : 14 11
=
14 −2

a) 149 b) 142
c) 143 d) 14

– 34 –
Potenciação e radiciação

3. Resolva as potências a seguir.

a) (–2)2

b) (–0,1)3

c) 50

d) (2)–5
4
e)  
2
3 −2
f )  − 
2
 3
4. Extraia as raízes por meio do método de fatoração. Se não for possível
extrair totalmente, simplifique ao máximo.
a) 576
b) 256
c) 288
d) 384

Comentário das Atividades


Para essas atividades, você necessita saber as propriedades da potenciação
e radiciação. Na primeira atividade, basta multiplicar os índices dos radicais
e encontrará o valor 8 2 na letra (c).
Na segunda atividade, você usará as propriedades de potenciação e
encontrará o resultado 14, que é a letra (d).
As respostas da terceira atividade são: (a) 4; (b) –0,001; (c) 1; (d) 1/32;
(e) 16/81; (f) 9/4.
A última atividade tem como respostas os seguinte valores, respectiva‑
mente: 24; 16; 12 2 e 8 6 .

– 35 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

Conclusão
Este capítulo pode ser sintetizado nos conteúdos apresentados pelas pro‑
priedades da potenciação e radiciação:
n
⋅ a ⋅ a ⋅ ....a
1) a = a
n vezes

2) a 0 = 1
3) a1 = a

4) a –n = 1n
a
5) a ⋅ a = a
n m n+m

6) a n ÷ a m = a n–m (a ≠ 0)
n⋅m
7) (a n )m = a

8) a = b ⇔ b ⋅ b = a , com “a” ∈ R+ , n ∈ N e n > 1


m
n m
9) a = a , em que a > 0, m e n ∈ N e n ≠ 0
n

Com o exemplo anterior, podemos dizer que o capítulo cumpriu a fun‑


ção de apresentar a potenciação e suas propriedades. Os conceitos algébricos
são utilizados desde a Antiguidade. Os filósofos gregos Aristóteles e Euclides
foram os precursores na utilização de símbolos para indicar números descon‑
hecidos e para expressar a solução de um problema.

– 36 –
1.3
Expressões algébricas

Os conceitos algébricos são utilizados desde a Antiguidade.


Os filósofos gregos Aristóteles e Euclides foram os precursores na
utilização de símbolos para indicar números desconhecidos e para
expressar a solução de um problema.
Fundamentos da Matemática Elementar I

Giovanni (2002, p. 34) cita que, por volta de 1400/1500, Stifel (Ale‑
manha), Cardano e Bombelli (Itália) passaram a usar as letras para montar
equações nas soluções de problemas. Finalmente, o advogado e matemático
francês François Viète introduziu o uso sistemático das letras para represen‑
tar valores e fenômenos desconhecidos e os símbolos das operações usados
até hoje.
O cálculo literal fez com que o avanço na matemática – claro que pas‑
sando por um longo caminho – fosse imenso e evoluindo até os dias de hoje.
Antes de começarmos a trabalhar com as operações entre equações
literais, temos de relembrar algumas considerações básicas que subsidiem
nosso estudo.

1.3.1 Expressões algébricas


Podemos afirmar que essas expressões são formadas pelo conjunto de
letras ou número e letras, que geralmente se transformam em uma expressão
numérica, quando substituímos as letras por números. Também pode ser cha‑
mada de expressão literal.
No caso da generalização de soluções de problemas ou fórmulas, a álge‑
bra usa as letras do alfabeto para representar valores que medem quantidades
conhecidas ou desconhecidas.
As primeiras letras do nosso alfabeto são utilizadas, geralmente, para
representar números conhecidos, e as últimas, os números desconhecidos ou
incógnitos. É importante lembrar que, quando uma mesma letra assume dife‑
rentes valores, devemos usar sinais particulares que denominamos de índices.
Dessa maneira, se quisermos indicar o comprimento de várias circunferên‑
cias, temos as notações que podemos observar a seguir:
c, c’, c’’, c’’’, c’’’’ (lemos: c, c linha, c duas linhas, etc.) ou
c, c1, c2, c3, c4 (lemos: c, c índice um, c índice dois, etc.)
As letras são empregadas na generalização de problemas para se estabe‑
lecer uma “regra geral” ou uma “lei de formação”, na resolução de um dado
problema, independentemente de valores particulares.

– 38 –
Expressões algébricas

1.3.2 Valor numérico de uma expressão algébrica


Quando substituímos as letras de uma expressão algébrica por valores
determinados e efetuamos as operações indicadas, temos o valor numérico
dessa expressão.

Exemplos:

1. O valor numérico da expressão 3ab – 5 a + 4 a 2 b – ab 3 , para a = 9 e b = –2,


5
temos:

4
3 ⋅ (9) ⋅ (–2)– 5 9 + ⋅ (9)2 ⋅ (–2)–(9) ⋅ (–2)3 =
5
4
–54 – 5 ⋅ 3– ⋅ 81 ⋅ (–2)–(9) ⋅ (–8) =
5
4
–54 –15 – ⋅ (–162)– 72 =
5
648
–69 – – 72 =
5
648 633
3– =–
5 5

2. Calcular o valor numérico de (a + b + c)0 – (a – b + c) + 5(a – b – c), sendo:

a = 3

b = – 2
c = 1

(a + b + c)0 – (a – b + c) + 5(a – b – c) =
[3 + (–2) + 1]0 – [3 – (–2) + 1] + 5[3 – (–2) – 1] =
1 – (3 + 2 + 1) + 5(3 + 2 –1) =
1 – 6 + 20 =
15

– 39 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

a = 5
b = 2

x = 6
 5
(a m – b n ) (m a +n b ) y =
3. Calcular o valor de N = sendo  2
4x p y q (q 3 – p2 ) m = 1
n = 1

(51 – 2 1 ) (15 +12 ) p = 0
N= 2 q = 2
4 ⋅ 6 0 ⋅   ⋅ (2 3 – 0 2 )
5 
2
3⋅2 6 3
N= = =
25
4 ⋅ 1 ⋅ ⋅ 8 200 100
4

1.3.3 Monômios
O cálculo literal envolve um conjunto de regras, por meios das quais
podemos transformar uma expressão literal em expressões literais equivalen‑
tes, que podem ser monômios e polinômios. Um monômio é uma expressão
algébrica em que não há nem somas nem subtrações, ou seja, alternação dos
sinais (+) e (–).
As partes que compõem um monômio, também chamado de termo algé‑
brico, são as seguintes: sinal, coeficiente, parte literal e expoente.

1.3.4 Grau de um monômio


Como toda expressão algébrica, os monômios podem ser racionais ou
irracionais. Como nos exemplos que vemos a seguir:

7a 2 b 5 (racional)

3a 6 b 3 (irracional)

– 40 –
Expressões algébricas

O grau de um monômio inteiro é encontrado pela soma dos expoentes


das letras que o formam. Assim, temos, a seguir, respectivamente, monômios
do primeiro, segundo, terceiro e quarto graus.
3 a2
y , 5ab, –1 , 7xyzt
4 b
O grau de um monômio fracionário é encontrado pela diferença, positiva
ou negativa, entre os graus do numerador e o denominador. Nos monômios
a seguir, temos, respectivamente, monômios do primeiro e do segundo graus.

a 4 5a 4 b 3 c 5
,
c3 d 10
O grau de um monômio irracional é encontrado pelo quociente, inteiro
ou fracionário, do grau da quantidade no radicando, dividido pelo índice
da raiz. Assim, temos, a seguir, respectivamente, monômios do primeiro,
segundo e do grau 2/3.

a5
3
, a 2 b 2 , 3 ac
c
Lembramos, ainda, que podemos encontrar o grau de um monômio em
relação a uma certa letra. Esse grau é o próprio expoente da letra. Como
exemplo, temos o monômio a seguir, que é do terceiro grau, para a letra “x”,
e do quinto grau, para a letra “y”.
8x 3 y 5

1.3.5 Polinômios
Podemos definí-lo como sendo a soma algébrica de monômios, ou seja,
a expressão algébrica formada de dois ou mais monômios (termos algébricos).
Exemplos:
by
3a 2 +5b 3 ; 7x – 5y 5 +2x 2 ; ax+ – a y +5b
x

– 41 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

1.3.6 Grau de um polinômio


Os polinômios, assim como os monômios, são expressões algébricas e
podem ser racionais, irracionais, inteiros e fracionários. Os exemplos a seguir
mostram essa característica.

3ab 4 +5m 3 – 7nx (racional e inteiro)

xy 3 – a b +3bx (irracional)

by 3
ax+ – c +x (racional fracionário)
c
O último exemplo anterior é fracionário em relação à letra “c”, e inteiro
em relação às outras variáveis.
O grau de um polinômio é determinado pelo termo de maior expoente,
como podemos ilustrar no exemplo a seguir:

3 ax 3
ax 5 +b 2 xy 6 – x 4 y 6 + 4
4 b
O polinômio anterior é do décimo grau, que é determinado pelo terceiro

termo  – 3 x 4 y 6  desse polinômio.


 4 
1.3.7 Termos semelhantes
Os termos de um polinômio, os monômios que o formam, são seme‑
lhantes quando contêm os mesmos fatores literais, inclusive seus expoentes,
ou seja, os termos semelhantes só podem se diferenciar em seus coeficientes.
Os termos a seguir são exemplos de termos semelhantes.

5 a 3 bx 5 7
a 3 bx 5 ; – 6a 3 bx 5 ; a 3 bx 5 ;
3 4

– 42 –
Expressões algébricas

1.3.8 Redução de termos semelhantes


Dois ou mais monômios (termos) semelhantes podem ser substituídos
por um único monômio equivalente, que conservará a mesma parte literal e
coeficiente igual à soma algébrica dos coeficientes. Isso pode ser verificado
nos exemplos a seguir:
a) 5x + 4x – 3x + x – 11x + 8x = x(5 + 4 – 3 + 1 – 11 + 8 ) = + 4x
b) axy – bxy + xy = xy(a – b + 1)
c) 2x2y + 5xy3 – xy – 7x2y – 3xy3 + 8xy = x2y(2 – 7) + xy3(5 – 3) + xy (– 1 + 8)=
= – 5x2y + 2xy3 + 7xy

1.3.9 Operações algébricas


1.3.9.1 Adição
A finalidade da adição de duas ou mais expressões algébricas é a operação
que determina uma outra expressão, a mais simples possível, na qual o valor
numérico, para qualquer valor atribuído às letras, seja sempre igual à soma
algébrica dos valores numéricos das expressões consideradas, para o mesmo
sistema de valores das letras.
Exemplos:
a) 4x – 3xy + 5y2 + 3x – 7xy = 7x – 10xy + 5y2
b) –2a + 3b – 5c – 8a + 7c = – 10a + 3b +2c

1.3.9.2 Subtração
Para subtrair uma expressão algébrica de uma outra expressão algébrica,
temos de determinar uma terceira expressão, na qual o valor numérico será
igual à diferença algébrica dos valores numéricos das expressões consideradas,
para qualquer valor que seja atribuído às letras.
Exemplos:
a) (4x – 3xy + 5y2) – (3x – 7xy) = 4x – 3xy + 5y2 – 3x + 7xy =

– 43 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

= x + 4xy + 5y2
b) (5a2b + 3ab2) – (3ab2 – 7a2b – 5c) = 5a2b + 3ab2 – 3ab2 + 7a2b + 5c =
= 12a2b + 5c

1.3.9.3 Multiplicação
A finalidade da multiplicação de duas ou mais expressões algébricas
é determinar uma outra expressão, cujo valor numérico seja igual ao pro‑
duto dos valores numéricos das expressões consideradas para qualquer valor
numérico atribuído às letras.
O resultado é obtido multiplicando-se os coeficientes numéricos dos
monômios dados, somando os expoentes das letras comuns e escrevendo
como fatores as demais letras com os seus respectivos expoentes. Vamos apli‑
car essa definição nos exemplos a seguir:

a) (3xy2) · (2x3y5z2) · (–4yz6t3) = [3 · 2 · (–4)] x1 + 3 y2 + 5 + 1 z2 + 6 t3 =


= –24x4y8z8t3
b) (–2xy2) · (–5xyz3) · (–3x2y4zn) = –30x4y7zn + 3

1.3.9.4 Multiplicação de um monômio por um polinômio


Essa multiplicação segue a mesma regra da multiplicação de uma
soma algébrica por um número relativo, como segue no exemplo a
seguir:
a) (4x2y) · (3xy5 – 6x3y6 + 2xy3). Se fizermos a multiplicação de cada
termo do polinômio, em separado, pelo monômio, temos:

(4x2y) · (3xy5) = 12x3y6


(4x2y) · (–6x3y6) = –24x5y7
(4x2y) · (2xy3) = 8x3y4
Logo, o resultado desse produto é o polinômio 12x3y6 – 24x5y7 + 8x3y4.

– 44 –
Expressões algébricas

1.3.9.5 Multiplicação de um polinômio por outro polinômio


Esse produto é encontrado pela multiplicação de um dos polinômios
por cada termo do outro polinômio e somando os resultados obtidos.
a) (3a – 2b) · (1 + 5c) = 3a + 15ac – 2b – 10bc
b) (3x – 2) · (4 + 5x) = 12x + 15x2 – 8 – 10x =
= 15x2 + 2x – 8
Obs.: ordenando os dois polinômios, torna-se conveniente posicionar
o cálculo como na multiplicação de números inteiros, colocando os produ‑
tos parciais de maneira que os termos semelhantes fiquem em uma mesma
coluna. Isso facilita a redução dos termos semelhantes.
(3x3 + 5xy2 – 2y3 + x2y) · (4y2 – x2 + xy)
3x3 + x2y + 5xy2 – 2y3
– x2 + xy + 4y2

– 3x5 – x4y – 5x3y2 + 2x2y3


3x4y + x3y2 + 5x2y3 – 2xy4
12x3y2 + 4x2y3 + 20xy4 – 8y5

– 3x5 + 2x4y + 8x3y2 + 11x2y3 + 18xy4 – 8y5

1.3.9.6 Divisão
A divisão de monômios se dá pela divisão do coeficiente do dividendo
pelo coeficiente do divisor. Depois, escrevem-se as letras comuns aos dois
monômios com ­expoente igual à diferença do que as mesmas têm no divi‑
dendo e divisor, e repetem-se as letras que pertencem somente ao dividendo.
Os exemplos a seguir irão ilustrar essa definição.
4
a) x = x 4 − 2 = x 2
2
x
5x 5 y 3z 2 5 5–2 3–3 1 1
b) = – x y z 2 = – x 3 y 0 z 2 = – x 3z 2
–10x 2 y 3 10 2 2

– 45 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

1.3.9.7 Divisão de um polinômio por um monômio


Devemos dividir cada termo do polinômio pelo monômio e somar os
quocientes parciais. Podemos verificar nos exemplos a seguir:

3 4 6 2 4 5
a) (6x 3 y 4 –9xz 6 )÷(2xz) = 6x y – 9xz = 3x y – 9z
2xz 2xz z 2

(12a 3 b+15a 2 b 2 –6a 2 b)÷(3a 2 b)


b) 12a 3 b+15a 2 b 2 –6a 2 b
= 4a+5b–2
3a 2 b

1.3.9.8 Divisão de um polinômio por um polinômio


Devemos seguir os passos mostrados a seguir para generalizarmos a regra
dessa divisão. Dado a divisão do polinômio 3x4 + 2x3 – 7x2 – 3x + 7 pelo
polinômio x2 + 3x – 1, temos os passos que você verá a seguir.
o
1 ) Dividimos o primeiro termo do dividendo pelo primeiro termo do divi‑
sor (3x4/x2) e obtemos o primeiro termo do quociente.

3x4 + 2x3 – 7x2 – 3x +7 x2 + 3x –1


3x2

o
2 ) Multiplicamos o termo encontrado (3x2) pelo divisor, e o produto
subtraí­mos do dividendo.

3x4 + 2x3 – 7x2 – 3x +7 x2 + 3x –1


– 3x 4
– 9x3
+ 3x2
3x2

– 7x3 – 4x2 – 3x +7
o
3 ) Dividimos o primeiro termo do resto pelo primeiro do divisor e obtemos
o segundo termo do quociente. Sobre esse termo encontrado, operamos
como no primeiro termo encontrado.

– 46 –
Expressões algébricas

3x4 + 2x3 – 7x2 – 3x +7 x2 + 3x –1


– 3x 4
– 9x 3
+ 3x 2
3x2 – 7x
– 7x3 – 4x2 – 3x +7
7x3 + 21x2 – 7x
17x2
– 10x +7
o
4 ) De maneira análoga, procedemos a seguir, até chegarmos a um resto de
grau menor do que o grau do divisor, que será o resto dessa divisão.

3x4 + 2x3 – 7x2 – 3x +7 x2 + 3x –1


– 3x 4
– 9x 3
+ 3x 2
3x2
– 7x + 17 (quociente)
– 7x3 – 4x2 – 3x +7
7x 3
+ 21x 2
– 7x
17x2 – 10x +7
– 17x2 – 51x + 17
– 61x + 24 (resto)

1.3.10 Fatoração
A fatoração pode ser considerada como a tabuada da álgebra. Ela é de
suma importância na continuidade do estudo da matemática e será uma fer‑
ramenta útil nas próximas disciplinas deste curso.
Como a fatoração não pode ser definida por uma regra geral, iremos tra‑
tar, nesta aula, de alguns casos, mas partindo do pressuposto de que devemos
decompor um polinômio em um produto de fatores que o compõem, ou seja,
transformar expressões algébricas em produtos de duas ou mais expressões.

1.3.11 Fator comum


Nesse caso, os termos apresentam fatores comuns, ou seja, mesma parte
literal. Por isso, podemos colocar o fator comum em evidência, como mos‑
tram os exemplos a seguir.

– 47 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

Exemplos:
a) ax + ay = a · (x + y)
b) 3x2 + xy = x ∙ (3x + y)
c) 11m6n3 – 22m4n2 + 33mn = 11mn (m5n2 – 2m3n + 3)

1.3.12 Fatoração por agrupamento


Esse caso ocorre quando não há fator comum a todos os termos do poli‑
nômio. Então devemos aplicar duas vezes o caso do fator comum no polinô‑
mio. Como, por exemplo:
ax + ay + bx + by
Os dois primeiros termos possuem em comum o fator “a”, os dois últimos
termos possuem em comum o fator b. Colocando esses termos em evidência:
a · (x + y) + b · (x + y)
Esse novo polinômio possui o termo (x + y) em comum. Assim, colo‑
cando-o em evidência, temos a seguinte forma fatorada:
(x + y) · (a + b)
Ou seja: ax + ay + bx + by = (x + y) · (a + b)
Podemos fazer outro exemplo:
1 – ym + x – ymx = 1 – ym + x · (1 – ym) = (1 – ym) · (1 + x)

1.3.13 Diferença de dois quadrados


Nesse caso, temos uma igualdade em que a diferença dos quadrados de
dois termos é igual ao produto da soma pela diferença desses dois termos.
Ilustraremos esse fato nos exemplos a seguir.
a) x2 – 1 = (x – 1) · (x + 1)
b) 25y2 – 16y4 = (5y – 4y2) · (5y + 4y2)
c) a8 – a4 = (a4 – a2) · (a4 + a2) = (a4 + a2) · (a2 + a) · (a2 – a)

– 48 –
Expressões algébricas

9 2 1 3
=  x –  .  x + 
1 3 1
d) x –
4 16  2 4 2 4

1.3.14 Trinômio quadrado perfeito


Neste caso, a identidade será válida quando, em um trinômio, ordenado
segundo as potências decrescentes de uma letra, o primeiro e o último termo
tenham sinal positivo, e que o segundo seja mais (+) ou menos (–) o dobro do
produto das raízes quadradas dos outros dois. Vamos acompanhar, a seguir,
alguns exemplos, para que possamos ilustrar essa definição.
a) (a + b)2 = a2 + 2ab +b2
b) (a – b)2 = a2 – 2ab +b2

1.3.15 Soma e diferença de dois cubos


Essa identidade é igual à raiz cúbica do primeiro, mais (ou menos) a raiz
cúbica do segundo, multiplicado pelo quadrado da raiz cúbica do primeiro,
mais (ou menos) o produto da raiz cúbica do segundo, mais o quadrado da
raiz cúbica do segundo. A seguir, vamos ver alguns exemplos desse caso.
a) (a + b) · (a2 – ab + b2) = a3 + b3
b) (a – b) · (a2 + ab + b2) = a3 – b3
c) (8x3 – 125y6) = (2x – 5y2) · (4x2 + 10xy2 + 25y4)

1.3.16 Cubo da soma e da diferença de dois termos


Esse caso apresenta uma identidade em que o cubo da soma ou da dife‑
rença de dois termos é igual ao cubo do primeiro termo mais (ou menos )
três vezes o primeiro termo ao quadrado, vezes o segundo, mais três vezes o
primeiro termo, vezes o segundo ao quadrado, mais (ou menos) o cubo do
segundo. Assim temos os exemplos a seguir.
a) (a ± b)3 = a3 ± 3a2b + 3ab2 ± b3
b) a3 + 6a2 + 12a +8 = (a + 2)3
c) 8x3 – 12x2 + 6x – 1 = (2x – 1)3

– 49 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

O cálculo algébrico foi, portanto, uma preocupação humana desde a


Antiguidade. Isso é importante considerar, já que a evolução desses estudos
foi sofrendo alterações, para que melhor pudéssemos entender as operações
com o cálculo algébrico.

Atividades
1. Resolvendo as operações (2x + 1) · (–6x2 – 4x + 2), teremos o seguinte
polinômio:
a) –12x3 – 14x2 + 2
b) –12x3
c) 12x3 – 14x2
d) 12x3 + 14x2

2. Determine o polinômio que representa a área da figura abaixo, cujas


medidas estão contidas nela.
a) 3x – y + 3x + 2y
3x + 2y
b) 9x2 + 3xy – 2y2
c) 6x + y 3x – y
d) x + 6xy – 2y
2 2

3. Determinando algebricamente o volume do paralelepípedo a seguir,


cujas medidas de suas dimensões estão expressas em cada um deles,
encontramos, respectivamente, para a figura A e para a figura B, os
seguintes valores:

a) 6a3 + 2a2 ; x3 + 5x2 + 6x


b) x3 + 5x2 + 6x ; 6a3 + 2a2
c) 6a3 + 2a ; x3 + 5x2
d) a3 + 2a2 ; 8x3 + 6x

– 50 –
Expressões algébricas

2a x+2
A B
a x
3a + 1 x+3

4. Resolva as seguintes operações:


a)
(40x 3 y 2 − 5x 2 y 3 ) : ( −10xy)
b)
(12a 4 b 2 − 28a 2 b 2 + 4ab3 ) : (4ab)

5. Desenvolva os seguintes produtos notáveis:


a) (xy + 3z) · (xy – 3z)
b) (2x – 5)²
c) (2a – b)³
6. Fatore as expressões a seguir.
a) x³y² + x²y² + xy²
x y  2 2

b)
 − 
9 16  
c) x² + 4x + 4
d) x³y – xy³

Comentário das Atividades


Essas atividades visam a consolidar conceitos do cálculo algébrico. Isso auxi‑
liará você na compreensão dos aspectos matemáticos fundamentais. Realize-as,
retorne aos exemplos e, caso tenha dúvidas, contate os professores da equipe.
Na primeira atividade, temos como resposta a letra (a); na segunda,
temos a letra (b); e, na terceira, a letra (a).
Na quarta atividade, as respostas são: (a) – 4x2y + xy2/2; (b) 3a3b – 7ab + b2.
Na quinta atividade, as respostas são: (a) (x2y2 – 9z2); (b) 4x2 – 20x + 25;
(c) 8a3 – 12a2b + 6ab2 – b3.

– 51 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

Na última atividade, temos as seguintes respostas: (a) xy(x2y + xy + y);


x y x y (c) (x + 2)2; (d) xy(x + y)(x - y).
(b)  3 − 4  ⋅  3 + 4 ;
   

– 52 –
2
Razão e proporção

1ª versão:
Mário Visintainer
2ª versão:
Moisés de Souza Arantes Neto

Todos nós, querendo ou não, vivemos fazendo cálculos a


todo o momento. Ao fazermos compras, envolvemo‑nos com pre‑
ços: quanto podemos gastar; ou, ao verificar o preço de uma peça,
ficamos calculando o preço do total que gostaríamos de comprar;
quando professores analisam as notas de alunos, fazem pequenos
cálculos e a projeção do que acontecerá se as notas permanecerem
assim, ou se será necessário melhorar.
Quando percebemos que os números que representam deter‑
minadas grandezas são proporcionais, podemos calcular o possível
resultado com grandezas diferentes.
Fundamentos da Matemática Elementar I

2.1 Razão
Dados a e b, pertencentes ao conjunto dos números inteiros, e b, dife‑
a
rente de zero, a razão entre a e b é .
b
3
A razão entre 3 e 5 é = .
5
A razão entre o número de alunas e o número de alunos do Curso de
Matemática é de 30 alunos para 20 alunas. Logo, a razão é 30 = 3 .
20 2

2.2 Grandezas proporcionais


22 Grandezas diretamente proporcionais: duas grandezas variáveis são
chamadas de grandezas diretamente proporcionais, quando a razão
entre os valores da primeira grandeza e os valores correspondentes da
segunda grandeza é sempre a mesma.
22 Grandezas inversamente proporcionais: duas grandezas variáveis são
chamadas de grandezas inversamente proporcionais, quando o pro‑
duto de cada valor da primeira grandeza pelo valor correspondente
da segunda grandeza é sempre o mesmo.

2.3 Regra de três simples


A regra de três simples é uma maneira de descobrir um valor, a partir
de outros três, divididos em pares relacionados, cujos valores têm mesma
grandeza e unidade. Em uma proporção, o produto dos extremos é igual ao
produto dos meios.
Veja alguns exemplos de resolução de problemas:
a) Devido à promoção, o seu salário de R$ 800,00 teve um aumento
de 25%. Qual será o seu novo salário?
Salário Aumento
800,00 100%
x 125%

– 54 –
Razão e proporção

Quando aumenta o salário, aumenta também a porcentagem em


relação ao total. Portanto, as grandezas são diretamente proporcionais.
100 · x = 800 · 125
100x = 100.000
100x 100000
=
100 100
x = 1.000
O seu salário, com o aumento, é de R$ 1.000,00.
b) Se cinco torneiras enchem um tanque em 450 minutos, nove
torneiras encherão esse tanque em quantos minutos?
Torneiras Tempo
5 450 min
9 x
Nesse caso, as grandezas são inversamente proporcionais, inverte‑
5 x
mos uma das duas grandezas =
9 450
9 · x = 5 · 450
9x = 2.250
9x 2250
=
9 9
x = 250
As cinco torneiras encherão o tanque em 250 minutos.
c) Um automóvel faz um percurso em 8h com uma velocidade média
de 60 km/h. Se a velocidade fosse de 80 km/h, qual seria o tempo
para fazer o mesmo percurso?
Tempo Velocidade
8h 60 km/h
x 80 km/h

– 55 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

Quanto maior a velocidade, menor será o tempo gasto para realizar


o percurso. Logo as grandezas são inversamente proporcionais,
8 80
invertemos uma das duas grandezas = :
x 60
80 · x = 8 · 60
80x = 480
80x 480
=
80 80
x=6
O tempo para realizar o mesmo percurso será de 6 horas.

2.4 Regra de três composta


A regra de três composta é utilizada, quando se quer descobrir um único
valor a partir de três ou mais valores já conhecidos, e tendo em conta que
os valores referentes a uma mesma classe de objeto devem estar na mesma
unidade de medida (essa regra continua a se chamar regra de três porque
comparamos as grandezas aos pares).
Alguns exemplos de resolução de problemas serão mostrados a você.
a) O dono de uma fábrica de automóveis sabe que precisa de 48 mecâ‑
nicos para fazer dez automóveis em cinco dias. Quantos mecânicos
seriam necessários para fazer 20 automóveis em 12 dias?
Mecânicos Carros Dias de trabalho
48 10 5
x 20 12

Inicialmente, foi determinado o sentido da primeira seta ( )


quando se aumenta o número de mecânicos. A seguir, comparamos
essa grandeza em relação às outras duas variáveis.
Aumentando o número de mecânicos e permanecendo o número
de dias trabalhado, aumenta o número de carros fabricados: o sen‑
tido da seta permanece ( ).

– 56 –
Razão e proporção

Aumentando o número de mecânicos e permanecendo o número


de carro trabalhados, diminui o número de dias trabalhados: o sen‑
tido da seta inverte ( ).
O produto da grandeza situada na ponta da seta x pelas grandezas
situa­das no final das outras setas (x · 10 · 12) é igual ao produto das
três outras grandezas restantes (48 · 20 · 5):
x · 10 · 12 = 48 · 20 · 5
120x = 4800
120x 4800
=
120 120
x = 40 mecânicos
b) Doze operários, em 90 dias, trabalhando oito horas por dia,
fazem 72 metros de tecido. Quantos dias de trabalho de dez
horas serão necessários para que 18 operários façam 36 metros do
mesmo tecido?
n. operários n. de dias horas p/dia metros/tecido

12 90 8 72
18 x 10 36

22 As comparações devem ser sempre feitas em relação ao par no


qual se encontra a variável x.
22 Aumentando o número de dias trabalhados ( ) e mantendo o
número das horas diárias trabalhadas e o comprimento da peça
feita, diminui o número de operários para realizar o serviço ( ).
22 Aumentando o número de dias trabalhados ( ) e mantendo o
número de operários e o comprimento da peça feita, diminui o
número de horas diárias para realizar o serviço ( ).
22 Aumentando o número de dias trabalhados ( ) e mantendo o
número de operários e o número de horas diárias trabalhadas,
aumenta o comprimento da peça confeccionada ( ).

– 57 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

O produto de x que está no fim da seta pelas outras três grandezas


que estão nas pontas ( x · 18 · 10 · 72) é igual ao produto das quatro
grandezas restantes (90 · 12 · 8 · 36):
x · 18 · 10 · 72 = 90 · 12 · 8 · 36
12.960x = 311.040
12960x 311040
=
12960 12960
x = 24
Serão necessários 24 dias de trabalho.

2.5 Porcentagem
O símbolo (%) aparece com bastante freqüência no nosso dia a dia. Por
isso, devemos entender com bastante segurança o que ele realmente representa.
Sempre que nos deparamos com situações que envolvam o cálculo de porcen‑
tagens, devemos ter noção dos seus princípios básicos, para sair dessas situações
com a solução correta e realmente entender o significado de cada operação.
Os exemplos a seguir ilustram situações do cotidiano que aparecem em
jornais, revistas, na TV, em lojas, em embalagens de produtos, entre outros.
Exemplos:
a) A gasolina subiu 12%.
b) Houve um reajuste de 24% no salário.
c) Desconto de 40% na compra a vista.
d) 22% de álcool é misturado à gasolina aqui no Brasil.
Todos esses exemplos ilustram bem como a porcentagem aparece nas
várias situações sociais. Vamos agora ver como a Matemática está presente nos
problemas que envolvem porcentagem.
O estudo da porcentagem é um modo de comparar números, usando
uma proporção direta. Só que, nesse caso, temos uma das razões da propor‑
ção, uma fração cujo denominador vale 100.

– 58 –
Razão e proporção

Todos os termos mencionados anteriormente são bastante conhecidos


de todos nós. Logo, vamos ver alguns exemplos numéricos para darmos
uma noção de grandeza. Vamos supor que eu desejo saber quanto é 20% de
R$ 500,00. O meu trabalho será o de descobrir um valor que represente, em
500, o mesmo que 20 representa em 100. Essa operação pode ser represen‑
tada na proporção a seguir (lembra da regra de três?).
20 x
=
100 500
Se resolvermos essa proporção, como vimos na seção anterior, vamos
encontrar o valor de R$ 100,00.
Quando resolvemos situações como essa, percebemos que será necessário
utilizar sempre proporções diretas, o que deixa claro que qualquer problema
dessa natureza pode ser resolvido com uma regra de três simples.
Podemos tentar definir porcentagem como uma fração cujo denomina‑
dor é 100. Assim, vamos fazer algumas aplicações diretas e também resolução
de problemas, para consolidarmos esse conteúd o. Vejamos.
15
a) 15% de 300 = ⋅ 300 = 45
100
35
b) 35% de 700 = ⋅ 700 = 245
100
Exemplos de problemas
1. O salário de um aposentado, no mês de janeiro, era de R$ 2.500,00.
No mês de fevereiro, sofreu um reajuste de 23%; então o aposen‑
tado passou a receber quanto?
Precisamos saber o quanto vale 23% de R$ 2.500,00.
23
⋅ 2500 = 575
100
Somando esse resultado ao salário inicial, temos o novo valor da
aposentadoria, que é de: R$ 575,00 + R$ 2.500,00 = R$ 3.075,00
2. Misturam‑se 30 litros de detergente com 50 litros de água. Qual a
porcentagem de detergente e de água que essa mistura contém?

– 59 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

(30 L + 50 L) 80 L da mistura contém 30 L de detergente.


100 L da mistura contém x de detergente.

80 30 30 ⋅ 100
= ⇔x= = 37,5% de detergente.
100 x 80

80 50 50 ⋅ 100
= ⇔x= = 62,5% de água.
100 x 80

Poderíamos, ainda, propor outras soluções, como, por exemplo,


subtrair, do total 100%, o valor encontrado no primeiro cálculo,
e teríamos encontrado o valor do segundo cálculo, como vamos
observar na representação a seguir:

100% – 37,5% = 62,5%

Portanto, o reconhecimento de razões e grandezas, a solução de


situações‑problema envolvendo razão e proporção (a partir da regra de
três) e o entendimento da aplicação dos elementos básicos de porcentagem
constituíram o foco deste capítulo, cuja importância deve ser considerada
para a utilização no cotidiano.

Conclusão
Vimos, neste capítulo, que razão é o quociente entre duas grandezas
a/b. Duas grandezas são proporcionais quando a variação de uma implica
uma variação correspondente na outra. Em uma proporção direta, é possí‑
vel aplicar a regra de três simples, que diz: o produto dos extremos é igual
ao produto dos meios. Tratamos, ainda, de um assunto muito utilizado
em nosso cotidiano, a porcentagem, que irá nos auxiliar na resolução
de problemas extremamente simples até os mais complexos, no decorrer
do nosso curso. Porcentagem ou percentagem é a fração de um número
inteiro, expressa em centésimos, e representa-se com o símbolo % (que se
lê “por cento”).

– 60 –
Razão e proporção

Atividades
1. Na construção de um muro de 12m2, foram utilizados 2160 tijolos.
Quantos tijolos serão necessários para construir, nas mesmas condições,
30m2 de muro?
a) 4600 c) 6300
b) 5400 d) 6800

2. Doze operários, em 50 dias, trabalhando 8 horas por dia, fazem 1000 m2


de vidro plano. Quantos dias de trabalho de 10 horas serão necessários
para que 15 operários façam 2500 m2 do mesmo vidro?
a) 40 c) 80
b) 60 d) 100

3. Cinco homens podem arar um campo de 20 ha em 10 dias, trabalhando


10 horas por dia. Quantos dias de trabalho 15 homens terão de trabalhar
para arar um campo de 40 ha, trabalhando 8 horas por dia?
a) 8 dias c) 5 dias
b) Menos de 8 dias d) Mais de 8 dias

4. Uma bola de futebol custa R$ 40,00. Pagando à vista, ela tem um


desconto de 20%. Qual o valor em reais do desconto?

5. A biblioteca de uma escola tem 600 livros. Quantos são os livros de


Matemática, se eles representam 25% do total?

6. A tabela a seguir se refere à distribuição dos alunos de uma universidade,


separados por áreas de conhecimento.

EXATAS HUMANAS SAÚDE


40% 15% 45%
Obs.: total de 3.000 alunos.
a) Qual o número de alunos que não são da área de exatas?

– 61 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

b) Qual o número de alunos da área de saúde?


c) Qual o número de alunos da área de humanas?
d) Qual o número de alunos que não são da área de humanas?

Comentário das Atividades


Para resolver essas atividades, você deve dominar as noções de regra de
três simples e, para isso, vamos nos lembrar do seguinte: nesses problemas,
conhecemos todos os valores das grandezas e desconhecemos apenas um,
basta relacionar as grandezas que são direta e inversamente proporcionais. Na
primeira atividade, a resposta é a letra (b); na segunda, a resposta é a letra (c);
e, na terceira, letra (d).
No desenvolvimento das três últimas atividades, você encontrará pro‑
blemas que envolvem tanto o cálculo de porcentagens que representam
certa quantidade, quanto quantidades que representam uma porcentagem.
A quarta atividade tem como resposta um desconto de R$ 8,00; na quinta
atividade, a resposta é 150 livros de Matemática; e, na última atividade, as
respostas são: (a) 1800; (b) 1350; (c) 450; (d) 2550.

– 62 –
3
Introdução ao estudo
das funções

1ª versão:
Mário Visintainer
2ª versão:
Moisés de Souza Arantes Neto

Em Matemática, o uso do conceito de funções se torna uma


ferramenta poderosa para compreendermos melhor as implicações
dos assuntos aqui abordados em nosso dia‑a‑dia.
As aplicabilidades desse conceito, em instituições empresa‑
riais, são muito largas e importantes para a área gerencial e contábil.
Alguns exemplos de aplicações são: despesa com energia, preço de
um produto, preço de mercado, ponto de nivelamento, custos de
um produto no mercado, entre outros.
Depois de uma breve introdução sobre a importância do
estudo deste capítulo, vamos tratar de alguns conceitos básicos no
estudo de funções.
Fundamentos da Matemática Elementar I

3.1 Pares ordenados


Antes de tentarmos definir o que é uma função, precisamos conhecer
alguns elementos importantes que fazem parte do conhecimento básico
necessário para à compreensão do que é uma função. O primeiro elemento
que vamos conhecer é um par ordenado. Um par ordenado pode ser definido
como dois números que seguem uma determinada ordem, como observare‑
mos no exemplo a seguir:

 1 ;–4
 
3 
2º elemento
1º elemento
É importante estabelecer que o primeiro elemento do par pertence ao
eixo x, e o segundo elemento pertence ao eixo y. Essa colocação será útil para
a representação de qualquer par ordenado em um plano cartesiano (que será
definido ainda neste capítulo).

3.2 Representação gráfica de um par ordenado


Como dissemos na seção anterior, um par ordenado pode ser representado
por um ponto em um plano cartesiano, que estudaremos a partir de agora.
Definimos os pares ordenados como coordenadas cartesianas.
Exemplos:
A (2; 4) onde 2 e 4 são as coordenadas do ponto A.
Denominamos de abscissa o 1º elemento do par ordenado; e ordenada,
o 2º elemento desse par.
Assim:
(2; 4)
2º elemento
coordenadas
1º elemento

– 64 –
Introdução ao estudo das funções

1º elemento: eixo das abscissas;


2º elemento: eixo das ordenadas.

3.3 Plano cartesiano


A representação do par ordenado em um sistema de coordenadas ocorre
da seguinte forma: utilizamos duas retas, x e y, perpendiculares entre si, onde
o eixo das abscissas (eixo x) é uma reta horizontal, e o eixo das ordenadas (eixo
y) é uma reta vertical.
A figura a seguir mostra o plano que acabamos de definir.

origem ou ponto (0; 0)

Agora que já definimos o nosso sistema de coordenadas (plano carte‑


siano), podemos localizar um ponto nesse sistema.
A localização do ponto é realizada da seguinte maneira: devemos loca‑
lizar o primeiro elemento do par ordenado no eixo x, depois proceder da
mesma maneira para localizar o segundo elemento do par no eixo y. Depois,
basta traçarmos retas paralelas ao eixo x e ao eixo y que passam pelos dois
elementos do par e, no encontro dessas retas, marcamos o ponto. Para iden‑

– 65 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

tificar melhor essa definição, vamos verificar a representação do ponto  A


(–1; 3) no plano:

A
3

–1 x

3.4 Produto cartesiano


Dados dois conjuntos A e B, não‑vazios, denominamos produtos carte‑
siano A x B o conjunto de todos os pares ordenados (x; y), em que:  
A x B = {(x; y) x ∈ A e y ∈ B}
Exemplo:
Dados os conjuntos A = {1, 2, 3}  e  B = {3, 4} e com o auxílio do dia‑
grama de flechas, formaremos o conjunto de todos os pares ordenados, em
que o 1º elemento pertença ao conjunto A, e o 2º pertença ao conjunto B.

A B
1• •3

2•

3• •4

– 66 –
Introdução ao estudo das funções

Assim, obtemos o conjunto: {(1; 3), (1; 4), (2; 3), (2; 4), (3; 3), (3; 4)}.
Esse conjunto é denominado produto cartesiano de A por B e é indicado por:
A x B = {(1; 3), (1; 4), (2; 3), (2; 4), (3; 3), (3; 4)}.

3.5 Noções de funções
Dados dois conjuntos A e B, não‑vazios, com a relação A x B, temos que
essa relação será função, se e somente se todo elemento do conjunto A se rela‑
cionar com um único elemento do conjunto B. Com esse primeiro cuidado
de definir uma função, vamos agora definir, de maneira geral, o domínio de
uma função. Seja D um subconjunto não‑vazio dos números reais, então
definir em D uma função f é explicar uma lei de formação em que a cada
elemento x ∈ D faça corresponder um único número real y.

A=D B = CD

x y lm

O conjunto D é chamado domínio da função f (conjunto de partida).


O conjunto CD (contra‑domínio) é o conjunto de chegada dos elementos,
independente daqueles que estão em correspondência com algum elemento
do domínio, e Im é o conjunto imagem, ou seja, o conjunto formado pelos
elementos que fazem correspondência com os elementos do domínio.
a) Domínio de funções polinômicas simples
Ex.: f(x) = 3x – 4 ⇒ D = R
f(x) = 3x2 – 9 ⇒ D = R

– 67 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

f(x) = x3 – 4x + 6 ⇒ D = R
b) Domínio da função quociente (denominador deve ser diferente
de zero)

1
f (x) = ⇒ D = R − {0}
x
3
f (x) = ⇒ D = R − {4 }
x–4

c) Domínio da função raiz de índice par (o radicando deve ser sem‑


pre maior ou igual a “zero”)

D = {x ∈R x ≥ –3}

Existem outros modelos de funções em que o domínio é determinado


por diferentes maneiras e procedimentos. Porém, aqui, o mais interessante
são as funções elementares.
Dessa forma, é importante estarmos atentos para o uso e a aplica‑
bilidade das funções no nosso cotidiano, seja nas situações informais ou
empresariais.

Atividades
1. Qual dos gráficos a seguir não representa uma função f(x)?

y y

a) c)
0 x 0 x

– 68 –
Introdução ao estudo das funções

y
y

b) d)
0 x
0 x

2. Analise a função dada e responda qual o seu domínio.


2
f(x)=
2x+10

a) D = {x ∈ R x > – 5}

b) D = {x ∈ R x ≥ – 5}

c) D = {x ∈ R x < – 5}

d) D = {x ∈ R x ≤ – 5}

3. Determine o domínio das seguintes funções:

a) f(x)=3x-20
2
b) f(x)=
-5x-15
c) f(x)= 5 -2x-20
d) f(x)= 4x-20
2
e) f(x)=
2x+10

3x
4. Encontre o domínio da função b) f(x) = 5
3x-15

– 69 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

Comentário das Atividades


Exercite essas atividades para conseguirmos passar para as próximas
aulas, que dependem diretamente desta aula. Na primeira atividade, o gráfico
que não representa uma função está na letra (d), pois existe um elemento do
domínio com mais de uma imagem.
Na segunda atividade, a resposta é a letra (a). A terceira traz a seguinte
seqüência de respostas: (a) D = R; (b) D = {x ∈ R x ≠ –3}; (c) D = R;
(d) D = {x ∈ R x ≥ 5}; (e) D = {x ∈ R x > –5}. Na última atividade, a res‑
posta é o conjunto D = {x ∈ R x ≠ 5}.

– 70 –
4
Estudo das funções:
injetora, sobrejetora,
bijetora e composta

Constantemente, fazemos relações, estimamos a quan­­­


tidade de carne necessária para fazer uma refeição em relação ao
número de convidados, a bebida que será consumida, a distância
aproximada entre dois objetos e assim por diante. Neste capítulo,
revisaremos inicialmente as noções de relações; entre as relações,
reconheceremos quais delas são funções; entre as funções, apren­
deremos a determinar qual é o conjunto imagem e o conjunto
contradomínio. A seguir, estudaremos três tipos de funções que
são a função injetora, a sobrejetora e, finalmente, a bijetora que
atende as condições de definição das duas anteriores.
Após termos estudado os conceitos iniciais de funções, apro­
fundaremos o conhecimento das funções que se inter-relacionam,
chamadas de funções compostas.
Fundamentos da Matemática Elementar I

4.1 Função injetora ou injetiva


Uma função f: A ⇒ B é injetora, se, dados dois elementos distintos
quaisquer de A, esses correspondem a duas imagens distintas de B.
f: A ⇒ B é injetora ⇒ (∀x1, x1 ∈ A e ∀x2, x2 ∈ A) e (x1 ≠ x2 ⇒ f(x1) ≠ f(x2)
Exemplo:
A função f: A ⇒ B, sendo A= {–2, 0, 1, 3} e B= { –7, –1, 2, 8} definida
por F(x) = 3x – 1 é injetora porque dois elementos distintos do conjunto A
têm como imagem dois elementos distintos de B.

A B
f –7
–2
–1
0
2
1
8
3
9

É possível perceber que não existem duas ou mais flechas convergindo


para o mesmo elemento em B.

4.2 Função sobrejetora ou sobrejetiva


Uma função f: A ⇒ B é sobrejetora quando todo elemento do conjunto
B é imagem de pelo menos um elemento do conjunto A.
f: A ⇒ B é sobrejetora ⇔ ∀y, y ∈ B, ∃x, x ∈ A | f(x) = y.
A função f: A ⇒ B é sobrejetora se e somente se Im(f ) = B.
Exemplo:
A função f: A ⇒ B, sendo A = {–2, –1, 0, 2} e B= {0, 2, 8}, definida por
f(x) = 2x2, é sobrejetora porque a todo elemento do conjunto B corresponde
pelo menos um elemento do conjunto A.

– 72 –
Estudo das funções: injetora, sobrejetora, bijetora e composta

A B

f
–2 8
–1
2
0
2 0

4.3 Função bijetora ou bijetiva


Uma função f: A ⇒ B é bijetora se ela for, simultaneamente, injetora e
sobrejetora.
A função f: A ⇒ B é bijetora ⇔ f é injetora e sobrejetora.
Exemplo:
A função f de A função f: A ⇒ B, sendo
A = {0, 2, 3, 4, 5} e B = {–3, –1, 0, 1, 2}, definida por f(x) = x – 3, é bijetora.

A B
f
0 –3
2 –1
3 0
4 1
5 2

A função é sobrejetora e injetora simultaneamente. Para todo y em B,


existe um e somente um único elemento de x ∈ A tal que y = x – 3. É possível

– 73 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

perceber, que para cada elemento do conjunto B, converge uma e somente uma
flecha e todos os elementos de B possuem correspondência no conjunto A.
Exemplo:
Represente a função f(x) = 2x – 5
a) por meio de diagramas;
b) por meio de gráfico no plano cartesiano ortogonal.
Obs.: Atribua à sua escolha no mínimo 4 valores a x.

a. A B
X Y f(x) = 2x – 5
3 1
1 –7 –1 –7
0 –5 0 –5
1 –3 1 –3
2 –1 2 –1
3 1

b. Gráfico da função f(x) = 2x – 5


y

3
2

1
x
–4 –3 –2 –1 1 2 3 4 5
–1
–2
–3
–4
–5

– 74 –
Estudo das funções: injetora, sobrejetora, bijetora e composta

4.4 Função composta


Seja f a função de um conjunto A em um conjunto B e seja g uma
função de B em um conjunto C. Chama‑se função composta de g e f a
função h de A em C, em que a imagem de cada elemento x é obtida apli­
cando‑se a x a função f, obtendo‑se f(x). A seguir, aplica‑se a f(x) à função
g, obtendo‑se g(f(x)).
É indicada por g ο f (lê‑se g composta com f ou g círculo f). Mediante
diagrama é possível representar g ο f:

f g
A B C
gof

Exemplo:
Sejam os conjuntos A= {0, 1, 2, 3} e B= {0, 3, 6, 9} e C = {–2, 7, 34, 79},
f: A ⇒ B definida por f(x) = 3x e
g: B ⇒ C definida por g(x) = x2 – 2
Determine: h = g ο f
f(0) = 0 ⇒ g(0) = –2, f(1) = 3 ⇒ g(3) = 7
f(2) = 6 ⇒ g(6) = 34 f(3) = 9 ⇒ g(9) = 79
A C
0
h=gof –2
1 7
2 34
3 79

f g
0
3
6
9

– 75 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

A função composta g o f é definida por:


h(x) = (g o f ) (x) = g(f(x)) = [f(x)]2 – 2 = (3x)2 – 2 = 9x2 – 2
∴ (portanto) g o f (x) = 9x2 – 2.

Exemplos de exercícios resolvidos


Sejam as funções definidas no conjunto dos números reais f(x) = 4x2 e
g(x) = 6 . Determine o domínio de g o f e f o g.
x–2

a) (g o f )(x) = g(f(x)) = g(4x2) =


6 6 2⋅3 3 o denominador deve ser
2
= 2 = 2
= 2
(4x )– 2 4x – 2 2(2x –1) 2x –1
um número diferente de zero.
1 1 1 1
∴ 2x 2 – 1 ≠ 0 ⇒ x 2 ≠ ⇒ x ≠± ⇒ x ≠± ≠±
2 2 2 2
2
racionalizando x ≠ ± ∴
2
 2 .
D(g o f ) =  x ∈ R x ≠ ± 
 2 

b) (f o g)(x) = f(g(x)) = f 
6 
=
 x–2 
2
 6   36  144
4   =4  2  = 2 o denominador deve ser
 x–2   x – 4x + 4  x – 4x + 4
um número diferente de zero.
∴ x2 – 4x + 4 ≠ 0, resolvendo a equação do segundo grau temos x ≠ 2
∴ D(f o g) ={x ∈ R x ≠ 2} .
Geralmente, as funções compostas não possuem a propriedade comuta­
tiva, isto é, g o f ≠ f o g, como foi visto no exemplo anterior.
A função composta g o f só está definida quando o contradomínio da
função f é igual ao domínio da função g.

– 76 –
Estudo das funções: injetora, sobrejetora, bijetora e composta

Atividades
1. Determine o domínio das funções a seguir no conjunto dos números reais.

a) y = 2 5x–5
x –15
b) y = x+ 3

2. Verifique se as funções a seguir são injetora, sobrejetora, bijetora ou não


são sobrejetora ou injetora.

a) f: R → R | f(x) = 1+ x3 lê-se: a função f definida de R em R (do


conjunto dos números reais ”domínio” ao conjunto dos números
reais “imagem”) definida pela lei f(x) = 1+ x3.;

b) g: R →N | g(x) = 1+ x3 ;

c) h: R →R | h(x) = x2 – 6.

3. Em relação a atividade três, represente as relações que forem funções


mediante diagrama, atribuindo no mínimo 4 valores a x, para encontrar
os respectivos valores de y. Esboce também os seus gráficos no plano
cartesiano ortogonal.
x+1
4. Seja a função f(x) = , x∈ R e x ≠ 1. Determine f(f(x)) e qual o seu
x –1
domínio.

f(g(x))– g(f(x))
5. Sabendo que f(x) = x2 + e g(x) = x – 1, determine o valor de: ,
com x∈ R e x ≠ 1. Determine também o seu domínio. 1–x

Comentário das atividades


A atividade um aprofunda os seus conhecimentos relacionados ao
domínio de uma função.

– 77 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

No sub-item (a), para determinar o domínio se observa algumas questões,


neste caso o radicando deve ser sempre um número ≥ 0 portanto
y = 5x–5

5x–5 ≥ 0
5x ≥ 5 → x ≥ 1
D={x ∈ R x ≥ 1}

No item (b), além do radicando ser um número ≥ 0 o denominador deve ser


≠0
x –15
y= ⇒ x –15 ≥ 0 → x ≥ 15 ⇒ x+3 ≠ 0 → x ≠ –3
x+3
x ≥ 15 ∩ x ≠ –3 = x ≥ 15
D={x ∈ R x ≥ 15}

Qualquer dúvida na resolução é um indício de que os conceitos anteri­


ores e o desenvolvimento dos exemplos resolvidos não foram completamente
assimilados. Retorne e revise-os com atenção.
Por meio da atividade dois você fortalece os conceitos relacionados aos
três tipos de funções estudadas: injetoras, sobrejetoras e bijetoras.
No item (a), a função é bijetora, pois a função é sobrejetora e injetora
simultaneamente. Para todo y em B, existe um e somente um único elemento
de x pertencente em A, tal que y =1 + x3.
No item (b), h(x) não é função, pois os elementos de y não pertencem
ao conjunto dos números naturais.
Finalmente no item (c), função é bijetora, pois a função é sobrejetora e
injetora simultaneamente. Para todo y em B, existe um e somente um único
elemento de x pertencente em A, tal que y = 2x/3.

– 78 –
Estudo das funções: injetora, sobrejetora, bijetora e composta

Para esboçar o gráfico da atividade três, atribua, no mínimo, 4 valores


a x, substitua-os na equação, e determine o y. Esses conceitos lhe fornecerão
a fundamentação necessária para o estudo das funções compostas que fazem
parte da próxima aula.
Compare a sua solução com o exemplo
D={x ∈ R }

Gráfico

Diagrama

x y = 1 + x3
–2 –7

–1 0

0 1

1 2

2 9

– 79 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

Na atividade quatro, para determinar uma função composta, fazemos


as seguintes substituições

x +1
f ( x) =
x −1
Observe que no lugar de x será substituído por f(x)
f ( x) + 1
f ( f ( x )) =
f ( x) − 1
x +1
Lembrando que f ( x ) = , então substituímos novamente
x −1
x +1
+1
f ( f ( x )) = x − 1
x +1
−1
x −1
Agora aplicamos o mínimo múltiplo comum em ambas partes da fração
x +1 x +1+ x −1
+1
f ( f ( x )) = x − 1 = x −1
x +1 x +1− x +1
−1
x −1 x −1

Simplicando
2x
f ( f ( x )) = x − 1
2
x −1

– 80 –
Estudo das funções: injetora, sobrejetora, bijetora e composta

Na divisão de fração, mantem o primeiro e multiplica pelo inverso do


segundo
2x x −1
f ( f ( x )) =
x −1 2

Na atividade cinco após fazer a substituição inicial, temos:

f(g(x)) = (x –1)2 +e = x 2 – 2x+1+e


g(f(x))=x 2 +e –1
f(g(x))– g(f(x)) (x – 2x+1+e)– ( x +e –1 ) –2x+2 2(1– x)
2 2

= = = =2
1– x 1– x 1– x 1– x
D = {x ∈ R }

– 81 –
5
Função inversa,
equações, inequações e
funções modulares

Nas operações fundamentais, aprendemos que a adição é


o inverso da subtração e que a divisão é operação inversa da multi‑
plicação. Agora vamos estudar o inverso de uma função. Somente
a função bijetora (aquela que é simultaneamente injetora e sobre‑
jetora) admite função inversa. É possível estabelecer uma relação
inversa, transformando o contradomínio em domínio, e o domínio
em contradomínio de uma função.
Fundamentos da Matemática Elementar I

5.1 Função inversa


Seja uma função f: A ⇒B, bijetora. Denomina‑se função inversa de f a
função g: B ⇒ A | se f(a) = b ⇒ g: b ⇒ a quaisquer que sejam a ∈ A e b ∈ B.
A função inversa de f é representada por f –1.
1o Exemplo de função inversa
Seja A = {–3, 2, 3, 5} e B = {–17, 8 13, 23}. f: A ⇒B, é definida por
f(x) = 5x – 2. Para se encontrar g: B ⇒ A substitui‑se na função f(x) o x pelo
y e expressa‑se o y em função do x.
Aplicando‑se a regra prática temos f(x) = y = 5x – 2. Então x = 5y – 2.
x+2
Expressando em função de y, y =
5
x+2
Solução: a função f–1 definida no conjunto R é definida por f –1 (x) =  .
5
A B B A
f –17 g
–3 –17 –3
2 8 8 2
3 13 13 3
5 23 23 5

Caso o domínio dessas funções fosse o conjunto dos números reais, este
seria o seu gráfico.

y
5
4
3
2
1
–4 x
–5 –3 –2 –1 1 2 3 4 5
–1
–2
y = 5x – 2
(x+2) –3
y= –4
5
–5

– 84 –
Função inversa, equações, inequações e funções modulares

2o Exemplo de função inversa


2x+1
A função f: R – {3}⇒R – {2} é definida por f –1 (x) = representada
no gráfico a seguir. x – 3

y
11

9
(2x+1)
y= 7
(x – 3)
5

1 x
–15 –13 –11 –9 –7 –5 –3 –1 1 3 5 7 9
–2

–4

–6

–8

–10

Observe, por meio do gráfico, porque não existe x = 3 expressa mediante


a condição x ≠ 3.
Determine:
a) f –1(x)
2x+1 2y +1
y= . Substituindo x por y temos x=
x–3 y –3
Expressando em função de y temos x (y – 3) = 2y + 1
xy – 3x = 2y +1 ⇒ xy – 2y = 3x +1
3x+1
y(x – 2) = 3x +1 ⇒ y =
x–2
3x+1
Logo f –1 = (x ≠ 2)
x–2

– 85 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

b) f –1(–4)
3x+1 3(–4)+1
f –1 (x) = ⇒ f –1(–4) =
x–2 (–4)–2
–12 + 1 –11 11
f –1(–4) = x= = =
–4 – 2 –6 6

c) f –1(3) = 3 ⋅ 3+1 ⇒ f –1(3) = f −1 10 = 10


3–2 1

d) Gráfico de f –1 é a representação dos pontos encontrados nos itens


b e c.
y

10

(3x+1) 8
y=
(x – 2)
6

–13 –11 –9 –7 –5 –3 –1 1 3 5 7 9 x
–2

–4

–6

–8

–10

22 Gráfico da função inversa


O gráfico da função f e o gráfico da sua inversa f –1 são sempre
simétricos em relação ao eixo de simetria definido pela reta y = x.
Exemplo 1
f(x) = x – 3 e f –1 = x + 3, x ∈ R

– 86 –
Função inversa, equações, inequações e funções modulares

y
5
4 Eixo de simetria
y=x
3
2
1
x
–4 –3 –2 –1 1 2 3 4 5
–1
–2
–3

Exemplo 2
f(x) = x2 – 2, x ∈ R | x ≥ 0 condição para que exista a inversa de f(x)
f –1(x) = x+2, x ∈ R | x ≥ –2

y
5
4
3
2
1
x
–3 –2 –1 1 2 3 4 5 6
–1
–2
–3

– 87 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

5.2 Módulo de um número


Módulo de um número real x é o valor absoluto desse número (número
sem sinal). Pode ser representado por | x | e lê‑se: módulo de x.
Exemplos:
a)  |3| = 3
b)  |–5| = 5

c)   –2 = 2
3 3
d)  |0,23| = 0,23
e)  |–2,56| = 2,56

Definição
22 o módulo de x é igual ao próprio x se x ≥ 0
22 |x| = x se x ≥ 0
22 o módulo de x é igual ao seu oposto se x < 0
22 |x| = –x se x < 0

Calcule o valor de:


a)  5 – |–3|, = 5 – (3) = 5 – 3 = 2
b)  |x – 3|, para x = – 8, |–8 –3| = |–11| = 11
c)  |x – 5|, para x ∈ R. Neste caso, devemos analisar duas situações:
 |x – 5| = x – 5 se x ≥ 5
 |x – 5| = –(x – 5) se x < 5

d)  |x + 3| – |8 – x| para x < –4


 |x + 3| = – (x – 3) para x < –4
 |8 – x| = 8 – x para x < –4 ∴
 |x + 3| – |8 – x| = – (x – 3) – (8 – x) = –x + 3 – 8 + x = –5

– 88 –
Função inversa, equações, inequações e funções modulares

5.3 Equações modulares


Para se resolver equações modulares, é necessário recordar que:
22 o módulo de x é igual ao próprio x, se x ≥ 0
|x| = x se x ≥ 0
22 o módulo de x é igual ao seu oposto, se x < 0
|x| = –x se x < 0

Determine os valores de x que satisfaçam as igualdades a seguir:


a)  | x – 3| = 5
Determinamos, inicialmente, o valor de x que torna o módulo
igual a zero, x – 3 = 0 ⇒ x = 3.
Neste caso, devemos analisar duas situações possíveis:
x–3≥0⇒x–3=5⇒x=8
x–3<0⇒x–3=–5⇒x=–2
S = {– 2, 8}

b)  |6x – 3| = |2x + 8|
|6x – 3| = 6x – 3 se x ≥ 1
2
1
|6x – 3| = –6x +3 se x <
2
e
|2x + 8| = 2x +8 se x ≥ –4
|2x + 8| = –2x – 8 se x < –4
Para resolver essa equação devemos considerar as três situações:
1a) x ≥ 1/2 ⇒|6x – 3| = |2x + 8| ⇒ 6x –3 = 2x + 8
11
6x – 2x = 3 + 8 ⇒ 4x = 11 ⇒ x =
4
2 ) –4 ≤ x < 1/2 ⇒ |6x – 3| = |2x + 8| ⇒ –6x +3 =2x + 8
a

5
–6x – 2x = 8 – 3 ⇒ –8x = 5 ⇒ x = –
8

– 89 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

3a) x < –4 ⇒|6x – 3| = |2x + 8| ⇒ –6x + 3 = –2x – 8


11
–6x + 2x = – 8 – 3 ⇒ –4x = –11 ⇒ x =
4

{
5 11
S= – ,
8 4 }
c) Calcule o valor de x . |x| – x = 2. Pela equação, é possível perceber
que x ≠ 0. Colocando o x em evidência, temos:

x · (|x| – 1) = 2 ⇒ |x| – 1 = 2 ⇒ |x| = 2 +1


x x

Condição de existência:
2 2
como |x| ≥ 0 ⇒ +1 ≥ 0 ≥ –1
x x
Aplicando a definição de módulo, temos:

|x| = 2 +1 ⇔ x = 2 +1 ou x = –  2 +1 
x x x 

1a situação:
2 x2 2 x 2
x= +1 ⇒ = + ⇒x2 – x – 2 = x= –b± b –4ac =
x 2 x x 2a

–(–1)± (–1)2 –4 ⋅ 1 ⋅ (–2) 1± 9


x= x=
2 ⋅1 2
x’ = 2 e x” = –1

2a situação:
2 x2 2 x
x = –  +1  ⇒x = – x = – –1 ⇒
2
= – – ⇒ x2 + x + 2 = 0,
x  x x x x
resolvendo a equação de 2o grau

– 90 –
Função inversa, equações, inequações e funções modulares

–1± 12 –4 ⋅ 1 ⋅ 2 –1± –7
x= x= como o discriminante ∆ = –7< 0
2 ⋅1 2
não existem raízes reais que satisfaçam a equação.

Testando as raízes encontradas em relação à condição:


2 2
x= ≥ –1 , x' = 2 ⇒ ≥ –1 satisfaz a condição
x 2
2 2
x= ≥ –1 , x'' = –1 ⇒ ≥ –1 não satisfaz a condição
x –1
S = {2}

5.4 Função modular


Denomina‑se função modular a função f(x) = |x| definida por:
22 f (x) = |x| = x se x ≥ 0;
22 f(x) = |x| = –x se x < 0 para todo x ∈ R.
O gráfico de uma função modular é representado utilizando o conceito
de módulo de um número real. Seu gráfico é a reunião de duas semirretas de
origem O, que são bissetrizes do primeiro e segundo quadrante.

y
6
5
4
3
2
1
x
–4 –3 –2 –1 1 2 3 4 5
–1
–2

– 91 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

Represente graficamente a função modular f(x) = |x – 2| – |x + 1|

y
4
3
y = abs (x – 2) – abs (x + 1)
2
1
x
–5 –4 –3 –2 –1 1 2 3 4 5
–1
–2
–3
–4
–5

Represente graficamente a função modular f(x) = |x – 2| + x


2

y
9
8

3
y = abs (x – 2) + abs (x)
2 2

1
x
–6 –5 –4 –3 –2 –1 1 2 3 4

5.5 Inequações modulares


Chamamos de inequações modulares as inequações, em cujas expressões
aparecem módulos.

– 92 –
Função inversa, equações, inequações e funções modulares

Para resolver inequações modulares, é necessário recordar as proprieda‑


des de módulo de um número real para a > 0
|x| < a ⇔ –a < x < a
|x| > a ⇔ x < – a ou x > a
com essas propriedades é possível resolver as inequações modulares.
Vejamos alguns exemplos
a) Determine o conjunto solução em R: |3x –4| < 3 ⇒
|3x – 4| < 3 ⇒ – 3 < 3x – 4 < 3
–3 < 3x – 4 → 1 < 3x → 1 < x
 3
⇒
3x – 4 < 3 → 3x < 7 → x < 7
 3
1 7
⇒ <x<
3 3

 1 7
S =  x∈R < x < 
 3 3

b) Determine o conjunto solução em R: |x – 2| > 3 ⇒


|x – 2| > 3 ⇒ x – 2 > 3 ou x – 2 < – 3
x – 2 > 3 ⇒ x > 5
⇒
 x – 2 < – 3 ⇒ x < –1

{
S = x ∈ R x < –1 ou x > 5 }
c) Determine o conjunto solução em R: 2 ≤ |4 – 2x| < 4. Neste caso, deve‑
mos dividir a inequação modular em duas:
1a) 2 ≤ |4 – 2x| 2a) |4 – 2x| < 4
Resolvendo a 1a­­, temos:
2 ≤ |4 – 2x| ⇔ 4 – 2x ≥ 2 ou 4 – 2x ≤ – 2

– 93 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

4 – 2x ≥ 2 ⇒ –2x ≥ –2 ⇒ –2x ≤ –2 ⇒ x ≤ 1
 –2 –2

4 – 2x ≤ –2 ⇒ –2x ≤ –6 ⇒ –2x ≥ –6 ⇒ x ≥ 3
 –2 –2

Conjunto solução dessa equação x ≤ 1 ou x ≥ 3

Resolvendo a 2a, temos:


|4 – 2x| < 4 ⇔ –4 < 4 – 2x < 4
–4 < 4 – 2x ⇒ –8 < – 2x ⇒ –8 > –2x ⇒ 4 > x
 –2 –2

4 – 2x < 4 ⇒ –2x < 0 ⇒ –2x > 0 ⇒ x > 0
 –2 –2

1 3
x ≤ 1 ou x ≥ 3
0 4
0<x<4
0 1 3 4
Conjunto intersecção

S = {x ∈ R | 0 < x ≤ 1 ou 3 ≤ x < 4}
O conjunto solução dessa equação 0 < x < 4, foi encontrado fazendo a
intersecção das duas soluções. Para uma visualização, os conjuntos podem ser
apresentados na reta real, como foi visto no exemplo anterior.

Atividades
1. Determine o domínio e o contradomínio, para que as funções existam e
tenham inversas. Determine a função inversa.
d) f(x) = 2x – 8

– 94 –
Função inversa, equações, inequações e funções modulares

3x+5
b) f(x) =
2x–5

2x –1
2. Sejam a função g(x) = definida de R em R, obtenha as
4
leis de correspondência que definem a função inversa e represente-a

graficamente.

3. Determine o conjunto solução da inequação: | x + 2| < | 8 – 2x |.

Comentário das Atividades


As atividades um e dois revisam todos os conteúdos referentes à função
inversa. Lembre-se: na função inversa, o contradomínio passa a ser o domínio,
e o domínio se converte em contradomínio de uma função.
Na atividade um item (a), f(x) = 2x – 8 D = {x ∈ R} substi‑
tuindo x por y temos?
x+8
x = 2y – 8 ⇒ x + 8 = 2x ⇒ x =
2
3x+5
No item (b), f(x) = = encontrando inicialmente o domínio
2x –5

2x – 5 ≠ 0 ⇒2x ≠ 5 ⇒ x ≠
5
2
{
⇒ D = x∈R x ≠
5
2 }
3y +5
Substituindo x por y temos: x = ⇒ (2y – 5) x = 3y + x
2y –5

2xy – 5 = 3y + x 5 ⇒ 2xy – 3y = 5x + 5 ⇒ y(2x – 3) = x + 5


5x+5
y=
2x – 3

– 95 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

Finalmente é encontrado o domínio da nova função

{
D = x∈R x ≠
3
2 }
Na atividade dois ao construir os gráficos, atribua os mesmos valores
para x nas duas funções. Se tiver qualquer dúvida na resolução, esse é um
indício de que os conceitos anteriores e o desenvolvimento dos exemplos
resolvidos não foram completamente assimilados. Revise-os com atenção.

2x–1
Temos g(x) = inicialmente determinamos a inversa.
4
2x+1 2 y –1 4x+1
y= ⇒x= ⇒ 4x = 2y – 1 ⇒ 2y = 4x + 1 e y =
4 4 2

2x –1 4 x+1
g(x) = g –1 =
4 2
x g(x) x g-1(x)
–2 –1.25 –2 –3.5
–1 –0.75 –1 –1.5
0 –0.25 0 0.5
1 0.25 1 2.5
2 0.75 2 4.5
3 1.25 3 5.5
y = (2x – 1) / 4 y
y = (4x + 1) / 2 3
Eixo de simetria
y=x
2

1
x
–3 –2 –1 1 2 3
–1

–2

–3

– 96 –
Função inversa, equações, inequações e funções modulares

Na atividade três, |x + 2| < |8 – 2x| você deve ter analisando as duas


possibilidades –(8 – 2x) < x + 2 < 8 – 2x.
• –(8 – 2x) < x + 2 ⇒ –8 + 2x < x + 2 ⇒ 2x – x < 2 + 8
x < 10
• x + 2 < 8 – 2x ⇒ x + 2x < 8 – 2 ⇒3x < 6 ⇒
x<2
Fazendo a intersecção, como estudado nos exercícios anteriores, temos o
conjunto solução S = { x ∈ R / x < 2}.

– 97 –
6
Funções
polinomiais

1ª versão:
Mário Visintainer
2ª versão:
Moisés de Souza Arantes Neto
6.1
Função de primeiro grau

Na Matemática, alguns assuntos podem ser expressos por


meio de sentenças ou expressões matemáticas, chamadas de sentenças
abertas ou fechadas. As sentenças matemáticas fechadas trazem uma
igualdade ou desigualdade que pode ser classificada imediatamente
como sendo verdadeira ou falsa. Já as sentenças matemáticas abertas
são assim denominadas por apresentarem elementos desconhecidos
em sua igualdade. A seguir, observe os exemplos de sentenças
matemáticas fechadas e abertas, respectivamente.
a) 5 + 3 > 7
b) 2x – 9 = 1
Nosso objetivo, nesta aula, é o estudo das sentenças
matemáticas abertas. No exemplo (b) anterior, temos um
elemento desconhecido, que chamamos de incógnita ou variável.
O conjunto de valores que uma variável pode assumir é conhecido
como conjunto universo. Dentro desse conjunto, o valor que se
atribui à variável, para tornar a sentença verdadeira, é chamado de
Fundamentos da Matemática Elementar I

conjunto verdade. No exemplo (b), a incógnita terá valor 5 para tornar a


sentença verdadeira.
As sentenças matemáticas que desejamos estudar constituem igualdades,
que trazem a forma de representação mostrada a seguir:
P=S
P e S são separados pelo sinal de igual, em que P recebe o nome de Primeiro
Membro, e S de Segundo Membro.

6.1.1 Equações do primeiro grau


Uma equação pode ser definida como sendo uma sentença matemática
aberta, expressa por uma igualdade, e pode ser escrita na forma ax + b = 0, onde
a e b são números reais e a ≠ 0. Vamos analisar a seguir um problema simples
que envolve o conjunto universo e o conjunto verdade de uma equação.
1. Em uma partida de vôlei, uma das equipes se apresentou com apenas
4 jogadores. Quantos jogadores faltam para completar a equipe?
O número de jogadores de uma equipe de vôlei é 6. Se representarmos
a quantidade desconhecida de jogadores pela letra “x”, vamos ter a
seguinte equação do primeiro grau:
x+4=6
Nesse caso, o número de jogadores que faltam são 2, pois 2 + 4 = 6.
Portanto, temos o conjunto universo e o conjunto verdade a seguir:
U = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6}
V = {2}

6.1.2 Resolução de uma equação do primeiro grau


Na resolução de uma equação do primeiro grau, podemos seguir alguns
passos que nos auxiliem nessa tarefa, como:
22 devemos fazer todas as operações indicadas e simplificar ao máximo
nossa equação;

– 102 –
Função de primeiro grau

22 eliminar denominadores, se houver;


22 colocar os termos dependentes da incógnita no primeiro membro,
e os independentes no segundo;
22 dividir os membros da equação pelo coeficiente da incógnita.
Obs.: podemos verificar a veracidade da solução da equação, substi-
tuindo o valor encontrado no lugar da variável, efetuar as operações indicadas
e confirmar a raiz da equação, ou seja, o seu conjunto verdade.
Exemplos:
a) 2x – 8 = 0
2x – 8 + 8 = 0 + 8
2x = 8
2x/2 = 8/2
x=4
V = {4}
b) (2x – 4) · 3 – 5 = 6 · (3x – 8) – 29
6x – 12 – 5 = 18x – 48 – 29
6x – 17 = 18x – 77
6x – 17 + 17 = 18x – 77 + 17
6x = 18x – 60
6x – 18x = 18x – 60 – 18x
– 12x = – 60
– 12x/ – 12 = – 60/– 12
x=5
V = {5}

3x 6 2x − 12 x
c) – – = –2
7 7 3 3

– 103 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

9x –18 – 7(2x − 12) 7x − 42


=
21 21
9x –18 –14x+84 = 7x – 42
9x –14x – 7x = 18 – 84 – 42
–12x = –108
–108
x= =9
–12
V = {9}

6.1.3 Inequações de primeiro grau


Denominamos inequação toda sentença matemática aberta, expressa por
uma desigualdade. Essas inequações do 1º grau com uma variável podem ser
escritas em uma das seguintes formas:

ax+b ≥ 0, ax+b ≤ 0, ax+b > 0 e ax+b < 0

4x 5 3
3x – 5 ≥ 0, + < 0, 5x – ≤ 0
3 3 4
Exemplo:
4
3x − 4 > 0 ⇒ 3x > 4 ⇒ x >
3

S = {x ∈ R x > 4/3}

6.1.4 Resolução de sistemas de equações do primeiro grau


Nesta aula, trabalhamos com a resolução de equações do primeiro grau
com uma única variável. Agora, vamos aplicar um dispositivo na resolução
de equações do primeiro grau com duas variáveis. Essas equações são senten-
ças matemáticas abertas, compostas e constituídas por equações que têm o
mesmo conjunto universo.

– 104 –
Função de primeiro grau

Vejamos agora algumas maneiras de se resolver um sistema de equações:

a) 

3x+5y = 6
 5x = 10

Da segunda equação, temos que x = 2, substituindo esse valor na pri-


meira, temos o valor de y:
3(2) + 5y = 6
5y = 6 – 6
y = 0 V = {2; 0}
No exemplo que acabamos de resolver, tínhamos uma das equações do
sistema com apenas uma incógnita. Mas quando temos um sistema formado
por duas equações e duas incógnitas, devemos operacionalizar esse sistema de
maneira que uma das equações contenha apenas uma variável. Esse processo
é denominado de eliminação e consta de três principais métodos: redução ao
mesmo coeficiente, comparação e substituição.

6.1.5 Método da adição


Nesse primeiro método, devemos escolher a variável a ser eliminada,
então multiplicar cada equação pelo coeficiente simétrico que tem essa incóg-
nita na outra equação e somar membro a membro as equações.
Exemplo:
 x+2y = 4 × (–2)
a) 
2x–3y = –6

–2x–4y = –8

 2x–3y = –6

Somando as equações termo a termo, teremos:


0x –7y = –14
–14
y= y=2
–7

– 105 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

Substituindo o y na primeira equação do primeiro sistema, temos:

x + 2y = 4
x + 2 ⋅ (2) = 4 x=0
x+4 =4 V = {0;2}

6.1.6 Método de eliminação por comparação


Isolamos a mesma variável nas duas equações e depois igualamos as
expressões obtidas.

Exemplo:


3x+2y = 2

 2x – y = 1

3x = 2 – 2y 2x = 1 + y

2 – 2y 1+ y
x= x=
3 2

2 – 2y 1+y
1+ 
1
=
x=  
3 2 7
3(1+y) = 2(2 – 2y) 2
3+3y = 4 – 4 y 8
3y +4 y = 4 – 3 x= 7
7y = 1 2
8 1
1 x= ⋅
y= 7 2
7
4
x=
7
V= ; { }
4 1
7 7

– 106 –
Função de primeiro grau

6.1.7 Método da eliminação por substituição


Isolamos uma das variáveis que se deseja eliminar na primeira ou na
segunda equação. Depois, basta substituir na outra equação, como mostra o
exemplo a seguir.

3x – y = 1

2y – x = 8
– x = 8– 2y(–1) x = – 8+2(5)
x = – 8+2y x = – 8+10
3(–8+2y)– y = 1 x=2
– 24+6y – y = 1
5y = 1+24
25
y= V = {2;5}
5
y =5

6.1.8 Função do 1º grau


Chama-se função polinomial do 1º grau, ou função afim, a qualquer
função f de R em R dada por uma lei da forma f(x) = ax + b, em que a e b são
números reais dados e a ≠ 0.
Na função f(x) = ax + b, o número a é chamado de coeficiente de x, e
o número b é chamado de termo constante ou independente. Veja alguns
exemplos de funções polinomiais do 1º grau:

f(x) = 7x – 3, onde a = 7 e b = –3
f(x) = – 4x – 7, onde a = – 4 e b = –7
f(x) = x, onde a = 1 e b = 0

– 107 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

6.1.9 Gráfico
O gráfico de uma função polinomial do 1º grau,  y = ax + b, com a ≠ 0,
é sempre uma reta.
Exemplo:
Vamos construir o gráfico da função y = 3x – 1.

a) Para x = 0, temos y = 3 · 0 – 1 = –1; portanto, um ponto é (0; –1).


b) Para y = 0, temos 0 = 3x – 1; portanto, x = 1/3 e, então, o outro
ponto é (1/3; 0 ).
y

x y
0 –1 1
x
1/3 0 3
–1

Podemos acrescentar ao nosso estudo que o gráfico da função afim


y = ax + b é uma reta, em que “a” é o coeficiente angular da reta (conteúdo
que será aprofundado na disciplina Cálculo Diferencial e Integral I, no pró-
ximo período) e “b” é o coeficiente linear da reta e também o ponto onde
a reta intercepta o eixo y, como aconteceu no gráfico do exemplo anterior.
Outra observação que se deve acrescentar ao nosso estudo é quanto
à classificação da função como crescente ou decrescente. Quando o
coeficiente de x (a) é positivo, temos uma função crescente; mas, quando
o valor de (a) for negativo, temos uma função decrescente, como ilustram
os exemplos a seguir:
a) f(x) = 2x + 3, função crescente (a > 0)
b) f(x) = –x + 2, função decrescente (a < 0)

– 108 –
Função de primeiro grau

6.1.10 Zero da função do primeiro grau 


Chama-se zero ou raiz da função polinomial do 1º grau f(x) = a x + b,
a ≠ 0 o número real x tal que  f(x) = 0, como foi visto para a solução de uma
equação do primeiro grau.
Temos:
f(x) = 0   ⇒   ax + b = 0   ⇒   x = –b / a

Vejamos alguns exemplos.


a) Determinação do zero da função f(x) = 2x – 7:
f(x) = 0   ⇒   2x – 7 = 0   ⇒   x = 7 / 2
b) Cálculo da raiz da função g(x) = 3x + 6:
g(x) = 0   ⇒   3x + 6 = 0   ⇒   x = –2
c) Cálculo da abscissa do ponto em que o gráfico de f(x) = –2x + 10
corta o eixo das abscissas (eixo x).
O ponto em que o gráfico corta o eixo dos x é aquele em que f(x) = 0;
então:
f(x) = 0   ⇒   –2x + 10 = 0   ⇒   x = 5

6.1.11 Estudo do sinal da função do primeiro grau


Estudar o sinal de uma função qualquer y = f(x) é determinar o valor de
x para o qual y é positivo, negativo ou nulo.
f(x) = ax + b

–b / a

y>0

x
y<0

– 109 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

f(x) = -ax + b

–b / a
y>0

x
y<0

Exemplo:
Vamos estudar o sinal da função f(x) = x – 8:
x–8=0
x = 8,
então, o sinal da função será:
a = 1; b = –8; – b/a = 8
sinal contrário de a mesmo sinal de a
x
– 8 +
Podemos concluir que:
para y < 0 <=> x < 8;
para y > 0 <=> x > 8;
para y = 0 <=> x = 8.
Portanto, vimos, nesta aula, a função do primeiro grau e suas aplicações,
a partir da exposição de exemplos práticos.

Atividades
1. A solução da equação – 4 – 3 · (3x + 2) = x – 4 é:
a) 7
b) –1/10
c) 2/3
d) –3/5

– 110 –
Função de primeiro grau

2x
2. Encontre a solução para a inequação – 5 > x+1 :
3
a) S = {x ∈ R x > 12}
b) S = {x ∈ R x < –12}
c) S = {x ∈ R x > 18}
d) S = {x ∈ R x < –18}

3. Usando um dos métodos que estudamos, resolva os sistemas a seguir:


2x+3y = 21
a) 
2 y = 10 S = {4; 5}

 x − 2y = 0
b) 
x − y = 1 S = {2; 1}

2x − y = 1
c) 
 x + 3y = 11 S = {2; 3}

5x + 2y = 45
d) 
4x + y = 33 S = {7; 5}

4. Dadas as funções a seguir, determine o seu gráfico, o zero ou raiz e faça


o estudo de sinais:
a) f(x) = x + 4
b) f(x) = –x + 4
c) f(x) = 2x + 3
d) f(x) = –3x – 1

Comentário das atividades


Essas atividades refletem os objetivos inerentes ao estudo da função do
primeiro grau e também ao estudo das equações e inequações do primeiro

– 111 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

grau. Para resolvê-las, isole a variável para o primeiro membro, usando o


mesmo procedimento da resolução da equação do primeiro grau. Lembre-se
de que sempre que se multiplicar ambos os termos de uma inequação por um
número negativo, o sinal de desigualdade se inverte. A primeira e a segunda
atividades têm como resposta a letra (d).
A terceira atividade deixa você livre para utilizar um dos três métodos
de resolução que vimos e as respostas estão na atividade. Procure praticar o
uso dos diferentes métodos de resolução de sistema de equações e, ao encon-
trar a solução, verifique se ela realmente é verdadeira, substituindo os valo-
res encontrados nas equações. Lembre-se de estudar os sinais da função para
valores de x que a tornam positiva, negativa e nula.
Nessa última atividade, você deve dar atenção especial ao fato de termos
funções crescentes e decrescentes, pois ele influencia na construção do gráfico.

– 112 –
6.2
Função do segundo grau

No campo da Matemática, as aplicações desse modelo de


equação abrangem várias áreas do conhecimento humano. Na
Engenharia, por exemplo, temos a aplicação em cálculos de estru-
turas e também em cálculo de áreas. Na Física, lançamento de pro-
jéteis, no estudo da dinâmica da partícula, e, na área de Economia
e de Administração, em oferta de mercado, receita total, preço de
equilíbrio, entre outras.
Evidentemente, o estudo dessa equação é muito importante
e, no decorrer do nosso curso, devemos salientar a importância dela,
para que os nossos horizontes, em nível de aplicação da função qua-
drática, sejam ampliados.
Fundamentos da Matemática Elementar I

6.2.1 Equação do 2º grau


É uma equação do tipo ax² + bx + c = 0, com coeficientes numéricos a,
b e c, e com a ≠ 0.
O esquema a seguir mostra a relação dos coeficientes da equação e sua
classificação:
ax² + bx + c = 0 completas
ax² + bx = 0
ax² + c = 0 incompletas
ax² = 0

O que observamos no esquema anterior é que, se um dos coeficientes


(b ou c) ou os dois forem nulos, temos uma equação do 2º grau incompleta.

6.2.2 Resolução das equações do segundo grau


A resolução de equações do 2º grau completas, ou seja, do tipo ax² + bx
+ c = 0 com a, b e c diferentes de zero, pode ter até 2 raízes reais, que podem
ser determinadas pela fórmula de resolução das equações de segundo grau,
encontrada da seguinte forma:
ax 2 + bx + c = 0
4a ⋅ (ax 2 + bx + c) = 4a ⋅ 0
4a 2 x 2 + 4abx + 4ac = 0
4a 2 x 2 + 4abx + 4ac + b 2 – b 2 = 0 + b 2 – b 2
(4a 2 x 2 + 4abx + b 2 )–(b 2 – 4ac) = 0
(2ax + b)2 –(b 2 – 4ac) = 0
(2ax + b)2 = b 2 – 4ac
(2ax + b)2 = ± b 2 – 4ac

2ax + b = ± b 2 – 4ac
2ax = – b ± b 2 – 4ac

– 114 –
Função do segundo grau

–b± ∆
x= , em que ∆ = b 2 – 4ac
2a
Exemplos:
a) 3x² – 7x + 2 = 0
a = 3, b = – 7 e c = 2
∆ = b2 – 4ac
∆ = (– 7)² – 4 · 3 · 2 = 49 – 24 = 25
Substituindo na fórmula:
–b± ∆ –(–7)± 25 7 ± 5 1
x= = = ⇔ x ' = 2 e x '' =
2a 2 ⋅3 6 3

S = {2; 1/3}
b) –x² + 4x – 4 = 0
a = –1, b = 4 e c = –4
∆ = 4² – 4 · (–1) · (–4) = 16 – 16 = 0
Substituindo na fórmula:
–b± ∆ –4 ± 0 4 ±0
x= = = ⇔ x ' = x '' = 2
2a 2 ⋅ (–1) 2

c) 5x² – 6x + 5 = 0
a = 5; b = – 6; c = 5
∆= (–6) ² – 4 · 5 · 5 = 36 – 100 = –64
Note que ∆ < 0 e não existe raiz quadrada de um número negativo.
Assim, a equação não possui nenhuma raiz real. Logo: S = { }.

6.2.3 Relação entre os coeficientes e as raízes


A relação entre os coeficientes de uma equação do segundo grau e suas
raízes está fundamentada em dois teoremas, que serão apresentados a seguir.

– 115 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

o
1 A soma das raízes da equação ax2 + bx + c = 0 é igual ao coeficiente
de x o “b”, com o sinal contrário, dividido pelo coeficiente de x2,
o “a”, ou seja:
b
x'+x'' = –
a
o
2 O produto das raízes da equação ax2 + bx + c = 0 é igual ao termo
independente de x, o “c” dividido pelo coeficiente de x2, o “a”,
ou seja:
c
x ' ⋅ x '' =
a

Exemplo:
x2 – 7x +10 = 0
b (–7)
x '+x '' = – =– = 7 = 5+2
a 1

c 10
x ' ⋅ x '' = = = 10 = 5 ⋅ 2
a 1

Logo x’= 2 e x” = 5, ou seja, dois números reais que, somados, são


iguais a “b/a” com o sinal contrário, e que multiplicados são iguais
a “c/a”.

6.2.4 Regra mnemônica dos sinais


Podemos determinar os sinais das raízes de uma equação do
segundo grau sem precisar resolvê-la. Dada a equação ax2 + bx + c = 0,
pode acontecer de termos as seguintes seqüências de sinais para os seus
coeficientes:
22 (+), (+) e (+): sinais sem variação, temos duas raízes negativas;
22 (+), (–) e (+): sinais com variação, temos duas raízes positivas;

– 116 –
Função do segundo grau

22 (+), (+) e (–): sinais sem alteração e com alteração, temos duas raí-
zes de sinais contrários, com a raiz negativa de maior valor abso-
luto que a positiva;
22 (+), (–) e (–): sinais com alteração e sem alteração, temos duas
raízes de sinais contrários, com a raiz positiva de maior valor abso-
luto que a negativa.

Exemplos:

a) x2 – 12x + 35 = 0 Duas raízes positivas.

b) x2 – x – 56 = 0 Duas raízes de sinais diferentes, com a


maior positiva.

c) 4x2 + 21x – 18 = 0 Duas raízes de sinais diferentes, com a


maior negativa.

6.2.5 Função do segundo grau


Chama-se função quadrática, ou função polinomial do 2º grau, qual-
quer função f de R em R dada por uma lei da forma f(x) = ax2 + bx + c, em
que a, b e c são números reais e a ≠ 0.
Vejamos alguns exemplos de funções quadráticas:
a) f(x) = 2x2 – 5x  + 1, em que a = 2, b = –5 e c = 1
b) f(x) = x2 – 4, em que a = 1, b = 0 e c = –4
c) f(x) = x2 + 3x + 5, em que a = 1, b = 3 e c = 5
d) f(x) = –x2 + 3x, em que a = –1, b = 3 e c = 0
e) f(x) = –x2, em que a = –1, b = 0 e c = 0

6.2.6 Representação gráfica


O gráfico de uma função polinomial do 2º grau, y = ax2 + bx + c, com
a ≠ 0, é uma curva denominada parábola.

– 117 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

Exemplo:
Vamos construir o gráfico da função y = x2 + x

8
x y
–2 2 6
(–3, 6) (2, 6)
–1 0
0 0 4

1 2
2
2 6 (–2, 2) (1, 2)

0
(–1, 0) (0, 0)

(– 12 , – 14 )

Observação:
22 se a > 0, a parábola tem a concavidade voltada para cima;
22 se a < 0, a parábola tem a concavidade voltada para baixo.

6.2.7 Zeros ou raízes da função do 2º grau


Chamam-se zeros ou raízes da função polinomial do 2º grau,
f(x) = ax2 + bx + c, com a, b, e c ∈ R e a ≠ 0, os números reais x, tais que
f(x) = 0. A determinação das raízes se dá da mesma maneira em que foram
resolvidas as equações do segundo grau nesta aula, seja ela completa ou
incompleta.

6.2.8 Número de raízes


Se ∆ > 0 (positivo), existem duas raízes reais e distintas;
Se ∆ = 0 (zero), existem duas raízes reais iguais;
Se ∆ < 0 (negativo), não existem raízes reais.
A figura a seguir resume, graficamente, o estudo do número de raízes e
a concavidade da parábola.

– 118 –
Função do segundo grau

∆>0 ∆=0 ∆<0

a>0

a<0

6.2.9 Estudo de sinais da função do segundo grau


Considerando uma função quadrática y = f(x) = ax2 + bx + c, determina-
remos os valores de x para os quais y é negativo, positivo ou nulo. Conforme
o sinal do discriminante ∆ = b2 – 4ac, podem ocorrer os casos a seguir.
1º Caso: quando o discriminante for maior que zero (∆ > 0), a função qua-
drática admite dois zeros reais distintos (x1 ≠ x2). A parábola intercepta o eixo
Ox em dois pontos, e o sinal da função para valores externos ao intervalo das
raízes terá o mesmo sinal de “a”, e para os valores internos ao intervalo das
raízes, o sinal da função terá o sinal contrário ao de “a”.
a) a > 0
mesmo de “a” contrário de “a” mesmo de “a”
x
+ x’ – x’’ +
y > 0 para x < x’ ou x > x’’
y < 0 para x’ < x < x’’
y = 0 para x = x’ = x’’
– 119 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

b) a < 0

mesmo de “a” contrário de “a” mesmo de “a”


x
– x’ + x’’ –
y > 0 para x’ < x < x’’
y < 0 para x < x’ ou x > x’’
y = 0 para x = x’ = x’’

2º Caso: quando o discriminante for igual a zero (∆ = 0), a função quadrática


admite dois zeros reais iguais (x’ = x’’). A parábola intercepta o eixo Ox em um
ponto, e o sinal da função para qualquer valor de “x” terá sempre o mesmo
sinal de “a”, exceto para x = x’, valor para o qual a função se anula.
a) a > 0

mesmo sinal de “a” mesmo sinal de “a”


x
+ x’ = x’’ +

y > 0 para ∀ x ∈ R, x ≠ x‘ e x ≠ x‘‘


y < 0 para ∃ x ∈ R
y = 0 para x = x’ = x’’

b) a < 0

mesmo sinal de “a” mesmo sinal de “a”


x
– x’ = x’’ –
y > 0 para ∃ x ∈ R
y < 0 para ∀ x ∈ R, x ≠ x‘ e x ≠ x‘‘
y = 0 para x = x’ = x’’

– 120 –
Função do segundo grau

3º Caso: quando o discriminante for menor que zero (∆ < 0), a função quad-
rática não admite raízes reais, e a parábola não intercepta o eixo Ox.
Nesse caso, o sinal da função para qualquer valor de “x” terá sempre o mesmo
sinal de “a”.
a) a > 0

mesmo sinal de “a”


x
+
y > 0 para ∀ x ∈ R
y < 0 para ∃ x ∈ R
y = 0 para ∃ x ∈ R

b) a < 0

mesmo sinal de “a”


x

y > 0 para ∃ x R
y < 0 para ∀ x R
y = 0 para ∃x R

6.2.10 Coordenadas do vértice da parábola (V)


O vértice de uma parábola é o ponto em que a função terá o seu valor
máximo ou mínimo da imagem. Quando a > 0, a parábola tem concavidade
voltada para cima e um ponto de mínimo V; quando a < 0, a parábola tem
concavidade voltada para baixo e um ponto de máximo V. 

 b ;– ∆ 
Em qualquer caso, as coordenadas de V são: V  – 
 2a 4a 
– 121 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

Veja os gráficos:

y
y v a<0
– ∆
4a
a>0
0 x
– b
2a

– b
2a
0 x

– ∆
4a v

6.2.11 Imagem
O conjunto-imagem Im da função y = ax2 + bx + c,  a ≠ 0 é o conjunto
dos valores que y pode assumir. Há duas possibilidades:
a
1 ) quando a > 0

yv

xv

Im = {y ∈ R | y ≥ yv}

– 122 –
Função do segundo grau

2ª) quando a < 0

xv

yv

Im = {y ∈ R | y ≤ yv}

6.2.12 Inequações do segundo grau


Chama-se inequação do segundo grau toda desigualdade que resulta em
pelo menos uma equação do segundo grau.
Para resolvermos uma inequação do segundo grau, devemos acompanhar
os seguintes passos:
1. verificar se o segundo membro da desigualdade é igual a zero;
2. determinar as raízes da equação caso elas existam;
3. construir o gráfico de estudo de sinais da equação;
4. baseado no gráfico do item anterior, dar a solução da inequação.
Exemplo:
x2 – 5x + 6 > 0

–(–5)± 25 – 24 5±1
x= =
2 2
x' = 3 e x'' = 2

– 123 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

Estudar o sinal da função:

mesmo de “a” contrário de “a” mesmo de “a”


x
2 – 3

S = {x R|x < 2 v x > 3}

Atividades
1. As raízes da equação –x2 + x + 6 = 0 são:

a) x’ = 0 e x” = 3 c) x’ = –2 e x” = 3

b) x’ = 0 e x” = 6 d) x’ = 2 e x” = –3

2. O conjunto solução da inequação x2 – 5x + 6 ≤ 0 é:


a) S = {x ∈ R|x < 2 v x > 3} c) S = {x ∈ R|3 ≤ x ≤ 2}
b) S = {x ∈ R|2 ≤ x ≤ 3} d) S = {x ∈ R|x < 5 v x > 6}

3. Represente graficamente as funções a seguir:


a) f(x) = x2 c) f(x) = – x2 + 8x – 17
b) f(x) = –x2 d) f(x) = x2 – 3x – 10

4. Encontre o conjunto imagem das funções a seguir:


a) f(x) = x2 – 10x + 21 c) f(x) = x2 + x + 8
b) f(x) = x2 – 25 d) f(x) = –x2 + x + 6

Comentário das Atividades


Na resolução da primeira atividade, você pode utilizar a fórmula de reso-
lução ou simplesmente a soma e o produto de suas raízes e encontrará os
seguintes valores, x’ = –2 e x” = 3, letra (c).

– 124 –
Função do segundo grau

Na segunda atividade, a resposta é a letra (b). Na terceira atividade,


procure atribuir pelo menos dois valores menores e dois valores maiores do
que as raízes da função. Isso é importante para garantir a simetria da parábola.
A última atividade tem como resposta os seguintes conjuntos imagem:
(a) Im = {y ∈ R | y ≥ –4}; (b) Im = {y ∈ R | y ≥ –25}; (c) Im = {y ∈ R | y ≥
31/4}; (d) Im = {y ∈ R | y ≤ 25/4}.

– 125 –
7
A função exponencial
e a função logarítmica

Joelson de Araújo Delfino


Mário Visintainer
7.1
Equações e funções
exponenciais

Antes do invento das calculadoras eletrônicas, os cálculos


que envolvessem multiplicação repetitiva ou números grandes eram
muito difícieis e sujeitos a erros. Tomemos, por exemplo, as oper-
ações 3345 896 259 x 456 987,32 ou 345623. Utilizando as regras de
exponênciação e, posteriormente, os logarítmos, foi possível simplifi-
car enormemente o trabalho do matemático.
Para estudarmos as equações e inequações exponenciais, é
muito importante recordarmos algumas propriedades da potenciação.
Fundamentos da Matemática Elementar I

7.1.1 Equação Exponencial


Toda equação que contém incógnitas no expoente é chamada de equação
exponencial.
Considere a equação exponencial 2x = 8. Para resolvê-la, é necessário apli-
car as propriedades da potenciação. Nesse caso, reescreve-se 8 como potência
de base 2. Como 8 = 23, então, 2x = 23. Em uma igualdade de potência, se as
bases são iguais os expoentes também são iguais, portanto, x = 3.
Exemplos:
Determine o valor de x que satisfaça a equação.

1. 3x-5 = 81 ⇒ 3x – 5 = 34 ⇒ x – 5 = 4 ⇒ x = 4+5 ⇒ x=9


S = {9}

x+2 4
1 4
2.   = 3 16 ⇒(2)-1(x+2) = 3
2 4 ⇒ 2-x-2 = 2 3 ⇒ –x–2=
2 3

10
–x = 4/3 + 2 ⇒x = –
3
S = {–10/3}

x–2 2 x–2 2
3. 0,25x-2 = 1/16 ⇒  25  = 1  ⇒  1  = 1 
 100  4 4 4
x–2=2⇒x=4
S = {4}

4. (10x)1-x = 0,000001. Aplicando as propriedades, procure reescre-


ver as potências, de forma que o primeiro e o segundo membros
tenham potências com bases iguais.
x–x 2 1 x–x 2 1 x–x 2
(10) = ⇒ (10) = 6 ⇒ (10) = 10–6
1.000.000 10

x – x2 = – 6 ⇒ x2 – x – 6 = 0

– 130 –
Equações e funções exponenciais

Resolvendo a equação de segundo grau, encontramos duas soluções


possíveis x’ = 3 e x” = –2. S = {–2, 3}
Em alguns casos, a fatoração não é suficiente para encontrar o con-
junto solução. Nesses casos, faz-se necessário utilizar alguns artifí-
cios como veremos nos exemplos a seguir.

5. Em 3x = 2x, neste caso dividimos o primeiro e o segundo membro


por 2x
x x 0
3x 2 x  3 
= x   = 1 ⇒   =   ∴ x = 0
3 3
2 x
2 2 2 2

6. Em 9x – 10 . 3x + 9 = 0. Neste caso, a equação pode ser escrita na forma


(32 )x – 10 × 3 x + 9 = 0 ⇒ (3 x )2 – 10 × 3 x +9 = 0, substituindo 3x
pela variá­vel y temos a equação y2 – 10y + 9 = 0, resolvendo a equação
de segundo grau, encontramos, y’ = 9 ou y” = 1. Voltando à variável x,
temos:
3x = 9 ⇒ 3x = 32 ⇒ x = 2 ⇒3x = 1 ⇒ 3x = 30 ⇒ x = 0 S = {0, 2}

7. Em 2x+2 + 2x-1 = 18, aplicando as propriedades da potenciação,


2x . 22 + 2x . 2-1 = 18. Colocando 2x em evidência,
2x ( 22 + 2-1) = 18 ⇒ 2x ( 4 + 1/2) = 18 ⇒2x (9/2) = 18
2x = 18 : (9/2) ⇒ 2x = 4 ⇒ 2x = 22 ⇒ x = 2 S = {2}

7.1.2 Função Exponencial


A função f: R → R definida por f(x) = ax (com a ≠ 1 e a > 0) é denomi-
nada de função exponencial de base a e é definida para todo x pertencente ao
conjunto dos números reais.
Exemplo de função exponencial f(x) = 2x
Para auxiliar a elaboração do gráfico, é conveniente elaborar a tabela.

– 131 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

x y
–1 1/2
0 1
1 2
2 4

x
1
Exemplo de função exponencial f (x) =   .
2

Para auxiliar a elaboração do gráfico, é conveniente elaborar a tabela.

y
x y
4
–2 4
3 –1 2
x
0 1
1 2
y =  1 1/2
2 1
x
–3 –2 –1 1 2

7.1.3 Inequações Exponenciais


Inequação exponencial é toda inequação, cuja incógnita se apresenta no
expoente de uma ou mais potências de bases positivas e diferentes de 1. São
exemplos de inequações exponenciais:

– 132 –
Equações e funções exponenciais

x x–2
b) 4x ≥ 8-2x c)   ≤  
1 1
a) 4x > 16
2 2

Para resolver exercícios envolvendo inequações exponenciais, é necessá-


rio observar duas situações distintas. Consideremos a função y = ax e dois
valores reais de x: x1 e x2.

1a situação a > 1 a x1 < a x2 ⇒ x1 < x2

Neste caso, o sentido da desigualdade se conserva. Para o entendi-


mento da inequação, observe como está representada graficamente a função
f(x) = 3x,

2a situação 0 < a < 1 a 1 < a ⇒ x1 > x2


x x2

Neste caso, o sentido da desigualdade se inverte. Nesta segunda situação,


x
1
observe o exemplo do gráfico f ( x ) =  
4 .

– 133 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

2
x
1 1
y = 
4
x
–2 –1 1 2 3

Exemplos de resolução de inequações exponenciais


1. 5x ≥ 1 ⇒ 5x ≥ 50. Como a base 5 > 0, a desigualdade se conserva.
Então, temos: 5x ≥ 50 ⇔ x ≥ 0
S = {x ∈ R | x ≥ 0}
3x–1 x+5
2.   >   . Como a base 1/2 < 1, inverte-se a desigualdade
1 1
2 2
3x –1 < x+5 ⇒ 2x < 6 ⇒ x < 3

S = {x ∈ R | x < 3}

x 2 –2 2
3 >   a base 3/4 < 1, inverte-se a desigualdade
3
3.  
4 4
x2 – x < 2 ⇒ x2 – x –2 < 0 ⇒ resolvendo a inequação de segundo grau
temos x­­1 = 2 e x2 = –1

– 134 –
Equações e funções exponenciais

S = {x ∈ R| –1 < x < 2 }
Como foi visto, para resolver exercícios envolvendo inequações expo-
nenciais, é necessário observar duas situações distintas:

1a situação a > 1 a x1 < a x2 ⇒ x1 < x2 a desigualdade se mantém.


2a situação 0 < a < 1 a x1 < a x2 ⇒ x1 > x2 a desigualdade se inverte.

Atividades
x+1 x 2 +2x+1
1. Determine o valor de x na equação 2 =4

2. Determine o conjunto solução da equação exponencial 5x –1 + 5x – 2 = 30

3. Determine o conjunto solução que satisfaça a inequação


2
( 0,001 ) x –x ≥ ( 0,001 ) x–1
4. Aplicando as propriedades da potenciação calcule o valor possível para x
x–1
1 1
em: <  < 3
9 3

Comentário das atividades


Você percebeu que essas atividades são bastante diversificadas. Passamos
dos exercícios mais simples, da atividade um, para os mais complexos da
atividade dois.
x +2x+1x+1 2
Para resolver a atividade um, 2 = 4 , você deve ter aplicado
as regras de potenciação, transformando a raiz em expoente de potência
fracionária.

x 2 +2x+1
 x 2 +2x+1  2
  =2 aplicando a propriedade da potenciação ⇒ =2
 x+1  x+1
2

– 135 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

Resolvendo a equação
x 2 +2x + 1 = 2(x + 1) ⇒ x 2 +2x+1– 2x – 2 = 0
x2 – 1 = 0 ⇒ x = 1 (analise por que não foi considerada a resposta x’= -1).
{ x = 1}.

5x 5x
Na atividade dois, 5x-1 + 5x-2 = 30 ⇒ + = 30 inicialmente foi
5 52
necessário determinar o mínimo múltiplo comum:
5(5 x )+2 x 750
= 30 ⇒ 750 = 5(5 x )+5 x ⇒ 750 = 5 x (5+1) ⇒ 5 x =
25 6
5x = 53 ⇒ x = 3. Que tal parecia mais difícil não?

Na atividade três, é necessário analisar as particularidades das inequa-


x 2 –x
ções. (0,001) ≥ (0,001)x–1 aparentemente difícil, este exercício é bas-
tante simples: como as bases são iguais e tem o valor situado entre 0 e 1,
quando se eliminam as bases, inverte-se a desigualdade x2 – x ≤ x – 1 ⇒x2 – 2x

+ 1≤ 0 resolvendo a inequação do segundo grau usando a fórmula resolutiva


–b± b 2 –4ac
x= encontram-se os valores x’= x’’=1.
2a

– 136 –
Equações e funções exponenciais

Observe que o único valor que atende a inequação do segundo grau é x = 1.


S ={x ∈ R / x = 1}
x–1
Na atividade quatro, <  
1 1
< 3 , inicialmente, você deve ter apli-
9 3 x–1 1
1 1
cado as propriedades da potenciação para igualar as bases. <  < 32
2 x–1
1 32  3 
⇒   <   <   como no exemplo anterior, se a base é um
1 1 1 –2
3 3 3
número situado entre 0 e 1, invertem-se as desigualdades.
1 1 1
2 > x –1 > – ⇒ 2+1 > x > 1– ⇒ 3 > x >
2 2 2

{
S = x∈R 3 > x >
1
2 } ou organizando em ordem crescente

{
S = x∈R
1
2
<x<3 }
Lembre-se: resolver uma equação exponencial, basicamente, consiste em
aplicar as propriedades das igualdades de forma que as potências, no primeiro
e segundo membro, tenham as bases iguais. Para que permaneça a igualdade,
quando as bases do primeiro membro e as do segundo são iguais, os expoen-
tes também devem ser iguais.

– 137 –
7.2
Estudo das equações,
inequações e funções
logarítmicas

Um pouco de história.
John Napier (lê-se, em geral, Neper) (1550-1617) introdu-
ziu o cálculo logarítmico em 1614.
Os logaritmos, como instrumento de cálculo, surgiram para
realizar simplificações, uma vez que transformam multiplicações e
divisões em operações mais simples de soma e subtração.
Já antes dos logaritmos, a simplificação das operações era rea-
lizada por meio das conhecidas relações trigonométricas, que relacio-
nam produtos com somas ou subtrações. Esse processo de simplifi-
cação das operações passou a ser conhecido como prostaférese, sendo
largamente utilizado em uma época em que as questões relativas à
navegação e à astronomia estavam no centro das atenções. De fato,
efetuar multiplicações ou divisões entre números muito grandes era
um processo bastante dispendioso em termos de tempo. A simplifi-
cação, permitida pela prostaférese, era relativa. Sendo assim, o pro-
blema ainda permanecia.
Fundamentos da Matemática Elementar I

John Napier foi um lorde escocês, estudioso das matemáticas da


época. Ele se envolveu na procura de um sistema que facilitasse a
multiplicação de senos. Esse conhecimento, posteriormente, foi
estendido a quaisquer números. O seu estudo estendeu-se por mais
de vinte anos e levou em 1614 à publicação de um livro, que revolu-
cionou a Matemática da época.
A sua obra “Descrição da maravilhosa regra dos logaritmos” causou
grande surpresa e entusiasmo porque se tratava de técnicas simplifi-
cadoras de resolução de problemas de cálculo numérico, relacionados
com o desenvolvimento do comércio, da banca, da navegação e da
astronomia.
O sistema logarítmico aplicou-se, inicialmente, à trigonometria,
necessária à navegação e às observações astronômicas. Sucessiva-
mente, foi estendido ao cálculo corrente. Disponível em:
http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm99/icm17/napier.htm.

Mesmo a palavra logaritmo foi inventada por Napier, a partir das pala-
vras gregas logos – razão – e aritmos – número.
Hoje, porém, com o advento das espantosas e cada vez mais baratas e
rápidas calculadoras, ninguém mais usa uma tábua de logaritmos ou uma
régua de cálculo para fins computacionais. O ensino dos logaritmos, como
instrumento de cálculo, está desaparecendo das escolas, os famosos cons-
trutores de réguas de cálculo de precisão estão desativando sua produção, e
célebres manuais de tábuas matemáticas estudam a possibilidade de aban-
donar as tábuas de logaritmos. Os produtos da grande invenção de Napier
tornaram-se peças de museu.
A função logarítmica, porém, nunca morrerá, pela simples razão de que
as variações exponencial e logarítmica são partes vitais da natureza e da aná-
lise. Conseqüentemente, um estudo das propriedades da função logarítmica e
de sua inversa, a função exponencial, permanecerá sempre uma parte impor-
tante do ensino da matemática.

7.2.1 Logaritmo
Como vimos anteriormente, o logaritmo foi criado a partir da necessi-
dade de se resolver problemas de multiplicação e outros do tipo a que expo-
ente se deve elevar o número 2 para se obter 128?

– 140 –
Estudo das equações, inequações e funções logarítmicas

Pelo enunciado 2x = 128, fatorando 128, 2x = 27 ∴ x = 7.


Esse valor encontrado para o expoente de x é chamado de logaritmo do
número 128 na base 2 e representa-se por log2 128 = 7.
log2 128 = 7 ⇔ 2x = 128
Outro exemplo: a que número se deve elevar o número 3 para que se
1
obtenha ?
81
1 1
3x = ⇒ 3 x = 4 ⇒ 3 x = 3–4 ∴ x = –4
81 3
1 1
log3 = –4 ⇔ 3 x =
81 81
O logaritmo de um número real e positivo b, na base a, positiva e dife-
rente de 1, é o número x ao qual se deve elevar a para se obter b.
b>0ea>0e≠1
loga b = x ⇔ ax = b

Forma logarítmica Forma exponencial


a = base do logaritmo a = base da potência
 x 
loga b = x  b = potência a = b  b = potência
 x = logaritmo  x = expoente
 
Exemplos de exercícios resolvidos
1. log2 16 = x. Desejamos encontrar x tal que 2x = 16. Recordando a
equação exponencial 2x = 24 ⇔ x = 4 assim log2 16 = 4

1 1
2. log81 729 = x ⇔ 81 = 729 ⇔
x

1 –6
(34 )x = 6
⇔ 34x = 3–6 = 4x =–6 ⇔ x = ⇔
3 4

– 141 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

3 1 3
x=– ⇒ log81 =–
2 729 2

Você percebeu que estamos usando tudo o que foi aprendido nas aulas
anteriores, principalmente a de equações e inequações exponenciais? Se ainda
tiver dúvidas, é um bom momento para revisar o conteúdo anterior.
5
4
3. log5 3125 = x ⇔ 5x = 4
3125 ⇔ 5x =
4
5 5 ⇔ 5x = 5 4 ⇔ x =
5 ⇒ ⇒ log 4 3125 = 5
5
4 4
Recorde transformação de raízes em potências de expoentes fracionários.

7.2.2 Condição de Existência dos Logaritmos


Para se determinar a condição de existência dos logaritmos é necessário
observar que:
 logaritmando positivo, b > 0

loga b ⇒  base positiva, a > 0
 base diferente de 1, a ≠ 1

Esse conjunto de condições é chamado de campo de existência ou domí-


nio dos logaritmos.
Por meio das condições estudadas, determine o campo de existência ou
domínio das funções.
a) f(x) = log2-x 5
CE (campo de existência)
2–x>0 e 2–x≠1
–x > –2 .(–1) –x ≠ 1 – 2
x < 2 –x ≠ –1
x≠1
D = {x ∈ R | x < 2 e x ≠ 1}

– 142 –
Estudo das equações, inequações e funções logarítmicas

b) f(x) = logx+2 (x2 – 2x – 3)


Primeira condição a > 0 e ≠ 1
x+2>0 e x+2≠1
x > – 2 x≠–1
Segunda condição b > 0
x2 – 2x – 3 > 0

–b± b 2 –4ac –(–2)± (–2)2 –4 ⋅ 1 ⋅ (–3)


⇒ x= ⇒
2a 2 ⋅1

–2 ± 4 2 –12 2±4 x ' = 3


= ⇒
2 2  x" = –1

 x > –2

 x ≠ –1
 x'=3

 x"= –1
Conjunto solução
D = {x ∈ R | –2 < x < –1 e x > 3}

7.2.3 Consequências da definição


Por meio da análise da definição: o logaritmo de um número real e posi-
tivo b, na base a, positiva e diferente de 1, é o número x ao qual se deve elevar
a para se obter b. É possível concluir que:
1ª O logaritmo do número 1 em qualquer base é 0 ⇒ loga 1 = 0
log10 1 = 0; log1/2 1 = 0; logw 1 = 0.
2ª O logaritmo da base em qualquer base é sempre 1 ⇒ loga a = 1

– 143 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

log4 4 = 1; log19 19 = 1; log1/4 1/4 = 1.


loga b
3ª A potência da base a e expoente loga b é igual a b. ⇒ a =b
log5 12
5 = 12
4ª Dois logaritmos em uma mesma base são iguais, se e somente se os
logaritmandos são iguais ⇒ logb x = logb y ⇔ x = y
log5 x = log5 25 ⇒ x = 25.
5ª O logaritmo de a elevado a n na base a é igual a n ⇒ loga an = n
log6 61234 = 1234.

7.2.4 Sistema de logaritmos


Os logaritmos podem ser agrupados em função da sua base.
É chamado de sistema de logaritmos na base a o conjunto de todos os
logaritmos dos números reais e positivos em uma base a > 0 e diferente de 1.
Por exemplo, o conjunto de todos os logaritmos com a base 5 é chamado de
sistema de logaritmos na base 5.
São dois os sistemas mais importantes.
a) Sistema de logaritmos decimais são aqueles que têm a base 10; são
também chamados vulgares ou de Briggs.
Henry Briggs foi um matemático inglês. Nasceu em fevereiro de 1561
e morreu em 26 de janeiro de 1630. Ele publicou trabalhos em nave-
gação, astronomia e matemática. Ele propôs os logaritmos “comuns”,
com base dez, e construiu uma tabela de logaritmos que foi usada até
o século 19. Contribui ativamente para a aceitação dos logaritmos por
parte dos cientistas. Publicou a primeira tabela de logaritmos decimais
de 1 a 1000 em 1617. Disponível em: <http://hpdemat.vilabol.uol.
com.br/Biografias.htm#h>.

Esses logaritmos são representados por log10 x ou simplesmente log x.


b) Sistema de logaritmos neperianos ou naturais é o sistema que tem
como base o número irracional e.(e = 2,718281828 ...). O nome
natural se deve ao fato de que esse sistema é muito usado no estudo
dos fenômenos naturais.

– 144 –
Estudo das equações, inequações e funções logarítmicas

Esses logaritmos são representados por loge x ou ln x.

7.2.5 Propriedade dos Logaritmos


1a Logaritmo de um produto
O logaritmo do produto de dois números reais é igual à soma dos
logaritmos de cada um desses números loga (b . c) = loga b + loga c.
Condição de existência desta propriedade (b > 0 e c > 0).
Ex. log5 50 = log5 5 + log5 10
2a Logaritmo de um quociente
O logaritmo do quociente de dois números reais é igual à diferença
b
dos logaritmos de cada um desses números loga   = loga b – loga c.
c
Condição de existência desta propriedade: (b > 0 e c > 0).
8
Ex. log5   = log5 8 – log5 5 = log5 8 – 1
5
3a Logaritmo da potência
O logaritmo de uma potência de uma base real positiva é igual ao
produto do expoente pelo logaritmo da base da potência.
Condição de existência desta propriedade: (b > 0 e n ∈ R).
loga bn = n . loga b
Ex. log5 125 ⇒ log5 53 = 3 log5 5 = 3

Exercícios resolvidos
Aplicando as propriedades dos logaritmos e sabendo que (a, b, c ∈ R
positivos) desenvolva as expressões:

a) log3 
9ab  = log 9 + log a + log b – log c ⇒
 3 3 3 3
 c 

– 145 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

log3 
9ab  = 2 log 3 + log a + log b – log c ⇒
 3 3 3 3
 c 
log3 
9ab  = 2 + log a + log b – log c
 3 3 3
 c 

b) log5
a5 = log5 a5 – log5 c2 - log5
5
b ⇒
2 5
c b
1

log5 a5 = 5 log5 a – 2 log5 c - log5 b ⇒


5

c2 5 b

log5 a5 = 5 log5 a – 2 log5 c - 1 log5 b


2 5
c b 5

7.2.6 Mudança de Bases


Sejam a, b, c números reais positivos e a e c ≠ 1. Então, é possível mudar
a base de um logaritmo aplicando a seguinte regra.
logc b
loga b =
logc a

Essa propriedade é bastante útil quando você necessita determinar um


logaritmo de uma base qualquer e a sua calculadora somente determina loga-
ritmos decimais ou naturais.
Aplicando os conceitos de mudança de base e sabendo que log 2 = 0,301,
log 3 = 0,477, log 5 = 0,699, determine o valor de:

log10 30 log10 (10 ⋅ 3) log10 10+log10 3 1+0,477


a) log5 30 = = = =
log10 5 log10 5 log10 5 0,699

log5 30 = 2,113
Observe que não é necessário representar a base 10 nos logaritmos deci-
mais. Aqui a base só foi representada como reforço.

– 146 –
Estudo das equações, inequações e funções logarítmicas

log 225 log32 ⋅ 5 2 2log 3+2 log 5


b) log2 225 = = ⇒
log 2 log 2 log 2
2 ⋅ 0,477 + 2 ⋅ 0,699 2,352
log2 225 = = = 7,814
0,301 0,301

7.2.7 Equação Logarítmica


Chama-se equação logarítmica toda equação que apresenta a incógnita
no logaritmando ou na base de um logaritmo.
A resolução de equações baseia-se na propriedade:
logb x = logb y ⇔ x = y, ∀ x, y e b ∈ R*+ e b ≠ 1.

Exemplos de exercícios resolvidos


a) log2 (3x – 5) = log2 (2x + 3) ⇒ 3x – 5 = 2x + 3 ⇒ x = 8.
Substituindo x temos (2x + 3) = 19. Se substituirmos na equação
3x – 5, obteríamos o mesmo resultado ∴ S {8}
b) log3 (2x + 5) = log3 (x + 1) ⇒ 2x + 5 = x +1 ⇒ x = - 4.
Substituindo x, temos (2x + 5) = –3. Como (2x + 5) deve ser > 0
∴ S { } ou Ø.
c) log2 (2x + 4) = 5 ⇒ 25 = 2x + 4 ⇒ 32 = 2x + 4 ⇒ x = 14
∴ S {14}.
Em alguns casos, torna-se necessário fazer, inicialmente, uma
mudança de incógnita e, ao final, retornar a variável inicial.

log5 x
d) Resolver a equação = 3 . Neste caso, é conveniente
2 + log5 x
y
substituir log5 x por y, = 3 ⇒ y = 6 + 3y ⇒ y= –3 retornando
2+y
log5 x = y = – 3 ⇒ 5–3 = x = 0,008.

– 147 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

7.2.8 Inequações Logarítmicas


Inequação logarítmica é a desigualdade que apresenta a incógnita no
logaritmando ou na base do logaritmo.
Para quaisquer que sejam x’, x” e a pertencentes ao conjunto dos núme-
ros reais positivos, as inequações logarítmicas são resolvidas utilizando as pro-
priedades:
loga x’ > loga x” ⇔ x’ > x”, com a > 1
loga x’ > loga x” ⇔ x’ < x”, com a < 1
Determine o conjunto solução da inequação:
log1/2 (x – 1) + log1/2 (x + 5) ≥ – 4
CE. x – 1 > 0 ⇒ x > 1, x + 5 > 0 ⇒ x > – 5. Da intersecção dessas duas
inequações, temos x > 1.
Vamos usar um artifício escrevendo -4 como um logaritmo na base 1/2
log1/2 (1/2)-4 = – 4.
log1/2 (x –1) + log1/2 (x + 5) ≥ log1/2 (1/2)-4 ⇒ log1/2 (x –1) . (x + 5) ≥
log1/2 (1/2)-4
Como a base do logaritmo é < 1, o sentido da desigualdade se inverte.
(x – 1) (x + 5) ≤ (1/2)-4⇒ x2 + 4x – 21 ≤ 0. Resolvendo a inequação
encontramos –7 ≤ x ≤ 3.
Encontrando a intersecção do conjunto solução desta inequação com a
condição de existência, finalmente encontramos s = {x ∈ R | 1 < x ≤ 3}.

7.2.9 Gráfico da Função Logarítmica


Consideraremos funções que relacionam números reais a seus logaritmos
em uma base dada, definindo assim uma função logarítmica. Seja um número
real a positivo e diferente de 1, e uma função y = ax, com a > 0 e a ≠ 1 . Defini-
mos a sua função inversa como uma função logarítmica indicada por y = loga x.
Observe que, pela definição de logaritmo, o valor de x deve ser estrita-
*
mente positivo, ou seja, o domínio da função logarítmica é IR . +

– 148 –
Estudo das equações, inequações e funções logarítmicas

Para a representação do gráfico de uma função logarítmica, devemos


considerar dois casos: quando a base a da função logarítmica y = loga x for
a > 1 e 0 < a < 1.
1° caso ⇒ a > 1
Exemplo: seja a função y = log2 x com domínio nos IR+* . Representando

graficamente a função para x = {


1 1
}
; ; 1; 2; 4; 8 , temos:
4 2

x 1/4 1/2 1 2 4 8
y = log2 x –2 –1 0 1 2 3

Obs.: no gráfico da função y = loga x podemos notar que, a partir do


momento que aumentamos os valores de x, os valores de y também aumentam,
ou seja, se a base a>0, a função será crescente.
2° caso ⇒ 0 < a < 1

Exemplo: seja a função y = log 1 x com domínio nos IR+* . Represen-


2

tando graficamente a função para x = { 1 1


}
; ; 1; 2 ; 4 ; 8 temos:
4 2

– 149 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

x 1/4 1/2 1 2 4 8
y = log1/2 x 2 1 0 –1 –2 –3

Obs.: no gráfico da função y= loga x, podemos notar que, a partir do


momento em que aumentamos os valores de x, os valores de y diminuem, ou
seja, se a base 0 < a < 1, a função será decrescente.
Exemplo
Determine o domínio da função a seguir:
y = log( x–2) x

Para calcularmos o domínio da função, é necessário avaliar as condições


de existência da função logarítmica. Assim:

 x – 3 > 0 (condição do log arítmo)  x > 3 (I)


 
 x – 2 > 0 (condição da base) ⇒  x > 2 (II)
  x ≠ 3 (III)
 x – 2 ≠ 1 (condição da base) 

Calculando a intersecção das três condições, temos que o domínio de


y = log( x–2 ) x é igual a: Dm = {x ∈ IR / x > 3}

– 150 –
Estudo das equações, inequações e funções logarítmicas

Atividades

1. Determine o domínio e o conjunto imagem da função: log( x–1) ( x 2 – 2x ) .

2. Observando as condições de existência dos logaritmos determine o

domínio e o conjunto imagem da função. log(3x − 6) ( 4x − 12x )


2

3. Sejam as funções f(x)=x-2x e g(x)=x-logx, calcule: f[g(1)].

4. Verifique, inicialmente, se as expressões a seguir são inequações logarít-


micas. Se forem, determine o conjunto solução de cada uma delas.
a) log2­ (x2 + 2x) = 3
b) logx+2 (2x2 + x – 5) = 8
c) logx+2 (2x2 + x) ≥ 1

Comentário das atividades


Na atividade um você deve ter observado as condições de existência.

2
Para log( x–1) (x – 2x) , as condições são:
I. x2 – 2x > 0, resolvendo a inequação encontra-se x < 0 ou x > 2
II. x – 1 > 0, resolvendo esta inequação temos x > 1
II. x – 1 ≠ 1, que resulta em x ≠ 2
Finalmente realizando a intersecção entre as três condições temos:
Df = { x ∈ R / x > 2} e If = R

2
Para desenvolver a atividade dois, log(3x–6 ) (4x –12x) as condições
de existência são:
I. 4x2 – 12x > 0 ⇒x < 0 ou x > 3
II. 3x – 6 > 0 ⇒ x > 2

– 151 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

III. 3x – 6 ≠ 1 ⇒ x ≠ 7/3, o conjunto solução é encontrado fazendo a


intersecção das três condições
Df = { x ∈ R / x > 3}; If = R
Na atividade três você deve ter recordado que para encontrar a função
composta inicialmente se determina
f[g(1)] = f(x – log x) ⇒ f[g(1)] = f(1 – log 1) ⇒ f[g(1)] = f(1 – 0)
f[g(1)] = f(1) = 1 – 21 = –1, portanto f[g(1)] = –1
Na atividade quatro você deve ter observado que as expressões (a) e (b)
não são inequações e sim equações. Esta conclusão foi obtida pela observação
do símbolo “=”, portanto é desnecessário determinar o conjunto solução.
No item c, log(X+2) (2x2 + x) ≥ 1
C.E. x + 2> 0 e x + 2 ≠ 1⇒ x > –2 e x ≠ –1
C.E. 2x2 + x > 0 ⇒ x (2x + 1) > 0 ⇒ x < –1/2 ou x > 0
log(x+2) (2x2 + x) ≥ 1 aplicando a propriedade dos logaritmos é possível
escrever a inequação da seguinte forma. log(x+2) (2x2 + x) ≥ log(x+2) (x + 2) ⇒
2x2 + x ≥ x + 2 se x + 2 > 1 ⇒ 2x2 + x – x ≥ 2 ⇒ x2 – 1 ≥ 0

Observando o gráfico e fazendo a intersecção das duas condições temos


x≥1

– 152 –
Estudo das equações, inequações e funções logarítmicas

2x2 + x ≤ x + 2 se 0 < x + 2 < 1 ⇒ –2 < x < –1


2x2 + x – x < 2 ⇒ x2 – 1< 0
Observando o mesmo gráfico, somente os valores em que f(x) < 0 e fazendo
a intersecção das duas condições, encontramos o conjunto vazio.
S={x∈R/x≥1

– 153 –
8
Trigonometria, ciclo
trigonométrico,
conversão de arcos e
função seno e cosseno

A palavra trigonometria surgiu do grego trigonos, triân­gulo,


e metrûn, medida. Sua origem está relacionada a medidas de triân-
gulos. Assim, as origens da trigonometria, como as da Geometria,
remontam à Antiguidade. As primeiras tabelas trigonométricas sur-
giram entre 1900 e 1600 a.C., na antiga Babilônia.
A trigonometria surgiu da necessidade de se relacionar o
tamanho dos lados com os tamanhos dos ângulos. Atualmente é
utilizada para resolver problemas de medição de terras (agrimen-
sura), de astronomia e de muitos campos da física e da engenharia.
Assim, podemos dizer que a trigonometria é o ramo da matemática
que estuda, além das funções trigonométricas, também as relações
em triângulos, como ângulos, áreas, etc.
Fundamentos da Matemática Elementar I

8.1 Triângulo retângulo


Seja um triângulo ABC, com  ângulo reto ( = 90°). a é a medida do
maior lado (hipotenusa), b e c os outros dois lados aqui denominados de
catetos, e α e β são os ângulos agudos (menores de 90°).
22 Para a relação entre os lados, podemos enunciar o teorema de
­Pitágoras.
a2 = b2 + c2
O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos.
22 Para a relação entre os ângulos, temos que:
α + β = 900
A soma dos ângulos agudos do triângulo retângulo é sempre igual a
90º, ou seja, são ângulos complementares.
Exemplo 1: determine o valor em cm de x, no triângulo a seguir.
C
x 2 = 6 2 + 82
x x 2 = 100
6 cm
x = ± 100
x= ± 10
A 8 cm B

Como x não pode ser negativo, logo x = 10.


Exemplo 2: o valor de α no triângulo a seguir é:

C
α
x
90º = 30º +
α
30º α = 60º
A 8 cm B

– 156 –
Trigonometria, ciclo trigonométrico, conversão de arcos e função seno e cosseno

8.2 Funções trigonométricas


Seja um triângulo retângulo ABC, onde  = 90° e α um de seus ângulos
agudos. Temos que:

C
hip Como o ângulo α é formado pela
α ot
cateto adjacente

en hipotenusa e pelo cateto b definimos


a us
a agora os lados do triângulo por:
b
a ⇒ Hipotenusa
b ⇒ Cateto Adjacente

A B c ⇒ Cateto Oposto
c
cateto oposto

22 Seno de um ângulo α é dado pelo quociente entre o cateto oposto


e a hipotenusa.
c
sen α =
a

22 Cosseno de um ângulo α é a quociente entre o cateto adjacente e


a hipotenusa.
b
cos α =
a

22 Tangente de um ângulo α é a quociente entre o cateto oposto e o


cateto adjacente.
c
sen α a c
tg α = = =
cos α b b
a
Obs.: os valores de sen α, cos α e tg α são uma característica do ângulo
α e independem do triângulo retângulo escolhido.

– 157 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

8.2.1 Valores notáveis


Como o valor de uma função trigonométrica depende do ângulo à qual
foi aplicada, apresentaremos aqui uma tabela de alguns dos valores mais uti-
lizados para essas funções.
Obs.: inicialmente não utilizaremos os valores de 0o e nem 90o, porém
estes mesmos valores serão usados nos conteúdos subsequentes.
Graus 0° 30° 45° 60° 90°
π π π π
Radianos 0 rad rad rad rad rad
6 4 3 2
1 2 3
Seno 0 1
2 2 2
3 2 1
Cosseno 1 0
2 2 2

3
Tangente 0 1 3 não existe
3

8.3 Relações trigonométricas


para triângulos quaisquer
Estudaremos agora duas leis importantes na trigonometria: a lei dos
senos e a lei dos cossenos. Essas leis podem ser aplicadas para descobrir a
medida do comprimento dos lados ou a medida dos ângulos de um triângulo
que não seja retângulo.
Seja um triângulo ABC qualquer, como na figura a seguir.
A

b c

C a B

– 158 –
Trigonometria, ciclo trigonométrico, conversão de arcos e função seno e cosseno

8.3.1 Lei dos senos


Em todo triângulo, o quociente (razão) entre a medida de um lado
e o seno do seu lado oposto é igual ao dobro do raio da circunferência
circunscrita ao triângulo. Assim:

a b c
= = = 2R
sen A sen B sen C

Exemplo: sendo a, b e c as medidas dos lados do triângulo ABC, sabendo


que o lado a mede 3 cm, o valor do lado c é:

3 c
c = ⇒
A B sen 60° sen 45°
60º 75º
3 c
⇒ = ⇒
b a 3 2
45º 2 2
2c
⇒2= ⇒c= 2
C 2

8.3.2 Lei dos cossenos


Em todo triângulo, o quadrado de um dos lados do triângulo é igual à
soma dos quadrados dos outros dois lados, menos o produto desses lados
pelo valor do cosseno do ângulo entre eles. Assim:
a2 = b2 + c2 – 2 · b · c · cos A
b2 = a2 + c2 – 2 · a · c · cos B
c2 = a2 + b2 – 2 · a · b · cos C
Exemplo: o valor de a, no triângulo ABC, é:

– 159 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

B
a 2 = 10 2 +5 2 –2 ⋅ 10 ⋅ 5 ⋅ cos 60º
a 5 1
a 2 = 100+25–100 ⋅
2
60º a = 125–50 ⇒ a = 75 = 5 3
2

C A
10

8.4 Radianos
A partir de agora, utilizaremos, além de arcos em graus e seus submúl-
tiplos, outra medida que é o radiano, o qual corresponde a um arco, cujo
comprimento é igual ao raio da circunferência que o contém.
Como o comprimento de uma circunferência de raio R é dado por 2πR,
podemos aqui definir que um arco de volta inteira em uma circunferência
de raio R, possui medida de 360° ou 2π rad, pois comprimento do raio é o
comprimento do radiano.
Diante disso, por meio da regra de três, podemos converter um arco em
graus para radiano, ou radiano para graus, utilizando as relações a seguir.
2 π rad = 360° ou π rad = 180°
1° Exemplo: converter 45° para radianos
180° → π rad
45 π rad π
45° → x 180 ⋅ x = 45 π rad ⇒ x = = rad
180 4
π
2° Exemplo: converter para graus
6
180° → π rad
π π 30 π rad
x → rad π rad . x = 180 . rad ⇒ x = = 30°
6 6 π rad

– 160 –
Trigonometria, ciclo trigonométrico, conversão de arcos e função seno e cosseno

Representando na circunferência, os principais arcos em graus e radia-


nos, temos;

90º π/2 +

45 º π/3
/3

4
12
/4

π/
60
/6 /6

º
13 ºπ
15

0º 30
π 180º 0º 0
360º 2π
0º 33
21 0º 1
1π/6
π/6
24 5º

31 0º 5

22

7 30
5º π/3

/4

/4

/3

270º 3π/2

8.5 Ciclo trigonométrico


É uma circunferência de raio unitário, na qual adota-se um ponto A
pertencente à circunferência. Esse ponto A está no eixo das abscissas como
origem dos arcos, que têm valores positivos em sentido anti‑horário, e nega-
tivos em sentido horário.

90º + Sendo o centro da circunferência tam-


anti-horário bém o centro do sistema de eixos car-
tesianos dividindo a circunferência em
quadrantes, temos:
II Q IQ
180º Quadrante Graus
A 0º
I 0º ⇒ 90º
360º
II 90º ⇒ 180º
III Q IV Q III 180º ⇒ 270º
IV 270º ⇒ 360º
– horário
270º

– 161 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

Assumimos para os eixos das coordenadas de centro O, seno para o eixo


y e cosseno para o eixo x. Assim, seja um arco de medida α, com origem A e
extremidade C, como mostrado a seguir.

P1 C

A
P2

8.6 Função seno


Para cada arco AC na figura 1, existe um único valor real que denomi-
naremos aqui como seu seno, definindo assim a função seno f : x → y . Para
se obter o valor de sen α, projeta‑se o ponto C perpendicularmente sobre o
eixo dos senos (eixo de y), determinando assim um ponto P1. Logo, a medida
algébrica do segmento OP1 (negativa, positiva ou nula) é o valor do seno de α.

sen x

/3
/3


90º π/2
4
/

12 º
4

60º

π/


=

/6

=
13

=1 3/2 /6
º


45
5

50
º 2/2 º
30
½

π = 180º 0º = 0
360º = 2π

–½
0º 33
1 – 2 /2 0º
=2 =1

π/6 – 3/2
31

7 /6

22

30
º
40

270º 3π/2
=
=


/4

=2

/4
=5
/3

π/3

– 162 –
Trigonometria, ciclo trigonométrico, conversão de arcos e função seno e cosseno

De acordo com o ciclo que precede, podemos verificar que o sinal da fun-
ção seno depende do quadrante em que o arco estudado está contido. Assim:
22 o sinal do seno será positivo no 1° e 2° quadrante, ou seja, para
0 < x < π;
22 o sinal do seno será negativo no 3° e 4° quadrante, ou seja, para
π < x < 2 π.

8.6.1 Gráfico da função seno (Senóide)

y= sen (x)

1.0
x
–π –π π π 3π 2π
2 2 2
–1.0

Por meio do gráfico da função seno anterior, pode‑se definir que:


22 a função seno é contínua e limitada;
22 o domínio de y = sen x é o conjunto dos reais (x ∈ IR);
22 a imagem de y = sen x é –1 ≤ y ≤ 1;
22 o período de y = sen x é p = 2 π;
22 a função y = sen x é positiva no 1° e 2° quadrante e negativa no 3°
e 4° quadrante.
Exemplos:
Determine o valor das expressões a seguir:
a) sen 90° · sen 30° – sen 330° · sen 45°
1  2 1 2 2+ 2
1 ⋅   −  –  ⋅ 
1
= + =
2  2  2  2 4 4

– 163 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

π 5π 1 1
sen + sen +
b) 6 6 = 2 2 = 1 = 1 ⋅ ( −2) = − 2
3π 11π 1
−1 −  –  –
1
sen – sen
2 6  2 2

8.7 Função cosseno


Para cada arco AC, na figura a seguir , existe um único valor real que
denominaremos aqui como seu cosseno, definindo assim a função cosseno
f: x ⇒ y. Para se obter o valor de cosseno α, projeta‑se o ponto C perpendi-
cularmente sobre o eixo dos cossenos (eixo de x), determinando, assim um
ponto P2. Logo, a medida algébrica do segmento OP2 (negativa, positiva ou
nula) é o valor do cosseno de α.

/3
/3


=1

90º π/2
4
/4

60º

π/
20


=

º=

/6
º
13

=1 π/6
45

50 =
º 3 0º

π = 180º – 2/2 –½ 3/2 0º= 0 cos x


– 3/2 ½ 2/2 360º = 2π

º 33
2 10 0º
=1
π/6= 1π
31
º

7 /6
5


22

30
º
40

270º 3π/2
=


4

=2
/

/4
=5
/3

π/3

De acordo com o ciclo anterior, podemos verificar que o sinal da função


cosseno depende do quadrante em que o arco estudado está contido. Assim:
22 o sinal do cosseno será positivo no 1° e 4° quadrante, ou seja, para
π 3π
0≤x< e < x ≤ 2 π;
2 2

– 164 –
Trigonometria, ciclo trigonométrico, conversão de arcos e função seno e cosseno

22 o sinal do cosseno será negativo no 2° e 3° quadrante, ou seja, para


.
π 3π
<x≤π e π≤x<
2 2

8.7.1 Gráfico da função cosseno (Co‑senóide)

1.0

x
–3π –π –π π π 3π 2π
2 2 2 2
–1.0

Por meio do gráfico da função cosseno, pode‑se definir que:


22 a função cosseno é contínua e limitada;
22 o domínio de y = cos x é o conjunto dos reais (x ∈ IR);
22 a imagem de y = cos x é –1≤ y ≤ 1;
22 o período de y = cos x é p = 2π;
22 a função y = cos x é positiva no 1° e 4° quadrantes e negativa no
2° e 3° quadrantes.
Exemplos
Determine o valor das expressões a seguir:
a) cos 90° · cos 30° – cos 300° · cos 45°
 3 1  2  2 2
0⋅ −  ⋅   = 0– =–
 2  2  2  4 4

– 165 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

π 5π 3
cos + cos 0–
b) 2 6 = 2 =1
3π 11π 3
cos – cos 0–
2 6 2
Por meio destes exercícios, foi possível aplicar as propriedades de redução
de arcos ao primeiro quadrante, seja em graus ou em radianos.

Atividades
1. Sabendo que sen 30o = 1/2. Determine o valor dos catetos x e y.
B

5 cm
x

30º
A y C

2. Com os mesmos dados da questão anterior determine a seguir sem


consultar a tabela ou usar a calculadora, cos e tg dos ângulos agudos
do triângulo retângulo.

3. Após converter os arcos calcule o valor das expressões trigonométricas:


a) cos 90°. cos 1500° – cos 330°. cos 225
b) sen x – cos 2 x π
, para x =
cos 7x+sen 3x 6

4. Determine o conjunto solução da expressão trigonométrica:


2π 4π
2 . cos − 3 . sen
2 3

sen +sen 2 π
6

– 166 –
Trigonometria, ciclo trigonométrico, conversão de arcos e função seno e cosseno

Comentário das atividades


Na resolução da atividade um, foi possível apresentar os conceitos de
trigonometria, utilizando um dos teoremas mais importantes da matemática,
que é o teorema de Pitágoras.

60º
5 cm
x

30º
A y C

Para o ângulo de 30º temos:


x 1 x 5
sen 30 0 = ⇒ = ⇒ x =
5 2 5 2

Aplicando o teorema de Pitágoras é possível encontrar o outro lado y


a2= b2 + c2 ⇒ 52 = (5/2)2 y2 ⇒ y ≅ 4,33

Na atividade dois, foi necessário lembrar a relação dos ângulos internos


de um triângulo, e as relações trigonométricas fundamentais.
4 ,33
cos 30 0 = = 0,866
5
2,5
tg 30 0 = = 0,577
4 ,33

Pelo teorema dos ângulos internos de um triângulo temos: o ângulo b = 60º


4 ,3 2,5 4 ,3
= 0,5; tg 60 = ≅ 1,72
0
sen 60 0 = ≅ 0,86; cos 60 0 =
5 5 2,5

– 167 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

A atividade três tem como objetivo a fixação dos conceito de funções


seno f: x → y e cosseno f: x → y de um arco pertencente ao ciclo trigono-
métrico. Revisar esses conceitos permitirá um melhor desempenho nas ativi-
dades. Será necessário relembrarmos o comportamento das funções em cada
quadrante, como sinal e valor algébrico.

No item (a), cos 90 0 ⋅ cos1500 0 – cos330 0 ⋅ cos 225 0

cos 900 = 0; 15000 = 4 voltas completas mais 60º, portanto:

1
cos 1500 º= cos 60º =
2
1  3 − 2   6 6
cos90 0 ⋅ cos1500 0 – cos330 0 ⋅ cos225 0 = 0× − ×   = 0 –  – =
2  2  2   4  4

sen x – cos 2x π
No item (b), , para x =
cos 7x+sen 3x 6
π 1
sen x = sen =
6 2
π 2π π 1
cos 2x = cos 2   = cos = cos =
6 6 3 2
π 7π
cos 7x = cos 7   = cos
3
=−
6 6 2
π 3π π
sen 3x = sen 3   = sen = sen =1
6 6 2
1 1

sen x − cos 2 x 0
= 2 2 = =0
cos 7 x + sen 3 x 3 − 3+2
− +1
2 2

Na atividade quatro você inicialmente substituiu os valores de seno e


cosseno na expressão:

– 168 –
Trigonometria, ciclo trigonométrico, conversão de arcos e função seno e cosseno

2π 4π
2 ⋅ cos − 3 ⋅ sen
2 3

sen + sen2 π
6
2π 4π 3 5 π 1 sen2 π = 0
cos = cos π = −1; sen =− ; sen = ;
2 3 2 6 2

2π 4π  3  9 3
2 ⋅ cos − 3 ⋅ sen 2 ⋅ −1 −  3 ⋅ −  − 2 −−  − 2 +
2 3 =  2 =  2 = 2=
5π 1 1 1
sen + sen2 π +0
6 2 2 2

=  − 2 +  ⋅ 2 = −2 2 + 3
3
 2

– 169 –
9
Função tangente e
cotangente, função
cossecante e secante

Para definirmos a função tangente, analisaremos o ciclo tri‑


gonométrico, mediante uma reta que tangencia o ciclo em 0° e 2π,
denominado de eixo das tangentes, relacionando seu valor e sinal
com as funções seno e cosseno. Para a função cotangente, traba‑
lharemos com valores inversos e mesmo sinal da função tangente.
Fundamentos da Matemática Elementar I

Figura 1 Tangente. Figura 2 Cotangente.


sen x tg x sen x
B P cotg x
C P
C

A A cos x
O cos x O

9.1 Função tangente


Para cada arco AC na figura 1, existe um único valor real que denomina‑
remos, aqui, como sua tangente. Definimos, assim, a função tangente f: x ⇒
y. Para se obter o valor de tg α, projeta‑se o ponto C sobre o eixo das tan‑
gentes (eixo perpendicular a x e paralelo a y), determinando assim um ponto
P. Logo, a medida algébrica do segmento AP, se existir (negativa, positiva ou
nula), é o valor da tangente de α.

tg x

3
sen

90º π/2

1
π/3
/3

4
12

60º

π/
/4

5π /6 3 / 3

/6
º

ºπ
13

45

15 30

0º cos
π 0180º 0
360º 2π
0º 33
21 0º 3 /3
π/6 11

7 π/6
31 º5π/3
22

30

24

0
/4


–1
/4
/3

270º 3π/2

– 3

– 172 –
Função tangente e cotangente, função cossecante e secante

De acordo com o ciclo anterior, podemos verificar que a existência e o


sinal da função tangente dependem do quadrante em que o arco estudado
está contido. Assim:
22 o sinal da tangente será positivo no 1° e 3° quadrantes, ou seja, para
π 3π
0≤x< e π≤x< ;
2 2
22 o sinal da tangente será negativo no 2° e 4° quadrantes, ou seja,
π 3π
para < x ≤ π e < x ≤ 2π .
2 2

9.1.1 Gráfico da função tangente (tangetóide)


Esta é a representação gráfica da função tangente no plano cartesiano.
y

3
2
1
x
π π 3π 2π
–1 2 2
–2
–3

Por meio do gráfico da função tangente anterior, pode‑se definir que a


função tangente é descontínua, pois não existe para alguns valores de x;

22 { π
o domínio de y = tg x é Dm = x ∈ IR / x ≠ +n ⋅ π , com n ∈Ζ ;
2 }
22 a imagem de y = tg x é IR;
22 o período de y = tg x é p = π;
22 a função y = tg x é sempre crescente.

– 173 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

Exemplos:
Determine o valor das expressões a seguir:
 3
a) tg 60°. tg 30° – tg 315°. tg 45° = 3 ⋅  –(–1) ⋅ (1) = 1+1 = 2
 3 

π 5π 3  3
tg + tg + – 
b) 6 6 = 3  3  = 0 =0
11π  3 3
tgπ – tg 0––
6  3
 3 

9.2 Função cotangente


Para cada arco AC na figura 2, existe um único valor real que denomi‑
naremos aqui como sua cotangente, definindo, assim, a função cotangente:
f:. x ⇒ y. Para se obter o valor de cotg α, projeta‑se o ponto C sobre o eixo
das cotangentes (eixo perpendicular a y e paralelo a x), determinando, assim,
um ponto P. Logo, a medida algébrica do segmento BP, se existir (negativa,
positiva ou nula) é o valor da cotangente de α.

sen

90º π/2
– 3 –1 3 /3 3 /3 1 3 cotg x
0
π/3

/3

4
60º

π/

12
/4

/6
º

ºπ
45


13

/6 30

15

0º 0 cos
π 180º 360º 2π


21 33

π/6 11

7 π/6
22

31

30


24


/4


/4

0
/3


270º 3π/2
/3

– 174 –
Função tangente e cotangente, função cossecante e secante

De acordo com o ciclo anterior, podemos verificar que o valor da função


cotangente é igual ao inverso do valor algébrico da função tangente, ou seja:
1
cotg x =
tg x

A existência e o sinal da função cotangente depende do quadrante em


que o arco estudado está contido. Assim:
22 o sinal da cotangente será positivo no 1° e 3° quadrantes, ou seja,
π 3π
para 0 < x ≤ e π < x ≤ ;
2 2
22 o sinal da cotangente será negativo no 2° e 4° quadrantes, ou seja,
π 3π
para ≤ x < π e < x < 2π .
2 2

9.2.1 Gráfico da função cotangente (Cotangentóide)


Esta é a representação gráfica da função cotangente no plano cartesiano.
y

3
2
1
x
π π 3π 2π
–1 2 2
–2
–3

Por meio do gráfico da função cotangente anterior, pode‑se definir que:


22 a função cotangente é descontínua, pois não existe para alguns
valores de x;
22 o domínio de y = cotg x é Dm = {x ∈ IR / x ≠ n ⋅ π , com n ∈Ζ} ;

– 175 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

22 a imagem de y = cotg x é IR;


22 o período de y = cotg x é p = π;
22 a função y = cotg x é sempre decrescente.
Exemplos
Determine o valor das expressões a seguir:
a) cotg 60° · cotg 210° – cotg 315° · cotg 45°
 3 −3
 ( )
 ⋅ − 3 − ( −1) ⋅ 1 = – + 1 = –1 + 1 = 0
 3  3
π 5π
b)
cot g +cot g
4 (
6 = 1 + − 3 = 1 − 3 = 3 −1 )
π 2π 0 −1 −1
cot g – cot g
2 8

9.3 Função secante


Para definirmos as funções cossecante e secante, analisaremos o ciclo
trigonométrico em 0° e 2π, relacionando seu valor e sinal às funções seno
e cosseno. Para a função cossecante, trabalharemos com valores inversos da
função seno se esta existir, porém conservando o mesmo sinal. Para a função
secante, trabalharem com valores inversos da função cosseno se esta existir,
também conservando o mesmo sinal.
Figura 1  Função secante e cossecante.

y
r
P2

C
b
cossec x

P1 x
O a A
sec x

– 176 –
Função tangente e cotangente, função cossecante e secante

Seja a secante de um arco, o inverso algébrico do cosseno desse mesmo


arco, temos que:
1
sec x = , para cos x ≠ 0 .
cos x

Para estudarmos os valores da função secante, relacionaremos o seu arco


com o arco da função cosseno, com exceção de quando cos x = 0.
Seja a reta r tangente à circunferência trigonométrica no ponto C = (x’, y’)
figura 1. Esta reta é perpendicular à reta que contém o segmento OC. A inter‑
seção da reta r, com o eixo das abscissas determina o ponto P1. A abscissa do
ponto P1, é definida como função secante do arco AC correspondente ao ângulo
π
α, se, e somente se, função secante f : x → y , para x ≠ + n ⋅ π , com n ∈Ζ.
2
Logo, a medida algébrica do segmento OP1 se existir que correspondente a
cada arco AC (negativa, positiva) é o valor da secante de α.

9.3.1 Gráfico da função secante (secantóide)


Esta é a representação gráfica da função secante no plano cartesiano.

3
2
1
x
π π 3π 2π
–1 2 2

–2
–3

– 177 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

Por meio do gráfico da função secante anterior, pode‑se definir que:


22 o sinal da secante será positivo no 1° e 4° quadrantes, ou seja, para
π 3π
0≤x< e < x ≤ 2π ;
2 2
22 o sinal da secante será negativo no 2° e 3° quadrantes, ou seja, para
π 3π
<x≤π e π≤x< ;
2 2
22 o domínio de y = sec x é:

{ π
Dm = x ∈ IR x ≠ +n ⋅ π , com n ∈Ζ
2 } ;

22 a imagem de y = sec x
⇒ Im = {y ∈ IR y ≤ –1 ou y ≥ 1} ;

22 o período de y = sec x é p = 2π.

Exemplos
Determine o valor das expressões a seguir:

a) sec 60° · sec 210° – sec 225° ·. sec 240°.


 2 3 4 3 4 3 +2 2
2 ⋅ –  = (– 2 ) ⋅ (–2) = – –2 2 =–
 3  3 3

π 5π
sec +sec
b) 3 6 =

sec 2 π – sec
8

 2 3
2 +− 
 3  6−2 3   1  6−2 3
= . =
1− 2  3  1− 2  3−3 2

– 178 –
Função tangente e cotangente, função cossecante e secante

9.4 Função cossecante


Seja a cossecante de um arco o inverso algébrico do seno desse mesmo
1
arco, temos que: cossec x = , para sen x ≠ 0 .
sen x
Para estudarmos os valores da função cossecante, relacionaremos o seu
arco com o arco da função seno, com exceção de quando sen x = 0.
A interseção da reta r com o eixo das ordenadas é o ponto P2(x`, y`)
figura 1. A ordenada do ponto P2 é definida como a cossecante do arco
AC correspondente ao ângulo α, se, e somente se, função cossecante
f : x ⇒ y, para x ≠ n · π, com n ∈ Z. Logo, a medida algébrica do segmento
OP2, se existir correspondente a cada arco AC (negativa, positiva) é o valor
da cossecante de α.

9.4.1 Gráfico da função cossecante (cossecantoide)


Esta é a representação gráfica da função cossecante no plano cartesiano.

1
x
π π 3π 2π
2 2
–1

–2

–3

Por meio do gráfico da função cossecante anterior, pode‑se definir que:

– 179 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

22 O sinal da cossecante será positivo no 1° e 2° quadrantes, ou seja,


π π
para 0 < x ≤ e ≤ x < π ;
2 2
22 O sinal da cossecante será negativo no 3 e 4° quadrantes, ou seja,
3π 3π
para π < x ≤ e ≤ x < 2π ;
2 2
22 o domínio de y = cossec x é Dm = {x ∈ IR x ≠ n ⋅ π , com n ∈Ζ} ;

22 a imagem de y = cossec x ⇒ Im = {y ∈ IR y ≤ –1 ou y ≥ 1} ;
22 o período de y = cossec x é p = 2π.

Exemplos
Determine o valor das expressões a seguir:
a) cossec 30° · cossec 210° – cossec 300° · cossec 45°
 −2  2 4 4 6 2 6 + 12
2 ⋅ (–2)–  ⋅ =–4 + =-4 + =
 3 2 6 6 3
π 5π
cossec +cossec
b) 6 6 = 2+2 = 4
2π 11π 1–(–2) 3
cossec – cossec
4 6
Os gráficos das funções nos permitem visualizar o comportamento das
funções, observando o crescimento ou decrescimento das mesmas nos qua‑
drantes estudados.

Atividades
1. Aplicando a definição de tangente calcule o valor da expressão:
tg x − cotg 2x para x = π
cot 7x + tg 6x 6

2. Aplicando a definição de cotangente calcule o valor da expressão:


7π 11π
3 ⋅ cot g − 3 ⋅ tg
4 6
5π 3π
cotg + tg
6 4

– 180 –
Função tangente e cotangente, função cossecante e secante

3. Sabendo que o valor de tg x = – 25/12, com x pertencente ao 4° quad‑


rante, calcule o valor de sec x e cossec x.

4. Qual é o valor da sec x e cossec x, para um arco pertencente ao 2° quad‑


rante, cujo valor de cos x nesse quadrante é – 4/5?

Comentário das atividades


Nesta aula, foram trabalhados, além dos conceitos das funções tangente
e cotangente, outros conceitos que permitem compreender as condições
de existência das funções, mencionadas anteriormente como domínio de
uma função.
tg x − cotg 2x
Na atividade um, π você exercitou os
cotg 7x + tg 6x , para x = 6
conceitos da função tangente (tangentóide). Uma forma possível de reso‑
lução é transformar todos os arco fornecidos em radianos para graus, desen‑
volvê-lo encontrar o mesmo resultado.

π 3 2π π 3
tg x = tg = ; cotg 2x = cotg = cotg =
6 3 6 3 3
7π 6π
cotg 7x = cotg = 3: tg 6x = tg = tg π = 0
6 6
tg x − cotg 2x
=
cotg 7x + tg 6x

3 3

3 3 0
= = =0
3 −0 3

Na atividade dois, você exercitou os conceitos da função cotangente


7π 11π
3 ⋅ cotg − 3 ⋅ tg
4 6
5π 3π
cotg + tg
6 4

– 181 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

7π 11π 3 5π 3π
cotg = −1; tg =− ; cotg = − 3 ; tg = −1
4 6 3 6 4

Substituindo os valores na equação temos:


7π 11π  3  9
3 ⋅ cot g − 3 ⋅ tg 3 ⋅ ( −1) −  3 ⋅ −  − 3 − 
4 6 =  3 =  3  = − 3 + 1 racionalizando
5π 3π − 3 + ( −1) 3 3
cot g + tg
6 4

racionalizando
− 3 + 1 3 ( − 3 + 1) ⋅ 3 − 9 + 3 −3 + 3
⋅ = = = = −1 + 3
3 3 ( 3)2 3 3

Para o desenvolvimento da atividade três, é necessário que você tenha


revisado os conceitos sobre sinais e conjunto domínio das funções cossecante
e secante, vistos nesta aula. Aplicaremos as noções de seno, cosseno e tangente
no triângulo retângulo. Na próxima aula, aprenderemos uma outra forma de
desenvolver este mesmo exercício.
c
tg x = , onde c = ao cateto oposto e b = ao cateto adjacente
b
25
tg x =
12
C

25

x
A 12 B

Usando o Teorema de Pitágoras


a = b2 + c 2
2

a 2 = (12)2 + (25)2
– 182 –
Função tangente e cotangente, função cossecante e secante

a 2 = 144 + 625

a 2 = 769 → a = 769

c 25 25 769
sen x = → sen x = racionalizando → sen x = ⋅ →
a 769 769 769

25 769 25 769
→ sen x = → sen x =
( 769)2 769

b 12 12 769
cos x = → cos x = racionalizando → cos x = ⋅ →
a 769 769 769

12 769 12 769
→ cos x = 2
→ cos x =
( 769 ) 769

1 1 769 769
sec x = → sec x = → sec x = 1 ⋅ → sec x =
cos x 12 769 12 769 12 769
769

769 12 769 769 ⋅ 12 769 9228 769


sec x = ⋅ → sec x = 2
→ sec x =
12 769 12 769 (12 769) 110736
769
sec x =
12
1 1 769
cossec x = → cossec x = → cossec x = 1 ⋅
sen x 25 769 25 769
769

769 769 25 769


cossec x = → cossec x = ⋅
25 769 25 769 25 769

769 ⋅ 25 769 19225 769


c ossec x = 2 → cossec x =
25 769 480625

769 769
cos sec x = como x pertence ao 4º quadrante cos sec x =
25 25

– 183 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

Você desenvolveu a atividade quatro de forma similar à terceira apli‑


cando a definição de secante e cossecante. Conjunto solução: sec x = 5/4;
cossec x = 5/3.
.

– 184 –
10
Relações fundamentais,
operações com
arcos e aplicações

Algumas relações trigonométricas fundamentais (secante,


cossecante e cotangente) já foram definidas nas aulas anteriores. Por
meio delas, estaremos aqui definindo mais três relações trigonomé-
tricas que serão de muita utilidade para a resolução de equações
trigonométricas propostas neste capítulo.
O teorema de Pitágoras nos informa que, em um triângulo
retângulo qualquer, o quadrado da hipotenusa é igual a soma dos
quadrados dos catetos.
Fundamentos da Matemática Elementar I

10.1 Definições das relações fundamentais


Conforme estudado anteriormente, as funções trigonométricas seno,
cosseno, tangente, cotangente, secante e cossecante são definidas no ciclo
trigonométrico e estão intimamente relacionadas entre si. Dado o ciclo tri-
gonométrico a seguir, e sendo um arco AC pertence ao ciclo trigonométrico,
se unirmos os pontos C1 (formado pela projeção do ponto C no eixo das
abscissas) aos pontos C e O, fomamos o triângulo retângulo, conforme figura
a seguir:

eixo do seno

C
C2
sen α

eixo do
cosseno
O cos α C1 A

Seja o triângulo COC1, temos;

Aplicando o teorema de
1 Pitágoras no triângulo ao
­
sen α

lado, temos:
(sen α)2 +(cos α)2 = 12
sen 2 α +cos 2 α = 1.
α
C1 cos α O

– 186 –
Relações fundamentais, operações com arcos e aplicações

Por meio dessa relação fundamental, e das relações secante, cossecante e


cotangente, podemos definir mais duas relações fundamentais:

dividindo sen 2 α +cos 2 α = 1 , por cos α , (cos α ≠ 0) , temos:


2 2
22

tg α = sec α –1
2 2
sen 2 α cos 2 α 1
+ = ⇒ tg 2
α +1 = sec 2
α ⇒  2
cos 2 α cos 2 α cos 2 α sec α – tg α = 1
2

22 dividindo sen 2 α +cos 2 α = 1 , por sen 2 α , (sen 2 α ≠ 0) , temos:

sen 2 α cos 2 α 1
+ 2 = ⇒ 1+cotg 2 α = cossec 2 α ⇒
sen α sen α sen α
2 2

cotg 2 α = cossec 2 α –1
⇒
cossec α – cotg α = 1
2 2

Exemplos
4
1. Sabendo que sen α = e α∈1º quadrante, calcular secα e tgα.
5
1
Como sec α = , aplicando a relação fundamental
cos α
sen2 α + cos2 α = 1, temos:
2
 4  +cos 2 α = 1 ⇒ 16 +cos 2 α = 1 ⇒ cos 2 α = 1 − 16
 
5 25 25
9 9 .
cos 2 α = ⇒ cos α = ±
25 25
Como o arco está no 1º quadrante, o cosseno é positivo:
3
cos α =
5
1 1 5
Assim, sec α = = =
cos α 3 3
5

– 187 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

4
sen α 4
Da mesma forma: tg α ⇒ tg α + ⇒ tg α = 5 ⇒ tg α =
sen α 3 3
5
tg α + cotg α
2. Simplificando a expressão x = temos:
cos sec 2 α
1 1+cotg 2 α
+cotg α
cotg α cotg α 1
x= ⇒x= ⇒x= ⇒ x = tg α
1+cotg α
2
1+cotg α
2
cotg α

Por meio dos conhecimentos trigonométricos adquiridos nos capítulos


anteriores, definiremos fórmulas que nos permitam resolver funções tri-
gonométricas com arcos duplos e seus múltiplos, e funções de arcos que
representem soma e subtração de outros arcos conhecidos e definidos no
ciclo trigonométrico.

10.2 Arcos negativos


Sendo α um número real positivo, podemos observar no ciclo trigono-
métrico que: sen (–α) = – senα , cos(–α) = cos α e tg(–α) = – tg α.

10.3 Adição e subtração de arcos


A partir de agora, estaremos apresentando fórmulas que nos permitem
calcular as funções trigonométricas do tipo soma (a + b) ou diferença (a – b)
de arcos, representadas por números reais.
22 Seno da soma: sendo α e β dois arcos quaisquer, calculamos o seno
da soma deles pela expressão:
sen(α + β) = senα ⋅ cos β+sen β ⋅ cos α

Exemplo:
Calcule sen 75°:

– 188 –
Relações fundamentais, operações com arcos e aplicações

como 75° é igual a 30° + 45°, temos: sen 75° = sen (30° + 45°)
sen 75° = sen 30° ⋅ cos 45°+sen 45° ⋅ cos 30° ⇒
1 2 2 3 2 + 6
⇒ sen 75° = ⋅ + ⋅ ⇒ sen 75° =
2 2 2 2 4
22 Cosseno da soma: sendo α e β dois arcos quaisquer, calculamos o
cosseno da soma deles pela expressão:
cos(α + β) = cos α ⋅ cos β – sen α ⋅ sen β

Exemplo
Calcule cos 1050:
como 105° = 60° + 45° ⇒ cos 105° = cos (60° + 45°)
cos 105° = cos 60° · cos45° – sen 60° · sen 45°
1 2 3 2 2– 6
cos 105° = ⋅ – ⋅ ⇒ cos 105° = .
2 2 2 2 4

22 Tangente da soma: sendo α e β dois arcos quaisquer, calculamos a


tangente da soma deles pela expressão:
tg α +tg β
tg ( α +β ) =
1– tg α ⋅ tg β

Exemplo
Calcule tg 105°.
como 105° = 60° + 45°, temos : tg(60° + 45°) =
tg 60°+tg 45° 3+1
= =
1– tg 60° ⋅ tg 45° 1– 3 ⋅ 1

( 3 +1) (1+ 3)
Racionalizando temos : tg105° = ⋅ =–2– 3
(1– 3) (1+ 3)

– 189 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

10.3.1 Diferença de arcos


22 Seno da diferença: como sen (α ‑ β) pode ser escrito por sen [α
+ (–β)], aplicando a fórmula de seno da soma, sen (α + β), temos:
sen [α + (–β)]= sen α ⋅ cos (–β)+sen(–β) ⋅ cos α
sen (–β) = – sen β
Sendo: 
cos (–β) = cos β
logo: cos195 o = ( − cos60o ).cos45o + ( − sen60o ).( − sen 45o )

Exemplo
Calcule sen 15°:
como 15° = 45° – 30° ⇒ sen 15° = sen (45° – 30°)
sen 15° = sen 45° ⋅ cos 30° – sen 30° ⋅ cos 45° →
2 3 1 2 6− 2
→ sen 15° = ⋅ – ⋅ → sen 15° =
2 2 2 2 4

22 Cosseno da diferença: como cos (α ‑ β), pode ser escrito por cos
[α + (–β)] e aplicar a fórmula de cosseno da soma, cos (α + β):
cos (α – β) = cos α cos β+sen α ⋅ sen β

Exemplo
Calcule cos 195°:
195° = 240° – 45° ⇒ cos 195° = cos (240° – 45°)
cos 195° = cos 240° · cos 45° + sen 240° · sen 45°
cos 195° = (– cos 600) · cos 45° + (– sen 60°) . (–sen 45°)

1 2  3 2 – 2 – 6
cos 195° = – ⋅ + – ⋅ ⇒ cos 195° =
2 2  2  2 4

22 tangente da diferença como tg (α ‑ β) pode ser escrito por tg


[α + (–β)], aplicando a fórmula de tg da soma, tg (α + β), temos:

– 190 –
Relações fundamentais, operações com arcos e aplicações

tgα – tgβ
tg(α – β) =
1 + tgα ⋅ tgβ
Exemplo
Calcular tg 15°:
como 15° = 45° – 30° → tg 15° = tg (45° – 30°) ⇒
3
tg 45° – tg 30° 1–
⇒ tg 15° = ⇒ tg 15° = 3
1 + tg 45° ⋅ tg 30° 3
1+1 ⋅
3
3– 3
3– 3
⇒ tg 15° = 3 → tg 15° =
3+ 3 3+ 3
3
Racionalizando, temos:
(3 – 3) (3 – 3) 9 − 3 3 – 3 3 + 3
tg 15° = ⋅ = ⇒
(3+ 3) 3 – 3 9–3

12 – 6 3
⇒ tg 15° = ⇒ tg 15° = 2 – 3
6

Utilizando a propriedade da soma ou diferença de arcos, a seguir, temos


um exemplo de simplificação de expressão:
π
y = sen( π – α) + cos  + α 
2 
sen( π – α) = sen π ⋅ cos α – sen α ⋅ cos π
sen( π – α) = 0 ⋅ cos α − sen α ⋅ (–1) ⇒ sen( π – α) = sen α
π π π
cos  + α  = cos ⋅ cos α – sen ⋅ sen α ⇒
2  2 2
π π
cos  + α  = 0 ⋅ cos α –1 ⋅ sen α ⇒ cos  + α  = – sen α
2  2 

– 191 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

π
log o, y = sen ( π – α ) +cos  + α  ⇒ y = sen α – sen α
2 
y =0

10.4 Arcos duplos


As fórmulas de arcos duplos são definidas a partir das fórmulas de adição
e são de fundamental importância, pois sua utilização permite simplificar os
cálculos trigonométricos.
22 Arco duplo em seno: podemos escrever sen 2α como sen (α + α)
e aplicar a fórmula de adição:
sen (α + α) = sen α ⋅ cos α +sen α ⋅ cos α
sen 2 α = 2 sen α ⋅ cos α

Exemplo
Sabendo que
4
sen α = e α∈ 2º quadrante, calcular sen 2 α.
5
Sendo sen 2 α = 2 sen α ⋅ cos α , calculamos o valor de cos α ,

sen 2 α +cos 2 α = 1
2
 4  +cos 2 α = 1 ⇒ 16 +cos 2 α = 1
 
5 25
16 9
cos 2 α = 1– ⇒ cos 2 α =
25 25
3
Como α∈ 2° quadrante, cos α é negativo e cos α = –
5

Logo, sen 2 α = 2 ⋅  –  ⇒ sen 2 α = −


4 3 24
5  5 25

– 192 –
Relações fundamentais, operações com arcos e aplicações

22 Arco duplo em cosseno: podemos escrever cos 2α como cos (α + α)


e aplicar a fórmula de adição:
cos (α + α) = cos α ⋅ cos α – sen α ⋅ sen α
cos2 α = cos 2 α – sen 2 α

Exemplo
4
Sabendo que sen α = e α∈ 2º quadrante, calcular cos 2 α.
5
Sendo cos 2 α = cos 2 α – sen 2 α , calculamos o valor de cos α :
2
16
sen2 α + cos2 α = 1 ⇒   + cos2α = 1 ⇒
4
+ cos2 α = 1
 
5 25
16 9
cos 2 α = 1– ⇒ cos 2 α =
25 25
3
Como α∈ 2° quadrante, cos α é negativo e cos α = –
5
2 2
Logo, cos 2 α =  –  –   → cos 2 α = –
3 4 7
 5 5 25

22 Arco duplo em tangente: escrevendo tg 2α como tg (α+α), consi-


derado as condições de existência e aplicação da fórmula de adição,
temos:
tg α + tg α 2tg α
tg ( α + α ) = → tg 2 α =
1 – tg α ⋅ tg α 1– tg 2 α

Exemplo
3
Sabendo que sen α = e ∈ 2º quadrante, calcular tg 2 α.
5
2tg α sen α
Sendo tg 2 α = , e tg α = , e calculamos o valor de
1– tg α 2
cos α
cos α:

– 193 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

2
sen 2 α +cos 2 α = 1 →   +cos 2 α = 1 ⇒ +cos 2 α = 1
3 9
5 25
9 16
cos 2 α = 1– ⇒ cos 2 α =
25 25
4
Como α∈ 2º quadrante, cos α é negativo e cos α = – .
5
3
sen α 5 3
como, tg α = = ⇒ tg = – → Logo, tg 2 α =
cos α – 4 4
5
2  – 
3
2tg α 24
=  2 = –
4
=
1– tg α 2
1–  – 
3 7
 4

Atividades
3
1. Sabendo que cos x = , qual será o valor da expressão y = sec2 x + tg2 x ?
5

5 3
2. Seja sen α = e sen β = . Determine o valor de sen (α – β) para
13 5
α e β no 1° quadrante.

3. Sabendo que sen α = 0,6 e cos α = 0,8; aplique as propriedades dos arcos
duplos e determine: a) sen 2α; b) cos 2α.

4. Sabendo que sen α = 0,6 e cos α = 0,8; aplique as propriedade dos arcos
duplos e determine o valor de tg 2α.

– 194 –
Relações fundamentais, operações com arcos e aplicações

Comentário das atividades


Na resolução da atividade um, foram utilizadas as relações trigonomé-
tricas fundamentais, apresentadas e definidas nesta aula. Em todas as ativi-
dades propostas nesta aula, é necessário que você fique atento aos conceitos
e condições de existência dos arcos que envolvem a função tangente, cotan-
gente, secante e cossecante.
3 sen x
cos x = sec 2 x = 1 + tg 2 x tg x = sen 2 x = 1 − cos 2 x
5 cos x
y = sec 2 x + tg 2 x → y = (1 + tg 2 x) + tg 2 x → y = 1 + 2 ⋅ tg 2 x
2
 sen x  sen 2 x 1 − cos 2 x
y =1+ 2 ⋅  → y =1+ 2 ⋅ → y =1+ 2 ⋅
 cos x  2
cos x cos 2 x
 

 1 cos 2 x 
y = 1 + 2 ⋅  2 − 2  → y = 1 + 2 ⋅  2 − 1  → y = 1 + 2 − 2
1 2
 cos x cos x   cos x  cos x
2 2 2 25
y = −1 + → y = −1 + 2 → y = −1 + → y = −1 + 2 ⋅
2
cos x 3 9 9
  25
5
50 −9 + 50 41
y = −1 + →y= →y=
9 9 9

Na atividade dois, você exercitou conceitos em torno do cálculo de


funções com arcos duplos e de funções com arcos que representam a soma ou
subtração de arcos.
Sabendo que: sen(α − β) = sen α ⋅ cos β − sen β ⋅ cos α
5 3
senα = senβ =
13 5
2
usando sen 2 α + cos 2 α = 1 →   + cos 2 α = 1 →
5 25
+ cos 2 α = 1
 13  169

– 195 –
Fundamentos da Matemática Elementar I

25 169 – 25 144
cos 2 α = 1– → cos 2 α = → cos 2 α = →
169 169 169
144 12
cos α = → cos α =
169 13
2
usando sen β + cos β = 1 →   + cos 2 β = 1 →
2 2 3
5
9 9 25 – 9
+ cos 2 β = 1 → cos 2 β = 1– → cos 2 β =
25 25 25
16 16 4
cos 2 β = → cos β = → cos β =
25 25 5
sen(α – β) = senα ⋅ cos β – senβ ⋅ cos α
5 4 3 12
sen(α – β) = ⋅ − ⋅
13 5 5 13
20 36 16
sen(α – β) = – → sen(α – β) = –
65 65 65

Na atividade três item (a), sen 2α


sen 2 α = 2 ⋅ senα ⋅ cos α temos sen 2 α = 2 ⋅ 0,6 ⋅ 0,8
sen 2 α = 0,96.

No item (b), cos 2α


cos 2 α = cos 2 α − sen 2 α temos cos 2 α = (0,8)2 –(0,6)2
cos 2 α = 0,28

Finalmente, na atividade quatro, tg 2α é necessário aplicar a fórmula da


tangente do arco duplo, substituindo temos:
senα
2 ⋅ tgα 2⋅
tg 2 α = temos tg 2 α = cos α
1– tg 2 α sen 2 α
1–
cos 2 α

– 196 –
Relações fundamentais, operações com arcos e aplicações

0,6
2⋅
0,8 1,5
tg 2 α = 2 = = 3,4285
 0,6  0,4375
1–  
 0,8 

– 197 –
Referências
Fundamentos da Matemática Elementar I

BONGIOVANNI, V. Matemática. São Paulo: Ática, 1999.


DANTE, L. R. Matemática Contexto x Aplicações. São Paulo: Ática, 1999.
FERNANDEZ, V. P. et al. Matemática: curso completo. São Paulo: Sci-
pione, 1991.
GENTIL, M. et al. Matemática. São Paulo: Ática, 1990. v. 2.
GIOVANI, J. R. Matemática II Grau. São Paulo: FTD, 1992. v. 2.
IEZZI, G. Fundamentos de Matemática Elementar. São Paulo: Atual,
1993. v. 1, 5 e 8.
LIMA, E. L. et al. Matemática do Ensino Médio. Rio de Janeiro: SBM,
1998. v. 1, 2 e 3.
LOPES, L. Manual das Funções Exponenciais e Logarítmicas. Rio de
Janeiro: Interciência, 1999.

– 200 –

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